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O livro a Paz Perpétua traz a crença que Kant tinha de que seria possível a tingir a paz entre os
Estados através de um esforço mútuo.
O livro tem grandes implicações na realidade, tendo em vista a grande onda de violência e
desrespeito à tratados internacionais vivenciados nos dias atuais.
Diante desse exposto, o livro é dividido em duas partes. A primeira seção é composta pelos
artigos preliminares – ele apresenta os motivos os quais impedem a concretização da paz -
enquanto na segunda é apresentado os artigos definitivos para se alcançar a paz perpétua.
Após isso, temos dois suplementos à paz perpétua.
PRIMEIRA SEÇÃO:
PRIMEIRO ARTIGO: os tratados de paz não promovem a paz perpétua, pois na verdade apenas
terminam os conflitos existentes no presente, mas possuem “cláusulas secretas” que acabam
causando guerras futuras.
Exemplo: ao final da Primeira Guerra mundial foi assinado tratados de paz que futuramente
vinham a ser conhecidos como “paz sem vencedores”, pois as condições estabelecidas nesses
tratados foram um dos motivos para o desencadeamento da Segunda Guerra Mundial.
SEGUNDO ARTIGO: nenhum Estado poderá ser adquirido por meio de permuta, compra ou
herança, tendo em vista que as pessoas constituintes desses Estados não podem ser
instrumentalizadas.
Exemplo: mais uma vez podemos citar os tratados que puseram fim nas guerras, segundo os
quais os países vencidos deveriam doar territórios. Além disso, temos a situação brasileira na
qual o Acre foi comprado da Bolívia e hoje em dia é um Estado até certa medida negligenciado
e que não recebe as devidas atenções.
TERCEIRO ARTIGO: os Estados não devem possuir um exército permanente, logo, estes devem
sumir com o tempo. Essa premissa é baseada no fato de que a existência de um exército, por si
só, já causa medo e ameaça aos outros países, os quais, muitas vezes, decidem iniciar uma
guerra tendo em vista esta ameaça. Kant ressalta, ainda, que a existência de exércitos é uma
forma de instrumentalização dos homens. Além disso, os gastos para a manutenção do
exército acabam virando um pretexto para a guerra.
QUARTO ARTIGO: esse artigo apresenta relação com o anterior, pois Kant afirma que o
dinheiro público não deve ser investido de forma a custear guerras. Esse dinheiro deve ser
investido em áreas de assistência social, como por exemplo, saúde, educação e segurança
pública.
QUINTO ARTIGO: nenhum Estado deve usar sua força para interferir na Constituição e no
governo de outro Estado, pois isso violaria os princípios da autonomia e da independência.
Além disso, a invasão de um estado sobre outro, acaba por justificar a manutenção de
exércitos como forma de defesa (viola o terceiro artigo).
Exemplo: mais uma vez, talvez o exemplo mais conhecido seja o dos EUA, os quais interferem
em vários governos ao redor do mundo, de forma a participar de mudanças de regimes. O país
se fez presente em vários outros países da América Latina, sendo acusado inclusive, no ano
passado de enviar tropas para tentar invadir, por vias marítimas, a Venezuela.
SEXTO ARTIGO PRELIMINAR: os Estados não devem usar de estratégias que impeçam a
implementação da paz futura, quando em guerras. Essas estratégias podem ser: uso de
espiões, emprego de assassinos e envenenadores, estratégias que usem o ser humano como
meios para se alcançar fins.
Exemplo: hoje em dia, muitos Estados, quando em guerra, atacam escolas e hospitais como
forma de mostrar que o Estado que está sendo atacado não possui condições de manter a
segurança de seu povo e justificar, assim, invasões. Outro exemplo, é o caso de espiões
introduzidos em outros Estados. É de conhecimento de todos os casos americanos e russos.
SEGUNDA SEÇÃO:
O estado de paz, de acordo com Kant, deve ser instituído, uma vez que o Estado Natural é um
estado violento (haveria um princípio mau nas pessoas). Ainda de acordo com o autor, o
Direito público surge com a função de estabelecer esse estado de paz.
PRIMEIRO ARTIGO: para Kant, a Constituição Civil deve ser republicana, pois esta é a única
capaz de instituir um estado de paz.
Crítica: ao final da Primeira Guerra foi criado uma Liga das Nações, mas não foi o capaz de
impedir a Segunda Guerra e hoje em dia, o órgão análogo, que faz parte da ONU é muitas das
vezes desrespeitado quando convém aos Estado, mesmo que a adesão seja voluntária.
Nesse sentido, o “direito de gentes” (direito internacional – direitos entre os Estados, de forma
a criarem ações coletivas) seria a possibilidade de alcançar a paz, através do
comprometimento de todos, que resolveriam seus conflitos de interesses a partir de outras
formas que não a guerra.
TERCEIRO ARTIGO: hospitalidade se refere ao fato de o estrangeiro não ser tratado com
hostilidade por estra em território alheio – direito de visita (hoje em dia vemos
situações de xenofobia, as quais desrespeitam o direito fundamental à liberdade).
Como a terra é esférica, todos possuem direito sobre o território e ninguém tem mais
direito de estar em um lugar do que outro – direito à superfície.
Quando falamos em Direito Cosmopolita estamos falando de situações de trocas
comerciais, as quais devem respeitar o direito à hospitalidade, de forma a se
aproximar de uma paz perpétua.
Nesse artigo temos Kant trazendo a ideia de que o respeito aos direitos fundamentais
dos seres humanos é uma forma de se alcançar a paz.
SEGUNDO SUPLEMENTO:
Kant atribui como artigo secreto para se alcançar a paz perpétua a consulta aos
filósofos, deixo-os falar publicamente, pois estes não se associam a grupos ou
governos.