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Declaro, por minha honra, que este trabalho é resultado da minha investigação pessoal com ajuda
e orientação do meu supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto e nas referências bibliográficas.
Declaro ainda que nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de
qualquer grau académico.
__________________________
O supervisor
_________________________
I
DEDICATÓRIA
Dedico à:
II
EPÍGRAFE
[(Autor:Desconhecido)].
III
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradecer a Deus pela saúde, pela oportunidade de acordar, por abrir novos
caminhos e por olhar por mim todos os dias.
Aos meus filhos, por serem a minha maior fonte de motivação de querer crescer e evoluir
sempre, pelo bom trabalho de equipa que fazemos, a quem espero um dia inspirar.
Aos meus Amigos e colegas meu muito obrigada por me lembrar que eu sempre podia fazer
mais, que sempre com bom humor me encorajaram a seguir em frente e me desafiar cada vez
mais.
Ao meu supervisor Mestre Nixon Manuel Vicente, meu muito obrigada por ter-me motivado a
concluir o mestrado, muito obrigada pelo tempo, paciência em todo processo de tutoria. O
tamanho da minha gratidão é imensurável por tudo isso.
IV
LISTA DE ACRÓNIMOS
ASCAS - Accumulating Savings and Credit Associations
V
GLOSSÁRIO
Grupos de Poupança e Crédito: Organizações comunitárias ou cooperativas que têm como
objetivo principal promover a poupança e fornecer acesso a crédito a famílias e indivíduos de
baixa renda. Esses grupos visam fortalecer a economia local e oferecer oportunidades de
desenvolvimento financeiro para as famílias menos favorecidas.
VI
SUMÁRIO EXECUTIVO
O presente trabalho apresenta uma análise da contribuição dos grupos de poupança e crédito para
a mobilização e concessão de financiamento, estudo de caso: as famílias menos favorecidas do
bairro M’padue na cidade de Tete (2020-2022), constitui uma reflexão em torno dos grupos de
poupança e crédito (GPC) estão presentes entre soluções preconizadas pelas instituições de
fomento nos países em desenvolvimento, sempre visando aumentar a cultura produtiva ao
incentivar o empreendedorismo, a distribuição de renda, a redução das desigualdades e a
pobreza. A pesquisa teve como objectivo analisar grupos de Poupança e Crédito na mobilização
e concessão de financiamento as famílias menos favorecidas do bairro M’padue na cidade de
Tete entre o período de 2020 a 2022 (um estudo de caso da associação dos camponeses de
M’padue). A metodologia a ser usada para a realização de toda a pesquisa desde a
fundamentação teórica, a pesquisa obedeceu o enfoque qualitativo, a investigação qualitativa é a
forma de estudo da sociedade que se centra no modo como as pessoas interpretam e dão sentido
ou privilegiam as suas experiencias, e ao mundo em que elas vivem. Portanto, segundo esta
abordagem, o estudo baseia-se na interpretação dos fenómenos. No geral podemos concluir que
os grupos de poupança contribuem para a mobilização e concessão de financiamento para as
famílias menos favorecidas do bairro M’Padue na cidade de Tete. Eles oferecem oportunidades
de crédito mais acessíveis, imponderam-se economicamente as famílias, promovem a educação
financeira e fortalecem as redes sociais. Esses fatores combinados ajudam a impulsionar o
desenvolvimento econômico local.
VII
Índice de Gráficos
Gráfico 1: Género..........................................................................................................................34
Gráfico 2: Faixa etária...................................................................................................................35
Gráfico 3: Escolaridade.................................................................................................................36
Gráfico 4: Tempo de participação em GPC...................................................................................37
Gráfico 5: Emprego formal............................................................................................................38
VIII
Índice de Quadro
Quadro 1: Valor médio Ganho nos últimos 3 anos por cada ciclo................................................44
IX
Contents
EPÍGRAFE.................................................................................................................................................III
AGRADECIMENTOS...............................................................................................................................IV
LISTA DE ACRÓNIMOS..........................................................................................................................V
GLOSSÁRIO.............................................................................................................................................VI
SUMÁRIO EXECUTIVO.........................................................................................................................VII
Índice de Gráficos....................................................................................................................................VIII
Índice de Quadro........................................................................................................................................IX
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.................................................................................................................14
Breve introdução...............................................................................................................................14
1.1. Justificativa.........................................................................................................................15
1.5. Objectivos...........................................................................................................................19
2.Conceitos básicos...................................................................................................................................20
2.2. Crédito.........................................................................................................................20
X
2.3. Sistemas financeiros....................................................................................................20
2.7.1. Xitique.........................................................................................................................25
2.11. Grupo de Poupança e Crédito Rurais como Opção para a Inclusão Financeira...................29
2.12.1. Acesso aos Serviços Financeiros para as Famílias Rurais em Moçambique: Estudo
de Caso de Poupança e Crédito Rotativo nas Províncias de Nampula e Sofala..........................32
XI
3.3. Tipo de Pesquisa.........................................................................................................................36
3.5.1. Questionário.....................................................................................................................37
3.5.2. Entrevista.........................................................................................................................37
4.1. Dados..................................................................................................................................40
4.3. Analise e interpretação de dados sobre a contribuição dos grupos de poupança e crédito no
financiamento de familias menos favorecidas....................................................................................45
4.5. Contribuição dos grupos de poupança e credito com os niveis de acessibilidade de credito
nas familias menos favorecidas do bairro mpadue.............................................................................51
4.5.1. Níveis de acessibilidade de crédito nos grupos de poupança e crédito nas famílias
menos favorecidas do bairro M’Padue.......................................................................................51
4.5.2. factores que motivam a continuar com o grupo de poupança e credito e replicar os
mesmos. 52
XII
4.6. Discussão de resultados......................................................................................................53
4.7.1. Vantanges....................................................................................................................56
4.7.2. Desvantangens.............................................................................................................56
5.1. Conclusão...................................................................................................................................58
5.2. Recomendações..........................................................................................................................59
REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS.........................................................................................................62
APÊNDICES A.........................................................................................................................................65
APÊNDICES B.........................................................................................................................................67
ANEXOS...................................................................................................................................................70
XIII
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
Breve introdução.
O presente trabalho apresenta uma análise da contribuição dos grupos de poupança e crédito para
a mobilização e concessão de financiamento, estudo de caso: as famílias menos favorecidas do
bairro M’padue na cidade de Tete (2020-2022).
O acesso aos serviços financeiros é limitado principalmente para a população de baixa renda.
Este facto tem levado o governo e instituições de desenvolvimento a implementar programas
visando o alargamento do acesso aos serviços financeiros à este grupo de pessoas.
Os grupos de poupança e crédito (GPC) estão presentes entre soluções preconizadas pelas
instituições de fomento nos países em desenvolvimento, sempre visando aumentar a cultura
produtiva ao incentivar o empreendedorismo, a distribuição de renda, a redução das
desigualdades e a pobreza.
Os grupos de poupança e crédito têm-se mostrado uma poderosa ferramenta para promover a
inclusão financeira em comunidades ao redor do mundo. Esses grupos são formados por
indivíduos que se reúnem regularmente para contribuir com suas economias e compartilhar
recursos financeiros entre si. Por meio dessa abordagem coletiva, os grupos de poupança e
crédito oferecem uma alternativa viável aos serviços financeiros tradicionais, especialmente em
áreas onde o acesso a instituições financeiras formais é limitado.
A inclusão financeira é essencial para o desenvolvimento econômico e social de uma nação. Ela
envolve a garantia de que todas as pessoas, independentemente de sua renda ou localização
geográfica, tenham acesso a serviços financeiros adequados, como poupança, crédito, seguros e
pagamentos digitais. No entanto, muitos indivíduos e comunidades, especialmente em países em
desenvolvimento, enfrentam barreiras significativas para ingressar no sistema financeiro formal.
Os grupos de poupança e crédito surgem como uma solução inovadora para superar essas
barreiras. Eles incentivam a cultura de poupança, permitindo que os membros economizem
regularmente pequenas quantias de dinheiro. Essas economias coletivas são então usadas para
fornecer crédito aos membros, permitindo que eles iniciem ou expandam seus negócios, invistam
em educação ou enfrentem emergências financeiras.
14
Uma das principais vantagens dos grupos de poupança e crédito é que eles são baseados em
princípios de solidariedade, confiança e colaboração mútua. Os membros se apoiam mutuamente,
compartilham conhecimentos e experiências e assumem a responsabilidade pela gestão e tomada
de decisões do grupo. Isso não apenas fortalece os laços sociais e a coesão comunitária, mas
também aumenta a probabilidade de sucesso dos empreendimentos individuais.
Além disso, os grupos de poupança e crédito são adaptáveis às necessidades específicas das
comunidades. Eles podem ser facilmente estabelecidos e gerenciados com recursos locais, não
exigindo grandes infraestruturas ou investimentos externos. Isso os torna particularmente
relevantes para áreas rurais e de baixa renda, onde o acesso a serviços financeiros formais é
escasso.
Em suma, os grupos de poupança e crédito têm-se mostrado uma abordagem eficaz para
promover a inclusão financeira, empoderar comunidades e impulsionar o desenvolvimento
econômico local. Ao fornecer acesso a serviços financeiros básicos, esses grupos capacitam
indivíduos e estimulam o crescimento de pequenos negócios
1.1. Justificativa
O tema ganha maior relevância na medida que a preocupação pela inclusão financeira é um
assunto de grande destaque na actualidade, visto que uma das formas de vencer a pobreza
incentivando o empreendedorismo, mas há uma grande dificuldade de se conseguir o capital
inicial para o início do negócio sem garantias exigidas pelas instituições financeiras e esses
Grupos acabam sendo uma óptima saída.
15
Inclusão Financeira: Os grupos de poupança e crédito desempenham um papel fundamental na
inclusão financeira, especialmente em áreas onde o acesso a instituições financeiras formais é
limitado. Ao fornecer uma alternativa acessível e adaptada às necessidades locais, esses grupos
ajudam a incluir indivíduos e comunidades que normalmente seriam excluídos do sistema
financeiro convencional. Isso promove a igualdade de oportunidades e contribui para o
desenvolvimento econômico sustentável.
Os grupos de poupança e crédito oferecem acesso a crédito para os membros que normalmente
teriam dificuldades em obter empréstimos por meio de instituições financeiras tradicionais. Esses
grupos baseiam-se em critérios de concessão de crédito mais flexíveis, como a confiança e a
reputação dentro do grupo, em vez de exigir garantias tradicionais. Isso permite que os membros
obtenham financiamento para iniciar ou expandir negócios, investir em educação, enfrentar
emergências financeiras ou melhorar suas condições de vida.
Os grupos de poupança e crédito não apenas fornecem financiamento, mas também promovem o
empoderamento econômico dos membros. Ao participar ativamente do processo de poupança,
tomada de decisões e administração do grupo, os membros desenvolvem habilidades financeiras
e de gestão. Isso aumenta sua capacidade de tomar decisões informadas, investir de forma
estratégica e alcançar uma maior autonomia financeira.
Além dos benefícios financeiros, os grupos de poupança e crédito também fortalecem os laços
sociais e a coesão comunitária. Os membros se reúnem regularmente, compartilham
conhecimentos e experiências, e se apoiam mutuamente. Esse senso de comunidade e
solidariedade contribui para o desenvolvimento social, promove a confiança e a colaboração
entre os membros e cria um ambiente propício para o crescimento e o desenvolvimento coletivo.
16
Em resumo, falar sobre a contribuição dos grupos de poupança e crédito para a mobilização e
concessão de financiamento é importante para destacar uma abordagem alternativa e eficaz para
a inclusão financeira. Esses grupos desempenham um papel crucial na mobilização de recursos
locais, na disponibilização de crédito acessível e no fortalecimento econômico e social das
comunidades. Ao reconhecer sua importância, podemos promover políticas e programas que
apoiem e fortaleçam essas iniciativas, contribuindo para a inclusão financeira e o
desenvolvimento sustentável
17
Em Moçambique, a promoção dos grupos de poupança e crédito como meio de inclusão
financeira tem-se intensificado, Actualmente a promoção destes grupos vem sendo feita por
diferentes organizações governamentais e não-governamentais, e tem grande expressão nos
programas oficiais de expansão financeira como o Programa de Apoio as Finanças Rurais.
Os grupos de poupança e crédito difundidos por várias ONG´s em todos pais como alternativa de
inclusão financeira têm um grande papel na obteção de crédito a famílias menos favorecidas.
18
1.4.2. Delimitação temporal
Para um enquadramento delimitar o período de 2020 ao 2022 período este que mais se fez sentir
a crise financeira na província causada pelo Covid 19.
1.5. Objectivos.
1.5.1. Objectivo geral
Analisar grupos de Poupança e Crédito na mobilização e concessão de financiamento as familias
menos favorecidas do bairro Mpadue na cidade de Tete entre o periodo de 2020 a 2022 (um
estudo de caso da associação dos camponeses de Mpadue).
19
CAPITULO II: REVISÃO DE LITERATURA
2.Conceitos básicos.
2.2. Crédito
Segundo ferreira (1986) Crédito é um termo que traduz confiança, e deriva da expressão “crer”,
acreditar em algo, ou alguém. O crédito, sob o aspecto financeiro, significa dispor a um tomador,
recursos financeiros para fazer frente a despesas ou investimentos, financiar a compra de bens,
etc..
20
sistema financeiro convencional. O conceito envolve garantir que todas as pessoas tenham a
oportunidade de usar e se beneficiar de uma variedade de serviços financeiros, incluindo contas
bancárias, empréstimos, seguros, pagamentos eletrônicos e outros produtos financeiros.
Recuperado a 8 de Abril, 2023 de http://www.fatf gafi.org/media/fatf/documents/reports/Defining-and-
Measuring-Inclusive-Financial-Inclusion.pdf
Grupos de Poupança e Crédito (GPC`s), difundidos por várias regiões do país estão a gerar
poupança de recursos financeiros que posteriormente são utilizados essencialmente para o
desenvolvimento de negócios, melhoria das condições de habitação, aquisição de bens
domésticos e de produção, cobertura de despesas correntes e outros investimentos como
educação dos filhos (Manjate, 2013).
21
Segundo o Banco de Moçambique (2017), a nível da inclusão financeira dos grupos de poupança
e empréstimo informais, em 2017 o FARE desenhou estratégias e políticas para a promoção do
grupos de poupança e expansão da banca móvel no ano de 2017 que consistiram na bancarização
e inclusão financeira dos grupos das ASCAS (Accumulating Savings and Credit Associations),
designadamente:
• Capacitação e sensibilização na matéria de como usar os serviços financeiros formais e
serviços da banca móvel;
• Assistência ao processo de abertura de contas móveis, com o destaque para o
preenchimento das fichas de abertura de contas, activação de PIN´s e no treinamento dos
titulares das contas ASCAS (no âmbito do WESDPII-Women Empowernment and Skills
Development Project-Phase II);
• Assistência aos grupos na conversão do dinheiro em moeda electrónica através do agente
ou instituição bancária, onde houver disponibilidade;
• Assistência na recolha de dados sobre o desempenho dos grupos e actualização do
sistema de informação para gestão;
• Assistência aos grupos na distribuição de fundos;
• Consolidação dos grupos formados;
• Manutenção da parceria com as operadoras da banca Móvel;
• Mobilização das instituições bancárias para trabalharem com os grupos de ASCAs;
• Mobilização dos Agentes de Moeda Electrónica para trabalharem com os grupos de
ASCAs;
• Estabelecidos novos Agente de Moeda electrónica para trabalhar com a banca móvel.
Nos últimos anos, a importância dos mercados financeiros para o desenvolvimento social e
económico vem ganhando espaço no sentido de que a ampliação do acesso aos mesmos gera
impactos positivos na vida das populações de baixa renda. Isto porque os principais objectivos
do sistema financeiro são a transferência de recursos disponibilizados pelos agentes poupadores
aos agentes investidores e a geração de meios de pagamento ou a criação de moeda. Essa criação
de meios de pagamento possibilita a geração de crédito, permitindo aos agentes económicos
acesso aos recursos necessários para a realização de investimentos (Shete e Garcia, 2011).
22
2.6. Características e Funcionamento dos GPC
Segundo Helmore (2009), as actividades financeiras dos GPC são realizadas num período que
varia de 6 a 12 meses, denominado por ciclo. O ciclo de poupança e crédito inicia-se no primeiro
encontro do grupo e termina no dia da distribuição aos membros dos valores que foram
acumulados ao longo do ciclo. Durante o ciclo, os membros dos grupos encontram-se para
realizar as suas actividades financeiras de poupança e empréstimo. Dependendo da metodologia,
podem existir nos grupos valores mínimos e máximos de poupança ou somente valores mínimos
que são estipulados de acordo com a dinâmica económica das zonas onde estes grupos se
localizam e com base na capacidade financeira dos membros.
Em relação aos empréstimos, estes são de curto prazo (geralmente de um a três meses) e são
concedidos apenas aos membros do grupo (não há empréstimos para pessoas que não fazem
parte do grupo) mediante o pagamento de uma taxa de juro mensal, que varia entre 5% a 25%
dependendo da decisão do grupo. De acordo com as normas de funcionamento dos grupos, o
reembolso dos empréstimos fora dos prazos definidos são sancionados com o pagamento de uma
multa previamente estipulada pelo grupo.
A redistribuição das poupanças, juros e lucros resultantes da actividade geralmente é feita de
acordo com a metodologia seguida pelo promotor, que pode ser na proporção da poupança de
cada membro ou equitativamente.
2.7. Papel dos GPC no desenvolvimento
Em Moçambique, há uma abordagem dominante sobre o papel dos GPC no desenvolvimento,
suportada pelas organizações que promovem ou financiam os GPC, pelo Banco Central e pelo
governo, de que a criação de GPC capacita a população excluída dosistema financeiro formal em
literacia financeira e acesso a serviços financeiros básicos.
Segundo Allen e Staehle (2011) espera-se que a literacia financeira conduza à inclusão
financeira, ao aumento dos activos para financiar pequenos negócios e à redução da pobreza e
inclusão social resultante da inter-ajuda dos fundos sociais dos GPC. Sob esta abordagem, estes
factores são vistos como sendo o mecanismo para alcançar o desenvolvimento local.
23
Em geral, com base em alguns documentos do governo, relatórios de estudos sobre os GPC de
algumas organizações que os promovem e em evidências do trabalho de campo, o papel dos GPC
pode ser subdividido em quatro pontos que se seguem:
1. Primeiro, educação financeira e acesso a serviços financeiros básicos para segmentos
excluídos. A ideia geral é de que a criação de GPC através da literacia financeira permite
perceber o funcionamento do sistema financeiro por parte da população excluída,
eliminando assim possíveis barreiras à inclusão financeira. Como resultado, é esperado
que este processo facilite a ligação entre este segmento da população e as instituições
financeiras formais;
2. Segundo, estabilização dos níveis de consumo das famílias e acesso a recursos para
financiamento de actividades geradoras de rendimento. Na óptica do governo, os GPC
têm sido equacionados como um alicerce para o desenvolvimento económico local
através da melhoria dos níveis de consumo das famílias, do seu bem-estar e do acesso a
financiamento para as suas actividades;
3. Terceiro, desenvolvimento do espírito de inter-ajuda e de um fundo de acção social. Os
GPC, para além de fornecerem serviços financeiros, contemplam uma dimensão social,
não menos importante, que é analisada em duas perspectivas, nomeadamente: as relações
sociais de ajuda mútua entre os membros e a existência de um fundo social;
4. Quarto, o reforço do papel socioeconómico da mulher. A mulher tem sido vista como
sendo mais vulnerável em termos do seu enquadramento socioeconómico. Grande parte
dos operadores, como a CARE e outros, no início da promoção dos GPC tinham e
continuam a ter um enfoque nas mulheres que se encontram em situação economicamente
vulnerável, com o intuito de possibilitar uma maior participação das mulheres nos GPC e
na comunidade e fortalecer o seu papel, de modo a que estas possam ter maiores
capacidades de gestão dos seus recursos e de liderança.
Segundo Ducas e Ferreira (1998), as dificuldades sentidas por diversos agentes económicos no
acesso ao crédito do sistema financeiro formal devido ao pequeno desenvolvimento deste, ao seu
carácter fragmentado, à falta de garantias dadas às instituições que concedem empréstimos, a
falta de informação ou ainda como consequência de medidas no âmbito da política económica
seguida é por demais evidente nos países em vias de desenvolvimento.
24
Uma das principais características dos países em vias de desenvolvimento é a existência de um
dualismo financeiro constituído por um sistema financeiro formal e um sistema financeiro
informal com o papel de mobilizar poupanças e financiamento de investimento.
O sistema financeiro informal constitui uma alternativa para acumulação de capital, acesso ao
crédito sem recorrer as instituições financeiras nas comunidades onde não existem bancos de
micro finanças que poderiam assegurar essas operações.
A busca de crédito junto das instituições financeiras está relacionada com o desejo de melhoria
do nível de bem-estar social e económico. Surge a necessidade de recorrer ao sistema financeiro
informal para satisfação das necessidades e a melhoria de níveis de bem-estar social e
económico, como forma de contornar as barreiras dos sistemas financeiros formais que é
condicionado por entrega de garantias ou possuir um emprego formal.
Souza (1993), sustenta que o desenvolvimento económico não deve ser confundido com o
crescimento. Este autor, distingue que o desenvolvimento económico envolve mudanças
qualitativas no modo de vida das pessoas, das instituições e das estruturas produtivas. Acrescenta
ainda que o desenvolvimento se caracteriza pela transformação de uma economia arcaica,
ineficiente, em uma economia moderna, eficiente, juntamente com a melhoria de vida da
população.
No que tange a melhoria de vida da população, isto é, o o incremento sustentável dos padrões de
vida, com incidência no consumo material, acesso a educação, saúde, protecção e conservação
do ambiente esta pode ser alcançada recorrendo-se ao crédito informal, através de criação de
organizações ou associações das mesmas e a introdução de programas de poupança e créditos
com vista a gerir os seus recursos financeiros de uma forma transparente e participativa
independentemente do género, raça, etnia, região ou país.
25
Pequenos grupos constituidos por quatro a dez pessoas, no qual os membros reúnem-se com
regularidade para darem as suas contribuições e receberem fundos provenientes de poupança
rotativa. Cada membro dá uma contribuição igual. Os fundos captados são emprestados a um
membro e cada um tem a sua vez para receber. Cabe também aos membros do grupo decidirem,
se no final de cada período o empréstimo poderá apenas ser concedido a um ou mais elememtos
do grupo, consoante o montante acumulado e a composição do grupo, de forma a reduzir o
tempo de espera.
A frequência dos reembolsos e o valor da contribuição depende dos recursos dos participantes e
das suas necessidades. Os grupos de xitique são compostos de acordo com o género (homens ou
mulheres ou ambos sexos), indivíduos com trabalho assalariado no mesmo local de trabalho ou
não, ou ainda por grupos que exercem actividades de geração de rendimento similar ou diferente;
2.8.2. Acordos de Confiança
É um sistema no qual uma pessoa merece a confiança de um grupo de depositantes. O indivíduo
que empresta o dinheiro recolhe o valor do dia dos clientes e paga-o na toatalidade depois de
trinta dias. O cobrador deposita os fundos no banco sem juros e ganha um dia de poupança
(31˚dia) por ter recolhido e mantido o dinheiro dos dos clientes em segurança. O cobrador só está
autorizado a aceitar fundos dos que constam numa lista previamente aprovada. Os que estão nas
listas devem aprovar acréscimos ao grupo. As vendedeiras do mercado, que possuem poupança
diária e que não podem depositar num lugar seguro, muitas vezes usam este método;
26
Estes fundos são organizados por grupos que vivem no mesmo bairro ou local de trabalho. As
contribuições são muito pequenas e são disponibilizadas aos membros para eventos sociais (na
sua maioria funerais ou casamentos);
27
Cada membro paga uma quantidade fixa ou variavél em intervalos regulares. As contribuições
são salvaguardadas ou depositadas e são devolvidas a cada membro individualmente no final do
período estipulado.
2.9.4. Associações de Poupança e Crédito Não Rotativo
Os ingressos de fontes tais como contribuições, honorários, multas, trabalho conjunto ou
empresas conjuntas, colocam-se num fundo, qual poderá utilizar-se para empréstimos, seguros e
serviços sociais. Este fundo pode estabelecer-se por um período específico ou
não. Os fundos da associação podem ou não ser redistribuidos entre os membros no final
do período estipulado.
2.9.5. Associações de Inversão
Se os fundos do 4º tipo de associações não se redistribuirem, podem ser usados para inversão por
seus memnbros em ordem rotativa, por exemplo destinando-se no final de cada ano a um
membro da associação.
28
De ressaltar que, em alguns grupos, por exemplo, os mais fracos em termos de funcionamento e
gestão da actividade financeira, constatou-se que estes aplicavam outras metodologias para
calcular os valores resultantes dos ganhos das suas actividades. Este facto é influenciado pelo
fraco domínio da metodologia e falta de acompanhamento por parte dos
promotores/facilitadores. Adicionalmente, alguns grupos independentes têm modificado e
adaptam outras fórmulas para tratar desta questão.
2.12. Grupo de Poupança e Crédito Rurais como Opção para a Inclusão Financeira
Em Moçambique, há uma abordagem dominante sobre o papel dos GPC no desenvolvimento,
suportada pelas organizações que promovem ou financiam os GPC, pelo Banco Central e pelo
governo, de que a criação de GPC capacita a população excluída do SFF em literacia financeira e
acesso a serviços financeiros básicos. Nesta perspectiva, espera -se que a literacia financeira
conduza à inclusão financeira, ao aumento dos activos para financiar pequenos negócios e à
redução da pobreza e inclusão social resultante da inter ajuda dos fundos sociais dos GPC. Sob
esta abordagem, estes factores são vistos como sendo o mecanismo para alcançar o
desenvolvimento local.
29
Em geral, com base em alguns documentos do governo, relatórios de estudos sobre os GPC de
algumas organizações que os promovem e em evidências do trabalho de campo, o papel dos GPC
pode ser subdividido em quatro pontos que se seguem:
Primeiro, educação financeira e acesso a serviços financeiros básicos para segmentos
excluídos. A ideia geral é de que a criação de GPC através da literacia financeira permite
perceber o funcionamento do sistema financeiro por parte da população excluída,
eliminando assim possíveis barreiras à inclusão financeira. Como resultado, é esperado
que este processo facilite a ligação entre este segmento da população e as instituições
financeiras formais. Este argumento é sustentado pelo relatório do Banking on Change
elaborado por Plan, Barclays (Absa) & Care (2013) ao afirmar que a exclusão financeira
da população pobre é resultado da falta de conhecimento de como funciona o sistema
financeiro, o que pode limitar a capacidade das pessoas de beneficiarem de
oportunidades financeiras, de tomar decisões com conhecimento e eficiência que
permitam melhorar o seu bem-estar financeiro. Consequentemente, isto leva a um
distanciamento deste grupo em relação às instituições financeiras formais. No entanto,
evidências do trabalho de campo mostram que o facto de os membros estarem num GPC
e terem tido acesso a literacia financeira não os capacita necessariamente para ter
domínio dos processos inerentes a serviços financeiros e, consequentemente, se ligarem
às instituições financeiras formais. Isto pode ser influenciado pelos heterogéneos
interesses dos membros do grupo, sendo que alguns podem estar interessados nos ganhos
imediatos advindos da actividade financeira do grupo, ainda que outros estejam a
beneficiar da actividade financeira do grupo ao mesmo tempo que adquirem capacidades
e domínio do funcionamento do sistema financeiro.
Segundo, estabilização dos níveis de consumo das famílias e acesso a recursos para
financiamento de actividades geradoras de rendimento. Na óptica do governo, os GPC
têm sido equacionados como um alicerce para o desenvolvi-mento económico local
através da melhoria dos níveis de consumo das famílias, do seu bem-estar e do acesso a
financiamento para as suas actividades (MAE, 2011). Da experiência de trabalho de
campo constatou-se que grande parte dos membros entrevistados usa uma parte dos
rendimentos advindos da actividade financeira dos grupos (empréstimos e/ou
rendimentos recebidos no final do ciclo) para financiar as despesas de consumo,
30
nomeadamente: alimentação, saúde e educação (matrículas, uniforme, material escolar,
etc.) do agregado familiar, actividade agrícola (em que parte se destina ao consumo),
aquisição de bens duráveis e semi-duráveis (terreno, instalação de energia eléctrica,
água, construção e melhoria da habitação, mobiliário, eletrodomésticos, utensílios
domésticos e meios de transporte, essencialmente bicicleta e motorizadas) e outras
despesas de consumo inesperadas. Adicionalmente, a cobertura da rede bancária ao nível
dos distritos é ainda muito limitada, havendo somente 63 dos 128 distritos de
Moçambique que possuem agências bancárias, micro -bancos, instituições de
microcrédito, cooperativas de crédito, ATM e/ou POS (Jornal Notícias, 2013) e há uma
exclusão de grande parte da população ao SFF. Face a este cenário, a criação de GPC é
vista pelo governo como uma alternativa para fazer face à ausência de serviços
financeiros, particularmente do crédito, pois estes grupos, para além de outras
facilidades, concedem empréstimos. Igualmente, dadas as dificuldades do governo em
atender alguns agentes económicos, como pequenos produtores, de forma isolada e/ou
dispersa, a promoção de GPC é vista como uma forma de mobilizá-los e organizá-los e,
posteriormente, facilitar a sua assistência técnica e financeira (MAE, 2011).
Terceiro, desenvolvimento do espírito de inter-ajuda e de um fundo de acção social. Os
GPC, para além de fornecerem serviços financeiros, contemplam uma dimensão social,
não menos importante, que é analisada em duas perspectivas, nomeadamente: as relações
sociais de ajuda mútua entre os membros e a existência de um fundo social (MAE,
2011). Os encontros dos GPC permitem desenvolver relações sociais de inter-ajuda que
possibilitam a emergência e fortificação de laços de afinidade e solidariedade entre os
membros (Carrilho & Teyssier, 2011). Por exemplo, a investigação de campo constatou
que o espírito de inter-ajuda, que se desenvolve entre os membros, permite a existência
de um apoio a estes fora da dimensão social existente na actividade do grupo. Ou seja,
verificou-se que ocorrem contribuições eventuais fora do GPC (entre os membros que
têm uma certa afinidade no GPC) para casos de falecimento ou imprevistos como
assaltos e/ou destruição de residência. Assim, há que reconhecer o papel que o espírito
de inter-ajuda representa no desenvolvimento das relações sociais e na vida dos
membros do grupo, uma vez que estas relações se consolidam na oportunidade que os
membros têm de partilhar diferentes problemas sociais que os afectam. No concernente
31
ao desenvolvimento de um fundo de acção social, que se equaciona atingir através das
contribuições do fundo social, é questionável a sua efectividade. O fundo social é usado
nos casos em que o(s) membro(s) se encontra(m) em situação de aflição ou para fazer
face a imprevistos (assistência em casos de doenças graves, despesas com funerais,
incêndio). Este fundo é obrigatório no ciclo inicial, podendo ser opcional nos ciclos
seguintes (Allen & Staehle, 2011). Entretanto, as contribuições advindas do fundo social
e a gestão deste fundo são limitadas para a satisfação total das necessidades de todos os
membros. A investigação de campo constatou que há uma diferenciação na finalidade do
fundo social, onde alguns grupos alocam os valores deste fundo para situações de
emergência e imprevistos dos membros e outros aplicam em despesas de funcionamento
do grupo (compra de material, pagamento de facilitadores, entre outros). Constatou-se,
igualmente, que aqueles grupos que recorrem ao fundo para situações de emergência não
acumulam os valores remanescentes (usando -o para organização de festas de fim de
ciclo, para compra de capulanas/camisetes ou mesmo para a redistribuição equitativa
entre os membros) para ciclos subsequentes. Este facto afecta a sustentabilidade deste
fundo para fazer face às necessidades dos membros do grupo, levando muitas vezes os
GPC a condicionarem o montante e o número de vezes que um mesmo membro pode
recorrer a ele.
Quarto, o reforço do papel socioeconómico da mulher. A mulher tem sido vista como
sendo mais vulnerável em termos do seu enquadramento socioeconómico. Grande parte
dos operadores, como a CARE e outros, no início da promoção dos GPC tinham e
continuam a ter um enfoque nas mulheres que se encontram em situação
economicamente vulnerável, com o intuito de possibilitar uma maior participação das
mulheres nos GPC e na comunidade e fortalecer o seu papel, de modo a que estas
possam ter maiores capacidades de gestão dos seus recursos e de liderança. O foco na
inserção de mulheres nos GPC tem subjacente a ideia de que, por um lado, a participação
destas aumenta o seu respeito e autoestima na comunidade (Estarque, 2013), e, por outro
lado, deriva da ideia de que estas tendem a aplicar a maior parte dos seus rendimentos
nas suas famílias, comparativamente aos homens que tendem a investir menos do que a
metade do que auferem (Plan, Barclays & Care, 2013).
32
2.13. Literatura Focalizada
2.13.1. Acesso aos Serviços Financeiros para as Famílias Rurais em Moçambique: Estudo
de Caso de Poupança e Crédito Rotativo nas Províncias de Nampula e Sofala
O acesso aos serviços financeiros é limitado principalmente para a população de baixa renda que
reside nas zonas rurais. Este facto tem levado o governo e instituições de desenvolvimento a
implementar programas visando o alargamento do acesso aos serviços financeiros à este grupo.
Entre os vários programas, em Moçambique destaca-se o da poupança e crédito rotativo (GPC)
que iniciou em 2000 na província de Nampula, (Fumo, 2015)
Apesar do programa estar a ser desenvolvido há 15 anos, não existe evidência empírica sobre a
melhoria do acesso aos serviços financeiros, o seu funcionamento e efeitos no bem-estar dos
beneficiários.
Assim, o presente estudo teve como objectivos específicos: (i) descrever o funcionamento dos
grupos de poupança e crédito rotativo, (ii) determinar o efeito da GPC no bem-estar das famílias
rurais (iii) e analisar os determinantes de acesso aos serviços financeiros. Para alcançar os
objectivos do estudo, fez-se um estudo de caso comparativo entre os grupos de poupança e
crédito rotativo dos distritos de Mogovolas e Murrupula, na província de Nampula e o distrito de
Gorongosa, na província de Sofala.
A metodologia usada foi a estatística descritiva, especificamente os testes de t para média e
proporções, a estatística eta-square, teste de x2, assim como o modelo probit. Os resultados da
pesquisa evidenciaram que os grupos de GPC são maioritariamente constituídos por mulheres
com baixa renda. Estes grupos constituem uma alternativa ao recurso de poupança, acumulação
de capital e concessão de créditos de curta duração com uma taxa de juros que varia entre 5% e
10%.
Este programa foi desenhado para ter quatro fases distintas: (i) mobilização, (ii) organização, (iii)
desenvolvimento e (iv) independência. Contudo, nenhum grupo atingiu a fase da independência.
No entanto, a participação no grupo de GPC, resulta numa melhoria do padrão de vida das
famílias beneficiárias, pois melhora os níveis de renda, condições de habitação, educação e
saúde, menor exposição as calamidades naturais, sendo que o maior efeito, é sobre a posse dos
bens duráveis e tempo de recuperação em caso de cheias, embora o efeito seja moderado.
Os AFs com maior probabilidade de acesso aos serviços financeiros, são caracterizados por
serem liderados: (i) por um indivíduo com emprego formal, (ii) por indivíduos mais jovens, (iii)
33
por uma mulher, e de (a) deterem maior índice de riqueza e (b) residirem próximo de instituições
financeiras formais (Fumo, 2015).
34
CAPITULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA
Lakatos (2003), afirma que método de pesquisa é “o conjunto das actividades sistemáticas e
racionais que, com maior segurança e económica, permite alcançar o objectivo e conhecimentos
válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as
decisões do cientista” (p.83).
35
Após ter-se definido o que seria metodologia de pesquisa carece-se de uma explicação do
comportamento das pesquisas, as pesquisas podem ser qualitativas ou quantitativas, no qual a
qualitativa procura descrever, compreender uma determinada variável ao passo que a quantitativa
é uma pesquisa mais estatística e indutiva inferencial o qual coletadas dados precisos para se
fazer o estudo de variáveis fortemente correlacionadas. Nesta teremos de seguida algumas
interpretações e definições de alguns autores’’.
De acordo com Vilelas (2009), a pesquisa qualitativa tem como objectivos a observação, a
descrição, a compreensão e o significado, não existem hipóteses pré-concebidas, quem observa
ou interpreta é influenciado pelo fenómeno pesquisado não obstante, a existência de alguns
dados relativos a pesquisa quantitativa.
A pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto
é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser
traduzido em números. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. (Gil,
1991).
Esta abordagem, permitiu-nos uma melhor compreensão dos significados, numa argumentação
lógica de ideias a características situacionais através da entrevista dirigida aos membros dos
grupos de poupança de crédito.
36
padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. Ex.:
pesquisa referente à idade, sexo, procedência, eleição etc.
Segundo Gil (2008) Pesquisa Explicativa: identificar os factores que determinam ou que
contribuem para a ocorrência dos fenômenos. É o tipo que mais aprofunda o conhecimento da
realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso, é o tipo mais complexo e
delicado.
De acordo com Gil (2002), o objectivo desta pesquisa é de proporcionar maior familiaridade com
o problema de modo a torná-lo mais explícito. Pode envolver levantamento bibliográfico,
entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado, etc.Geralmente, assume a forma de
pesquisa bibliográfica e estudo de caso.
O processo de amostragem que foi usado nesta pesquisa é a amostragem não probabilística, mas
sim por conveniência porque vai se entrevistar 9 membros dos grupos de poupança e Credito, na
qual a partir destes foram obtidas as respostas aos objectivos da pesquisa.
37
gírias, a não ser que se faça necessário por necessidade de características de linguagem do grupo
(grupo de surfistas, por exemplo).
Todo questionário a ser enviado deve passar por uma etapa de pré-teste, num universo reduzido,
para que se possam corrigir eventuais erros de formulação.
3.5.2. Entrevista
As entrevistas qualitativas envolvem a coleta de dados por meio de conversas abertas e
semiestruturadas com os participantes da pesquisa. Essas entrevistas buscam obter informações
detalhadas sobre as experiências, opiniões e percepções dos participantes em relação ao tema de
estudo. É necessário ter um plano para a entrevista para que no momento em que ela esteja sendo
realizada as informações necessárias não deixem de ser colhidas.
As entrevistas podem ter o caráter exploratório ou ser de coleta de informações. Se a de caráter
exploratório é relativamente estruturada, a de coleta de informações é altamente estruturada.
Observação participante: Nessa abordagem, os pesquisadores participam ativamente do ambiente
em que ocorrem os eventos ou interações sociais que estão sendo estudados. Eles observam e
registram as interações, comportamentos e dinâmicas sociais, buscando obter uma compreensão
aprofundada do fenômeno em questão.
Grupos focais: Os grupos focais são sessões de discussão em grupo com participantes
selecionados que compartilham características semelhantes ou experiências relevantes para a
pesquisa. Essas discussões em grupo permitem que os pesquisadores obtenham diferentes
perspectivas e interações sociais que podem enriquecer a compreensão do fenômeno em estudo.
38
Pesquisas e entrevistas com usuários;
Observações a respeito dos comportamentos dos usuários ou do mercado;
Dados de pesquisas e estudos do sector;
Para a análise da influência poupança e crédito do Bairro M’Padue- Cidade de Tete, na Província
de Tete, concretamente na Cidade Tete. Com o estudo de caso foi possível compreender o
processo de poupança e crédito do Bairro M’Padue- Cidade de Tete.
39
CAPITULO IV: ANALISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
4.1. Dados
Os dados usados para alcancar os objectivos específicos deste estudo, foram colhidos através de
um questionário estruturado e entrevistas semi- estruturadas ao comités de gestão dos grupos no
Bairro Mpadue. Os inquéritos estruturado e semi-estruturado usados para colher os dados
encontram-se nos anexos.
O inquérito estruturado é constituido por 4 módulos enumerados: (A) identificação dos
membros; (B) colhimento de opiniões e pontos de vista sobre a contribuição dos grupos de
poupança e crédito no financiamento de familias menos favorecidas; (C) colhimento de opiniões
e pontos de vista sobre os critérios de acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas; e
(D) colhimento de opiniões e pontos de vista relação entre os grupos de poupança e credito com
os níveis de acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas do bairro M’Padue
40
Como forma das mulheres deixarem de pertencer ao grupo das pessoas mais pobres, dependentes
e submissas aos seus maridos adoptam o sistema de GPC, para conquistar a sua liberdade
financeira e auto-estima através da prática de actividades de geração de rendimentos.
As vezes as mulheres que conseguem acumular certo capital não tem poder suficiente para se
fazerem valer perante aos seus maridos, ou têm uma maneira de pensar e de agir que é muito
influenciada por eles. No final de ciclo algumas mulheres que recebem o capital acumulado não
conseguem multiplicar ou diversificar o nível do seu negócio ou ainda adquirir algum bem
valioso para sí e sua família, porque o marido apodera-se do capital para sustentar seus vícios e
caprichos em deterimento do bem-estar familiar, perpatuando a mulher na situação de
dependência e pobreza.
A participação das mulheres no sistema de GPC é muito importante, mas isso só não basta. É
importante que elas tenham a sensibilidade e a consciência das desigualidades de poder entre
homens e mulheres e estejam comprometidas a lutar contra, em vez de assumirem atitudes e
comportamentos machistas.
Para além de representarem os seus interesses, acima de tudo, lembrar-se de que são mulheres e,
como tal, devem ser representantes das necessidades e das expectativas das outras que não têm a
mesma oportunidade de melhorar a sua situação financeira, social e até sobre aspectos da sua
própria vida.
Gráfico 1: Género
41
Genero
11%
Masculino
Femenino
89%
espelhando que a população é maioritariamente adualta e estão numa faixa etária em que há
necessidade de praticar alguma actividade de geração de rendimento e acumular capital para
poder proporcionar alimentação e habitação condigna, saúde e educação à família assugurando-
lhes o bem- estar social e económico.
Nota-se uma participação massiva de membros com mais de 50 anos, que fazem parte do grupo
de fundadores do programa de poupança e crédito.
No geral os grupos de poupança a idade minima para fazer parte é de 18 anos, abaixo temos o
grafico representativo das faixas etárias dos nosso entrevistados:
42
Faixa etária
4
2 2
Enquanto isso, insentivam aos membros da sua família na idade escolar a frequentarem às aulas
para que no futuro consigam uma formação, alguns tem filhos licenciados e em formação em
universidades , (auto) emprego e melhores níveis de rendimento.
Gráfico 3: Escolaridade
43
Escolaridade
[] sem Escolaridade
Primário
Secundario
Lincenciatura
[]
Dos grupo entrevistado, uma parte faz parte dos membros fundadores em 2007, quando a
iniciativa chegou na associação que contava com uma direcção dominada por homens, aos
poucos as mulheres assumiram cargos de direção nos grupos, o primeiro grupo fundado não tem
todos os membros fundadores associados, apos a compreensão da dinâmica dos grupos de
poupança e credito foram criados novos grupos ate atingir o nr de 22 grupos activos, ja tiveram
mais grupos, mas não deram continuidade devido algumas dificuldade na devolução de
emprestimos obtidos.
44
Gráfico 4: Tempo de participação em GPC
3
2
0
1 a 5 an o s 6 a 1 0 an o s 1 1 a 1 5 an o s 1 5 a 2 0 an o s m ai s de 2 0
an o s
45
Gráfico 5: Emprego formal
emprego
100%
46
A medida que os grupos eram criados e para garantir a sustentabilidade do programa, a
Asssociação procurou ajuda do GAPI para ajudar no Calculo dos juros gerados pelos
emprestimos e e na distribuição de juros finais mediante as poupanças feitas por cada membro do
grupo. Foram identificados Animadores, para ajudar nos calculos e monitoria dos grupos. Os
Animadores são agentes prestadores de serviços aos grupos de GPC, com conhecimento sobre
funcionamento da metodologia de GPC incluindo a distribuição de recursos financeiros.
47
Existe uma iniciativa interna de legalizar os grupos de poupaça e credito rotativo devido aos a
algumas dificuldades que tem enfrentado nos ultinmos anos, alguns membros não tem honrado
com os compromissos financeiros e ha uma dificuldade de penaliza-los perante a essa situação,
isso faz com que haja fragilidade no processo deixando brechas.
Segundo a comissão dos grupos de poupança, eles solicitaram apoio a Liga de direitos humano
para que tivessem acessoria juridica para a legalização do grupo e aguardam a resposta desde
2020.
Os grupos de poupança e crédito rotativo (GPC) entrevistados são constituídos em média por
35 membros, sendo que este número variou entre 30 a 40 membros. A composição dos grupos
em termos de género é maioritariamente constituido por mulheres. Um dos grupos entrevistados
constituídos somente por mulheres afirmaram que não confiam nos homens pois estes podem
desviar o valor poupado no grupo, tal como o facto de que a participação dos homens nas
actividades do grupo é fraca. De notar que não foi observado nenhum grupo composto somente
por homens. Contudo, nos grupos mistos, 90% dos membros são mulheres.
As mulheres fazem poupança com finalidade de fazer face a pequenas despesas como por
exemplo compra de bens domésticos, vestuário, ou mesmo pagamento de pequenas despesas
diárias, enquanto que os homens optam por poupar valores que lhes permitam pagar
mensalidades escolares, compra de insumos agrícolas e ativos financeiros mais caros. Em
segundo lugar, os homens sentem vergonha dos métodos usados para obrigar ou persuadir os
membros da GPC a devolver o dinheiro emprestado nos casos em que estes não devolvem dentro
do prazo fixado pelo grupo. Outro factor referido é o facto de que os homens preferem o
consumo imediato do que a poupança.
Os grupos de GPC têm um comité de gestão que é composto pelos seguintes elementos:
48
Secretário do grupo também designado por Conservador de registo é responsável pelo
registo de todas as entradas e saida de dinheiro no grupo no caderno de controle,
preencher as fichas individuais de cada membro e participar no cálculo das contas finais;
Tesoreiro é responsavel por gardar o valor que sobrar em caixa caso todo dinheiro não
tenha sido absorvido pelo grupo, recolher e gardar todo valor dos emprestimos no final
do ciclo para posteriormente distribuir;
Dois Contadores de dinheiro que são responsaveis por contar dinheiro nos encontros
conferindo o valor a ser lançado nos livros de registo.
Os valores poupados mensalmente por cada membro do grupo variam geralmente de 10 a 50 000
Meticais, em função das disponibilidades financeiras do membro. Para além deste valor, os
membros são obrigados a contribuir o valor do fundo social que varia de 10 a 50 Meticais
mensalmente, que é usado para questões de emergência como doenças ou infelicidades.
Os fundos de poupança, juros, devolução de emprestimos e fundo social é concedido crédito aos
seus membros. De notar que o crédito é somente concedido aos membros do grupo a uma taxa de
juro previamente acordada no grupo.
As actividades de poupança e crédito decorem durante um ciclo que normalmente varia entre
6 a 12 meses. No fim do ciclo, os membros dividem o valor total da poupança e juros gerado
49
pelo grupo.
A GAPI founeceu um modelo de estatuto que foi replicado para todos os grupos criados, onde
cada um coloca as suas particularidade mediante o acordado em cada grugo, como por exemplo o
limite maximo de membros, valor minimo de deposito mensal, valor maximo de deposito
mensal, juros aplicados para depositos e emprestimos, duração do ciclo de poupança e credito,
valor de multas por infracção, disponibilizado em caso de ocorencias como infelicidades, doença
ou acidentes a retirar do fundo social do grupo, consequências/implicações em caso de não
pagamento de dividas do grupo, duração do mandato dos membros da direcção, membros da
direcção e seus devidos cargos.
Este documento é lido no primeiro encontro do grupo com todos os membros presente e assinado
na sequência, para os membros que não sabem assinar (tem um numero consideravel dos
mesmo) é disponibilizada a tinta para que timbre com a impressão digital, é obrigatorio que cada
membro do grupo conheça as regras e esteja de acordo para poder fazer parte, após a assinatura
deve ser fornecido o regulamento para que cada membro faça uma copia da mesma ou por
questão de organização é feita uma contribuição para que uma pessoa possa fazer as copias do
estatuto e distribuir para os membros.
50
Pelo historico da associação, os calculos eram feitos todos pelos trecnicos da GAPI ja que os
membros dos grupos tinham limitações no calculo do valor final a ser distribuido entre os
membro.
As informaçoes cedidas pelo GAPI, tinham duas formas de calculo utilizado dependendo do que
o grupo acordar:
de juros compostos, essa é a metodologia mais utilizada actualmente nos grupos, ja que segue a
mesma lógica dos empréstimos.
Nessa metodologia cada juro produzido em cada periodo de captalização é produzir juro(s) no(s)
periodo(s) seguinte(s), originando juros sobre juros.
n n n
Valor Total a receber=P1 x 1. J + P2 x 1. J + P3 x 1. J
51
Nesta metodologia de calculo os membros conseguem ter rentabilidade nos seus depositos,
fazendo com que os valores depositados nos primeiros meses sejam relativamente altos em
relação aos ultimos meses do ciclo para garantir uma maior colheita no final do ciclo.
Quadro 1: Valor médio Ganho nos últimos 3 anos por cada ciclo
Grupos Valor medio Ganho nos últimos 3 anos por cada ciclo
Boa nova 400 000.00
04 de outubro 600 000.00
25 de Junho 1 500 000.00
3 de Fevereiro 1 200 000.00
Kuthandiza azinji 500 000.00
Josina Machel 650 000.00
1 de Maio 1 000 000.00
7 de Abril 3 500 000.00
Fonte: extraidos na entrevista, 2023
4.5.1. Níveis de acessibilidade de crédito nos grupos de poupança e crédito nas famílias
menos favorecidas do bairro M’Padue
No entanto, apesar da contribuição dos grupos de poupança e crédito para melhorar a
acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas, ainda existem desafios relacionados às
políticas de crédito que precisam ser abordados.
52
Muitas famílias menos favorecidas podem não estar cientes das opções de crédito disponíveis ou
não possuem conhecimento suficiente sobre como solicitar e utilizar crédito de forma
responsável. A falta de informação adequada pode ser uma barreira significativa para acessar
crédito e limitar as oportunidades de crescimento financeiro.
Tem uma variavel muito importante que é a taxa de juros, Em alguns casos, as famílias menos
favorecidas podem enfrentar taxas de juros mais altas ao obter crédito, o que pode dificultar o
pagamento das dívidas. Isso pode levar a um ciclo de endividamento e dificultar a melhoria da
situação financeira.
4.5.2. factores que motivam a continuar com o grupo de poupança e credito e replicar os
mesmos.
Existem vários fatores que podem motivar os membros a continuar participando de um grupo de
poupança e crédito, aqui estão alguns que conseguimos constatar que podem contribuir para a
motivação dos membros:
53
Os grupos de poupança e crédito oferecem um senso de apoio e solidariedade entre os
membros. Em momentos de dificuldades financeiras ou crises pessoais, os membros
podem contar com o apoio emocional e prático dos outros participantes do grupo. Esse
suporte social é um fator motivador para continuar a participar ativamente do grupo.
Os grupos de poupança e crédito podem ter um impacto positivo não apenas nos
membros individuais, mas também na comunidade em geral. Ao fortalecer a estabilidade
financeira dos membros, esses grupos contribuem para o desenvolvimento econômico
local, a redução da pobreza e o aumento da resiliência financeira das famílias. O
reconhecimento desse impacto e a sensação de contribuição para o bem-estar da
comunidade é um motivador poderoso para os membros continuarem engajados.
54
4.6. Discussão de resultados.
55
podem tomar decisões mais conscientes e informadas sobre suas poupanças, investimentos e
empréstimos.
Os GPC, por sua vez, fornecem um ambiente propício para a mobilização e concessão de
financiamento por meio de poupança e crédito. Ao contribuírem regularmente para um fundo
comum, os membros podem acumular recursos financeiros que podem ser utilizados para
empréstimos entre si. Isso permite que os membros acessem capital para financiar pequenos
negócios, investir em melhorias de suas condições de vida e enfrentar desafios financeiros.
56
poupança e expansão da banca móvel no ano de 2017 que consistiram na bancarização e inclusão
financeira dos grupos das ASCAS.
A implementação de estratégias e políticas de bancarização e inclusão financeira dos grupos de
poupança e crédito informais, como as ASCAS, tem como objetivo principal ampliar o acesso
aos serviços financeiros formais para as famílias menos favorecidas. Isso significa que esses
grupos são incentivados a se tornarem parte do sistema financeiro formal, como bancos e
instituições financeiras, permitindo que eles tenham acesso a uma variedade de produtos
financeiros, incluindo crédito, durante a entrevista a GAPI, eles explicaram-nos que essa
iniciativa quando bem explorados os grupos podem tornara-se uma instituição de microcrédito
formal, apoiando mais famílias menos favorecidas com serviços e taxas de juros acessíveis
param maior abrangência.
57
Através do capital acumulado, no final do ciclo eleva-se o nível de rendimento familiar,
promove-se o costume de poupança, empreendedorismo, expansão do negócio, aquisição
de insumos para agricultura, melhoria da habitação, de saúde e da dieta alimentar.
Há cada vez mais envolvimento crescente de mulheres trabalhando com capital próprio
proveniente de poupanças e multiplicação dos seus rendimentos através dos sistemas
GPC e prática de actividade de geração de rendimentos.
4.7.2. Desvantangens
As desvantagens deste sistema consistem no impedimento de aplicações de longo prazo,
visto que, o período de reembolso do capital é extremamente curto.
Quando distribuídas as poupanças no fim do ciclo de poupança, recomeça-se outro ciclo
com poupança nula. Para grupos com menor capacidade de poupança o montante de
crédito concedido tem sido reduzido (escassez de liquidez) em relação ao solicitado e
gera-se juros somente em caso de concessão de crédito.
Também tem casos de grupos de tem liquidez no meio do ciclo, fazendo com que a
projecção feita de juros a ganhar até no final do ciclo seja reduzida. Isso acontece muito
quando os ciclos de poupança são longos, nas véspera do término do ciclo acaba
sobrando muito dinheiro e ninguém se dispões a pegar, com isso o grupo encerra o ciclo
mais cedo.
58
CAPITULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusão
Com base nas informações disponíveis, podemos tirar algumas conclusões sobre os grupos de
poupança e crédito rotativos na inclusão financeira:
59
concessão mais acessíveis do que os exigidos pelos bancos tradicionais. Isso é
particularmente benéfico para os membros dos grupos que não têm acesso a outras
formas de crédito devido à falta de histórico de crédito ou garantias. Além dos benefícios
financeiros, os grupos de poupança e crédito também promovem o fortalecimento do
capital social. Os membros se reúnem regularmente, estabelecem relações de confiança e
compartilham conhecimentos e experiências. Essas interações sociais podem levar a um
maior empoderamento e coesão comunitária.
60
No geral podemos concluir que os grupos de poupança contribuem para a mobilização e
concessão de financiamento para as famílias menos favorecidas do bairro M’Padue na cidade de
Tete. Eles oferecem oportunidades de crédito mais acessíveis, empoderam economicamente as
famílias, promovem a educação financeira e fortalecem as redes sociais. Esses fatores
combinados ajudam a impulsionar o desenvolvimento econômico local.
5.2. Recomendações
Para melhorar a gestão de grupos de poupança e crédito, algumas recomendações podem
ser consideradas:
61
desempenho dos grupos de poupança e crédito rotativo, identificar áreas de melhoria e
fornecer feedback contínuo aos participantes. Isso ajudará a garantir a transparência, a
responsabilidade e a sustentabilidade desses modelos financeiros.
4. Integração de Tecnologia Financeira: Aproveitar as soluções de tecnologia financeira,
como aplicativos móveis e plataformas de pagamentos digitais, pode melhorar a
eficiência e a transparência dos grupos de poupança e crédito. Essas ferramentas podem
facilitar a coleta de contribuições, o acompanhamento de transações, a gestão de
empréstimos e o acesso a informações em tempo real. Além disso, a tecnologia pode
auxiliar na criação de registros digitais precisos e no aumento da segurança dos fundos do
grupo. Explorar o uso de tecnologias financeiras inovadoras, como pagamentos móveis e
plataformas digitais, para facilitar as operações dos grupos de poupança e crédito. Isso
pode melhorar a eficiência, a transparência e a acessibilidade dos serviços financeiros,
além de reduzir os custos operacionais.
5. Parcerias com Instituições Financeiras e Organizações de Desenvolvimento: Estabelecer
parcerias com instituições financeiras formais e organizações de desenvolvimento pode
trazer benefícios significativos para os grupos de poupança e crédito. As instituições
financeiras podem fornecer suporte técnico, assistência na criação de contas bancárias e
acesso a serviços financeiros adicionais, como empréstimos de maior valor. As
organizações de desenvolvimento podem oferecer orientação, recursos e conexões para
expandir as oportunidades de financiamento e desenvolvimento de projetos. Estabelecer
parcerias com instituições financeiras, organizações não governamentais (ONGs) e
agências governamentais para obter suporte técnico, acesso a linhas de crédito maiores e
recursos adicionais. Essas parcerias podem fortalecer os grupos de poupança e crédito,
aumentando seu alcance e impacto.
6. Intercâmbio de Experiências: Promover o intercâmbio de experiências e melhores
práticas entre os grupos de poupança e crédito permitirá que eles aprendam uns com os
outros e identifiquem abordagens mais eficazes para promover a inclusão financeira,
podemos ver que cada grupo tem uma metodologia de cálculo do valor final a receber,
isso permitirá que tenham visibilidade de qual metodo é mais eficaz e justo.
62
Ao implementar essas recomendações, é importante levar em consideração as particularidades do
contexto local e envolver ativamente os membros dos grupos de poupança e crédito nas decisões
e no planejamento. A melhoria da gestão desses grupos ajudará a fortalecer sua capacidade de
mobilizar recursos, fornecer acesso a crédito e promover a inclusão financeira de maneira
sustentável. Os grupos podem fortalecer seus modelos de gestão de microcrédito e promover a
inclusão financeira de forma mais abrangente, proporcionando oportunidades econômicas para as
populações de baixa renda e contribuindo para o desenvolvimento sustentável.
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65
APÊNDICES A
66
1. Assinale com x o que representa o seu sexo.
A. Masculino
B. Feminino
Sim ( ) Não ( )
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8. O/a Senhor/a julga importante a conceção de créditos?
9. O grupo possui políticas de poupanças e créditos?
10. Quais são os critérios de acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas.
11. Os Créditos são para todos ou há diferenças entre os da direção e dos membros? Se
sim Pode-me dar exemplos desses?
12. Já recebeu alguns créditos concedidas pelo GPC?
A. Sim B. Não C. Se Sim, Qual foi o
valor?----------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------
13. O GPC limita-se a oferecer os créditos?
A. Sim B. Não
1. Na sua opinião os GPC tem relação com os níveis de acessibilidade de crédito nas
famílias menos favorecidas do bairro M’Padue? De que forma é que acha que isso se
manifesta?
2. Encontra dificuldades com relação as políticas de crédito nas famílias menos favorecidas
do bairro M’Padue?
3. Acha que GPC, ou outros diferentes, poderiam contribuir para melhorar a qualidade de
vida famílias menos favorecidas do bairro M’Padue?
APÊNDICES B
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Parte A: Identificação do Entrevistado
D. Feminino
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10. Qual é a organização administrativa do grupo? (eg, presidente, secretário, tesoureiro)
Indique os nomes para cada função e distinga os líderes do grupo por género.
11.Quais são os objectivos do grupo?
14. Pode providenciar dados sobre as poupanças feitas e valores recebidos após a
poupança por cada membro?
15. Como os recursos do grupo são distribuídos pelos membros?
Parte C: Questionário de colhimento de opiniões e pontos de vista sobre os critérios de
acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas.
1. Na sua opinião os GPC tem relação com os níveis de acessibilidade de crédito nas
famílias menos favorecidas do bairro M’Padue? De que forma é que acha que isso se
manifesta?
2. Qual é o nível de satisfação dos membros dentro do grupo?
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3. Quais são os factores que fazem com que os membros estejam motivados em continuar
com o grupo de poupança e credito?
4. Será que grupo beneficia de formações? Se sim que tipo de formações e quem ofereceu?
5. Encontra dificuldades com relação as políticas de crédito nas famílias menos favorecidas
do bairro M’Padue?
6. Acha que GPC, ou outros diferentes, poderiam contribuir para melhorar a qualidade de
vida famílias menos favorecidas do bairro M’Padue?
ANEXOS
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