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Siglas e Abreviaturas

ACP……………..…………………………………………………….África, Caraíbas e Pacifico

APD................................................................................... Ajuda Pública para o Desenvolvimento


BM...........................................................................................................................Banco Mundial
BRICS……….………………………………………..Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul

CEI……………………………………………….....…….Comunidade de Países Independentes

CPI.......................................................................................Centro de Promoção de Investimentos


CPLP…………………………………………….….Comunidade de Países de língua Portuguesa

CSS…………………………………..……………………...………………Cooperação Sul – Sul

EMBRAPA………………………………..…...….Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EXIMBANK ……………………………………………….…….Export and Import Bank, China


FAO 1.........................................................................................Food and Agriculture Organization
FM.................................................................................................. Fundo Monetário Internacional

FOCAC................................................................................ Fórum de Cooperação Sino-Africana

FRELIMO ...........................................................................Frente de Libertação de Moçambique

EUA…………………………………………………………...………Estados Unidos de América

ISRI………………………………………………...Instituto Superior de Relações Internacionais

IDE ...................................................................................................Investimento Directo Externo

IPEX .............................................................................Instituto para a Promoção de Exportações

1
Organizacao para Agricutura e Alimentancao
MIC........................................................................................ Ministério da Indústria e Comércio

MINEC...........................................................Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação

MERCOSUL………………………………………………….…………Mercado Comum do Sul

OCDE..........................................Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento

ODM.............................................................................. Objetivo de Desenvolvimento do Milênio


ONU………………………………………………….……….…,Organização das Nações Unidas

PED………………………………………………….……………….Países Em Desenvolvimento

PIB................................................................................................................. Produto Interno Bruto


RID…………………………………………………………Relações Internacionais e Diplomacia

SADC……………………………………….Comunidade de Desenvolvimento da África Austral

SACU…………………………………………………………União Aduaneira da África Austral

SI ……………………………………………………………………...…….Sistema Internacional

UE………………………………………………………………………………….União Europeia
Declaração de Autoria

Eu, Orlando Eusébio Chirinda, declaro por minha honra que, o presente trabalho é da minha
autoria e que nunca foi apresentado para efeitos de avaliação em nenhuma outra Universidade.

E para comprovar todas as fontes usadas encontram-se devidamente citadas ao longo do texto e
na bibliografia.

________________________________________________

Orlando Eusébio Chirinda


Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradeço a Deus que é a fonte da minha vida,luz que me ilumina em todos
momentos, aquele que é digno de honra, louvor e exaltação, por todos ensinamentos, bênçãos por
ele proporcionadas, pela sua omnipresença em todos momentos da minha vida, para ajudar-me a
superar as dificuldades enfrentadas, durante a minha formação superior.

O meu especial agradecimento, vai para a minha supervisora Doutora Hethalben Patel, que de
forma carinhosa e competente,e profissional apoiou-me na realização do trabalho de licenciatura.

Em seguida, gostava de expressar a minha eterna gratidão aos meus país, (Eusébio Chirinda e
Ana Alberto Guambe), que de forma sensata e abnegada mostraram-me o caminho da
humildade, sinceridade, respeito e valores da dignidade humana, e do desafio, contribuindo para
a formação e consolidação da minha personalidade.

Especialmente ao meu pai, por ter lutado no meio de tantas adversidades, para que nunca
deixasse de estudar e correr atrás dos meus sonhos.

A minha parceira Natércia Joaneta. M. Valoi, vai o meu agradecimento que de forma incansável
e ofereceu o seu ombro, cumprindo com o seu papel nobre de ser uma companheira, e pelo seu
apoio em todos momentos, usando o seu sorriso doce, contagiante para aliviar-me de momentos
de tensão, motivados pelo dia a dia da minha formação.

Os meus agradecimentos estendem-se, aos meus irmãos Agostinho Eusébio Chirinda, Nora
Chirinda, a minha prima Yolanda Joarces, aos meus amigos Noriega Copa e a família, João Bila,
Rafael Mandlate, Damião Bie, Filmao Maposse, Augusto Guiruco, entre outros.

Agredeco á todos docentes e funcionarios do Instituto Superior de Relações


Internacionais,especialmente ao professor doutor Hilario Caú, Doutor Paulo Wache, Doutor
Edmundo Macuacua que de forma académica, demonstraram o seu profissionalismo, para
transmitir as lições do curso Relações Internacionais e Diplomacia.

A todos meus colegas de turma, especialmente aos membros do meu grupo, “Os Donos do
ISRI”,Apilosse Daniel, Donalde Pangaia, Jose Finiase ,Guilhermino Mbaia, Silvestre Macie, etc.
Enfim a todos que, de forma directa ou indirecta, contribuíram para a minha formação, endereço
o meu profundo e sincero agradecimento e que Deus abencoe a todos.
Dedicatória

Dedico aos meus pais, irmãos.e a minha NATY

O senhor o meu rochedo, e o meu libertador; o meu escudo, a forca da minha salvação o meu
alto refugio e a minha fonte de inspiração. Salmos 18. 2
ABSTRACTO

Neste documento apresentamos os resultados de um projecto de pesquisa, realizado no âmbito da


elaboração do trabalho do fim de curso para a obtenção do grau de licenciatura em Relações
Internacionais e Diplomacia no Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI).
O tema em estudo aborda “As Relações de Cooperação entre os BRIC’S e Mocambique, no
processo Desenvolvimento Económico Sustentável: caso Relações de Cooperação entre
Moçambique e Brasil,”, por estas serem suis generis e têm vindo a condicionar decisões finais,
que antes eram tomadas em panoramas da política externa dos estados.

Com o colapso do Campo Soviético e a desintegração da própria URSS provocou o


desmantelamento da ordem internacional bipolar, baseada na Guerra Fria. No plano diplomático,
militar e estratégico, emergem os contornos de uma unipolaridade, sobre a qual os Estados
Unidos conservam uma posição dominante (Visentini, 2002:7).

Contudo, quando se observa uma intensificação das Economias Emergentes e, principalmente, o


avanço económico - tecnológico, o cenário que se desenha possui traços de multipolaridade.
Esta aparente contradição adquire lógica quando consideramos que o sistema internacional se
encontra em transição, numa fase nitidamente pós-hegemônica e caracterizada pela diluição do
poder mundial.

Segundo Maia (2009:34), no início dos anos 90 do século XX, uma série de transformações vem
ocorrendo no cenário mundial, alterando de forma rápida a configuração de poder económico e
político entre os estados, com repercussões que se propagam nos âmbitos do comércio à
segurança, dos direitos humanos ao meio ambiente, das finanças ao regionalismo, acelerando
movimentos transnacionais, inserindo novos actores não-estatais e subestatais, gerando distintas
configurações de poder e impondo novos desafios à ordem global.

Esta dispersão de poder por novas (potencias emergentes) envolve novas regras de jogo,
deixando de existir uma única “comunidade internacional” que guia – se sobre os modelos
econômicos ocidentais em detrimento do modelo das cinco Potencias Emergentes. A emergência
de novas potências permitiu uma economia globalizada, uma transferência histórica da riqueza e
poder económico do Ocidente para Sul e uma crescente influência de actores não estatais são
elementos pré-determinados de um sistema que se torna multipolares (Azevedo, 2008:3).

O presente trabalho analisa a cooperação entre Moçambique e Brasil na a promoção do


desenvolvimento, num contexto em que verificamos um aumento significativo de investimentos
de empresas brasileiras no país. A estabilidade política aliada ao êxito da economia dos dois
estados tem favorecido o aumento da sua cooperação entre Moçambique e Brasil, mas, sobretudo
nas áreas de matérias - primas.

Devido às crescentes descobertas de recursos naturais nos estados africanos e a crise


internacional que afectou em grande medida os países ocidentais, países africanos passaram a ser
os principais destinatários da cooperação para o Brasil sob o discurso da solidariedade
internacional e da necessidade de compensação da dívida histórica. Nota-se, entretanto.
1.Tema: As Relações de Cooperação entre os BRICS e Mocambique, no processo
Desenvolvimento Económico Sustentável: caso Relações de Cooperação entre Moçambique
e Brasil, Desafios, Ganhos e Constragimentos.

1.1 Introdução

O presente trabalho tem como tema “ As Relações de Cooperação entre os BRIC’S e


Mocambique, no processo Desenvolvimento Económico Sustentável: caso Relações de
Cooperação entre Moçambique e Brasil,”, o qual procura explicar as novas formas de
relacionamento entre os Países do Terceiro Mundo logo após as transformações que ocorreram
no Sistema Internacional, nos finais de 1989, período marcado pelo fim da Guerra Fria, facto que
serve como explicação para entender a nova configuração do sistema internacional, e a nova
forma de relacionamento dos Estados do Sul na arena internacional.

Tem se verificado, no quadro da nova conjuntura internacional, a emergência de novos Estados


com potencialidades políticas, económicas para condicionar o Sistema Internacional, e podendo,
estes, desafiar as Potências tradicionais ocidentais, nomeadamente Os Estados da União
Europeia (UE) e os (Estados Unidos de América) EUA, este factor é motivado principalmente
pelo aumento do seu poder económico, militar, e a sua posição geoestratégica.

Os Estados do sul têm promovido um novo tipo de relacionamento entre si, denominada
Cooperação Sul - Sul (CSS), que é vista como uma estratégia viável para acelerar o
Desenvolvimento Económico Sustentável, e a consequente integração das suas economias a nível
Global.

Mas também serve para complementar as Relações Norte-Sul, com as Potencias tradicionais, as
quais segundo alguns defensores da teoria da dependência, como (Bauer, 2002:191) e Arnald
(1999), afirmam que “as relações Norte – Sul, são assimétricas porque servem apenas para
aumentar a riqueza dos Estados Desenvolvidos, a custa dos Estados do Sul, deteriorando as
condições de vida dos povos destes Estados pobres, causando inflação, desemprego, e acréscimo
da divida externa. Dai que, os Países do Sul, criaram um bloco composto por 5 Potencias
Emergentes, nomeadamente, Brasil, Rússia, Índia, e China e África do Sul, como forma de
reivindicar um tratamento equitativo e justo na Cooperação Internacional.
1.2 Delimitação Espácio-temporal:

O trabalho terá como horizonte temporal, o período de 1989-2013,uma vez que foi o ano de
1989, constitui o marco do fim da confrontação ideológica entre os dois blocos Comunistas da
União Soviética e Capitalista dos Estados Unidos de América, (EUA), no qual verificamos uma
nova postura de relacionamento dos actores do Sistema Internacional,

Até o ano de 2013, por ser neste ano, em que as Potencias Emergentes, constituídas por Brasil,
Rússia, Índia, e China e South África2 (BRIC’S), reuniram-se em Durban, na África de Sul, para
decidir criar um banco de desenvolvimento para apoiar infra-estruturas (portos, rodovias,
aeroportos) e desenvolvimento sustentável (energia, irrigação, agricultura) nos Países em
Desenvolvimento.

E também, pelo facto de actualmente estar-se a verificar uma maior expansão dos investimentos,
e relações comerciais das Potências Emergentes do Sul nos países da África Subsaariana, e
particularmente em Moçambique.

O espaço em questão, compreenderá os Estados que compõem o bloco dos BRIC’S, no geral e
Moçambique em particular, por ser onde podemos verificar as transformações ocorridos como
resultado do fim da Guerra Fria.

1.3 Contexto:

O Tema em questão, enquadra-se num contexto, em que por um lado verifica- se amplas,
complexas e profundas mudanças, marcadas pelo fortalecimento da multi-polaridade,
globalização económica e interdependência crescente caracterizadas por uma corrida em massa
dos Países Emergentes para Países em Desenvolvimento, especialmente da África Subsaariana,
onde têm sido descobertos os recursos naturais e crescimento dos mercados para venda dos seus
produtos.

2
Denominação da África do sul em língua inglesa
E por outro lado segundo Reis (2009:23) os países do grupo BRICS têm apostado na
coordenação de posições em foros diplomáticos no sentido da construção de uma agenda única,
onde por sua vez, a quarta cúpula, recentemente realizada em Nova Delhi, acrescentou uma
novidade, qual seria o anúncio da criação do Banco de Desenvolvimento do BRICS. Este estará
voltado não só para a promoção do desenvolvimento sustentável dentro dos próprios BRICS,
como também para projetos de infra - estrutura em outros países em desenvolvimento.

Dai que estes Estados, tem desenvolvido iniciativas de Cooperação Sul – Sul, que são relações
de Cooperação entre os Países em Desenvolvimento (PED), que de acordo com o traçado
geopolítico, económico, global, fazem parte do Sul. Sousa (2005: 190).

O núcleo destas relações cooperação entre os Países em Desenvolvimento, é uma serie de


transformações que verificaram-se no sistema internacional, logo após período fim da
confrontação ideológicos entre os blocos capitalista Norte-americano e o Socialista Soviético,
(Guerra Fria), que era sustentado pela competição militar, política, estratégica, cultural, social e
diplomática Mingst (2009: 320).

Esta mudança do paradigma de relações de dominação Norte-Sul, para uma nova realidade de
Cooperação Sul - Sul, criou espaço para a inserção de novos actores no Sistema Internacional,
onde surgem empresas multinacionais dos países emergentes, que desenham uma nova página
em termos de Investimento Directo Estrangeiro (IDE), uma das formas da mundialização
financeira.

Para Chichava (2011;16), citando (Wilson e Purushothaman, 20033), aprofundamento das


relações entre as Potencias Emergentes do sul, e outros Países em Desenvolvimento, aparece
como alternativa as Relações de Cooperação tradicionais, que caracterizaram o Sistema Global
ao longo do século, e estas eram consideradas assimétricas, e de subordinação dos Estados
pobres do Sul pelos dos Estados Desenvolvidos do Norte.

1.4 Justificativa
3
Wilson, D., Purushothaman, R., 2003. “Dreaming With BRICs: The Path to 2050”,Global Economics Paper
No: 99
A razão para a escolha do tema em estudo, é por ser um assunto de extrema importância, não
apenas aos estudantes de Relações Internacionais e Diplomacia (RID), mas também por ser um
assunto que pode ajudar aos tomadores de decisão na politica externa do países a delinear
iniciativas, para tirar proveito desta parceira com as potencias Emergentes

E para a sociedade em geral, reflectir sobre os desafios, ganhos, e perspectivas que a nova
iniciativa de Cooperação com as Potencias Emergentes, que compõem o bloco dos BRICS,
poderá ser uma estratégia viável para o alcance de um Desenvolvimento Económico Sustentável
dos Estados do Sul. E também aferir ate que ponto o as relações de cooperação entre
Moçambique e Brasil, são benéficas para ambos estados.

1.5 Problematização

Segundo (Chichava, 2011:371 citando Teburcio e Goes, 2011:14), o cenário económico, político,
no Sistema Internacional recente tem sido caracterizado, por uma actuação, cada vez maior de
algumas economias emergentes denominado BRICS. Este grupo de países, têm vindo a ganhar
expressão na arena internacional, e com um grande potencial, que deriva da rápida evolução das
dimensões de seus mercados internos, desenvolvimento económico, posição geoestratégica, ou
das reservas de recursos estratégicos, ao mesmo tempo em que procuram consolidar o seu
Desenvolvimento, estão a intensificar mais os vínculos económicos com economias dos Estados
que se encontram em processo de Desenvolvimento.

Estas novas relações de cooperação com os Estados em Desenvolvimento, concretamente, na


África Subsaariana, tem sido marcada por um aumento de trocas comerciais, que passaram de 22
biliões de dólares para 166 biliões de dólares entre 2000 a 2008, tornando os BRICS, nos
maiores parceiros económicos da África (Ibid.).

Importa também referir que em 2011, as exportações em conjunto da China, Índia, Rússia, Brasil
e África do Sul superaram, pela primeira vez, as exportações para o conjunto dos países da
União Européia
4
Teburcio, James e Goes, Fernanda Lira (2011), Desafios dos BRICS e África)
Segundo o (Relatório do PNUD 52013), As potências emergentes do mundo em desenvolvimento
são actualmente fontes de políticas sociais e econômicas inovadoras e importantes parceiros nos
domínios do comércio e do investimento e, cada vez mais, da cooperação para o
desenvolvimento em benefício de outros países em desenvolvimento.

É evidente que, o aprofundamento da cooperação, e o crescente apoio dos BRICS, aos projectos
de construção de infra-estruturas dos países em desenvolvimento, possa trazer algum benefício
às comunidades destes Estados, assim como para os Estados que compõe o bloco. Isto porque,
também pode melhorar as condições de manuseamento e logística dos recursos explorados por
empresas Multinacionais, que pertencem os países que fazem parte dos BRICS.

No caso de Moçambique, tem privilegiado as relações de cooperação com os Potencias


Emergentes, particularmente com Brasil, visando o alcance do seu objectivo, de
desenvolvimento Económico Sustentável, pelo facto dos gorvernos dos dois paises enfatizar a
necessidade de instaurar uma maior intensificacao da cooperacao bilateral a nivel plotico e
economico como forma de expandir o mercado e diversificacao de parceiros uma vez que os dois
estados estao inseridos nos mercados regionais SADC para o lado de Mocambique e Mercosul
para o Brasil. .

Segundo Linz e Stepan (1996: 166 – 178) “a intensificação de preferências de cooperação


comercial, dos Países em Desenvolvimento com os BRICS, poderá proporcionar ganhos
adicionais no acesso a mercados, de países que fazem parte da região da área de influência de
cada um dos Estados membros do bloco, dinamizando o processo de Regionalização.

Para o caso do Brasil, poderá dinamizar a Regionalização, permitindo aos Estados dos BRICS, o
acesso aos mercados dos países membros do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e os da
Comunidade Andina, mais o Chile, a China, permite o acesso aos países do Leste Asiático.

A Índia liga ao bloco de países do Sul da Ásia, a Rússia, poderá permitir o acesso aos mercados
dos países membros da Comunidade dos Estados Independentes (CEI); e para a África do Sul,
dinamiza a regionalização permitindo aos BRICS o acesso ao mercado dos países-membros da

5
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
União Aduaneira da África Austral (SACU) e da Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral (SADC).

Não obstante, Linz e Stepan (1996: 166 – 178) defendam que “a cooperação entre os Estados do
Sul de extrema importância porque permite, um aprofundamento do processo de Regionalização
através da dinâmica destas relações”. Estas relações de cooperação têm sido alvo de polémicas
quanto aos reais objectivos destes Estados emergentes nos Países em Desenvolvimento,
destacando – se, actores como, Bond (2013:45), que é céptico quanto a sua sustentabilidade
como estratégia de cooperação no processo do desenvolvimento sustentável, afirmando que, “A
intensificação da presença dos países emergentes nos países em Desenvolvimento, especialmente
na África Subsariana, visa a prossecução dos seus interesses nacionais, nestes países, de forma
mais eficiente” sob a capa duma suposta “preocupação do 'Ocidente' que viola os democracia e
direitos humanos ”.

Tendo em conta que, os Estados no Sistema Internacional, baseiam as suas orientações externas,
na prossecução do próprio Interesse nacional, desencadeando uma série de alternativas, que são
avaliadas pelos decisores governamentais, escolhendo a alternativa que maximize os ganhos e
minimize os custos.

Portanto, sendo os países em Desenvolvimento, detentores de grandes quantidades de matérias-


primas, que podem servir as indústrias dos BRICS, podemos questionar: se não será esta
intensificação da presença dos Países Emergentes nos países da África Subsariana,
particularmente em Moçambique, uma forma de ganhar confiança, no sentido de tirar proveito
das grandes reservas de minérios, tais como, petróleo e outros recursos naturais valiosos que têm
sido descobertos nos últimos anos?

.
1.6 Questões de Pesquisa

 Será que o posicionamento dos BRICS, como um bloco multipolar poderá contribuir
para o reordenamento dao sistema internacional dominado pelas Potências Tradicionais
ocidentais ?

 Como podemos avaliar o actual Estágio das Relações entre o grupo de Estados dos
BRICS, e os países da África Subsaariana?

 Quais são as reais motivações, do crescente interesse dos BRICS, na cooperação com
Estados da África Subsaariana?

 Quais são os Desafios, Ganhos e constragimentos, que se esperam do actual Estagio da


Relação de Cooperação entre Países os BRICS e Mocambique no Desenvolvimento
Economico?

1.7 Objectivo Geral:

 Reflectir sobre a Sustentabilidade da Cooperação entre os Potencias Emergentes que


compõem os BRICS e os Estados da África Subsaariana no geral e para Mocambique em
particular, no processo de Desenvolvimento económico.

1.7.Objectivos específicos:

 Parceber ate que ponto o grupo dos países dos BRICS pode funcionar como novo pilar
da ordem global,e efetivamente ajudar a construir um sistema internacional estável e
próspero?
 Identificar os Desafios, Ganhos e constragimentos que actual Estágio das Relações entre
o grupo de Estados que compõem os BRICS, e os países em Desenvolvimento da África
Subsaariana e de Mocambique em particular podera ter processo de desenvolvimento.

 Reflectir sobre os reais objectivos, e estratégias de política externa dos chamados


BRICS ,nas suas relações com os Estados da África Subsaariana em especial na sua
cooperacao com Mocambique.

 Analisar o actual Estagio da Relação de Cooperação entre Moçambique – Brasil processo


de Desenvolvimento de Moçambique.

Hipóteses

 As economia emergentes do grupo BRICS como um bloco multipolar poderão contribuir


mais do que nunca para o crescimento da economia mundial e desempenhando um papel
cada vez mais importante na estabilização da economia mundial através da promoção de
mercados e capacidade regulatória do sistema internacional.

 O actual Estágio das Relações entre os BRICS, e os Países da África Subsaariana, têm
sido caracterizado, pelo aumento das exportação de produtos, e matérias-primas, e o
desenvolvimento da industrial nos Estados africanos.

 A Relação de Cooperação entre Moçambique – Brasil tem sido benéfica, através do


aumento das exportações, e pela criação de postos de emprego, devido aos Investimentos
de Empresas Multinacionais Brasileiras no País.
1.2 Metodologia

Para o desenvolvimento deste trabalho foram usados os métodos e técnicas de pesquisa


específicas, tais como:

Métodos Documental, Histórico, Estatístico, e as técnicas da Entrevista e Monográfico.

Método Histórico que, segundo Marconi e Lakatos (2009:91), consiste em analisar, investigar
acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar sua influência na sociedade de
hoje, pois as instituições alcançaram sua forma actual por meio de alterações de suas partes
componentes ao longo do tempo influenciada pelo contexto cultural particular de cada época.

Por seu turno Gil (2008:17) considera que o método histórico consiste em fazer-se uma
retrospectiva de acontecimentos passados para melhor compreender os fenómenos actuais.
Foi pertinente na pesquisa e elaboracao do trabalho, porque permitiu na percepção dos factores
e processos ocorridos durante o período da guerra fria e enquadra-los com os actuais.

O Método Comparativo, segundo Gil (2008:17), consiste na investigação de indivíduos,


classes e fenómenos ou factos, com vista ressaltar as diferenças e similaridades entre eles. E para
Severino (1999;56) este é usado tanto para a comparação de factos de grupos do presente no
passado ou entre existentes e os do passado, ou entre os existentes e os passados, quanto entre de
sociedades iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento .

Este mtodo foi importante porque através dos aspectos que ocorrem na ordem internacional
durante a guerra fria pude constatar as novas transformações.

Método Estatístico: Para Fachin (2001, p. 46), este método se fundamenta nos conjuntos de
procedimentos apoiados na teoria da amostragem e, como tal, é indispensável no estudo de certos
aspectos da realidade social em que se pretenda medir o grau de correlação entre dois ou mais
fenômenos. Para o emprego desse método, necessariamente o pesquisador deve ter
conhecimentos das noções básicas de estatística e saber como aplicá-las.

O método estatístico se relaciona com dois termos principais: população e universo. fundamenta-
se na aplicação da teoria Estatística da probabilidade, e constitui importante auxílio para a
investigação em Ciências Sociais.
E pertinente para o trabalho, porque ajudou na recolha de dados quantitativos e estatísticos
obtidos que serão necessários para entender a Cooperação dos Estados em questao.

4.2. Técnicas

Para a realização do presente trabalho recorreu-se as seguintes técnicas:

Técnica documental - É muito parecida com a bibliográfica, mas a diferença está na natureza
das fontes, pois esta forma vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento
analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objectos da pesquisa. Além de
analisar os documentos de “primeira mão” (documentos de arquivos, igrejas, sindicatos,
instituições etc.), existem também aqueles que já foram processados, mas podem receber outras
interpretações, como relatórios de empresas, tabelas, (Gil, 2002:52).

Esta técnica nos ajudou na interpretação de diversos documentos relativos ao tema em causa.

Técnica de entrevistas – Pode-se definir entrevista como a técnica em que o investigador se


apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objectivo de obtenção de dados
que interessam à investigação, (Gil, 1999:117). Esta técnica permitirá recolher opiniões de
diversas individualidades no corpo docente do ISRI, quer nos diversos técnicos das instituições
públicas ou privadas sobre o tema em pesquisa.

Técnica Bibliográfica – é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído


principalmente de livros e artigos científicos, (Gil, 2008:50). Esta técnica auxiliou-nos na
pesquisa de diversas fontes bibliográficas, que versam sobre o tema em questão.

5-Estrutura do trabalho

O presente trabalho, está dividido em 5 capítulos, sendo que:


No primeiro capítulo, o trabalho faz o enquadramento teorico- conceputal do tema em analise
e procura fazer uma discussão teórica dos principais conceitos relacionados com a cooperacao
entre os BRICS e Mocambique.

 No segundo capitulo, o trabalho fala do surgimento dos BRICS como um bloco


multipolar e reflecti sobre os reais objectivos, que norteiam o crescente interesse dos
BRICS, na cooperação com Estados em Desenvolvimento

 No Terceiro e último, faz-se uma análise sobre o actual Estagio das Relações entre o
grupo de Estados que compõem os BRICS, e os países em Desenvolvimento da África
Subsaariana no geral e para Mocambique em particular.

 No quarto, procura analisar o actual Estagio da Relação de Cooperação entre


Moçambique – Brasil no processo de Desenvolvimento de Moçambique.

 No quinto e ultimo, o trabalho procura identificar os Desafios, Ganhos e


constragimentos que o aprofundamento das Relações entre os Países em
Desenvolvimento e os BRICS, poderá ter do Desenvolvimento Económico, de
Mocambique.
CAPITULO 1: QUADRO TEORICO E CONCEPTUAL

O presente capitulo, procura fazer um enquadramento teórico e conceitual dos princípios que
serviram de guia de orientação para explicar os factos políticos e económicos, na nova ordem
ordem mundial na passava a ser dominante, e universal,passando a ser caracterizada pelos
seguintes padrões: na política, sociedades abertas, transparentes, livres e sem censura para a
organização de partidos, grupos e expressão de ideias, que permitiam a participação de seus
cidadãos em eleições periódicas; na economia, também uma sociedade livre, que recuperava as
forças e a lógica do mercado como referenciais do sistema produtivo, com um Estado mínimo,
de baixa intervenção e presença em temas sociais, de defesa da abertura económica e do
comércio sem barreiras. Esta agenda económica era sintetizada nos preceitos do neo-liberalismo

1.1. Referencial Teórico

A teoria que melhor explica o Tema em estudo, é a teoria do Liberalismo da Interdependência,


porque do enfoque a dimensão da cooperação entre actores estatais, e não estatais, envolvendo
assuntos alargados na agenda Internacional, mas também recorre, a teorias tais como: Neo-
realismo quando destaca a visão pessimista do crescente interesse dos BRICS em cooperar com
estados da África, e a teoria da Dependência quando tenta explicar as antigas relações com as
potencias Ocidentais, que criavam uma situação de empobrecimento dos países em
Desenvolvimento, nas quais o Sul subordinava-se ao Norte.

Contexto de Surgimento

Segundo Jackson e Sorensen (2007: 78), a teoria do Liberalismo da Interdependência, foi


desenvolvida por volta de 1950-1970,com Robert Keoyane e Joseph Nye (1977 6) altura em que
as Relações Internacionais envolviam o comércio, e o investimento, viagens, comunicação e
questões similares eram predominantes especialmente nas interacções entre as democracias
liberais do ocidente.

O termo interdependência, significa dependência mútua, onde as pessoas, governos sofrem o


impacto do que acontece em todos lugares, e das acções de seus semelhantes em outros Países,

6
Keohane, Robert e Joseph Nye (1977) Power and Interdependence: World Politics in Transition, Litlle brown:
Boston.
proporcionando desta forma um elevado grau de interdependência maior entre os Estados
(Ibid:159.).

Pressupostos

Segundo Mingst (1999:96-97), Jakson E Sorensen (2007:79-81) e Viotti e Kauppi (1999: 118-
120), os pressupostos básicos da teoria da Interdependência são as seguintes:

 Os teóricos do Liberalismo da Interdependência, defendem uma visão optimista da


natureza humana e a quanto a possibilidade de harmonizado de interesses entre os
indivíduos e consequentemente, entre Estados;

 Reconheciam a natureza anárquica do Sistema Internacional, mas acreditam que as


relações internacionais podem ser cooperativas em vez de conflituosas;

 Concordam que os estados sejam actores importantes na política Mundial, mas dizem que
actores não - Estatais, transnacionais podem ser actores importantes na política mundial.

 A agenda das Relações internacionais e complexa, não apenas os assuntos de segurança


militar, são os que ocupam a agenda dos Estados, mas também assuntos económicos e
sociais são relevantes.

 A económica ou outras formas de interconexão entre os Estados e actores não Estatais


podem ser importantes para moderar o comportamento dos estados e contribuir para a
paz.

 Os Estados, nem sempre são racionais e unitários, pois os seus interesses nacionais
mudam, em função da posição relativa de poder com outros actores externos, pela
liderança e grupos de influência internas.
Leitura do Tema à luz da Teoria

Para o tema em pesquisa, a teoria do Liberalismo da Interdependência é a que melhor explica


esta Promoção da Cooperação entre os BRICS e os Estados em Desenvolvimento, aludidos num
dos seus pressupostos, como factor importante para a Paz e Desenvolvimento.

E também, por rejeitar no quarto pressuposto, a ideia de que os assuntos discutidos a nível
internacional são de carácter militar estratégico (High politics7), destacando também questões
económicas, ambientais (Low politics8) Jakson e Sorensen (2007:159).

Portanto de os princípios defendidos por esta teoria, melhor se explicam, o período pós Guerra
Fria, no qual os Estados começaram a dar primazia também assuntos Económicos e ambientais
em oposição da confrontação Militar estratégicos, por exemplo a ideia da criação de um banco
pelos BRICS, para auxilio económico a Estados da África Subsaariana.

O trabalho também, faz alusão, ao Neo-realismo, quando destaca a visão pessimista do crescente
interesse dos BRICS em cooperar com os Estados da África Subsaariana, como estar relacionada
com a crescente procura de matérias-primas para as suas Indústria em crescimento, assim como a
pretensão de conquistar uma zona de influência no Sistema Internacional, e ter algum assento no
conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Da enfoque a teoria da Dependência quando tenta explicar as relações Norte – Sul, como sendo
assimétricas, porque servem apenas para aumentar a riqueza dos Estados Desenvolvidos, a custa
dos Estados do Sul, deteriorando as condições de vida dos povos destes Estados pobres,
causando inflação, desemprego,

O tema em estudo, encontra o seu suporte na teoria do Liberalismo da Interdependência pois,


esta defende a cooperacao entre diferentes actores do sistema internacional . A interdependência
significa dependência mútua. É referente a situações nas quais os actores ou acontecimentos em
diferentes partes do sistema se afetam mutuamente. Neste caso verificamos um fenômeno de
interdependência complexa na cooperação entre as economias emergentes e Moçambique.
7
Assuntos estritamente militares, de segurança militar
8
Assuntos de âmbito social, económico, ambiental e de Desenvolvimento Económico.
1.2 Quadro Conceptual

1.2.1 Cooperação

Cooperação é acção de participar numa obra comum em operações relacionadas entre si (Edições
progresso:1984: 115), e por Sousa (2005:53), Cooperar é “agir conjuntamente em vista à
realização de um fim comum, cujo sucesso depende necessariamente para além de outras
condições, da existência de interesses comuns’.

Para o sucesso na obtenção do objectivo comum depende de determinadas condições que a


cooperação implica, tais como um consenso em relação aos fins a atingir, a existência de
interesses comuns, a confiança recíproca dos actores, a elaboração em comum de um conjunto de
regras, um acordo sobre o modo de coordenacão das acções, a participação activa de todos
elementos (ibid.).

Por seu turno, Dougherty & Pfaltzgraff (2003;642) acrescentam que a cooperação,” é um
conjunto de relações que não estas baseadas na coação ou no constrangimento, antes são
legitimadas através do consentimento mútuo dos intervenientes”.

.
Este conceito é de extrema importância para o trabalho em análise, por ser um dos conceitos
chaves do tema, uma vez no debate constituir um termo serve para avaliar a cooperação entre os
Estados da África Subsaariana e os BRICS, particularmente a Cooperação entre Moçambique e
Brasil. E também pelo facto da cooperação económica entre Moçambique e Brasil, poder ser
uma estratégia viável para proporcionar ganhos para ambos estados, e proporcionar o alcance do
Desenvolvimento Económico Sustentável

1.2.2 Cooperação Sul – Sul


O conceito cooperação Sul – Sul, surge em detrimento do conceito Norte – sul, isto é, o termo é
utilizado para designar as relações existentes entre os Estados Capitalistas industrializados e os
países em desenvolvimento9.

Entende – se por cooperação Sul-Sul o conjunto de acções de carácter bilateral ou multilateral


desenvolvidas por quer seja entre os países periféricos, quer seja entre estes e os países chamados
emergentes como o Brasil, a Índia, a África do Sul e a China, ou ainda entre os próprios países
emergentes.

Desenvolvimento Económico

É entendido como sendo, um fenómeno de natureza essencialmente qualitativa, que nos alerta
para a melhoria das condições de vida das populações em geral, associada a aumentos de
produção, melhoria das condições de saúde, educação e habitação” (Oliveira et al, 1996;55), O
desenvolvimento económico pressupõe a transformações profundas e estruturais da economia de
uma sociedade.

Desenvolvimento Económico é definido tambem por como um conjunto das mudanças no


sistema económico e social, assim como no tipo de organização, que condicionam e facilitam o
crescimento(ibid.).

É também definido por Sousa (2005:53), como a transformação das estruturas mentais e
institucionais que permitem a aparição e a continuidade do crescimento. Conjunto das melhorias
econômicas, tecnológicas, sociais ou culturais que produzem um melhor bem--estar.
O desenvolvimento é a combinação das mudanças mentais e sociais de uma população que a
tornam apta a fazer crescer, cumulativamente o seu produto real, todo o crescimento não é
necessariamente portador de desenvolvimento. Mas, historicamente, o crescimento económico é
indissociável do desenvolvimento económico.

9
Países ainda em processo de reforma das suas economias, nomeadamente do Hemisfério Sul.
O conceito desenvolvimento Económico é de extrema importância na pesquisa, uma vez que,
este é o principal objectivo de Moçambique e os restantes Estados da África Subsaariana na sua
Cooperação com as potencias Emergentes.

Interesse Nacional:

De acordo com Charles Beard (1970)10 citado por Sousa (2005: 132), o primeiro académico a
produzir um estudo científico sobre o conceito, o termo interesse nacional foi introduzido no
léxico político a partir do século XVI, com o desenvolvimento do Estado-nação e do
nacionalismo, substituindo a noção de razão de estado.

Segundo este autor em Relações Internacionais, o conceito de interesse nacional é usado: como
um instrumento analítico identificador de objectivos e metas da política externa de um Estado e
sendo este abrangente, usado no discurso político, para justificar opções políticas (Ibid.).

Enquanto instrumento de análise política, tem sido associado com a Escola realista, cujo
principal protagonista foi Hans Morgenthau (1997)11 citado por ( Doughuerty e pfailzgraff,
2003:96-97) , para quem o conceito tinha uma importância fundamental na compreensão do
processo político internacional. E entende ,como luta pelo poder e sobrevivência nacional, que só
depois de garantidos, são prosseguidos os interesses menores, este interesse nacional, esta
associada a assuntos estratégicos e de segurança do estado.

Stephen Krasner (1992)12 citado por Sousa ( 2005:92) , que entende ser preferível considerar o
interesse nacional é, assim, mais o que os decisores políticos entendem ser. O seu conteúdo diria
respeito a tudo aquilo que os governantes, na conjuntura, definem como sendo o interesse

10
Burdeau Georges. (1970), L’État, Paris: Seuil.
11
Morgenthau Hans. (1997), Politics among nations. The struggle for power and peace, 6.ª ed., Nova Iorque:
12
Stephen Krasner (1992), Achieving environmental goals: the concept and practice of performance review,
Londres: Belhaven, 192.
nacional. Embora demasiado realista e empírico, nem por isso lhe falta à base de estudos
fundamentados.

Na sua essência, a origem da idéia de interesse nacional prende-se com os princípios realistas de
segurança nacional e sobrevivência (defesa da pátria e a preservação da sua integridade
territorial). Mas também têm vindo a ser incluídos no conceito de interesse nacional: bem- -estar
econômico; promoção de princípios ideológicos e o estabelecimento de uma ordem mundial mais
favorável.
A expressão “interesse vital” é também usada com freqüência neste contexto, reflectindo que
uma determinada decisão política é tão importante para o bem-estar do Estado que não pode ser
posta em causa, podendo resultar no uso da força militar para defendê-la.

O conceito Interesse nacional, é pertinente porque da enfase a elementos tais como bem- -estar
econômico; promoção de princípios ideológicos e o estabelecimento de uma ordem mundial mais
favorável que são os objectivos esperados na cooperação entre os BRICS na arena internacional
e na relação com estados da África subsaariana e com Moçambique em particular .

Sistema Internacional:

É um conjunto de unidades inter-relacionadas, que através de uma estrutura e de um processo


enquadra e define os fins e instrumentos da sua actividade Sousa (2005:93).

O sistema internacional não é centralizado e não é tão tangível e claro no que toca às suas
estrutura diz respeito à forma como se distribui o poder pelas unidades do sistema. O processo
diz respeito ao padrão de relacionamento e tipos de interacção entre as unidades do sistema.
Estas unidades políticas são no presente sistema westefaliano, sobretudo os Estados, mas não
unicamente.
Segundo Aron (1975:234)13, o sistema internacional é o conjunto formado pelas unidades
políticas que mantêm, entre si, relações regulares e susceptíveis de estarem implicadas numa
guerra geral. Para este autor, exprimindo a concepção realista das Relações Internacionais, o que

13
Aron, Raymond (1975) Paix et guerre entre les nations, Paris: Calman-Levy.
define antes de tudo o sistema internacional é a possibilidade de uma guerra comum entre os
actores.

O sistema internacional não abrange apenas os Estados, mas todo o tipo de actores não estatais
existentes no sistema. O ponto essencial que importa ressaltar acerca de qualquer tipo de sistema
é o de o padrão geral do sistema ser mais importante e influente do que a soma das suas partes.

O conceito de sistema internacional é usado nas Relações Internacionais como instrumento de


análise nos planos descritivo e explicativo, este constitui outra designação, na análise tradicional
do sistema de Estados tem a enfatizar os objectivos e orientações das grandes potências como
influências fundamentais relativamente a processos e resultados. Em termos sistémicos, uma
potência é um actor estatal de tal significado que a sua retirada do sistema alteraria a sua
estrutura, por exemplo, de uma situação da multipolaridade

Capitulo 2: A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DOS BRICS NO SISTEMA


INTERNACIONAL.

2.1 Surgimento das Economias Emeregentes na Nova Ordem Internacional Multipolar

Neste capítulo procura-se explicar o contexto de surgimento dos BRICS, como actores
preponderantes na gestão do Sistema Internacional, buscando as diferentes razoes que
permitiram a consolidação dos BRICS como um novo bloco que desafia as potencias tradicionais
do ocidente.

Segundo (Wache, 2013:3), O termo BRIC foi usado, pela primeira vez, foi usado pela primeira
vez por de Jim O’Neil14 (2001). A partir de 2006 o termo BRIC deixou de ser apenas uma
designação para efeitos de análise para se tornar num Organização.
14
O’Neil, J. (2001). Building Better Global Econimic BRICs, Goldman Sachs, paper
Em 2009, o fórum realiza a sua primeira cimeira e em 2011 a África do Sul é admitida como o
quinto membro do fórum passando-se assim, dos BRIC para os BRICS, reflectindo cinco pólos
de poder Emergentes no Sistema Internacional. Mas a adesao da Africa do Sul provocou uma
onda de críticas, inclusive do próprio O’Neill, mas por fim concorda com a iniciativa com o
argumento de que a população africana está em 1 bilhão de habitantes, similar à da Índia em
número, sendo que os africanos tendem a gastar mais em bens de serviço.

Mas também a absorção da África do Sul no BRICS confirmava os fundamentos políticos do


grupo e evitou com que as ex-potências coloniais explorassem a ausência de uma representação
africana como evidência de desprezo por parte dos países do grupo em relação aos africanos
Sardenberg (2013:112).

Entre 2009 e 2012, o BRICS mudou de patamar, fortaleceu - se graças ao mecanismo das
cúpulas. Quando ocorrem quatro cúpulas seguidas num período de quatro anos. Até 2009, o
BRICS era uma fantasia de Jim O’Neill. Estava defendendo interesses comerciais, do ponto de
vista do capitalismo, ele concentrou - se nos fundamentos e vantagens econômicas desse grupo,
mas a sua idéia acabou tendo uma repercussão muito maior quando veio a crise econômica de
2008 e se descobriu que o BRICS poderia ser um instrumento importante, primeiramente do
ponto de vista econômico e depois do ponto de vista político.

A ideia da criação de um novo bloco, com um maior prestigio no Sistema Internacional, teve
dentre vários factores, as recentes crises financeiras, que tiveram inicio no mundo Ocidental,
como por exemplo a crise financeira mundial, teve o seu início em Outubro de 2008, com a
eclosão da crise imobiliária nos EUA (Wache, 2012: 54). Esta crise, fez com que os Estados
membros dos BRICS, se reunissem, na cimeira de Brasilia, em Junho de 2009 como forma de
adoptar medidas para evitar que esta afecte as suas economias, dando uma prova clara de que os
BRICS eram uma plataforma económica estável e, por conseguinte, poderosa, de facto.

2.2- O papel dos BRICS nas transformações globais em curso no Sistema Internacional
Segundo Cai (2009:341) o aumento da cooperação entre os países do agrupamento BRICS tem
impulsionado uma mudança abrupta na estrutura de governança global. As razoes da criação
deste bloco, não só foram, factores de natureza económica mas também de natureza militar,
onde, devido a capacidade de dissuasão nuclear de três dos cinco membros dos BRICS serem
considerados potências nucleares, nomeadamente a Rússia, a China e a Índia. E com a África do
Sul que detêm o know how15, nesta matéria, põe os BRICS em pé de igualdade com o Ocidente,
dai que se pode dizer que os BRICS, reivindicam uma maior equidade no Conselho de Segurança
(CS), e na gestão dos assuntos no Sistema Internacional.

Segundo Alden16 citado por Wache (2013), a criação do bloco dos BRICS no Sistema
Internacional é de extrema importância, permite as potências emergentes, que compõem este
bloco, afirmarem-se através da combinação do poder económico, perspicácia diplomática e
poder militar de forma a sair do estágio de países em desenvolvimento e desafiar as potências
tradicionais, principalmente as Ocidentais.

Esta Multi-polaridade do Sistema Internacional, veio confirmar os presságios de Kissinguer


(1996:177), quando dizia que “a nova ordem global na qual passará a ser multipolar e
policêntrico, o qual iria conter mais de 6 maiores poderes (EUA, Europa a Rússia, Japão, China e
provavelmente a Índia), bem como a multiplicidade de Estados médios e pequenos que irão se
opor a dominação Ocidental no Sistema Internacional, daí resulta a multi-polaridade, composta
pelo Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul.

A ascensão de novas potências tornando o Sistema Internacional mais equilibrado em termos de


poder permitiu o surgimento de novos pólos de poder e a consequente decadência das potências
tradicionais. Entretanto, a criação do BRICS aumenta a probabilidade de uma ordem
internacional voltada para a multilateralização e até para a multipolaridade

Desafios que coexistem na Consolidacao dos BRICS como Plataforma de Cooperacao no


periodo pos – crise Economica Mundial

15
Capacidade, poder de saber fazer, produzir algo
16
Alden, C. (sd). Joint Statement of the BRICS countries Leaders, Oxford Press,. New Deli:
Sob o pano de fundo da profunda recessão das economias desenvolvidas, uma grande expectativa
foi depositada sobre as economias emergentes representadas pelo BRICS. Na crise financeira
internacional, o BRICS e como sendo economias emergentes estão contribuindo mais do que
nunca para o crescimento da economia mundial e desempenhando um papel cada vez mais
importante na estabilização da economia mundial. Ao perceber o ajuste na estrutura industrial e a
mudança no padrão de crescimento econômico da economia mundial na era pós-crise financeira
mundial Lidan (2010:321).

Mas é de realçar que a consolidação dos BRICS como uma plataforma de cooperação não tem
sido fácil, isto devido a desafios e divergências de perspectivas entre os cinco Estados dos
BRICS, no que concerne ao discurso da cooperação sul - sul, a multiplicidade de organizacoes
internacionais em que os membros dos BRICS estão envolvidos e insatisfação do Ocidente.

Quanto a Cooperação Sul – Sul, o Brasil, a Índia e a África do Sul são defensores deste modelo
de cooperação, fortificando esta ideia, com a criação em 2003, do fórum Brasil, Índia e África do
Sul (IBSA), enquanto a China e a Rússia, discordam do modelo de cooperação Sul – Sul, e
exigem reformas nas instituições financeiras como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e
Banco Mundial (BM), e contestam o proteccionismo ocidental no comércio internacional Wache
(2013:13).

Outro grande desafio dos BRICS, aponta-se o facto de os Estados membros dos BRICS
encontrarem-se envolvidos em várias organizações internacionais, facto que dificulta a tarefa dos
BRICS em conciliar as múltiplas agendas das diversas entidades multilaterais nas quais
participam. Os BRICS enfrentam também uma dificuldade adicional, por serem países
culturalmente, e em vários casos geograficamente, distantes uns dos outros (Ibid.).

Mas segundo Neves (2011:56) o centro do problema dos BRICS é o interesse da China no
BRICS que parece claro que este estado pretende bloco para atingir uma preeminência política e
econômica no mundo. Para (Ibid ) a China tem uma política comercial agressiva, que esta a
ameaçar o Mercosul, com suas empresas e seus preços baixos, e está comprando terras na África
e na América Latina, na América do Sul, sobretudo, para se abastecer de recursos naturais que lá
são escassos.
A insatisfação do Ocidente com o crescente protagonismo dos BRICS, que está desenhar
estratégias para reduzir o poder daqueles países de modo a retornar-se a unipolaridade que
predominou na década de 1990.

Alguns críticos tais como, o Secretário do Tesouro americano, Tim Geithner e Professor
Lukyanov são cépticos quanto a possibilidade dos BRICS tornarem – se num pólo de poder que
poderá equilibrar a gestão da agenda internacional afirmam que o grupo só seria realmente
relevante se pudesse coordenar todas as posições em todas as esferas da agenda mundial, do
Conselho de Segurança à reforma de Bretton Woods, sobre o que fazer para superar a crise
global, os entraves na OMC e a instabilidade no Oriente Médio.

Pimentel (2011:145) por seu turno refuta esta afirmação defendendo que pelo facto dos BRICS
terem em comum o facto de serem nações com capacidade de actuar de forma autônoma, e por
serem países de grande dimensão econômica, geográfica e populacional e sem adoptar
necessariamente uma atitude de confrontação, podem agir com autonomia em relação às
potências tradicionais do Atlântico Norte, os Estados Unidos e a Europa Ocidental. Isso vale,
sobretudo, para os quatro integrantes originais, mas crescentemente também para a África do
Sul, que a capacidade de agir de forma independente é ingrediente crucial.

Neste capítulo foi abordado o surgimento dos BRICS, como actores preponderantes na gestão
do Sistema Internacional, um ponto importante que foi mencionado em várias intervenções deste
capitulo é a importância da agenda dos BRICS que diferencia – se da agenda dos estados
ocidentais e faz referência a idéia da multipolaridade que visa mudar de certa forma o curso das
negociações globais, e reivindicam uma maior equidade no Conselho de Segurança (CS), e na
gestão dos assuntos no Sistema Internacional.

Mas também é certo que os BRICS enfrentam problemas de existência de forças centrífugas
dentro do BRICS e uma delas é o caso da China, que vai se assumindo uma ordem de grandeza
diferente,outra é o ingresso da Rússia na Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), tornando desconcertante para o BRICS ter um dos seus membros em
processo de aproximação com a OCDE, por esta não só ser um conjunto de regras, mas também
uma cultura. A tentativa russa de assimilar a cultura ocidental a representa uma força centrífuga
dentro do BRICS.

Portanto em minha opinião, os BRICS sobreviveram como um bloco multipolar capaz de


influenciar na gestão do sistema internacional se reduzir as assimetrias no interior do grupo,
assimetrias estas, que colocam em dúvida a viabilidade do grupo como um importante pólo de
poder capaz de condicionar o sistema internacional, entretanto este novo bloco deve representar
valor estratégico para cada um de seus membros. Não importa muito se este valor é diferenciado;
mas enquanto representar algum valor de peso significativo para cada um dos membros
certamente que os BRICS sobreviveram como um bloco capaz de equilibrar a arena global.

CAPTULO 3: A INTENSIFICACAO DAS RELACOES ENTRE OS BRICS E OS


ESTADOS DA AFRICA SUBSAARIANA

De acordo com Wache (2013:5) com o crescimento econômico acentuado das 5 economias
emergentes, reconhecido por ( O’Neil, 2001)17, aumentou também consciência de que os BRICS
17
O’Neil, J. (2001). Building Better Global Econimic BRICs, Goldman Sachs, paper
tornaram – se numa plataforma de cooperação que aos poucos passaram a configurar um desafio
a unipolaridade estabelecida desde o fim da Guerra Fria.

O aumento da influência dos BRICS como uma uma nova plataforma de cooperacao a nível
mundial tem gerado muitos debates e inquietações nos mais variados fóruns de discussão,
sobretudo no que diz respeito às relações entre estes países e África Subsaariana, alguns acusam
os BRICS de estarem apenas interessados nos recursos naturais africanos e não no seu
desenvolvimento. E por outro lado os defensores deste bloco, justificam dizendo que a crescente
importância dos BRICS têm como objectivo de cada vez mais reivindicar uma nova ordem
mundial mais “justa”, ou seja, que tenha em conta o peso de cada de um destes países no mundo:
reformas no Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, assento permanente para o Brasil
e para a Índia nas Nações Unidas, entre outras exigências.

Durante a declaração de Delhi, de 2012, as economias emergentes dos BRICS reforçaram a idéia
da existência da ordem multipolar, definindo este bloco como ‘uma plataforma de diálogo e
cooperação entre países que representam 43% da população mundial e os restantes Estados da
África Subsaariana, tendo como objectivo à promoção da paz, segurança e desenvolvimento
econômico num mundo multipolar, interdependente e em processo de globalização
(BRICS,2012:2)’

Segundo Pimentel (2011:123) os países mais desenvolvidos do Grupo dos sete países mais
desenvolvidos (G7), União Européia e Estados Unidos, reconhecem a ordem multipolar e
querem interagir com os países emergentes, daí que estes propõem que os BRICS deveriam ser,
não só promotores da demanda entre os países em desenvolvimento através da cooperação sul-
sul, mas também deveria compensar a falta de demanda e a falta de dinamismo dos países
desenvolvidos. Mas, entretanto, desde o começo, o bloco dos BRICS afirmou que isso não seria
viável, pois todos os países têm que crescer juntos. Esta posição comum reforça um ponto
importante dos BRICS, que é a idéia de que outros países em desenvolvimento “extra-G7” têm
um papel importantíssimo para a demanda global, e sendo assim as iniciativas para o
desenvolvimento dos países não membros do G7 podem combater os principais factores de
debilidade na economia global, que se encontram, no entender do BRICS, no lado da falta de
demanda. O BRICS defende a criação de demanda, em países que precisam de demanda.
E os estados em desenvolvmento defendem a intensificação das suas relações com os BRICS,
pelo facto dos paises deste bloco apresenterem uma a semelhança de discurso com estes e
ausência de condicionalismos para financiamento ao desenvolvimento. Em relação a semelhança
de discurso, os BRICS apresentam-se a si mesmos como países em desenvolvimento e
reivindicam o direito ao desenvolvimento. A exigência de reforma das instituições financeiras
como o Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, a contestação do proteccionismo
ocidental no comércio internacional são discursos que conferem legitimidade aos BRICS, diante
dos países em Desenvolvimento (Wache:2013:8).

Por seu turno (Barbosa,2009:123 ), afirma que a intensificação das relações entre os BRICS e os
países em desenvolvimento justifica-se não só em razões morais, mas também são pelo facto
destes considerarem que a chave do sucesso numa economia mundial mais competitiva e
dinâmica, reside na melhoria da saúde, educação e bem-estar social. Em particular, estes
investimentos das economias emergentes visam permitir uma maior interação dos estados em
desenvolvimento com os mercados e aumentando as suas oportunidades de subsistência.

Os BRICS, têm sido vistos por estes Estados em desenvolvimento, como grupo de
Estados que não interferem na gestão interna dos Estados, cabendo-lhes fazer o financiamento
mediante mecanismos financeiros sem chantagens políticas aos Estados. A cooperação entre
estes estados do grupo BRICS e outros em desenvolvimento é defendida como a própria
materialização do princípio da solidariedade internacional, segundo o qual os países devem se
orientar em uma perspectiva de construção de uma idéia de humanidade.

Mas esta visão dos estados Africanos em assumir a cooperação com as potencias emergentes
como sendo uma dádiva por basear-se no discurso de uma relação de obrigações recíprocas
destituídas de conflito e carregadas de valor moral, na qual troca comercial é interessada e não
busca a satisfação de um interesse nacional mas sim na orientação de uma perspectiva de
construção de uma idéia de humanidade tem sido vista por ( Puente, 2010) 18 citado por

18
Puente, Carlos Alfonso Iglesias. (2010) A cooperação técnica horizontal brasileira como instrumento de política
externa: a evolução da cooperação técnica com países em desenvolvimento – CTPD – no período de 1995-2005.
(IESE,2012:6), como utópica, afirmando que a idéia de solidariedade e humanidade sempre
estiveram presentes dentro do sistema internacional e as primeiras acções a que se convencionou
a chamada cooperação internacional para o desenvolvimento,ou a ajuda fornecida eram
acompanhadas por um forte valor moral .

Isto é, primeiramente, os países europeus receberam ajuda para sua reconstrução, dada a
destruição causada pela Segunda Guerra Mundial. Nesta altura, o discurso corrente era o de que
seria necessário ajudar os países em desenvolvimento, considerando a situação de miserabilidade
em que viviam suas populações. Na verdade, com a recessão vivida pelos países desenvolvidos,
na década de 1980, fez com que a cooperação para o desenvolvimento fosse utilizada para o
atendimento dos objetivos do Norte de salvar o sistema financeiro internacional os países do Sul,
através de ajudas com condicionadas, de modo a permitir-lhes honrar seus compromissos junto
às instituições financeiras privadas; portanto, não coincidindo com os anseios dos países em
desenvolvimento por um desenvolvimento econômico (IBid.).

A observância de uma série de condicionalismos exigidas aos países em desenvolvimento


beneficiários desta ajuda, demonstrava claramente que a ajuda prestada não isenta de interesses
era uma utopia e os seus objectivos nem sempre coincidem com a real necessidade do estado
que buscava ajuda.

Segundo Chichava (2008:65) com a abertura das economias da China, Índia, Brasil e Rússia, a
força de trabalho mundial duplicou, e dentro de uma década, por força dos paises emergentes,
haverá mais de um bilião de novos consumidores a nível global. Os países em desenvolvimento,
em 2007, participaram com 40% das exportações mundiais. Nos anos 70, respondiam apenas por
20%. Estes países são consumidores de mais de metade da energia consumida hoje no planeta e
mais de 70% das reservas mundiais estão sob a guarda dos bancos centrais destes novos países.

Esta nova realidade está não só a mudar a estrutura da economia global, como representa um
novo quadro político e social.
Fundação Alexandre Gusmão: Brasília.
A China, a Índia e o Brasil (e a Rússia e a África do Sul, é claro) quebraram os padrões e os
modelos de desenvolvimento e criaram uma nova dinâmica, um novo movimento, com as suas
economias.
A prova disso é o facto de nos anos 90, quando as multinacionais dos países desenvolvidos
passaram a mostrar pouco interesse pelos países em desenvolvimento, assistiu-se à emergência
das multinacionais provenientes da China, Índia, Brasil e Rússia, concentradas, sobretudo no
domínio da indústria e de serviços, que são o verdadeiro motor da economia global. Estes países
foram responsáveis, em 2007, antes da crise financeira internacional, por uma grande parcela do
PIB mundial.

Segundo Caú (2011:69), ha uma crença de que países como o Brasil, Rússia, Índia China e
África do Sul, têm características semelhantes e com interesse num reordenamento do sistema
internacional, e embora estes experimentem condicionalismos externos, sobretudo em termos
econômicos, tem uma autonomia na formulação das suas acções internacionais, buscando na
cooperação internacional uma forma de contrapor as acções unilaterais das grandes potencias.
Estes países não estão integrados estruturalmente em áreas amplas e nem em nenhum dos pólos,
mas são tidos como candidatos naturais a ter um lugar de destaque na nova ordem internacional.

Para este autor a “parceria estratégica” entre os países deste bloco e os restantes em
desenvolvimento passou a ser uma opção relevante, pois são países que possuem uma
importância nas suas regiões, em tem um peso em termos de densidade populacional, produto
interno bruto, recursos naturais, para alem de ser democráticos. (Ibid.).

No campo do Investimento Directo Estrangeiro (IDE), as multinacionais dos países emergentes


também nos colocam perante questões novas, em termos de características, volume, natureza,
motivos e padrões de internacionalização. Mas a característica mais inovadora é a cooperação do
seu eixo Sul-Sul, com forte apelo a dinâmicas regionais, desfazendo a força do eixo Norte-Sul.

E em 1990, as empresas dos países emergentes contribuíam no Sul com 7% dos investimentos,
expandindo estes investimentos em dois sentidos: regionalmente, e globalmente, mas estas
multinacionais dos países emergentes consolidam a sua força regional e em países em
desenvolvimento ou mesmo subdesenvolvidos. Tendem a investir geograficamente perto dos
seus países de origem, mas também culturalmente onde melhor percebem o mercado.

Segundo (Freemantle e Stevens, 2009), o Crescimento extraordinário das relações entre os


BRICS e os países do continente africano, tem proporcionado nova dinâmica nas relações entre
as duas partes, que pode ser ilustrada pelo aumento do volume do comércio, que passou de 22
biliões para 166 biliões de dólares americanos entre 2000 e 2008, colocando, em 2009, a China, a
Índia e o Brasil em, respectivamente, 2º, 6º e 10º lugar na lista de maiores parceiros económicos
da África

COOPERACAO ENTRE AS POTENCIAS EMERGENTES (BRICS) E MOCAMBIQUE

Neste capituloabordamos o fortalecimento da relação de amizade e cooperação entre os Estados-


membros do BRICS e Moçambique na promoção do desenvolvimento econômico e na criação
uma ordem global multipolar, equitativa e democrática.
.
Apesar dos países desenvolvidos do G7 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino
Unido ,França, Itália e Canadá) entre 2005 e 2010 ainda serem responsáveis por um volume
muito maior em termos de cooperação internacional , os países que formam o grupo BRICs –
Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul tem aumentado sua participação em ajuda a nações
pobres da Africa subsariana, em um ritmo cada vez maior, criando novos modelos para a
cooperação internacional.Esta abrangência dos esforços dos BRICS em termos de ajuda externa
têm acompanhado o rápido crescimento de suas economias.

Com aproximação de Moçambique as economias emergentes, o país tem tido o crescimento


mais rápido, entre as nações em desenvolvimento da África subsaariana. Este rápido crescimento
econômico de Moçambique resulta sem dúvida das contínuas reformas econômicas da orientadas
para o mercado, em seus vários segmentos, onde comportamentos da entidade econômica estão
cada vez mais regularizados, com a crescente tendência guiada pelos investimentos provenientes
doas novas economias emergentes orientados princípios da economia de mercado na qual as
empresas multinacionais não estatais ate mesmo as estatais, são responsáveis pela produção.

Localização Geográfica e Situação Econômica e política de Moçambique

De acordo com Quina (2011:23) citando Portal do Governo (2010) 19 A República de


Moçambique situa-se na costa oriental de África, com uma área de 802 000 km2 e 2700 km de
costa. Possui uma população cerca de 21.530 milhões de habitantes e faz fronteira com seis
países a norte com a Tanzânia, a oeste com Zâmbia, Zimbabué e o Malawi, sul com a
Swazilândia e África do Sul e, Este com o Oceano Índico.
Independente desde 25 de Junho de 1975, Moçambique é uma república presidencialista e
multipartidária. Em Outubro de 1994 realizaram-se as primeiras eleições legislativas. A moeda
oficial é, desde 1 de Junho de 2006, o Novo Metical (Mtn) e a língua oficial, o Português.

A economia moçambicana continua a ser considerada pelos observadores internacionais como


um caso de sucesso em países com experiências recentes de guerra. A adequada implementação

19
www.portaldogoverno.gov.mz
de políticas de estabilização e o sucesso na pacificação do território têm sido os principais
responsáveis pelo bom desempenho da economia. Adicionalmente, as entradas de investimento
estrangeiro direccionado a grandes projectos de investimento e ajudas dos doadores
internacionais continuam a desempenhar um papel fundamental para o enquadramento favorável
que tem caracterizado o país (Ibid.).

Processo de Reinsercao de Mocambique no Sistema Internacional no periodo pos Guerra-


fria

Segundo Saúte (2010:34) devido a circunstâncias históricas e geopolíticas traduzidas no apoio


do Ocidente para manter e perpetuar a situação colonial, a Frente de Libertação de Moçambique
(FRELIMO) foi “empurrada” a buscar o apoio do bloco socialista, mais disponível, na altura,
para apoiar as lutas de libertação nacionais.
A recusa do apoio do Ocidente expressado pela recusa de fornecimento de material bélico aos
combatentes de libertação nacional e na recusa em aplicar sanções económicas à potência
colonizadora (Portugal).
Esta recusa de apoio militar mantém-se quando Moçambique independente tem de enfrentar a
guerra de desestabilização promovida pelo regime de Ian Smith (ex-Rodésia) e, mais tarde, pelo
regime de apartheid20 da África de Sul. Durante este período de guerra de desestabilização, a
dependência em termos de material bélico do bloco socialista, em particular de União Soviética,
era total (Ibid.).

Segundo Abrahmsson et Nilsson (1995: 10) , para fazer face aos efeitos, por um lado, da seca e,
por outro lado, da desestabilização da África Do Sul, e tomando em conta a capacidade reduzida
da URSS, Moçambique precisava de novas alianças internacionais, capazes de reforçar a
legitimidade política internacional da FRELIMO, e assim contribuir para o apoio politico e
financeiro necessário para pôr fim às actividades externas hostis

20
Movimento racista e segregacionista que vigorava na África do sul ate 1998
Segundo Ottaway (1992:156), Logo a seguir à independência, a economia de Moçambique sofre
um abalo caracterizado pelas carências que se manifestavam em todos os sectores da vida
económica e social. Num esforço titânico de organização e de mobilização, o país busca soluções
nos países ocidentais para suster este fenômeno, é neste contexto, que foi adoptada a política de
“engajamento construtivo”, o “instrumento” utilizado para retirar Moçambique da esfera de
influência do chamado “bloco comunista”.
A exigência para a obtenção da ajuda de que o país dramaticamente necessitava nos tremendos
anos 80, em plena emergência, seria a adequação da sua política econômica ao chamado
“Consenso de Washington apregoado por organizações como o Banco Mundial e Fundo
Monetário Internacional, que concediam suas ajudas a partir do compromisso de que os países
em desenvolvimento deveriam promover a estabilidade econômica e reduzir a intervenção do
Estado (IESE,2012:25).

Ascensão das economias emergentes como plataforma de cooperação para o


desenvolvimento econômico de Moçambique

A quando da crise financeira de 2008-09, o crescimento das economias desenvolvidas estagnou,


mas o das economias em desenvolvimento prosseguiu, porque o mundo registou a ascensão de
novas economias emergentes, vistas no mundo em desenvolvimento como um reequilíbrio
mundial. Ora, estão em jogo, dinâmicas muito mais amplas, que abrangem um número muito
maior de países e tendências mais profundas que podem ter conseqüências abrangentes para a
vida das populações, a equidade social e a governação democrática, tanto a nível local como
mundial.
A ascensão do dos BRICS como um bloco é vista pelos estados da África subsaariana como
uma alternativa de cooperação para o desenvolvimento oposto ao modelo Ocidental, porque
permite aos estados africanos o acesso a mercados e segurança econômica e simultaneamente,
como fonte de investimentos e concretizações no domínio do desenvolvimento econômico e uma
oportunidade para um progresso humano ainda mais significativo no mundo como um todo.

Como perceberam (Sautman & Hairong, 2007:77), que enquanto as práticas ocidentais de
cooperação para o desenvolvimento enfatizam as dimensões do livre mercado, expansão da
democracia, boa governacão e, após a crise do Consenso de Washington, redução da pobreza, as
práticas de cooperação para o desenvolvimento desenvolvido pelas potências emergentes dos
BRICS, têm como elemento central a promoção do comércio e do desenvolvimento industrial no
próprio continente africano.

As potencias dos emergentes (BRICS) têm continuadamente reiterado o seu compromisso em


ajudar África a desenvolver a agricultura, contribuindo, assim, para a eliminação da fome e da
pobreza neste continente. Entretanto, nos últimos tempos, sobretudo depois da crise mundial de
alimentos de 2007-2008, o interesse destes países pela agricultura africana tem levantado
inúmeras inquietações, havendo acusações de que, em virtude de nos seus respectivos países
haver escassez de terra para agricultura, estarem a açambarcar terras inexploradas em África para
alimentarem os seus povos.

Partindo do caso moçambicano, a cooperação com as cinco potências emergentes que compõem
o novo bloco dos BRICS nota - se, um incremento cooperativo nas áreas de comércio e dos
investimentos, sendo que a agricultura e as infraestruturas correspondem os sectores de destaque
(Chichava, 2011:378).

As exportações de Moçambique para esses cinco países crescem em ritmo superior ao


crescimento das exportações para o resto do mundo. As importações provenientes deles também
crescem em ritmo acelerado. A conclusão é que os países do BRICS ganham cada vez mais
importância na pauta do comércio internacional Moçambicano.

Quanto às relações sino-africanas ganham maior dinamismo num contexto em que o enorme
crescimento económico da China faz o país aumentar a sua demanda por recursos naturais e
energéticos e oportunidades comerciais, e uma das regiões onde Pequim está com os olhos
postos é a África (Sant’anna, 2008:6).

Com relação a Moçambique e a China continua sendo a mais significativa entre as nações
emergentes. Em 2 anos, Beijing passou de 26º para 6º maior investidor em Moçambique fazendo
uso da concessão de empréstimos “sem condicionalismos”. Estes empréstimos têm sido a porta
de entrada em Moçambique de várias empresas e consórcios chineses (Rosinha, 2007: 64).
No plano das relações comerciais, económicas e da cooperação técnica, ambos os países
assinaram um Acordo de Comércio e um Acordo de Promoção e Mútua Protecção do
Investimento, tendo estabelecido uma Comissão Económica e Comercial Conjunta em 2001
(Carriço, 2008:5).

Em 2002, Moçambique assinou um memorando de entendimento com a China válido por um


período de cinco anos, delineando cooperação em diferentes domínios, nomeadamente florestas,
produção de arroz, biotecnologia, pecuária, processamento, controlo de doenças e pestes e
investigação (Chichava, 2011:382).

No domínio agrícola, a China investiu 800 milhões de dólares para multiplicar por 5 a produção
de arroz em Moçambique, como contrapartida pela construção de estradas e barragens. A região
do Vale do Zambeze é tida como o território eleito para a produção de arroz para o mercado
chinês, que se deparará com aumentos de consumo e cada vez menos terra arável (mediaFAX,
2008:1).
Um dos grandes destaques da cooperação entre Moçambique e China no sector agrícola é o
estabelecimento de um centro de tecnologias agrárias em Boane, no sul de Moçambique.
Avaliado em 55 milhões de dólares, o Centro de Tecnologias Agrárias está ser estabelecido com
ajuda do governo da província de Hubei, e é o primeiro de entre os 14 centros que a China prevê
em África (Ibid.).
Quanto às relações entre a Índia e Moçambique segundo (Ibid.), os programas Focus Africa e
Team-9 lançado pela Índia através do Exim Bank em 2002 e 2004 e dotados, respectivamente, de
uma linha de crédito de 550 e 500 simbolizaram o começo de uma nova era nas relações entre
este país e África.

A Índia tem vindo a prestar assistência a Moçambique de várias formas, incluindo através de
Linhas de Crédito. O governo da Índia aprovou três Linhas de Crédito de 20 milhões cada para
Moçambique. A primeira foi concedida em Setembro de 2004 para eletrificação rural, gestão de
águas, e um projecto de aproveitamento de cascas de coco na província da Zambézia. Outro de
US 20 milhões foi concedido em 2006 para electrificação da província de Gaza. A terceira linha
de credito de US 20 milhões foi oferecida a Moçambique em Abril de 2008, com a finalidade de
financiar a transferência de tecnologias de furos de água e equipamento desde a Índia (High
Commission of Índia, 2011)21 citado por Quina (2011: 45).

Na área da educação, referir que actualmente, 20 vagas para bolsas de estudo sob foi aumentado
para 30, desde os anos 2008-2009. Moçambique e Índia assinaram dois acordos de cooperação
para a promoção do comércio, investimento e reforçar a cooperação económica, cultural,
científica e técnica entre os dois países. Os acordos foram assinados no término da segunda
reunião da Comissão Conjunta em Nova Deli, capital indiana. Assinaram os referidos acordos o
Ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Balói, e o seu homólogo indiano,
Anand Sharma(Ibid.).

Segundo Simpson (1993: 309 – 324) as relações entre Moçambique e a Rússia ocorrem desde
1977, com a realização do III Congresso, a FRELIMO, onde foi adoptado o socialismo como
orientação, com a expectativa de que o bloco socialista iria satisfazer as necessidades internas de
desenvolvimento económico do país financiando os demais projectos de desenvolvimento, o caso
do PPI (Plano Prospectivo Indicativo) e no sentido de que este mesmo bloco admitiria
Moçambique naquele que era o Conselho de Assistência Mútua Económica dos países
socialistas. Mas, entretanto, não foi isso que aconteceu, pois, a URSS rejeitou a proposta de
adesão de Moçambique a este conselho.

De acordo com (Visentini,durante a palestra proferida no ISRI;2013),a Rússia também tem seus
problemas pendentes: a agroindústria pouco desenvolvida e a dependência em lideranças fortes.
Apesar de estar entre os países do BRIC, seu futuro é cheio de variáveis. Com o seu sonho de re-
emergir como uma grande potência, a Rússia espera fortalecer o seu poder nacional e fazer jus à
reputação de um grande poder.

21
High Commission of Índia (2010), Cooperação entre Moçambique e Índia.
BREVE HISTORIAL DAS RELACOES ENTRE MOCAMBIQUE E BRASIL

Segundo Cau (2011:57) as relações entre Moçambique e o Brasil nos primeiros dez anos após a
independência fluíram com pequena intensidade devido a problemas internos de ambas partes
associados a situação político e econômico mundial, onde Moçambique atravessava um período
de instabilidade na região devido ao clima de confrontação com o regime do Apartheid que
protagonizava ataques ao território Mocambicano, chegando ate a ameaçar a sobrevivência do
estado.

A nível doméstico Moçambique enfrentava uma Guerra Interna de desestabilização pelo


Movimento Nacional de Resistencia( RENAMO), que era apoiada pelo bloco capitalista (Ibid).

Por outro lado, o ressentimento de Moçambique em relação ao Brasil pelo facto deste ultima ter
sido passivo na luta de libertação de Moçambique e por ter assinado acordo de consulta mutua
com a ex- potencia colonizadora (Portugal) dificultou a aproximação dos dois países (Ibid).

As relações do Brasil e Moçambique, ganharam um novo impulso a partir de 1985 com o início
do processo de democratização no Brasil que ë o maior país da América Latina.Mas, foi com a
chegada à presidência do Brasil de Luís Inácio Lula da Silva em 2003, que as relações com a
África transcenderam, pelo seu significado, o mero circunstancialismo das relações diplomáticas
normais entre Estados.

Efectivamente, o paradigma das relações políticas internacionais iniciado com Lula da Silva


trouxe para a ribalta não só a questão das relações entre estados, como também, numa
perspectiva mais global, as relações sul-sul e regionais.

A demonstração clara que ilustra este novo impulso nas relacoes Mocambique e Brasil sao as
tres visitas de Lula a Moçambique em novembro de 2003,outubro de 2008 e novembro de
2010.Estas sao consideradas, sem dúvida,a manifestação inequívoca dos laços que unem
historicamente os povos de ambos os países, na diversidade e no respeito mútuo das culturas
miscigenadas, sobrepondo-se a todas as vicissitudes históricas passadas.
As relações entre Estados estes dois estados fazem-se hoje a dois níveis que se complementam,
cultural e económico. Entre o Brasil e Moçambique a língua, constitui um património histórico e
cultural comum, mas esta afinidades culturais e afectivas não , todavia, é transposta para o
terreno económico (ou mesmo político), porque pode gerar equívocos.

No plano económico há certas afinidades, se considerarmos que ambos os países pertencem ao


chamado «Sul» e estão empenhados na criação de espaços económicos nas regiões onde estão
situados: Moçambique na África austral (SADC) e o Brasil na América Latina, onde é o
verdadeiro motor do MERCOSUL. Mas, também aqui deve ter-se em conta que os países têm
objectivos estratégicos diferentes, pois diferentes são as suas economias e os seus interesses
comerciais imediatos.

Portanto o Brasil tem encetado uma série de iniciativas visando desenvolver a cooperação com
os países do continente africano, principalmente aos Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa (PALOP) e produtores de algodão, como Moçambique, que passaram a ser os
principais destinatários da cooperação brasileira.

Sob o discurso da solidariedade internacional e da necessidade de compensação da dívida


histórica com os africanos considerada pelo presidente Lula da Silva, pela valiosa contribuição
para a formação da nação multi - étnica brasileira o Brasil privilegia a cooperação com África
promovendo uma série de iniciativas visando desenvolver o sector agrícola africano,

De acordo com o (relatório do Ministério das Relações Exteriores: 2010), em Maio de 2010, o
governo brasileiro promoveu, em Brasília, um encontro designado “Diálogo Brasil-África sobre
Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural.” Neste encontro, onde
estiveram presentes 45 países africanos, foram definidas sete áreas relacionadas com a
agricultura que deviam ser objecto principal de cooperação entre as duas partes, nomeadamente:

 Desenvolvimento da agricultura, da pesca e da aquicultura sustentáveis, de actividades


agro-florestais e dos sistemas de manejo dos recursos hídricos;
 Aprimoramento da infra-estrutura rural, comercialização de produtos agrícolas e acesso
ao mercado;
 Apoio a agricultores familiares, aumento da produção de alimentos e redução da fome;

 Pesquisa, desenvolvimento e disseminação de tecnologias agrícolas, bem como acesso a


essas tecnologias;

 Capacitação institucional em segurança alimentar e nutricional;

Nota-se, entretanto, que, o aumento da cooperação de Moçambique com o Brasil é, de extrema


importância, pois para alem de deste ultimo pais ter uma economia emergente, estabilidade
política e institucional, liderança regional e ter tido êxito na experiência de combate à pobreza e
tecnologia social, esta cooperação é carregada por valores morais.

Sendo assim, estas relações são desvinculadas de interesses econômicos, isto é tem como
objectivo a inserção competitiva em um mercado globalizado, o apoio aos princípios
democráticos como forma de adequação internacional e a necessidade de integração regional
como forma de aumentar a competitividade econômica e de enfrentar desafios internos e
externos resultantes de uma economia globalizada.

A cooperação de Moçambique com o Brasil enquanto uma relação de obrigações recíprocas


destituídas de conflito e a ajuda fornecida são acompanhadas por um forte valor moral, em
contraposição a uma troca comercial interessada na qual se busca a satisfação de um interesse. A
cooperação é defendida como a própria materialização do princípio da solidariedade
internacional (Fonseca, 2008:67).

O facto de não haver imposição de condicionalismos nos acordos de cooperação de Moçambique


com o Brasil é uma regra que não alcança a lógica que orientou as relações com os países do
norte.
Como ilustração do êxito da cooperação do Brasil, junto a países da região e países africanos de
língua portuguesa, este ganha à qualidade de um dos maiores doadores de ajuda mediante a
criação da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) (Puente, 2010:35).

Investimentos Brasileiros em Moçambique

Em Moçambique os investimentos estrangeiros verificam – se principalmente nos chamados


“grandes projectos” e o Brasil esta a tornar-se num relevante parceiro comercial e fonte de
investimento para Moçambique em função de vários factores, tais como:
A localização geográfica privilegiada do país, a meio caminho da rota oceânica entre a América
do Sul e Ásia; os portos moçambicanos que servem a uma vasta região do interior da África.

A possibilidade de importação de grandes volumes de commodities minerais de Moçambique


(especialmente carvão), viabilizando o trânsito de navios cargueiros dos portos brasileiros para
os moçambicanos e vice-versa e; o uso comum do idioma português e outras afinidades culturais
facilitadoras de vínculos de negociação , especialmente importantes para empresas actuantes no
sector terciário. A participação na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) facilita
ainda mais a integração entre Brasil e Moçambique. Em relação aos investimentos brasileiros em
Moçambique fica mais evidente que actuacao do interesse privado nos projetos de cooperação.

O exemplo dos investimentos brasileiros em Moçambique é a doação de uma unidade móvel


para a execução do projeto Cozinha Brasil-Moçambique realizada pelo Grupo Camargo Correa e
da doação da Companhia Vale do Rio Doce no valor aproximado de US$4,5 milhões, em
contrapartida da parte moçambicana, não se verifica nenhum investimento deste pais para o
Brasil.

O Brasil investe massivamente também na área de biombustíveis, na qual vislumbram-se


crescentes oportunidades já que Moçambique tem potencial para tornar-se uma potência na
produção de biocombustíveis, com capacidade de produção equivalente a três milhões de barris
diários.

Trocas Comerciais entre o Brasil e Moçambique

No que se refere a comércio entre Moçambique e Brasil em bens e serviços tem resgistado um
crescimento ainda que de forma paulatina.

Segundo Caú (2011:72) as trocas comerciais entre Moçambique e Brasil, no período


compreendido de 2004 – 2008 mostravam um crescimento das exportações. Mas que as
exportações de Moçambique para Brasil eram relativamente fracas ou inconstantes devido ao
facto de Moçambique enfrentar sérios entraves, tais como a da fraca produtividade agrícola, falta
aprimoramento do suporte logístico.

Mesmo com estas dificuldades acima referenciadas, durante cinco anos de intercambio
comercial, atingiu um volume expressivo devido aos esforços do governo e empresariado
Moçambicano e brasileiro (Ibid.).

Moçambique exporta para o Brasil produtos tais como: algodão, madeira, o pescado, artesanato,
alumínio, e nos últimos tempos carvão mineral.

Brasil exporta para Moçambique, produtos tais como: frango congelado, vestuário, produtos
alimentares (bolachas, pastilhas elásticas, biscoitos, laticínios, livros, produtos de beleza e para
restauração, decoração e as próprias novelas que tem sido um sucesso no país podem ser
consideradas como um dos bens importados do Brasil.

Fluxo Comercial – Quadro Comparativo Brasil e Moçambique - US$ bilhões


2005 2006 2007 Var. % 2007/06
Fluxos das trocas comerciais (AB)
Exportações de serviços do Brasil (A) 14,90 17,95 22,61 26,0
Exportação de bens do Brasil (B) 118,50 137,81 160,65 16,6
Relação (A / B) 12,6 13,0 14,1 __
Exportações de serviços de Moçambique (A) 0,32 0,35 0,40 14,0
Exportação de bens de Moçambique (B) 1,78 2,38 2,70 13,4
Relação (A / B) 17,7 14,9 15,0 __
Importações de serviços do Brasil (A) 22,40 27,15 34,70 27,8
Importação de bens do Brasil (B) 77,60 95,84 126,57 32,1
Relação (A / B) 28,9 28,3 27,4 ___
Importações de serviços de Moçambique (A) 0,63 0,73 0,82 12,5
Importação de bens de Moçambique (B) 2,41 2,87 3,30 15,0
Relação (A / B) 26,0 25,4 24,8 ___
Fonte: OMC e SECEX/MDIC.

Principais Sectores de Cooperação entre o Brasil e Moçambique

Cooperação na Agricultura

O Brasil tem empreendido varias iniciativas agrícolas em 16 países africanos, incluindo


Moçambique, estes projectos são coordenados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(EMBRAPA) que tem sido bastante activa em promover a tecnologia e o agro-negócios
brasileiros em África, de tal sorte que é considerada pelo governo brasileiro como um
“instrumento de política externa”.
O objectivo desta plataforma é de “Incrementar a inovação e o desenvolvimento da agricultura
no continente africano por meio do estabelecimento e fortalecimento de parcerias entre
organizações africanas e brasileiras (Embrapa, 2010).

O papel essencial da Embrapa será o de fornecer o know-how22 tecnológico (Silveira, 2010).


Entretanto, o maior interesse do Brasil no sector agrícola são os biocombustíveis, área em que
este país é líder mundial, de tal sorte que a política externa do presidente Lula da Silva é

22
Capacidade de produzir inovar,ou dotacao relativa na producao de um certo comodities, servicios
chamada por alguns por “diplomacia de etanol” (Pinheiro, 2008; Couto, 2010). Com efeito, em
quase todas as viagens de Lula da Silva a áfrica, em particular Moçambique, os biocombustíveis
estiveram sempre em destaque, considerando estes como uma saída segura para África no acesso
à energia sustentável, geração de empregos, de renda, de autonomia energética e no aumento das
suas exportações (Sousa, 2008). Por seu turno, a Embrapa tem realizado uma série de iniciativas
com vista à sensibilização dos africanos sobre a importância dos biocombustíveis.

À semelhança da diplomacia de Lula da Silva para com o resto da África, um dos sectores de
maior aposta do Brasil na sua cooperação com Moçambique é o sector agrícola, e a maior aposta
é na área dos biocombustíveis. Neste sector, o Brasil que conta com grande apoio do governo de
Moçambique, que inclusive aprovou uma Política Nacional dos Biocombustíveis espera
transformar o país num grande produtor em África, ou seja, numa espécie de novo Brasil.

De realçar que a instalação do escritório da Embrapa em Maputo tem como um dos objectivos
iniciais apoiar a multinacional brasileira da área mineira Vale em um dos projectos sociais a que
está obrigada em virtude de ter ganho o direito de explorar carvão mineral em Moatize, província
de Tete, mais precisamente no desenvolvimento da agricultura familiar das populações residente
nesta região mineira. (Embrapa, 2005).

Entretanto a presença brasileira na agricultura em Moçambique faz-se essencialmente sob a


forma de cooperação multilateral, mais concretamente trilateral, havendo quase que nenhum
investimento do sector privado brasileiro.
Destas iniciativas triangulares, destaca se é o Programa de Cooperação para o Desenvolvimento
Agrícola das Savanas Tropicais de Moçambique – ProSavana. Resultante da cooperação entre o
Japão através da Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA), do Brasil através da
Embrapa, que também conta com ajuda da Agência Brasileira de Cooperação, (ABC), e do
Instituto de Investigação Agronómica de Moçambique (IIAM), o projecto pretende desenvolver a
agricultura tropical no chamado “corredor de Nacala”, abrangendo alguns distritos das províncias
de Nampula, Zambézia e Niassa (Caú, 2011:78).
A escolha desta região deve-se ao facto de se considerar que ela tem características geográficas
semelhantes às do cerrado brasileiro. A idéia é replicar em Moçambique o sucesso obtido no
cerrado brasileiro, que também beneficiou da cooperação entre o Brasil e o Japão. Dotado de um
fundo de 500 milhões de dólares para um período de 10 anos, para além de desenvolver a
pecuária, o programa pretende desenvolver também culturas alimentares, de rendimento e para
biocombustíveis, nomeadamente mandioca, milho, arroz, soja, algodão, castanha de caju, cana-
de-açúcar, tabaco.

Segundo (Caú, 2011:78) o projecto tem como objectivo o fortalecimento institucional do


Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), com o estabelecimento de gestão
territorial; estabelecimento de sistemas de comunicação e informação para a transferência de
tecnologias, desenvolvimento e implementação do modelo de gestão, acompanhamento,
monitoria e avaliação da investigação agrária

É preciso sublinhar também que uma das características importantes da cooperação brasileira no
sector agrícola está baseada na transferência de tecnologias, criação de competências (humanas e
institucionais).

Cooperação na Saúde

Apesar de Moçambique beneficiar de ajuda da Organização Mundial da Saúde (OMS), no


combate a varias pandemias tais como a lepra, malaria, poliomielite, e outras, Moçambique
necessita ainda mais de uma indústria farmacêutica de forma a fazer face de crescente demanda
interna para combater as diversas epidemias e erradica – las (Caú, 2011:80).
Como forma de dar resposta a carência na ara da saúde, Moçambique tem estabelecido uma
cooperação com o Brasil com especial atenção no combate e monitoramento do HIV- SIDA.

Devido ao carácter” suis generes”, destas relações ocorre pela primeira vez a transferência d
tecnologias para a fabricação,de anti – retrovirais e outros medicamentos,esperando-se que
Moçambique passe a ser o fornecedor deste medicamento aos países a outros Africanos (Ibid.).
Por outro lado, como resultado da cooperação com o Brasil na área da saúde tem se verificado
nos últimos três anos, uma maior colaboração entre o Instituto Nacional da Saúde (INS) e a
(FIOCRUZ), envolvendo grandes temas tais como:
 A elaboração do plano estratégico do Instituto Nacional de Saúde
 Estabelecimento de um curso de mestrado em Ciências da Saúde Moçambique.

Cooperação no Sector da Ciência e Tecnologia

No âmbito da cooperação na área da ciência e tecnologia, salienta – se o interesse de


Moçambique em beneficiar das oportunidades oferecidas pelo satélite sino – brasileiro,
disponibilizadas através do CIBERS.

Cooperação na Educação

No âmbito da cooperação na área da educação, foram capacitados 15 gestores de ensino a


distancia. Contudo, a possibilidade de assistência na área da educação, esta cooperacao no sector
da educação, prevê também a instalação de um sistema informático no Instituto de educação e
ensino aberta e Núcleo de Formação de Professores em Exercício (NUFORPES);
A troca de informações sobre regulamentação de Educação à distância.

4. DESAFIOS, GANHOS, E CONSTRANGIMENTOS DE MOÇAMBIQUE NA


COOPERACAO COM AS POTENCIAS EMERGENTES QUE COMPOEM O BLOCO
DOS BRICS NO PROCESSO DO DESENVOLVIMENTO

4.1 Ganhos
Com a enorme demanda por recursos naturais, fontes de energia e alimentos por parte das
economias emergentes têm proporcionado ao continente africano em geral e a Moçambique em
particular, uma maior expansão do mercado na medida em que recebe investimentos destes
países e ajuda sem condicionalismos.

Nas últimas décadas, os BRICS tem sido importantes parceiros no processo de desenvolvimento
do País, através da elaboração de projectos de assistência, redução e isenção de dívidas,
cooperações tecnológicas e formação de pessoal, os países membros dos BRICS contribuem
significativamente no progresso económico e social de Moçambique

Portanto o investimento das potencias emergentes em Moçambique não representa nenhum


perigo para o país e para todo o continente, como afirmam certas correntes ocidentais, uma vez
verificar se marcas visíveis em Moçambique,dos benefícios que a cooperação com os BRICS
especificamente na componente de infra-estruturas e do conhecimento que são pressupostos
essenciais para que Moçambique consiga descobrir caminhos para a sua auto-sustentabilidade.

Temos o exemplo destes projectos dos BRICS, especificamente do investimento Chinês o


empreendimento aeroportuário moderno na capital do país e do previsto porto de raiz em Nacala,
uma zona de águas naturais profundas, para servir o Norte do país e os países visinhos do
‘hinterland’23
No caso da Índia, dizer que abriu uma linha de crédito de 500 milhões de dólares, um montante
aplicado no financiamento de vários projectos nas áreas de infra-estruturas, agricultura e energia.
Igualmente, apóia a formação e planeamento de instituições moçambicanas (Jornal Notícias, 11
de Janeiro de 2013).

Isso significa que a cooperação com as potencias emergentes sob forma de investimento ou ajuda
econômica e negócios internacionais, é benéfico para os estados africanos e para Moçambique
porque criam oportunidades de emprego e renda.

4.2 Constrangimentos

23
Países do interior do continente sem acesso ao mar
Os constrangimentos que advêm da cooperação entre Moçambique e as economias emergentes
verificam-se, sobretudo por numa complexidade de relações, pressões, tensões e competição, que
envolvem os diferentes países africanos, as economias emergentes (com destaque, além da
China, para o Brasil e a Índia) e as restantes economias mundiais.

Wache (2013:23) argumenta ainda que um dos constrangimentos destas relações de Moçambique
com os BRICS tem haver com a adesão da África do Sul nos BRICS, onde Moçambique passará
a lidar com interesses complexos, isto é, África do Sul irá negociar com Moçambique para
satisfazer os seus interesses e os dos seus parceiros. O mesmo acontecerá com qualquer outro
membro dos BRICS, quando estiver a negociar com Moçambique, procurará salvaguardar os
Interesses sul-africanos
E outro constragimento esta relacionado com a reacção do Ocidente à esta Multi-polaridade,
onde constata-se que o Ocidente quererá manter o seu status de financiador do Orçamento Geral
do Estado, e por essa via, continuar a impor os seus valores.

Com isto quer, portanto, dizer que um entendimento acerca das iniciativas deve procurar um
enquadramento nessa complexa equação de relações, tensões, pressões e competição múltiplas
para que não afectem o Interesse nacional nas suas diferentes vertentes segurança, prosperidade
e preservação dos valores centrais.
O facto de o seu investimento estar intensivamente direccionado a outras áreas diferentes da
prioridade de Moçambique (agricultura), limitando-se nos recursos minerais energéticos.

4.3 Desafios

Os desafios estão intimamente ligados as oportunidades assim como as desvantagens que o país
detém em relação às potencias emergentes, e outros parceiros de cooperação. Deste modo, urge
uma necessidade para os governantes de:
 Convencer empresas destes países a investirem no sector agrícola moçambicano é,
portanto, o primeiro grande desafio de Moçambique (Castel-Branco, 2010: 39).

 Convencer ou atrair empresas agrícolas destes países a investirem em culturas


alimentícias, não apenas em culturas de rendimento e nos biocombustíveis. Alguns
estudos mostram que, à excepção do açúcar, a maior investimento na agricultura em
Moçambique concentrou-se em produtos não alimentares (Ibid).

 Encontrar o equilíbrio adequado entre liberalização e protecção de sectores vulneráveis


como o agrícola e a indústria incipiente;

 Formular uma estratégia que ajude Moçambique a conseguir o crescimento rápido das
exportações, ao mesmo tempo em que o referido crescimento cria oportunidades
económicas e maior rendimento para os pobres;

 Promover a boa governação, harmonização das políticas de vários ministérios e sectores


de forma a cooperar eficazmente;

 Dar trabalho nas cidades aonde continuam a correr milhares de moçambicanos, em


paralelo, deve ser dado um maior investimento na área de infra-estruturas, sobretudo nas
zonas rurais;
 Combater a corrupção, analfabetismo e a dependência externa;

 Definir estratégias a nível local, regional e internacional, que possam em médio prazo,
assegurar a consecução dos ODM e a erradicação da pobreza

 Melhorar o ambiente favorável ao negócio para estimular o investimento nacional e


estrangeiro nos sectores de trabalho intensivos da economia;
5. Reflexões Conclusivas
5.1 Conclusão
Em jeito de conclusão do trabalho, na elaboração do tema, procuramos não delimitar uma área
específica de Cooperação de Moçambique com as “economias emergentes”, foram abordadas
todas vertentes, para torná-lo mais abrangente e para efectivamente perceber os reais benefícios
e desafios e constrangimentos acrescidos ao país com vista a estancar a pobreza absoluta e poder
promover o desenvolvimento.

O objectivo geral do trabalho visa analisar a sustentabilidade da cooperação entre Moçambique


com as Potencial emergentes no processo de desenvolvimento econômico, tendo em conta este
objectivo, verificamos que as hipóteses foram validadas
Os objectivos específicos do trabalho consistiam em descrever analisar o actual Estágio das
Relações entre o grupo de Estados que compõem os BRICS, e os países em Desenvolvimento da
África Subsaariana
Identificar os Desafios, Ganhos e Constragimentos do actual Estagio da Relação de Cooperação
entre Moçambiqueos e os BRICS no Desenvolvimento
Reflectir sobre os reais objectivos, que norteiam o crescente interesse dos BRICS, na cooperação
com Estados em Desenvolvimento da África Subsaariana.

Descrever os Desafios, Ganhos o estagio da Relação de Cooperação entre Moçambique – Brasil


processo de Desenvolvimento de Moçambique.

Portanto tomados em consideração estes elementos, verificamos que as relações entre


Moçambique com os cinco Estados, que fazem parte do grupo BRICS constitui um dos
principais motores do comércio e dos investimentos no país. O actual estágio da cooperação
entre Moçambique e os BRICS permitiu uma maior participação das potências emergentes no
comércio de Moçambique e da África no geral,

Apesar de Moçambique, ainda ter uma forte dependência dos países industrializados do Norte,
tem privilegiado a intensificação da sua cooperação com os BRICS, por estes, possuírem um
espaço amplo para o desenvolvimento, um mercado potencial considerável, capacidade de
promoção de mercados, e elevar a um maior intercâmbio com os países deste bloco apesar de
registarem – se em maior número de importações em detrimento das exportações.

E quanto aos ganhos que é o quarto objectivo da pesquisa verificamos que a cooperação com os
emergentes facilita a transferência de tecnologia e conhecimentos, mas há uma necessidade de
criar um novo panorama de relacionamento que reverta a tendência do país ser vendedora de
matéria-prima e compradora de mercadorias.

O principal desafio prende – se com a necessidade de se ajustar as expectativas/interesses das


economias emergentes com as necessidades de Moçambique, de forma, que o resultado desta
relação seja harmonioso e satisfatório para ambas as partes.
De referir que a existência de fragilidades por parte de Moçambique, em alguns sectores chaves
como agrícola, mineiro e industrial, constitui assim, um constrangimento na relação com as
potências emergentes.

Recomendações
O trabalho dá a entender que o aprofundamento da cooperação entre Moçambique e os BRICS
como um todo constitui importante força motriz da economia regional e mundial. Além disso,
cada país do BRICS contribui a para o desenvolvimento econômico do país e na melhoria das
condições de vida da população, mas em forma de recomendação, avançamos algumas idéias
principais:

Moçambique deve criar uma estratégia específica de cooperação com vista a equilibrar os custos
e benefícios da Cooperação com as economias emergentes;
O país deve adoptar uma posição activa, planear projectos económicos de longo prazo e fazer
valer as suas próprias necessidades internas nas negociações dos acordos de cooperação com os
países dos BRICS e com o Brasil em particular;

O país deve se concentrar em desenvolver a sua própria capacidade produtiva, com vista a
estabelecer um variado número de produtos competitivos, sobretudo, nas relações de cooperação
com os emergentes;

Investir no capital humano local, de forma que os projectos provenientes dos investimentos
Brasileiros se garanta a sustentabilidade dos mesmos,

Diversificar as concessões mineiras e criar empresas estatais para exploração dos recursos
minerais, principalmente, os hidrocarbonetos

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entrevistado no dia .

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de Julho de 2014.

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