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DOE

Violações de Direitos Humanos: o


que são e como erradicá-las
Direitos Humanos, Cultura de paz | ODS 16

Privacidade - Termos
Este artigo tem por objetivo analisar como ocorrem as violações de
Direitos Humanos e como prevenir novas violações, a partir de uma
perspectiva estrutural. Com isso, pretende-se prevenir as recorrentes
violações de direitos, especialmente no que diz respeito à crescente
onda de governos autoritários e de extrema-direita no mundo, cuja
característica principal é o ataque às minorias.

Por Gabriela Assad de Sousa, para o Instituto Aurora

(Foto: Marlon Marinho / Pexels)

Como ocorrem violações de Direitos Humanos? Como prevenir novas


violações? Promovemos um olhar crítico, não somente a respeito da
eficácia dos Direitos Humanos, mas também da aplicabilidade destes
Direitos frente às desigualdades socioeconômicas no mundo e suas
recorrentes violações.

Sendo assim, em um primeiro momento, este artigo dará conta dos


conceitos básicos dos Direitos Humanos. Depois, analisamos como
ocorrem as violações desses direitos em diversos contextos e
governos. Por fim, como prevenir e erradicá-los por meio da Educação
em Direitos Humanos.

É válido salientar que Direitos Humanos são um constructo, ou seja,


foram e são construídos historicamente. Dito isso, é interessante uma
análise histórica da consolidação daquilo que conhecemos hoje como
“Direitos Humanos”.

O que vamos abordar neste artigo:

Uma breve história dos Direitos Humanos


O que são Direitos Humanos?
Para que servem os Direitos Humanos?
O que são violações de Direitos Humanos?
Violações de Direitos Humanos em países/territórios racializados
Casos de violações de direitos humanos no contexto da ditadura
militar no Brasil
Violações de Direitos Humanos em governos antidemocráticos e
de extrema-direita
Crimes contra a humanidade
Como denunciar violações de Direitos Humanos?
Educação em Direitos Humanos para prevenir e erradicar
violações de Direitos Humanos
Concluindo

Publicado em 10/05/2023.

Uma breve história dos Direitos Humanos

A primeira vez em que se falou em Direitos do Homem foi na Magna


Carta de 1215, na Inglaterra, onde se limitavam os poderes absolutos
do Rei. Após isso, em 1689, a Bill of Rights (Lista de Direitos) foi
aprovada pelo parlamento inglês. Ela, além de pôr fim à monarquia
absoluta do Rei, aumentando poder do parlamento, também garantia
liberdades individuais.

Em 1787, a promulgação da Constituição norte-americana


reconheceu a legitimidade da soberania popular e reconheceu os
direitos inerentes a todos os seres humanos, igualmente.

Logo após isso, em 1789, a Declaração dos Direitos do Homem e do


Cidadão foi decretada na França pós-revolução e, com ela, a noção de
Universalidade de direitos se fixou. Em 1848, a II Constituição
Francesa foi promulgada e, constituindo-se como República
democrática, a pena de morte foi abolida legalmente pela primeira vez
até o momento.

Em 1917, a Constituição do México foi a primeira a reconhecer os


Direitos trabalhistas como sendo Direitos Fundamentais do ser
humano.

Já em 1919, um ano após o término da 1ª Guerra Mundial (1914-1918), foi


promulgada a Constituição de Weimar, na Alemanha. Nela ficou
estabelecida a efetividade dos Direitos Sociais como sendo uma
obrigação do Estado. Contudo, apesar do avanço, não previu a
possibilidade de exigência em juízo quando não garantido.

Isso fez com que, dentre outras coisas, Adolf Hitler pudesse editar uma
Lei (Lei Habilitante), em 1933, permitindo que o governo da Alemanha
suprimisse direitos e inaugurasse o regime ditatorial nazista.

Diante de um contexto pós-2ª Guerra Mundial (1939-1945), no qual


houve várias violações de Direitos Humanos principalmente, mas não
somente, na Alemanha nazista, se fez necessária uma Organização
Internacional para garantir proteção às pessoas.
Assim, em 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) começou a
existir oficialmente, ratificada pelos países Aliados – aqueles que
contribuíram para o fim da guerra (Reino Unido, França, União
Soviética, Estados Unidos e China) – e por outros países signatários,
incluindo o Brasil.

Logo em seguida, em 1948, a ONU promulgou a Declaração Universal


dos Direitos Humanos (DUDH), na qual faz um compilado de Direitos
básicos que todos os seres humanos, sem exceção, possuem ao
nascer. Tendo ela sido ratificada, “os Estados membros se
comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das
Nações Unidas, o respeito universal e efetivo dos direitos do Homem e
das liberdades fundamentais”.

A partir dessa perspectiva, contudo, é necessário atentar para a sua


efetividade, ou seja, analisar se a Declaração está sendo aplicada
corretamente.

O que são Direitos Humanos?

Direitos Humanos são direitos garantidos a todos os Seres


Humanos, sem distinção. Isso significa dizer que basta nascer com
vida para sermos considerados sujeitos de Direito.

De acordo com o artigo 1° da Declaração Universal dos Direitos


Humanos (DUDH), de 1948, “todos os seres humanos nascem livres e
iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência,
devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”. Além
disso, fica impelido aos Estados-parte adotar “a proteção dos direitos
do Homem através de um regime de direito, para que o Homem não
seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a
opressão”.

Os Direitos Humanos se fundamentam, dentre outros, em: vida,


dignidade, igualdade, liberdade, moradia, saúde, educação,
segurança pessoal. Esses Direitos, como o próprio nome sugere, são
declaratórios. Ou seja, não se cria direito, se reconhece. Todas as
pessoas já possuíam esses direitos antes mesmo de 1948, mas a partir
dessa data foi reconhecido e declarado a nível mundial com a
incidência da DUDH.

Além disso, os Direitos Humanos são normas Jus Cogens, ou seja,


possuem caráter cogente, imperativo. Isso significa dizer que é uma
normativa imposta a todos os Estados ao redor do mundo,
independentemente de sua política interna. Inclusive, até os países
que não se submetem à DUDH devem cumprir as normas de proteção
em Direitos Humanos.

Normas de Direitos Humanos, portanto, são universais, irrevogáveis


e inalienáveis. Universais porque são aplicáveis a todas as pessoas, em
todos os territórios. Irrevogáveis porque não podem ser
retiradas/sucumbidas/suspensas. Inalienáveis porque uma pessoa não
pode vender/dispor um direito, ou seja, não se pode “abrir mão” desse
bem jurídico.

Além disso, é necessário salientar que não existe hierarquia entre


direitos. Dito de outro modo, não existe um direito mais importante
que outro. Todos são. Mas eles devem ser ponderados, a depender do
caso concreto. É o que denominamos de Conflito Aparente de
Normas.

Exemplo disso é o conflito perante a defesa do Direito à Saúde X


Direito à Liberdade, como é o caso da vacinação contra o vírus da
Covid-19. Diante de uma pandemia, que levou a óbito milhões de
pessoas ao redor do mundo, a vacinação é fundamental para manter o
direito à vida e à saúde da população. Portanto, a liberdade pessoal de
escolher ou não se vacinar, apesar de ser um direito fundamental, não
pode prevalecer frente à saúde pública.

Nessa perspectiva, chamamos atenção para a discussão a respeito da


Universalidade X Relatividade dos Direitos Humanos. De um lado, há
juristas que defendem que os Direitos Humanos devem ser aplicados
igualmente a todas as pessoas em todas as condições, enquanto
outros defendem que deve-se relativizar sua aplicabilidade.

A perspectiva que adotamos é a de que os Direitos Humanos


possuem caráter universal, mas detém relatividade na sua aplicação
universal. Isso significa dizer que, a depender da situação, ele pode ser
relativizado, mas sem perder seu caráter universal.

Tal fato pode ser exemplificado pela incidência da mutilação genital


feminina, cuja prática é comum em comunidades tradicionais do
continente africano. Neste caso, apesar de ser uma tradição, presente
há décadas, viola a dignidade da pessoa humana, a liberdade pessoal
e os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Sendo assim, sua
realização deve ser combatida.

Portanto, apesar das retaliações sobre o não respeito à cultura local, a


interferência da ONU nestas localidades é de vital importância para
que sejam garantidos os Direitos Humanos de meninas e mulheres.

Para que servem os Direitos Humanos?

Nesse contexto, os Direitos Humanos servem para que os Estados


tenham um fundamento teórico de proteção à sua população. Ou seja,
é uma direção nas políticas públicas de promoção de dignidade e
direitos. Além disso, fornecem proteção às pessoas contra as
arbitrariedades, seja do Estado, seja do particular. E, por fim, ainda
fornece subsídios legais para que esses Direitos sejam discutidos /
defendidos perante um órgão do Sistema Judiciário, em caso de
violação (ou seja, resguarda as cidadãs e cidadãos contra as
arbitrariedades sofridas).

Dentre tantas funções, as normas de Direitos Humanos visam a


proteção de todos os seres humanos mas, especialmente, daqueles
grupos considerados vulneráveis e minoritários, como é o caso das
mulheres, pessoas negras, indígenas, quilombolas, LGBTQIA+,
migrantes, etc.

É o conjunto de proteção dos Direitos Humanos, por exemplo, que


garante o combate à violência contra a mulher e o atendimento
humanizado – ao menos em teoria – pelas autoridades competentes
quando o crime já foi praticado.

Dessa forma, desde a internacionalização da Declaração Universal dos


Direitos Humanos, diversas convenções e declarações a respeito de
suas temáticas foram promulgadas, como:

Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de discriminação


contra a Mulher (1979);
Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças (1989);
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a
Violência contra a Mulher (1995),
Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos
Indígenas (2008).

Para ler mais sobre Direitos Humanos, você pode acessar o artigo “O
que são direitos humanos e por que são direitos de todos nós”.

O que são violações de Direitos


Humanos?
Quando há, contudo, um desrespeito ao que está previsto no
Sistema Internacional de Proteção aos Direitos Humanos, dizemos
que houve violação de Direitos Humanos. Tais violações podem ser
realizadas por agentes do Estado ou por civis, pessoas físicas.

Exemplos de violações de Direitos Humanos são: trabalho escravo ou


análogo à escravidão, tortura, violência contra a mulher, gravidez
forçada, discriminação em relação à raça/gênero, ataques e violência
física/cultural/territorial contra indígenas, genocídio, violência policial,
perseguição por motivos políticos, fome, etc.

Vejamos o Direito Humano à moradia. De acordo com o artigo 25, da


DUDH, “toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para
lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente
quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência
médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários”.

A garantia desse direito é de responsabilidade do ente federativo (a


União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios). Portanto, a má
distribuição de renda e as precárias condições de moradia em muitas
localidades brasileiras causam uma grave violação de direitos
humanos cometida pelo Estado.

Outro exemplo de violação de Direitos Humanos é a escravidão. De


acordo com a Convenção 29, da Organização Internacional do
Trabalho (OIT), e com o artigo 4, da DUDH, ratificadas pelo Brasil,
“ninguém será submetido à escravatura ou servidão”.

Contudo, mesmo com a proibição, são várias as incidências dessa


prática no país, como nos casos das vinícolas Aurora, Salton e
Garibaldi, em Bento Gonçalves (RS). Denominadas pela legislação
brasileira de “trabalho análogo à escravidão”, essas práticas ocorrem,
inclusive, com a anuência de governos locais, acarretando numa grave
violação de Direitos Humanos cometida por particular mas com a
omissão estatal.

Violações de Direitos Humanos em


países/territórios racializados

Violações de Direitos Humanos podem ocorrer em qualquer lugar,


justamente por existirem pessoas com direitos em todos os lugares.
Todavia, em contextos de países e territórios periféricos ou
subdesenvolvidos, em sua maioria localizados ao sul global, essas
violações ocorrem com maior ímpeto, isto é, com maior força.

Em decorrência da dinâmica global e do histórico de colonialismo,


essas localidades possuem particularidades na maioria das vezes
invisibilizadas, como é o caso do genocídio indígena e da
escravização negra.

Historicamente montou-se uma dinâmica de Divisão Internacional do


Trabalho (DIT) e transferência de riqueza. Os países do norte global,
especialmente da Europa, como Inglaterra e França, detinham o
monopólio da exploração em novas terras, conhecidas como “Novo
Mundo”.

A invasão dos países do sul, hoje considerados “subdesenvolvidos”,


como é o caso da América Latina e da África, foi realizada mediante
genocídio dos povos originários, saque/transferência de riqueza e
abusiva escravização de mão de obra, inicialmente indígena e
posteriormente, negra.

A exploração desses povos era justificada com base na sua


“inferioridade intelectual” frente ao homem branco europeu. Àquele
era considerado o “Outro” do europeu. A diferença racial, portanto, foi
articulada a partir daí. Contudo, apesar de ser apenas um dado
histórico, isso não ficou completamente no passado.

A dinâmica global ainda se localiza entre países “desenvolvidos” X


“subdesenvolvidos”, sendo que, na realidade, esses últimos só são
como são por conta das riquezas roubadas durante a colonização – e
que formaram a prosperidade do norte global. Portanto, ao falar de
contextos de países e territórios racializados, são dessas localidades
que falamos.

Diante do contexto dessas dinâmicas, as violações de Direitos


Humanos são mais recorrentes nessas localidades e sob esses corpos.
Exemplo disso são as chacinas ocorridas nas favelas brasileiras.
Segundo o artigo 11, da DUDH, “toda a pessoa acusada de um ato
delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique
legalmente provada no decurso de um processo público em que
todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas”.

Contudo, na prática, além de presumir que todos ali cometeram


crimes, a polícia interpreta essa possibilidade como licença para
matar. Tais atos escancaram o racismo estrutural presente no Estado.
Portanto, o direito à presunção de inocência, à ampla defesa e ao
devido processo legal são Direitos Humanos constantemente violados
no país.

As formas de desigualdades existentes – racismo, misoginia,


classismo – estabelecem algumas vidas como não-dignas, não
protegíveis (no sentido de não necessitar de proteção) e, para usar um
conceito trabalhado por Judith Butler, “não enlutáveis”. Isso porque, o
que garante o direito ao luto, ou seja, o direito à morte digna, é o
direito à vida digna, historicamente negada a essas pessoas.

Isso é o que justifica algumas vidas serem protegidas da violência


enquanto outras são violentadas em nome daquelas que são dignas
de proteção.

Válido salientar que isso se configura como uma faceta da Biopolítica.


Segundo Michael Foucault, na obra “Em defesa da Sociedade: curso
no Collège de France 1975-1976”, a Biopolítica é a gestão da vida e da
morte praticada pelo Estado, mas que não termina nele. A
tecnologia do Biopoder, que reside nessa regulamentação do corpo, é
a do “fazer viver e deixar morrer”. O que, segundo ele, consiste na
“desqualificação progressiva da morte”.

Além disso, o racismo regula esse biopoder estatal, ou seja, “a raça, o


racismo, é a condição da aceitabilidade de tirar a vida numa sociedade
de normalização”. Portanto, o monopólio legítimo da força do Estado
não é outra coisa senão o poder soberano de matar.

Somando-se ao conceito foucaultiano, Achille Mbembe trabalha com


o termo “Necropolítica”, presente na obra “ Necropolítica: biopoder,
soberania, estado de exceção e política de morte”. Para ele, o Estado
não só “deixa morrer”, mas também age em diversas esferas estatais
para que a morte ocorra. Dessa forma, acrescido do biopoder, somam-
se aqueles mecanismos jurídicos e políticos que seriam do “estado de
exceção” e do “estado de sítio” para justificar tais atos.

Segundo Mbembe, “o poder (e não necessariamente o poder estatal)


continuamente se refere e apela à exceção, à emergência e noção
ficcional de inimigo”, além de também trabalhar para produzi-lo,
mediante os instrumentos ideológicos do Estado. Esse inimigo
sempre é forjado pela raça, pela classe e pelo gênero.

Nessa perspectiva, é evidente que a aplicabilidade dos Direitos


Humanos fica prejudicada. Mais ainda, há uma sub-humanidade que
não comporta a existência dos Direitos Humanos.
Casos de violações de direitos humanos no
contexto da ditadura militar no Brasil

Durante a Ditadura Civil-Militar (1964-1985) ocorrida no país foram


várias as violações de Direitos Humanos realizadas por agentes do
Estado ou cometidas por outras pessoas sob a concordância e/ou
omissão estatal. Algumas delas resultaram em condenações do Brasil
perante organismos internacionais de proteção em Direitos Humanos,
outras seguem impunes e sem previsão de responsabilização,
cabendo às cidadãs e cidadãos cobrar do Estado.

O primeiro exemplo a ser citado aqui é o do Hospital Colônia, em


Barbacena (MG), fundado em 1903. O que aconteceu neste espaço foi
de tamanha crueldade que o fez ficar conhecido como “Holocausto
Brasileiro”. Apesar de funcionar como instituição “psiquiátrica” desde
sua fundação, atingiu seu ápice de lotação durante o regime militar.

Assim como se verifica hoje diante do encarceramento em massa,


aqueles que eram internados eram os ditos “excluídos da sociedade”:
pessoas em situação de rua, adversários políticos, prostitutas,
homossexuais, pessoas atípicas ou que possuíam doenças
psicológicas (ansiedade, depressão, bipolaridade, etc.).

Segundo a jornalista Daniela Arbex, que pesquisou e publicou um livro


sobre a história do hospital, o tratamento recebido pelos internos era
desumano. As pessoas sofriam tortura física e psicológica
constantemente, bebiam água de esgoto e, quando faleciam, seus
corpos eram vendidos às faculdades de medicina sem o
consentimento dos parentes.

A colônia sofreu reformulação no final da década de 1980 e hoje


funciona como Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB).
Todavia, os crimes cometidos à época não foram julgados e o estado
de Minas Gerais, que detinha o controle da instituição, não foi
responsabilizado por essas violações de Direitos Humanos.

Outro caso de violação de Direitos Humanos cometido pelo Brasil à


época da Ditadura Civil-Militar foi o do jornalista e escritor iugoslavo
naturalizado brasileiro, Vladimir Herzog. Em 1975, Herzog foi
escolhido para dirigir a TV Cultura e suas ações e postura política
“subversivas” chamaram a atenção dos militares.

Neste mesmo ano, o jornalista foi chamado para prestar


esclarecimentos ao Destacamento de Operações de Informações –
Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), órgão de
repressão organizada aos adversários do regime, e de lá, nunca mais
saiu.

Logo que adentrou o local, o jornalista foi amarrado, torturado e


morto. Apesar da versão inicial dos militares de que Herzog teria se
enforcado, o suicídio seria impossível dadas as condições da cela.

Em 2013, atendendo a um pedido da Comissão Nacional da Verdade


(CNV), o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) emitiu novo atestado
de óbito confirmando a morte de Herzog por lesão e maus-tratos
durante o interrogatório feito pelos agentes do DOI-CODI.

Devido à omissão do Estado brasileiro até o momento em atribuir


responsabilidade pela morte do jornalista, em 2018 a Corte
Interamericana de Direitos Humanos (CorteIDH) condenou o Brasil
por sua recusa em punir a tortura e morte do jornalista. Em
alegação, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)
entendeu que

“a detenção, tortura e assassinato de Vladimir Herzog teve lugar no


âmbito de graves violações de direitos humanos ocorridas durante a
ditadura militar brasileira e, de maneira particular, dentro de um
reconhecido padrão sistemático de ações repressivas contra o
Partido Comunista Brasileiro (PCB) […] “a medida se destinava a
punir a suposta militância e as opiniões políticas do jornalista e teve
efeito amedrontador e intimidatório para outros jornalistas críticos
do regime militar”. (p.38)

Além disso, a Comissão entendeu que “a impunidade e a ocultação da


verdade neste caso tiveram efeitos prejudiciais no exercício do direito
à liberdade de expressão em geral e no direito à informação no país”.

Ou seja, o Estado foi omisso na investigação e julgamento desse caso


justamente para ocultar a verdade e o acesso à informação da
população. Por essa razão, inclusive, que a afirmação do Direito à
Verdade e à Memória se tornou tão importante em contextos
democráticos.

Visando a efetivação da memória, verdade e justiça, a Comissão


Nacional da Verdade foi instaurada, em 2012, pela então presidenta
Dilma Rousseff. A CNV possui o dever de prestar explicações sobre
crimes e violações de Direitos Humanos cometidos na época da
Ditadura Militar. Contudo, ela não tem poder de julgar ninguém.
A Comissão apurou que, aproximadamente, foram 434 mortes ou
desaparecimentos políticos no período que compreende a Ditadura.
Além disso, 8.350 indígenas foram assassinados, segundo
quantificação pesquisada. Esses números, por se tratar de um período
nebuloso, podem ser maiores.

Todavia, a responsabilização pelos crimes ocorridos se complica já que


ainda perdura a Lei de Anistia (1979), cuja promulgação perdoou
crimes por motivação política durante a Ditadura Militar.

O que, por um lado – e felizmente -, fez com que as perseguições


políticas a militantes e guerrilheiros cessassem, por outro, garantiu
isenção de pena aos criminosos e torturadores do regime.

Essa Lei foi resultado de uma tentativa de transição lenta, gradual e


“harmoniosa” até a instituição da Constituição Federal (1988). Porém,
ela deixou um vácuo democrático no recém inaugurado Estado
Democrático de Direito.

Violações de Direitos Humanos em governos


antidemocráticos e de extrema-direita

A recente ascensão de governos de extrema direita ao redor do


mundo, como na Itália, com Giorgia Meloni (2022-), Estados Unidos,
com Donald Trump (2017-2021) e no Brasil, durante a gestão do ex-
presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), também aumentam a
ocorrência de violações de Direitos Humanos.

É característico desses modelos de governo a incitação ao ódio e à


violência contra grupos minoritários e/ou excluídos, como é o caso
de mulheres, pessoas negras, indígenas, quilombolas, pessoas do
grupo LGBTQIA+, migrantes e refugiados. Além disso, essa
normalização de discursos de ódio, proferidos por essas figuras de
extrema direita, aumentou a ocorrência de violências praticadas
contra esses grupos, seja por agentes do Estado seja por civis já
radicalizados.

Segundo relatório do Observatório de Direitos Humanos (2023), houve


um considerável aumento dos ataques à democracia, da violência
policial e das violações de Direitos Humanos no período de 2018-
2022.

Somado a isso, a Anistia Internacional Brasil publicou um documento


intitulado “1000 dias sem direitos”, em que faz um compilado das
violações de Direitos Humanos praticadas pelo ex-presidente
Bolsonaro, desde sua posse, em janeiro/2019, até setembro/2021,
incluindo seu negacionismo no enfrentamento à pandemia da covid-
19 e os ataques aos povos indígenas.

Outro exemplo de violação de Direitos Humanos cometida durante o


governo Bolsonaro foram os ataques às instituições democráticas,
como o Supremo Tribunal Federal (STF), e a apologia à Ditadura Militar
(1964-1985).

Desde saudação a torturador, famoso por colocar ratos nas vaginas


das mulheres, à tentativa de emplacar leis da época ditatorial, como é
o caso do Estatuto do nascituro, tal governo foi o que mais atentou
contra o Estado Democrático de Direito e a Constituição Federal,
desde a redemocratização, em 1988.

O direito humano à alimentação adequada, exposto na DUDH,


somado ao Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais (PIDESC), se contrapõe ao cenário de fome presente no
país.

Ainda em 2019, uma das primeiras ações do antigo governo foi


extinguir o Conselho de Segurança Alimentar (CONSEA), principal
órgão regulador das políticas de segurança alimentar no Brasil.

Em 2022, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e


Agricultura (FAO) recolocou o Brasil no Mapa da Fome. Cenário
desesperador, levando em consideração que o país saiu em 2014, cujo
resultado se deu depois de sucessivas políticas públicas de combate à
fome e à pobreza, implementadas desde o início da década.

Segundo a Oxfam Brasil, 33,1 milhões de brasileiros passam fome.


Além disso, mais da metade da população do país (58,7%) convive com
algum grau de insegurança alimentar – leve, moderada ou grave. Tal
cenário fez com que famílias recorressem à fila de ossos em açougues
para sobreviver.

A fome, além de uma violação do direito humano à alimentação,


viola o direito à vida e à dignidade da pessoa humana.
Fila para cadastro e recebimento de almoço gratuito (Foto: Tânia Rego / Agência Brasil)

Outro dado relevante a respeito das violações de Direitos Humanos é o


de violência contra as mulheres. De acordo com o Fórum Brasileiro
de Segurança Pública (FBSP), aproximadamente 18,6 milhões de
mulheres sofreram violência somente no ano de 2022, sendo o ex-
companheiro e o atual como os dois principais autores das violências.

No caso de estupros, apenas no 1° semestre de 2022, foram mais de 29


mil mulheres vítimas, sendo 74,7% delas, vulneráveis. Segundo o
artigo 217-A, do Código Penal (CP), estupro de vulnerável é cometido
com vítima menor de 14 anos e/ou que não possui discernimento no
momento do crime.

Em relação ao feminicídio – homicídio de mulheres em razão de


gênero, por exemplo, foram 1,4 mil mulheres mortas em 2022, 5% a
mais que em 2021 e o maior registrado desde promulgação da Lei do
Feminicídio (Lei 13.104/15).

Destacamos que esses são dados quantificados, existem muitos casos


não denunciados e nem investigados e julgados como feminicídios.
Há, nesse cenário, violação do direito humano à vida, à igualdade e à
integridade física e psicológica de meninas e mulheres.

Apesar disso, de acordo com o Fórum, as verbas destinadas ao


enfrentamento de Violência contra as mulheres caíram desde 2015,
mas estabilizaram no ponto mais baixo desde 2018 (vide gráfico). Isso
se deve, segundo o documento, à “visão familista ao criar o ministério
da Família e dos Direitos Humanos e o esvaziamento total da
compreensão de gênero como eixo orientador das políticas públicas”.

Sendo assim, observa-se que as violações de Direitos Humanos


aumentam consideravelmente em cenários e governos
antidemocráticos. Mais ainda, determinadas violações de Direitos
Humanos são fruto de determinados projetos políticos.

A retirada de investimento, a extinção de órgãos reguladores e/ou


fiscalizadores e a legitimação de discursos violentos contra
determinados grupos, são alguns exemplos de como essas violações
se iniciam e são, posteriormente, materializadas nesses projetos de
poder.

Crimes contra a humanidade

Crimes contra a humanidade são crimes de caráter difuso e


sistemático, ou seja, não se sabe ao certo quem é beneficiário desse
direito ou vítima dessa violação, podendo ser qualquer civil ou todas
as pessoas. Precisa, além disso, ser organizado.

Segundo o artigo 7°, do Estatuto de Roma (1998), esse crime pode ser
configurado quando houver:

homicídio;
extermínio;
escravidão;
deportação forçada;
encarceramento com violação às normas fundamentais de direito
internacional;
tortura;
estupro;
prostituição forçada;
gravidez e esterilização forçadas;
perseguição política/étnica/religiosa ou por motivos de gênero;
desaparecimento forçado;
tortura, ou
qualquer ato desumano que cause grande sofrimento à vítima.

Os crimes contra a Humanidade são julgados pelo Tribunal Penal


Internacional (TPI), também chamado de Tribunal Haia por estar
sediado na cidade holandesa. Ressaltamos que crimes contra a
humanidade cometidos em contextos de guerra declarada foram,
inicialmente, julgados pelo Tribunal de Nuremberg (1945-1946) – este
foi o tribunal que julgou crimes cometidos durante o regime nazista.

Além disso, diferentemente das Cortes Internacionais, que julgam


Estados – como no caso da sentença da CorteIDH contra o Brasil, o TPI
julga indivíduos praticantes desses Crimes.

Apesar do que sugere a Teoria Minimalista dos DH, que considera


como crimes contra a humanidade apenas aqueles previstos no art. 7°
do Estatuto de Roma, a teoria que apresentamos aqui é a Teoria
Maximalista. De acordo com ela, toda violação de Direito Humano é
uma violação à norma imperativa de Direito Internacional e pode ser
considerada crime contra a humanidade.

Portanto, as violações de Direitos Humanos cometidas pelos países no


contexto de governos autoritários, ditaduras e na omissão durante
investigação de determinados crimes e/ou anuência na ocorrência de
outros, ainda que não previstas no Estatuto, podem ser apontadas
como crime contra a humanidade.

Ainda, em julgamento do caso Herzog e outros Vs. Brasil, a CorteIDH


entendeu a imprescritibilidade dos crimes contra a humanidade, ou
seja, não podem ficar sem efeito após passado prazo legal. A Corte
sustenta a

“improcedência da prescrição em casos de tortura, assassinatos


cometidos num contexto de violações massivas e sistemáticas de
direitos humanos e desaparecimentos forçados, de forma constante
e reiterada, pois essas condutas violam direitos e obrigações
inderrogáveis reconhecidos pelo Direito Internacional dos Direitos
Humanos.” (p.65)

Isso significa dizer que crimes de tal natureza, com graves violações
de Direitos Humanos, podem, a qualquer tempo, ser denunciados e
julgados.

Como denunciar violações de Direitos Humanos?

Diante dessas violações de Direitos Humanos, é necessário seu


enfrentamento em todas as esferas, a começar pela governamental.
Por essa razão, existem canais de denúncia dentro das instituições do
Estado Democrático de Direito, ou seja, em âmbito nacional.

A Defensoria Pública da União (DPU), por meio da Coordenação de


Apoio à Atuação no Sistema Interamericano de Direitos Humanos
(CSDH), recebe denúncias de violações através de formulário
eletrônico no Google Forms, que pode ser acessado no site da própria
DPU.

Para que isso seja analisado pela CSDH, basta que a/o solicitante se
enquadre nos requisitos de atendimento do órgão, que são:

se atende aos critérios de vulnerabilidade econômica para


assistência gratuita;
se os direitos violados são direitos resguardados pelas normas de
proteção interamericana de Direitos Humanos;
se a responsabilidade pela violação pode ser atribuída ao Estado
brasileiro, seja por ação seja por omissão;
se cumpre os requisitos de admissibilidade dispostos no art. 46, da
Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH) e,
se o caso possui os requisitos de interposição de medida cautelar,
segundo art. 25, da Convenção Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH).

Além disso, o Governo Federal disponibiliza um canal de denúncia de


violações de Direitos Humanos, o Disque 100. O serviço é indicado
para situações emergenciais, que acabaram de ocorrer ou ainda estão
em curso, sendo diferente do canal de denúncia anterior. Funciona
24h por dia e está vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da
Cidadania (MDHC).
Recentemente, visando a proteção de muitas vítimas de violência
doméstica que residem com seus agressores, o MDHC também
recebe denúncias por WhatsApp pelo número (61) 99611-0100.

Caso necessário, uma violação de Direitos Humanos pode ser


denunciada perante a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos (CIDH), no âmbito do Sistema Interamericano de Proteção
em Direitos Humanos. Isso é possível porque o Brasil, desde 1998,
através da ratificação da Convenção Americana de Direitos
Humanos (1969), se submete à jurisdição da Comissão Interamericana
de Direitos Humanos e da CorteIDH. Tal possibilidade é denominada
de Sistema Individual de Petições.

Para que isso seja possível é necessário o esgotamento dos recursos


internos, ou seja, não possuir mais esferas legais para recorrer das
decisões ou, ainda, quando há uma omissão na
investigação/julgamento das instituições do Estado em relação ao
caso. Além disso, devem ser descritos quais os direitos previstos nestas
convenções que foram violados.

Em caso afirmativo aos requisitos de admissibilidade e de mérito, é


possível que a Comissão faça recomendações ao Estado. Pode-se
realizar o envio da petição através do e-mail cidhdenuncias@oas.org
ou diretamente pela página oficial da Comissão.

Se a Comissão entender como necessário, será feito o


encaminhamento do caso à Corte Interamericana de Direitos
Humanos. A Corte é uma instituição judiciária, cujo objetivo é a
aplicação da Convenção Americana de Direitos Humanos. Ela julgará
fazendo não apenas recomendações, mas sancionando e obrigando o
Estado a cumprir metas, que podem ser desde a promulgação de leis
para evitar que mais casos ocorram até o pagamento de indenizações
às vítimas.

Um dos maiores exemplos de condenações do Brasil na CorteIDH,


além do caso Herzog, foi no julgamento Trabalhadores da Fazenda
Brasil Verde Vs. Brasil, em 2016, que versava sobre trabalhadores em
situação de trabalho forçado e servidão por dívida. Após a sentença, o
Estado não só deveria iniciar as investigações, processar e punir os
responsáveis como também indenizar cada trabalhador encontrado
durante as fiscalizações.

Educação em Direitos Humanos para prevenir e


erradicar violações de Direitos Humanos

As denúncias de violações de Direitos Humanos se mostram uma


medida ostensiva, ou seja, são ações para quando tais violações já
ocorreram. Contudo, existem medidas que podem ser consideradas
preventivas – evitando que novas violações aconteçam.

Nesse sentido, a Educação em Direitos Humanos (EDH) se mostra


uma poderosa e eficaz forma de precaução desses crimes e violações
a nível estrutural. A EDH pode ser realizada nas escolas, na família e na
sociedade como um todo.

Desde a publicação da Declaração Universal dos Direitos Humanos,


em 1948, a educação a respeito das temáticas de Direitos Humanos é
elencada como fundamental. De acordo com o texto,

“todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a


constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela
educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e
por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e
internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e
efetivos”.

Portanto, ensinar, educar e promover os Direitos Humanos são


fundamentais para que eles se efetivem.

Em vista disso, em 2006, a ONU, através do Alto Comissariado das


Nações Unidas para Direitos Humanos (ACNUDH), lançou um Plano
de Ação para Educação em Direitos Humanos.

Segundo esse Programa, a EDH pode ser definida como “um conjunto
de atividades de educação, de capacitação e de difusão de
informação, orientadas para criar uma cultura universal de direitos
humanos”. Além disso, “a educação em direitos humanos promove as
atitudes e o comportamento necessários para que os direitos
humanos de todos os membros da sociedade sejam respeitados”.

De acordo com esse plano, deve-se atender ao ensino primário e


secundário com 5 eixos centrais:

políticas educativas;
aplicação de políticas;
ambiente de aprendizagem;
ensino e aprendizagem;
formação e aperfeiçoamento profissional do docente.

Ainda, a Educação em Direitos Humanos abrange todos os


componentes do processo de aprendizagem, como livros didáticos,
materiais educativos de forma geral, linguagem inclusiva e diversa das
professoras e professores e demais membros da comunidade escolar.

Defendemos que a Educação em Direitos Humanos deve ser uma


prioridade nacional. Isso porque nada adianta focar somente na
repressão desses crimes quando eles ocorrem se não tivermos um
amplo programa de educação para prevenir práticas desses atos
atentatórios à dignidade humana.

Alguns exemplos de temas que fazem parte da Educação em


Direitos Humanos são: educação antirracista, educação para
igualdade de gênero, ensino sobre cultura indígena e religião de
matriz africana, educação sexual para prevenir abusos, educação para
diversidade, etc. Dessa forma, as bases da Democracia, do Estado
Democrático de Direito e do respeito aos Direitos Humanos serão
fortalecidas.

Concluindo

Notamos que normas de proteção em Direitos Humanos são


necessárias para a manutenção da vida e dignidade da pessoa
humana. Todavia, é recorrente a violação de Direitos Humanos, seja
pelos Estados seja pela sociedade com anuência do Estado.

Apesar de, inúmeras vezes, possuírem um caráter seletivo, uma falha,


em sua aplicabilidade, especialmente diante de territórios e corpos
racializados, os Direitos Humanos são indispensáveis. Por essa razão,
faz-se necessário sua ampliação democrática.

Entretanto, frente a contextos antidemocráticos e autoritários, como


foi o caso da Ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985) e da onda de
extrema-direita no Brasil, a efetividade dos Direitos Humanos fica
prejudicada. Isso porque as violações de Direitos Humanos ocorrem
com maior ímpeto, principalmente contra minorias, sempre atacadas
nestes contextos antidemocráticos.

Nesses casos, é possível fazer denúncias dessas violações à


Defensoria Pública da União (DPU), ao Ministério dos Direitos
Humanos e da Cidadania (MDHC) e, ainda, perante o Sistema
Interamericano de Proteção em Direitos Humanos – atendendo aos
requisitos de admissibilidade e mérito da CIDH.

Diante disso, uma solução apresentada para superar a crise dos


direitos humanitários e garantir proteção a todas as pessoas é a
Educação em Direitos Humanos. A educação é eficaz em nível
estrutural, uma vez que a possibilidade de denúncia é uma saída
muito mais ostensiva do que preventiva. A educação, como disse
Nelson Mandela, é a arma mais poderosa que podemos usar para
mudar o mundo.

O Instituto Aurora tem como missão promover e defender a Educação


em Direitos Humanos. Visite o portfólio para conhecer mais sobre os
nossos projetos.

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Algumas referências que usamos neste artigo:

CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Caso Herzog e


outros Vs. Brasil. Em: 15/03/2018.

CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS. Caso


Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde Vs. Brasil. Em: 20/10/16.

COSTA, Andriolli; MACHADO, Ricardo. Holocausto Brasileiro – Vida,


genocídio e 60 mil mortes no maior hospício do Brasil.

ESTATUTO DE ROMA.

FOUCAULT, Michael. Em defesa da Sociedade: curso no Collège de


France 1975-1976. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de


exceção e política de morte. São Paulo, n-1 edições, 2018.

ONU-ACNUDH. Plano de Ação para Educação em Direitos Humanos.


Nova York e Genebra, 2006.

Comissão Nacional da Verdade, criada para apurar os crimes da


ditadura, faz 10 anos.

O crime da Vale em Brumadinho

O desastre: caso Samarco


O que é a Comissão Nacional da Verdade?

Quem foi Vladimir Herzog: jornalista preso e torturado pela Ditadura


Militar

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