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Contrato a favor de terceiro

Realizado por: André Pedro


Gonçalo Santos
Margarida Silva
Rodrigo Relvas
Índice: 1. Noção de contrato a favor de terceiro
2. Finalidade do contrato a favor de terceiro
3. Direito à vantagem
4. Enquadramento Histórico
5. Regime do contrato a favor de terceiro
6. Contrato a favor de terceiro e figuras afins
Noção de contrato a favor de terceiro

• Previsto nos 443.º a 451.º do Código Civil.

• O contrato a favor de terceiro é um contrato através do qual um dos contraentes


(promissário) atribui, por conta e à ordem do outro (promissário), uma vantagem a um
terceiro (beneficiário), estranho à relação contratual.

• Exemplo típico: seguro de vida: seguradora compromete-se a pagar algo caso eu


morra. Paga-o não a mim mas aos beneficiários que eu indicar.
Vantagem/beneficio do contrato a favor de terceiro

• A vantagem traduz-se, em regra, numa prestação assente sobre o respetivo


direito de crédito, mas pode consistir na libertação de um débito, na
constituição, modificação ou extinção de um direito real.

• O essencial neste tipo de contrato, é que os contraentes procedam com a


intenção de atribuir, através dele, um direito (de crédito ou real) a terceiro ou
que dele resulte, pelo menos, uma atribuição patrimonial imediata para o
beneficiário.

• Assim, este contrato distingue-se daqueles contratos obrigacionais cuja prestação


principal se destina a terceiro, mas sem que este adquira previamente qualquer direito de crédito
à prestação.
Importância da adesão a uma aceitação

• Este terceiro, pode ou não aceitar essa vantagem, ela não lhe deve ser imposta. Não é que esta
aceitação seja condição da existência na esfera jurídica do terceiro este já é titular de um direito à
vantagem, no entanto, a aceitação não deixa de ser importante.

• Enquanto o terceiro não aceitar, pode haver revogação da vantagem patrimonial, por parte do
promissário, que pode já não querer que o promitente atribua a tal vantagem.

• Ou seja, é importante que o terceiro comunique que aceita a vantagem ao promitente, que é quem
lhe vai atribuir a vantagem.

• Depois da aceitação da vantagem ao promitente, este fica vinculado a realizar uma série de
deveres acessórios de conduta a que não estava adstrito antes da aceitação.
Enquadramento Histórico

Direito Romano:
O terceiro não dispunha de uma actio para poder exigir o seu direito - já que o promitente não se
obrigava perante ele;
O promissário também não a detinha - pois não era ele o destinatário da prestação.

Código de Seabra:
Inicialmente não fazia qualquer referência aos contratos a favor de terceiro.
Um Decreto posterior viria a introduzir referência aos mesmos, ainda que tenha enquadrado
sistematicamente o preceito numa estranha localização: no artigo relativo aos contratos em nome
de outrem - o que não é o caso, já que se trata de um contrato celebrado em nome próprio a
favor de outrem.
Código Atual

Veio não só reconhecer a validade das estipulações a favor de terceiro como traçou com grande
amplitude o quadro das espécies que elas abrangem.

Requisito fundamental:
A existência de um interesse digno de proteção legal por parte do promissário em atribuir o direito
ao terceiro

Direitos que podem estar envolvidos:


Contratos com eficácia obrigacional
Contratos liberatórios
Contratos constitutivos/modificativos/transmissivos/extintivos de direitos reais
Regime do contrato a favor de terceiro
Relação de cobertura (provisão)

Remete-nos para a relação que existe entre o promitente e o promissário


É a partir desta relação que nasce o direito conferido a terceiro - sendo dela que o promitente tira
cobertura para a atribuição a que fica adstrito, daí o nome de relação de cobertura.

Esta relação releva:


Na fixação dos direitos e deveres recíprocos do promitente e do promissário;
Na determinação dos meios de defesa que podem opor um ao outro
Relação de valuta

Trata-se da relação que se estabelece entre promissário e o terceiro.

Direitos do terceiro:
Direito à prestação surge como efeito imediato do contrato
Se o contrato revestir alguma das modalidades do art. 443.º/2, os efeitos operam-se
independentemente da aceitação.
 
Contrato a favor de terceiro ≠ Contrato autorizativo da
prestação a terceiro
Contrato a favor de terceiro – contrato pelo qual um dos contraentes atribui, por conta e à ordem
do outro contraente, uma vantagem a um terceiro, estranho à relação contratual. Atribuição de um
direito à vantagem a um terceiro (não é só um destinatário da vantagem).
Ex: O beneficiário de um contrato de seguro adquire o direito de exigir a prestação devida.

Contrato autorizativo da prestação a terceiro – também há um beneficiário de uma prestação que


resulta de um contrato em que ele, beneficiário, não é parte. O beneficiário não adquire o direito de
exigir essa vantagem
Ex: A compra uma mala na loja de B, para B entregar a C – C não pode exigir da loja de B a
entrega, quem pode exigir a entrega é A.
Contrato a favor de terceiro ≠ Contrato com efeitos reflexos
sobre terceiros

Contrato com efeitos reflexos sobre terceiros – o terceiro é beneficiário de uma relação contratual
da qual não faz parte, mas, embora não tenha direito a exigir os deveres de prestar, tem direito a
exigir o cumprimento de certos deveres acessórios de conduta.

Nos contratos a favor de terceiro, o terceiro não é mero destinatário, é sim titular de um direito
subjetivo ao próprio dever de prestar, não beneficia apenas de deveres acessórios de conduta, como
acontece nos contratos com efeitos reflexos sobre terceiros.

Estes deveres acessórios de conduta nasceram da observação da jurisprudência alemã de que os


contratos, por serem fonte imanente de conflitos de interesses, deveriam ser guiados e guiar a
atuação dos contraentes conforme o princípio da boa-fé nas relações.

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