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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO DA EQUIPE 3

2. INTRODUÇÃO 5

3. APRESENTAÇÃO DO ÓRGÃO SIMULADO 6

4. CONTEXTO HISTÓRICO 8
4.1. O POVO CURDO 8
4.2. GUERRA DA SÍRIA 12

5. APRESENTAÇÃO DO TEMA 14
5.1. PARTIDO DOS TRABALHADORES DO CURDISTÃO (PKK) E O
CONFEDERALISMO DEMOCRÁTICO 14
5.2. ROJAVA 17
5.3. GUERRA DA UCRÂNIA 21
5.4. SITUAÇÃO ATUAL 23

6. PRINCIPAIS ATORES 26
6.1 TURQUIA 26
6.2. SÍRIA 27
6.3. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA 27
6.4. RÚSSIA 28

7. QUESTÕES RELEVANTES 28

8. REFERÊNCIAS 30

9. TABELA DE DEMANDAS 33
1. APRESENTAÇÃO DA EQUIPE

Olá, senhores Delegados! Meu nome é Vítor De Angeli Salles, tenho 17 anos e estou
cursando o 3º ano do Curso Técnico em Meio Ambiente no IFES Campus Vitória e
sou Diretor Geral no CSNU (2022) - Reunião Emergencial acerca da Ocupação do
Curdistão Sírio pela Turquia. Desde que ingressei no IFES, me interessei e me engajei
no projeto da simulação geopolítica. Apesar das barreiras que a pandemia de COVID-
19 impôs ao projeto, conseguimos seguir com ele nas simulações online e, desta
forma, realizou-se a VIII SiGI, da qual participei delegando como Brasil no comitê OEA
(2020) - Crise das Democracias Latino-americanas. Neste ano de 2022, com a volta
das atividades presenciais e a possibilidade da realização da IX SiGI de forma
presencial, tive a oportunidade de, junto a quatro colegas de turma, organizar um
comitê desta edição, envolvendo um tema complexo, junto a um contexto político e
geográfico instigante, protagonizado pelos múltiplos interesses geopolíticos. É com
muita satisfação que lhes dou as boas vindas ao CSNU (2022) - Reunião Emergencial
acerca da Ocupação do Curdistão pela Turquia. Bons estudos e bom comitê!

Vítor De Angeli,
Diretor Geral do Conselho de Segurança das Nações Unidas

Olá, senhores Delegados! Sou Ana Gonçalves, estou, no momento, cursando o


terceiro ano do ensino médio no curso técnico integrado em Meio Ambiente no
Instituto Federal do Espírito Santo e sou diretora assistente no CSNU (2022) -
Reunião emergencial acerca da ocupação do Curdistão sírio pela Turquia. Fui
apresentada ao projeto em 2020, no meu primeiro ano frequentando o ifes, e não
demorei para me interessar. Com a mudança das simulações para o meio digital,
ainda tentei participar por um tempo, a fim de adquirir experiência, entretanto, não
continuei na SiGI de forma ferrenha nesse período. Com a volta das aulas presenciais,
fui chamada para organizar um comitê pela primeira vez e, com a companhia de meus
amigos também diretores, chegamos no tema a ser apresentado. É com muito prazer
que apresentamos o comitê, que trata de um tema tão interessante e complexo que
é a situação do Curdistão sírio. No mais, espero que os senhores tenham bons
estudos a partir do guia, a fim de tirarem o maior proveito possível da simulação!
Ana Gonçalves,
Diretora Assistente do Conselho de Segurança das Nações Unidas

Olá, senhores Delegados! Me chamo Rafael Jordane, tenho 19 anos e sou diretor
assistente no CSNU (2022) - Reunião emergencial acerca da ocupação do Curdistão
sírio pela Turquia. Estou cursando o terceiro ano do ensino médio no curso técnico
integrado em meio ambiente no Instituto Federal do Espírito Santo campus Vitória.
Conheci a SiGI ainda no meu primeiro ano, um pouco antes da pandemia do Covid-
19. Com o estabelecimento do ensino à distância não me adaptei muito bem ao
modelo de simulações online, então participei só de algumas simulações espaçadas
durante 2021. Com o retorno do presencial voltei a me interessar mais pelo projeto e
junto com alguns colegas de sala que já tinham esse envolvimento com a SiGI,
decidimos elaborar esse comitê. Já conhecia o tema a um tempo e sempre me
interessei muito por ele. A questão dos curdos na Síria é muito particular e levanta
consigo uma série de outros debates interessantes e relevantes, além de ser pouco
comentado de forma geral. É um tema muito produtivo que eu espero que os senhores
delegados façam um ótimo proveito! Bons estudos e até logo!
Rafael Jordane,
Diretor Assistente do Conselho de Segurança das Nações Unidas

Olá, senhores delegados! Sejam muito bem-vindos ao Conselho de Segurança das


Nações Unidas! Eu sou diretora assistente do comitê CSNU 2022 – Reunião
emergencial acerca da ocupação do Curdistão sírio pela Turquia e estou cursando o
terceiro ano do ensino médio do curso técnico integrado em meio ambiente no
Instituto Federal do Espírito Santo. Meu primeiro contato com a SiGI foi em 2020,
embora eu só tenha participado pela primeira vez esse ano, com a volta das
simulações presenciais. Ademais, fui convidada pelos meus amigos que já
participavam do projeto para compor essa mesa diretora sobre um tema que eu
considero de extrema relevância. Nesse sentido, a invasão turca ao Curdistão Sírio é
um conflito futurístico extremamente complexo, que exige o entendimento de
questões como a autodeterminação dos povos e o terrorismo no Oriente Médio para
ser discutido com qualidade. Tenho certeza que vocês estarão à altura do desafio!
Espero que vocês estejam tão ansiosos quanto eu! Até setembro!

Alice Alves,
Diretora Assistente do Conselho de Segurança das Nações Unidas

Olá, senhores Delegados! Me chamo Daniella Galter, tenho dezoito anos, estou
cursando o terceiro ano do ensino médio no curso técnico em meio ambiente no IFES
campus vitória e sou diretora assistente no CSNU (2022) - Reunião emergencial
acerca da ocupação do Curdistão sírio pela Turquia. Meu primeiro contato com a SIGI
foi em 2020, no meu primeiro ano, mas com a pandemia do Covid-19 acabei me
afastando do projeto. Com a volta às aulas presenciais voltei a me interessar pelas
simulações, e fui convidada pelos meus amigos a compor a mesa diretora do presente
comitê. A situação do Curdistão sírio é um tema complexo, interessante e relevante
atualmente. Espero que os senhores possam fazer bom uso de nosso guia que foi
feito com tanto carinho! Bons estudos e até breve!

Daniella Galter,
Diretora Assistente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

2. INTRODUÇÃO

O objetivo do Guia de Estudos é contextualizar e passar as principais relações


referentes ao comitê. Neste documento, a equipe do comitê CSNU 2022 tem como
objetivo informar tudo aquilo que é estritamente necessário dentro da discussão,
propondo não só questionamentos, como também a contextualização do assunto
dentro de sua característica complexidade.

O caráter das informações presentes no guia não tem a intenção de exibir qualquer
posicionamento ou partidarismo diante da questão tratada, que em muito é
caracterizada justamente por seus atritos ideológicos. Por afirmações como essa, é
importante saber filtrar tudo aquilo que será absorvido durante o estudo preparatório
ao comitê, sempre lembrando que toda fonte carrega consigo um viés por trás, seja
ele intencional ou não, ou favorável ou não a um dos lados.

O conflito entre a Turquia e o Curdistão não só questionará atos tomados pelas


Nações Unidas como também o posicionamento mundial acerca deste conflito,
tocando a territorialidade, a cultura e como muitas vezes o processo no qual a
marginalização de determinados povos acaba por desumanizar, tornando-os vilões
de suas próprias histórias.

Ao longo deste documento será apresentada toda a contextualização do conflito


ocorrente no território do Curdistão Sírio, contando o histórico do conflito e o objetivo
do órgão simulado de resolução da invasão que assola este território, contando com
as informações principais referentes ao CSNU 2022. Lembrando que embora o Guia
tenha o objetivo já citado desta contextualização, é importante também a pesquisa
por outros meios, encorajada pela Mesa Diretora.

Todas as informações presentes no guia tiveram o cuidado de serem devidamente


filtradas, permanecendo aquilo que fosse de fato essencial para a realização de tal
comitê, entretanto, na presença de qualquer dúvida, todo e qualquer diretor referente
ao CSNU 2022 - Invasão turca ao Curdistão Sírio pode ser contatado para que
dúvidas possam ser sanadas. No mais, desejamos um ótimo período de estudos
acerca do tema!

3. APRESENTAÇÃO DO ÓRGÃO SIMULADO

O Conselho de Segurança das Nações Unidas foi fundado em 1946, ano de sua
primeira reunião, de acordo como o Capítulo V da Carta da ONU, que foi responsável
por estabelecer os seis principais órgãos da Organização das Nações Unidas (ONU),
que incluem a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU),o Conselho de
Segurança (CSNU), o Conselho Econômico e Social (ECOSOC), o Conselho de
Direitos Humanos (CDH), o Secretariado, e o Tribunal Internacional de Justiça.
A responsabilidade primordial do CSNU é a estabilidade da paz e segurança
internacional, conselho este que se reúne sempre que a paz está ameaçada. Na Carta
das Nações Unidas são atribuídas funções e responsabilidades do Conselho de
Segurança das Nações Unidas, sendo as principais a manutenção da paz e
segurança entre os países, o desenvolvimento de relações amistosas entre as
nações, a cooperação na resolução de problemas, a promoção do respeito aos
direitos humanos e a harmonia entre as nações.

É o único órgão do sistema internacional capaz de adotar decisões obrigatórias para


todos os 193 Estados-membros da ONU. De acordo com o Art. 25 da Carta das
Nações Unidas, todos os membros das Nações Unidas concordam em aceitar as
decisões do órgão, obrigados a implementar suas resoluções.

A recomendação inicial do Conselho de Segurança é que todas as partes envolvidas


no conflito cheguem a um acordo por meios pacíficos, podendo estabelecer os
princípios para acordos de paz, enviar missões de paz e realizar investigações e
nomear enviados especiais.

Caso a disputa leve a hostilidades, o Conselho deve ter como objetivo trazê-las ao
fim o mais rápido possível. Para esse caso, o conselho pode aplicar diretivas de
cessar-fogo para que seja evitado o aumento do conflito e enviar forças de paz para
ajudar a reduzir as tensões. Também podendo aplicar medidas de execução, como
sanções econômicas, embargos de armas, sanções e restrições financeiras, proibição
de viagem, rompimento de relações diplomáticas, bloqueio ou ação militar coletiva.

Inicialmente o Conselho possuía 5 membros permanentes e 6 membros não-


permanentes, sendo os permanentes China, França, EUA, Reino Unido e Rússia e
os não-permanentes eleitos a cada dois anos pela Assembléia Geral das Nações
Unidas. O número de membros não permanentes foi ampliado para 10 em 1963 ainda
com as eleições a cada dois anos, sendo escolhidos a partir de uma distribuição
regional equitativa e atendendo ao requisito de serem países que contribuem para a
manutenção da paz e da segurança internacional. Os membros não podem ser
reeleitos no período imediato ao fim de seu mandato e cada um deles possui apenas
um representante e um voto.
Atualmente os membros rotativos são os Estados: Brasil, Albânia, Gabão, Gana,
Emirados Árabes Unidos, Índia, Irlanda, Quênia, México e Noruega. De maneira geral,
para a aprovação de quaisquer resoluções em plenário, é necessário que nove dos
15 membros assinalem afirmativamente, onde exige-se que, dentre esses nove, 5
sejam permanentes. No entanto, a Carta distingue as circunstâncias para que esse
procedimento de votação seja seguido à risca e é isso que veremos a seguir.

Para entender a votação do CSNU, deve-se diferenciar questões substanciais de


questões procedimentais. Os Art. 28º ao 32º versam sobre os procedimentos, de
modo geral, sobre o processo de funcionamento do Conselho, como a realização das
reuniões, como os membros podem se fazer representados dentro do Conselho,
sobre o regimento interno e escolha do Presidente, e sobre a participação de não
membros em reuniões do Conselho. Nessas questões o Art. 27º, que fala sobre o
procedimento de votação, define que as decisões serão tomadas pelo voto afirmativo
de 9 membros, sem que se exija o consenso do p5.

As questões substanciais, aquelas que dizem respeito às decisões do Conselho,


serão tomadas pelo voto afirmativo de nove membros, sendo obrigatória a
participação dentre esses votos dos membros permanentes. Portanto, é necessário
que haja consenso entre os membros permanentes (BARBOSA, 2017), visto que há
a regra da "unanimidade das grandes potências", também chamada de "veto", onde
apenas os membros permanentes detêm esse poder (UNIC, 2011). Para essas
questões, apenas os membros permanentes e os membros rotativos podem votar
(CSNU, 2014).

4. CONTEXTO HISTÓRICO

4.1. O POVO CURDO

O povo Curdo tem sua origem no ramo iraniano dos povos Indo-Europeus,
descendendo dos povos mesopotâmicos Mitani, Cassitas e Hurritas que ocupavam a
região entre planícies iranianas e a nascente do rio Eufrates.
Mapa I: Curdistão

Fonte: Fondation-Institut kurde de Paris

Com as invasões Arabe-Muçulmanas à Mesopotâmia a partir do século VII, os Curdos


acabaram por converter ao Islã, porém, sem aderir aos costumes Árabes. Houve, e
ainda há entre os Curdos grande resistência em relação à assimilação da cultura
Árabe, sobretudo por questões sociais. Com o enfraquecimento dos Califas na região,
os Curdos, que já possuíam importante papel nas artes, história e filosofia local,
passaram a almejar poder político. Em 837 o lorde Curdo Rozeguite, fundou a cidade
de Akhlat, a capital de seu principado, na atual Turquia. Apesar de ainda teoricamente
vassalo ao Califado, na prática o principado era independente, se caracterizando
como a primeira experiência de estado que poderia ser caracterizado como curdo. Na
segunda metade do século X as tribos das estepes da Ásia Central, os Seljúcida,
conquistaram o Irã e anexaram os principados curdos, que cresciam até então de
forma separada e independente entre si na região. Sultan Sandjar, o último grande
monarca seljúcida, então, fundou a província do Curdistão.

Com a queda de Sandjar, emerge o grandioso Império Aiúbida, advindo de uma


dinastia curda e liderado por Saladino. O Império de Aiúbida incorporou não apenas
o Curdistão, mas também os atuais territórios da Síria, Iêmen, Egito e Iraque em seu
auge. Saladino foi a principal liderança da oposição islâmica aos cruzados europeus
no Levante, e é considerado um dos maiores líderes Curdos de todos os tempos. A
grandiosidade do império ascendeu a cultura Curda a uma posição ao qual ela nunca
havia atingido, levando à um importante florescimento da linguagem, literatura e arte.
Embora esse período tenha se encerrado com uma nova divisão do Curdistão em
principados, foi muito importante para a formação do povo Curdo como uma entidade
autônoma, com língua, cultura e civilização própria.

Durante o século XVI, os Curdos se encontravam em situação de grande


vulnerabilidade, localizando-se no centro das disputas entre os Impérios Otomano e
Persa. Temendo um fortalecimento Persa e aconselhado pelo estudioso Curdo Idris
Bitlisi, o Imperador Otomano reconheceu os privilégios e direitos dos líderes feudais
Curdos em troca da proteção da fronteira Otomana com o Irã. A proposta foi aceita
pelos Príncipes, que governaram os principados ou hukumets com ampla
independência em relação ao Império Otomano. Deu-se início a um período de
prosperidade e paz que durou até o início do século XIX. Apesar de fragmentado,
cada hukumet do Curdistão era um importante centro literário e cultural, sendo esse
período caracterizado como a era de ouro da literatura, música, historiografia e
filosofia curda. Na religião, as escolas de teologia de Jazirah e Zakho, fundadas na
época, tiveram grande reconhecimento no mundo Muçulmano, e nas ciências, o
observatório construído na cidade de Akhlat foi grande referência no ensino das
ciências naturais. Embora em um momento de florescer cultural, o Curdistão se
mantinha fragmentado e qualquer tentativa de unificação era mitigada pelo Império
Otomano.

A primeira parte do século XIX foi marcada pelas guerras de independência e


unificação do território Curdo. Entre 1847 e 1881 ocorre um série de mobilizações
esporádicas e regionais pela a criação de um estado Curdo, bem como algumas
revoltas contra o poder central. Ambas duramente reprimidas pelo governo Otomano,
que na época contava com o apoio das grandes potências Européias. Apesar da
impossibilidade de unificação, os principados feudais curdos dispunham de certa
autonomia. Porém, conforme foram aumentando as tensões entre o império Otomano
e a Europa, sua postura com relação aos Curdos mudou, “crescimento da ameaça
pelos poderes europeus à integridade do Império Otomano, e a tentativa deste último
de responder ao desafio" (McDowall, 1992, p. 11. Tradução nossa). Assim, um a um,
os principados curdos foram anexados ao império. Os líderes curdos foram inseridos
na aristocracia governamental e lhes foram distribuídos cargos, de forma a
estabelecer uma fidelidade entre as famílias importantes na dinastia tribal curda e o
Sultão. Com a derrota do Império Otomano no fim da I Guerra Mundial, as forças
britânicas e francesas ocuparam e partilharam grande parte do território curdo através
de um tratado secreto denominado Sykes-Picot (MONGIAT, 2020). As novas fronteiras
dos estados ignoraram a territorialidade das tribos curdas. Como afirma a
pesquisadora Dilar Didrik, “esse é o colonialismo: a imposição forçada de
fronteiras que não refletem as realidades, alianças, ou identidades locais, mas
são baseadas solenemente nos interesses ocidentais (ou outros que não os locais)”
(DIRIK, 2015, p. 33. Tradução nossa).

Com o fim da Primeira Guerra, os vencedores assinaram o tratado de Sèvres, que


não era secreto, onde foi partilhado o território do derrotado Império Otomano. Nele
estava prevista a criação de um estado Curdo no território da então Turquia. Essa
afirmação nunca saiu do papel e o território curdo foi fragmentado conforme foram
constituídos os estados daquela região do Oriente Médio. Nunca existiu um Estado
independente curdo, apesar da porção do Curdistão iraniano ter certa autonomia
(MONGIAT, 2020).

Nos dias atuais, os Curdos se encontram despatriados e majoritariamente na região


que compreende os territórios da Turquia, onde representam cerca de 19% da
população, Irã, onde representam cerca de 13% da população, Iraque, onde
representam cerca de 25% da população e Síria, onde representam cerca de 12,5%
da população. Há também cerca de 1,5 milhões de Curdos dispersos no território
Europeu. Os Curdos não têm religião única. A maioria é muçulmano sunita. A minoria
xiita se concentra no Curdistão do Irã, que é um Estado xiita. Os alevitas, yazidis,
shabaks, e em menor número judeus e cristãos, são minorias que também compõem
parte das religiões praticadas pelos curdos. Os direitos e reconhecimento do povo
Curdos variam em cada país, sendo a autogestão e o direito de governo sempre
negados. Étnicamente existem curdos que são simultaneamente judeus, árabes, ou
cristãos. “Então quem é o povo curdo? Eles são todos, eu argumentaria, que
pela consequência de um ambiente em que vivem, sentem um senso de
identidade cultural curda” (MCDOWALL, 1992, p. 9. Tradução nossa)
A identidade curda não é de fácil definição. Eles não compartilham uma
língua ou religião únicas. Muitos curdos se recusam a enquadrar-
se em uma única identidade étnica, já que a formação social tribal e a
estratificação social por muito tempo impediram a composição de uma
comunidade curda unificada (MONGIAT, 2020)

De forma geral, a sociedade curda tem em sua composição relações complexas que
dificultam uma análise simplificada de resposta única à sua situação. É fato porém
que os Curdos se identificam como tal e demandam sua independência e autonomia
de governo enquanto povo, inclusive ativamente lutando para tal.

4.2. GUERRA DA SÍRIA

A contextualização da Guerra da Síria é de suma importância para o entendimento


do processo de revolução curda, em especial no território de Rojava, atual território
ocupado pelos curdos na Síria invadido pelas forças turcas.

A Síria é governada de maneira ditatorial pela família Assad desde a década de 1970,
Bashar al-Assad, o atual presidente, só assumiu o país em 2000, após a morte do
seu pai, Hafez al-Assad, a partir de uma eleição fraudulenta e sem concorrentes. Por
um momento, o então novo presidente parecia poder trazer mudanças reais e
significativas ao regime sírio, pela sua formação ocidental, porém, as forças políticas
de seu governo se mostraram impassíveis em relação a mudanças profundas,
mantendo os mesmos instrumentos de ação do governo anterior, repletas de
corrupção e falta de liberdade política.

A guerra civil na Síria teve seu início em 2011 quando, em meio à Primavera Árabe
(onda de protestos que ocorreram de 2010 a 2011, exigiam melhores condições de
vida a partir da derrubada de governos autoritários e teocráticos), alguns jovens que
haviam escrito mensagens antigoverno pelos muros do país, foram torturados,
gerando revolta e uma forte onda de protestos que se estendeu rapidamente por toda
a Síria, e que tomou enormes proporções. Com esse episódio, a insatisfação dos
revoltosos com relação ao regime de Assad foi intensificada, exigindo sua retirada do
poder, e as manifestações, que antes eram de origem pacífica, se tornaram violentas.
Com a rápida escalada dos protestos, aumentou também a repressão por parte do
governo que, além de fazer uso de forte violência contra os manifestantes, aplicava
penalidades como a suspensão do abastecimento de água e energia para algumas
regiões. Dois anos após o início das hostilidades, o governo fez uso de armas
químicas contra os civis, causando diversas mortes e despertando revolta na
comunidade internacional. (SANTOS, 2014; ZAHREDDINE, 2013).

Em meio à guerra civil, houve o surgimento de diversos grupos oposicionistas, que


além de lutarem contra o atual governo Assad, muitas vezes entram em conflito com
outros grupos também da oposição. A partir de 2012, o Exército Livre da Síria -
principal força rebelde do conflito, formada, em sua maioria, por soldados desertores
- perdeu força, e, desde 2016, esse grupo passou a ser abertamente dependente do
apoio oferecido pela Turquia. Em 2013 o conflito, antes político, tomou proporções
religiosas, e o Estado Islâmico, antigo braço armado iraquiano da Al-Qaeda,
aproveitou-se da instabilidade da Síria e aderiu a grupos rebeldes de jihadistas
sunitas. A partir de seu crescimento repentino, o Estado Islâmico se autoproclamou
um califado (forma islâmica monárquica de governo) nos territorios da Síria e do
Iraque.

Outro grupo que teve destaque na guerra civil travada na Síria foram os curdos, que
se mobilizaram para o conflito a partir de 2014, quando o Estado Islâmico passou
a perseguir a minoria curda da Síria. As tropas curdas atualmente mantêm o
controle ao norte da Síria, na região chamada Rojava ou Federação Democrática do
Norte da Síria.

A interferência estrangeira no país tornou a guerra civil da Síria em um conflito de


grandes proporções rapidamente, se tornando palco para a disputa de interesses
entre nações, diversos países envolveram-se direta ou indiretamente no conflito, a
partir do financiamento de determinados grupos. O governo sírio possui o apoio da
Rússia e do Irã, que enviam tropas, além de armas e dinheiro, a intervenção
iraniana e russa em favor de Al-Assad foi fundamental para sustentá-lo no poder
(SASAKI, 2017). O Exército Livre da Síria e o exército curdo recebem o apoio dos
Estados Unidos, que se opõem a Bashar al-Assad, mas principalmente ao avanço
do Estado Islâmico. Além disso, a Turquia também financia o Exército Livre da Síria,
mas luta abertamente contra o exército curdo, por serem uma minoria
perseguida no país.
Grupos opositores tiveram seu poder enfraquecido ao longo desses dez anos de
guerra civil. Atualmente, cerca de 13 milhões de sírios abandonaram suas casas, 6
milhões se refugiaram em países vizinhos, principalmente na Europa - onde ocorre
forte oposição aos refugiados - e cerca de 500 mil pessoas encontram-se mortas
(LIMA, 2017).

5. APRESENTAÇÃO DO TEMA

5.1. PARTIDO DOS TRABALHADORES DO CURDISTÃO (PKK) E O


CONFEDERALISMO DEMOCRÁTICO

O povo curdo, historicamente, por conta principalmente do nacionalismo árabe, foi


relegado a uma condição secundária em relação aos governos da região. Com
desenvolvimento pouco estimulado no território do Curdistão, a etnia curda também
sofreu com restrição de direitos (cidadania, ensino do idioma curdo e direito à
propriedade, por exemplo) e liberdades por parte do governo sírio por volta das
décadas de 60 e 70.

No final dos anos 70, desenvolveu-se, na Turquia, como movimento de resistência e


libertação do povo curdo o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), cujo líder
é Abdullah Öcalan. Com atuação no Iraque, Irã e Síria, além da própria Turquia, o
PKK buscava lutar contra os governos que se instalaram na região do Curdistão, além
de desenvolver uma nova organização social dentro da etnia curda.

Dentre os países de atuação do PKK, destaca-se a forte oposição da Turquia a


qualquer tipo de movimentação política a favor dos curdos, especialmente de sua
autodeterminação, a fim de rejeitar qualquer diversidade e reforçar o nacionalismo
turco.

Com o golpe militar de 1980 e a maior repressão turca, as atividades do PKK se


desenvolveram também no contexto da luta armada. Parte daí a associação do
partido a atividades terroristas, como alegam Turquia, União Europeia, EUA, entre
outros.

A luta dos curdos pela autonomia teve seu ápice em 1978, mediante a
criação do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, o PKK. O partido
foi fundado na Turquia e tem como líder Abdullah Öcalan. Seus
princípios agregam ideais do independentismo curdo e do socialismo
revolucionário. Desde então, o PKK, dada as ofensivas contra o
governo Turco, foi inserido na lista de organizações terroristas pelos
EUA, União Europeia, OTAN e Irã. (AMOROSI, 2020)

O histórico militar entre os territórios da Síria, em específico o Curdistão, e a Turquia


não são novos, remontando os acontecimentos da década de 80, quando as forças
armadas turcas e o PKK (Partido Trabalhista Curdo) entraram em um embate que
resultou em milhares de mortos.

A oposição ao Estado Turco se intensificou ainda mais com o golpe militar em


1980, que estabeleceu a dissolução do parlamento e de todos os partidos.
Assim, em 1984, o PKK começou a resistir por meio da luta armada,
prolongada também no contexto da nova democracia unipartidária, a qual não
trouxe melhorias em relação ao reconhecimento dos direitos dos curdos.
(AMOROSI, Lucia. 2020, p. 4)

Além disso, apenas no final de 2012 que a Turquia, agora governada por Erdogan,
estabelece negociações de paz com o PKK. Estas negociações foram realizadas em
segredo com Öcallan ainda na prisão após diversas tentativas de cessar-fogo,
principalmente do PKK. Porém, as negociações cessaram a partir de 2015, e em
outubro de 2019 o governo turco realizou um ataque agressivo às bases curdas na
fronteira da Síria com a Turquia.

Na Síria, assim como na Turquia, a questão histórica de negação de direitos


aos curdos (língua e especialmente da cidadania, os curdos eram considerados
apátridas) fez com que o pensamento independentista fosse muito forte, assim
rejeitando qualquer dominação política por um Estado. Foi nesse contexto que
se deu a constante repressão do governo sírio, bem como as revoltas e a
oposição por parte dos curdos contra o governo de Bashar al-Assad.

Ao final da década de 90 e início dos anos 2000, o Partido dos Trabalhadores do


Curdistão (PKK) passou por uma virada ideológica promovida, principalmente, pelas
mulheres curdas, adotando a sua nova estratégia política chamada Confederalismo
Democrático.
No âmbito interno, tal reformulação de ideais tem como motivação uma grande crise
no comitê central do partido, gerada pela prisão de seu líder Ocalan - que passou
anos como fugitivo, mas eventualmente foi capturado e preso no Quênia pela polícia
turca e pela CIA em 1999 - e a ausência de um sucessor de mesmo peso. Ademais,
ao passo que a guerra curda e a repressão turca se intensificaram, o grupo
guerrilheiro PKK sofreu porque não havia organizado os moradores ideológica e
militarmente em unidades sustentáveis de autodefesa, o que os colocou em risco e
os levou a reflexões sobre a efetividade da luta armada versus o sofrimento da
população.

Dessa maneira, as mulheres do PKK - que formavam organizações independentes


desde 1987 e, desde 1993, e já tinham uma unidade de guerrilha exclusiva
incentivada por Öcalan - passaram a se organizar dentro e ao redor do partido,
gerando um grande conflito interno entre antigas lideranças e as novas ideias
femininas que conquistaram espaço no movimento. Não obstante as resistências
dentro do partido, as mulheres conseguiram manter suas pautas, que se tornaram
uma das novas bases do movimento (CSRPC, 2016, p. 79).

Em um âmbito externo, é de suma importância ressaltar o fim da guerra fria e o


colapso do socialismo real na Europa Oriental e na Rússia, como grandes motivações
para as mudanças na ideologia do partido.

Quando o Socialismo Real, a democracia social e os movimentos de libertação


nacional tentaram desenvolver alternativas ao capitalismo, as mesmas não puderam
livrar-se das construções ideológicas do sistema capitalista. Assim, tais alternativas
transformaram-se rapidamente em reforços do sistema capitalista, procurando poder
político institucionalizado em lugar de concentrar-se na democratização da sociedade
(ÖCALAN, 2008, p. 29).

Previamente, o PKK seguia os princípios marxistas-leninistas e objetivava a criação


de um Estado-nação socialista. Contudo, após a Guerra Fria e a queda da URSS,
concluiu-se que “o Estado é a monopolização do poder burguês na sociedade
capitalista e que perpetua os mecanismos opressivos do nacionalismo, racismo e
sexismo para sua consolidação”, destacando a necessidade de novos estudos e a
reestruturação ideológica do partido.

Nesse contexto, a partir da teoria ecoanarquista da “Ecologia Social” de Murray


Bookchin, Öcalan e os militantes do PKK reformularam o paradigma do partido após
o reconhecimento do Estado-nação como instituição contraditória aos princípios
socialistas e democráticos. Este novo projeto busca criar uma sociedade ética-
política, baseada nos princípios democráticos, anti-capitalistas, anti patriarcais e
antirracistas, onde as estruturas são organizadas conforme a vontade dos indivíduos
(BIEHL, 2013).

É em 2005 que o PKK se reformula essencialmente e Öcalan publica sua "Declaração


do Confederalismo Democrático no Curdistão". Nela, ele conclama os curdos a
interromper ataques ao governo e priorizar a criação de assembleias municipais, as
quais ele chamou de "democracia sem o estado''. Öcalan idealizou essas
assembleiascomo formadoras de uma confederação pan-curda, unida por razões de
autodefesa, compartilhando valores como ambientalismo, igualdade de gênero, e
pluralismoétnico, cultural e religioso.

A principal característica do Confederalismo Democrático é a luta não apenas


contra a homogeneização que é praticada pelos Estados-nação, mas também
contra a determinação de que o Estado é uma consequência “natural” ou até
mesmo fruto de um “progresso social”. A própria noção de que o Estado é
uma instituição necessária é questionada. Através do reconhecimento da
diversidade dos povos, principalmente no Oriente Médio, Öcalan afirma que a auto-
administração da sociedade permite a abertura de espaços políticos, integrando
diferentes grupos na tomada de decisões a nível local e global (MONGIAT, 2020).

5.2. ROJAVA

Rojava, ou Curdistão Sírio, é, em teoria, uma região autônoma situada na porção


norte-nordeste da Síria. Possui organizações políticas, tais como, o Conselho
Supremo Curdo e o Partido de União Democrático (PYD) - partido filiado ao PKK,
estabelecido em 2003 por nacionalistas da causa Curda na região norte da Síria -,
como também possui sua força militar, as Unidades de Proteção Popular (YPG) - que
nasce em 2011, como braço armado do PYD, se consolidando como uma "milícia
popular democrática".

Mapa II: Rojava

Fonte: Wikipedia

No contexto da Guerra da Síria, as organizações curdas se uniram à revolta em seus


primeiros momentos, com protestos em Kobane, Amuda, Qamishli e outras
localidades da Síria setentrional. Uma estimativa mostra que 300.000 curdos-sírios
estavam privados do direito à cidadania, o que era um obstáculo para qualquer gestão
pública e toda organização que reivindicava os direitos dos curdos era reprimida com
dureza (El País, 2016).

Comparados aos grupos rebeldes de oposição ao governo, os curdos sírios tiveram


uma participação mais discreta nas manifestações anti-Assad e nos conflitos que se
seguiram em 2011, apesar de ser um antigo alvo de discriminação de Damasco. Com
a radicalização do conflito, a maior parte das milícias curdas se juntou aos demais
rebeldes contra as forças de Assad, passando a combater grupos fundamentalistas
na medida em que as diferenças entre estes e os rebeldes moderados se acirraram
(FUJII, 2015). Havia ainda uma grande dificuldade para a luta curda no país, pois o
Conselho Nacional Sírio não estava disposto a fazer alianças, por temer em assumir
as suas reivindicações. Além disso, quando o PYD tentou deixar de combater ao lado
da oposição, foi considerado suspeito de colaborar com o regime de Assad.

Após uma investida da oposição síria à capital Damasco, em meados de 2012, Bashar
al-Assad decidiu retirar suas tropas da região norte do país. Essa tática acabou por
ceder o controle do território para o PYD, que aproveitou a situação para iniciar uma
revolução em Rojava, estabelecendo o Curdistão sírio como essa região autônoma e
organizando uma democracia de assembleia. Em novembro de 2013, foi declarada
autonomia pelos cantões de Afrin, Kobani e Jazira, com a declaração da constituição
de Rojava, a qual foi aprovada pela população local em janeiro de 2014 (NASSER;
ROBERTO, 2016).

Desta maneira, o enfraquecimento do governo Assad significou ganhos efetivos para


os curdos do país, que adquiriram um grau de autonomia que jamais tiveram, ainda
que à custa de pesadas perdas e de uma das maiores crises humanitárias da
atualidade (FUJII, 2015).

Segundo Idris Nassan, hoje vice-ministro do Exterior do cantão do Kobane:

“Nós, que apostamos na democracia e no laicismo, não lutamos por


substituir um regime dominado pelos alauítas por outro dominado pelos
sunitas, mas por mudar a mentalidade dominante. E a comunidade
internacional depende de nós na batalha contra o extremismo religioso
e para levar a democracia para a região”. (El País, 2016)

Ademais, conforme as Forças Armadas sírias foram deixando o território de Rojava


para combater os rebeldes em outras áreas do país, o foco dos curdos sírios foi
transferido para os extremistas salafistas, como a Frente Al-Nusra, e depois para o
Estado Islâmico à medida que este dominou a maior parte do território próximo às
áreas curdas.

É de suma importância destacar a relevância dos curdos no combate ao terrorismo e


ao alastramento do EI e da Al-Nusra no território sírio. O que verdadeiramente
transformou os curdos em um ator de caráter internacional da Síria foi a ameaça do
Estado Islâmico (ISIS ou EI), especialmente devido à histórica resistência dos curdos
na invasão de Kobane (setembro 2014-janeiro 2015), na qual homens e mulheres,
combatendo lado a lado, conseguiram expulsar as hostes jihadistas. Os EUA se
fixaram neles como uma força capaz de derrotar o EI e até a Rússia começou a
cortejar o PYD (El País, 2016).

No dia 17 de março de 2016, o Partido da União Democrática (PYD) conjuntamente


com grupos e partidos aliados reuniram-se na cidade de Rmeilan na província de
Hassakê e proclamaram a fundação de um sistema federalista de governo, a
Federação do Norte da Síria – Rojava (FNS) que, mesmo possuindo certas relações
diplomáticas com alguns países, não é reconhecido oficialmente como província
autônoma por nenhum membro da comunidade internacional.

O sistema legal de Rojava sustenta-se a partir de um contrato social. Nesse contrato


estão estabelecidas as bases para a administração, vida e organização política e
social dos cantões. Ao analisar o Contrato Social de Rojava destacam-se alguns
elementos tais como: a declaração de autonomia dos cantões respeita a unidade
territorial síria, sem expressar qualquer interesse na independência na ou
criação de um novo Estado; separação entre Estado e religião; organização
político- administrativa desenvolvida pela via da democracia radical; equidade entre
homens e mulheres; a não discriminação entre os diferentes povos, etnias e grupos
religiosos,respeitadas a pluralidade e a diversidade

Lembra-se, também, que o movimento de mulheres possui poder de veto sobre as


escolhas obtidas nas instâncias mistas, ou seja, em caso de que as mulheres não
concordem com a escolha do representante masculino de uma comuna, por exemplo,
poderão opor-se e solicitar novas eleições. Isto garante que todos os representantes
respeitem a paridade e promovam a inclusão efetiva das mulheres nas instâncias de
poder.

“As mulheres desempenham a função mais importante na manutenção


desta comunidade cívica. São elas que desenvolvem a “ideologia da
libertação das mulheres” através da Jineologî e garantem a aplicação
de uma agenda de gênero em todos os espaços de construção social
e política na região (FLORENCIA, 2020).

Como indica um documento sobre a confederação democrática do norte da Síria:

“Cada um dos cantões têm conselhos legislativos, judiciais e


executivos, com uma estrutura ministerial de 22 órgãos que cobrem
todas as áreas: Relações Exteriores; Defesa; Interior; Justiça;
Regional/Cantonal (Município, Censo e Planejamento); Finanças;
Assuntos Sociais; Educação; Agricultura; Energia e Recursos; Saúde;
Comércio e Economia; Mártires e Veteranos; Cultura; Transporte;
Juventude e Esporte; Meio Ambiente; Turismo; Assuntos Religiosos;
Assuntos de Família e Gênero; Direitos Humanos; Comunicação; e
Segurança Alimentar. A tomada de decisões é guiada pela democracia
direta e pelo consenso, com um mínimo de unidade nas comunas (que
pode compreender uma rua, um bairro ou uma vila), organizada em
bairros ou distritos, e finalmente as cidades, agrupadas em cantões.
Cada Conselho Popular deve ser composto de um mínimo de 45% de
ambos os sexos, com paridade exigida, além de 10% reservados às
minorias étnicas. Da mesma forma, a eleição dos porta-vozes não é
unipessoal, mas dupla, com paridade de gênero e a mais ampla
variedade étnica possível. O objetivo de criar tantos conselhos e
comitês é a descentralização do poder político para evitar o estatismo,
de modo que a autogestão guie a vida na Rojava.” (GUILLERMO A. S.,
2018)

No enredo nacionalista curdo, Rojava é uma das quatro partes de um Grande


Curdistão. Entretanto, Rojava é essencialmente e programaticamente multiétnica.Os
cantões de Rojava abrigam numerosas populações curdas, árabes, assírias e
turcomenas, além de comunidades menores de armênios e circassianos. Essa
diversidade se reflete na constituição, sociedade e política de Rojava. Dessa maneira,
não se pode pensar em autonomia democrática sem que os Estados apliquem
normas e tenham uma conduta de respeito à diversidade étnica, cultural e linguística
em seus territórios. Nesse sentido, elas se remetem ao posicionamento de Abdullah
Öcalan, descrito anteriormente, no que diz respeito ao Estado nação. Assim, deixam
explícito que o separatismo e a independência (com o objetivo de formação de uma
nova unidade nacional) não são uma possibilidade para a conquista da
autonomia democrática.

5.3. GUERRA DA UCRÂNIA

A questão da Guerra da Ucrânia remete a décadas de conflitos internos e


internacionais na região da Europa Oriental. No século 17, o Império Russo anexou
uma considerável parte da atual Ucrânia ao seu território, e apenas após a primeira
guerra mundial, em 1922, a Ucrânia como estado foi formada, sendo um membro da
União Soviética até sua independência em agosto de 1991.

Ao longo dos séculos de domínio Russo sobre o território ucraniano até após a
declarada independência, os conflitos entre os países nunca cessaram por completo.
No período da URSS, os países do bloco formaram o Pacto de Varsóvia, uma união
militar adversária à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), liderada pelos
Estados Unidos, com o objetivo de conjurar estratégias que prezam a proteção e
extensão territorial.

Contudo, em 1989 o muro de Berlim foi derrubado, a Guerra Fria chegou ao fim e,
consequentemente, a dissolução da União Soviética e do Pacto de Varsóvia. O
governo russo, mesmo após o fim da Guerra Fria, não perdeu seu caráter de proteção
territorial, mantendo sua preocupação com os avanços da OTAN aos países do leste
europeu.

Como resultado da sua independência, a Ucrânia aos poucos se aproximava das


demais nações americanas e europeias. Entretanto, com o aumento do interesse por
parte do país de integrar a União Europeia e a OTAN, as tensões entre ambos países
se intensificaram em 2021, resultado também do posicionamento de tropas russas
reforçadas em regiões estratégicas de entrada do país. Em dezembro desse mesmo
ano, o presidente Vladimir Putin apresentou à organização militar norte-americana
uma lista de exigências de seguranças, uma delas solicitava justamente a garantia de
que a Ucrânia nunca integrasse a OTAN.

Além disso, a Rússia também solicitou a diminuição da presença militar da


organização em países da Europa Oriental e Central. Nenhuma resolução foi
acordada nas discussões, e Putin não reduziu sua força militar nas fronteiras do país,
e em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia invadiu a Ucrânia, nomeada pela potência de
“operação militar especial”. Entre as justificativas, o presidente alegava a presença
de neonazistas que promoviam um genocídio contra russos étinicos e separatistas do
leste ucraniano.

Dado o início da invasão por parte da Rússia, consequências lastimáveis são


apresentadas diretamente às mídias, principalmente em relação à vida humana de
civis, que vêm sendo colocados em situações de risco à vida e aos direitos humanos.

No dia 10 de dezembro de 2022, a guerra da Ucrânia permanece sem desfecho,


coma invasão russa ainda em andamento, mesmo que sem grandes avanços.
5.4. SITUAÇÃO ATUAL

O conflito armado ocorrido na década de 80 entre as forças armadas da Turquia e o


PKK (Partido Trabalhista Curdo) deixa marcas de grande importância na luta do povo
Curdo pelo reconhecimento e apresenta um obstáculo notável no que tange as
relações políticas entre o atual governo de Ancara, regido por Recep Tayyip Erdogan,
e a Rojava, fração do Curdistão localizada no Norte da Síria. Atualmente, a relação
entre ambas regiões se encontra em constante estado de tensão, em vista,
principalmente, do histórico nacionalista curdo, que estabelece relações excludentes
com minorias étnicas em seu território, em especial com os curdos, vistos como
terroristas e sistematicamente oprimidos pelo Estado turco.

As intenções de Ancara em relação ao PYD (partido curdo em maioria na Síria) não


são exclusivas do cenário atual, remontando o ano de 2016, quando as forças turcas,
antes concentradas no combate ao governo de Bashar al-Assad, foram
redirecionadas para a contenção dos territórios ocupados pelas milícias curdas.
Operações como estas eram parte da política de securitização nacional, que, além de
envolverem a queda do governo autoritário sírio, passaram a englobar e priorizar a
mitigação do PYD e YPG, (braço armado do partido supracitado) visto que a
associação destas frentes com o PKK passaram a apresentar uma ameaça vigente
para Erdogan.

Em tudo isso, não há a mínima menção ao fato de a Turquia ocupar


partes do território sírio e iraquiano, que bombardeia sistematicamente
não apenas as milícias armadas, mas também os civis, curdos, sírios,
iraquianos, inclusive os yazidis, justamente aqueles que mais sofreram
pelos massacres e estupros dos jihadistas (Giornale, 2022).

Mesmo em meio ao combate do Daesh - protagonizado pelos EUA em conjunto das


Forças Democráticas Sírias (FDS) e das forças curdas - o governo turco não deixa
sua posição contra o curdistão sírio, realizando uma ação direta nos territórios curdos
ganhos em razão das vitórias nas batalhas contra o Estado Islâmico, no ano de 2018,
dominando um dos cantões ocupados pelo YPG.

A quebra das intervenções ocorre por um curto período de tempo, a partir de março
de 2019 com a dominação do território restante do ISIS, quando Donald Trump
anuncia a iminência da retirada de suas tropas do território sírio e, em agosto de 2019,
um acordo em relação ao estabelecimento de uma zona de segurança no Norte sírio
é firmado entre Ancara e Trump. As ameaças turcas voltam a ocorrer logo depois,
entretanto, quando Erdogan não encontra o cumprimento de suas demandas em
relação ao controle do YPG.

Em 2 de agosto de 2019, no entanto, enquanto escrevia essa


dissertação, líderes da Turquia, Rússia e Irã, em uma reunião trilateral
em Astana, Cazaquistão, emitiram um pronunciamento conjunto em
que declararam sua oposição ao YPG e à administração de Rojava sob
o argumento de que rejeitam todas as tentativas de criar novas
realidades no local sob o pretexto de combate ao terrorismo (AHVAL,
2019, p. 2). O anúncio veio dois dias antes do presidente turco Recep
Tayyip Erdogan declarar, no dia 4 de agosto, que pretende atacar a
região de Rojava, fazendo com que a administração de Rojava
iniciasse preparativos para uma guerra iminente contra a Turquia.
(Moreira, 2019).

O estopim ocorre quando Trump finalmente promove a retirada de suas tropas do


território sírio, abrindo uma brecha para o início da Operação Nascente de Paz,
orquestrada pela Turquia a fim de mitigar a ocupação dos curdos sírios e solucionar
a questão migratória. A ofensiva perdura até 17 de outubro, quando o Estado turco
promove um cessar-fogo em acordo com os EUA para a retirada da FDS da região e,
de forma paralela, um acordo com a Rússia, intentando uma nova zona tampão,
patrulhada por militares turcos e russos, em troca da parada da ofensiva turca.

O acordo perdurou sem maiores incursões até o início do ano, quando, em 24 de


fevereiro, a Rússia efetivou sua invasão em território Ucraniano, a ofensiva abalou o
cenário geopolítico mundial, respingando de forma intensa nas tensões turco-curdas.
Com olhos de toda a comunidade internacional voltados para as duas nações, enfim,
Erdogan encontra a brecha necessária para retomar suas operações sem grande
retaliação de outras nações.

O governo turco se aproveita das relações mantidas entre Bashar al-Assad e Vladimir
Putin para atrair o apoio estadunidense à invasão do território sírio, com o objetivo de
abrir uma segunda frente contra a Rússia na Síria, em resposta à invasão da Ucrânia.
Da mesma forma, Ancara avaliou que a Rússia teria dificuldades para se concentrar
na Síria em meio à sua preocupação com a Ucrânia e não estaria disposta a irritar a
Turquia, que forneceu uma tábua de salvação contra a enxurrada de sanções
ocidentais.

“Com o “mundo” a olhar para a Ucrânia, Recep Tayyip Erdogan viu aí


a oportunidade para continuar com os seus planos expansionistas no
Próximo Oriente. O presidente da Turquia anunciou uma nova
operação militar para “limpar as regiões Tel Rifat e Manbij de
terroristas”, segundo as suas próprias palavras.” (Nuñez, S. 2022).

No dia 05 de Dezembro foi efetivada a ação militar no Norte da Síria. A ofensiva se


encontra majoritariamente direcionada ao Curdistão sírio, sob o pretexto de que a
permanência curda neste território apresenta ameaça ao território e ao exército da
Turquia e propicia uma possível ressurgência do Daesh na região. É válido ressaltar
que o governo turco não poupa forças em relação ao que considera combate ao
terrorismo na região da Rojava, retaliando nações que já apoiaram ou o fazem
atualmente, sua posição intransigente causa tremores, por exemplo, nas relações a
OTAN, que convida, após o início do conflito ucraniano, a Suécia e a Finlândia -
países acusados por Erdogan de abrigarem o povo curdo - para se juntarem à
coalizão.

Com a intenção de tomar um território de 30 km no sentido do Norte sírio ocupado


pelo PYG, Ancara direciona grande parte de suas forças militares para a região,
concentrando seu poder em ataques terrestres e aéreos na direção de Al-Qamishli e
Kobani, regiões de grande importância para a geopolítica da Rojava. O território
supracitado é a mesma zona tampão que já havia entrado em jogo em outras
tentativas de acordo, de acordo com Erdogan, a intenção da ofensiva é mitigar a
influência e presença curda (em especial do YPG) no Norte da Síria, transformando
a região em um local destinado para a realocação de refugiados sírios.

Mapa III: Área ocupada pela Turquia


Tendo em vista a abrupta mudança no cenário político do Oriente Médio, os direitos
dos povos Curdos e tudo que foi por eles construído na região, a soberania do estado
Sírio sendo ameaçada e tendência de grande aumento no número de mortes de civis
e refugiados, no dia 10 de dezembro de 2022 o Conselho de Segurança das Nações
Unidas convoca reunião emergencial. Os membros do Conselho temem um
aprofundamento dos danos da Guerra à região e a comunidade Internacional como
um todo reprova o eclodir de mais um grande conflito armado, sendo o fim do conflito
o grande foco da reunião.

6. PRINCIPAIS ATORES

6.1 TURQUIA

O histórico entre o Estado turco e o povo curdo denota conflitos desde os primórdios
de suas relações geopolíticas. Com o marcante embate militar da década de 80 e a
negação de direitos e territórios que perpassa a situação da Rojava diante de Ancara,
existe uma Turquia que há anos planeja e anuncia a tomada do território ocupado
pelo Curdistão Sírio. Membro da Coalizão Global de Combate ao Terrorismo, Ancara
considera a efetivação desta ação militar de primeira instância, visto que enxerga o
YPG (partido central atuante na Rojava) como uma vertente similiar a do PKK, sendo
assim, um partido de cunho terrorista. Assim, desde 2016, opera ataques menores
em território curdo.
A situação escala quando, neste ano, em meio a outro conflito de proporções globais,
Ancara decidiu efetivar tais ataques em uma operação militar organizada,
pretendendo tomar o território Curdos, as tropas avançam de forma rápida, em
direção às regiões de Al Qamishli e Kobani, sem previsão para recuo.

6.2. SÍRIA

A Guerra na Síria deixou como saldo mais de 490 mil mortos e uma profunda crise
econômica, política e social. Mais de 12 milhões de pessoas tiveram de deixar suas
casas (DI SPAGNA, 2022). Nos dias atuais o governo de Bashar Al Assad, que se
manteve no poder, tenta reconstruir sua economia e toda a estrutura física e
governamental do país. A intenção de Damasco é recuperar todas as áreas do país
tomadas pela FDS, Curdos ou EI, mas a economia do país ainda está engatinhando
e com o fim do apoio militar russo, esse processo tem ocorrido de forma lenta.
Com a invasão turca ao norte de seu território, o governo de Assad se mostrou
profundamente atacado, declarando a ocupação como uma violação da soberania do
país. Para Damasco, a questão dos curdos no norte da Síria deve ser resolvida pela
própria Síria, sem interferência externa ou ocupação de seu território.

6.3. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Inicialmente, em 2014, os Estados Unidos deram apoio militar e trabalharam em


colaboração com o exército curdo no combate ao Estado Islâmico. A aliança, ao
mesmo tempo em que garantia aos EUA um aliado em uma localização estratégica
para o combate ao Daesh, ajudava a manter o governo autônomo de Rojava, pois,
além da cooperação contra ataques opositores, a presença dos Estados Unidos
evitava que a Turquia tomasse medidas mais bruscas dentro do impasse com o
Curdistão sírio.
Apesar dessa cooperação militar, em outubro de 2019, a pedido de Erdogan, Trump
retirou as tropas americanas da região do norte da Síria, objetivando sair de, segundo
ele, guerras ridículas sem fim e que a resolução do impasse caberia aos países da
região. Logicamente, a ação de Trump expôs Rojava a ataques turcos. Mesmo assim,
Trump afirmou que, se ocorresse um ataque por parte da Turquia, destruiria a
economia turca. Apesar do momentâneo apoio ao povo curdo em meio ao conflito
sírio contra o Daesh, os EUA não chegaram a fornecer qualquer suporte militar à
Rojava após o ocorrido, ou outra declaração de apoio.
Em meio a situação atual, entretanto, o ataque Turco ao Norte da Síria é favorável
para o cenário geopolítico Yankee, pois este gera uma desestabilidade considerável
à Síria de Bashar al- Assad, além de gerar uma frente contra a potência russa.

6.4. RÚSSIA

A Rússia foi a principal aliada do governo Assad e participou diretamente da Guerra


Civil na Síria. O país governado por Vladimir Putin agiu unilateralmente, apoiando o
governo sírio de Bashar al-Assad, enviando, por exemplo, armas ao exército sírio.
Todavia, Moscou também tem o interesse de acabar com o terrorismo e a crise da
Síria, mas enxerga que para alcançar isto, ao contrário dos Estados Unidos, é
necessário que o governo de Assad se fortifique. Em alinhamento ao governo de
Damasco, que pretende recuperar todas as regiões da Síria, a Rússia afirmou que os
grupos armados, tais como os Curdos, também assumem grande responsabilidade
sobre a situação humanitária no país, pois dificultam a entrada de reforços
humanitários nas regiões as quais estão sob o controle dos rebeldes.
Em meio à invasão Russa ao território Ucraniâno, Moscou reduziu seu apoio ao militar
governo de Assad. Com as investidas turcas à Federação Democrática do Curdistão
Sirio, o governo de Putin se posiciona como oposição, temendo que, com o
estabelecimento da zona tampão, as forças da OTAN criem uma nova frente ofensiva
ao governo sírio de Assad. Para Moscou, a ocupação do Norte da Síria pela Turquia
representa uma violação da soberania da Síria. Militarmente, a Rússia se encontra
incapaz de reagir aos ataques em decorrência do supracitado conflito com a Ucrânia.
7. QUESTÕES RELEVANTES

Após as várias tentativas de prevenção a invasão turca, o comitê traz uma conferência
emergencial, auferindo examinar o que já foi feito até a data atual e o que pode ser
feito diante das situações atuais para que um cessar fogo possa realmente acontecer
por ambas às partes, estabilizando o número de mortos e refugiados que só vem
crescendo.
Para que isso seja possível, foram organizadas questões importantes para que sejam
abordadas no debate:

● Como podemos definir o conceito de autodeterminação dos povos e aplicar a


definição e importância para o contexto do Curdistão?

● Como a forma com que os Curdos lidam com temas como o patriarcado, o
preconceito étnico e a organização da sociedade devem ter papel nas
discussões acerca de seu direito à autonomia e território?

● Como a questão do terrorismo deve ser abordada em meio a disputa


geopolítica das grandes potências mundiais, conflitos étnicos e guerras civis
no Oriente Médio?

● Como a comunidade internacional deve reagir em vista da ação do governo


Turco aos povos Curdos, dentro e fora de seu território?

● Qual a responsabilidade da OTAN quanto à paz e conflitos no Oriente Médio?

● Como a preservação da paz no conflito pode impactar no estabelecimento da


paz em outros conflitos armados que também estão ocorrendo, como a Guerra
na Ucrânia?

● Como a comunidade internacional deve lidar com possíveis violações à


soberania nacional de nações com histórico controverso e já fragmentadas por
guerras civis como é o caso da Síria?
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https://www.rfi.fr/pt/mundo/20220419-turquia-lan%C3%A7a-ofensiva-separatistas-
curdos-do-pkk Acesso em: 19 jul.
2022.

DE SOUZA, João Victor. A TURQUIA E A QUESTÃO CURDA NA GUERRA CIVIL


DA
SÍRIA: A dinâmica da relação turco-curda nas incursões turcas. Revista
Cadernos de
Relações Internacionais, v. vol.1,
2021.
9. TABELA DE DEMANDAS

A tabela de representações inserida abaixo exibe cada delegação do CSNU 2022 e


as respectivas demandas que serão cobradas dos delegados durante a simulação. A
mesma está numerada de 1 a 3 pelo logotipo da SiGI.
É importante frisar que o mecanismo nada mais é do que uma prévia organização do
comitê, sendo assim, não define o potencial do delegado e sua participação dentro
do comitê. Seu desempenho será resultado de sua dedicação.

Representações pontualmente
demandadas a tomar parte nas
discussões.

Representações medianamente
demandadas a tomar parte nas
discussões.

Representações frequentemente
demandadas a tomar parte nas
discussões.

PAÍS DEMANDA

Estados Unidos da América

Rússia
China

França

Reino Unido

Brasil

Albânia

Gabão

Gana

Emirados Árabes Unidos

Índia
Irlanda

Quênia

México

Joint Help for Kurdistan

Síria

Turquia

Iraque

Irã

Armênia
Jordânia

Representante da Federação
Democrática do Norte da Síria

Estado da Palestina

Israel

Alemanha

Espanha

Peru

Canadá

Cuba
Ucrânia

Noruega

Finlândia

Japão

Cruz Vermelha

Médicos Sem Fronteiras

Itália

Suécia

Arábia Saudita

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