Você está na página 1de 3

Intervenção militar em conflitos estrangeiros – Expressão oral 2º período

Introdução
Certamente todos vocês já ouviram falar sobre algum tema relacionado com a intervenção militar de um
país ou grupo noutro território. (Se acompanham as notícias correntes facilmente conseguem perceber o tema da
intervenção militar).

Com o estabelecimento de grandes organizações internacionais – como a Organização das Nações Unidas
(ONU) e a Organização Mundial do Comércio (OMC), por exemplo – o diálogo e solução pacífica dos problemas entre
países foram se tornando mais comuns do que o próprio uso da força para resolver as divergências de interesses.

A ONU foi criada justamente após a 2ª Guerra Mundial, com o objetivo de “preservar as gerações vindouras
do flagelo da guerra”. Dentro desse contexto, estabeleceram-se regras que proíbem claramente o uso da força.
Alguns exemplos são:

**Todos os membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo que
não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais. (Carta da ONU – Artigo 2, parágrafo 3)

**Todos os membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força contra a
integridade territorial ou a dependência política de qualquer Estado, ou qualquer outra ação incompatível com os
Propósitos das Nações Unidas. (Carta da ONU – Artigo 2, parágrafo 4)

Mudar de slide
E neste sentido, vou desenvolver este tema focando-me na questão eminente da Ucrânia.

“Estamos a defender o nosso país sozinhos”. Esta foi a frase mais marcante no final do primeiro dia de guerra na
Ucrânia, e saiu da boca de Zelensky.

Mas porque é que isto acontece? Porque não intervêm a NATO, a ONU ou outros grupos internacionais no conflito
armado que decorre no leste da Europa?

A QUESTÃO DA NATO

A política de defesa da NATO está consagrada no artigo número 5 do Tratado de Washington, que dita que
“um ataque contra um aliado é considerado um ataque contra todos os aliados”. Por isso, não fazendo a Ucrânia
parte deste tratado, acaba por ficar fora da jurisdição. Logo, a Ucrânia não é abrangida por esta proteção da NATO,
uma vez que não pertence à organização.

A Organização do Tratado Atlântico Norte foi criada em 1949, na sequência da Segunda Guerra Mundial e
surgiu para responder ao aparecer de um poderoso bloco de leste, liderado pela União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS), e que tinha o Pacto de Varsóvia (criado em 1955) a contrapor a aliança atlântica.

Incluindo Portugal e fundada por outros 12 países, institui como objetivo principal a defesa dos seus membros,
nomeadamente de potenciais agressões vindas de leste. Atualmente, dez países assinaram este acordo e estão na
NATO, sendo que sete desses fazem fronteira com a Ucrânia, e três (Estónia, Letónia e Lituânia) partilham fronteira
com a Rússia. Neste sentido, uma das aparentes razões da invasão russa, tal como Vladimir Putin quer evitar, a todo
o custo, é a adesão ucraniana a esta organização, o que daria então a possibilidade de a NATO a defender no
terreno, caso contrário, nenhum dos aliados, incluindo Portugal, pode enviar tropas para combater ao lado das
tropas da Ucrânia contra o exército russo por muito que seja de extrema necessidade dar apoio à Ucrânia.

Além disso, nem a NATO nem nenhuma outra organização se quer envolver num conflito direto com a Rússia, uma
vez que isso traria consequências devastadoras, tendo em conta a proliferação de armas nucleares de ambos os
lados.

Assim, o que cabe à Aliança Atlântica é o garantir de que os seus membros estão protegidos, tentando forças as
tropas russas a um recuo por meio da dissuasão, mostrando e explicando que um conflito seria mau para todos.

Mudar de slide
Intervenção militar em conflitos estrangeiros – Expressão oral 2º período
***Mas quer isto dizer que toda intervenção militar noutros países fica proibida a partir da criação ONU?

E a resposta a esta pergunta é: No capítulo VII, da Carta prevê-se a possibilidade de uma intervenção militar
internacional nos casos de:

-Risco iminente ao Sistema Internacional;

-Legítima defesa.

E há ainda duas discussões importantes neste tema, em relação a:

-Legítima defesa preventiva;

-Intervenção militar humanitária.

Neste contexto, sabem o que é a Segurança Internacional e para que serve?

Quando falamos em Segurança Internacional, as primeiras imagens históricas que nos vêm à cabeça são talvez a
eminente tensão entre a Ucrânia e União Soviética ou talvez a rivalidade bélica entre os EUA e a Rússia durante a
Guerra Fria ou ainda a pressão entre o poder nuclear da Coreia do Norte frente aos EUA.

Neste sentido, a Segurança Nacional visa a proteção coletiva e individual dos membros que compõem uma
sociedade contra ameaças à sobrevivência e autonomia. Tal busca pela sobrevivência estatal pode ser vista, por
exemplo, na recente militarização das fronteiras entre a Ucrânia e a Rússia por membros da NATO como os EUA e a
Inglaterra, que enviaram tropas estrategicamente posicionadas na tentativa de dissuadir a ofensiva russa.

Voltando ao tópico da intervenção militar internacional, no caso do Conselho de Segurança da ONU (órgão máximo
da entidade, formado por cinco membros permanentes – Rússia, Estados Unidos, China, França e Inglaterra – e dez
rotativos) perceber que existe uma ameaça à paz e a segurança internacional, deve decidir os meios de solucioná-la.

Estes meios podem ser não – militares, através do isolamento da ameaça para forçar uma mudança de posição,
como também podem permitir uma intervenção, no caso das falhas dos meios não militares: […] poderá levar a
efeito, por meio de forças aéreas, navais ou terrestres, a ação que julgar necessária para manter ou restabelecer a
paz e a segurança internacionais. (Carta da ONU, Capítulo VII, trecho do artigo 42).

Assim, dentro dos termos da ONU, o Conselho de Segurança é o único que tem o poder de decisão se a força deve
ou não ser usada e em caso de conflitos, os Estados devem tentar solucionar as suas divergências e, caso não
consigam, encaminhar a questão ao Conselho de Segurança para que ele a analise.

Quanto à Intervenção Militar em Legítima Defesa, é importante notar que por mais que a ONU seja uma
entidade criada para a manutenção da paz, ela foi criada por Estados, que têm na própria sobrevivência e nos
próprios interesses o seu principal objetivo.

Dessa forma e tendo em conta o recente conflito não é de se estranhar a existência de um mecanismo de legítima
defesa dentro da própria ONU que menciona que, Nada na presente Carta prejudicará o direito inerente de legítima
defesa individual ou coletiva no caso de ocorrer um ataque armado contra um membro das Nações Unidas, até que o
Conselho de Segurança tenha tomado as medidas necessárias para a manutenção da paz e da segurança
internacionais. (Carta da ONU –Artigo 51)

Ou seja, o Estado em causa tem direito à legítima defesa sempre que for ilegalmente atacado por outro.

Outro grande exemplo da intervenção militar no exterior é a ideia das intervenções humanitárias onde Portugal se
destaca.

Esta ideia, que ficou conhecida como “Responsabilidade de Proteger”, foi sendo construída ao longo da década de
1990, tendo a guerra da Somália, onde se aprovou uma coalizão de forças de paz das Nações Unidas lideradas pelos
Estados Unidos encarregada de assegurar que a ajuda humanitária fosse distribuída e a paz fosse estabelecida na
Somália, como principal marco, em 1991.
Intervenção militar em conflitos estrangeiros – Expressão oral 2º período
A partir dela, o Conselho de Segurança adotou a possibilidade de uso da força, quando necessário para deter
violações de direitos humanos, no entanto, mesmo no caso dessas violações, novamente permanece a necessidade
de autorização do Conselho de Segurança ou do Estado que receberá a intervenção, para que ela seja legal.

O Exército português também iniciou a sua experiência em operações de paz no início da década de 90, em África,
mais precisamente em Moçambique. Estas forças incluem normalmente elementos de manobra que consistem em
unidades de Infantaria e Cavalaria, apoio de fogos que garantem uma elevada capacidade de dissuasão e de
demonstração de força, apoio de combate como as unidades de Engenharia, Transmissões e Polícia do Exército e
apoio de serviços.

Você também pode gostar