Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DIREITOS HUMANOS E
CONFLITOS ARMADOS
CRÉDITOS
Conteudista
Design Educacional
Thaiza Silva dos Santos – Ten Ped
Evolução
Nas relações internacionais, entre os anos vinte e trinta do século XX, o Direito
Internacional e o seu ramo penal encontravam-se em estágio ainda mais embrionário
para servirem de freio à conduta dos homens de Estado. As normas jurídicas
internacionais pareciam uma variável a ser considerada com pouca atenção naquela
época. Tratados só valiam enquanto fossem convenientes para os que por eles
estivessem obrigados. O sistema da Sociedade das Nações estava fatalmente
enfraquecido diante do pragmatismo das potências. Conflitos regionais ocorriam pelo
globo. As potências lançavam-se em corridas armamentistas em sua maior parte.
Ainda imperava o costume. Para movimentarem-se no sistema internacional, as
tomadas de decisão deveriam considerar sempre o uso da força em meio à anarquia.
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, a chamada “Declaração de Moscou”
estabeleceu, pela primeira vez, um marco para o julgamento de criminosos de guerra.
Estipulou-se a possibilidade de repressão por crimes individualizados e contra
grandes criminosos de guerra.
No século XVI, Gentili fez a distinção entre guerra pública e guerra privada, ao
escrever Bellum est armorum publicorum justa contentio (De Jure Belli, 1598).
Segundo Celso Mello (1992, p. 1237), para o Direito Internacional esta distinção é
importante, porque somente lhe interessa diretamente a guerra pública, enquanto a
guerra privada (guerra civil) só tem interesse quando ameaça à paz internacional, ou
ainda por um aspecto humanitário. Assim sendo, o Jus ad Bellum pertencia não
apenas ao Estado, mas também aos particulares, em certo período da história. O Jus
ad Bellum no Direito Internacional, com a afirmação da soberania do Estado. O Jus in
Bello é aplicado de modo igual ao agressor e agredido. Este princípio tem o seu
fundamento no aspecto humanitário do direito à guerra (MEYROVITZ apud
PROVOST, 2002, p. 4).
O Jus in Bello é a regulamentação da guerra. São, por exemplo, as normas
que regulam a conduta dos beligerantes. Ele é formado pelas normas internacionais
que vigoram após o início da guerra. Desenvolveu-se através do costume
internacional, encontrando-se normas que pertencem a ele desde a Antiguidade. As
normas costumeiras começaram a se transformar em convencionais, no decorrer
do século XIX. O direito de guerra é sujeito a dois princípios: a) o da necessidade e
b) o da humanidade. O primeiro, desenvolvido na Alemanha, afirmava que na guerra,
para se conseguir a vitória, não há qualquer restrição nos meios a serem
empregados. O princípio da humanidade visava exatamente moderar a teoria da
necessidade. Na verdade, negar a existência do primeiro princípio é desconhecer a
realidade da guerra e negar o segundo é transformar a guerra em algo que está fora
do direito.
O Jus in Bello possui sanções que procuram reprimir a sua violação. Para
Celso de Mello (1992, p. 1143), as sanções das leis de guerra não produzem tanto
efeito quanto as represálias. As represálias têm sido condenadas porque atingem
pessoas que nada tem com a violação das leis da 07 guerra, apesar de elas visarem
ao Estado ofensor. Elas só subsistem porque no mundo internacional o Protocolo I
das Convenções de Genebra proíbe os ataques efetuados sem discriminação e os
ataques ou ações de represálias contra: bens indispensáveis à sobrevivência da
população civil, a população civil e as pessoas 45 ainda não há uma sociedade
institucionalizada, com um poder efetivo acima dos Estados.
No Protocolo I, das Convenções de Genebra (1977), são proibidas as represálias
contra: feridos, enfermos, doentes e náufragos, população civil, bens indispensáveis à
sobrevivência da população, bens culturais, meio ambiente e construções contendo forças
perigosas. Cada período histórico tem sua própria peculiaridade, mas é comum a todos,
especialmente na guerra em terra, as questões sobre os direitos dos beligerantes, o
tratamento de prisioneiros e civis, a observação das tréguas e das imunidades, a
aceitabilidade de armas particulares e sistemas de armas, a distinção entre o tratamento de
combatentes civilizados e não civilizados, códigos de honra e crimes de guerra em geral.
Como já foi visto, a guerra é um fato de poder claramente deslegitimado; no entanto,
ninguém duvida da necessidade e racionalidade dos esforços dos juristas, dedicados ao
direito humanitário, e de suas agências. Enquanto a guerra encontra-se deslegitimada, o
Direito Humanitário está legitimado, ao procurar reduzir o nível de violência de um fato de
poder que está fora de controle, isto é, que não consegue, por seu limitado poder, suprimir.
A 3ª etapa, com a valorização dos Direitos Humanos, além da proteção às vítimas em
tempo de conflitos armados (discussão própria ao Direito Humanitário). Sem sombra de
dúvidas, o extermínio de 5,7 milhões de judeus e minorias pelos nazistas levou a uma
discussão presente na obra de Hanna Arendt sobre a relevância da “dignidade humana”
(ARENDT, 2012). Esta etapa corresponde ao final da II Guerra Mundial e o processo de
descolonização presente em regiões periféricas. Martin Van Creveld (1991) cita “a quebra do
monopólio do uso da força e a dispersão da violência”, com a criação de normas
internacionais a respeito de conflitos não-internacionais, discutidas com os protocolos
adicionais I e II de 1977, além da criação do Tribunal Penal Internacional, em 1998, discutindo
crimes contra a humanidade, genocídio, guerra e agressão.
VAN CREVELD, Martin. The Transformation of War. New York: The Free Press, 1991