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6. Intervenção humana:
Desde que em prol dos direitos humanos, buscando sua proteção.
Ultrapassa o princípio do não uso da força.
Ideia geral: não intervenção. Contudo, há situações em que a intervenção
ocorre (em assuntos internos) – são excepcionais, mas não tão raras.
Se a ONU deixa de atuar em conflitos no interior de um Estado, em razão
do seu sistema de tomada de decisões, pode motivar a barbárie. Diante
disso, outra organização pode intervir no conflito, buscando garantir a
proteção das pessoas.
Problema: nem sempre a intervenção começa, de fato, por uma motivação
humanitária.
A intervenção não está disposta em nenhum tratado internacional. O que se
tem é o princípio geral da ‘não intervenção’, a Carta das Nações Unidas e o
Pacto de Brankiu.
Embora não esteja previsto em tratado, a intervenção tem ocorrido,
inclusive, sendo buscada e, inclusive, existem outros documentos tratando
sobre. Com isso, o termo ‘guerra justa’ retornou, ou seja, quando há
motivação considerada justa. Isso divide opiniões com relação a licitude
dessas internações.
A intervenção tem ocorrido de forma evolutiva (no começo, era proibido;
hoje é aceito).
Uma das funções da ONU é com relação a cooperar com a proteção dos
direitos humanos. Juntando essa função com a proibição do uso da força
nas relações internacionais, a ONU passou a enviar forças de paz para essas
regiões.
2 pressupostos:
1. Operações por iniciativa da ONU, autoridade do conselho de segurança
e coordenação do secretário geral das Nações Unidas.
2. Contar com o conhecimento e até solicitação das autoridades locais para
não configurar intervenção em assuntos internos (que é proibido).
4 características:
1. Forma voluntária de constituição – Estados oferecem tropas
voluntariamente.
2. Tropas (“capacetes azuis”) da ONU não podem iniciar o combate,
somente se defender.
3. Uso de armas em legítima defesa (em caso de ataque).
4. Podem desempenhar as funções de polícia local, manutenção da ordem,
supervisão do plebiscito, etc.
Jean Combacau – essas tropas da ONU estão em auxilio ao Estado,
buscando apaziguar, proteger e prestar assistência. Sem a ideia de sanções.
Pedido e consentimento do Estado (das autoridades locais) para esse auxílio
– passa por reconhecimento do governo.
De acordo com caráter evolutivo, além da voluntariedade, a ausência da
iniciativa da ONU foi sendo flexibilizada. Ex: na Guerra do Golfo (Kuwait).
A causa humana foi ganhando espaço em confrontos armados realizados
pela própria ONU. Tem o peso de a decisão ser em consenso no Conselho
das Nações Unidas, mas, em outros episódios/situações, deixou de existir o
consenso (ex: Guerra da Rússia e Ucrânia).
Iniciativas de intervenção humanitária feriam normas consuetudinárias e
normas da Carta das Nações Unidas, mas, não recebiam qualquer
existência.
Rosalyn Higgins – afirma haver 2 formas de intervenção:
1. Para resgatar nacionais que estão em situações de perigo e degradantes
(como uma legítima defesa).
2. Para resgatar pessoas de outra nacionalidade em situações de perigo e
degradantes, desde que seja apenas o resgate.
- Em ambos casos não haveria ferimentos ao Estado, sem comprometer
sua integridade. Não se encaixa no disposto da Carta das Nações Unidas.
Procedimentos
Para ativar a investigação do tribunal:
1. Remessa de uma situação pelo Estado parte: pode ocorrer tanto de
crimes cometidos em seu território, ou por seus cidadãos, quanto
cometidos no território de outro Estado.
- O Estado remetente entra na ação como interessado.
- A remessa leviana passa por uma análise e deve ser aprovada, sob o
risco de trazer ao tribunal algo que não deva ser objeto.
O HOMEM E O ESTADO
Nacionalidade
Sentido sociológico: termo relacionado a ideia de nação (mesma língua,
raça, religião, com o querer viver em comum, ...). É a ‘qualidade’ de fazer
de uma nação.
Inspirou o princípio das nacionalidades – em que cada nação deve
correspondera um Estado (unificação da FRA e ALE).
Sentido jurídico: importante é a figura do Estado. É a ‘qualidade’ de fazer
parte do Estado. Trata-se de um vínculo político-jurídico entre o indivíduo
e o Estado.
Cada Estado definia seu quadro de nacionais, mas, desde 1930, começaram
as Convenções sobre o tema (como a Convenção de Haia). Com isso, ficou
definido que os integrantes devem respeitar os princípios internacionais.
Oliveiros Litrento – destaca o problema da nacionalidade devido aos
aspectos internos (leis internas) e aspectos externos (preceitos
internacionais).
Caso Notlebohn.
Se a nacionalidade é esse vínculo, os nacionais são aqueles que estão
diretamente sob a autoridade do Estado.
‘A cada indivíduo, uma nacionalidade’ – era considerada a melhor ideia,
mas, há pessoas que possuem mais de uma nacionalidade (polipatritia) e
outras sem nenhuma (apatridia).
2 tipos de nacionalidade:
1. Nacionalidade originária: provém por nascimento, dependendo da vontade
do Estado (outorgada).
2. Nacionalidade adquirida: mudança da nacionalidade anterior.
Sistemas:
1. Sistema Jus Sanguinis: mais usado, principalmente em Estados mais
populosos. Como elemento de atenuação: reconhecer a nacionalidade a
crianças que nasceram com pais desconhecidos ou estrangeiros.
2. Sistema Jus Soli: utilizado em países com menor população, surgiu com o
sistema feudal e ressurgiu com a independência dos EUA (não tinha
nacionais suficientes de forma normal, para alcançar a independência
precisaram desse ressurgimento).
Expulsão: é expulso quem adotou conduta mais grave, com riscos nocivos
à segurança nacional. Fundamento no direito de defesa e conservação.
- Causas para expulsão: atos contrários a legislação, de mendicância,
atentado violento ao pudor, ...
- Procedimento para expulsar é diferente: é um procedimento
administrativo, que demanda ato do governante decretando a expulsão. O
indivíduo só poderá retornar se esse decreto tiver prazo determinado ou o
próprio governo revogar a expulsão.
- Não é, de modo geral, considerado pena, mas sim, medida preventiva ou
de polícia.
- O Estado que expulsa alguém não precisa estabelecer diálogo prévio com
o país de origem, mas pelo bom relacionamento, é bom esclarecer e
comunicar.
- A expulsão pode se dar para qualquer lugar, geralmente, é para o Estado
de origem (que está obrigado a aceitar seu cidadão).
- O indivíduo que é notificado a expulsão ou que é expulso de fato, se
retornar indevidamente ao país será preso e após cumprir tempo
determinado, será novamente expulso.
- É um ato individual, uma vez que a expulsão em massa é proibida pelo
direito internacional.
Principais diferenças:
a) Deportação só se dá perante a autoridade local; expulsão só se dá perante
o governo central.
b) Deportação segue um procedimento simplificado; expulsão ocorre
perante uma repartição da Cúpula do Governo e é consolidada por
decreto do governo.
c) Deportação considera um possível retorno, desde que preencha
determinadas condições e requisitos; expulsão não permite o retorno até
o transcurso do prazo ou revogação.
Iniciativa externa:
Extradição: entrega de um Estado a outro o pedido de um indivíduo que,
em seu território, deveria responder processo e/ou cumprir pena.
- Pressupõe sempre um processo penal.
- É um procedimento de relação executiva – o Estado encaminha ao seu
Ministro das Relações Exteriores, que encaminha para o do outro país, o
pedido de extradição.
- Pode ser concedido de duas formas:
a) Tratado internacional: há a obrigação de entregar o extraditado. É uma
relação executiva e judicial (que autoriza a extradição).
Com o pedido de extradição, o possível extraditado tem direito de defesa,
mas não pode discutir o mérito do processo penal – somente a identidade e
a ilegalidade da extradição.
- O Brasil não extradita por crimes políticos, apenas crimes comuns. Além
disso, não extradita cidadãos brasileiros.
b) Processo de reciprocidade.
Asilo político
Local onde a pessoa está em segurança.
O Estado acolhe o estrangeiro em razão de criminalidade política.
Influência da Revolução Francesa.
2 pressupostos:
a) Criminalidade política: objeto de afronta é forma de
autoridade/ideologia capaz de aferir contestação.
Não se concede asilo a crimes de guerra, contra a paz, genocídio, etc.
Apesar dos pressupostos, não é o indivíduo que tem direito de receber asilo,
mas sim o Estado. A Convenção Interamericana de Asilos Políticos aborda
isso no seu art. 1°.
Se dá de duas formas:
a) Territorial: acontece quando o candidato a asilo consegue adentrar o
território do Estado.
Fundamentando a concessão: o Estado tem direito de permitir entrar no
seu território quem quiser; no seu território a jurisdição do Estado é
exclusiva.
- Pode terminar de várias formas: naturalização do indivíduo do Estado
asilante; quando o Estado deixa de conceder o asilo; pela expulsão (mas
não deve ocorrer para o local onde o indivíduo corre risco de vida);
transformação para uma situação permanente; entrega como criminoso
comum; renúncia/fuga ou morte.
3. Agentes diplomáticos:
Regulado pela Convenção de Viena de 1961.
As primeiras missões diplomáticas permanentes foram no séc. XV.
O Brasil foi o primeiro país latino-americano a ter uma embaixada (que
estava nos EUA).
Convenção de Viena – baseia as relações diplomáticas, concretizando o
direito diplomático, inclusive dos Estados que não firmaram.
Os agentes diplomáticos se tornaram todos os membros da missão
(flexibilização), não sendo mais apenas o chefe (pessoal diplomático da
missão = secretários, ministros, adidos – aqueles com funções específicas).
Relações diplomáticas se estabelecem por acordo, requisitando o
consentimento mútuo entre Estados.
- Do reconhecimento do Estado não se deduz relações diplomáticas, mesmo
que o contrário seja verdadeiro.
- O consentimento se dá com base em direitos fundamentais como o direito
de legação (ativo – quando o Estado encaminha representantes; passivo –
quando o Estado recebe os representantes).
- Estado acreditante e Estado acreditado.
3 principais funções:
a) De representação: para protocolar (diário), na negociação (de tratado)
e para um bom relacionamento (solucionando problemas).
Prerrogativas e imunidades:
a. Inviolabilidade:
- Dos arquivos e documentos, da correspondência (mala
diplomática), da residência, documentos do agente, etc.
b. Imunidade de jurisdição (penal, civil e administrativo):
- A imunidade penal é absoluta – devido a inviolabilidade pessoal,
mas deve respeitar as leis. Seu processo ocorre no Tribunal do
Estado acreditante.
- A imunidade civil não é absoluta, há exceções: ação sobre imóvel
privado em território do Estado acreditado; ações sucessórias; ações
referentes a atividades como profissional liberal ou atividade
diplomática de comércio.
- OBS: imunidade de execução é diferente.
- Renúncia a imunidade de jurisdição: o agente diplomático poderá
ser processado, mas as medidas de execução forçada só poderão ser
aplicadas se a renúncia for, também, com relação a imunidade de
execução (princípio da dupla renúncia).
- Quem pode renunciar é o Estado, que possui as prerrogativas, os
agentes diplomáticos são os representantes disso.
- O agente diplomático não pode ser intimado, não é obrigado a
prestar depoimento (podendo fazer voluntariamente)
- Renúncia a imunidade de jurisdição tácita – quando abre um
processo ou quando, sendo processado, abre um pedido contra a
outra parte (reconvenção – não se limita a defesa).
Imunidades e prerrogativas:
a) Inviolabilidade (locais consulares) – exceção: presunção de autorização
para atuar em caso de incêndios.
b) As autoridades legais devem informar as mortes, tutelas/curatelas,
naufrágios e acidentes aéreos.
c) Inviolabilidade pessoal, salvo em caso de crimes graves,
preventivamente ou pós sentença condenatória, com determinação de
autoridade jurídica competente).
d) Obrigação de comparecimento e de depor como testemunha, salvo em
questões que ele possua conhecimento pelas suas funções ou como
perito das leis.
e) Possui imunidade de jurisdição, porém, limitada. Como visto acima, não
há imunidade penal, apenas civil e administrativa.
- Exceções da imunidade civil: processos relacionados a contratos não
realizados com o Estado de envio, implica ou explicitamente; ação
proposta por acidente de veículo, navio ou aeronave ocorrido no Estado
de residência.
f) OBS: diferença entre renúncia à imunidade de jurisdição e de execução
– precisando de dupla renúncia também.
g) Isenção fiscal e dos direitos aduaneiros.
MISSÕES ESPECIAIS
Envio temporário, com um direcionamento/finalidade específica e para uma
situação determinada.
Convenção de Nova Iorque de 1969 é a base desse instituto.
Encerrando o evento que a motivou, encerra-se a missão.
Sua estrutura pode ser simples (com uma categoria de pessoas) ou complexa
(mais de uma categoria).
São utilizadas, principalmente, em Estados e/ou Governos não reconhecidos,
desenhando ela como uma missão técnica para evitar os efeitos políticos.
Os membros são escolhidos livremente pelo Estado que envia, mas o Estado
receptor pode, a qualquer tempo, qualificar algum deles como persona non
grata ou nem o aceitar em seu território. Diante disso, o Estado de envio deve
retirá-lo do território.
Ordem de precedência: critério é a ordem alfabética, de acordo com o
protocolo do Estado que recebe.
Início das funções se dá com o contato com as autoridades competentes do
Estado receptor.