Você está na página 1de 5

Guião

“A ONU e a resolução dos conflitos mundiais”

Introdução

Após o fim da Primeira Guerra Mundial, vários esforços diplomáticos convergiram no


sentido de se criar um organismo que tivesse como função a salvaguarda da paz e segurança
internacional. Nesse sentido, no ano de 1919, foi criada a Sociedade das Nações.

No entanto, no período de guerras entre 1918 e 1939, a ação da Sociedade das Nações
ficou extremamente limitada, dado que as oposições entre os países europeus permaneciam
latentes, e pelo facto de que, na década de 1930, a Alemanha e a Itália eram dois dos países
que começaram a adotar um certo extremismo que viria a desencadear um novo conflito
mundial.

Com o final da Segunda Guerra Mundial, a ideia da criação de uma organização com o
mesmo caráter da Sociedade das Nações voltou a ser discutida nas Conferências de Paz. Em
1945, na Conferência de San Francisco, nos Estados Unidos, que reuniu delegados de cinquenta
nações do Bloco Aliado, foi assinada a Carta das Nações Unidas, que deu origem à
Organização das Nações Unidas (ONU) sediada em Nova York.

Documento A1

Tal como já pudemos constatar, a ONU (Organização das Nações Unidas) trata-se de um
organismo que deve procurar garantir e manter a paz utilizando, quanto possível, meios
pacíficos de acordo com os princípios da justiça e do direito internacional com vista a evitar
ameaças e reprimir os atos de agressão. Tal como Broutos-Ghali (Secretário-Geral da ONU
desde o dia 1 de janeiro de 1992 a 31 de dezembro de 1996 sendo o sucessor do peruano
Javier Pérez de Cuéllar; Político e diplomata egípcio; Vice-ministro das Relações Exteriores do
seu país) proferiu no ano de 1992 aquando do lançamento do relatório “Uma Agenda para a
Paz” pelo próprio: “Desde a criação das Nações Unidas, em 1945, estalaram em todo o mundo
mais de uma centena de grandes conflitos, que provocaram a morte a cerca de 20 milhões de
seres humanos”. O que estaria então a faltar à Organização das Nações Unidas? Porque razão é
que Broutos-Ghali aponta graves falhas ao modelo das operações de peacekeeping (que falarei
de seguida) no cenário internacional da época (até ao fim da Guerra Fria mais precisamente)?

Temos de ter em conta que a resposta a estas questão passa por nos relembrarmos de
quais são as funções que os órgãos de funcionamento da ONU detêm (algo que já estudámos
no período passado) ... Com início no ano de 1947, a Guerra Fria foi um conflito
político-ideológico entre os EUA e a União Soviética que se prolongou até ao ano de 1991. O
Conselho de Segurança, composto por 15 membros, cinco dos quais permanentes (EUA, URSS,
Reino Unido, França e a República Popular da China), revelar-se-ia nessa época um órgão cujas
ações foram travadas pelo direito de veto dos cinco membros permanentes (bastava a
oposição de um destes para qualquer tomada de posição “cair por terra”). Assim sendo, e tal
como Broutos-Ghali referiu, a “ONU foi impotente para rebeliões de seres humanos”, porque
nem os EUA nem a URSS iriam estar de acordo perante quaisquer decisões a serem tomadas,
nomeadamente aquelas que pudessem beneficiar o outro bloco.

1
Só quando a Guerra Fria terminou é que o Conselho de Segurança se tornou um
instrumento realmente impactante na prevenção e mediação de conflitos, bem como na
prevenção da paz. Tal acontecimento criou novas oportunidades para se acabarem com as
guerras civis através de acordos de paz negociados. Um grande número de conflitos chegou ao
fim, seja através da mediação direta da ONU seja através dos esforços de outros que agem
com o apoio da ONU. Sendo assim, e tal como Broutos-Ghali passou a enumerar, os objetivos
da ONU devem ser, por exemplo: o de “procurar conter, pela via diplomática e tão cedo quanto
possível, as situações suscetíveis de degenerarem em conflitos, antes que a violência se declare”;
o de “manter a paz, por muito precária que ela seja, assim que haja um cessar-fogo”; entre
outros.

Nos dias de hoje, voltamos a pôr em causa o papel da ONU no que concerne à
concertação da paz mundial... A invasão da Ucrânia pela Rússia no dia 24 de fevereiro de 2022
é um problema que ainda se mantém e causa uma certa controvérsia relativamente àquele que
é o Conselho de Segurança da ONU, no qual cada um dos cinco membros permanentes, um dos
quais a própria Rússia, detém o poder de veto. Tal situação fez com que o Ministério dos
Negócios Estrangeiros da Ucrânia comunicasse, passo a citar: “A Ucrânia pede aos
Estados-membros da ONU (…) que privem a Federação Russa do seu estatuto de membro
permanente do Conselho de Segurança da ONU e a excluam da ONU como um todo”.

Documento A2

Podemos também encontrar um esquema que mostra aqueles que são os vários níveis
de intervenção da ONU indo ao encontro do discurso de Broutos-Ghali e dos objetivos que
enumerou.

A ONU deve desenvolver medidas diplomáticas com vista a evitar potenciais situações
suscetíveis de degenerarem em conflito fruto das tensões internas ou entre Estados.

Caso o conflito se instale e até ao momento em se ponha término às hostilidades entre


nações ou partidos em guerra (o cognominado “cessar-fogo”), a ONU deve procurar estabelecer
a paz através de medidas de interferência nos conflitos em curso (envolvendo também
esforços diplomáticos para que as partes em conflito possam dialogar) assim como a
implementação de medidas coercivas/opressivas (com a autorização do Conselho de
Segurança), incluindo o recurso a forças militares.

Com o cessar-fogo instaurado, a ONU deverá levar a cabo um conjunto de ações que
devam preservar a paz e ajudar na implementação de acordos de paz. Deverá também levar a
cabo um conjunto de medidas que possam impedir um possível reacendimento do conflito
através do reforço das instituições fundamentais para uma paz sustentada.

Documento B
O documento B trata-se de um artigo que nos dá conta daquela que é a função
desempenhada pelo Secretário-geral (neste caso, Ban Ki-moon que desempenhou tal função de
2007 a 2017) que se trata do principal representante da ONU e o chefe do Secretariado da
mesma, pelo que, para além de a liderar, deve trabalhar com os seus estados-membros para

2
promover a paz, a segurança, o desenvolvimento sustentável e os direitos humanos assim
como ser o principal porta-voz da ONU e trabalhar para sensibilizar a opinião pública mundial
sobre questões globais.

Inicialmente, assume que as suas manhãs são provavelmente muito parecidas com as
de todos os comuns mortais. Relata como muitas vezes todos pegamos nos jornais ou ligamos
a televisão (incluindo ele próprio) e nos deparamos com o sofrimento da humanidade em
diferentes partes do mundo como no Líbano, Darfur e na Somália. No entanto, como
secretário-geral da ONU tem a oportunidade de tentar remediar essas tragédias.

Ban Ki-moon realça que a ONU se empenha diariamente em várias frentes, desde a
manutenção da paz até à ajuda humanitária e à luta contra doenças, mesmo que sem êxito (tal
como ele diz no final do documento, “importante é tentar obtê-lo"). Também afirma que o
mundo tem apresentado uma evolução favorável graças ao papel da ONU, ainda que os seus
recursos tenham diminuído consoante o aumento de vezes que é chamada a intervir.

Documento C

No mapa do documento C, estão presentes as missões de paz que a ONU estava a


executar em 2014. Podemos perceber que o maior número de missões encontra-se no
continente africano, como por exemplo, a Missão Multidimensional Integrada das Nações
Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA), que é uma missão de
manutenção da paz das Nações Unidas, iniciada a 10 de abril de 2014, para proteger os civis da
Rep. Centro-Africana da violenta guerra civil que ocorre no país. Contudo, podemos observar,
também, algumas missões na Ásia (ex: a UNDOF, na Síria; a UNAMA, no Afeganistão; etc.) e,
apenas uma no continente europeu (a UNMIK, no Kosovo), assim como no continente
americano (a MINUSTAH, no Haiti).

No texto do documento C, podemos perceber que, tanto durante como depois do fim da
Guerra Fria, o Conselho de Segurança sempre tentou realizar operações de paz. Segundo o
texto, estas operações iriam ajudar em situações como, “Estados em desagregação, guerras
civis e emergências humanitárias graves”.

O texto do Doc.C afirma, também, que as situações de conflito são “cada vez mais
complexas” e “que proliferaram como cogumelos nos anos de 1990”, pelo que se torna mais
difícil de se responder devidamente às situações.

Gráfico 2: No gráfico 2 (Doc.C), podemos constatar que, no espaço de uma década


(2000-2010), o contingente militar quase triplicou (de cerca de 30.000 para pouco menos de
90.000 efetivos).

Gráfico 3: Já o gráfico 3, mostra-nos quais foram os países que mais contribuíram com
efetivos militares em 2013. Neste caso, podemos verificar que quem contribuiu mais foi o
Paquistão (8266), seguido do Bangladesh (7918) e da Índia (7849).

Gráfico 4: Por fim, no gráfico 4, são nos apresentados os países que mais contribuíram
financeiramente, entre 2013 e 2015. O país que, com um grande avanço, mais contribuiu
financeiramente foi os Estados Unidos (28,38%).

3
Documento D

1. O massacre de Srebrenica (Bósnia)

No documento D1, Boutros-Ghali relaciona o massacre de Srebrenica (Bósnia) com a


falta de meios militares da missão da ONU. O Massacre de Srebrenica, também conhecido
como o Genocídio de Srebrenica, foi o maior massacre cometido na Europa desde o fim da
Segunda Guerra Mundial. Em apenas uma semana, entre os dias 11 e 15 de julho de 1995, mais
de 8.000 bósnios muçulmanos foram assassinados por forças sérvias. O massacre começou
quando as tropas sérvias invadiram Srebrenica, e a população local teve que procurar abrigo
num complexo da ONU. Porém, dois dias depois, as forças neerlandesas da missão de paz da
ONU, que estavam em menor número, cederam às pressões das tropas de Radko Mladic e
forçaram milhares de famílias muçulmanas a deixar o local. Segundo o texto, “dezenas de
milhar de muçulmanos bósnios são feitos prisioneiros e, num ato de “limpeza étnica”, cerca de
vinte mil mulheres e crianças muçulmanas obrigadas a partir, enquanto os sérvios
empreendem o massacre organizado dos muçulmanos desarmados em idade de combater”.

2. Os conflitos do Médio Oriente

No documento D2, podemos observar um cartoon de Joep Bertrams, de 2012, onde está
representado Ban Ki-moon (visto que, no casaco está escrito o seu nome). Ban Ki-moon foi o
oitavo secretário-geral da Organização das Nações Unidas, de 2007 até 2017, tendo este
orientado inúmeras reformas importantes no que toca à manutenção da paz. No entanto, com
este cartoon, Joep Bertrams põe em contraste o esforço do Secretário-geral para “apagar o
fogo” no Médio Oriente e a pequenez dos meios de que dispõe, representados por um carrinho
de bombeiros de brincar.

Documento E

A manutenção da paz tornou-se parte integrante da missão da ONU para, tal como
podemos constatar na Carta das Nações Unidas de 1945 (tratado fundamental das Nações
Unidas), “preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra que por duas vezes, no espaço
de uma vida humana, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade (...)”.

Criadas em novembro de 1956 (embora a sua primeira missão de paz tenha começado
em 1948 no Médio Oriente a fim de se monitorar o acordo de trégua entre Israel e países árabes
vizinhos), as Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas, popularmente conhecidas
como “capacetes azuis” devido ao facto de utilizarem como cobertura boinas e capacetes de
cor azul (a mesma da bandeira da ONU), são forças militares multinacionais instituídas pela
ONU com objetivos designados pelo Conselho de Segurança da mesma. Estas operam em
algumas das regiões do Mundo que vivenciam uma situação de conflito e têm como missão
acompanhar as disputas entre países e comunidades, evitando confrontos, ao mesmo tempo
que conduzem negociações que possam pôr fim a essas disputas.

Estes “heróis e heroínas”, como lhes chama o secretário-geral das Nações Unidas,
António Guterres, têm origens culturais diversas e vêm de diferentes Estados-membros da
organização.
4
Desde o início, a ONU realizou mais de 70 operações onde serviram tropas de mais de
120 países. Nesse percurso, de acordo com a mesma, o papel das mulheres nas mediações,
prevenções e soluções de conflitos tem se mostrado cada vez mais eficiente. Esta alegação vai
ao encontro da informação disposta no Documento E... Ainda que estivessem “praticamente
ausentes das missões militarizadas até à década de 1990”, as mulheres somavam no ano de
2012 cerca de 3% do pessoal militar e cerca de 10% da força policial. A presença destas nas
operações de paz ajudava a reduzir a conflitualidade e a transmitir confiança à população
feminina. Tal presença é-nos demonstrada ao atentarmos para a imagem relativa à partida do
contingente chinês de capacetes azuis para o Sudão do Sul (que ainda dá muito que falar tendo
em conta o recrudescimento da violência e as inundações contínuas que provocam um
“sofrimento inimaginável” nas pessoas deste país tal como a coordenadora humanitária da
Organização das Nações Unidas para o Sudão do Sul, Sara Beysolow Nyanti proferiu) que se
encontra anexada a outra de tamanha importância que, por sua vez, está associada ao Dia
Internacional dos Capacetes Azuis que é celebrado anualmente a 29 de Maio e visa prestar
homenagem a todos os homens e mulheres que serviram e continuam a servir nas operações
de manutenção da paz das Nações Unidas, reconhecer o seu elevado nível de profissionalismo,
dedicação e coragem e também para honrar a memória daqueles que perderam a vida em prol
da paz (tal data, tal como o Documento E. o enuncia, “lembra a constituição da UNTSO”-
Organização de Supervisão de Trégua das Nações Unidas- “a primeira missão de peacekeeping,
destinada a supervisionar o cessar-fogo da primeira guerra israelo-árabe no ano de 1948”, tal
como já foi mencionado no decorrer do nosso trabalho).

De referir também que no ano de 1988, a 29 de setembro, o Comitê do Nobel do


Parlamento Norueguês outorgou o Prêmio Nobel da Paz às Forças de Paz das Nações Unidas.
A entrega do prémio ao Exmo. Sr. Dr. Javier Perez de Cuellar, Secretário da ONU, contou com a
presença do Rei da Noruega, Família Real e altas autoridades internacionais. Este, tal como o
Documento E. nos dá conta, “considerou que o prémio homenageava também uma ideia de
admirável originalidade, a de transformar soldados em agentes da paz e não da guerra”.

Você também pode gostar