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Você certamente já ouviu falar sobre algum tema relacionado à intervenção militar de
um país ou grupo em outro território. Se acompanhou as notícias em 2003, pôde
perceber a polêmica intervenção no Iraque. Em tempos de , muito se falou sobre a
intervenção da na Líbia. Mais recentemente, alguns grupos e personalidades discutem
sobre a possibilidade de uma intervenção militar na .
Mas você sabe quando e como uma intervenção militar internacional é possível? Nesse
texto, o Politize! explica tudo pra você!
A Liga (ou Sociedade) das Nações, criada em 1919, cria mecanismos para tentar
alterar esse cenário.
Em seu Pacto de Fundação, por exemplo, está prevista a arbitragem. Isso quer dizer
que, em divergências que não fossem por meios diplomáticos bilaterais, uma terceira
parte poderia decidir qual lado estava certo.
Contudo, para que o conflito direto, com intervenção militar, deixasse de ser uma opção,
era preciso que o parecer fosse unânime entre os participantes do Conselho – a exceção
dos participantes do litígio – o que nem sempre acontecia.
É com a fundação da ONU que o “uso da força” entre Estados encontra reais barreiras.
Então isso significa dizer que toda intervenção militar em outros países fica proibida a
Não necessariamente.
Apesar de se propor a evitar o uso da força nas relações internacionais, a Carta da ONU
possui, um meio de utilizá-la, se necessário.
Você sabe o que é Segurança Internacional e pra que serve? A gente te explica!
Estes meios podem ser não – militares, através do isolamento da ameaça para forçar
uma mudança de posição:
Como também podem permitir uma intervenção, no caso das falhas dos meios não
militares:
[…] poderá levar a efeito, por meio de forças aéreas, navais ou terrestres, a
ação que julgar necessária para manter ou restabelecer a paz e a
segurança internacionais. (Carta da ONU, Capítulo VII, trecho do artigo 42).
Quer entender mais sobre a legislação da ONU e os órgãos envolvidos nela? Vem com a
gente!
É importante notar que por mais que a ONU seja uma entidade criada para a manutenção
da paz, ela foi criada por Estados, que tem na própria sobrevivência e nos próprios
interesses seu principal objetivo.
Ou seja, o Estado tem direito à legítima defesa sempre que for ilegalmente atacado por
outro.
Por fim, vale lembrar que mesmo quando há a autorização do uso da força, esse
uso deve obedecer a critérios de proporcionalidade (em uma analogia simples, um tiro
não pode ser respondido com uma bomba nuclear) e necessidade (deve ser o último
recurso).
Nos últimos tempos também tem sido debatida a ideia de “legítima defesa preventiva”,
também chamada de “intervenção preventiva”.
Essa linha de pensamento tem origem antiga, no Caso Caroline, em 1837. Na ocasião,
um navio de nacionais americanos foi acusado de fornecer apoio a rebeldes canadenses
(na época o Canadá era território sob jurisdição britânica) durante uma revolta.
Após uma crise diplomática entre EUA e Grã-Bretanha, foi estabelecida uma doutrina
para a legítima defesa preventiva. Para que fosse justificável, como escreveu Daniel
Webster, representante britânico na época, o Estado deveria demonstrar a iminência da
questão, ou seja, que “a necessidade de legítima defesa é imediata, imprescindível e não
deixa escolha de meios”.
No mundo pós ONU no entanto, a legítima defesa preventiva levanta polêmicas. Na visão
de Ana Flávia Granja (Doutora pela Universidade de Paris) e Priscila Brito Vieira
(Coordenadora do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica
Internacional, do Ministério da Justiça), a carta da ONU apresenta uma ambiguidade
quanto a isso:
Você sabe o que é e como atual o Tribunal Penal Internacional? A gente te diz!
No contexto atual, pós 11 de setembro, os Estados Unidos tentaram justificar sua Guerra
ao Terror sob a ideia de iminência.
A polêmica em torno disso é a margem que criou para ataques unilaterais anteriores a
uma aprovação pelo Conselho de Segurança, como o caso da invasão do Iraque, em
2003, sob a alegação de armas de destruição em massa, nunca encontradas.
Você sabe qual o papel das armas nucleares em conflitos? Temos um texto só pra isso!
Isso porque a Carta da ONU trás dois princípios consagrados nas relações entre os
Estados:
Por outro lado, em 2004, no Painel de Alto Nível sobre Ameaças, Desafios e Mudanças,
da própria ONU, ganhou força a ideia de uma responsabilidade coletiva internacional
quanto às violações de direitos humanos.
Kosovo (1999)
A ideia era alcançar uma solução para a guerra do Kosovo, protegendo a população
separatista albanesa local, da perseguição do governo da Sérvia e Montenegro.
Nas palavras de Tony Blair, primeiro ministro britânico na época, a operação foi motivada
por um “real senso de propósito moral”, e “a comunidade internacional tem a obrigação
de parar essas formas mais violentas de nacionalismo”.
A ação, contudo, foi feita de forma completamente ilegal para com os parâmetros do
Direito Internacional, pois não teve autorização do Conselho de Segurança.
Apesar disso, na tentativa de condená-la Rússia e China foram derrotadas por 12 votos a
3, com os cinco países membros da OTAN e seus aliados votando contra a condenação.
Iraque (2003)
O Brasil, líder da missão, contudo, buscou minimizar esse uso da força defendendo, em
seus discursos, a utilização de um capítulo “seis e meio”, baseando-se tanto na
possibilidade de uso da força quanto da solução pacífica de controvérsias.
Líbia (2011)
Outra ação autorizada pelo Conselho de Segurança, pela Resolução 1973, foi a
intervenção militar na Líbia, em época de Primavera Árabe. A resolução permitia o uso da
força para a proteção de civis.
A operação foi liderada pelos principais membros da OTAN (Rússia e França, com apoio
dos EUA).
Rússia e China, no entanto, acusaram a OTAN de atuar para além do que a resolução
permitia, ditando os rumos políticos da Líbia. Segundo reportagem do portal Terra, um
grupo de brasileiros elaborou um relatório que partilha dessa opinião.
Síria (2018)
Alegando resposta a um suposto uso de armas químicas pelo governo Bashar al-Assad
em território Sírio, Estados Unidos, França e Inglaterra realizaram uma intervenção militar
através de bombardeios à Síria.
O discurso de “ameaça à Segurança Nacional” dos Estados Unidos, feito por Trump, se
enquadraria na lógica de uma legítima defesa preventiva.
Também ilegal nos termos da ONU e do Direito Internacional, a ação foi novamente
condenada pela Rússia e novamente derrotada no âmbito de uma resolução
condenatória.
Para que fosse considerada legítima, como trouxemos pra você, uma operação militar
necessitaria do aval do Conselho de Segurança da ONU. No entanto, Russia e China
apoiam o governo Maduro, o que torna o processo pouco provável.
Outra opção seria pelo convite direto do país. No caso venezuelano, a Assembleia
Nacional teria essa prerrogativa e é com base nisso que seu representante, Juan Guaidó,
afirmou recentemente a possibilidade de utilizar esse “convite”.
Contudo, a situação é ainda mais polêmica por não haver uma clara legitimidade de um
presidente na Venezuela.
Para Maduro, tanto Guaidó quanto a Assembleia Nacional estão sem poderes desde
2017, quando a função de parlamento foi assumida pela Assembleia Constituinte por
meio do Tribunal de Justiça da Venezuela. Ainda, na visão do chavista, o discurso de
intervenção é uma tentativa imperialista dos Estados Unidos para assumir o poder na
Venezuela.
Mesmo um ano depois, com alguns, como o Grupo de Lima, reconhecendo a legitimidade
da Assembleia Nacional, a situação está longe de ser um consenso, com países como
Rússia, China, Irã, Bolívia, entre outros, reconhecendo Maduro. Uma intervenção por
convite, nesse sentido, estaria longe de ser totalmente legítima.
Dilemas internacionais
Como podemos perceber, a questão da intervenção militar internacional reflete uma série
de dilemas internacionais.
Quando se pensa na Carta da ONU, para o analisa político americano Thomas Frank, os
Estados acatarão as regras do Direito Internacional que possuam alto grau de
legitimidade, ou seja, quando acreditam que “a lei ou instituição opera de acordo com
princípios de direito geralmente aceitos”.
Assim, por mais que se tenha avançado em legalidade, ainda é preciso contar com a
colaboração dos Estados em cumpri-la.
Você percebeu que alteramos o nosso layout? Agora o texto fica mais centralizado e os
anúncios não atrapalham mais a leitura! E aí, o que você achou dessa
mudança? Tem alguma sugestão?Conte para nós!
Referências:
Relatório People on War – Carta das Nações Unidas – Pacto da Liga das Nações – Celso
Lafer: Conferências de Paz de Haia – Estadão: Estrategia de Segurança de Bush –
Folha: países denunciam maduro ao TPI – ONU: Gutierrez descarta intervenção – Nexo:
uma intervenção na Venezuela é possível? – G1: Ações sem mandado da ONU
PLATIAU, Granja E. Barros; FLÁVIA, Ana; BRITO SILVA VIEIRA, Priscilla. A legalidade da
intervenção preventiva e a Carta das Nações Unidas. Revista Brasileira de Política
Internacional, v. 49, n. 1, 2006.