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É com muita honra que tomamos a posição de secretariado V Modelo das Nações
Unidas dos Colégios Militares, com a difícil missão de introduzir esse evento, a nós tão caro,
depois de dois anos de pandemia e para um público completamente novo. Nos perguntávamos:
como iremos apresentar, a essência do universo das simulações, que moldou tão profundamente
o nosso desenvolvimento humano e acadêmico, agora face a face para as novas gerações que,
até então, o conheciam através das telas de computadores? Por sabermos da importância e do
significado da MundoCM, dessa oportunidade de reunirmos jovens de todo o Brasil para
fomentar o estudo da diplomacia e das relações internacionais, dedicamos todo o nosso amor,
disposição e o nosso tempo para formular a melhor experiência possível nos próximos 5 dias.
Não foram poucos os desafios para criar, construir e trazer à vida esses 12 comitês, uma
árdua tarefa que só entenderemos como cumprida ao contemplarmos o sorriso e a satisfação no
rosto de cada um de vocês nos corredores, durante as sessões e, principalmente, na troca de
conhecimento, cultura e mentalidade com pessoas de todo o país, em um esforço conjunto de
aprendizado, cidadania e camaradagem. Desejamos que onde quer que estiverem, no Gabinete
da Guerra Indo-Paquistanesa, nas Cortes Extraordinárias dos Tribunais do Camboja, na
Administração Transitórias das Nações Unidas no Timor Leste, no Conselho de Paz e
Segurança da União Africana, na União Internacional de Patinação, no Special Political and
Decolonization Committee, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, nas Reuniões do
Tratado de Redução de Armas Estratégicas, na Comunidade do Pacífico, no Comitê das Nações
Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Sideral, na Cooperação Econômica Ásia-Pacífico ou na
Agência de Comunicação, tenham a oportunidade de aprender, se divertir e construir amizades
as quais levarão para a vida inteira.
Mais que isso, trabalhamos com afinco para possibilitar, a todos, um local de reflexão
acerca do que as simulações trazem de melhor: o aprimoramento do senso crítico em uma
perspectiva dinâmica e didática para a assimilação de conhecimentos adquiridos na vida escolar
e, assim, a sua aplicação prática na realidade. Dessa forma, carregamos conosco o símbolo
máximo dessa atividade: a formação de novos cidadãos do mundo, cientes de seu papel na
sociedade contemporânea para que o exerçam satisfatoriamente considerando valores de
cidadania, fraternidade e respeito. Ao trazermos o debate de temáticas de impacto global,
esperamos tocar a consciência de cada um para pensarmos, sob outra perspectiva, as
problemáticas vividas em nosso cotidiano. Só assim seremos capazes de viver em uma
democracia plural e harmônica, a partir do exercício individual de formação de opinião e
participação ativa no processo sociopolítico de nossas cidades, estados e países.
Finalmente, é a partir da difusão desses ensinamentos que consideraremos a nossa
verdadeira e mais importante missão enquanto ex-alunos do Sistema Colégio Militar do Brasil:
a preservação e a memória dos ideais defendidos pela MundoCM e do que eles representam
para nós e a todos aqueles que constroem essa nova visão de mundo. Esperamos, assim, que
essa troca de conhecimento entre as gerações futuras e passadas possa garantir o “passar de
uma tocha” para futuras edições da MundoCM e do Desafio Global do Conhecimento possam
ampliar o culto à união e à integração do sistema a partir dos indissociáveis laços de
camaradagem e espírito de corpo por muitos e muitos anos. A todos os delegados, saibam que,
para fazermos um país melhor, mais equânime e mais justo, precisamos assumir posições de
liderança, cultivar uma mentalidade de conscientização social e apurar nossas habilidades
interpessoais, como criatividade, cooperação, comunicação e negociação, com foco na
resolução de problemas. Tenham uma excelente simulação!
Honrosamente,
É preciso estarmos cientes diante problemáticas que aparentam estar tão distantes de
nós, mas que em realidade nos afetam mais profundamente do que imaginamos. Nessa visão, é
entregue para vocês, delegados, a responsabilidade de trabalhar intensamente para construir
uma resolução abrangente e diplomática. Este guia, produzido com a motivação de fornecer
informações primordiais e, efetivamente, guiá-los, contém material essencial para o início de
estudos, cabendo aos senhores a busca mais precisa e aprofundada.
Não devemos pensar, de outro modo, que ao discutir tais problemáticas globais e
econômicas estamos nos afastando da realidade brasileira. Na construção de novas soluções e
na inclusão de inúmeras nações que não costumam estar presentes em nossa rotina, amplia-se
nossa visão pessoal e acadêmica. Não apenas, mas também se amplia a capacidade de
discutirmos problemas de nosso país, abraçamos a habilidade de construir um país digno de
chamarmos de nosso.
É nesse intuito que estaremos juntos, preparados para debater e entrelaçar propostas de
inúmeras vertentes, buscando a solução mais diplomática e abrangente. Esperamos que os
senhores apreciem o guia, do mesmo modo como esperamos o preparo individual e capacitado
de cada um. Desejamos, por fim, uma ótima leitura e ótimos estudos, até breve!
Cordialmente,
Diretores da APEC
SUMÁRIO
1. Introdução ......................................................................................................................... 6
2. A Cooperação Econômica da Ásia e Pacífico ................................................................. 7
3. Disputa Hegemônica com os Estados Unidos ................................................................. 9
4. A Iniciativa do Cinturão e Rota ..................................................................................... 11
5. Posição dos Blocos .............................................................................................................. 13
5.1. República Popular da China .......................................................................................... 13
5.2. Estados Unidos da América ........................................................................................... 14
5.3. Comunidade da Austrália .............................................................................................. 14
5.4. Estado de Brunei Darussalam ........................................................................................ 15
5.5. Canadá ........................................................................................................................... 15
5.6. República da Indonésia .................................................................................................. 15
5.7. Estado do Japão ............................................................................................................. 16
5.8. República da Coreia (Coreia do Sul) ............................................................................. 16
5.9. Federação da Malásia .................................................................................................... 17
5.10. Nova Zelândia.............................................................................................................. 17
5.11. República das Filipinas ................................................................................................ 17
5.12. República de Singapura ............................................................................................... 18
5.13. Reino da Tailândia ....................................................................................................... 18
5.14. República da China (Taiwan) ...................................................................................... 19
5.15. Hong Kong .................................................................................................................. 19
5.16. Estados Unidos Mexicanos .......................................................................................... 19
5.17. República do Chile ...................................................................................................... 20
5.18. Estado Independente da Papua-Nova Guiné ............................................................... 20
5.19. República do Peru ........................................................................................................ 21
5.20. Federação Russa .......................................................................................................... 21
5.21. República Democrática do Vietnã ............................................................................... 22
6. Referências ....................................................................................................................... 22
COOPERAÇÃO ECONÔMICA ÁSIA-PACÍFICO – V MUNDOCM
1. Introdução
Desde o início do século, a China vem se preparando para se tornar a maior potência do
mundo. Não há certeza de que isso vai se concretizar, mas é fato que o governo chinês vem
tomando diversas ações de maneira a construir condições para que essa pretensão realmente se
torne realidade entre o médio e o longo prazo. Para compreender o pensamento político do país,
é válido buscar a filosofia e historiografia chinesas. Para os chineses, o período entre os séculos
XIX e XX é chamado de século da vergonha, já que nesse período houve a colonização de
partes do território chinês pela Inglaterra e Japão, além de guerras disputadas contra esses e
outros países. Em contrapartida, o período recente seria quando a nação resplandecer-se-á e
liderará o mundo. Para isso, princípios confucionistas não podem ser esquecidos, tais como a
paciência. As medidas são paulatinas e vão construindo o que é desejado aos poucos, até que
se chegue ao resultado.
A Iniciativa do Cinturão e Rota (também conhecida por Belt and Road Initiative, a sigla
BRI, ou ainda Nova Rota da Seda) é um dos principais esforços empreendidos pela China no
estabelecimento de áreas de influência, algo essencial para a construção de uma posição
hegemônica. Um ponto importante é que o país, ao menos por ora, integra-se ao sistema
econômico neoliberal que funciona desde o fim da Guerra Fria, como pode ser percebido com
o discurso do presidente chinês, Xi Jinping, no Fórum Econômico Mundial, em 2017, como
pode ser visto em Almeida (2017). Nele, pode-se notar que, embora haja críticas a elementos
do sistema econômico mundial, não se expõe uma tentativa de modificá-lo.
Nesse sentido, a BRI consiste em usar o “dinheiro”, mais especificamente empréstimos
e investimentos em infraestrutura em favor da China. Países carentes, muitos do continente
africano, recebem quantias emprestadas, bem como são palco de projetos executados por
empresas chinesas, de modo a constituir uma rede internacional de comércio, tal qual a antiga
rota da seda. Apesar de ter um lado positivo para os receptores, é válido observar que essa
Iniciativa tem um potencial bastante negativo, como pode ser visto na tomada de um porto no
Sri Lanka em razão do não pagamento de quantias devidas. Também é importante notar a
complexidade do aparato burocrático da China, que conta com instituições, conselhos e
diversos bancos que executam as operações financeiras e analisam suas implicações políticas e
estratégicas.
Assim sendo, os delegados da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, fórum que é a
culminância desses processos de cooperação internacional no espaço pacífico, deverão discutir
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PACÍFICO, 2021) é um exemplo de como a integração econômica é realizada, uma vez que
incentiva maior circulação de bens e serviços entre os membros da região. Além disso, a APEC
age fortemente em outras duas áreas, sendo estas: Comunidades regionais e mudança climática.
O órgão fornece, desse modo, treinamentos de conhecimento digital para as comunidades rurais
e auxilia as comunidades indígenas a exportarem seus produtos; ainda, a APEC tem
implementado iniciativas para uma maior eficiência energética, promovendo a sustentabilidade
dos recursos das florestas locais e do mar (COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E
PACÍFICO, 2021).
Diferente da maioria dos órgãos globais, todas as economias da APEC possuem o
mesmo poder de voto dentro das decisões, sendo estas alcançadas pelo consenso entre as nações
e, havendo ação individual e mútua pelas nações a fim de promover os projetos decididos pela
organização (COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E PACÍFICO, 2021). Um dos
principais aspectos nos projetos da organização está no incentivo da utilização de tecnologia
nas pequenas e médias empresas (COOPERAÇÃO ECONÔMICA DA ÁSIA E PACÍFICO,
2021), fomentando, dessa forma, a inovação nas regiões menos desenvolvidas das nações
integrantes do órgão. Consequentemente, isso engrandece o objetivo da APEC de alcançar o
desenvolvimento sustentável e equilibrado entre todos os seus países membros, agindo de modo
abrangente ao abarcar políticas mútuas.
Por fim, agora entendido os principais objetivos e alguns dos procedimentos realizados
pela APEC, outro importante aspecto a ser conhecido é sobre sua estrutura.
Figura 1: Estrutura da APEC
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Para compreender mais a fundo a formação da hegemonia estadunidense e a disparidade de pensamento sobre o
conceito entre os pensadores de ambas as nações, ver Chinese Views of US Hegemony, Samantha Blum.
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institucionais (AMIN, 2006). Essas reformas institucionais são um dos principais resultados
dentro da formação de um mundo multipolar, estando elas localizadas nos órgãos mundiais,
como a ONU, FMI, entre outros.
Entretanto, deve-se estar atento para uma importante característica das propostas de
reformas feitas pelas nações dentro das instituições globais. A mudança da configuração da
instituição é uma consequência da aprovação da reforma, não sendo seu objetivo principal. Seu
objetivo, portanto, é aumentar o poder de influência da nação que a defende, fortalecendo seu
desenvolvimento e permitindo maior força de negociação naquele órgão. Essa distinção é
primordial para compreender o movimento natural no sistema global. Uma vez que a nação se
desenvolve e passa a ocupar uma posição de influência no cenário mundial, passa a buscar
maior espaço nas instituições internacionais a fim de permitir seu progresso.
Essa é uma das razões pela qual há tanta dificuldade na aprovação de reformas em
instituições globais. Porém, para o economista Samir Amin, a ONU, principal órgão de caráter
internacional, deve prosseguir com uma série de reformas que a permitissem lidar com as
problemáticas sem enfrentar empecilhos, como a ascensão de uma soberania como nova
potência global. Caracterizado como “renascimento da ONU”, as propostas abordam pontos
estruturais de debate da organização, interpretação do direito internacional e o papel militar da
ONU em territórios de conflito.
Por fim, a disputa hegemônica possui diversas outras consequências indiretas em todas
as regiões do globo, tendo sido abordado aqui as principais estratégias feitas pelas nações e o
debate dentro de reformas dentro das instituições. Deve se ter em mente que as reformas podem
ser interpretadas de outras maneiras, aqui sendo abordado como uma consequência do
surgimento de novas potências econômicas e militares. Não é possível determinar, ainda, se há
um vencedor na então disputa, ou até mesmo se haverá um. A competição por uma hegemonia
global, como realizado por outras nações em séculos passados, continua a gerar uma série de
benefícios e malefícios para inúmeros países.
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diálogo, a Austrália abarca uma grande economia capaz de manter posição de liderança e
incentivar demais projetos internacionais junto de seus aliados.
5.5. Canadá
A nação canadense, como demonstra seu histórico diplomático, continua prezando pelo
estabelecimento do diálogo e da cooperação entre as nações. Desse modo, apesar de grande
aliado dos Estados Unidos, o Canadá não se encontra com uma posição demasiada firme e que
enaltece o contraste ocidental com o desenvolvimento da Rota da Seda. Ainda, a nação preza
pelas suas relações comerciais com países ao redor do globo, incluindo aqueles que fazem parte
da Rota da Seda.
Portanto, a posição canadense na problemática é firmada com a responsabilidade de
manter o diálogo entre os lados, apesar de não possuir intenções de mudar seu padrão
geopolítico. Consequentemente, é necessário, para esta delegação, uma posição delicada e
central para o debate, evitando a escalada de tensões dentro do comitê.
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principal objetivo da Indonésia da Rota da Seda. Além disso, a Indonésia tem auxiliado
enormemente no desenvolvimento do projeto e sua ampliação, realizando novas parcerias
internacionais a partir da diplomacia.
Sua posição, portanto, é de grande importância dentro do comitê, atuando como
influente agente no afloramento e desenvolvimento do projeto para outras nações. Ainda que,
é essencial ressaltar que seu principal objetivo é desenvolver sua própria infraestrutura e
amplificar sua economia. Desse modo, a Indonésia detém capacidade de auxiliar em muito a
iniciativa, assim como defender sua posição de prioridade nacional diante do órgão.
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projeto. Consequentemente, a República das Filipinas busca opções de manter seu comércio
ativo e expandir suas relações na região, impulsionando sua posição geopolítica.
As Filipinas, dessa forma, detêm uma opção crucial dentro da problemática. O desejo
da nação por uma maior posição de influência na região, assim como a vontade de expansão de
seu comércio e desenvolvimento de infraestrutura, guia as decisões e negociações do país no
comitê. Assim, a República das Filipinas possui a capacidade de construir novas possibilidades
para investimento em infraestrutura regionais ou adentrar em planos maiores e globais, não
necessariamente já existentes.
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sua economia para outros setores. Auxiliando, como consequência, sua posição de influência
na região.
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6. Referências
ASIA-PACIFIC Economic Cooperation. [S. l.], [21--]. Disponível em: Asia-Pacific Economic
Cooperation . Acesso em: 3 set. 2022.
AMIN, Samir. Beyond U.S Hegemony?: Assessing the Prospects of a multipolar world.
London: Zed Books, 2006.
LAYNE, Christopher. China’s Challenge to US Hegemony. Current History, [s. l.], v. 107,
p. 13-18, 2008.
HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções: 1789-1848. [S. l.]: Paz e Terra, 2012. 532 p.
BITAS, Basil C. ASEAN amid China’s Vision of the Belt and Road and the US Strategy for
the Indo-Pacific: Building a Strategic Bridge to Two Great Power Initiatives. In: China and
the World: Ancient and Modern Silk Road, vol. 2, 2020.
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GLASER, Bonnie S.; MEDEIROS, Evan S. The Changing Ecology of Foreign Policy-
Making in China: The Ascension and Demise of the Theory of “Peaceful Rise”. In: The China
Quartely, nº 190, 2007.
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