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Na CF de 1891 foi estabelecido o "sufrágio universal masculino" onde todos os homens com idade
acima de 21 anos e alfabetizados eram candidatos ao voto onde eram excluídos: analfabetos,
mendigos, soldados, mulheres e religiosos sujeitos ao voto de obediência. Não havia exclusão
expressa à mulher ao voto, porque pessoas do gênero feminino não eram levadas em consideração
quanto indivíduos dotados de quaisquer direitos perante a sociedade, tanto que várias mulheres
requereram o alistamento, sem sucesso.
A constituição de 1934 foi considerada um marco no Brasil, tinha como inovações, o voto secreto e o
sufrágio feminino, a definição dos direitos dos trabalhadores e a criação da Justiça do trabalho, além
da previdência social. Mas a constituição criada em 1934 perdeu valor com o primeiro golpe de
estado em nosso país. Foi a primeira constituição criada com participação de uma representante do
sexo feminino, a deputada Carlota Pereira de Queirós.
Por parte das mulheres, empreenderam-se em lutas em prol de seus direitos civis, nos anos
seguintes, com destaque para a luta pela modificação de alguns dispositivos do Código Civil de 1916
que relegavam às mulheres, condições de inferioridade. O resultado desta demanda foi o Estatuto
da Mulher Casada, criado em 1962 onde a mulher casada passou a ter plena capacidade aos 21 anos,
sendo considerada colaboradora do marido nos encargos da familiares.
Podemos dizer que a constituição de 1967 foi uma constituição que legitimou a ditatura em nosso
país. Foram concedidos poderes ao Presidente para fechar (por tempo indeterminado) o Congresso
Nacional, as Assembleias Estaduais e as Câmaras Municipais; suspender direitos políticos por até 10
anos e cassar mandatos, além de decretar ou prorrogar estado de sítio no país. E ainda foi decretada
a Lei de Segurança Nacional, que restringia drasticamente a liberdade dos civis, sob a desculpa de
combate a subversão além de uma lei que validava censura aos meios de comunicação e toda
produção artística brasileira.
Durante a Ditadura Militar muitas mulheres se organizaram para formar militância contra o regime.
A maioria era composta por uma maioria que viu os maridos serem torturados e assassinados pelo
governo militar. Esse movimento, independente de partidos políticos e quaisquer outras ideologias,
foi muito apreciado pela sociedade, ganhando simpatia de vários grupos políticos no Brasil. Em 1977,
foi instaurada uma Comissão Parlamentar de Inquérito, para investigar a situação da mulher no
mercado de trabalho e demais atividades, que trouxe a tona questões, que ainda hoje são uma
realidade.
A CF de 1988 também estabeleceu o Sistema único de saúde (SUS), as eleições em dois turnos e o
Fim da "censura", o voto facultativo para menores de 18 anos e maiores de 16 anos, promover maior
proteção ao meio ambiente, além de trazer um artigo no qual é garantido direito de igualdade para
as mulheres. Mesmo assim, as mulheres são pouco representadas formalmente nos poderes
institucionais do Estado Brasileiro, exercendo liderança na maior parte das vezes, de maneira
informal, em associações de bairros, ONGs e em pequenos movimentos sociais.
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Durante o século XIX a classe literária feminina já havia despontado na Europa e nos Estados Unidos,
onde quase metade dos autores era do sexo feminino nas grandes editoras inglesas e 3/4 dos
romances publicados nos Estados Unidos, foram escritos por mulheres, isso entre as décadas de
1870 e 1880.
No final do século XIX a escritora Mary Ann Evans, sob o pseudônimo de George Eliot, havia
dominado o segmento de romances vitorianos na Inglaterra.
Segundos estudiosos, Maria Firmina dos Reis (1825-1917), foi a primeira mulher brasileira a ter um
romance (Úrsula - 1859) publicado no Brasil, evitando colocar o seu nome na capa do livro,
utilizando o pseudônimo de “uma maranhense”.
No decorrer dos anos, a participação feminina na literatura brasileira foi se desenvolvendo e poucos
anos antes da constituição de 1934 ser criada, livros de extrema importância para o papel feminino
na literatura de nosso país foram lançados, como por exemplo: O Quinze (1930) de Rachel de
Queiroz, livro onde a a afirmação social da mulher em nossa sociedade é abordada; Parque Industrial
(1933) de Patrícia Galvão, onde traz a reflexão sobre problemas de classe, de gênero e poder; Maria
Luíza (1933) de Lúcia Miguel Pereira, obra que dava vozes a personagens femininas.
Perto do Coração Selvagem, lançado em 1944, foi um marco na literatura feminina nacional. Pois
trouxe a abordagem da figura feminina com tamanha força e profundidade de maneira nunca vista
antes. Introduzindo um novo conceito de ficção literária em nosso país, onde esta obra escrita por
Clarice Lispector foi considerada um divisor de águas, refletindo em uma grande influência para a
maioria das mulheres que tinham interesse em se lançar na escrita a partir de então. É importante
reforçar que Perto do Coração Selvagem, além de ser um marco para a literatura feminina, foi um
marco na literatura nacional. Clarice foi considerada uma grande pensadora de sua época,
independente de ser uma pessoa do gênero feminino.
O romance Ciranda de Pedra de Lygia Fagundes Telles, lançado em 1954, foi um momento singular
na literatura brasileira, pois colocou em xeque os padrões estruturais da família tradicional
burguesa, Lygia é reconhecida até os dias de hoje como uma das maiores expressões da literatura
nacional.
Um momento importante para a ideologia feminista no mundo, foi a publicação da obra The
Feminine Mystique em 1963, escrita por Betty Friedan. Este livro serviu como despertar do
movimento feminista, que já estava adormecido a algum tempo. Em decorrência desse novo
despertar, o movimento feminista ganhou um espaço social até então nunca antes visto. E Atitudes,
práticas e posturas sexistas foram fortemente combatidas, estabelecendo um novo conceito
familiar, profissional e matrimonial no que diz respeito ao lugar que as mulheres devem ocupar,
conscientes de sua importância.
Como um reflexo dessa nova mentalidade, a literatura de autoria feminina, no Brasil e na América
Latina fez emergir a representação literária de mulheres em conflito, divididas entre a recusa de seus
papéis básicos, sob a ótica de uma formação tradicional patriarcal, e a dificuldade de desvencilhar-se
desses mesmos papéis, principalmente no que diz respeito às obrigações e aos afazeres do lar.
Durante os anos 1990 todas as ondas literárias feministas já haviam sido absorvidas. De acordo com
Helena Parente Cunha, não se tratava mais de contestar paradigmas cristalizados, embora sempre
será importante questionar valores e práticas machistas sexistas.
A partir dos anos 1990, uma gama expressiva e multifacetada de autoras, refletem anos de lutas e
reinvindicações feministas, com a proposta de manter atualizada a queda de conceitos e valores
patriarcais adotados desde o início dos tempos.
Marilena Chaui
A filósofa Marilena Chaui, nascida em 4 de setembro de 1941 na minha terra natal (São Paulo - SP), é
um exemplo claro de mulher na literatura que detém grande relevância em nossa sociedade,
diferente da maioria das autoras citadas neste trabalho, Marilena possui obras voltadas aos estudos
acadêmicos, mas também escreveu livros didáticos com linguagem muito simples e clara onde
conceitos complexos são absorvidos inclusive por pessoas consideradas leigas. Respeitada não só
pela sua obra acadêmica, é respeitada também pela intensa atuação no âmbito intelectual e político
brasileiro, ela é uma importante integrante do Partido dos Trabalhadores (PT), instituição que
ajudou a criar, além de ser membra do Diretório Estadual e do Diretório Municipal do partido.
Marilena também atuou na Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo durante a gestão da ex-
Prefeita Luiza Erundina.