Você está na página 1de 5

Organização do Tratado do Atlântico Norte - OTAN

A OTAN (do inglês North Atlantic Treaty Organization, ou do francês Organisation du traité de
l'Atlantique Nord) é uma aliança militar intergovernamental, criada no contexto da Guerra Fria.

Desde a sua criação, a Organização passou - e segue passando - por uma série de desafios, da
sua existência e relevância até como ela deve se portar frente às mudanças no cenário
internacional. Nesse Kderno, a equipe do Clipping buscou resumir os principais tópicos desse
assunto. Bora começar?

Origem

A OTAN foi criada a partir da assinatura do Tratado de Washington, em 1949. Na criação, 12


membros assinaram o Tratado, foram eles: Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, França,
Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Portugal e Reino Unido.

A conclusão do Tratado de Washington se insere em uma série de iniciativas de países europeus,


influenciados pelos acontecimentos e resultados da II Guerra Mundial. Do Tratado de
Dunquerque , passando pela inclusão dos países do BENELUX com o Tratado de Bruxelas, as
negociações foram conduzidas até a criação da OTAN.

Em sua essência na época, a Aliança buscava a realização de três objetivos básicos:


1. Deter o expansionismo soviético;

2. Proibir o ressurgimento do militarismo nacionalista na Europa, por meio de uma maior


presença norte-americana no continente;

3. Encorajar a integração política europeia.

Harry Truman assinando o Tratado de Washington, em 4 de abril de 1949

A OTAN, em seu Tratado Constitutivo, traz o compromisso de seus membros (chamados


também de Aliados) com a democracia, com a liberdade individual, com o Estado de Direito e
com a resolução pacífica de disputas, tendo como referência a Carta da Organização das Nações
Unidas, de 1945
Artigo 1º As Partes comprometem-se, de acordo com o estabelecido na Carta das Nações
Unidas, a regular por meios pacíficos todas as divergências internacionais em que possam
encontrar-se envolvidas, por forma que não façam perigar a paz e a segurança internacionais,
assim como a justiça, e a não recorrer, nas relações internacionais, a ameaças ou ao emprego
da força de qualquer forma incompatível com os fins das Nações Unidas.

A ideia que guia a relação entre os Aliados, a defesa coletiva, está consagrada no Artigo V.
Artigo 5º - As Partes concordam em que um ataque armado contra uma ou várias delas na Europa
ou na América do Norte será considerado um ataque a todas, e, consequentemente, concordam
em que, se um tal ataque armado se verificar, cada uma, no exercício do direito de legítima
defesa, individual ou coletiva, reconhecido pelo artigo 51.° da Carta das Nações Unidas, prestará
assistência à Parte ou Partes assim atacadas, praticando sem demora, individualmente e de
acordo com as restantes Partes, a ação que considerar necessária, inclusive o emprego da força
armada, para restaurar e garantir a segurança na região do Atlântico Norte.

Qualquer ataque armado desta natureza e todas as providências tomadas em consequência


desse ataque serão imediatamente comunicados ao Conselho de Segurança. Essas providências
terminarão logo que o Conselho de Segurança tiver tomado as medidas necessárias para
restaurar e manter a paz e a segurança internacionais.

Estrutura da Organização

A estrutura da OTAN compreende os componentes civil e militar. O quartel-general da Aliança


está em Bruxelas, contando com divisões especializadas em uma série de assuntos, desde
serviços de inteligência, planejamento operacional, até diplomacia pública. Além disso, há uma
série de organizações e agências relacionadas à Organização, que lidam com assuntos ligados ao
aspecto operacional, como educação, treinamento, componentes meteorológicos, oceanografia
militar, dentre outros.

Em meio à sua divisão interna, o Conselho Atlântico Norte (North Atlantic Council) é o principal
órgão político e decisório, sendo o único estabelecido pelo Tratado de Washington, em seu
artigo 9º, e o único capaz de criar órgãos subsidiários. Ele conta com um representante de cada
Aliado (atualmente são 30, sendo a Macedônia do Norte o membro mais recentemente), e suas
decisões são baseadas no consenso.

O quartel-general da OTAN, em Bruxelas. Neste prédio está alocado o "componente civil" da Aliança, além de ser a
sede do Conselho do Atlântico Norte, principal órgão decisório. O componente militar da Organização, com o
quartel-general das Operações do Comando Aliado, está localizado em Mons, também na Bélgica
Reunião do Conselho Atlântico Norte (NAC) na sede da OTAN.

Um aspecto interessante da OTAN é que ela NÃO possui um exército próprio. Os Estados
Membros/Aliados contribuem com suas tropas, e são responsáveis por todos os gastos
relacionados a elas. Além disso, os Aliados precisam contribuir com uma parte de seu orçamento
destinado à defesa para a manutenção dos custos da Organização. Esta contribuição, inclusive,
tem sido objeto de diferenças de opinião e críticas entre os Estados Unidos e os membros
europeus.

Membros

A OTAN atualmente conta com 30 membros. O processo de expansão da Organização ganhou


força com o final da Guerra Fria e o desmantelamento da União Soviética, sendo que muitos dos
antigos membros do chamado Bloco Oriental foram aceitos como membros.

Oficialmente, a Aliança reconhece como aspirantes a Aliados três países: Bósnia e Herzegovina,
Geórgia e Ucrânia. Há debates em outros países sobre a acessão à OTAN, como Suécia, Finlândia
e Sérvia. O processo de adesão à Aliança é gerenciado pelo artigo 10 do Tratado de Washington,
e conduzido pelo Conselho Atlântico Norte.
Artigo 10.º

As Partes podem, por acordo unânime, convidar a aderir a este Tratado qualquer outro Estado europeu
capaz de favorecer o desenvolvimento dos princípios do presente Tratado e de contribuir para a segurança
da área do Atlântico Norte. Qualquer Estado convidado nesta conformidade pode tornar-se Parte no
Tratado mediante o depósito do respectivo instrumento de adesão junto do Governo dos Estados Unidos
da América. Este último informará cada uma das Partes do depósito de cada instrumento de adesão.

Para a Organização, existe um conjunto de critérios a serem seguidos pelos Aspirantes para que
sua adesão possa ser aceita (processo também realizado por consenso):

• Devem provar que são economias de mercado;


• Devem provar que são democracias estáveis, baseadas no respeito ao Estado de Direito
e aos direitos humanos;
• Devem manter uma relação pacífica com seus vizinhos, resolvendo pacificamente
questões fronteiriças;
• Manutenção de um controle civil e democrático sobre os militares.
(Da esq. para a dir) Jerzy Buzek (Primeiro-ministro polonês), Miloš Zeman (Primeiro-ministro checo), Javier Solana
(SG-OTAN) e Viktor Orbán (Primeiro-ministro húngaro) em cerimônia marcando a acessão da Polônia, da República
Checa e da Hungria à OTAN. Bruxelas, 1999

Atuação da OTAN

Em 7 décadas, a Aliança buscou garantir a paz dentro do território de seus Aliados. Com o fim
da Guerra Fria (que definiu os 40 primeiros anos da OTAN com sua agenda de segurança
coletiva), houve o senso de que os objetivos da Organização foram atingidos. No entendimento
da Aliança, o fim do conflito trouxe, no entanto, uma nova era de instabilidade. Aderindo a um
novo papel de gerenciamento de crises internacionais, os Aliados participaram em uma série de
iniciativas. Podem ser citadas 3 operações de destaque da OTAN desde sua criação:

Bósnia e Herzegovina - IFOR (Força de Implementação), 1995.

Tropas da IFOR na Bósnia, 1995

“NATO’s commitment to a stable and secure Bosnia and Herzegovina was enshrined in the
Dayton accords 20 years ago and remains intact today. We came to help secure the peace at the
end of a horrendous conflict. _Today, Bosnia and Herzegovina is a very different place. Peaceful,
stable and moving towards a better future on the path to Euro-Atlantic integration,(...) We seek
a Western Balkans where people are able to live as neighbours, in peace and with respect for
the rights of all communities.” (Jens Stoltenberg, Secretário-Geral da OTAN, por ocasião da
comemoração dos 20 anos da IFOR, 2015)

A IFOR foi lançada como instrumento de cumprimento dos Acordos de Dayton, em 1995, que
resolveriam o conflito que ocorria na Bósnia. De um componente essencialmente político, a
missão da OTAN acabou por receber um caráter militar relevante, chegando a atuar com 60mil
tropas, sob o auspício do Capítulo VII da Carta da ONU e com mandato expedido pelo Conselho
de Segurança. A IFOR é um marco por ser a primeira missão da Organização a atuar fora do
território da Aliança.

Kosovo - KFOR (Força do Kosovo), 1999

Sob a orientação da Resolução 1244 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, uma missão
de paz liderada pela OTAN chegou ao Kosovo, ensejando o fim do conflito entre tropas sérvias
e rebeldes albaneses-kosovares. Com avanços e recuos, a missão segue presente e atuando na
resolução da questão.

A OTAN e o 11 de setembro de 2001

Os acontecimentos do 11 de setembro de 2001 são um marco na atuação da OTAN. Pela


primeira vez, o Artigo V do Tratado de Washington seria ativado, colocando em funcionamento
o mecanismo de defesa coletiva da Organização. Uma missão liderada pela Organização foi
enviada ao Afeganistão.

https://www.youtube.com/watch?v=num7UD4oAME&feature=emb_imp_woyt

Materiais complementares

https://www.youtube.com/watch?t=305&v=snXhtOpSXtI&feature=emb_imp_woyt

"NATO: Still relevant in a Dangerous World", por Lyndsay Lloyd, que disserta sobre a relevância
da OTAN, desde o fim da Guerra Fria. Para o autor, a organização soube se reinventar e buscar
uma nova utilidade, mas mantendo seu compromisso com valores de proteção da segurança
internacional, dentro e fora do território da Aliança.
https://www.bushcenter.org/catalyst/global-challenges/lloyd-nato-still-relevant-in-a-
dangerous-world.html

Fontes

Website OTAN - https://www.nato.int/cps/su/natohq/index.htm

"NATO: Still relevant in a Dangerous World", Lyndsay Lloyd

"What is NATO, why does it still exist, and how does it work?" [Canal da OTAN no YouTube]

Você também pode gostar