Você está na página 1de 23

Carta do Secretariado

Estimados delegados e delegadas.

É com muita honra que tomamos a posição de secretariado V Modelo das Nações
Unidas dos Colégios Militares, com a difícil missão de introduzir esse evento, a nós tão caro,
depois de dois anos de pandemia e para um público completamente novo. Nos perguntávamos:
como iremos apresentar, a essência do universo das simulações, que moldou tão profundamente
o nosso desenvolvimento humano e acadêmico, agora face a face para as novas gerações que,
até então, o conheciam através das telas de computadores? Por sabermos da importância e do
significado da MundoCM, dessa oportunidade de reunirmos jovens de todo o Brasil para
fomentar o estudo da diplomacia e das relações internacionais, dedicamos todo o nosso amor,
disposição e o nosso tempo para formular a melhor experiência possível nos próximos 5 dias.
Não foram poucos os desafios para criar, construir e trazer à vida esses 12 comitês, uma
árdua tarefa que só entenderemos como cumprida ao contemplarmos o sorriso e a satisfação no
rosto de cada um de vocês nos corredores, durante as sessões e, principalmente, na troca de
conhecimento, cultura e mentalidade com pessoas de todo o país, em um esforço conjunto de
aprendizado, cidadania e camaradagem. Desejamos que onde quer que estiverem, no Gabinete
da Guerra Indo-Paquistanesa, nas Cortes Extraordinárias dos Tribunais do Camboja, na
Administração Transitórias das Nações Unidas no Timor Leste, no Conselho de Paz e
Segurança da União Africana, na União Internacional de Patinação, no Special Political and
Decolonization Committee, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, nas Reuniões do
Tratado de Redução de Armas Estratégicas, na Comunidade do Pacífico, no Comitê das Nações
Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Sideral, na Cooperação Econômica Ásia-Pacífico ou na
Agência de Comunicação, tenham a oportunidade de aprender, se divertir e construir amizades
as quais levarão para a vida inteira.
Mais que isso, trabalhamos com afinco para possibilitar, a todos, um local de reflexão
acerca do que as simulações trazem de melhor: o aprimoramento do senso crítico em uma
perspectiva dinâmica e didática para a assimilação de conhecimentos adquiridos na vida escolar
e, assim, a sua aplicação prática na realidade. Dessa forma, carregamos conosco o símbolo
máximo dessa atividade: a formação de novos cidadãos do mundo, cientes de seu papel na
sociedade contemporânea para que o exerçam satisfatoriamente considerando valores de
cidadania, fraternidade e respeito. Ao trazermos o debate de temáticas de impacto global,
esperamos tocar a consciência de cada um para pensarmos, sob outra perspectiva, as
problemáticas vividas em nosso cotidiano. Só assim seremos capazes de viver em uma
democracia plural e harmônica, a partir do exercício individual de formação de opinião e
participação ativa no processo sociopolítico de nossas cidades, estados e países.
Finalmente, é a partir da difusão desses ensinamentos que consideraremos a nossa
verdadeira e mais importante missão enquanto ex-alunos do Sistema Colégio Militar do Brasil:
a preservação e a memória dos ideais defendidos pela MundoCM e do que eles representam
para nós e a todos aqueles que constroem essa nova visão de mundo. Esperamos, assim, que
essa troca de conhecimento entre as gerações futuras e passadas possa garantir o “passar de
uma tocha” para futuras edições da MundoCM e do Desafio Global do Conhecimento possam
ampliar o culto à união e à integração do sistema a partir dos indissociáveis laços de
camaradagem e espírito de corpo por muitos e muitos anos. A todos os delegados, saibam que,
para fazermos um país melhor, mais equânime e mais justo, precisamos assumir posições de
liderança, cultivar uma mentalidade de conscientização social e apurar nossas habilidades
interpessoais, como criatividade, cooperação, comunicação e negociação, com foco na
resolução de problemas. Tenham uma excelente simulação!

Honrosamente,

André Távora, Raquel Sarubbi e João Vitor Zaidan,

Secretários Acadêmicos da V MundoCM.


Carta da Diretoria

Caros delegados e delegadas,

Com muita honra e felicidade, nós assumimos a posição de diretores no comitê da


Asian-Pacific Economic Cooperation. É essencial, em tempos atuais de tamanhas discussões e
a ascensão de economias em diversas localidades ao redor do globo, termos em mente a
capacidade de discernir nossas prioridades e a habilidade de discutir nossas ideias. As
prioridades, para sabermos com o quê contribuir e nossas ideias, para transformar o mundo em
que vivemos.

É preciso estarmos cientes diante problemáticas que aparentam estar tão distantes de
nós, mas que em realidade nos afetam mais profundamente do que imaginamos. Nessa visão, é
entregue para vocês, delegados, a responsabilidade de trabalhar intensamente para construir
uma resolução abrangente e diplomática. Este guia, produzido com a motivação de fornecer
informações primordiais e, efetivamente, guiá-los, contém material essencial para o início de
estudos, cabendo aos senhores a busca mais precisa e aprofundada.

Não devemos pensar, de outro modo, que ao discutir tais problemáticas globais e
econômicas estamos nos afastando da realidade brasileira. Na construção de novas soluções e
na inclusão de inúmeras nações que não costumam estar presentes em nossa rotina, amplia-se
nossa visão pessoal e acadêmica. Não apenas, mas também se amplia a capacidade de
discutirmos problemas de nosso país, abraçamos a habilidade de construir um país digno de
chamarmos de nosso.

É nesse intuito que estaremos juntos, preparados para debater e entrelaçar propostas de
inúmeras vertentes, buscando a solução mais diplomática e abrangente. Esperamos que os
senhores apreciem o guia, do mesmo modo como esperamos o preparo individual e capacitado
de cada um. Desejamos, por fim, uma ótima leitura e ótimos estudos, até breve!

Cordialmente,

Diretores da APEC
SUMÁRIO
1. Introdução ......................................................................................................................... 6
2. A Cooperação Econômica da Ásia e Pacífico ................................................................. 7
3. Disputa Hegemônica com os Estados Unidos ................................................................. 9
4. A Iniciativa do Cinturão e Rota ..................................................................................... 11
5. Posição dos Blocos .............................................................................................................. 13
5.1. República Popular da China .......................................................................................... 13
5.2. Estados Unidos da América ........................................................................................... 14
5.3. Comunidade da Austrália .............................................................................................. 14
5.4. Estado de Brunei Darussalam ........................................................................................ 15
5.5. Canadá ........................................................................................................................... 15
5.6. República da Indonésia .................................................................................................. 15
5.7. Estado do Japão ............................................................................................................. 16
5.8. República da Coreia (Coreia do Sul) ............................................................................. 16
5.9. Federação da Malásia .................................................................................................... 17
5.10. Nova Zelândia.............................................................................................................. 17
5.11. República das Filipinas ................................................................................................ 17
5.12. República de Singapura ............................................................................................... 18
5.13. Reino da Tailândia ....................................................................................................... 18
5.14. República da China (Taiwan) ...................................................................................... 19
5.15. Hong Kong .................................................................................................................. 19
5.16. Estados Unidos Mexicanos .......................................................................................... 19
5.17. República do Chile ...................................................................................................... 20
5.18. Estado Independente da Papua-Nova Guiné ............................................................... 20
5.19. República do Peru ........................................................................................................ 21
5.20. Federação Russa .......................................................................................................... 21
5.21. República Democrática do Vietnã ............................................................................... 22
6. Referências ....................................................................................................................... 22
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

1. Introdução
Desde o início do século, a China vem se preparando para se tornar a maior potência do
mundo. Não há certeza de que isso vai se concretizar, mas é fato que o governo chinês vem
tomando diversas ações de maneira a construir condições para que essa pretensão realmente se
torne realidade entre o médio e o longo prazo. Para compreender o pensamento político do país,
é válido buscar a filosofia e historiografia chinesas. Para os chineses, o período entre os séculos
XIX e XX é chamado de século da vergonha, já que nesse período houve a colonização de
partes do território chinês pela Inglaterra e Japão, além de guerras disputadas contra esses e
outros países. Em contrapartida, o período recente seria quando a nação resplandecer-se-á e
liderará o mundo. Para isso, princípios confucionistas não podem ser esquecidos, tais como a
paciência. As medidas são paulatinas e vão construindo o que é desejado aos poucos, até que
se chegue ao resultado.
A Iniciativa do Cinturão e Rota (também conhecida por Belt and Road Initiative, a sigla
BRI, ou ainda Nova Rota da Seda) é um dos principais esforços empreendidos pela China no
estabelecimento de áreas de influência, algo essencial para a construção de uma posição
hegemônica. Um ponto importante é que o país, ao menos por ora, integra-se ao sistema
econômico neoliberal que funciona desde o fim da Guerra Fria, como pode ser percebido com
o discurso do presidente chinês, Xi Jinping, no Fórum Econômico Mundial, em 2017, como
pode ser visto em Almeida (2017). Nele, pode-se notar que, embora haja críticas a elementos
do sistema econômico mundial, não se expõe uma tentativa de modificá-lo.
Nesse sentido, a BRI consiste em usar o “dinheiro”, mais especificamente empréstimos
e investimentos em infraestrutura em favor da China. Países carentes, muitos do continente
africano, recebem quantias emprestadas, bem como são palco de projetos executados por
empresas chinesas, de modo a constituir uma rede internacional de comércio, tal qual a antiga
rota da seda. Apesar de ter um lado positivo para os receptores, é válido observar que essa
Iniciativa tem um potencial bastante negativo, como pode ser visto na tomada de um porto no
Sri Lanka em razão do não pagamento de quantias devidas. Também é importante notar a
complexidade do aparato burocrático da China, que conta com instituições, conselhos e
diversos bancos que executam as operações financeiras e analisam suas implicações políticas e
estratégicas.
Assim sendo, os delegados da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, fórum que é a
culminância desses processos de cooperação internacional no espaço pacífico, deverão discutir

6
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

as minúcias do BRI e questionar a representação da China sobre as intenções do país. Mais do


que isso, deve-se estudar as aplicações práticas, ou seja, todos as nações que publicamente
integram a Iniciativa do Cinturão e Rota, em que estado se encontram e o impacto que teve o
projeto em suas infraestruturas, capacidades produtivas, além de se suas autonomias decisórias
foram mantidas.

2. A Cooperação Econômica da Ásia e Pacífico


A Cooperação Econômica da Ásia e Pacífico (APEC em inglês) teve seu início a partir
de encontros informais entre apenas doze de seus atuais vinte e um membros após ser
inicialmente abordado pelo então primeiro ministro da Austrália no início de 1989, sendo
oficialmente fundado dez meses depois (COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E
PACÍFICO, 2021). Durante a década de 1990, o órgão passou a se comprometer com reuniões
anuais e formais, arquitetando planos de ações e seus primeiros passos para promover o
desenvolvimento econômico da região, atingindo o total de vinte e um membros em 1998 com
a entrada do Peru, da Rússia e do Vietnã (COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E
PACÍFICO, 2021).
Pode-se destacar algumas das reuniões anuais feitas até o momento, sendo estas: (i)
Sidney, Austrália (2007), onde foi feito pela primeira vez uma declaração do órgão a respeito
da mudança climática, segurança energética e desenvolvimento sustentável e (ii) Beijing, China
(2014), marcado pelo início de ações concretas e mais efetivas para a integração econômica da
região a partir de projetos como uma área de livre troca (FTAAP no original em inglês) e no
incentivo da inovação nos países (COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E PACÍFICO,
2021). A partir dessas informações iniciais sobre a organização, é possível compreender seu
funcionamento base e algumas de suas problemáticas abordadas, permitindo uma visão mais
detalhada de seus objetivos e como esses são buscados.
Sendo um fórum econômico criado no fim da década de 1980, seu objetivo primordial
é criar uma maior prosperidade para as pessoas dessa região a partir da promoção de um
crescimento balanceado, inclusivo, sustentável, inovativo e seguro, assim como a aceleração
da integração econômica regional (COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E PACÍFICO,
2021). Nesse sentido, a APEC possui importante papel na construção econômica da região ao
ser o principal órgão promotor de políticas de integração e interdependência econômica.
O alinhamento de regulamentos e padrões de fiscalização de bens e serviços, assim
como a sincronia dos sistemas regulatórios (COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E

7
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

PACÍFICO, 2021) é um exemplo de como a integração econômica é realizada, uma vez que
incentiva maior circulação de bens e serviços entre os membros da região. Além disso, a APEC
age fortemente em outras duas áreas, sendo estas: Comunidades regionais e mudança climática.
O órgão fornece, desse modo, treinamentos de conhecimento digital para as comunidades rurais
e auxilia as comunidades indígenas a exportarem seus produtos; ainda, a APEC tem
implementado iniciativas para uma maior eficiência energética, promovendo a sustentabilidade
dos recursos das florestas locais e do mar (COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E
PACÍFICO, 2021).
Diferente da maioria dos órgãos globais, todas as economias da APEC possuem o
mesmo poder de voto dentro das decisões, sendo estas alcançadas pelo consenso entre as nações
e, havendo ação individual e mútua pelas nações a fim de promover os projetos decididos pela
organização (COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E PACÍFICO, 2021). Um dos
principais aspectos nos projetos da organização está no incentivo da utilização de tecnologia
nas pequenas e médias empresas (COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E PACÍFICO,
2021), fomentando, dessa forma, a inovação nas regiões menos desenvolvidas das nações
integrantes do órgão. Consequentemente, isso engrandece o objetivo da APEC de alcançar o
desenvolvimento sustentável e equilibrado entre todos os seus países membros, agindo de modo
abrangente ao abarcar políticas mútuas.
Por fim, agora entendido os principais objetivos e alguns dos procedimentos realizados
pela APEC, outro importante aspecto a ser conhecido é sobre sua estrutura.
Figura 1: Estrutura da APEC

Fonte: APEC (2007)

8
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

Nesse sentido, os grupos que pertencem ao nível referente ao planejamento do órgão se


reúnem uma vez por ano com diferentes atribuições. A reunião dos líderes de Estado é
encarregada de determinar a agenda da organização, classificando suas prioridades
(COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E PACÍFICO, 2021). Após essa instância maior,
são realizadas reuniões em três diferentes divisões: (i) Conselho Consultivo de Negócios; (ii)
Reunião Ministerial e (iii) Reunião Ministerial Setorial. A primeira tem como objetivo fornecer
opiniões e conselhos na perspectiva de negócios e empresas para a APEC, a segunda é realizada
logo antes da reunião dos líderes de Estado, onde os ministros das finanças e/ou economia
fazem suas considerações e fazem recomendações a seus chefes de Estado; por fim, a Reunião
Ministerial Setorial é feita regularmente e trata dos outros temas, como educação, saúde e
cooperação tecnológica (COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E PACÍFICO, 2021).
Nos grupos referentes ao nível prático, é onde são discutidos os planos de ação para
efetivar os planejamentos da organização, assim como observar a facticidade dos objetivos
estabelecidos pelos ministros e chefes de Estado. Todos os assuntos aqui abordados foram
feitos visando a melhor compreensão dos atributos essenciais da APEC. Logo, é notório a
importância da organização na realidade da região Ásia-Pacífico, abordando uma vasta gama
de temas em todos os seus níveis, promovendo o desenvolvimento para seus países membros
através do diálogo e planejamento a longo prazo.

3. Disputa Hegemônica com os Estados Unidos


A fim de compreender a disputa hegemônica entre a China e os Estados Unidos,
necessita-se de uma breve introdução de conflitos antigos e seu papel na história. O percurso
da história, influenciado pelo contexto do local e do tempo, testemunhou muitas hegemonias
de diferentes nações, moldando o futuro da humanidade. Assim, abordar-se-á alguns exemplos
de soberanias hegemônicas em seu tempo e o confronto levantado por outra.
Durante o século XIX, especialmente em sua segunda metade após a revolução de 1848,
o Império Britânico detinha uma enorme capacidade não apenas militar, mas econômica. Essa
capacidade era demonstrada no controle feito em suas colônias, nos acordos que possuía com
demais países e na influência imposta ao globo (HOBSBAWM, 2012). A esfera que o Império
Britânico agia, portanto, transcende seus limites territoriais e abarcava outros países ao servir
como modelo para esses. O conjunto dessas ações e consequências pode ser classificado como
uma hegemonia.
9
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

Entretanto, é importante ressaltar que a ocorrência de uma hegemonia não caracteriza


controle absoluto pela mesma, assim como a não existência de resistência e outras possíveis
influências. Daí surgem alguns conceitos, como unipolar e bipolar, que se ajustam à relação
entre os países e suas influências sobre os demais. No exemplo citado acima foi citado a
hegemonia britânica no século XIX, mas é errado dizer que não houve confronto e outras
influências, como o caso das instituições francesas consequentes de sua revolução em 1789
(HOBSBAWM, 2012). Logo, uma hegemonia pode ser qualificada como o domínio em
diferentes esferas, militar e econômica por exemplo, sobre outros territórios.
A partir dessa introdução sobre o conceito primordial e um exemplo de sua ocorrência,
observa-se o cerne da discussão, analisando seu início datado desde o fim da segunda guerra
mundial. A construção da hegemonia estadunidense é extremamente vasta, requerendo um
estudo profundo sobre sua formação e suas características, consequentemente, é priorizado aqui
seu domínio já consolidado1. Desde o início do século XXI, entretanto, uma nova força
dominante passa a crescer e confrontar a hegemonia estadunidense, é nessa relação que o foco
desta pesquisa é posta.
O embate entre as duas políticas externas dá-se em variadas vertentes, concentrando-se
especialmente na influência econômica e áreas de proteção. Nesse sentido, o planejamento da
China é preservar a paz no sul asiático ao mesmo tempo que permite uma estabilidade nas
relações sino-americanas (LAYNE, 2008). Ainda de acordo com Layne, essa estratégia tem
como cerne a manutenção de uma coexistência, permitindo que a nação chinesa possa crescer
em termos econômicos e militares para um futuro embate mais direto.
Entretanto, isso não significa que o futuro está certo e o conflito entre as nações irá se
intensificar. A dinâmica entre uma política de coexistência e contenção, estratégias bem
definidas por Laynes, é responsável pelas principais consequências do embate entre ambas as
potências. Assim, enquanto no momento atual possa haver uma política de coexistência, não
necessariamente pacífica, há possibilidade de se transformar em contenção caso surja
necessidade por algum dos lados.
Além disso, a existência de uma pressão sobre as infraestruturas globais surge como
outra consequência da disputa hegemônica entre os Estados Unidos e a China. Ainda que a
pressão não seja unicamente realizada pela China, sua ascensão militar e econômica envolve
demais nações, desenvolvendo-as e permitindo que essas também busquem reformas

1
Para compreender mais a fundo a formação da hegemonia estadunidense e a disparidade de pensamento sobre o
conceito entre os pensadores de ambas as nações, ver Chinese Views of US Hegemony, Samantha Blum.

10
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

institucionais (AMIN, 2006). Essas reformas institucionais são um dos principais resultados
dentro da formação de um mundo multipolar, estando elas localizadas nos órgãos mundiais,
como a ONU, FMI, entre outros.
Entretanto, deve-se estar atento para uma importante característica das propostas de
reformas feitas pelas nações dentro das instituições globais. A mudança da configuração da
instituição é uma consequência da aprovação da reforma, não sendo seu objetivo principal. Seu
objetivo, portanto, é aumentar o poder de influência da nação que a defende, fortalecendo seu
desenvolvimento e permitindo maior força de negociação naquele órgão. Essa distinção é
primordial para compreender o movimento natural no sistema global. Uma vez que a nação se
desenvolve e passa a ocupar uma posição de influência no cenário mundial, passa a buscar
maior espaço nas instituições internacionais a fim de permitir seu progresso.
Essa é uma das razões pela qual há tanta dificuldade na aprovação de reformas em
instituições globais. Porém, para o economista Samir Amin, a ONU, principal órgão de caráter
internacional, deve prosseguir com uma série de reformas que a permitissem lidar com as
problemáticas sem enfrentar empecilhos, como a ascensão de uma soberania como nova
potência global. Caracterizado como “renascimento da ONU”, as propostas abordam pontos
estruturais de debate da organização, interpretação do direito internacional e o papel militar da
ONU em territórios de conflito.
Por fim, a disputa hegemônica possui diversas outras consequências indiretas em todas
as regiões do globo, tendo sido abordado aqui as principais estratégias feitas pelas nações e o
debate dentro de reformas dentro das instituições. Deve se ter em mente que as reformas podem
ser interpretadas de outras maneiras, aqui sendo abordado como uma consequência do
surgimento de novas potências econômicas e militares. Não é possível determinar, ainda, se há
um vencedor na então disputa, ou até mesmo se haverá um. A competição por uma hegemonia
global, como realizado por outras nações em séculos passados, continua a gerar uma série de
benefícios e malefícios para inúmeros países.

4. A Iniciativa do Cinturão e Rota


A Iniciativa do Cinturão e Rota (também conhecida por Belt and Road Initiative, a sigla
BRI, ou ainda Nova Rota da Seda) é um dos principais esforços empreendidos pela China no
estabelecimento de áreas de influência, algo essencial para a construção de uma posição
hegemônica. Um ponto importante é que o país, ao menos por ora, integra-se ao sistema
econômico neoliberal que funciona desde o fim da Guerra Fria, como pode ser percebido com

11
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

o discurso do presidente chinês, Xi Jinping, no Fórum Econômico Mundial, em 2017, como


pode ser visto em Almeida (2017). Nele, pode-se notar que, embora haja críticas a elementos
do sistema econômico mundial, não se expõe uma tentativa de modificá-lo.
A iniciativa é uma ratificação da mudança de entendimento da República Popular da
China (RPC) sobre o espaço geográfico que constitui sua política regional. Iniciada em 2013
pelo atual líder chinês Xi Jinping, a iniciativa, inicialmente focada na construção de
infraestrutura e no estímulo aos investimentos internacionais, se ramificou para diversas áreas
das economias as quais abrange. Até o momento, o BRI compreende mais de 100 países,
abrangendo mais de 62% da população mundial, 30% do PIB global e 75% dos recursos
energéticos disponíveis (THE WORLD BANK, 2019). Não seria incorreto afirmar que ela se
tornou a principal política externa da administração de Xi Jinping.
A BRI estabelece uma conexão diplomática e econômica com os países-alvo por meio da
conexão entre vários eixos centrados na China. O Cinturão Econômico teria como foco o
estabelecimento das seguintes conexões: entre a China, a Ásia Central, a Rússia e a Europa;
entre a China, o Golfo Pérsico e o mar Mediterrâneo; e entre a China e o Sudeste Asiático, a
Ásia Meridional e o oceano Índico. A Rota da Seda Marítima foi projetada visando articular a
costa chinesa em direção à Europa, perpassando o Mar do Sul da China e o oceano Índico, além
do sul do Pacífico, também através do Mar do Sul da China (NDRC, 2015).
Desde 2013, já são mais de US$ 755 bilhões em investimentos dos países que aderiram
formalmente à iniciativa chinesa. Entre 2014 e 2019, a combinação de investimento estrangeiro
direto (IED) e contratos de construção somou, invariavelmente, mais de US$ 100 bilhões
anuais, chegando ao pico de US$ 127,47 bilhões em 2015. A iniciativa possui cinco principais
eixos de atuação: 1) comunicação; 2) conectividade (infraestrutura de transporte); 3) aumento
dos fluxos monetários; 4) facilitação do comércio e 5) migração, visando à criação de uma área
de cooperação que se estende desde o Pacífico Oeste indo até o mar Báltico (SARVÁRI e
SZEIDOVICZ, 2016).
Por fim, embora tenha surgido como um plano para a construção de infraestrutura através
da Eurásia, a Belt and Road Initiative é um amplo conceito para se compreender a posição da
China no sistema internacional, sobretudo na condução de suas relações com outros países
emergentes. Portanto, mais do que um plano específico, a BRI tornou-se uma nova forma,
concreta, de compreensão das Relações Internacionais da China com o Sul Global. É possivel
concluir também que a BRI tem objetivos diversos dependendo da região onde esteja sendo
executada. A forma de atuação e os objetivos da China na África, por exemplo, não serão os
mesmos que na Europa Oriental ou na América Latina, por exemplo. A estratégia
12
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

geoeconômica da China inclui a compra de empresas estrangeiras, adquirindo


consequentemente a sua tecnologia, além de setores de pesquisa e desenvolvimento; como se
observa de forma mais significativa na Europa (BLACKWILL; HARRIS, 2016). Pode-se
resumir o objetivo da atuação da China em 6 principais pontos: 1) pode ser resource seeking,
buscando recursos naturais necessários para a manutenção do seu desenvolvimento econômico,
2) pode visar o posicionamento estratégico em setores econômicos de diferentes países; 3)
significa inserção em mercados de porte e/ou que estejam em expansão; 4) implica a aquisição
e desenvolvimento de tecnologia; 5) contribui para diferentes aspectos do poder nacional e
consecução de interesses de Estado; 6) fortalece parcerias estratégicas com países de diversas
regiões através da cooperação.
Assim sendo, a BRI é, de maneira resumida, a epítome da política externa de um país que
quer se afirmar e dominar o seu espaço internacional adjacente. Se a influência da China nesses
países será positiva ou negativa tanto para a economia interna quanto para os demais parceiros
econômicos desses países, inseridos em seus respectivos eixos; cabe à ótica do analista que as
estuda. É evidente que uma maior influência chinesa será causa direta do decréscimo da
influência de outras grandes potências, como o Ocidente, nos países-alvo de atuação do dragão
asiático. Não é consenso se a iniciativa será capaz de fazê-los diversificar suas economias ou
será apenas mantenedora de suas posições subjacentes aos interesses de uma grande potência
internacional. Se o futuro desses países será conturbado ou pacífico; recessivo ou próspero,
pacífico ou turbulento; não se sabe. Mas ele certamente será um pouco mais chinês.

5. Posição dos Blocos

5.1. República Popular da China


A delegação chinesa é, sem dúvidas, o pivô do debate. Antes de tudo, vale ressaltar um
ponto importante para que se entenda a modulação do discurso chinês em meio ao comitê:
discutir esse tema não interessa à China. Não é interessante para o país que o mundo pare para
refletir se um programa de parceria do país tem riscos ou se é mais do que um programa de
parceria e investimentos. Nesse sentido, a ideia é atravancar as discussões, tornando-as algo
pouco produtivo, de modo a abafar qualquer sugestão de que a Iniciativa do Cinturão e Rota
não seja benéfica para todos.
Para isso, a delegação pode lançar mão de argumentos baseados no questionamento ao
atual sistema financeiro, afirmando que está oferecendo uma opção melhor, tendo como foco
13
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

os países em desenvolvimento. Dessa forma, a China também deve questionar os EUA,


lembrando dos países que entraram em contratos de dívidas impagáveis com o Fundo
Monetário Internacional, inclusive chamando esses empréstimos de “armadilha da dívida”.
Também é possível ressaltar os benefícios que os países estão recebendo com a iniciativa, como
investimentos em infraestrutura e demais melhorias, evitando tópicos como a tomada de um
porto no Sri Lanka pela falta de pagamento de parcelas do empréstimo.

5.2. Estados Unidos da América


Em contraste com a República Popular da China, os Estados Unidos da América se
encontram em posição de desafiador para com a Rota da Seda. Incluindo aqui as considerações
feitas sobre a disputa hegemônica entre as nações, a competição econômica prevalece nos
interesses dos Estados Unidos da América, que deseja competir com o atual planejamento
chinês. Nesse sentido, a nação busca construir mais pontes de comércio entre as nações ao redor
do globo, incluindo a formação de novos blocos militares com países em posições estratégicas.
Análogo a isso, apesar da inflação que prejudica o surgimento de novos investimentos
em infraestrutura, máquinas e demais fatores de produção, os Estados Unidos continuam a
realizar investimento em países amigos. Entretanto, deve-se ressaltar-se os atuais gastos e
auxílios feitos para a nação ucraniana, que tem exigido dos Estados Unidos uma atuação
constante, assim como militar e econômica. Por fim, sua posição diante a nova Rota da Seda se
concentra no desejo de estabelecer novas conexões e fortalecer as já existentes, competindo
diretamente com o fim de manter seu poderio econômico e militar.

5.3. Comunidade da Austrália


A posição da Comunidade da Austrália diante o cenário global tem crescido nos últimos
anos, principalmente com os conflitos comerciais com a nação chinesa, deteriorando a relação
entre ambos. Assim, não sendo parte da nova Rota da Seda, a Austrália tem tido a
responsabilidade de manejar a instabilidade a fim de não gerar demais conflitos na região da
Oceania. Paralelamente, a integração com a posição geopolítica estadunidense tem se aflorado
nos anos recentes, intercalando a economia de ambos e criando uma barreira da influência no
continente.
Além do cenário econômico, a Austrália também tem integrado projetos de defesa
nacional e de escopo internacional. Os interesses da Comunidade da Austrália se centram, nesse
cenário, na construção de novas propostas para a região oceânica e na proteção de sua economia
diante da expansão global da iniciativa da Rota da Seda. Portanto, a partir da diplomacia e do

14
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

diálogo, a Austrália abarca uma grande economia capaz de manter posição de liderança e
incentivar demais projetos internacionais junto de seus aliados.

5.4. Estado de Brunei Darussalam


Integrante da iniciativa da nova Rota da Seda e localizado no entorno do mar do sul da
China, o Estado de Brunei Darussalam possui planejamento macroeconômico estável, apoiado
em objetivos similares com o planejamento da Rota da Seda, fato que levou à sua aderência.
Ainda, o Estado vê enormes vantagens no recebimento de investimentos externos, uma vez que
sua posição e dimensão geográfica dificultam um crescimento contínuo e estável. De modo
paralelo, o Estado observa e defende a necessidade de os países dos órgãos cooperarem em prol
do desenvolvimento mútuo.
Logo, sua posição diante a problemática rodeia os interesses de mútuo progresso
econômico, envolvendo as nações do órgão. Seu desejo de sustentar um desenvolvimento
contínuo guia suas decisões dentro do debate, notando as possibilidades de intensificação de
acordos e conversas. Portanto, sua inclinação diplomática tende para o diálogo em prol da
economia e da expansão de acordos internacionais e/ou bilaterais, fortificando a economia
internacional.

5.5. Canadá
A nação canadense, como demonstra seu histórico diplomático, continua prezando pelo
estabelecimento do diálogo e da cooperação entre as nações. Desse modo, apesar de grande
aliado dos Estados Unidos, o Canadá não se encontra com uma posição demasiada firme e que
enaltece o contraste ocidental com o desenvolvimento da Rota da Seda. Ainda, a nação preza
pelas suas relações comerciais com países ao redor do globo, incluindo aqueles que fazem parte
da Rota da Seda.
Portanto, a posição canadense na problemática é firmada com a responsabilidade de
manter o diálogo entre os lados, apesar de não possuir intenções de mudar seu padrão
geopolítico. Consequentemente, é necessário, para esta delegação, uma posição delicada e
central para o debate, evitando a escalada de tensões dentro do comitê.

5.6. República da Indonésia


O grande crescimento da Indonésia nos últimos anos tem seguido de modo paralelo ao
aprofundamento das relações comerciais com a China. A iniciativa tem sido vetor vital dos
planos de infraestrutura nacional, agindo primordialmente como fonte de investimento,

15
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

principal objetivo da Indonésia da Rota da Seda. Além disso, a Indonésia tem auxiliado
enormemente no desenvolvimento do projeto e sua ampliação, realizando novas parcerias
internacionais a partir da diplomacia.
Sua posição, portanto, é de grande importância dentro do comitê, atuando como
influente agente no afloramento e desenvolvimento do projeto para outras nações. Ainda que,
é essencial ressaltar que seu principal objetivo é desenvolver sua própria infraestrutura e
amplificar sua economia. Desse modo, a Indonésia detém capacidade de auxiliar em muito a
iniciativa, assim como defender sua posição de prioridade nacional diante do órgão.

5.7. Estado do Japão


O Japão é um país também central no debate, visto que ele é basilar nas discussões sobre
equilíbrio de poder asiático. Apesar de, após a Segunda Guerra Mundial, ter sido proibida
constituir uma força bélica — que é oficialmente de “autodefesa”, a nação, em especial desde
meados da década de 1970, representa uma grande potência econômica. Para se ter uma ideia,
com o fim da Guerra Fria, a indústria japonesa era uma preocupação para a consolidação da
hegemonia estadunidense.
Desse modo, é notável que a delegação japonesa deve se posicionar não apenas contra
a Iniciativa do Cinturão e Rota — o que não deve ser feito de maneira exaltada, mas pacífica
—, porém especialmente se colocar como substituto para os investimentos. Isto é, projetar o
papel da chamada “diplomacia do cheque”, baseada em contribuições monetárias, inclusive
envolvendo a expansão de sua indústria e mercado para seus produtos.

5.8. República da Coreia (Coreia do Sul)


A Coreia do Sul encontra-se em uma posição bastante dividida em meio ao cenário
geopolítico asiático. Apesar de ser um histórico aliado dos Estados Unidos, desde a sua criação
no início até os dias de hoje, inclusive abrigando bases americanas, o país tem uma economia
bastante dinâmica, dependendo de parceiros diversos, o que inclui a China.
Desse modo, não interessa à delegação sul-coreana constranger de modo exaltado a
China pelos perigos da iniciativa. É possível apoiar todos os países no sentido de evitar que
caiam em armadilhas de dívida — algo que o governo chinês inclusive nega fazer —, mas
sempre prezando pela cooperação e colocando-se como parceira de nações em
desenvolvimento, em especial asiáticas.

16
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

5.9. Federação da Malásia


Possuindo a China como seu maior parceiro comercial desde 2009 e integrante da
iniciativa da nova Rota da Seda, a Federação da Malásia possui seus interesses centrados,
principalmente, no setor da infraestrutura. Nesse sentido, a discussão para construção de
ferrovias e parques industriais tem sido constante nas relações bilaterais, exemplificando os
benefícios obtidos do projeto. Dentro do órgão, a Malásia preza pelo diálogo e pela construção
de demais projetos internacionais para o desenvolvimento regional.
Apesar da paralisação de alguns dos projetos devido a pandemia, a negociação para a
continuação dos projetos já iniciou seu retorno. Consequentemente, a diplomacia da Federação
da Malásia centra-se no foco regional do comitê, buscando a cooperação com demais nações.
Por fim, a nação tem estimulado os canais da APEC, aproveitando as oportunidades de
encontros para a convergência de ideias e planejamentos entre os estados-parte, mesmo que
não estejam como parte da iniciativa da Rota da Seda.

5.10. Nova Zelândia


A Nova Zelândia, assim como demais países localizados na Oceania e no Pacífico,
intensificou seu comércio e relações com a China ao longo dos últimos anos, especialmente
após 2010. Consequentemente, como parte da iniciativa da nova Rota da Seda, a Nova Zelândia
busca aprimorar seus setores econômicos a partir do projeto, como a facilitação das trocas
comerciais e como condutor de bens e serviços para a América do Sul. Dessa forma, a
diplomacia da nação se interessa pela cooperação com nações da América do Sul e outros países
do Pacífico, contribuindo para uma maior movimentação de trocas comerciais.
A construção de diálogo entre os países do comitê, portanto, é essencial para a Nova
Zelândia, contribuindo para o desenvolvimento do próprio país. Portanto, uma maior
movimentação de bens e serviços, arquitetando uma intensificação do comércio, é o principal
objetivo do Estado dentro do debate. Ponto crucial desse objetivo também está localizado na
relação amigável entre os países, evitando confrontos incisivos.

5.11. República das Filipinas


A República das Filipinas, localizada em uma posição geográfica essencial para a
problemática, possui diversos interesses com o planejamento da Rota da Seda no escopo do
comitê. Com a escalada dos conflitos no mar do sul da China, a relação das Filipinas com a
República Popular da China se fragilizou, impedindo com que a nação tenha se integrado ao

17
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

projeto. Consequentemente, a República das Filipinas busca opções de manter seu comércio
ativo e expandir suas relações na região, impulsionando sua posição geopolítica.
As Filipinas, dessa forma, detêm uma opção crucial dentro da problemática. O desejo
da nação por uma maior posição de influência na região, assim como a vontade de expansão de
seu comércio e desenvolvimento de infraestrutura, guia as decisões e negociações do país no
comitê. Assim, a República das Filipinas possui a capacidade de construir novas possibilidades
para investimento em infraestrutura regionais ou adentrar em planos maiores e globais, não
necessariamente já existentes.

5.12. República de Singapura


O principal foco da República de Singapura na iniciativa da Rota da Seta está localizado
na ampliação da infraestrutura com o intuito dos transportes de bens e no desenvolvimento
tecnológico. Ambas as vertentes estão sendo trabalhadas para melhorar a logística do comércio,
especialmente entre as nações localizadas no mar do sul da China e pacífico. Desse modo, os
objetivos de Singapura ajudam a economia regional ao interligar a troca comercial entre os
países.
Sua posição dentro do comitê, portanto, é de incentivar o desenvolvimento tecnológico-
logístico das trocas comerciais dos estados-parte, contribuindo para a maior dinamização das
economias da APEC. Aproveitando seu ambiente favorável para o empreendedorismo, a
República de Singapura busca melhorar os incentivos para os negócios das demais nações.

5.13. Reino da Tailândia


A Tailândia faz parte da iniciativa da Rota da Seda, concentrando seus principais
projetos no investimento da infraestrutura, nacional e de ligação entre as nações vizinhas. O
Reino da Tailândia aproveita, neste cenário, do escopo do comitê para dinamizar sua economia
e aumentar seu comércio e relações com demais países. Destaca-se, ainda, seu alto
entrelaçamento com seus países vizinhos, auxiliando no desenvolvimento regional e
incentivando as pequenas e médias empresas dessas nações.
A posição do Reino da Tailândia na problemática busca enfatizar a capacidade de
progresso regional dos países, ampliando a iniciativa da Rota da Seda no investimento e
dinamização das economias locais. Em consequência, a Tailândia irá buscar trazer o foco do
debate para os projetos regionais, criando incentivos para as economias nacionais.

18
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

5.14. República da China (Taiwan)


A República da China possui seu principal objetivo neste comitê centrado na busca de
aliados e nações dispostas em auxiliar o território para o desenvolvimento econômico. Ainda
sofrendo influência e controle direto da República Popular da China, Taiwan observa na
iniciativa da nova Rota da Seda esses mesmos objetivos, porém de abordagens diferentes. Dessa
forma, Taiwan estima boas oportunidades de afastar a influência chinesa em seu Estado ao
construir alianças econômicas globais.
Taiwan busca, nesse âmbito, adotar uma defesa firme referente aos seus interesses
nacionais, expandindo suas relações internacionais ao dialogar com importantes países
presentes no comitê de capacidades globais e regionais. Há, como consequência, um embate
entre os objetivos da nação para com a iniciativa da Rota da Seda, apesar de receber alguns de
seus investimentos.

5.15. Hong Kong


Assim como Taiwan, a principal dificuldade de Hong Kong não está localizada na
questão de planejamento econômico ou em conflito de interesses técnicos, mas sim na disputa
político-ideológica com a China, gerando inúmeros conflitos nos últimos anos.
Consequentemente, há empecilhos dentro do planejamento nacional de Hong Kong, sofrendo
atentados e interferências diretas em seu território, danificando também sua economia. É nesse
sentido que a nação busca, por canais internacionais, incentivar sua nação ao progresso e à
evolução de sua economia.
Desse modo, Hong Kong possui objetivos de ampliar suas alianças internacionais dentro
do âmbito do comitê, estimulando uma conjuntura que auxilie sua nação em seus conflitos
atuais. Assim, há uma posição firme da delegação de Hong Kong frente à iniciativa da Rota da
Seda.

5.16. Estados Unidos Mexicanos


Apesar de ser um dos maiores parceiros comerciais da China da América Latina, os
Estados Unidos Mexicanos não estão formalmente como Estado parte da iniciativa da nova
Rota da Seda. A maior presença do projeto nos países da América Central influencia na criação
de uma área de influência mexicana para integrar a Rota da Seda. Porém, ainda há enorme
influência da nação estadunidense no México, tanto pela posição geográfica quanto pela
historicidade da relação entre ambos.

19
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

Desse modo, a posição da delegação mexicana possui a possibilidade de determinar a


melhor opção para o desenvolvimento econômico e da infraestrutura sem a necessidade de
prender-se a alianças. Deve-se observar, nesse sentido, as implicações das decisões dentro do
comitê, atentando-se para as consequências geopolíticas e econômicas. Assim, os Estados
Unidos Mexicanos estão em uma posição ambivalente na problemática, próximo
economicamente da China e entrelaçado com o histórico de planejamentos geopolíticos com os
Estados Unidos.

5.17. República do Chile


Durante a gestão de Donald Trump, a política externa estadunidense abdicou do
estreitamento de laços com os países latino-americanos, o que serviu de incentivo para a
aproximação chinesa para com a região, incluindo a República do Chile. Em consequência, o
Chile integrou a iniciativa da nova Rota da Seda, aprofundando ainda mais a presença de
investimentos chineses na América do Sul. Paralelo a isso, o Chile intensificou seu espectro
político nas últimas eleições, aprofundando o afastamento geopolítico e ideológico com os
Estados Unidos da América.
Dentro da problemática, o Chile se configura como um importante expoente para a nova
Rota da Seda, estando como um dos principais parceiros estratégicos para a China na América
do Sul. Sua posição deriva, consequentemente, do desejo de trazer o desenvolvimentismo para
o país a partir do investimento estatal e externo. Porém, isso não significa, de modo algum, uma
posição hostil para com os Estados Unidos e afastamento total das alianças já construídas ao
longo de sua história.

5.18. Estado Independente da Papua-Nova Guiné


Integrante da iniciativa da Rota da Seda, o Estado Independente da Papua-Nova Guiné,
localizado próximo ao pacífico, é um dos principais parceiros comerciais da iniciativa na
região. Servindo, como consequência, de uma posição influente para as demais nações
próximas à ela, como Indonésia, Timor Leste e Filipinas. Além disso, desde a integração do
Estado para com a iniciativa, as trocas bilaterais com a China têm aumentado, e ainda mais suas
economias.
A nação da Papua-Nova Guiné, assim, possui grandes vantagens derivadas de compor
a iniciativa da Rota da Seda, uma vez que sua economia é principalmente composta pela
agricultura, trazendo mais investimentos para demais setores. A posição do país dentro do
órgão, portanto, reflete a necessidade de trazer mais investimentos e incentivar a expansão de

20
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

sua economia para outros setores. Auxiliando, como consequência, sua posição de influência
na região.

5.19. República do Peru


A República do Peru, ainda que seja parte da iniciativa da Rota da Seda e um importante
parceiro econômico da China na América do Sul, tem se aproximado apenas mais recentemente
da nação asiática. Dessa forma, é graças a entrada do Peru na iniciativa que as relações bilaterais
para com a China se intensificaram, causando uma bilateralidade na posição geopolítica. Como
consequência, o ampliamento das relações comerciais da nação peruana tem trazido inúmeros
benefícios para os países, incentivando ainda mais a manutenção de suas relações, não
inclinando sua posição.
Inserido na problemática e no comitê, a estabilidade de sua política externa serve como
exemplo, ao expandir acordos e projetos internacionais sem deteriorar outras relações. A
delegação peruana espera, a partir de seu cenário, possibilidades de expandir ainda mais seus
interesses econômicos ao construir novos projetos de investimento e intensificar os já
existentes. Por fim, a República do Peru preza pelo diálogo e apresenta histórico de uma
diplomacia silenciosa e progressiva, evitando relacionar-se com debates acalorados no palco
internacional.

5.20. Federação Russa


Com o fim da Guerra Fria, a Rússia e a China passaram por um processo de
aproximação do ponto de vista político e, com a realidade geográfica, também econômica.
Dessa forma, os países costumam concordar em diversas matérias, o que não é exatamente
verdade o que tange à guerra na Ucrânia, que fez aumentar a dependência russa em relação aos
chineses.
Assim sendo, a delegação do Kremlin deve afastar qualquer suspeita da Iniciativa do
Cinturão e Rota, de modo a apoiar a delegação da China nos esforços em dissipar as acusações.
Além disso, também é importante se colocar nos investimentos, em especial em países que
faziam parte da União Soviética, onde a Rússia ainda tenta manter influência e de certo modo
compete com a China.

21
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

5.21. República Democrática do Vietnã


O Vietnã, membro da iniciativa da Rota da Seda, possui uma posição geográfica muito
vantajosa para sua economia dentro do projeto. Sendo considerado umas das economias mais
dinâmicas de todo o mundo, a nação vietnamita tem promovido importantes reformas,
incluindo nos setores culturais e sociais. Em consequência, a República Democrática do Vietnã
abarca muitas vantagens da nova Rota da Seda, expandindo o investimento na nação enquanto
torna sua economia ainda mais dinâmica, aumentando o fluxo de comércio em seu território.
Com as reformas, a nação do Vietnã tem conseguido estabelecer uma estabilidade
política e reforçar sua diplomacia, favorecendo sua economia e melhorando a condição de vida
para sua população. Com isso, a posição vietnamita dentro da problemática busca inovar ainda
mais o fluxo de bens e serviços dos estados-parte do órgão, intensificando as trocas e
aproximando as posições geopolíticas das nações.

6. Referências
ASIA-PACIFIC Economic Cooperation. [S. l.], [21--]. Disponível em: Asia-Pacific Economic
Cooperation . Acesso em: 3 set. 2022.

AMIN, Samir. Beyond U.S Hegemony?: Assessing the Prospects of a multipolar world.
London: Zed Books, 2006.

LAYNE, Christopher. China’s Challenge to US Hegemony. Current History, [s. l.], v. 107,
p. 13-18, 2008.

HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções: 1789-1848. [S. l.]: Paz e Terra, 2012. 532 p.

BACELLETE, Ricardo. A Crescente Integração do Leste da Ásia, os Novos Arranjos


Institucionais e o Papel da China. In: Boletim de Economia e Política Internacional, n. 18,
2014.

BITAS, Basil C. ASEAN amid China’s Vision of the Belt and Road and the US Strategy for
the Indo-Pacific: Building a Strategic Bridge to Two Great Power Initiatives. In: China and
the World: Ancient and Modern Silk Road, vol. 2, 2020.

22
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM

CALLAGHAN, Mike; HUBBARD, Paul. The Asian Infrastructure Investment Bank:


Multilateralism on the Silk Road. In: China Economic Journal, 2016.

GHOSSEIN, Tania; HOEKMAN, Bernard; SHINGAL, Anirudh. Public Procurement,


Regional Integration and the Belt and Road Initiative. In: European University Studies
Working Paper, nº 63, 2019.

GLASER, Bonnie S.; MEDEIROS, Evan S. The Changing Ecology of Foreign Policy-
Making in China: The Ascension and Demise of the Theory of “Peaceful Rise”. In: The China
Quartely, nº 190, 2007.

23

Você também pode gostar