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PROTEÇÃO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

 Atrocidades da 2ª Guerra Mundial – causou a necessidade de desenvolver


mecanismos para evitar ocorrências de violência nas relações humanas, além
de retomar o estudo de direitos.
 No Brasil, os tratados de direitos humanos ganham importância maior com o
tempo.
 Mesmo a CF não abordando diretamente, as causas de direitos humanos têm
grande relevância. Os tratados que versam sobre isso estão acima das leis, mas
não da CF.
 Já haviam tratados anteriores que versavam sobre temáticas relacionadas com
os direitos humanos, logo depois, passaram a ser produzidos em quantidade
expressiva – marco: declaração universal de direitos humanos.
 Convenção Europeia de salva-guarda dos direitos do homem e das liberdades
fundamentais (1950).
 Não pode haver distinção entre os direitos humanos para pessoas de diferentes
nacionalidades – direitos humanos são universais.
 O direito internacional passou a considerar o homem como figura importante,
sendo objeto central de suas normas.
 Declaração Universal dos DH é um conjunto de normas substantivas (apenas
enunciando os direitos e sem mecanismos de garantia) e não é tratado
internacional. Ela é uma resolução da ONU, sendo desprovida de caráter
permanente vinculante.
 A declaração universal de direitos humanos é a fonte de inspiração e
interpretação de tratados internacionais.
 Composição em duas partes:
1. 1ª geração (direitos civis e políticos) – individuais (não tortura, presunção
de inocência, a vida, a liberdade, etc.).
2. 2ª geração (direitos sociais, econômicos e culturais) – aqueles que o
indivíduo possui como membro da sociedade (educação, saúde, etc.).

 Se precisar de leis/prestações do Estado para concretização é de 2ª geração.


Se as leis forem apenas limitadoras, é de 1ª geração.
 Os direitos de 3ª geração não estão dispostos na Declaração Universal de
Direitos Humanos. São aqueles direitos da coletividade que o homem
pertence. Ex: direito ao patrimônio comum, ao meio ambiente saudável, etc.
 A partir da declaração, houve proliferação grande de instrumentos
normativos sobre essas questões.
 Como ideia/regra geral da sociedade internacional e do direito
internacional, suas características são baseadas nos princípios da soberania
e igualdade entre Estados. Contudo, ao analisar questões inerentes aos
indivíduos, como os direitos humanos aparecem peculiaridades.

Aspectos do direito internacional com relação aos direitos humanos:


1. Restrição as reservas nos tratados:
 Reserva é a declaração que o Estado faz, restringindo ou excluindo seu
compromisso com alguma cláusula do tratado que está sendo firmado.
 Nos tratados de direitos humanos, as reservas são estritas/limitadas, sendo
mais comum haver cláusulas restringindo a existência das reservas, embora
por vezes, sejam taxativamente proibidas.
 Na regra geral dos tratados internacionais, no seu silencio, para a apreciação
da validade da reserva baseia-se no princípio da reciprocidade. Com relação
aso tratados internacionais de DH, baseia-se no princípio da garantia
coletiva (há um órgão específico para analisar isso).
 Em caso de a reserva pretender excluir um direito humano (total
afastamento), considera-se uma reserva incompatível. Apenas a delimitação
é admissível.

2. Competência nacional exclusiva (domínio reservado do Estado):


 É a área de atuação submetida exclusivamente ao campo de abrangência
dos atributos da soberania de um Estado.
 Dever de não intervenção – como regra geral.
 As lesões aos direitos humanos, na grande maioria, ocorrem nas relações
dos Estados com seu povo, uma vez que age contrariamente as pessoas do
seu próprio território. Sendo assim, é importante que a proteção dos direitos
humanos supere a ideia de domínio reservado dos Estados.
- DILEMA: equilibrar isso com o princípio da soberania do Estado.
- Quando o Estado se compromete com obrigações internacionais, por meio
dos tratados, ele próprio ‘retira sua soberania’.
- Carta das Nações Unidas (art. 2°, §7°): consagra o respeito a competência
nacional exclusiva. Arts. 56 e 57 são a exceção – cooperação do Estado para
proteção dos DH.

 Alguns autores discutem: os tratados não são obrigações universais, as têm


vocação universalizante. Já os direitos humanos por si só são universais em
alguns casos, em outros não, depende do costume geral.
3. O acesso dos indivíduos a instâncias internacionais:
 O Estado é sujeito de competência plena.
 O indivíduo pode, em algumas instâncias, peticionar perante uma comissão.
Se a comissão considerar válida, levara a Corte Internacional de DH. Isso
ocorre sem o apoio do seu ou de outro Estado.

4. Flexibilização do requisito do esgotamento dos recursos internos:


 Não é regra absoluta, é uma tendência.
 Realidade no tocante dos tratados internacionais.

5. Projeção normativa das declarações de DH:


 A própria declaração universal de DH (1948), além de outras, alcançaram
status superior ao que seria devido a própria espécie desse documento.
 As declarações sobre outros temas possuem repercussão comum. Enquanto
as relacionadas aos direitos humanos, ganham maior prestígio e relevância.
 Declarações de direitos humanos como base para celebração dos tratados
internacionais.
- Conjugação de tratados e costumes.

6. Intervenção humana:
 Desde que em prol dos direitos humanos, buscando sua proteção.
 Ultrapassa o princípio do não uso da força.
 Ideia geral: não intervenção. Contudo, há situações em que a intervenção
ocorre (em assuntos internos) – são excepcionais, mas não tão raras.
 Se a ONU deixa de atuar em conflitos no interior de um Estado, em razão
do seu sistema de tomada de decisões, pode motivar a barbárie. Diante
disso, outra organização pode intervir no conflito, buscando garantir a
proteção das pessoas.
 Problema: nem sempre a intervenção começa, de fato, por uma motivação
humanitária.
 A intervenção não está disposta em nenhum tratado internacional. O que se
tem é o princípio geral da ‘não intervenção’, a Carta das Nações Unidas e o
Pacto de Brankiu.
 Embora não esteja previsto em tratado, a intervenção tem ocorrido,
inclusive, sendo buscada e, inclusive, existem outros documentos tratando
sobre. Com isso, o termo ‘guerra justa’ retornou, ou seja, quando há
motivação considerada justa. Isso divide opiniões com relação a licitude
dessas internações.
 A intervenção tem ocorrido de forma evolutiva (no começo, era proibido;
hoje é aceito).
 Uma das funções da ONU é com relação a cooperar com a proteção dos
direitos humanos. Juntando essa função com a proibição do uso da força
nas relações internacionais, a ONU passou a enviar forças de paz para essas
regiões.
 2 pressupostos:
1. Operações por iniciativa da ONU, autoridade do conselho de segurança
e coordenação do secretário geral das Nações Unidas.
2. Contar com o conhecimento e até solicitação das autoridades locais para
não configurar intervenção em assuntos internos (que é proibido).
 4 características:
1. Forma voluntária de constituição – Estados oferecem tropas
voluntariamente.
2. Tropas (“capacetes azuis”) da ONU não podem iniciar o combate,
somente se defender.
3. Uso de armas em legítima defesa (em caso de ataque).
4. Podem desempenhar as funções de polícia local, manutenção da ordem,
supervisão do plebiscito, etc.
 Jean Combacau – essas tropas da ONU estão em auxilio ao Estado,
buscando apaziguar, proteger e prestar assistência. Sem a ideia de sanções.
 Pedido e consentimento do Estado (das autoridades locais) para esse auxílio
– passa por reconhecimento do governo.
 De acordo com caráter evolutivo, além da voluntariedade, a ausência da
iniciativa da ONU foi sendo flexibilizada. Ex: na Guerra do Golfo (Kuwait).
 A causa humana foi ganhando espaço em confrontos armados realizados
pela própria ONU. Tem o peso de a decisão ser em consenso no Conselho
das Nações Unidas, mas, em outros episódios/situações, deixou de existir o
consenso (ex: Guerra da Rússia e Ucrânia).
 Iniciativas de intervenção humanitária feriam normas consuetudinárias e
normas da Carta das Nações Unidas, mas, não recebiam qualquer
existência.
 Rosalyn Higgins – afirma haver 2 formas de intervenção:
1. Para resgatar nacionais que estão em situações de perigo e degradantes
(como uma legítima defesa).
2. Para resgatar pessoas de outra nacionalidade em situações de perigo e
degradantes, desde que seja apenas o resgate.
- Em ambos casos não haveria ferimentos ao Estado, sem comprometer
sua integridade. Não se encaixa no disposto da Carta das Nações Unidas.

 Quando o governo não é forte, perde o controle, de modo a gerar disputas


entre grupos para assumir o poder – suprimindo serviços básicos à
população.
Diante de várias ocorrências dessa situação, o secretário geral das Nações
Unidas pediu a realização de um estudo/análise sobre a temática 
Relatório chamado “Responsabilidade de Proteger”. Ele foi
aprovado/adotado em 2005, mas não gerou um tratado internacional. Essa
doutrina traz, como uma das primeiras ideias, que a soberania não dá poder
ilimitado sobre seu povo, devendo respeito, externamente, a outras
soberanias e, internamente, respeito à dignidade dos direitos básicos do
povo que vive naquele Estado (é uma dupla responsabilidade).
O relatório esclarece que a intervenção é a ação sem consentimento.
Além disso, ele considera que a intervenção militar é humanitária, mas não
se limitou a isso, abordando também medidas preventivas (alternativas) ou
tentando formas para retroceder com as barbáries.
 ‘Intervenção humanitária’ – “propósito de intervenção humana”.
 Não favorecimento dos grandes Estados, mas sim em busca de oferecer
proteção prática.
 Objetivos:
1. Estabelecer regras mais claras (procedimentos e critérios) sobre como e
quando intervir.
2. Estabelecer a legitimidade da intervenção militar quando necessário,
depois de esgotar outras tentativas.
3. Assegurar que a intervenção militar, quando ocorrer, seja somente com
relação ao proposto (sem ultrapassar limites).
4. Ajudar a eliminar, se possível, as causas de conflito, buscando a paz
durável.

 Intervenção para proteção humana (incluindo a militar em casos extremos)


é aceita quando danos morais são causados a civis. O Estado em questão
está impossibilidade, não deseja intervir ou é o próprio causador do dano.
 A responsabilidade de proteger recai, primeiro, no próprio Estado em que
está ocorrendo a barbárie. Se falhar, poderá ser dirigida a comunidade mais
ampla (organização internacional – ONU, mas, preferencialmente, alguma
regional). Em caso de nenhuma organização internacional não estar apta, a
de vizinhos pode agir – problema: podem haver outros interesses em jogo
na hora de intervir.

TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL


Entraves para constituição do tribunal penal internacional
 Contexto do mundo bipolar – URSS e EUA. Ambos os países tomavam
conta das relações internacionais, exercendo influência e ingerência na
economia, nas questões de diplomacia e na vida militar do mundo todo.
Diante do cenário, a busca por uma ordem internacional capaz de garantir
paz ficava abafada.
 A Queda do Muro de Berlim foi um marco para que começasse a ter visão
por trás da cortina de ferro.
Antecedentes
 Tribunal Internacional de Nuremberg – ao fim da Segunda Guerra Mundial
celebrou-se o Tratado de Londres, que determinou a criação desse Tribunal.
O objetivo inicial era julgar os líderes da Alemanha Nazista.
- Era chamado de tribunal de exceção, uma vez que tinha tempo limitado
para existir.
- Criação de uma corte permanente que não contasse só com membros dos
países vencedores, para que esse tribunal fosse reconhecido junta a sua
legitimidade.
- 4 Juízes de diferentes países.
- Definiram o que eram os crimes contra a paz, crimes de guerra em sentido
estrito e crimes contra a humanidade.
a) Contra a paz: planejamento, incitação, iniciação ou prosseguimento
da guerra.
b) De guerra em sentido estrito: cometidos durante o conflito, como
assassinatos e trabalhos forçados.
c) Contra a humanidade: redução a escravidão, assassinato, e outros
que comprometam a vida e a dignidade humana.

 Tribunal de Tóquio – também é um tribunal de exceção, criado no Japão,


no contexto pós-guerra, visando punir os mesmos três tipos de crime citados
acima.
 Tribunal para a ex-Iugoslávia – possuía jurisdição para atuar contra
indivíduos responsáveis por crimes contra a humanidade, de guerra e
genocídio, em todo o território.
 Tribunal para a Ruanda: não houve guerra interna, então, a punição é para
‘violações graves do direito internacional’ e não crimes de guerra.
Criação da Corte Penal Internacional
 Criação na Conferência, sob o apoio da ONU, em Roma.
 Sede em Haia – primeiro e único tribunal penal internacional, com o
objetivo de julgar crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
 18 juízes, com mandato de 9 anos e 1 procurador. Sendo que, a cada 3 anos,
1/3 do tribunal é renovado.
 Instituído de forma permanente com jurisdição sobre pessoas responsáveis
sobre crimes de maior prioridade, sendo complementar as jurisdições penais
internacionais.
 Os Estados têm competência primária para exercerem sua jurisdição sobre
em relação aos crimes internacionais.
 Não serão admissíveis perante o TPI os seguintes casos:
a) Em que a pessoa já tiver sido julgada pela conduta que se refere a
denúncia, em virtude do art. 20, §3°.
b) Se o caso não for suficientemente grave para justificar a intervenção
do Tribunal.
 Elementos normativos:
a) Vontade ou não de agir, ou incapacidade de agir – ex: colapso do
sistema policial ou judicial em face de conflito armado.
b) A forma genuína de atuações – ex: procedimentos de faixada.
c) Necessidade de as câmaras determinarem o pedido de ofício.
d) Admissibilidade de um caso em suas formas.
e) Os momentos processuais em que isso vai se dar.
f) As partes legítimas para impugnação da admissibilidade de um caso.

Competências do tribunal penal internacional


 Temporal: para crimes cometidos após a entrada em vigor do Estatuto. É
irretroativa, exceto se o Estado fizer uma declaração aceita pela jurisdição
do tribunal em relação ao crime em questão.
 Residual: representa os crimes de genocídio, contra a humanidade, de
guerra e contra a paz.
 Material: o tribunal tem competência para os crimes de guerra, genocídio,
contra a humanidade e crimes de agressão.
 Territorial: pode exercer sua jurisdição se o crime acontecer no território de
um Estado parte, sem eles nacionais ou estrangeiros.
 Pessoal: competência para julgar indivíduos, não Estados.
 Princípio da complementariedade: o TPI só exerce sua competência quando
o Estado não pode ou não quer julgar os supostos crimes ocorridos sob sua
jurisdição.

Composição e administração do tribunal


 Presidência, câmara preliminar, câmara de julgamento, câmara de
apelações, gabinete do procurador e secretaria.
a) Presidente: o presidente deverá ser um juiz com assento na câmara de
apelações.
b) Juiz: juízes devem ser de naturalidade diferente, que represente os
vários Estados e o grupo geográfico. Deve possuis grande experiência.
São eleitos pelas assembleias dos Estados parte e designados para atuar
nas distintas instancias, em uma ou mais câmaras preliminares ou de
julgamento.
c) Gabinete do procurador: responsável pelo recebimento das
apresentações, onde atuam os procuradores adjuntos. Ele é eleito pela
Assembleia dos Estados partes e designado para comandar o caso.
d) Secretaria: encarregada dos serviços financeiros, podendo estabelecer
acordos de cooperação com os Estados partes (ex: protegendo
testemunhas).
e) Cartório: chefiado pelo escrivão, possui um conselheiro ético para
analisar as queixas dos funcionários.

Procedimentos
 Para ativar a investigação do tribunal:
1. Remessa de uma situação pelo Estado parte: pode ocorrer tanto de
crimes cometidos em seu território, ou por seus cidadãos, quanto
cometidos no território de outro Estado.
- O Estado remetente entra na ação como interessado.
- A remessa leviana passa por uma análise e deve ser aprovada, sob o
risco de trazer ao tribunal algo que não deva ser objeto.

2. Remessa de uma situação pelo Conselho de Segurança: o Conselho


possui a faculdade de criar um tribunal ad hoc ou enviar o caso ao TPI.

3. Iniciativa do próprio procurador: poderá determinar o início da


investigação com base no que possui de documentos. Logo, deve
analisar a seriedade das informações, adicionando o que for necessário.
Se tudo estiver de acordo com os procedimentos do tribunal, o processo
seguirá, caso contrário, o pedido para a abertura do processo será negado
pela câmara.

 Procedimento judicial próprio (estatuto):


1. Fase preliminar: é uma inovação do Estatuto de Roma.
a) Compete as câmaras preliminares expedirem o pedido de
mandado de prisão ou ordem de comparecimento. Além
disso, devem garantir a proteção das vítimas e testemunhas.
b) Deve autorizar o procurador a realizar medidas especiais que
visem facilitar e expedir pedidos de cooperação aos Estados,
para que auxiliem na coleta de provas.
c) No decorrer da fase preliminar, a câmara deve acompanhar o
colhimento de provas, decidir sobre possíveis incidentes,
decidir sobre a manutenção do acusado.

2. Fase de julgamento: se inicia quando se confirma que, com


relação as acusações, não cabe mais recurso. Para iniciar, o
acusado deve estar presente, sob pena de não acontecer o
julgamento (não há julgamento à revelia no TPI).
A oralidade é a base do julgamento.
3. Sentença: absolvitória ou condenatória. Em caso de prisão, o
passo máximo é de 30 anos, sendo perpetua apenas em casos
excepcionais. Pode ser condenado a multa, perda de bens e
haveres obtidos como fruto do crime.
- Pena de morte não é admitida.

4. Pena: será levado em consideração as circunstâncias agravantes


e dirimentes, a conduta do acusado, extensão dos danos, natureza
do crime, etc.
- Serão executadas em Estado designado pelo TPI dentre aqueles
que se prontificaram a receber os criminosos.
- Recurso para a Câmara de Apelações.

SISTEMAS REGIONAIS DE PROTEÇÃO


 Foi a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos que surgiram
sistemas regionais de proteção (normas complementares).
 Convenção de 1969 – Convenção Americana de Direitos Humanos
- Brasil ratificou em 1992.

 Carta da Organização das Nações Americanas (1948) como base para o


sistema regional.
- Sofreu algumas alterações e reformas ao longo do tempo.

 Pacto de São José da Costa Rica – só consagrou os direitos humanos de 1ª


geração (liberdade, vida, processo legal, ...).

 Protocolo Adicional (1988) – direito de 2ª geração consagradas.


- Em vigor para o Brasil e outros em 1999.

 Aparato de monitoramento e implemento – base.


 Convenção interamericana de direitos humanos – apenas um caso permitia
a pena de morte, pois, como regra, é proibido. Com isso, surge a
necessidade de padronizar, contudo, visando primeiro criar a Convenção, a
padronização ocorre posteriormente.
 1959 – Surgimento da Comissão Interamericana dos direitos humanos (para
concretizar a defesa dos direitos humanos). Foi 10 antes da Convenção.
- São 7 membros na Comissão, com mandatos de 4 anos e direito a uma
reeleição.
- Principais funções:
a. Recomendações ao governo do Estado parte, sobre medidas adequadas
a proteção dos direitos humanos.
b. Preparar estudos e relatórios necessários.
c. Solicitar aos governos dos Estados partes sobre o cumprimento da
Convenção.
d. Submeter, anualmente, um relatório a Assembleia Federal da OEA.
e. Atender as consultas formuladas pelos Estados membros, através da
secretaria da OEA.
f. Atuar em relação as petições que lhe forem encaminhadas.
- Indivíduo tem acesso a Corte por meio das petições.
- Qualquer pessoa, grupo de pessoas ou entidade não governamental,
podem apresentar petição a Comissão (não restringe a vítima da
infração).
- Requisitos da petição = art. 46, da Convenção Americana de
Direitos Humanos: esgotamento dos recursos internos, apresentada
em 6 meses, sem pendência de outros processos (devem ser originais,
sem reclamações concorrentes), dados da pessoa legal.

- Uma vez recebida, inicia a análise da admissibilidade da petição.


Sendo reconhecida, a Comissão encaminha ao governo do Estado
responsável, requisitando mais informações a respeito da denúncia. Há
um prazo razoável para o pronunciamento ao final. Diante do que se
tem, os procedimentos que a Comissão pode adotar são:
a) Se o caso foi devidamente explicado pelo Estado ou se, de
alguma forma, já foi sanado, a petição será arquivada.
b) Constatada inconsistência nas alegações da petição – declarar a
inadmissibilidade.
c) A corte pode acolher/buscar uma solução amistosa.
d) Pode proceder uma investigação (Estado interessado deve
fornecer todas as informações e facilidades para isso).
- Ao fim, realiza-se um relatório, com o prazo de 3 meses para levar
o caso a Corte ou a Comissão para fazer recomendações ao Estado.
Findando o prazo, por maioria absoluta, a Comissão decide se o
Estado cumpriu com os deveres e se publicará o relatório.
É a grande decisão, uma vez que suas consequências podem aderir
no cenário internacional – varia conforme a gravidade.

Corte Internacional de Direitos Humanos


 Sede em São José da Costa Rica.
 Juízes nacionais dos Estados da OEA – nem todos os membros se
submeteram a Corte.
 7 cadeiras para a corte, com mandato de 6 anos e podendo uma reeleição.
 Quórum mínimo para as decisões da Corte = 5 juízes.
 Espanhol, inglês, português e francês.
 Possui jurisdição consultiva (composta por pareceres da interpretação de
tratados sobre direitos humanos nos Estados americanos) e contenciosa (a
partir do impulso da comissão ou do Estado interessado. Profere uma
sentença de natureza declaratória, como regra geral; não possui carga
anulatória, não anulando sentença interna ou atos internos).
Obs: se o Estado tem uma sentença que fere o Pacto de São José, causando
danos a alguém e sem instrumento para reparo – a reparação pode ser
decidida pela Corte (ex: indenização), mesmo que não anule o ato interno.

 3 diferenças básicas em relação ao sistema europeu:


1. Aqui permanece o acesso a Corte via Comissão; europeu tem acesso
direto a Corte (3 juízes analisam a denúncia).
2. Aqui qualquer pessoa, grupo de pessoas ou entidades não
governamentais podem peticionar; europeu só a vítima peticiona.
3. Europeu – Estado pode reclamar contra outro Estado; aqui prevalece
ideia de soberania.
- No caso de Estado contra Estado, é um caso onde os dois polos contêm
soberania. Gera um maior equilíbrio e maior força (para agilizar
principalmente) para o processo em si – não para a decisão.

 Corte interamericana dos direitos humanos  9 casos julgados no Brasil.

O HOMEM E O ESTADO
Nacionalidade
 Sentido sociológico: termo relacionado a ideia de nação (mesma língua,
raça, religião, com o querer viver em comum, ...). É a ‘qualidade’ de fazer
de uma nação.
 Inspirou o princípio das nacionalidades – em que cada nação deve
correspondera um Estado (unificação da FRA e ALE).
 Sentido jurídico: importante é a figura do Estado. É a ‘qualidade’ de fazer
parte do Estado. Trata-se de um vínculo político-jurídico entre o indivíduo
e o Estado.
 Cada Estado definia seu quadro de nacionais, mas, desde 1930, começaram
as Convenções sobre o tema (como a Convenção de Haia). Com isso, ficou
definido que os integrantes devem respeitar os princípios internacionais.
 Oliveiros Litrento – destaca o problema da nacionalidade devido aos
aspectos internos (leis internas) e aspectos externos (preceitos
internacionais).
 Caso Notlebohn.
 Se a nacionalidade é esse vínculo, os nacionais são aqueles que estão
diretamente sob a autoridade do Estado.
 ‘A cada indivíduo, uma nacionalidade’ – era considerada a melhor ideia,
mas, há pessoas que possuem mais de uma nacionalidade (polipatritia) e
outras sem nenhuma (apatridia).

 2 tipos de nacionalidade:
1. Nacionalidade originária: provém por nascimento, dependendo da vontade
do Estado (outorgada).
2. Nacionalidade adquirida: mudança da nacionalidade anterior.

 Sistemas:
1. Sistema Jus Sanguinis: mais usado, principalmente em Estados mais
populosos. Como elemento de atenuação: reconhecer a nacionalidade a
crianças que nasceram com pais desconhecidos ou estrangeiros.
2. Sistema Jus Soli: utilizado em países com menor população, surgiu com o
sistema feudal e ressurgiu com a independência dos EUA (não tinha
nacionais suficientes de forma normal, para alcançar a independência
precisaram desse ressurgimento).

f) Conflito entre sistemas: APATRIDIA.


- Criança que nasce em território diferente daquele dos seus pais
e, além disso, o território de seus pais só outorga nacionalidade
para quem nasceu lá. Nesse caso, o Estado onde a criança nasceu
deve reconhecer a nacionalidade para evitar a apatridia.
- Indivíduo perde sua nacionalidade originária, uma vez que
adquiriu outra. Contudo, o território da nacionalidade adquirido
cancelou, também, a outorga da nacionalidade. Assim, o
indivíduo fica sem ambas (apátrida).
- Exilados: desprovidos da nacionalidade originária e não
adquiriu outra.

g) Os apátridas sempre serão ‘estrangeiros’, não possuindo passaportes,


nem proteção diplomática. Eles estão sujeitos a qualquer legislação que
os inclua, mas sem os direitos decorridos exclusivamente da
nacionalidade.
h) 1954 – Convenção das Nações Unidas sobre o estatuto dos apátridas
(sobre o que devem “receber” nos países em que se encontram).
i) Os países devem fornecer certos documentos para os estrangeiros,
visando uma vida mais digna.

 Formas de adquirir a nacionalidade (nac. Adquirida):


1. Casamento.
2. Naturalização (mais comum) – quando o indivíduo vive certo tempo,
participa da vida nacional, etc., pode solicitar a naturalização.
3. Naturalização por benefício da lei – quando a lei local estabelece que os
estrangeiros em seu território, desde uma certa data (determinada), têm
um prazo para solicitar a naturalização. É uma opção ao indivíduo, que
usa disso se lhe interessar.
4. Naturalização por vontade da lei – quando é definido que todos os
estrangeiros que estão no território desde a promulgação da lei, se não
manifestarem vontade contrária, a partir de certa data, serão
neutralizados.
5. Naturalização coletiva – por sessão/transferência de território.

 Conceder todos os direitos e obrigações atribuídos aos nacionais originários


para os que foram naturalizados. Não é uma regra geral, pois alguns países
impõem exceções, como o Brasil, em que existem cargos exclusivos para
nacionais originários.
 A naturalização é individual, ou seja, só passa para os filhos que nascem
depois da outorga, não retroagindo (ex nunc).
 Perda de nacionalidade – quando a lei prevê (benefício da lei) que, ao
adquirir nova nacionalidade, perderá a anterior (nos casos em que não se
reconhece a dupla nacionalidade). No caso de adquirir pelo casamento, a
nova nacionalidade não gera perda automática da outra, mas quando há
requisição, perde.
Gera perda automática: naturalização requisitada, anexação de território,
em caso de denúncia relacionada a nacionalidade originária, por punição
(ato grave praticado no seu país).

 Para os filhos de brasileiros nascidos no exterior – documentação e


nacionalidade provisórios. Depois, com a maioridade, o indivíduo pode
escolher – se ele fixar a residência no Brasil, pode optar por essa
nacionalidade.

Relação entre Estado e estrangeiros em seu território


 Com a Revolução Francesa, a situação dos estrangeiros melhorou.
 Séc. XIX – direitos privados foram reconhecidos.
 ‘O Estado tem o dever de receber todos os indivíduos que desejam passar
pelas suas fronteiras? ’
 Não tem esse dever/obrigação – devido ao direito de defesa e conservação,
possui a faculdade de proibir a entrada. É o Estado que controla e decide,
devendo exercer isso da forma mais leve e tolerante possível (devido a
independência e solidariedade entre os Estados).
A proibição e o uso do direito de defesa e conservação deve ser visando a
proteção e bem-estar do seu território e da população.

 Sistema de passaportes: espécie de restrição para entrada dos estrangeiros.


- Espécie de ‘vistos’ – distingue o estrangeiro do forasteiro temporário.
- Visto temporário – ex: para estudante.
- Visto diplomático – para representar seu Estado de origem.
- Dispensa do visto – aprovada para certos países, aqueles com que se tem
maior grau de confiança, autorizando a circulação entre territórios sem
prévia solicitação de visto.
Essa decisão é bilateral, procedimento de mera reciprocidade.
Nesses casos a circulação deve ser temporária.

 Após ingressar no território, o Estado possui o poder (poder-dever) de


polícia e vigilância sobre os estrangeiros, recebido pelo direito de
conservação e defesa. Deve exercer da forma mais leve possível, sem
discriminação.
 Personalidade humana (dignidade humana) – é fundamento dos direitos dos
estrangeiros.
Ideia de promover a proteção das pessoas e bens sem discriminação,
garantindo os direitos humanos/mínimos (de 1ª geração, excluindo os
políticos).
Essa ideia enfrentou contestações – isso porque, para alguns (autoritários),
significaria que os estrangeiros teriam mais direitos que os próprios
nacionais originários, uma vez que, antigamente, nem os nacionais mais
tinham esses direitos garantidos. Hoje, com a garantia dos direitos, isso está
mais pacificado e, portanto, os estrangeiros possuem os direitos mínimos
(com restrição para os estrangeiros temporários).
 Acioly afirma que esses direitos não são absolutos – por exemplo, tem
direito a liberdade, mas se cometer um delito, será preso (não por ser
estrangeiro, mas sim porque tal ação leva a isso). Assim, há limites a serem
respeitados e deveres (pagar taxas, respeitar autoridades e leis locais, etc.).
 O descumprimento dos deveres pode levar a expulsão.
 Estrangeiro no Brasil – por muito tempo, os estrangeiros não podiam
exercer serviços público, hoje podem; o serviço militar não cabe ao
estrangeiro, uma vez que cabe aos nacionais protegerem seu país.
- Não pode exigir participação nos serviços militares.
- Em alguns outros países, como os EUA, as forças armadas foram
profissionalizadas, então, nesses lugares, os estrangeiros podem,
voluntariamente, integrá-la. No Brasil isso não se aplica.
 Bens do estrangeiro – movimentos de nacionalização de empresas e
propriedades.
- A nacionalização é faculdade do Estado, mas, alterando o estado das
coisas, deve ser acompanhada de prévia e justa indenização.
- Discussão sobre a forma de indenizar bens nacionalizados – “Lump sun
agreements” (indenização global, ao invés de indenizar individualmente.

Relações dos Estados com seus nacionais no exterior


 Estado tem direitos sobre seus cidadãos, mesmo além da sua fronteira.
 Os indivíduos podem contar com a proteção diplomática, há relação de
proteção e assessoramento também (relações ordinárias).
 Proteção de serviços notariais.
- Via inversa: Jus avocandi – o Estado tem o direito de chamar seu nacional
do exterior para prestar serviço nacional (ex: serviço militar). Quando o
nacional está em outro país, em que ele também é nacional, não pode ser
chamado para isso.
- O país em que o nacional se encontra não pode impedi-lo de atender aos
chamamentos, se este decidir ouvi-lo.
- Jus puniendi: direito do Estado de punir seus nacionais por crimes
cometidos em outros territórios, pelo simples fato de o agente ser nacional.

Modos de exclusão de estrangeiro do território nacional


Iniciativa local: antes de atravessar a barreira policial local.
- REPARTRIÇÃO: modo de execução do impedimento da entrada do
estrangeiro em território nacional;
- REPORTAÇÃO: estrangeiro já está no território, ingressou
indevidamente ou sua estadia está ilegal.

 Deportação: iniciativa local sem envolvimento da cúpula do governo.


- Não é medida punitiva, mas de regularização.

 Expulsão: é expulso quem adotou conduta mais grave, com riscos nocivos
à segurança nacional. Fundamento no direito de defesa e conservação.
- Causas para expulsão: atos contrários a legislação, de mendicância,
atentado violento ao pudor, ...
- Procedimento para expulsar é diferente: é um procedimento
administrativo, que demanda ato do governante decretando a expulsão. O
indivíduo só poderá retornar se esse decreto tiver prazo determinado ou o
próprio governo revogar a expulsão.
- Não é, de modo geral, considerado pena, mas sim, medida preventiva ou
de polícia.
- O Estado que expulsa alguém não precisa estabelecer diálogo prévio com
o país de origem, mas pelo bom relacionamento, é bom esclarecer e
comunicar.
- A expulsão pode se dar para qualquer lugar, geralmente, é para o Estado
de origem (que está obrigado a aceitar seu cidadão).
- O indivíduo que é notificado a expulsão ou que é expulso de fato, se
retornar indevidamente ao país será preso e após cumprir tempo
determinado, será novamente expulso.
- É um ato individual, uma vez que a expulsão em massa é proibida pelo
direito internacional.

 Principais diferenças:
a) Deportação só se dá perante a autoridade local; expulsão só se dá perante
o governo central.
b) Deportação segue um procedimento simplificado; expulsão ocorre
perante uma repartição da Cúpula do Governo e é consolidada por
decreto do governo.
c) Deportação considera um possível retorno, desde que preencha
determinadas condições e requisitos; expulsão não permite o retorno até
o transcurso do prazo ou revogação.

Iniciativa externa:
 Extradição: entrega de um Estado a outro o pedido de um indivíduo que,
em seu território, deveria responder processo e/ou cumprir pena.
- Pressupõe sempre um processo penal.
- É um procedimento de relação executiva – o Estado encaminha ao seu
Ministro das Relações Exteriores, que encaminha para o do outro país, o
pedido de extradição.
- Pode ser concedido de duas formas:
a) Tratado internacional: há a obrigação de entregar o extraditado. É uma
relação executiva e judicial (que autoriza a extradição).
Com o pedido de extradição, o possível extraditado tem direito de defesa,
mas não pode discutir o mérito do processo penal – somente a identidade e
a ilegalidade da extradição.
- O Brasil não extradita por crimes políticos, apenas crimes comuns. Além
disso, não extradita cidadãos brasileiros.

b) Processo de reciprocidade.

Asilo político
 Local onde a pessoa está em segurança.
 O Estado acolhe o estrangeiro em razão de criminalidade política.
 Influência da Revolução Francesa.
 2 pressupostos:
a) Criminalidade política: objeto de afronta é forma de
autoridade/ideologia capaz de aferir contestação.
Não se concede asilo a crimes de guerra, contra a paz, genocídio, etc.

b) Estado de urgência: manifestado na atualidade da infração.

 Apesar dos pressupostos, não é o indivíduo que tem direito de receber asilo,
mas sim o Estado. A Convenção Interamericana de Asilos Políticos aborda
isso no seu art. 1°.
 Se dá de duas formas:
a) Territorial: acontece quando o candidato a asilo consegue adentrar o
território do Estado.
Fundamentando a concessão: o Estado tem direito de permitir entrar no
seu território quem quiser; no seu território a jurisdição do Estado é
exclusiva.
- Pode terminar de várias formas: naturalização do indivíduo do Estado
asilante; quando o Estado deixa de conceder o asilo; pela expulsão (mas
não deve ocorrer para o local onde o indivíduo corre risco de vida);
transformação para uma situação permanente; entrega como criminoso
comum; renúncia/fuga ou morte.

b) Diplomática: 1ª obrigação do candidato a asilo é se apresentar para as


autoridades locais e solicitar o asilo. Concedido em navios de guerra,
acampamentos ou corões militares, no território onde está sendo
perseguido por motivos políticos.
- Mesmos pressupostos.
- Não é ilícito conceder asilo em repartições consulares.

 Nem todos os Estados reconhecem a validade do asilo diplomático.


 1ª obrigação do Estado asilante é comunicar as autoridades locais a
concessão do asilo.
 O asilado deverá ficar incomunicável.
 O Estado territorial possui dois deveres – uma vez solicitado, deve conceder
a salva conduta; proteger o asilado para evitar qualquer
ameaça/constrangimento.
Esse mesmo Estado tem o direito de impedir a entrada e a saída, bem como
exigir imediata retirada do indivíduo.
 Validade do asilo: é transitório (situação será revertida ou foi concedido o
salvo conduta, transformando o asilo diplomático em político).
 Diferenças entre asilo e refúgio:
a) Refúgio é apolítico; asilo é político.
b) Refúgio abrange grande número de pessoas; asilo é individual.
c) Refúgio decorre de abalo na estrutura do Estado onde se encontra; asilo
reflete a relação do indivíduo no Estado que lhe acolheu, precisando
haver perseguição real que a justifique.
d) Direito de refúgio é retirado se ocorre infração aos princípios da ONU;
o direito de asilo não se vincula a princípios da ONU.
e) Refúgio possui caráter declaratório-concedido; asilo possui caráter
constitutivo (dir. do Estado).

ÓRGÃOS DE REPRESENTAÇÃO ENTRE OS ESTADOS


1.Chefe de Estado e Governo:
 Autoridade suprema, de mais alto escalão.
 Quem realmente representa o Estado.
 Em países em que há divisão entre chefe de Estado e chefe de Governo, é o
de Estado que representa o território no exterior. Contudo, o de Governo
colabora com essa representação.
 É o direito interno que define a competência para definir o chefe de
governo/estado, considerando a presunção da ordem internacional.
 Ao se deslocarem para outros países, se valem de prerrogativas e
imunidades.
- Princípio da extraterritorialidade – é abandonado, pois era considerado
perigoso. Hoje, o fundamento trata-se de cortesia e reconhecimento mútuo
(relação de confiança entre os países).
- Principais imunidades:
a. Inviolabilidade;
b. Isenção de impostos direitos e direitos aduaneiros;
c. Imunidade a jurisdição local (civil e penal) – exceção: se o
chefe de governo resolve aceitar a submissão a jurisdição
local; com relação a imóveis que o chefe possua em outros
países; questões em que é herdeiro ou legatário.

 Possui inúmeras funções no seu território (interno), não podendo se dedicar


seu tempo exclusivamente para o exterior. Por isso, o chefe do aparelho
específico das relações internacionais é o Ministro das Relações Exteriores.

2. Ministro das Relações Exteriores:


 Os ministros possuem plenos poderes e, deles, derivam os agentes
diplomáticos e os representantes consulares. Além de representarem o chefe
do Estado/governo.
 Área de atuação é tão abrangente quanto a do chefe, mesmo que com uma
menor autoridade, possui competência para agir.
 Comanda os prestadores de serviço no próprio país e em países exteriores.
 Estrutura: órgão central e ramificações. No Brasil, o órgão central é a
secretaria de Estado das relações exteriores. E as ramificações são as
embaixadas.

3. Agentes diplomáticos:
 Regulado pela Convenção de Viena de 1961.
 As primeiras missões diplomáticas permanentes foram no séc. XV.
 O Brasil foi o primeiro país latino-americano a ter uma embaixada (que
estava nos EUA).
 Convenção de Viena – baseia as relações diplomáticas, concretizando o
direito diplomático, inclusive dos Estados que não firmaram.
 Os agentes diplomáticos se tornaram todos os membros da missão
(flexibilização), não sendo mais apenas o chefe (pessoal diplomático da
missão = secretários, ministros, adidos – aqueles com funções específicas).
 Relações diplomáticas se estabelecem por acordo, requisitando o
consentimento mútuo entre Estados.
- Do reconhecimento do Estado não se deduz relações diplomáticas, mesmo
que o contrário seja verdadeiro.
- O consentimento se dá com base em direitos fundamentais como o direito
de legação (ativo – quando o Estado encaminha representantes; passivo –
quando o Estado recebe os representantes).
- Estado acreditante e Estado acreditado.
 3 principais funções:
a) De representação: para protocolar (diário), na negociação (de tratado)
e para um bom relacionamento (solucionando problemas).

b) De proteção: proteger os interesses do Estado


- Do Estado acreditante: verificando o cumprimento dos tratados pelo
Estado acreditado e o andamento de interesses (questões dinâmicas) do
Estado acreditante.
- Do Estado acreditado: pelo instituto formal de proteção diplomática,
para casos mais específicos, mas também no âmbito ordinário, zelando
pelos interesses dos nacionais.

c) De informação: conhecimento das evoluções e acontecimentos no


Estado acreditado, colidas por meio lícito.
 Mecânica das missões diplomáticas:
1) Agreement: deve-se consultar o Estado acreditado antes de nomear o
chefe das missões, para que este não seja rejeitado ao chegar lá. Se, após
a consulta prévia, o chefe for aceito, o Estado acreditado concede o
agreement (documento de declaração da aceitação). Em caso de não
aceitar, não precisa justificar.
- Ocorre uma solenidade, com a entrega das credenciais, para iniciar
suas funções.
- Pode ter um chefe de missão para mais de um país, com a anuência de
quem compartilha.
- Nacionalidade dos agentes diplomáticos: geralmente, é do Estado
acreditante, embora possa ser de outra, desde que aceita pelo Estado
acreditado.
- Livre nomeação dos agentes diplomáticos.
- O chefe das missões não precisa, necessariamente, estar no ‘quadro de
carreira’.

2) Qualificação como ‘persona non grata’: quando o Estado acreditado


está descontente com a atuação de um membro da missão diplomático
que se encontra no seu território, podendo qualificá-la como ‘persona
non grata’. Nesse caso, é notificado ao chefe da missão ou, em caso de
ser esta o qualificado, notifica outro membro – desde que o Estado
acreditante seja noticiado.
O próprio Estado acreditante deveria encerrar a missão para o membro
qualificado, mas, se não o fizer, haverá uma segunda reclamação, que
irá abrir a contagem de um prazo para o cumprimento (retirada).
Finalizando o prazo, este perde suas imunidades e encerra-se a missão
para este membro.
3) Ordem de precedência dos chefes: serve para determinar a posição dos
chefes de missão (para cumprimentar o chefe de estado, para sentar na
mesa, etc.). O chefe da missão deve zelar por isso, falhando, será
considerado um mal chefe.
- DECANO: incumbe zelar pelo status diplomático perante o governo
local, de todos (inclusive de outros países). É a mais elevada categoria,
com mais tempo no exercício das atividades diplomáticas no território
do Estado acreditado.

 Prerrogativas e imunidades:
a. Inviolabilidade:
- Dos arquivos e documentos, da correspondência (mala
diplomática), da residência, documentos do agente, etc.
b. Imunidade de jurisdição (penal, civil e administrativo):
- A imunidade penal é absoluta – devido a inviolabilidade pessoal,
mas deve respeitar as leis. Seu processo ocorre no Tribunal do
Estado acreditante.
- A imunidade civil não é absoluta, há exceções: ação sobre imóvel
privado em território do Estado acreditado; ações sucessórias; ações
referentes a atividades como profissional liberal ou atividade
diplomática de comércio.
- OBS: imunidade de execução é diferente.
- Renúncia a imunidade de jurisdição: o agente diplomático poderá
ser processado, mas as medidas de execução forçada só poderão ser
aplicadas se a renúncia for, também, com relação a imunidade de
execução (princípio da dupla renúncia).
- Quem pode renunciar é o Estado, que possui as prerrogativas, os
agentes diplomáticos são os representantes disso.
- O agente diplomático não pode ser intimado, não é obrigado a
prestar depoimento (podendo fazer voluntariamente)
- Renúncia a imunidade de jurisdição tácita – quando abre um
processo ou quando, sendo processado, abre um pedido contra a
outra parte (reconvenção – não se limita a defesa).

c. Isenção de impostos diretos e direitos aduaneiros:


- Taxas tributárias.
- Exceções: impostos indiretos, por serviços prestados, sobre
questões sucessórias, sobre imóveis privados.

4. Representantes consulares (cônsules):


 São representantes enviados para outros Estados.
 4 espécies de funções:
a. De proteção: proteger os interesses do Estado que envia e de seus
nacionais.
b. De observação.
c. De execução: executam atividades notariais (extensão dos registros
públicos do seu país).
d. Função fiscal: arrecada recursos em razão da atividade notarial
(recebe emolumentos pelo serviço).

 Estado que envia ou de envio; Estado receptor ou de residência.


 Deve haver consentimento mútuo entre os Estados partes.
 Havendo um acordo para o desenvolvimento das missões diplomáticas
permanentes, salvo manifestação em contrário, consideram-se autorizadas as
relações consulares. O contrário não é verdadeiro, ou seja, rompidas as
missões, não encerra as relações consulares firmadas.
 Nomeação do chefe dos representantes consulares: emissão de carta patente
(com nome completo, classe e categoria a que pertence, jurisdição e sede
consular do possível chefe – é a apresentação e designação do posto). Essa
carta é enviada via diplomática ao Estado receptor, que irá analisar e fornecer
o exequatur, para que suas funções iniciem.
 Atuação local, em área reservada no Estado “Direito Consular”.
 Atuação fora do distrito consular só pode se o Estado receptor consentir.
 A nacionalidade, em princípio, é do Estado que envia – salvo exceções, com
o consentimento do Estado receptor.
 Persona non grata – quando o Estado receptor está insatisfeito com a
presença de algum membro da missão em seu território, qualificando como
persona non grata. Fazendo a reclamação, aguarda sua retirada, como
funciona como os agentes diplomáticos.
Não é obrigado a justificar o porquê qualifica como persona non grata,
mas é recomendável que o faça.
 Término:
a. Notificação do Estado que envia ao Estado receptor;
b. Retirada do exequatur;
c. Notificação do Estado receptor ao que envia, que deixou de considerar
parte do pessoal consular.

 2 tipos de representantes consulares:


a. Cônsules Electi (cônsul honorário): Estado escolhe entre seus nacionais
que vivem no Estado receptor para representá-lo.
- Recebem ajuda de custa.
- São oficiais, desempenhando funções oficiais, mas com maiores
restrições e submetidos aos cônsules de carreira.
- É facultativo, nem todos os Estados permitem.
b. Cônsules missi (de carreira): enviados ao território com o intuito de
representar o Estado.
- Possuem imunidades e prerrogativas.

 Imunidades e prerrogativas:
a) Inviolabilidade (locais consulares) – exceção: presunção de autorização
para atuar em caso de incêndios.
b) As autoridades legais devem informar as mortes, tutelas/curatelas,
naufrágios e acidentes aéreos.
c) Inviolabilidade pessoal, salvo em caso de crimes graves,
preventivamente ou pós sentença condenatória, com determinação de
autoridade jurídica competente).
d) Obrigação de comparecimento e de depor como testemunha, salvo em
questões que ele possua conhecimento pelas suas funções ou como
perito das leis.
e) Possui imunidade de jurisdição, porém, limitada. Como visto acima, não
há imunidade penal, apenas civil e administrativa.
- Exceções da imunidade civil: processos relacionados a contratos não
realizados com o Estado de envio, implica ou explicitamente; ação
proposta por acidente de veículo, navio ou aeronave ocorrido no Estado
de residência.
f) OBS: diferença entre renúncia à imunidade de jurisdição e de execução
– precisando de dupla renúncia também.
g) Isenção fiscal e dos direitos aduaneiros.

MISSÕES ESPECIAIS
 Envio temporário, com um direcionamento/finalidade específica e para uma
situação determinada.
 Convenção de Nova Iorque de 1969 é a base desse instituto.
 Encerrando o evento que a motivou, encerra-se a missão.
 Sua estrutura pode ser simples (com uma categoria de pessoas) ou complexa
(mais de uma categoria).
 São utilizadas, principalmente, em Estados e/ou Governos não reconhecidos,
desenhando ela como uma missão técnica para evitar os efeitos políticos.
 Os membros são escolhidos livremente pelo Estado que envia, mas o Estado
receptor pode, a qualquer tempo, qualificar algum deles como persona non
grata ou nem o aceitar em seu território. Diante disso, o Estado de envio deve
retirá-lo do território.
 Ordem de precedência: critério é a ordem alfabética, de acordo com o
protocolo do Estado que recebe.
 Início das funções se dá com o contato com as autoridades competentes do
Estado receptor.

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