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1
Organizacao para Agricutura e Alimentancao
MIC........................................................................................ Ministério da Indústria e Comércio
PED………………………………………………….……………….Países Em Desenvolvimento
SI ……………………………………………………………………...…….Sistema Internacional
UE………………………………………………………………………………….União Europeia
Declaração de Autoria
Eu, Orlando Eusébio Chirinda, declaro por minha honra que, o presente trabalho é da minha
autoria e que nunca foi apresentado para efeitos de avaliação em nenhuma outra Universidade.
E para comprovar todas as fontes usadas encontram-se devidamente citadas ao longo do texto e
na bibliografia.
________________________________________________
Em primeiro lugar, agradeço a Deus que é a fonte da minha vida,luz que me ilumina em todos
momentos, aquele que é digno de honra, louvor e exaltação, por todos ensinamentos, bênçãos por
ele proporcionadas, pela sua omnipresença em todos momentos da minha vida, para ajudar-me a
superar as dificuldades enfrentadas, durante a minha formação superior.
O meu especial agradecimento, vai para a minha supervisora Doutora Hethalben Patel, que de
forma carinhosa e competente,e profissional apoiou-me na realização do trabalho de licenciatura.
Em seguida, gostava de expressar a minha eterna gratidão aos meus país, (Eusébio Chirinda e
Ana Alberto Guambe), que de forma sensata e abnegada mostraram-me o caminho da
humildade, sinceridade, respeito e valores da dignidade humana, e do desafio, contribuindo para
a formação e consolidação da minha personalidade.
Especialmente ao meu pai, por ter lutado no meio de tantas adversidades, para que nunca
deixasse de estudar e correr atrás dos meus sonhos.
A minha parceira Natércia Joaneta. M. Valoi, vai o meu agradecimento que de forma incansável
e ofereceu o seu ombro, cumprindo com o seu papel nobre de ser uma companheira, e pelo seu
apoio em todos momentos, usando o seu sorriso doce, contagiante para aliviar-me de momentos
de tensão, motivados pelo dia a dia da minha formação.
Os meus agradecimentos estendem-se, aos meus irmãos Agostinho Eusébio Chirinda, Nora
Chirinda, a minha prima Yolanda Joarces, aos meus amigos Noriega Copa e a família, João Bila,
Rafael Mandlate, Damião Bie, Filmao Maposse, Augusto Guiruco, entre outros.
A todos meus colegas de turma, especialmente aos membros do meu grupo, “Os Donos do
ISRI”,Apilosse Daniel, Donalde Pangaia, Jose Finiase ,Guilhermino Mbaia, Silvestre Macie, etc.
Enfim a todos que, de forma directa ou indirecta, contribuíram para a minha formação, endereço
o meu profundo e sincero agradecimento e que Deus abencoe a todos.
Dedicatória
O senhor o meu rochedo, e o meu libertador; o meu escudo, a forca da minha salvação o meu
alto refugio e a minha fonte de inspiração. Salmos 18. 2
ABSTRACTO
Segundo Maia (2009:34), no início dos anos 90 do século XX, uma série de transformações vem
ocorrendo no cenário mundial, alterando de forma rápida a configuração de poder económico e
político entre os estados, com repercussões que se propagam nos âmbitos do comércio à
segurança, dos direitos humanos ao meio ambiente, das finanças ao regionalismo, acelerando
movimentos transnacionais, inserindo novos actores não-estatais e subestatais, gerando distintas
configurações de poder e impondo novos desafios à ordem global.
Esta dispersão de poder por novas (potencias emergentes) envolve novas regras de jogo,
deixando de existir uma única “comunidade internacional” que guia – se sobre os modelos
econômicos ocidentais em detrimento do modelo das cinco Potencias Emergentes. A emergência
de novas potências permitiu uma economia globalizada, uma transferência histórica da riqueza e
poder económico do Ocidente para Sul e uma crescente influência de actores não estatais são
elementos pré-determinados de um sistema que se torna multipolares (Azevedo, 2008:3).
1.1 Introdução
Os Estados do sul têm promovido um novo tipo de relacionamento entre si, denominada
Cooperação Sul - Sul (CSS), que é vista como uma estratégia viável para acelerar o
Desenvolvimento Económico Sustentável, e a consequente integração das suas economias a nível
Global.
Mas também serve para complementar as Relações Norte-Sul, com as Potencias tradicionais, as
quais segundo alguns defensores da teoria da dependência, como (Bauer, 2002:191) e Arnald
(1999), afirmam que “as relações Norte – Sul, são assimétricas porque servem apenas para
aumentar a riqueza dos Estados Desenvolvidos, a custa dos Estados do Sul, deteriorando as
condições de vida dos povos destes Estados pobres, causando inflação, desemprego, e acréscimo
da divida externa. Dai que, os Países do Sul, criaram um bloco composto por 5 Potencias
Emergentes, nomeadamente, Brasil, Rússia, Índia, e China e África do Sul, como forma de
reivindicar um tratamento equitativo e justo na Cooperação Internacional.
1.2 Delimitação Espácio-temporal:
O trabalho terá como horizonte temporal, o período de 1989-2013,uma vez que foi o ano de
1989, constitui o marco do fim da confrontação ideológica entre os dois blocos Comunistas da
União Soviética e Capitalista dos Estados Unidos de América, (EUA), no qual verificamos uma
nova postura de relacionamento dos actores do Sistema Internacional,
Até o ano de 2013, por ser neste ano, em que as Potencias Emergentes, constituídas por Brasil,
Rússia, Índia, e China e South África2 (BRIC’S), reuniram-se em Durban, na África de Sul, para
decidir criar um banco de desenvolvimento para apoiar infra-estruturas (portos, rodovias,
aeroportos) e desenvolvimento sustentável (energia, irrigação, agricultura) nos Países em
Desenvolvimento.
E também, pelo facto de actualmente estar-se a verificar uma maior expansão dos investimentos,
e relações comerciais das Potências Emergentes do Sul nos países da África Subsaariana, e
particularmente em Moçambique.
O espaço em questão, compreenderá os Estados que compõem o bloco dos BRIC’S, no geral e
Moçambique em particular, por ser onde podemos verificar as transformações ocorridos como
resultado do fim da Guerra Fria.
1.3 Contexto:
O Tema em questão, enquadra-se num contexto, em que por um lado verifica- se amplas,
complexas e profundas mudanças, marcadas pelo fortalecimento da multi-polaridade,
globalização económica e interdependência crescente caracterizadas por uma corrida em massa
dos Países Emergentes para Países em Desenvolvimento, especialmente da África Subsaariana,
onde têm sido descobertos os recursos naturais e crescimento dos mercados para venda dos seus
produtos.
2
Denominação da África do sul em língua inglesa
E por outro lado segundo Reis (2009:23) os países do grupo BRICS têm apostado na
coordenação de posições em foros diplomáticos no sentido da construção de uma agenda única,
onde por sua vez, a quarta cúpula, recentemente realizada em Nova Delhi, acrescentou uma
novidade, qual seria o anúncio da criação do Banco de Desenvolvimento do BRICS. Este estará
voltado não só para a promoção do desenvolvimento sustentável dentro dos próprios BRICS,
como também para projetos de infra - estrutura em outros países em desenvolvimento.
Dai que estes Estados, tem desenvolvido iniciativas de Cooperação Sul – Sul, que são relações
de Cooperação entre os Países em Desenvolvimento (PED), que de acordo com o traçado
geopolítico, económico, global, fazem parte do Sul. Sousa (2005: 190).
Esta mudança do paradigma de relações de dominação Norte-Sul, para uma nova realidade de
Cooperação Sul - Sul, criou espaço para a inserção de novos actores no Sistema Internacional,
onde surgem empresas multinacionais dos países emergentes, que desenham uma nova página
em termos de Investimento Directo Estrangeiro (IDE), uma das formas da mundialização
financeira.
1.4 Justificativa
3
Wilson, D., Purushothaman, R., 2003. “Dreaming With BRICs: The Path to 2050”,Global Economics Paper
No: 99
A razão para a escolha do tema em estudo, é por ser um assunto de extrema importância, não
apenas aos estudantes de Relações Internacionais e Diplomacia (RID), mas também por ser um
assunto que pode ajudar aos tomadores de decisão na politica externa do países a delinear
iniciativas, para tirar proveito desta parceira com as potencias Emergentes
E para a sociedade em geral, reflectir sobre os desafios, ganhos, e perspectivas que a nova
iniciativa de Cooperação com as Potencias Emergentes, que compõem o bloco dos BRICS,
poderá ser uma estratégia viável para o alcance de um Desenvolvimento Económico Sustentável
dos Estados do Sul. E também aferir ate que ponto o as relações de cooperação entre
Moçambique e Brasil, são benéficas para ambos estados.
1.5 Problematização
Segundo (Chichava, 2011:371 citando Teburcio e Goes, 2011:14), o cenário económico, político,
no Sistema Internacional recente tem sido caracterizado, por uma actuação, cada vez maior de
algumas economias emergentes denominado BRICS. Este grupo de países, têm vindo a ganhar
expressão na arena internacional, e com um grande potencial, que deriva da rápida evolução das
dimensões de seus mercados internos, desenvolvimento económico, posição geoestratégica, ou
das reservas de recursos estratégicos, ao mesmo tempo em que procuram consolidar o seu
Desenvolvimento, estão a intensificar mais os vínculos económicos com economias dos Estados
que se encontram em processo de Desenvolvimento.
Importa também referir que em 2011, as exportações em conjunto da China, Índia, Rússia, Brasil
e África do Sul superaram, pela primeira vez, as exportações para o conjunto dos países da
União Européia
4
Teburcio, James e Goes, Fernanda Lira (2011), Desafios dos BRICS e África)
Segundo o (Relatório do PNUD 52013), As potências emergentes do mundo em desenvolvimento
são actualmente fontes de políticas sociais e econômicas inovadoras e importantes parceiros nos
domínios do comércio e do investimento e, cada vez mais, da cooperação para o
desenvolvimento em benefício de outros países em desenvolvimento.
É evidente que, o aprofundamento da cooperação, e o crescente apoio dos BRICS, aos projectos
de construção de infra-estruturas dos países em desenvolvimento, possa trazer algum benefício
às comunidades destes Estados, assim como para os Estados que compõe o bloco. Isto porque,
também pode melhorar as condições de manuseamento e logística dos recursos explorados por
empresas Multinacionais, que pertencem os países que fazem parte dos BRICS.
Para o caso do Brasil, poderá dinamizar a Regionalização, permitindo aos Estados dos BRICS, o
acesso aos mercados dos países membros do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e os da
Comunidade Andina, mais o Chile, a China, permite o acesso aos países do Leste Asiático.
A Índia liga ao bloco de países do Sul da Ásia, a Rússia, poderá permitir o acesso aos mercados
dos países membros da Comunidade dos Estados Independentes (CEI); e para a África do Sul,
dinamiza a regionalização permitindo aos BRICS o acesso ao mercado dos países-membros da
5
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
União Aduaneira da África Austral (SACU) e da Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral (SADC).
Não obstante, Linz e Stepan (1996: 166 – 178) defendam que “a cooperação entre os Estados do
Sul de extrema importância porque permite, um aprofundamento do processo de Regionalização
através da dinâmica destas relações”. Estas relações de cooperação têm sido alvo de polémicas
quanto aos reais objectivos destes Estados emergentes nos Países em Desenvolvimento,
destacando – se, actores como, Bond (2013:45), que é céptico quanto a sua sustentabilidade
como estratégia de cooperação no processo do desenvolvimento sustentável, afirmando que, “A
intensificação da presença dos países emergentes nos países em Desenvolvimento, especialmente
na África Subsariana, visa a prossecução dos seus interesses nacionais, nestes países, de forma
mais eficiente” sob a capa duma suposta “preocupação do 'Ocidente' que viola os democracia e
direitos humanos ”.
Tendo em conta que, os Estados no Sistema Internacional, baseiam as suas orientações externas,
na prossecução do próprio Interesse nacional, desencadeando uma série de alternativas, que são
avaliadas pelos decisores governamentais, escolhendo a alternativa que maximize os ganhos e
minimize os custos.
.
1.6 Questões de Pesquisa
Será que o posicionamento dos BRICS, como um bloco multipolar poderá contribuir
para o reordenamento dao sistema internacional dominado pelas Potências Tradicionais
ocidentais ?
Como podemos avaliar o actual Estágio das Relações entre o grupo de Estados dos
BRICS, e os países da África Subsaariana?
Quais são as reais motivações, do crescente interesse dos BRICS, na cooperação com
Estados da África Subsaariana?
1.7.Objectivos específicos:
Parceber ate que ponto o grupo dos países dos BRICS pode funcionar como novo pilar
da ordem global,e efetivamente ajudar a construir um sistema internacional estável e
próspero?
Identificar os Desafios, Ganhos e constragimentos que actual Estágio das Relações entre
o grupo de Estados que compõem os BRICS, e os países em Desenvolvimento da África
Subsaariana e de Mocambique em particular podera ter processo de desenvolvimento.
Hipóteses
O actual Estágio das Relações entre os BRICS, e os Países da África Subsaariana, têm
sido caracterizado, pelo aumento das exportação de produtos, e matérias-primas, e o
desenvolvimento da industrial nos Estados africanos.
Método Histórico que, segundo Marconi e Lakatos (2009:91), consiste em analisar, investigar
acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar sua influência na sociedade de
hoje, pois as instituições alcançaram sua forma actual por meio de alterações de suas partes
componentes ao longo do tempo influenciada pelo contexto cultural particular de cada época.
Por seu turno Gil (2008:17) considera que o método histórico consiste em fazer-se uma
retrospectiva de acontecimentos passados para melhor compreender os fenómenos actuais.
Foi pertinente na pesquisa e elaboracao do trabalho, porque permitiu na percepção dos factores
e processos ocorridos durante o período da guerra fria e enquadra-los com os actuais.
Este mtodo foi importante porque através dos aspectos que ocorrem na ordem internacional
durante a guerra fria pude constatar as novas transformações.
Método Estatístico: Para Fachin (2001, p. 46), este método se fundamenta nos conjuntos de
procedimentos apoiados na teoria da amostragem e, como tal, é indispensável no estudo de certos
aspectos da realidade social em que se pretenda medir o grau de correlação entre dois ou mais
fenômenos. Para o emprego desse método, necessariamente o pesquisador deve ter
conhecimentos das noções básicas de estatística e saber como aplicá-las.
O método estatístico se relaciona com dois termos principais: população e universo. fundamenta-
se na aplicação da teoria Estatística da probabilidade, e constitui importante auxílio para a
investigação em Ciências Sociais.
E pertinente para o trabalho, porque ajudou na recolha de dados quantitativos e estatísticos
obtidos que serão necessários para entender a Cooperação dos Estados em questao.
4.2. Técnicas
Técnica documental - É muito parecida com a bibliográfica, mas a diferença está na natureza
das fontes, pois esta forma vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento
analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objectos da pesquisa. Além de
analisar os documentos de “primeira mão” (documentos de arquivos, igrejas, sindicatos,
instituições etc.), existem também aqueles que já foram processados, mas podem receber outras
interpretações, como relatórios de empresas, tabelas, (Gil, 2002:52).
Esta técnica nos ajudou na interpretação de diversos documentos relativos ao tema em causa.
5-Estrutura do trabalho
No Terceiro e último, faz-se uma análise sobre o actual Estagio das Relações entre o
grupo de Estados que compõem os BRICS, e os países em Desenvolvimento da África
Subsaariana no geral e para Mocambique em particular.
O presente capitulo, procura fazer um enquadramento teórico e conceitual dos princípios que
serviram de guia de orientação para explicar os factos políticos e económicos, na nova ordem
ordem mundial na passava a ser dominante, e universal,passando a ser caracterizada pelos
seguintes padrões: na política, sociedades abertas, transparentes, livres e sem censura para a
organização de partidos, grupos e expressão de ideias, que permitiam a participação de seus
cidadãos em eleições periódicas; na economia, também uma sociedade livre, que recuperava as
forças e a lógica do mercado como referenciais do sistema produtivo, com um Estado mínimo,
de baixa intervenção e presença em temas sociais, de defesa da abertura económica e do
comércio sem barreiras. Esta agenda económica era sintetizada nos preceitos do neo-liberalismo
Contexto de Surgimento
6
Keohane, Robert e Joseph Nye (1977) Power and Interdependence: World Politics in Transition, Litlle brown:
Boston.
proporcionando desta forma um elevado grau de interdependência maior entre os Estados
(Ibid:159.).
Pressupostos
Segundo Mingst (1999:96-97), Jakson E Sorensen (2007:79-81) e Viotti e Kauppi (1999: 118-
120), os pressupostos básicos da teoria da Interdependência são as seguintes:
Concordam que os estados sejam actores importantes na política Mundial, mas dizem que
actores não - Estatais, transnacionais podem ser actores importantes na política mundial.
Os Estados, nem sempre são racionais e unitários, pois os seus interesses nacionais
mudam, em função da posição relativa de poder com outros actores externos, pela
liderança e grupos de influência internas.
Leitura do Tema à luz da Teoria
E também, por rejeitar no quarto pressuposto, a ideia de que os assuntos discutidos a nível
internacional são de carácter militar estratégico (High politics7), destacando também questões
económicas, ambientais (Low politics8) Jakson e Sorensen (2007:159).
Portanto de os princípios defendidos por esta teoria, melhor se explicam, o período pós Guerra
Fria, no qual os Estados começaram a dar primazia também assuntos Económicos e ambientais
em oposição da confrontação Militar estratégicos, por exemplo a ideia da criação de um banco
pelos BRICS, para auxilio económico a Estados da África Subsaariana.
O trabalho também, faz alusão, ao Neo-realismo, quando destaca a visão pessimista do crescente
interesse dos BRICS em cooperar com os Estados da África Subsaariana, como estar relacionada
com a crescente procura de matérias-primas para as suas Indústria em crescimento, assim como a
pretensão de conquistar uma zona de influência no Sistema Internacional, e ter algum assento no
conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Da enfoque a teoria da Dependência quando tenta explicar as relações Norte – Sul, como sendo
assimétricas, porque servem apenas para aumentar a riqueza dos Estados Desenvolvidos, a custa
dos Estados do Sul, deteriorando as condições de vida dos povos destes Estados pobres,
causando inflação, desemprego,
1.2.1 Cooperação
Cooperação é acção de participar numa obra comum em operações relacionadas entre si (Edições
progresso:1984: 115), e por Sousa (2005:53), Cooperar é “agir conjuntamente em vista à
realização de um fim comum, cujo sucesso depende necessariamente para além de outras
condições, da existência de interesses comuns’.
Por seu turno, Dougherty & Pfaltzgraff (2003;642) acrescentam que a cooperação,” é um
conjunto de relações que não estas baseadas na coação ou no constrangimento, antes são
legitimadas através do consentimento mútuo dos intervenientes”.
.
Este conceito é de extrema importância para o trabalho em análise, por ser um dos conceitos
chaves do tema, uma vez no debate constituir um termo serve para avaliar a cooperação entre os
Estados da África Subsaariana e os BRICS, particularmente a Cooperação entre Moçambique e
Brasil. E também pelo facto da cooperação económica entre Moçambique e Brasil, poder ser
uma estratégia viável para proporcionar ganhos para ambos estados, e proporcionar o alcance do
Desenvolvimento Económico Sustentável
Desenvolvimento Económico
É entendido como sendo, um fenómeno de natureza essencialmente qualitativa, que nos alerta
para a melhoria das condições de vida das populações em geral, associada a aumentos de
produção, melhoria das condições de saúde, educação e habitação” (Oliveira et al, 1996;55), O
desenvolvimento económico pressupõe a transformações profundas e estruturais da economia de
uma sociedade.
É também definido por Sousa (2005:53), como a transformação das estruturas mentais e
institucionais que permitem a aparição e a continuidade do crescimento. Conjunto das melhorias
econômicas, tecnológicas, sociais ou culturais que produzem um melhor bem--estar.
O desenvolvimento é a combinação das mudanças mentais e sociais de uma população que a
tornam apta a fazer crescer, cumulativamente o seu produto real, todo o crescimento não é
necessariamente portador de desenvolvimento. Mas, historicamente, o crescimento económico é
indissociável do desenvolvimento económico.
9
Países ainda em processo de reforma das suas economias, nomeadamente do Hemisfério Sul.
O conceito desenvolvimento Económico é de extrema importância na pesquisa, uma vez que,
este é o principal objectivo de Moçambique e os restantes Estados da África Subsaariana na sua
Cooperação com as potencias Emergentes.
Interesse Nacional:
De acordo com Charles Beard (1970)10 citado por Sousa (2005: 132), o primeiro académico a
produzir um estudo científico sobre o conceito, o termo interesse nacional foi introduzido no
léxico político a partir do século XVI, com o desenvolvimento do Estado-nação e do
nacionalismo, substituindo a noção de razão de estado.
Segundo este autor em Relações Internacionais, o conceito de interesse nacional é usado: como
um instrumento analítico identificador de objectivos e metas da política externa de um Estado e
sendo este abrangente, usado no discurso político, para justificar opções políticas (Ibid.).
Enquanto instrumento de análise política, tem sido associado com a Escola realista, cujo
principal protagonista foi Hans Morgenthau (1997)11 citado por ( Doughuerty e pfailzgraff,
2003:96-97) , para quem o conceito tinha uma importância fundamental na compreensão do
processo político internacional. E entende ,como luta pelo poder e sobrevivência nacional, que só
depois de garantidos, são prosseguidos os interesses menores, este interesse nacional, esta
associada a assuntos estratégicos e de segurança do estado.
Stephen Krasner (1992)12 citado por Sousa ( 2005:92) , que entende ser preferível considerar o
interesse nacional é, assim, mais o que os decisores políticos entendem ser. O seu conteúdo diria
respeito a tudo aquilo que os governantes, na conjuntura, definem como sendo o interesse
10
Burdeau Georges. (1970), L’État, Paris: Seuil.
11
Morgenthau Hans. (1997), Politics among nations. The struggle for power and peace, 6.ª ed., Nova Iorque:
12
Stephen Krasner (1992), Achieving environmental goals: the concept and practice of performance review,
Londres: Belhaven, 192.
nacional. Embora demasiado realista e empírico, nem por isso lhe falta à base de estudos
fundamentados.
Na sua essência, a origem da idéia de interesse nacional prende-se com os princípios realistas de
segurança nacional e sobrevivência (defesa da pátria e a preservação da sua integridade
territorial). Mas também têm vindo a ser incluídos no conceito de interesse nacional: bem- -estar
econômico; promoção de princípios ideológicos e o estabelecimento de uma ordem mundial mais
favorável.
A expressão “interesse vital” é também usada com freqüência neste contexto, reflectindo que
uma determinada decisão política é tão importante para o bem-estar do Estado que não pode ser
posta em causa, podendo resultar no uso da força militar para defendê-la.
O conceito Interesse nacional, é pertinente porque da enfase a elementos tais como bem- -estar
econômico; promoção de princípios ideológicos e o estabelecimento de uma ordem mundial mais
favorável que são os objectivos esperados na cooperação entre os BRICS na arena internacional
e na relação com estados da África subsaariana e com Moçambique em particular .
Sistema Internacional:
O sistema internacional não é centralizado e não é tão tangível e claro no que toca às suas
estrutura diz respeito à forma como se distribui o poder pelas unidades do sistema. O processo
diz respeito ao padrão de relacionamento e tipos de interacção entre as unidades do sistema.
Estas unidades políticas são no presente sistema westefaliano, sobretudo os Estados, mas não
unicamente.
Segundo Aron (1975:234)13, o sistema internacional é o conjunto formado pelas unidades
políticas que mantêm, entre si, relações regulares e susceptíveis de estarem implicadas numa
guerra geral. Para este autor, exprimindo a concepção realista das Relações Internacionais, o que
13
Aron, Raymond (1975) Paix et guerre entre les nations, Paris: Calman-Levy.
define antes de tudo o sistema internacional é a possibilidade de uma guerra comum entre os
actores.
O sistema internacional não abrange apenas os Estados, mas todo o tipo de actores não estatais
existentes no sistema. O ponto essencial que importa ressaltar acerca de qualquer tipo de sistema
é o de o padrão geral do sistema ser mais importante e influente do que a soma das suas partes.
Neste capítulo procura-se explicar o contexto de surgimento dos BRICS, como actores
preponderantes na gestão do Sistema Internacional, buscando as diferentes razoes que
permitiram a consolidação dos BRICS como um novo bloco que desafia as potencias tradicionais
do ocidente.
Segundo (Wache, 2013:3), O termo BRIC foi usado, pela primeira vez, foi usado pela primeira
vez por de Jim O’Neil14 (2001). A partir de 2006 o termo BRIC deixou de ser apenas uma
designação para efeitos de análise para se tornar num Organização.
14
O’Neil, J. (2001). Building Better Global Econimic BRICs, Goldman Sachs, paper
Em 2009, o fórum realiza a sua primeira cimeira e em 2011 a África do Sul é admitida como o
quinto membro do fórum passando-se assim, dos BRIC para os BRICS, reflectindo cinco pólos
de poder Emergentes no Sistema Internacional. Mas a adesao da Africa do Sul provocou uma
onda de críticas, inclusive do próprio O’Neill, mas por fim concorda com a iniciativa com o
argumento de que a população africana está em 1 bilhão de habitantes, similar à da Índia em
número, sendo que os africanos tendem a gastar mais em bens de serviço.
Entre 2009 e 2012, o BRICS mudou de patamar, fortaleceu - se graças ao mecanismo das
cúpulas. Quando ocorrem quatro cúpulas seguidas num período de quatro anos. Até 2009, o
BRICS era uma fantasia de Jim O’Neill. Estava defendendo interesses comerciais, do ponto de
vista do capitalismo, ele concentrou - se nos fundamentos e vantagens econômicas desse grupo,
mas a sua idéia acabou tendo uma repercussão muito maior quando veio a crise econômica de
2008 e se descobriu que o BRICS poderia ser um instrumento importante, primeiramente do
ponto de vista econômico e depois do ponto de vista político.
A ideia da criação de um novo bloco, com um maior prestigio no Sistema Internacional, teve
dentre vários factores, as recentes crises financeiras, que tiveram inicio no mundo Ocidental,
como por exemplo a crise financeira mundial, teve o seu início em Outubro de 2008, com a
eclosão da crise imobiliária nos EUA (Wache, 2012: 54). Esta crise, fez com que os Estados
membros dos BRICS, se reunissem, na cimeira de Brasilia, em Junho de 2009 como forma de
adoptar medidas para evitar que esta afecte as suas economias, dando uma prova clara de que os
BRICS eram uma plataforma económica estável e, por conseguinte, poderosa, de facto.
2.2- O papel dos BRICS nas transformações globais em curso no Sistema Internacional
Segundo Cai (2009:341) o aumento da cooperação entre os países do agrupamento BRICS tem
impulsionado uma mudança abrupta na estrutura de governança global. As razoes da criação
deste bloco, não só foram, factores de natureza económica mas também de natureza militar,
onde, devido a capacidade de dissuasão nuclear de três dos cinco membros dos BRICS serem
considerados potências nucleares, nomeadamente a Rússia, a China e a Índia. E com a África do
Sul que detêm o know how15, nesta matéria, põe os BRICS em pé de igualdade com o Ocidente,
dai que se pode dizer que os BRICS, reivindicam uma maior equidade no Conselho de Segurança
(CS), e na gestão dos assuntos no Sistema Internacional.
Segundo Alden16 citado por Wache (2013), a criação do bloco dos BRICS no Sistema
Internacional é de extrema importância, permite as potências emergentes, que compõem este
bloco, afirmarem-se através da combinação do poder económico, perspicácia diplomática e
poder militar de forma a sair do estágio de países em desenvolvimento e desafiar as potências
tradicionais, principalmente as Ocidentais.
15
Capacidade, poder de saber fazer, produzir algo
16
Alden, C. (sd). Joint Statement of the BRICS countries Leaders, Oxford Press,. New Deli:
Sob o pano de fundo da profunda recessão das economias desenvolvidas, uma grande expectativa
foi depositada sobre as economias emergentes representadas pelo BRICS. Na crise financeira
internacional, o BRICS e como sendo economias emergentes estão contribuindo mais do que
nunca para o crescimento da economia mundial e desempenhando um papel cada vez mais
importante na estabilização da economia mundial. Ao perceber o ajuste na estrutura industrial e a
mudança no padrão de crescimento econômico da economia mundial na era pós-crise financeira
mundial Lidan (2010:321).
Mas é de realçar que a consolidação dos BRICS como uma plataforma de cooperação não tem
sido fácil, isto devido a desafios e divergências de perspectivas entre os cinco Estados dos
BRICS, no que concerne ao discurso da cooperação sul - sul, a multiplicidade de organizacoes
internacionais em que os membros dos BRICS estão envolvidos e insatisfação do Ocidente.
Quanto a Cooperação Sul – Sul, o Brasil, a Índia e a África do Sul são defensores deste modelo
de cooperação, fortificando esta ideia, com a criação em 2003, do fórum Brasil, Índia e África do
Sul (IBSA), enquanto a China e a Rússia, discordam do modelo de cooperação Sul – Sul, e
exigem reformas nas instituições financeiras como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e
Banco Mundial (BM), e contestam o proteccionismo ocidental no comércio internacional Wache
(2013:13).
Outro grande desafio dos BRICS, aponta-se o facto de os Estados membros dos BRICS
encontrarem-se envolvidos em várias organizações internacionais, facto que dificulta a tarefa dos
BRICS em conciliar as múltiplas agendas das diversas entidades multilaterais nas quais
participam. Os BRICS enfrentam também uma dificuldade adicional, por serem países
culturalmente, e em vários casos geograficamente, distantes uns dos outros (Ibid.).
Mas segundo Neves (2011:56) o centro do problema dos BRICS é o interesse da China no
BRICS que parece claro que este estado pretende bloco para atingir uma preeminência política e
econômica no mundo. Para (Ibid ) a China tem uma política comercial agressiva, que esta a
ameaçar o Mercosul, com suas empresas e seus preços baixos, e está comprando terras na África
e na América Latina, na América do Sul, sobretudo, para se abastecer de recursos naturais que lá
são escassos.
A insatisfação do Ocidente com o crescente protagonismo dos BRICS, que está desenhar
estratégias para reduzir o poder daqueles países de modo a retornar-se a unipolaridade que
predominou na década de 1990.
Alguns críticos tais como, o Secretário do Tesouro americano, Tim Geithner e Professor
Lukyanov são cépticos quanto a possibilidade dos BRICS tornarem – se num pólo de poder que
poderá equilibrar a gestão da agenda internacional afirmam que o grupo só seria realmente
relevante se pudesse coordenar todas as posições em todas as esferas da agenda mundial, do
Conselho de Segurança à reforma de Bretton Woods, sobre o que fazer para superar a crise
global, os entraves na OMC e a instabilidade no Oriente Médio.
Pimentel (2011:145) por seu turno refuta esta afirmação defendendo que pelo facto dos BRICS
terem em comum o facto de serem nações com capacidade de actuar de forma autônoma, e por
serem países de grande dimensão econômica, geográfica e populacional e sem adoptar
necessariamente uma atitude de confrontação, podem agir com autonomia em relação às
potências tradicionais do Atlântico Norte, os Estados Unidos e a Europa Ocidental. Isso vale,
sobretudo, para os quatro integrantes originais, mas crescentemente também para a África do
Sul, que a capacidade de agir de forma independente é ingrediente crucial.
Neste capítulo foi abordado o surgimento dos BRICS, como actores preponderantes na gestão
do Sistema Internacional, um ponto importante que foi mencionado em várias intervenções deste
capitulo é a importância da agenda dos BRICS que diferencia – se da agenda dos estados
ocidentais e faz referência a idéia da multipolaridade que visa mudar de certa forma o curso das
negociações globais, e reivindicam uma maior equidade no Conselho de Segurança (CS), e na
gestão dos assuntos no Sistema Internacional.
Mas também é certo que os BRICS enfrentam problemas de existência de forças centrífugas
dentro do BRICS e uma delas é o caso da China, que vai se assumindo uma ordem de grandeza
diferente,outra é o ingresso da Rússia na Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), tornando desconcertante para o BRICS ter um dos seus membros em
processo de aproximação com a OCDE, por esta não só ser um conjunto de regras, mas também
uma cultura. A tentativa russa de assimilar a cultura ocidental a representa uma força centrífuga
dentro do BRICS.
De acordo com Wache (2013:5) com o crescimento econômico acentuado das 5 economias
emergentes, reconhecido por ( O’Neil, 2001)17, aumentou também consciência de que os BRICS
17
O’Neil, J. (2001). Building Better Global Econimic BRICs, Goldman Sachs, paper
tornaram – se numa plataforma de cooperação que aos poucos passaram a configurar um desafio
a unipolaridade estabelecida desde o fim da Guerra Fria.
O aumento da influência dos BRICS como uma uma nova plataforma de cooperacao a nível
mundial tem gerado muitos debates e inquietações nos mais variados fóruns de discussão,
sobretudo no que diz respeito às relações entre estes países e África Subsaariana, alguns acusam
os BRICS de estarem apenas interessados nos recursos naturais africanos e não no seu
desenvolvimento. E por outro lado os defensores deste bloco, justificam dizendo que a crescente
importância dos BRICS têm como objectivo de cada vez mais reivindicar uma nova ordem
mundial mais “justa”, ou seja, que tenha em conta o peso de cada de um destes países no mundo:
reformas no Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, assento permanente para o Brasil
e para a Índia nas Nações Unidas, entre outras exigências.
Durante a declaração de Delhi, de 2012, as economias emergentes dos BRICS reforçaram a idéia
da existência da ordem multipolar, definindo este bloco como ‘uma plataforma de diálogo e
cooperação entre países que representam 43% da população mundial e os restantes Estados da
África Subsaariana, tendo como objectivo à promoção da paz, segurança e desenvolvimento
econômico num mundo multipolar, interdependente e em processo de globalização
(BRICS,2012:2)’
Segundo Pimentel (2011:123) os países mais desenvolvidos do Grupo dos sete países mais
desenvolvidos (G7), União Européia e Estados Unidos, reconhecem a ordem multipolar e
querem interagir com os países emergentes, daí que estes propõem que os BRICS deveriam ser,
não só promotores da demanda entre os países em desenvolvimento através da cooperação sul-
sul, mas também deveria compensar a falta de demanda e a falta de dinamismo dos países
desenvolvidos. Mas, entretanto, desde o começo, o bloco dos BRICS afirmou que isso não seria
viável, pois todos os países têm que crescer juntos. Esta posição comum reforça um ponto
importante dos BRICS, que é a idéia de que outros países em desenvolvimento “extra-G7” têm
um papel importantíssimo para a demanda global, e sendo assim as iniciativas para o
desenvolvimento dos países não membros do G7 podem combater os principais factores de
debilidade na economia global, que se encontram, no entender do BRICS, no lado da falta de
demanda. O BRICS defende a criação de demanda, em países que precisam de demanda.
E os estados em desenvolvmento defendem a intensificação das suas relações com os BRICS,
pelo facto dos paises deste bloco apresenterem uma a semelhança de discurso com estes e
ausência de condicionalismos para financiamento ao desenvolvimento. Em relação a semelhança
de discurso, os BRICS apresentam-se a si mesmos como países em desenvolvimento e
reivindicam o direito ao desenvolvimento. A exigência de reforma das instituições financeiras
como o Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, a contestação do proteccionismo
ocidental no comércio internacional são discursos que conferem legitimidade aos BRICS, diante
dos países em Desenvolvimento (Wache:2013:8).
Por seu turno (Barbosa,2009:123 ), afirma que a intensificação das relações entre os BRICS e os
países em desenvolvimento justifica-se não só em razões morais, mas também são pelo facto
destes considerarem que a chave do sucesso numa economia mundial mais competitiva e
dinâmica, reside na melhoria da saúde, educação e bem-estar social. Em particular, estes
investimentos das economias emergentes visam permitir uma maior interação dos estados em
desenvolvimento com os mercados e aumentando as suas oportunidades de subsistência.
Os BRICS, têm sido vistos por estes Estados em desenvolvimento, como grupo de
Estados que não interferem na gestão interna dos Estados, cabendo-lhes fazer o financiamento
mediante mecanismos financeiros sem chantagens políticas aos Estados. A cooperação entre
estes estados do grupo BRICS e outros em desenvolvimento é defendida como a própria
materialização do princípio da solidariedade internacional, segundo o qual os países devem se
orientar em uma perspectiva de construção de uma idéia de humanidade.
Mas esta visão dos estados Africanos em assumir a cooperação com as potencias emergentes
como sendo uma dádiva por basear-se no discurso de uma relação de obrigações recíprocas
destituídas de conflito e carregadas de valor moral, na qual troca comercial é interessada e não
busca a satisfação de um interesse nacional mas sim na orientação de uma perspectiva de
construção de uma idéia de humanidade tem sido vista por ( Puente, 2010) 18 citado por
18
Puente, Carlos Alfonso Iglesias. (2010) A cooperação técnica horizontal brasileira como instrumento de política
externa: a evolução da cooperação técnica com países em desenvolvimento – CTPD – no período de 1995-2005.
(IESE,2012:6), como utópica, afirmando que a idéia de solidariedade e humanidade sempre
estiveram presentes dentro do sistema internacional e as primeiras acções a que se convencionou
a chamada cooperação internacional para o desenvolvimento,ou a ajuda fornecida eram
acompanhadas por um forte valor moral .
Isto é, primeiramente, os países europeus receberam ajuda para sua reconstrução, dada a
destruição causada pela Segunda Guerra Mundial. Nesta altura, o discurso corrente era o de que
seria necessário ajudar os países em desenvolvimento, considerando a situação de miserabilidade
em que viviam suas populações. Na verdade, com a recessão vivida pelos países desenvolvidos,
na década de 1980, fez com que a cooperação para o desenvolvimento fosse utilizada para o
atendimento dos objetivos do Norte de salvar o sistema financeiro internacional os países do Sul,
através de ajudas com condicionadas, de modo a permitir-lhes honrar seus compromissos junto
às instituições financeiras privadas; portanto, não coincidindo com os anseios dos países em
desenvolvimento por um desenvolvimento econômico (IBid.).
Segundo Chichava (2008:65) com a abertura das economias da China, Índia, Brasil e Rússia, a
força de trabalho mundial duplicou, e dentro de uma década, por força dos paises emergentes,
haverá mais de um bilião de novos consumidores a nível global. Os países em desenvolvimento,
em 2007, participaram com 40% das exportações mundiais. Nos anos 70, respondiam apenas por
20%. Estes países são consumidores de mais de metade da energia consumida hoje no planeta e
mais de 70% das reservas mundiais estão sob a guarda dos bancos centrais destes novos países.
Esta nova realidade está não só a mudar a estrutura da economia global, como representa um
novo quadro político e social.
Fundação Alexandre Gusmão: Brasília.
A China, a Índia e o Brasil (e a Rússia e a África do Sul, é claro) quebraram os padrões e os
modelos de desenvolvimento e criaram uma nova dinâmica, um novo movimento, com as suas
economias.
A prova disso é o facto de nos anos 90, quando as multinacionais dos países desenvolvidos
passaram a mostrar pouco interesse pelos países em desenvolvimento, assistiu-se à emergência
das multinacionais provenientes da China, Índia, Brasil e Rússia, concentradas, sobretudo no
domínio da indústria e de serviços, que são o verdadeiro motor da economia global. Estes países
foram responsáveis, em 2007, antes da crise financeira internacional, por uma grande parcela do
PIB mundial.
Segundo Caú (2011:69), ha uma crença de que países como o Brasil, Rússia, Índia China e
África do Sul, têm características semelhantes e com interesse num reordenamento do sistema
internacional, e embora estes experimentem condicionalismos externos, sobretudo em termos
econômicos, tem uma autonomia na formulação das suas acções internacionais, buscando na
cooperação internacional uma forma de contrapor as acções unilaterais das grandes potencias.
Estes países não estão integrados estruturalmente em áreas amplas e nem em nenhum dos pólos,
mas são tidos como candidatos naturais a ter um lugar de destaque na nova ordem internacional.
Para este autor a “parceria estratégica” entre os países deste bloco e os restantes em
desenvolvimento passou a ser uma opção relevante, pois são países que possuem uma
importância nas suas regiões, em tem um peso em termos de densidade populacional, produto
interno bruto, recursos naturais, para alem de ser democráticos. (Ibid.).
E em 1990, as empresas dos países emergentes contribuíam no Sul com 7% dos investimentos,
expandindo estes investimentos em dois sentidos: regionalmente, e globalmente, mas estas
multinacionais dos países emergentes consolidam a sua força regional e em países em
desenvolvimento ou mesmo subdesenvolvidos. Tendem a investir geograficamente perto dos
seus países de origem, mas também culturalmente onde melhor percebem o mercado.
19
www.portaldogoverno.gov.mz
de políticas de estabilização e o sucesso na pacificação do território têm sido os principais
responsáveis pelo bom desempenho da economia. Adicionalmente, as entradas de investimento
estrangeiro direccionado a grandes projectos de investimento e ajudas dos doadores
internacionais continuam a desempenhar um papel fundamental para o enquadramento favorável
que tem caracterizado o país (Ibid.).
Segundo Abrahmsson et Nilsson (1995: 10) , para fazer face aos efeitos, por um lado, da seca e,
por outro lado, da desestabilização da África Do Sul, e tomando em conta a capacidade reduzida
da URSS, Moçambique precisava de novas alianças internacionais, capazes de reforçar a
legitimidade política internacional da FRELIMO, e assim contribuir para o apoio politico e
financeiro necessário para pôr fim às actividades externas hostis
20
Movimento racista e segregacionista que vigorava na África do sul ate 1998
Segundo Ottaway (1992:156), Logo a seguir à independência, a economia de Moçambique sofre
um abalo caracterizado pelas carências que se manifestavam em todos os sectores da vida
económica e social. Num esforço titânico de organização e de mobilização, o país busca soluções
nos países ocidentais para suster este fenômeno, é neste contexto, que foi adoptada a política de
“engajamento construtivo”, o “instrumento” utilizado para retirar Moçambique da esfera de
influência do chamado “bloco comunista”.
A exigência para a obtenção da ajuda de que o país dramaticamente necessitava nos tremendos
anos 80, em plena emergência, seria a adequação da sua política econômica ao chamado
“Consenso de Washington apregoado por organizações como o Banco Mundial e Fundo
Monetário Internacional, que concediam suas ajudas a partir do compromisso de que os países
em desenvolvimento deveriam promover a estabilidade econômica e reduzir a intervenção do
Estado (IESE,2012:25).
Como perceberam (Sautman & Hairong, 2007:77), que enquanto as práticas ocidentais de
cooperação para o desenvolvimento enfatizam as dimensões do livre mercado, expansão da
democracia, boa governacão e, após a crise do Consenso de Washington, redução da pobreza, as
práticas de cooperação para o desenvolvimento desenvolvido pelas potências emergentes dos
BRICS, têm como elemento central a promoção do comércio e do desenvolvimento industrial no
próprio continente africano.
Partindo do caso moçambicano, a cooperação com as cinco potências emergentes que compõem
o novo bloco dos BRICS nota - se, um incremento cooperativo nas áreas de comércio e dos
investimentos, sendo que a agricultura e as infraestruturas correspondem os sectores de destaque
(Chichava, 2011:378).
Quanto às relações sino-africanas ganham maior dinamismo num contexto em que o enorme
crescimento económico da China faz o país aumentar a sua demanda por recursos naturais e
energéticos e oportunidades comerciais, e uma das regiões onde Pequim está com os olhos
postos é a África (Sant’anna, 2008:6).
Com relação a Moçambique e a China continua sendo a mais significativa entre as nações
emergentes. Em 2 anos, Beijing passou de 26º para 6º maior investidor em Moçambique fazendo
uso da concessão de empréstimos “sem condicionalismos”. Estes empréstimos têm sido a porta
de entrada em Moçambique de várias empresas e consórcios chineses (Rosinha, 2007: 64).
No plano das relações comerciais, económicas e da cooperação técnica, ambos os países
assinaram um Acordo de Comércio e um Acordo de Promoção e Mútua Protecção do
Investimento, tendo estabelecido uma Comissão Económica e Comercial Conjunta em 2001
(Carriço, 2008:5).
No domínio agrícola, a China investiu 800 milhões de dólares para multiplicar por 5 a produção
de arroz em Moçambique, como contrapartida pela construção de estradas e barragens. A região
do Vale do Zambeze é tida como o território eleito para a produção de arroz para o mercado
chinês, que se deparará com aumentos de consumo e cada vez menos terra arável (mediaFAX,
2008:1).
Um dos grandes destaques da cooperação entre Moçambique e China no sector agrícola é o
estabelecimento de um centro de tecnologias agrárias em Boane, no sul de Moçambique.
Avaliado em 55 milhões de dólares, o Centro de Tecnologias Agrárias está ser estabelecido com
ajuda do governo da província de Hubei, e é o primeiro de entre os 14 centros que a China prevê
em África (Ibid.).
Quanto às relações entre a Índia e Moçambique segundo (Ibid.), os programas Focus Africa e
Team-9 lançado pela Índia através do Exim Bank em 2002 e 2004 e dotados, respectivamente, de
uma linha de crédito de 550 e 500 simbolizaram o começo de uma nova era nas relações entre
este país e África.
A Índia tem vindo a prestar assistência a Moçambique de várias formas, incluindo através de
Linhas de Crédito. O governo da Índia aprovou três Linhas de Crédito de 20 milhões cada para
Moçambique. A primeira foi concedida em Setembro de 2004 para eletrificação rural, gestão de
águas, e um projecto de aproveitamento de cascas de coco na província da Zambézia. Outro de
US 20 milhões foi concedido em 2006 para electrificação da província de Gaza. A terceira linha
de credito de US 20 milhões foi oferecida a Moçambique em Abril de 2008, com a finalidade de
financiar a transferência de tecnologias de furos de água e equipamento desde a Índia (High
Commission of Índia, 2011)21 citado por Quina (2011: 45).
Na área da educação, referir que actualmente, 20 vagas para bolsas de estudo sob foi aumentado
para 30, desde os anos 2008-2009. Moçambique e Índia assinaram dois acordos de cooperação
para a promoção do comércio, investimento e reforçar a cooperação económica, cultural,
científica e técnica entre os dois países. Os acordos foram assinados no término da segunda
reunião da Comissão Conjunta em Nova Deli, capital indiana. Assinaram os referidos acordos o
Ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Balói, e o seu homólogo indiano,
Anand Sharma(Ibid.).
Segundo Simpson (1993: 309 – 324) as relações entre Moçambique e a Rússia ocorrem desde
1977, com a realização do III Congresso, a FRELIMO, onde foi adoptado o socialismo como
orientação, com a expectativa de que o bloco socialista iria satisfazer as necessidades internas de
desenvolvimento económico do país financiando os demais projectos de desenvolvimento, o caso
do PPI (Plano Prospectivo Indicativo) e no sentido de que este mesmo bloco admitiria
Moçambique naquele que era o Conselho de Assistência Mútua Económica dos países
socialistas. Mas, entretanto, não foi isso que aconteceu, pois, a URSS rejeitou a proposta de
adesão de Moçambique a este conselho.
De acordo com (Visentini,durante a palestra proferida no ISRI;2013),a Rússia também tem seus
problemas pendentes: a agroindústria pouco desenvolvida e a dependência em lideranças fortes.
Apesar de estar entre os países do BRIC, seu futuro é cheio de variáveis. Com o seu sonho de re-
emergir como uma grande potência, a Rússia espera fortalecer o seu poder nacional e fazer jus à
reputação de um grande poder.
21
High Commission of Índia (2010), Cooperação entre Moçambique e Índia.
BREVE HISTORIAL DAS RELACOES ENTRE MOCAMBIQUE E BRASIL
Segundo Cau (2011:57) as relações entre Moçambique e o Brasil nos primeiros dez anos após a
independência fluíram com pequena intensidade devido a problemas internos de ambas partes
associados a situação político e econômico mundial, onde Moçambique atravessava um período
de instabilidade na região devido ao clima de confrontação com o regime do Apartheid que
protagonizava ataques ao território Mocambicano, chegando ate a ameaçar a sobrevivência do
estado.
Por outro lado, o ressentimento de Moçambique em relação ao Brasil pelo facto deste ultima ter
sido passivo na luta de libertação de Moçambique e por ter assinado acordo de consulta mutua
com a ex- potencia colonizadora (Portugal) dificultou a aproximação dos dois países (Ibid).
As relações do Brasil e Moçambique, ganharam um novo impulso a partir de 1985 com o início
do processo de democratização no Brasil que ë o maior país da América Latina.Mas, foi com a
chegada à presidência do Brasil de Luís Inácio Lula da Silva em 2003, que as relações com a
África transcenderam, pelo seu significado, o mero circunstancialismo das relações diplomáticas
normais entre Estados.
A demonstração clara que ilustra este novo impulso nas relacoes Mocambique e Brasil sao as
tres visitas de Lula a Moçambique em novembro de 2003,outubro de 2008 e novembro de
2010.Estas sao consideradas, sem dúvida,a manifestação inequívoca dos laços que unem
historicamente os povos de ambos os países, na diversidade e no respeito mútuo das culturas
miscigenadas, sobrepondo-se a todas as vicissitudes históricas passadas.
As relações entre Estados estes dois estados fazem-se hoje a dois níveis que se complementam,
cultural e económico. Entre o Brasil e Moçambique a língua, constitui um património histórico e
cultural comum, mas esta afinidades culturais e afectivas não , todavia, é transposta para o
terreno económico (ou mesmo político), porque pode gerar equívocos.
Portanto o Brasil tem encetado uma série de iniciativas visando desenvolver a cooperação com
os países do continente africano, principalmente aos Países Africanos de Língua Oficial
Portuguesa (PALOP) e produtores de algodão, como Moçambique, que passaram a ser os
principais destinatários da cooperação brasileira.
De acordo com o (relatório do Ministério das Relações Exteriores: 2010), em Maio de 2010, o
governo brasileiro promoveu, em Brasília, um encontro designado “Diálogo Brasil-África sobre
Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural.” Neste encontro, onde
estiveram presentes 45 países africanos, foram definidas sete áreas relacionadas com a
agricultura que deviam ser objecto principal de cooperação entre as duas partes, nomeadamente:
Sendo assim, estas relações são desvinculadas de interesses econômicos, isto é tem como
objectivo a inserção competitiva em um mercado globalizado, o apoio aos princípios
democráticos como forma de adequação internacional e a necessidade de integração regional
como forma de aumentar a competitividade econômica e de enfrentar desafios internos e
externos resultantes de uma economia globalizada.
No que se refere a comércio entre Moçambique e Brasil em bens e serviços tem resgistado um
crescimento ainda que de forma paulatina.
Mesmo com estas dificuldades acima referenciadas, durante cinco anos de intercambio
comercial, atingiu um volume expressivo devido aos esforços do governo e empresariado
Moçambicano e brasileiro (Ibid.).
Moçambique exporta para o Brasil produtos tais como: algodão, madeira, o pescado, artesanato,
alumínio, e nos últimos tempos carvão mineral.
Brasil exporta para Moçambique, produtos tais como: frango congelado, vestuário, produtos
alimentares (bolachas, pastilhas elásticas, biscoitos, laticínios, livros, produtos de beleza e para
restauração, decoração e as próprias novelas que tem sido um sucesso no país podem ser
consideradas como um dos bens importados do Brasil.
Cooperação na Agricultura
22
Capacidade de produzir inovar,ou dotacao relativa na producao de um certo comodities, servicios
chamada por alguns por “diplomacia de etanol” (Pinheiro, 2008; Couto, 2010). Com efeito, em
quase todas as viagens de Lula da Silva a áfrica, em particular Moçambique, os biocombustíveis
estiveram sempre em destaque, considerando estes como uma saída segura para África no acesso
à energia sustentável, geração de empregos, de renda, de autonomia energética e no aumento das
suas exportações (Sousa, 2008). Por seu turno, a Embrapa tem realizado uma série de iniciativas
com vista à sensibilização dos africanos sobre a importância dos biocombustíveis.
À semelhança da diplomacia de Lula da Silva para com o resto da África, um dos sectores de
maior aposta do Brasil na sua cooperação com Moçambique é o sector agrícola, e a maior aposta
é na área dos biocombustíveis. Neste sector, o Brasil que conta com grande apoio do governo de
Moçambique, que inclusive aprovou uma Política Nacional dos Biocombustíveis espera
transformar o país num grande produtor em África, ou seja, numa espécie de novo Brasil.
De realçar que a instalação do escritório da Embrapa em Maputo tem como um dos objectivos
iniciais apoiar a multinacional brasileira da área mineira Vale em um dos projectos sociais a que
está obrigada em virtude de ter ganho o direito de explorar carvão mineral em Moatize, província
de Tete, mais precisamente no desenvolvimento da agricultura familiar das populações residente
nesta região mineira. (Embrapa, 2005).
É preciso sublinhar também que uma das características importantes da cooperação brasileira no
sector agrícola está baseada na transferência de tecnologias, criação de competências (humanas e
institucionais).
Cooperação na Saúde
Devido ao carácter” suis generes”, destas relações ocorre pela primeira vez a transferência d
tecnologias para a fabricação,de anti – retrovirais e outros medicamentos,esperando-se que
Moçambique passe a ser o fornecedor deste medicamento aos países a outros Africanos (Ibid.).
Por outro lado, como resultado da cooperação com o Brasil na área da saúde tem se verificado
nos últimos três anos, uma maior colaboração entre o Instituto Nacional da Saúde (INS) e a
(FIOCRUZ), envolvendo grandes temas tais como:
A elaboração do plano estratégico do Instituto Nacional de Saúde
Estabelecimento de um curso de mestrado em Ciências da Saúde Moçambique.
Cooperação na Educação
4.1 Ganhos
Com a enorme demanda por recursos naturais, fontes de energia e alimentos por parte das
economias emergentes têm proporcionado ao continente africano em geral e a Moçambique em
particular, uma maior expansão do mercado na medida em que recebe investimentos destes
países e ajuda sem condicionalismos.
Nas últimas décadas, os BRICS tem sido importantes parceiros no processo de desenvolvimento
do País, através da elaboração de projectos de assistência, redução e isenção de dívidas,
cooperações tecnológicas e formação de pessoal, os países membros dos BRICS contribuem
significativamente no progresso económico e social de Moçambique
Isso significa que a cooperação com as potencias emergentes sob forma de investimento ou ajuda
econômica e negócios internacionais, é benéfico para os estados africanos e para Moçambique
porque criam oportunidades de emprego e renda.
4.2 Constrangimentos
23
Países do interior do continente sem acesso ao mar
Os constrangimentos que advêm da cooperação entre Moçambique e as economias emergentes
verificam-se, sobretudo por numa complexidade de relações, pressões, tensões e competição, que
envolvem os diferentes países africanos, as economias emergentes (com destaque, além da
China, para o Brasil e a Índia) e as restantes economias mundiais.
Wache (2013:23) argumenta ainda que um dos constrangimentos destas relações de Moçambique
com os BRICS tem haver com a adesão da África do Sul nos BRICS, onde Moçambique passará
a lidar com interesses complexos, isto é, África do Sul irá negociar com Moçambique para
satisfazer os seus interesses e os dos seus parceiros. O mesmo acontecerá com qualquer outro
membro dos BRICS, quando estiver a negociar com Moçambique, procurará salvaguardar os
Interesses sul-africanos
E outro constragimento esta relacionado com a reacção do Ocidente à esta Multi-polaridade,
onde constata-se que o Ocidente quererá manter o seu status de financiador do Orçamento Geral
do Estado, e por essa via, continuar a impor os seus valores.
Com isto quer, portanto, dizer que um entendimento acerca das iniciativas deve procurar um
enquadramento nessa complexa equação de relações, tensões, pressões e competição múltiplas
para que não afectem o Interesse nacional nas suas diferentes vertentes segurança, prosperidade
e preservação dos valores centrais.
O facto de o seu investimento estar intensivamente direccionado a outras áreas diferentes da
prioridade de Moçambique (agricultura), limitando-se nos recursos minerais energéticos.
4.3 Desafios
Os desafios estão intimamente ligados as oportunidades assim como as desvantagens que o país
detém em relação às potencias emergentes, e outros parceiros de cooperação. Deste modo, urge
uma necessidade para os governantes de:
Convencer empresas destes países a investirem no sector agrícola moçambicano é,
portanto, o primeiro grande desafio de Moçambique (Castel-Branco, 2010: 39).
Formular uma estratégia que ajude Moçambique a conseguir o crescimento rápido das
exportações, ao mesmo tempo em que o referido crescimento cria oportunidades
económicas e maior rendimento para os pobres;
Definir estratégias a nível local, regional e internacional, que possam em médio prazo,
assegurar a consecução dos ODM e a erradicação da pobreza
Apesar de Moçambique, ainda ter uma forte dependência dos países industrializados do Norte,
tem privilegiado a intensificação da sua cooperação com os BRICS, por estes, possuírem um
espaço amplo para o desenvolvimento, um mercado potencial considerável, capacidade de
promoção de mercados, e elevar a um maior intercâmbio com os países deste bloco apesar de
registarem – se em maior número de importações em detrimento das exportações.
E quanto aos ganhos que é o quarto objectivo da pesquisa verificamos que a cooperação com os
emergentes facilita a transferência de tecnologia e conhecimentos, mas há uma necessidade de
criar um novo panorama de relacionamento que reverta a tendência do país ser vendedora de
matéria-prima e compradora de mercadorias.
Recomendações
O trabalho dá a entender que o aprofundamento da cooperação entre Moçambique e os BRICS
como um todo constitui importante força motriz da economia regional e mundial. Além disso,
cada país do BRICS contribui a para o desenvolvimento econômico do país e na melhoria das
condições de vida da população, mas em forma de recomendação, avançamos algumas idéias
principais:
Moçambique deve criar uma estratégia específica de cooperação com vista a equilibrar os custos
e benefícios da Cooperação com as economias emergentes;
O país deve adoptar uma posição activa, planear projectos económicos de longo prazo e fazer
valer as suas próprias necessidades internas nas negociações dos acordos de cooperação com os
países dos BRICS e com o Brasil em particular;
O país deve se concentrar em desenvolver a sua própria capacidade produtiva, com vista a
estabelecer um variado número de produtos competitivos, sobretudo, nas relações de cooperação
com os emergentes;
Investir no capital humano local, de forma que os projectos provenientes dos investimentos
Brasileiros se garanta a sustentabilidade dos mesmos,
Diversificar as concessões mineiras e criar empresas estatais para exploração dos recursos
minerais, principalmente, os hidrocarbonetos
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