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(CONSELHO EUROPEU)

Índice

1. Apresentação ............................................................................................................................ 4
2. Regras particulares .................................................................................................................. 5
3. Apresentação do Conselho Europeu ....................................................................................... 6
3.1. História da instituição. ........................................................................................................ 6
3.2. Funcionamento e composição atual. ................................................................................... 8
4. Conflito Rússia e Ucrânia ....................................................................................................... 10
4.1. Histórico. ........................................................................................................................... 10
4.2. Aspectos da atualidade. ..................................................................................................... 13
5. Posicionamento da União Europeia ...................................................................................... 18
5.1. Relações diplomáticas da União Europeia. ........................................................................ 18
5.2. Posição da União Europeia face à guerra. .......................................................................... 21
6. Descrição dos membros .......................................................................................................... 24
6.1.Áustria - Karl Nehammer................................................................................................... 24
6.2. Bélgica - Alexander De Croo. ............................................................................................ 24
6.3. Bulgária - Kiril Petkov....................................................................................................... 25
6.4. Croácia - Andrej Plenković. ............................................................................................... 25
6.5. Países Baixos - Mark Rutte… ............................................................................................ 26
6.6. República Checa - Petr Fiala. ............................................................................................. 26
6.7. Dinamarca - Mette Frederiksen. ........................................................................................ 27
6.8. Estônia - Kaja Kallas. ........................................................................................................ 27
6.9. Finlândia - Sanna Marin. ................................................................................................... 28
6.10. França - Emmanuel Macron. ......................................................................................... 28
6.11. Alemanha - Olaf Scholz. ............................................................................................... 29
6.12. Grécia - Kyriakos Mitsotakis. ....................................................................................... 29
6.13. Hungria - Viktor Orbán. ................................................................................................ 30
6.14. Itália - Mario Draghi. .................................................................................................... 30
6.15. Letônia - Krišjānis Kariņš. ............................................................................................ 31
6.16. Lituânia - Gitanas Nausėda. .......................................................................................... 31
6.17. Polônia - Mateusz Morawiecki. .................................................................................... 32
6.18. Portugal - António Costa. .............................................................................................. 32
2
6.19. Romênia - Klaus Werner Iohannis................................................................................ 32
6.20. Eslováquia - Eduard Heger........................................................................................... 33
6.21. Espanha - Pedro Sánchez. ............................................................................................. 33
6.22. Suécia - Magdalena Andersson. .................................................................................... 34
7. Referências bibliográficas ...................................................................................................... 35

Diretores: Guia Elaborado por:

Igor Piedade de Araujo João Vitor Levindo Coelho Novaes

Ana Clara Monteiro Miranda Daniela Gonçalves Barbosa


Fagundes
Mateus Parenti Lopes
Manoela Araújo Vilas Boas

2022
1. Apresentação

Caros delegados,

A ideia para a realização do comitê do Conselho Europeu surgiu através da intenção de


proporcionar aos delegados e às delegadas uma experiência de diplomacia internacional em
um contexto de extrema relevância internacional, o conflito Rússia e Ucrânia. A partir disso, é
fundamental que os participantes entendam a complexidade, a magnitude e a integralidade de
fatores que compõem todos os processos de tomada de decisão das grandes figuras políticas do
maior bloco econômico mundial. O tema poderá ser apropriadamente explorado graças ao
modelo institucional escolhido. O Conselho Europeu permite a interação direta dos
governantes, reunidos em um modelo plenipotenciário para uma tentativa de unificar
pensamentos e procedimentos, colaborando para a estabilidade e previsibilidade no palco
internacional. Esperamos que a união destes fatores contribua para uma simulação completa e
instigante para os delegados.

Ana Clara Monteiro: Olá senhores delegados, me chamo Ana Clara e faço parte da
mesa diretora. Entrei no mundo das simulações em 2019 e depois da minha primeira
experiência, tive a certeza que participaria mais vezes e faria Relações Internacionais no
futuro. É uma honra fazer parte deste projeto, espero que todos tenham uma simulação incrível
e estou à disposição para o que precisarem!

Manoela Araujo: Delegadas e delegados, meu nome é Manoela Araújo e também estou
compondo a mesa diretora. Desde que me lembro enquanto estudante do Colégio Loyola tenho
a lembrança dos “estudantes vestidos de roupa chique” e sempre tive a curiosidade de saber
quem eram, o que faziam, “o que comiam e onde viviam”. Brincadeiras à parte, agora está na
vez de vocês viverem a incrível experiência de serem delegadas e delegados de uma simulação
jesuíta. Espero que façam um bom proveito da experiência, que aprendam e que se divirtam no
nosso comitê!

Igor Piedade: Olá delegados, sejam bem-vindos! Sou Igor Piedade do Colégio Loyola.
Minha experiência na organização de simulações se resume ao exercício do cargo de secretário
do LoyolaMUN na edição de 2021 e como diretor do 9°MUN no mesmo ano. Confesso que eu
não gostava muito de acompanhar simulações, mas depois dessas experiências passei a amar
principalmente a parte organizacional do evento e seus temas. Aceitei com muito carinho o
convite para ser diretor do Intercolegial, uma simulação de tão alto nível. Por fim, espero que
se aprofundem mais no tema além da leitura do Guia de Estudos para que possam se sair bem
nos debates. Se chegou até aqui, obrigado e conto com você para o sucesso do nosso comitê!

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2. Regras particulares

A) Modelo de Debates: o modelo padrão de debates do comitê é o regime de debate


moderado. Neste modelo, as delegações que desejam se manifestar a cada novo discurso
devem erguer suas placas em busca do reconhecimento da Mesa. A Mesa reconhecerá uma
delegação em atenção ao andamento dos debates, de forma a garantir o fluxo das discussões e
permitir uma interação maior entre as delegações.

A.1.) Por meio das moções descritas no Guia de Regras, o debate pode ser alterado
temporariamente para a modalidade de Debate não-moderado, no qual a moderação da Mesa
fica suspensa e os delegados têm a liberdade de transitar pelo comitê para conversações
informais e redação conjunta de documentos.

B) Marco Temporal: o limite temporal do comitê, e delimitador da pesquisa dos


delegados, é a data da reunião, dia 22 de setembro de 2022.

C) Decoro e representação pessoal: os delegados devem observar o decoro pertinente a


uma reunião diplomática de alto nível. Os discursos de uma delegação reconhecida pela Mesa
não deverão ser interrompidos, com exceção de questões urgentes de privilégio pessoal. Como
o modelo do comitê está estruturado em uma reunião de cúpula, as delegações podem se
referir umas às outras com referência ao nome do Chefe de Estado-Governo-Ministro, o que
não será considerado quebra de decoro.

D) Mesa: a Mesa estará na Reunião moderando os debates, e conduzindo as votações e


discussões, coordenando intervenções, crises e representações extraordinárias. Para manter a
imparcialidade dos debates, a Mesa não representará nenhuma delegação, instituição ou
organização, apenas atuará como moderador.

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3. Apresentação do Conselho Europeu
3.1 História da instituição

Antecedendo a formação do Conselho Europeu, ao fim da Segunda Guerra Mundial, os


países da Europa perceberam a falta de condições de entrarem em um novo conflito, a
destruição poderia ser total. Assim, para fortalecer as nações europeias e garantir a paz no
continente, em 1952, ocorreu a criação do CECA (Comunidade Europeia do Carvão e do
Aço): um bloco econômico composto por 6 países que originou o mercado comum do carvão
e do aço, desta maneira o clima de tensão e desconfiança entre as nações europeias vizinhas
foi aliviado. Este foi o primeiro tratado fundador da Comunidade Europeia.

Após isso, em 1957, os Tratados de Roma, assinados pelos países que faziam parte da
Comunidade Europeia (Alemanha Ocidental, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, França e
Itália) instituíram a Comunidade Econômica Europeia (CEE) e a Comunidade Europeia de
Energia Atômica (EURATOM). No ano de 1973 houve uma ampliação da Comunidade
Europeia: a Dinamarca, o Reino Unido e a Irlanda aderiram a ela.

Na Cimeira de Paris, em dezembro de 1974, o presidente francês Valéry Giscard


d’Estaing propôs a criação do Conselho Europeu, objetivando estabelecer uma instância
informal de debate entre os chefes de Estado ou chefes de governo. A proposta do líder francês
foi acatada e logo houve sua criação, o Conselho Europeu inaugural foi realizado em Dublin
na Irlanda, em março de 1975. Rapidamente a instituição foi se tornando responsável por
definir as orientações e prioridades políticas gerais da comunidade europeia.

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Em 1985, no Conselho Europeu de Luxemburgo, foi definido um acordo político que
abriu caminho à adoção do Ato Único Europeu, este entrou em vigor em 1987. O ato tinha
como um dos principais objetivos lançar a cooperação no domínio da política externa,
prevendo a livre circulação de bens, pessoas, serviços e capitais. Além disso, ele dota o
Conselho de uma base jurídica, ao oficializar suas reuniões e alargar o recurso à votação por
maioria qualificada no processo de tomada de decisões.

Em 1992, o Conselho Europeu de Edimburgo lançou os debates públicos, essa prática


foi alargada de forma considerável ao longo dos anos. Atualmente, os debates e deliberações
públicas do Conselho podem ser acompanhadas pelo site Web da instituição.

Assinado em 1992 e elaborado pelo Conselho Europeu, o Tratado de Maastricht entrou


em vigor em novembro de 1993, nele se criou oficialmente a União Europeia. Este tratado
originou a união econômica e monetária europeia, e determinou dois novos pilares (PESC e
JAI) que estabelecem políticas externas, de segurança comum e cooperação nos domínios da
justiça e segurança interna. A partir deste tratado o Conselho Europeu adquiriu seu estatuto
formal, a sua função consiste em definir a agenda política para o desenvolvimento da União
Europeia.

Em 1996 o Conselho Europeu passou a se reunir pelo menos quatro vezes ao ano,
anteriormente as reuniões eram realizadas somente duas vezes. Em fevereiro de 2003 o
Tratado de Nice entrou em vigor, reformando as instituições da União Europeia para preparar
uma futura UE com 27 Estados–Membros. A votação por maioria qualificada do Conselho
Europeu foi alargada e foi definido que após a União completar 18 membros, todas as
reuniões do conselho passariam a ser em Bruxelas, o que ocorreu em outubro de 2003.

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Em dezembro de 2009 o tratado de Lisboa entrou em vigor, ele reformou a estrutura da
União Europeia e seu funcionamento. Este tratado firmou o Conselho Europeu como uma
instituição oficial da UE de pleno direito e com um presidente próprio, anteriormente, o
Conselho era uma instância informal e o cargo da presidência não era oficial. O político belga
Herman Van Rompuy foi eleito unanimemente o primeiro Presidente permanente do Conselho
Europeu.

3.2. Funcionamento e composição atual

Atualmente, o Conselho Europeu é uma das sete instituições oficiais da União


Europeia, ele tem sede fixa em Bruxelas, na Bélgica. Esta organização representa o nível mais
elevado de cooperação política entre países da UE, e tem como principal função definir as
orientações e prioridades políticas gerais da União Europeia, mas não aprova legislação.

Outras funções que o Conselho Europeu realiza são:

• Trata de questões complexas e sensíveis que não podem ser resolvidas a níveis
inferiores de cooperação intergovernamental.
• Define a política externa e de segurança comum da UE, tendo em conta os interesses
estratégicos e as implicações em termos de defesa.
• Designa e nomeia candidatos a determinados altos cargos nas instituições da UE, como a
presidência do BCE e da Comissão.

Em relação a cada questão agendada, o Conselho Europeu pode

• instar a Comissão Europeia a elaborar uma proposta

• transmitir a questão ao Conselho da UE

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O atual presidente do Conselho Europeu é o belga
Charles Michel, este cargo é eleito pelo próprio conselho e
tem o mandato de dois anos e meio, com direito a apenas uma
reeleição. Sua função dentro da instituição é convocar e
presidir às reuniões, que são realizadas 4 vezes ao ano, mas o
presidente pode convocar reuniões extraordinárias para
discutir questões urgentes. O Conselho Europeu é composto
pelos Chefes de Estado ou Chefes de Governo de todos os
países da União Europeia, pelo Presidente do Conselho
Europeu e pelo Presidente da Comissão Europeia.

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4. Conflito Rússia e Ucrânia

4.1 Histórico

A relação entre a Ucrânia e a Rússia é bastante complicada, uma vez que há vínculos
culturais e históricos que ao mesmo tempo unem e separam os dois países. Portanto, para
entender o conflito atual, é necessário entender o passado desses povos.

Essa conflituosa história começou há mais de 1000 anos, no século IX, quando Kiev,
atual capital da Ucrânia, situava-se no centro do primeiro Estado eslavo, chamado de Rússia
de Kiev ou Rus de Kiev (nome que faz referência ao povo dessa região, os “rus”). Esse Estado
medieval serviu como base para a origem tanto da Ucrânia, quanto da Rússia.

Em 988, Vladimir 1º de Kiev aceitou a fé cristã ortodoxa, fixando os Rus no território


que atualmente pertence à Rússia, Ucrânia, Belarus e se estende até o Mar Báltico. Embora
tenha ocorrido um momento em que a história desses povos foi compartilhada, nos séculos
seguintes, a Ucrânia foi invadida por diversos povos, distanciando-se da trajetória russa.

Algumas dessas invasões ocorreram no século XIII, quando o Império Mongol do leste
conquistou a Rússia de Kiev e no século XVI, quando exércitos poloneses e lituanos
invadiram o oeste do Estado Eslavo. Esta última invasão acabou dividindo o território, sendo
a leste do rio Dniepre controladas pela Rússia, e a oeste, pela Polônia. Isso fez com que a
parte ocidental da Ucrânia recebesse mais influência europeia, desde a contrarreforma até o
renascimento.

Anos mais tarde, em 1764, a imperatriz russa Catarina, avançou seus domínios sob as
terras ucranianas que eram, até então, controladas pelos poloneses e iniciou um processo
conhecido como russificação, que proibiu o estudo e o uso da língua ucraniana e obrigou os
habitantes a seguirem a fé ortodoxa russa. Nesse momento, o nacionalismo se intensificou na
porção oeste, que passaram a ficar sob o controle do Império Austríaco. Muitas pessoas
começaram a se chamar de “ucranianos” para se diferenciar dos russos.

Já no século XX, com a Revolução Comunista de 1917, a Ucrânia passou por uma
guerra civil e acabou sendo tomada por Joseph Stalin e o país passou a fazer parte da URSS
(União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), sendo chamada de República Socialista
Soviética da Ucrânia. Na década de 1930, esse líder russo promoveu uma campanha de
coletivização das fazendas, para que os camponeses entrassem na política comunistas de
fazendas coletivas, que gerou fome e morte de milhares de ucranianos. Depois disso, Stalin
levou muitos cidadãos

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soviéticos para território ucraniano visando repovoar o leste da região, mas muitos não tinham
nenhum laço com o local e não falavam o idioma.

Ainda no período do domínio soviético, na década de 1950, a Crimeia, região


localizada no Mar Negro, ao sul, e que tem grandes laços com a Rússia, foi transferida de
Moscou para a Ucrânia, atendendo a um pedido antigo deste país.

Com o colapso da URSS em 1991, a Ucrânia tornou-se um país independente. No


entanto, foi só em 1997, com um tratado com a Rússia, que o território ucraniano teve suas
fronteiras estabelecidas.

Apesar das tentativas soviéticas de influenciar culturalmente a Ucrânia, Moscou nunca


conseguiu de fato dominar os hábitos desse país como um todo. Isso ocorreu, dentre outros
fatores, devido ao fato de a parte da Ucrânia do Oeste ter sido influenciada pela Europa por
muitos séculos e só ter sido controlada pela Rússia bem mais tarde, diferentemente do leste, o
que causou grandes diferenças culturais através do país. Dessa forma, o leste possui mais
características comum com Moscou, fala o idioma russo, segue a religião ortodoxa e tende a
apoiar mais os líderes russos, enquanto o oeste segue a religião católica, fala a língua local
(ucraniano) e costuma apoiar mais políticos ocidentais. Essa divisão entre as duas partes do
país faz com que haja uma profunda divisão entre os anseios de seus habitantes: voltar ao que
muitos consideram “pátria-mãe” ou continuar sua história de maneira independente.

No mesmo ano do fim da URSS, surgiu a Comunidade dos Estados Independentes


(CEI), uma organização dos países ex-integrantes da União Soviética que visava praticamente
substituir o antigo bloco, proporcionando cooperação econômica entre os membros, mantendo
a relação política soviética, porém respeitando a soberania de cada nação. Nessa época
participavam da CEI a Federação Russa, Ucrânia, Bielorrússia, Armênia, Quirguistão,
Uzbequistão, Azerbaijão, Cazaquistão, Moldávia, Tadjiquistão e Turcomenistão. No entanto,
três nações soviéticas não aderiram ao grupo: Estônia, Letônia e Lituânia.

Em 1994, ocorreu o Memorando de Budapeste, um acordo que a Rússia fez com o


Reino Unido e os EUA em que ela se comprometia em respeitar as fronteiras da Ucrânia e não
as ameaçar com força. Em troca Kiev deveria transferir para Moscou suas armas nucleares da
época da URSS.

Nos primeiros anos como Estado independente, a Ucrânia teve governos


semiautoritários, que mostraram interesse em aproximar-se do ocidente, mas continuavam

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tendo relações políticas e econômicas com a Rússia. Um exemplo dessa aproximação foi, por
exemplo, através da parceria colaborativa com a OTAN, em que a Ucrânia desistiu do arsenal
nuclear que possuía em troca de um acordo assinado entre a Rússia, os EUA e o Reino Unido
para proteger sua soberania. No entanto, essa aproximação não foi suficiente, já que ainda
mantinham bastante contato com o país soviético, o que contribuiu para que estourasse a
Revolução Laranja de 2004, uma mobilização popular de resistência que ocorreu na capital,
Kiev, e que demonstrou a insatisfação da população com esses governos semiautoritários e um
apoio a uma maior integração com a Europa, além de protestar contra as fraudes que
ocorreram nas eleições daquele ano. Uma boa parte da população ucraniana desejava
melhorias no país e apoiava o candidato da oposição do governo, que ganhou a presidência
após as primeiras eleições terem sido anuladas. Esse conflito aumentou ainda mais a
rivalidade entre o leste e o oeste, que reafirmaram seus posicionamentos através do apoio a
um dos candidatos, o leste em sua maioria apoiava o governo da época e o oeste, a oposição.
Reforçando suas opiniões pró-rússia e pró-ocidente, respectivamente.

Alguns anos mais tarde, em 2008, os países líderes da OTAN, Organização do Tratado
do Atlântico Norte, concordaram que a Ucrânia tinha potencial para entrar no bloco, o que
gerou grande preocupação a Moscou. Na mesma época vários conflitos político-comerciais
entre Rússia e Ucrânia aconteceram, como o do gás, no qual houve interrupção no
abastecimento de energia para a Europa, de 2006 a 2009.

Em 2013, o presidente ucraniano Yanukovych negou, no último minuto, a assinatura do


acordo de entrada do país para a União Europeia, retomando as relações econômicas com a
Rússia, o que gerou manifestações na Praça Maidan, em Kiev, devido à mudança repentina de
posicionamento.

Em março de 2014, Moscou anexou o território da Crimeia, península semi autônoma


localizada ao sul da Ucrânia, alegando que estaria defendendo os interesses dos cidadãos, em
sua maioria leais à Rússia. Houve um referendo que completou a anexação, considerado pela
Ucrânia e por vários outros países como ilegítimos.

No mês seguinte, separatistas pró-Rússia das regiões ucranianas de Donetsk e Luhansk,


localizadas a sudoeste do país e de idioma russo, declararam-se independentes de Kiev. As
auto proclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk foram reconhecidas apenas pela
Rússia anos mais tarde, em 2022.

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Esses conflitos geraram um acordo conhecido como Acordo de Minsk, em 2015, que se
resumia em um cessar-fogo entre os países, mas que teve repetidas violações. Esse tratado de
paz foi intermediado pela França e pela Alemanha.

Em 2019, a Ucrânia aprovou uma emenda constitucional para continuar com a adesão à
Otan e à UE e tornou-se um Parceiro de Oportunidades Aprimoradas da Otan, cooperando em
missões e exercícios militares.

No fim de 2021 e início de 2022, o exército russo reuniu mais de 130 mil soldados
perto da fronteira ucraniana. A Rússia criou três pontos de pressão na Ucrânia: na Crimeia, ao
sul, no lado russo da fronteira entre os dois países e em Belarus, ao norte. Em 21 de fevereiro,
a Rússia reconheceu as regiões das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk como
independentes. Por fim, em 24 de fevereiro de 2022 a Rússia iniciou a invasão à Ucrânia por
terra, ar e mar, intensificando o conflito no leste europeu que hoje envolve e preocupa
diversos países ao redor do mundo.

4.2 Aspectos da atualidade

Os principais aspectos para o entendimento da situação atual do conflito entre a Rússia


e a Ucrânia e as razões que levaram à invasão russa são a expansão da OTAN sob o leste
europeu, incluindo a possibilidade de adesão da Ucrânia à aliança militar, a tentativa da
Ucrânia de entrar para a UE, a Crimeia e sua anexação em 2014, a disputa das Regiões de
Donetsk e Lugansk, a questão do gás natural, a contestação ao direito da Ucrânia à soberania
independente da Rússia e o desejo de Vladimir Putin de restabelecer a zona de influência da
União Soviética.

A expansão da Otan pelo leste europeu é uma das principais justificativas russas para a
invasão. A OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte, é uma aliança militar de defesa
criada em 1949, formada inicialmente por 12 países (Bélgica, Canadá, Dinamarca, França,
Islândia, Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Portugal, Reino Unido e Estados Unidos),
cujo objetivo era combater a ameaça da expansão soviética em um cenário de Guerra Fria,
além de proteger seus membros. Atualmente, ela conta com 30 países, sendo que, dos novos
participantes, 14 deles são países do leste europeu que faziam parte do bloco soviético e se
tornaram membros da Otan, como Lituânia, Letônia e Estônia. Além destes, a Alemanha
também se uniu ao grupo em 1955. Por isso, a Rússia preocupa-se com essa expansão, já que
acredita que as potências ocidentais estão usando a aliança para cercar o país soviético e alega

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que os EUA descumpriram com a garantia que teria sido feita em 1990 de que a Otan não se
expandiria para o leste. Embora a Ucrânia não seja um membro da organização, apenas um
"país parceiro” e solicite a entrada no grupo, a Rússia entende essa aproximação ucraniana
com o ocidente como uma perda de influência e uma ameaça à segurança do país, já que caso
a Ucrânia ingresse para a Otan, o grupo protegerá e aumentará sua capacidade militar. Para
tentar conter o que a Rússia vê como ameaça, Putin exigiu nos últimos anos que a Otan
encerrasse suas atividades militares no leste da Europa e garantisse que a Ucrânia não fosse
aceita na organização.

Associado a isso, a invasão contemporânea também foi motivada pelos eventos que
ocorreram entre 2013 e 2014, quando a Ucrânia estava prestes a entrar para a União Europeia,
mas teve as negociações suspensas pelo presidente da época. Esse acontecimento gerou uma
grande onda de protestos pelo país e fez com que o chefe de Estado ucraniano pró-Rússia fosse
deposto em 2014, devido à sua mudança repentina de postura. Essa situação em que quase
houve a adesão de Kiev à UE, em conjunto com a retirada do presidente que se alinhava aos
ideais russos, levou a Rússia a anexar a Crimeia, república semi autônoma da Ucrânia, ao seu
território, com a justificativa de que estaria defendendo os interesses locais e dos cidadãos, que
são de herança russa e apoiavam o antigo governante. Após a queda do presidente
Yanukovych, o Parlamento da Crimeia elegeu um primeiro-ministro com o mesmo
posicionamento e realizou uma votação sobre a separação da Ucrânia, que resultou em
maioria dos eleitores apoiando a opção de se unir à nação vizinha. Por não ter tido a presença
de nenhum observador internacional confiável, a Ucrânia e outros países consideraram o
referendo ilegal, tendo sido aceito apenas pela Rússia. Os EUA e a União Europeia
impuseram diversas sanções a indivíduos e empresas russas em resposta à anexação da
península. Em 2019, alguns anos após a anexação, a Rússia inaugurou uma ponte entre a
península e seu território, fazendo uma ligação no Estreito de Kerch, região que separa
fisicamente as duas áreas. A União Europeia interpretou essa construção como uma violação à
soberania ucraniana, uma vez que a anexação não foi reconhecida pela Ucrânia e nem pela
comunidade internacional. Esse território torna-se ainda mais disputado por ambos os países
pela sua importância econômica e cultural. A Crimeia se localiza ao sul da Ucrânia e a
sudoeste da Rússia e é uma via de acesso ao mar Negro, com uma posição geográfica
estratégica que facilita o transporte marítimo de mercadorias, especialmente útil para as
importações e exportações ucranianas, além de ajudar na defesa territorial por parte da Rússia,
que controla uma base naval na cidade de Sevastopol. Sua população, por outro lado, por ser
majoritariamente de origem russa, tende a apoiar os líderes

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russos e identificar-se com os aspectos culturais desse país. Além disso, o fato de a península
já ter sido parte da Rússia e transferida à Ucrânia na década de 1950, durante a URSS, faz com
que as tensões sejam ainda maiores para a decisão de qual Estado controla a Crimeia e a qual
país esse território pertence.

Outra área que também é alvo de disputas é a região de Donbass, no leste da Ucrânia.
Nesse local estão localizadas as repúblicas autodeclaradas de Luhansk e República Popular de
Donetsk. Na mesma época da anexação da Crimeia e da deposição do presidente ucraniano,
separatistas pró-Rússia ocuparam a região e foram apoiados pelos próprios russos a favor de
tornarem-se independentes de Kiev. Novamente são áreas que estão relacionadas a interesses
econômicos e culturais de ambos os países. As províncias têm laços históricos, culturais e
políticos que as conectam com Moscou, grande parte da população da região fala russo, e são
um ganho do ponto de vista econômico e estratégico para Rússia, já que estão em uma região
rica em minerais, conhecida como "cinturão da ferrugem" da Ucrânia e é um canal de acesso à
Crimeia. Putin reconheceu a independência das regiões em 21 de fevereiro, três dias antes de
realizar a invasão nesses mesmos locais, o que permitiu à Rússia a construção de bases
militares e o envio de tropas em "missões de paz" para as duas áreas. Os líderes dessas regiões
de Donbass solicitaram o apoio militar russo depois do reconhecimento de sua independência.
Segundo o presidente russo, a operação visava libertar completamente Donbass. Portanto, o
que começou como uma missão para “proteger o Donbass” transformou-se em uma guerra
total na Ucrânia, sendo mais um aspecto em jogo e mais um impasse para a resolução do
conflito.

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Outro fator importante que interfere no conflito é sobre o fornecimento de gás natural
feito pela Rússia à Europa. Cerca de 40% do gás natural importado pelo continente vem do ex-
líder da União Soviética através de gasodutos, o que faz com que os europeus dependam dessa
importação, já que só aguentariam dois ou três meses sem esse combustível. Ademais,
conseguir outras formas para a obtenção do gás ou diferentes fontes de energia são opções que
trazem impactos ambientais negativos ou até mesmo são insuficientes em quantidade para
suprir a necessidade energética europeia. Por outro lado, a Rússia também depende da venda
desse gás para arrecadar capital, sendo esta sua principal fonte de renda internacional, cerca de
metade do orçamento público. Surge então um impasse, pois ambos os lados têm interesses
econômicos com a venda desse produto e acaba por acirrar as tensões no decorrer do conflito.
Enquanto a Europa tenta aplicar sanções internacionais para pressionar a Rússia a parar com as
invasões - através da redução da aquisição do gás natural, já que esse consumo acaba
indiretamente financiando o conflito devido ao alto lucro russo - ela é extremamente
prejudicada com a falta desse recurso natural, o que faz com que o país fique dividido entre os
dois aspectos. Ao mesmo tempo, a Rússia ameaça cortar o fornecimento fechando o gasoduto
em resposta às sanções internacionais pois sabe da dependência europeia. Em 27 de abril deste
ano, a estatal russa Gazprom decidiu suspender o fornecimento de gás para a Bulgária e a
Polônia, o que agravou ainda mais o conflito. Além disso, a própria Ucrânia é afetada com a
questão do gás natural pois o Nord Stream 2, novo gasoduto que liga a Rússia diretamente à
Alemanha, contorna o país e faz com que ele perca a renda que obtém com o trânsito de gás
russo pela rede tradicional de oleodutos terrestres, tornando-se mais vulnerável em relação à
Moscou. A construção do novo gasoduto também aumenta a dependência europeia do gás
russo e permite que Moscou escolha países como a Ucrânia para fazer cortes de energia, sem
que haja interrupção do abastecimento europeu. Esses fatores fazem com que haja um
desentendimento quanto ao funcionamento do gasoduto entre os próprios países europeus, a
União Europeia com a Rússia, com a Ucrânia, chegando até mesmo a envolver os Estados
Unidos, que se opôs durante bastante tempo à obra. A Polônia e os países bálticos, por
exemplo, temem que o bloco acabe cedendo às ambições da Rússia e se tornem extremamente
dependentes. Na Alemanha, o Nord Stream 2 também não tem aceitação unânime. O partido
ambientalista se opôs por um tempo, até que adotou uma posição mais tolerante após sua
entrada no governo. Atualmente, devido ao agravamento do conflito militar, a Alemanha
suspendeu a aprovação final do gasoduto, já que com a aprovação, as importações de gás da
Rússia aumentariam e com o veto, o país intensifica as sanções financeiras contra Moscou,
ainda que a UE continue comprando gás russo pelas vias já existentes. Percebe-se, então, que o
Nord Stream 2 causa grandes desavenças e afeta diversos países, sendo um ponto crucial para
o entendimento do conflito.

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Por fim, há a questão da soberania ucraniana e a influência russa na região. Sabe-se que
desde 1991 a Ucrânia é um país independente, mas que sua história foi em parte compartilhada
com a Rússia e em outros momentos foi um território dominado pela Rússia. Ainda hoje,
percebe-se grande influência do ex-líder soviético sobre o país europeu. Por isso, devido aos
laços históricos, os russos não conseguem reconhecer a identidade nacional ucraniana como
algo separado da Rússia. Isso faz com que o país tenha receio em perder sua influência na
região, especialmente com a recente aproximação com o ocidente, motivando as invasões que
ocorreram neste ano. Com a incursão russa em território ucraniano, aspectos geopolíticos
tornaram-se alvos da discussão. A soberania da Ucrânia foi violada e da mesma forma, os
Direitos Internacionais - conjunto de normas definido pela humanidade através de seus
representantes, que auxilia na regulação das relações externas e na boa convivência entre as
nações - e o acordo feito no Memorando de Budapeste de 1994, que consistia em a Rússia
respeitar as fronteiras da Ucrânia, não ameaçando-as com força e em troca Kiev transferir para
Moscou suas armas nucleares da época da URSS. Logo, percebe-se que o conflito Rússia e
Ucrânia permeia por aspectos históricos, culturais, econômicos, geopolíticos e é de grande
relevância para o cenário internacional atual.

17
5. Posicionamento da União Europeia

5.1. Relações diplomáticas da União Europeia

A Ucrânia possui localização importante na Europa como intermédio e estado-tampão


entre as partes conflitantes no que tange as relações entre Rússia e Ucrânia. Dessa forma, o
país tornou-se foco do sistema internacional com o desenrolar da crise política e
socioeconômica. O presente conflito possui origens históricas, em um contexto de luta pela
supremacia, principalmente entre Estados liberais e autoritários, caracterizada pela
desconfiança mútua, avaliações errôneas e parciais, ideologias nacionalistas e intenções
expansionistas.

Para compreender as relações da União Europeia com o atual conflito, torna-se


mandatório compreender o histórico da política e das relações econômicas desse grupo com a
Ucrânia e com a Federação Russa.

Desde sua independência, em 1991, a Ucrânia construiu um governo marcado por um


estatuto fraco, péssimos governantes, e a participação ativa de oligarquias, máfias e outros
grupos corruptos. Tais aspectos influenciaram as relações ucranianas com a União Europeia,
além da pressão exercida pela Federação Russa, de forma que a aproximação do país com o
bloco econômico fosse difícil e repleta de desavenças.

Após a dissolução da União Soviética e a independência da Ucrânia, as relações


ucranianas e russas permaneceram próximas por certo tempo. Todavia, com o passar do tempo,
a Ucrânia passa a se aproximar da Europa e, em 2012, foi elaborado um acordo de associação
entre Ucrânia e União Europeia. Tal proposta foi encarada como um insulto pela Federação
Russa, o que ocasionou, em novembro de 2013, a suspensão das tratativas pelo ex-presidente
Viktor Yanukovich.

Essa decisão não agradou o


povo ucraniano, que se dirigiu à
praça de independência da capital
Kiev, com objetivo de retomar
o diálogo do país com o bloco
econômico europeu. Neste
momento,
inicia-se um processo denominado
Euromaidan, que constituiu uma
série de protestos que se
estenderam
pelo país durante vários meses.

18
Este período turbulento causou a morte de cerca de 100 pessoas, até que em 22 de
fevereiro de 2014, o ex-presidente Yanukovich fugiu da Ucrânia. Neste momento, o governo
russo aproveita-se da desordem, apoiando grupos pró-Rússia que tomaram as principais
instituições políticas da região da Crimeia, afastando os interesses comuns entre Ucrânia e
União Europeia, além da expulsão da Rússia do G8, grupo dos 8 países mais industrializados
do mundo. A União Europeia, então, aplica uma série de sanções econômicas ao governo
russo.

A relação da União Europeia com a Rússia foi iniciada, especialmente, em 1997, com a
assinatura de um Acordo de Parceria e Cooperação. Entretanto, a Guerra na Ucrânia causou
não só a condenação da agressão russa por parte da UE como a adoção de novas sanções, que
já haviam sido implementadas desde a anexação da Crimeia, em 2014.

A iminência da Guerra na Ucrânia levou a União Europeia a rever dois de seus pilares
de relações com a Rússia: a energia e a defesa. Considerando os laços estreitos entre a UE e a
Rússia no setor energético, os Estados-Membros possuíam interesses estratégicos em melhorar
as condições do comércio de energia. Isso incluía garantias de fornecimentos (volumes),
infraestruturas operacionais, princípios de transparência, acesso recíproco a mercados,
diversificação e eficiência energética.

Contudo, a não aplicação russa de acordos, juntamente com a condenação da agressão


russa pela União Europeia, ocasionou a necessidade de rever as relações econômicas entre as
partes. Nessa perspectiva, a União Europeia via-se em uma encruzilhada. A ação do bloco
sobre a Rússia precisava ser finamente calculada, uma vez que 62% da energia da União
Europeia é oriunda de importação da Rússia. Ainda, alguns Estados-Membros, como a
Estônia, a Finlândia, a Bulgária e a Alemanha, são ainda mais dependentes da energia russa.

As rotas de gasodutos e oleodutos cruzam dependências políticas da União Europeia e


da Rússia e, por isso, ambas as partes buscam mais autonomia em relação aos países de
trânsito. Por isso ambas as partes exploraram alternativas em países amigos (diversificação) e
estabeleceram os acordos bilaterais que minaram as perspetivas de uma política energética
coerente e integrada ao nível da UE. França, Alemanha e Itália assinaram acordos com a
Gazprom para dois novos gasodutos ("Nord Stream" e "South Stream") e abriram o mercado
de distribuição ao gigante russo em troca de fornecimentos garantidos, com o apoio da
Bulgária, Eslovénia e Croácia. O objetivo consistia em criar ligações diretas com os
consumidores finais da Europa Ocidental e, assim, evitar os países de trânsito da Europa
Central.

19
A Rússia construiu um enorme gasoduto até a Alemanha, batizado de Nord Stream 2.
A partir dessa infraestrutura, o gás russo, que passa majoritariamente pela Ucrânia, deixaria de
passar pela Ucrânia, excluindo uma receita de cerca de 1 bilhão de dólares por ano para o país.
Segundo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o projeto é também uma arma
geopolítica do Kremlin, já que reduziria as barreiras ucranianas para um ataque russo. Assim,
o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou a interrupção da certificação do gasoduto.

A partir da condenação unânime da agressão russa, os abastecimentos russos


necessitavam de um corte. Por exemplo, o quinto pacote de sanções decorrente da guerra
inclui pela primeira vez o setor energético (carvão), e a transição energética verde é priorizada
para reduzir a dependência aos hidrocarbonetos. A Lituânia executou a medida mais
significativa, sendo o primeiro país a cortar por completo a importação de gás russo.

Sob o prisma da defesa, instrumentos recentes foram ativados de forma mais robusta,
entre os quais o Fundo Europeu de Defesa (FED) com oito bilhões de euros até 2027 e o
Mecanismo Europeu de Apoio à Paz (MEAP) ativado para comprar armas para a Ucrânia. A
“Bússola Estratégica”, aprovada em 21 de março de 2022, ilustra a aceleração da UE em jeito
de “salto decisivo” no novo ambiente estratégico. Centrada na ação e na capacidade de agir
com recursos de defesa, a “Bússola” centra o seu objetivo na proteção dos cidadãos, dos
valores e dos interesses da UE, confirmando a centralidade da perspectiva normativa também
nesta política.

Neste momento, uma das críticas dirigidas à UE é de querer ganhar a guerra sem a
fazer. É uma crítica pertinente? Se considerarmos o reequilíbrio interno e a viragem acelerada
em domínios centrais para a sua soberania estratégica, tais como a energia e a defesa, a União
Europeia adota uma estratégia e instrumentos não só para lidar com Moscou, mas também para
se afirmar como ator global. A questão em aberto é saber se a extraordinária coesão atual, em
contexto de crise, irá perdurar entre os seus Estados-Membros.

20
5.2. Posição da União Europeia face à guerra

A União Europeia condena veemente a decisão de Vladimir Putin


de promover uma agressão militar não provocada e injustificada
da Rússia contra a Ucrânia, assim como o reconhecimento das
zonas não controladas pelo Governo ucraniano das províncias de
Donetsk e Luhansk. Além disso, o bloco econômico também
condena a participação da Bielorrúsia na agressão militar.

O Conselho Europeu tem se reunindo desde fevereiro de 2022


para debater a situação na Ucrânia. Na reunião de fevereiro
conclusões marcaram a trajetória e o destino da União Europeia
frente à Guerra na Ucrânia: “O uso da força e da coerção para
alterar fronteiras não tem cabimento no século XXI. As
tensões e os conflitos devem ser resolvidos exclusivamente por
meio do diálogo e da diplomacia.”

Ressalta-se o direito do povo ucraniano em escolher seus próprios


caminhos, assim como a manutenção do Estado de Direito,
preservando o status da Ucrânia como Estado Soberano.
Elogia-se, ainda, a coragem do povo ucraniano na defesa do país.

A União Europeia demonstra unidade e força na prestação de


serviços em apoio humanitário, político, financeiro e militar. Em
declaração dos dirigentes da UE, consta que “A Ucrânia faz
parte da nossa família europeia.”

Ademais, a União Europeia reitera e sublinha que Rússia, a


Bielorrússia e todos os responsáveis por crimes de guerra e outros
crimes da maior gravidade serão chamados a prestar contas pelos
seus atos, em conformidade com o direito internacional.

As sanções impostas em resposta ao ataque russo destinam-se,


essencialmente, a limitar a capacidade financeira do Kremlin para
financiar a guerra, além de impor custos econômicos e políticos
claros à elite política russa responsável pela invasão. A infografia
ao lado apresenta um panorama das sanções aplicadas até jul/22.

Infografia 1 – Sanções da UE em resposta


à invasão da Ucrânia pela Rússia

21
A União Europeia e seus cidadãos expressam sua solidariedade
à Ucrânia e ao seu povo. Sob esse prisma, foram tomadas
medidas concretas para apoiar a Ucrânia e os países vizinhos
que fornecem proteção aos refugiados da guerra, que podem ser
contempladas na infografia ao lado. Tais medidas incluem:

• acolhimento de refugiados através do mecanismo de

proteção temporária;

• 348 milhões de euros em ajuda humanitária para a


Ucrânia e a Moldávia;

• assistência material à Ucrânia e aos países vizinhos


através do Mecanismo de Proteção Civil da EU;

• 20 mil milhões de euros para apoiar os Estados


Membros que acolhem refugiados;

• 2,2 mil milhões de euros em assistência


macrofinanceira para promover a estabilidade;

• 2,5 mil milhões de euros para apoiar as forças


armadas ucranianas.

Além disso, a invasão russa da Ucrânia é responsável por um


efeito deletério nos mercados mundiais. Desde o início do
conflito, observa-se o aumento acentuado do preço das
mercadorias mundiais, sobretudo dos combustíveis. Evidencia-
se, ainda a incerteza quanto à segurança do fornecimento
energético para a Europa. A Federação Russa, que atualmente é
a principal fornecedora de combustíveis fósseis para a União
Europeia, suspendeu o fornecimento de gás a uma grande parte
dos Estados-Membros, o que incitou a reação rápida do bloco
para a garantia do fornecimento energético para a Europa.

A crise alimentar foi agravada pelo ataque da Rússia às culturas


e infraestruturas de transporte, uma vez que a Ucrânia teve sua
capacidade de exportação agroalimentar prejudicada.

22

Infografia 2 – Proteção temporária da UE


para pessoas deslocadas
Em março de 2022, foi colocada em pauta a necessidade urgente de eliminar progressivamente
a dependência da UE das importações de combustíveis fósseis da Rússia. Em uma reunião
extraordinária realizada em maio de 2022, os dirigentes da União Europeia analisaram os
esforços já realizados pelos Estados-Membros para reforçar a independência energética da UE
e apelaram para uma maior diversificação das fontes de obtenção de energia, para um
desenvolvimento acelerado da implantação das energias renováveis e para a melhoria da
interligação das redes energéticas. Por fim, houve um apelo para assegurar a resposta
mundial abrangente aos desafios em matéria de segurança alimentar.

Em junho de 2022, a reunião do Conselho Europeu determinou um ultimato à Federação


Russa para deixar imediatamente
de visar
instalações agrícolas e a
desbloquear
os portos do mar Negro, a fim de
permitir a exportação de cereais da
Ucrânia. Os dirigentes da UE
sublinharam que as sanções da UE
contra a Rússia permitem a livre
circulação de produtos agrícolas e
alimentares e a prestação de
assistência
humanitária.

Infografia 3 – Como a invasão da Ucrânia


pela Rússia agravou a crise alimentar
mundial

23
6. Descrição dos membros

6.1. Áustria - Karl Nehammer

Karl Nehammer, chanceler da Áustria, condena a agressão russa


contra a Ucrânia. O estado austríaco é neutro, tal status foi
consagrado em sua constituição, entretanto, o governante já
ressaltou que a neutralidade não se aplica a questões morais, “Somos
militarmente neutros, mas temos uma posição clara sobre a agressão
russa contra a Ucrânia”, afirmou o chanceler em seu twitter. O país
ofereceu à Ucrânia ajuda humanitária, equipamentos para proteção
de uso civil e abordou que deve ajudar onde ocorrem injustiças e crimes de guerra. Em
contrapartida a tentativa da imposição de novas sanções pela União Europeia, o chanceler
afirma que o embargo ao gás russo é impossível, tendo em vista que a República da Áustria e
outros países europeus são dependentes do fornecimento de gás natural russo – 80% das
importações austríacas dessa fonte de energia vem da Rússia – portanto, a Áustria já apresenta
planos para reduzir a dependência do gás natural russo e contornar essa situação.

6.2. Bélgica - Alexander De Croo

Alexander de Croo, primeiro-ministro da Bélgica, condena a


Rússia pela invasão na Ucrânia. O país é membro fundador da
OTAN e providenciou ajuda militar ao estado ucraniano, pelas
redes sociais o governante belga anunciou o envio de 2000
metralhadoras, 4000 toneladas de combustível e 200 armas
antitanques. Além disso, Alexander de Croo apoia pacotes de
sanções econômicas contra a Rússia, mas entende que outros
países europeus têm dificuldades com embargos econômicos. Na Bélgica, há cerca de 50 mil
refugiados ucranianos, mas esse número pode crescer até 80 mil com o segmento dos
conflitos, devido a esse fator, o setor imobiliário é inflacionado e, portanto, há uma grande
dificuldade de os refugiados ucranianos encontrarem e se estabelecerem em residências.

24
6.3. Bulgária - Kiril Petkov

Kiril Petkov, primeiro-ministro da Bulgária, condena a invasão russa e


apoia a Ucrânia. Após o início do conflito o governante búlgaro afirmou
que não havia possibilidade de providenciar ajuda militar no conflito,
após este pronunciamento dezenas de manifestantes protestaram contra
essa decisão. Por outro lado, o país se comprometeu a fornecer auxílio
humanitário à população ucraniana e acolher um grupo de combate de
infantaria sob ordens da OTAN. Há também uma emergência energética
na Bulgária proveniente desse conflito, 90% do gás natural importado
pelo país tem origem na Rússia e, em abril de 2022, a Bulgária teve seu
fornecimento de gás suspenso por se recusar a pagar a estatal russa,
Gazprom, em rublos.

6.4. Croácia - Andrej Plenković

Andrej Plenković, primeiro-ministro da Croácia, condena a


invasão russa liderada por Vladimir Putin, ele realizou a
afirmação: “este ataque é uma violação grosseira da
soberania da Ucrânia e do direito internacional. Esta é uma
responsabilidade exclusiva da Rússia, a quem apelamos para
parar imediatamente esse ataque militar”. O governo croata
enviou armas, coletes à prova de balas e R$92 milhões para
apoiar a Ucrânia. O país é membro da OTAN e apoia sanções
contra a Rússia, juntamente com o bloco da União Europeia.
Andrej Plenković afirmou
no parlamento europeu que os desafios atuais – guerra na
Ucrânia, crise energética e alimentar – devem ser enfrentados
com a mesma determinação e criatividade com que a União Europeia enfrentou a pandemia da
Covid–19.

25
6.5. Países Baixos – Mark Rutte

Os Países Baixos, também conhecidos como Holanda, configura


uma das principais nações da Europa Ocidental, sendo a fundadora
da União Europeia. Os Países Baixos são constituídos por uma
monarquia constitucional fortemente amparada no respeito às
práticas democráticas. Sua economia local é diversificada, sendo
referência em modernidade de infraestrutura e desenvolvimento. O
primeiro-ministro, Mark Rutte, prestou declarações afirmando o
apoio à Ucrânia “de todas as formas possíveis”, com ajuda
financeira robusta e envio de sistemas de artilharia. O ministro dos Negócios Estrangeiros do
país sugeriu, inclusive, a criação de um tribunal especial para julgar os crimes de guerra
cometidos durante a Guerra na Ucrânia.

6.6. República Checa - Petr Fiala

Petr Fiala, primeiro-ministro da República Checa, apoia a Ucrânia e


condena a invasão russa liderada por Vladimir Putin. No início do
combate o governo tcheco enviou R$45 milhões à Ucrânia, além disso,
foram mandados 4000 morteiros, 30000 pistolas, 7000 fuzis, 3000
metralhadoras e 1 milhão de munições para o conflito. Em abril, o Chefe
de Estado tcheco afirmou que seria impossível abandonar o gás natural
russo de imediato, já que 90% do hidrocarboneto consumido no país tem
origem russa. A República Checa, que exerce atualmente a presidência
do Conselho da União Europeia, elaborou uma proposta que oferece uma
série de isenções à meta vinculativa de usar menos gás, a tentativa é de
reduzir a dependência russa.

26
6.7. Dinamarca - Mette Frederiksen

Mette Frederiksen, primeira-ministra da Dinamarca, condena a invasão


russa na Ucrânia. Para ajudar no conflito, o governo dinamarquês
enviou 2700 armas antitanque e declarou que pode receber refugiados
ucranianos, o país também é membro da OTAN. No início de julho de
2022 a Dinamarca teve seu fornecimento de gás natural russo cortado,
isso ocorreu devido a recusa do pagamento em rublos pela maior
fornecedora de energia dinamarquesa, Ørsted, em contrapartida o CEO
da empresa afirmou que eles estão firmes na nossa recusa de pagar em
rublos, e tem se preparado para este cenário. Além disso, a Dinamarca é favorável aos pacotes
de sanções impostas à Rússia pela União Europeia e o país foi listado pelo governo russo
como um “estado não amigável”.

6.8. Estônia - Kaja Kallas

Kaja Kallas, primeira-ministra da Estônia, está apoiando a Ucrânia


nesse conflito. Ela acredita que o principal objetivo é acabar com a
guerra e evitar que ela se alastre ainda mais. Em uma entrevista disse
que é dever moral da UE dar uma perspectiva europeia e esperança
à Ucrânia, já que a esperança também dá força. Desde que a guerra
começou, o país acolheu 30.000 refugiados ucranianos. Por ter feito
parte da União Soviética, e ser vizinha da Rússia, a Estônia tem uma
parte população de língua russa e teme uma agressão russa. Dessa
forma, a primeira-ministra defende uma maior presença militar na
fronteira do país. Além disso, ela também acredita que é necessário continuar a aplicar sanções
sobre Putin e ter paciência estratégica para que as sanções tenham realmente efeito.

27
6.9. Finlândia - Sanna Marin

Sanna Marin, primeira-ministra da Finlândia, anunciou que apoia a


Ucrânia e irá fornecer assistência militar para o país. Segundo ela,
esta é uma decisão histórica, já que a Finlândia costuma ser neutra
e não exporta armas para zonas de conflito. No entanto, nesse caso
serão enviados 2.500 fuzis de assalto, 150.000 munições, 1.500
lançadores de granadas e 70.000 rações de campanha. Em 15 de
maio deste ano, o país solicitou adesão à Otan, o que acirrou as
tensões com a Rússia e fez com que Moscou interrompesse o
fornecimento de energia elétrica à Finlândia poucos dias depois, pelo fato de o país ter se
recusado pagar em rublos (a moeda oficial russa). 68% do gás natural consumido na Finlândia
em 2020 foi proveniente da Rússia, mas as importações desse gás representam apenas 3% do
mix total de energia utilizado pelo país nórdico.

6.10. França - Emmanuel Macron

O presidente francês, Emmanuel Macron, condenou a


decisão da Rússia de atacar a Ucrânia. No mês de junho, ele se
pronunciou dizendo que a Rússia não pode e não deve ganhar a
guerra e que as potências ocidentais apoiarão Kiev pelo tempo
que
for necessário, além de que elas estão prontas para intensificar as
sanções econômicas, a fim de atingir as exportações de energia
russas. A França disponibilizou 300 milhões de euros (R$ 1,6
bilhão) em equipamentos militares e combustíveis para auxiliar o
exército ucraniano. No entanto, as ameaças russas de cortar o gás
natural para a Europa podem prejudicar a França, uma vez que
24% do gás natural utilizado pelo país provém da Rússia. Apesar de se opor fortemente aos
ataques russos, tem mantido contato frequente com Moscou desde o início das invasões para
tentar conseguir alguma negociação, já que acredita que a França deve ser uma potência
mediadora. Macron afirma que o fim do conflito deve ocorrer por meios diplomáticos e que é
importante que a Rússia não seja humilhada. Para a França, a vitória deve ocorrer de maneira
integral, com a Ucrânia retomando o controle da Crimeia e de todas as áreas conquistadas
pelos russos.

28
6.11. Alemanha - Olaf Scholz

O chanceler alemão, Olaf Scholz, condenou a decisão do presidente


Vladimir Putin de travar uma guerra, que o europeu classificou
como muito brutal, imperialista e uma violação flagrante do direito
internacional. A Alemanha se comprometeu a sancionar as
importações de energia da Rússia e eliminar de forma gradual, em
vez de realizar um embargo instantâneo, uma vez que depende
fortemente do gás natural russo. Como parte das sanções, Scholz
suspendeu a autorização para o funcionamento do novo gasoduto
russo, o Nord Stream 2, que dobraria a quantidade de gás que sai
da Rússia diretamente para a Alemanha, contornando a Ucrânia. Mais de 40% do total de gás
consumido pelo país europeu provém de Moscou e essa fonte de energia é a segunda mais
importante da matriz energética alemã, representando 26,1% do total. Ainda que a participação
da Rússia nas importações da Alemanha tenha reduzido antes do início da guerra, ela é
extremamente prejudicada com a queda do fornecimento do gás russo, tendo declarado
oficialmente em junho que enfrenta falta desse recurso natural e que isso pode ter um impacto
global por ser a maior economia e potência industrial da UE e uma das maiores do mundo.
Portanto, esse cenário de corte de gás pode levar o país a uma desaceleração da economia e até
mesmo a uma recessão.

6.12. Grécia - Kyriakos Mitsotakis

Kyriakos Mitsotakis, primeiro-ministro da Grécia, tem uma política


pró-ocidente e apoia a Ucrânia, discordando da agressão feita por
Putin no conflito. Em março, a Grécia foi um dos primeiros países
ocidentais a mandar armas para Kiev. No entanto, esse é uma das
nações cuja população menos condena as ações russas, em
comparação às demais nações europeias. 53% dos gregos concordam
em aplicar sanções contra a Rússia, enquanto em outros países da
Europa a média é de 80%. Isso ocorre, pois a população tem laços
antigos com os russos e possuem uma crença de que a Rússia poderá
ajudá-los a reconquistar Constantinopla, que era a capital do império grego até 1453. Então,
percebe-se que o governo da Grécia foi contra a opinião pública.

29
6.13. Hungria - Viktor Orbán

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, afirmou que o


país não pretende se envolver no conflito do Estado vizinho e
não apoiará sanções propostas pela UE às importações de gás
russo, já que esses embargos prejudicam a economia da Hungria,
que depende de 85% das importações do gás natural da Rússia.
Além disso, Orbán afirmou que as sanções contra a Rússia não
funcionaram e que é preciso pensar em alternativas para resolver
o conflito, com uma nova estratégia baseada em um bom acordo
que busque a paz e não focando apenas em vencer a guerra. No
entanto, devido ao fato de o país estar disposto a comprar gás russo, pagando por eles em
rublos e o primeiro-ministro ter laços estreitos com o presidente da Rússia, a Hungria foi
acusada pela Ucrânia de estar ajudando Putin com a guerra.

6.14. Itália - Mario Draghi

O primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, afirmou apoiar à


Ucrânia e condenar a invasão russa. Desde 24 de fevereiro, com o
início do ataque, o italiano foi um dos líderes que mais apoiou a
imposição de sanções contra Putin pois acredita que é importante
levar Moscou para a mesa de negociações. Em maio, o primeiro
ministro disse que um cessar-fogo deve ser alcançado o mais rápido
possível. Como apoio à Ucrânia, Draghi anunciou que a Itália
fornecerá material e equipamentos militares, além de promover
uma ajuda de 110 milhões de euros (123 milhões de dólares) para o governo ucraniano. Ao
mesmo tempo, ele sofre pressão do parlamento para não enviar mais armas à Ucrânia e focar
em negociações de paz, já que a Itália já mandou duas remessas de equipamentos militares a
Kiev desde o início da guerra.

30
6.15. Letônia - Krišjānis Kariņš

O primeiro-ministro da Letônia, Arturs Krišjānis Kariņš,


condena a invasão russa na Ucrânia e está certo de que a UE deve
parar com as importações de energia da Rússia e sancionar o gás
para levar Vladimir Putin à mesa de negociações e parar a guerra.
Apesar disso, a Letônia é extremamente dependente do gás natural
russo, importa 93%, podendo ser fortemente prejudicada com as
sanções. Por ser uma nação que fez parte da União Soviética e ter
se juntado à Otan anos mais tarde, fazer fronteira com a Rússia e ter
cerca de 34% da população utilizando a língua russa, a Letônia teme
uma agressão russa, o que fez com que o país báltico restabelecesse o serviço militar
obrigatório.

6.16. Lituânia - Gitanas Nausėda

A Lituânia, integrante dos Países Bálticos, foi o primeiro país a se


desvincular da União Soviética, com retirada completa das tropas
russas em 1993. A economia do país apresenta desenvolvimento e
fortalecimento anual, com crescimento significativo do PIB.
Desde sua ruptura com a União Soviética, a Lituânia pretende
diminuir seus laços econômicos e políticos com a Rússia,
integrando a União Europeia e a Otan. Em junho de 2022, a Rússia
ameaçou punir a Lituânia com medidas de “sério impacto
negativo”, após o bloqueio de alguns embarques ferroviários para
Kaliningrado. Todavia, a Lituânia afirma que tal medida de fechamento da rota para transporte
de aço e outros metais ferrosos está incluída no pacote de sanções da União Europeia. A
Rússia acusa a Lituânia de violação de acordos internacionais, mas a primeira-ministra lituana
responde, afirmando que a Federação Russa violou “possivelmente todos os tratados
internacionais”.

31
6.17. Polônia – Mateusz Morawiecki

A Polônia possui destaque no que tange a economia, sendo uma das 10


maiores economias da Europa. Seu PIB possui crescimento superior a
3% ao ano, com a maior fatia do PIB situado no setor terciário. Moscou
afirma já ter causado a morte de quase 80
combatentes poloneses em bombardeios no leste da Ucrânia. O
fluxo de poloneses em direção a Ucrânia já superou o fluxo de saída
dos ucranianos para a Polônia, em uma movimentação solidária aos
ucranianos, como afirma o próprio presidente Andrej Duda: “Somos
vizinhos da Ucrânia não apenas literalmente, mas também no sentido
da história comum e da compreensão da situação”.

6.18. Portugal – António Costa

Portugal é um país localizado no extremo oeste europeu, cuja economia


situa-se principalmente no setor terciário, especialmente em atividades
do ramo financeiro e turismo. Durante a guerra, Portugal recebeu
milhares de pedidos de proteção temporária oriundos de refugiados da
Ucrânia e, atualmente, a comunidade ucraniana tornou-se a segunda
maior de Portugal. O número de cidadãos provenientes da Ucrânia no
país é maior que 45 mil pessoas. Mesmo assim, Portugal afirma possuir
capacidade de absorção muito além da situação atual, detendo ainda
mais de 10 mil empregos disponíveis em diferentes setores em Portugal para refugiados
ucranianos.

6.19. Romênia - Klaus Werner Iohannis

A Romênia está localizada na porção sudeste do continente


europeu, e possui fronteira ao norte com a Ucrânia. Possui Índice
de Desenvolvimento Humano alto, ocupando o 50º lugar no
ranking mundial. Sua economia, após décadas sob regime
comunista, está em processo de modernização, com principais
setores industriais o têxtil, mecânico e químico, e grande
potencial hidrelétrico e de reservas minerais. A Romênia foi um
dos países que mais recebeu refugiados ucranianos, e a
solidariedade do país com a Ucrânia é palpável. Todavia, pode ser

32
um desafio para a nação abarcar esse volume elevado de refugiados, devendo contar, então,
com o apoio de outros Estados-Membros da União Europeia.

32
6.20. Eslováquia – Eduard Heger

A Eslováquia é um país centro-europeu cuja economia é, em


grande parte, desempenhada por meio da produção industrial
de automóveis e equipamentos eletrônicos, e por meio das
exportações. O primeiro-ministro da Eslováquia, Eduard
Heger, afirma que a Eslováquia será o próximo país alvo da
Rússia caso a Ucrânia seja derrotada na guerra. O líder urge
para que os outros países da União Europeia interrompam a
importação de gás russo, além de que o bloco facilite a entrada
da Ucrânia e de outros países dos Bálcãs Ocidentais.

6.21. Espanha – Pedro Sánchez

A Espanha representa um importante centro cultural europeu,


representando uma das maiores economias da Europa. Em sua
economia, evidencia-se as atividades turísticas, o comércio e a
indústria de transformação. Em maio de 2022, o primeiro
ministro Pedro Sánchez reafirmou a necessidade de
condenação de Vladimir Putin sem reservas pelas atrocidades
na guerra na Ucrânia. Além disso, ressalta a importância da
Otan no apoio à Ucrânia, sendo capaz de conter a invasão russa
há mais de três meses. Desde janeiro, a Espanha contribui para
a defesa contra a invasão russa com envio de navios de guerra
no Mediterrâneo e no Mar Negro e com envio de outras unidades bélicas, apesar de já ter
declarado que sua preferência seria por uma resposta exclusivamente diplomática.

33
6.22. Suécia – Magdalena Andersson

A Suécia é um país situado no norte da Europa, conhecida por


sua elevada qualidade de vida e renda média de seus cidadãos,
além de economia altamente desenvolvida centrada no setor de
serviços e na indústria de precisão. Durante toda a Guerra Fria,
suecos e finlandeses mantiveram uma política de neutralidade,
desde 1945. Contudo, a condenação do ataque russo à Ucrânia
motivou a apresentação, em maio de 2022, pedidos formais da
nação de adesão à Otan. Em junho de 2022, as Forças Armadas
da Suécia já praticam como defender a ilha de Gotland, no Mar
Báltico.

34
7. Referências bibliográficas

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