Você está na página 1de 73

UNIVERSIDADE CATÓLIA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Gestão de Recursos Naturais e Mineralogia


Curso de Administração e Gestão de Negócios

CONTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS DE POUPANÇA E CRÉDITO PARA A


MOBILIZAÇÃO E CONCESSÃO DE FINANCIAMENTO, ESTUDO DE CASO: AS
FAMÍLIAS MENOS FAVORECIDAS DO BAIRRO MPADUE NA CIDADE DE TETE
(2020-2022)

De

Silvia Ventura Limpo Joi

Tete, Julho de 2023


UNIVERSIDADE CATÓLIA DE MOÇAMBIQUE
Faculdade de Gestão de Recursos Naturais e Mineralogia
Curso de Administração e Gestão de Negócios

CONTRIBUIÇÃO DOS GRUPOS DE POUPANÇA E CRÉDITO PARA A


MOBILIZAÇÃO E CONCESSÃO DE FINANCIAMENTO, ESTUDO DE CASO: AS
FAMÍLIAS MENOS FAVORECIDAS DO BAIRRO MPADUE NA CIDADE DE TETE
(2020-2022)

De

Silvia Ventura Limpo Joi

Dissertação submetida à Faculdade de Gestão de Recursos


Naturais e de Mineralogia de Tete da Universidade Católica de
Moçambique (UCM) como um dos requisitos para obtenção do
grau académico de Mestre em Gestão e Administração de
Negócios (MBA) orientado pelo Mestre Nixon Manuel Vicente.

Tete, Julho de 20203


DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro, por minha honra, que este trabalho é resultado da minha investigação pessoal com ajuda
e orientação do meu supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto e nas referências bibliográficas.

Declaro ainda que nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de
qualquer grau académico.

Tete, aos _____ de Julho de 2023

__________________________

(Sílvia Ventura Limpo Joi)

O supervisor

_________________________

(Mestre Nixon Jacinto Manuel Vicente)

I
DEDICATÓRIA

Dedico à:

A Minha mãe Elisa Creva Njanje;

Ao meu pai Ventura Limpo Joi ( in memorial );

Aos meus Filhos Arsyl e Kayon de Oliveira;

Aos Meus irmão;

Meus amigos e colegas.

II
EPÍGRAFE

« O caminho para o progresso econômico e social está pavimentado com


a colaboração e o espírito de comunidade, encontrados nos grupos de
poupança e crédito»

[(Autor:Desconhecido)].

III
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradecer a Deus pela saúde, pela oportunidade de acordar, por abrir novos
caminhos e por olhar por mim todos os dias.

Em segundo, agradecer a minha família que de forma exaustiva me apoiam e incentivaram


sempre a estudar, porque o meu pai sempre nos dizia que “a escola abre portas e o peso da caneta
é mais leve que o da enxada”, levamos isso para vida, obrigada por serem o meu apoio e porto
seguro, obrigada pelos valores incutidos a mim que passarei para os meus filhos.

Aos meus filhos, por serem a minha maior fonte de motivação de querer crescer e evoluir
sempre, pelo bom trabalho de equipa que fazemos, a quem espero um dia inspirar.

Aos meus Amigos e colegas meu muito obrigada por me lembrar que eu sempre podia fazer
mais, que sempre com bom humor me encorajaram a seguir em frente e me desafiar cada vez
mais.

Ao meu supervisor Mestre Nixon Manuel Vicente, meu muito obrigada por ter-me motivado a
concluir o mestrado, muito obrigada pelo tempo, paciência em todo processo de tutoria. O
tamanho da minha gratidão é imensurável por tudo isso.

Estendo o meu agradecimento a associação dos camponeses do M’Pádue, que receberam-me e


mesmo com algumas limitações deram o que tinham de material para que fosse possível fazer o
trabalho. A GAPI por ter-se disponibilizado a receber-nos para conversar um pouco em torno do
tema.

Muito obrigada a todos pela ajuda e colaboração

IV
LISTA DE ACRÓNIMOS
ASCAS - Accumulating Savings and Credit Associations

GPC - Gupos de Poupança e Crédito

MAE- Ministério da Administração Estatal

ONG - Organizações Não Governamentais

SFF - Sistema Financeiro Formal

V
GLOSSÁRIO
Grupos de Poupança e Crédito: Organizações comunitárias ou cooperativas que têm como
objetivo principal promover a poupança e fornecer acesso a crédito a famílias e indivíduos de
baixa renda. Esses grupos visam fortalecer a economia local e oferecer oportunidades de
desenvolvimento financeiro para as famílias menos favorecidas.

Mobilização de Financiamento: O processo de captação de recursos financeiros através da


poupança coletiva, contribuições regulares dos membros do grupo e possíveis parcerias externas.
A mobilização de financiamento é fundamental para a sustentabilidade e a disponibilidade de
recursos nos grupos de poupança e crédito.

Concessão de Financiamento: O ato de fornecer empréstimos ou crédito aos membros dos


grupos de poupança e crédito. Esse processo envolve a análise das necessidades e capacidades
dos solicitantes, bem como a avaliação do risco e a definição de condições adequadas para a
concessão do financiamento.

Famílias Menos Favorecidas: Refere-se a famílias que enfrentam dificuldades


socioeconômicas, incluindo baixa renda, falta de acesso a serviços financeiros formais e
limitadas oportunidades de desenvolvimento. Os grupos de poupança e crédito têm como
objetivo atender e apoiar especificamente essas famílias, visando a inclusão financeira e a
melhoria das condições de vida.

VI
SUMÁRIO EXECUTIVO

O presente trabalho apresenta uma análise da contribuição dos grupos de poupança e crédito para
a mobilização e concessão de financiamento, estudo de caso: as famílias menos favorecidas do
bairro M’padue na cidade de Tete (2020-2022), constitui uma reflexão em torno dos grupos de
poupança e crédito (GPC) estão presentes entre soluções preconizadas pelas instituições de
fomento nos países em desenvolvimento, sempre visando aumentar a cultura produtiva ao
incentivar o empreendedorismo, a distribuição de renda, a redução das desigualdades e a
pobreza. A pesquisa teve como objectivo analisar grupos de Poupança e Crédito na mobilização
e concessão de financiamento as famílias menos favorecidas do bairro M’padue na cidade de
Tete entre o período de 2020 a 2022 (um estudo de caso da associação dos camponeses de
M’padue). A metodologia a ser usada para a realização de toda a pesquisa desde a
fundamentação teórica, a pesquisa obedeceu o enfoque qualitativo, a investigação qualitativa é a
forma de estudo da sociedade que se centra no modo como as pessoas interpretam e dão sentido
ou privilegiam as suas experiencias, e ao mundo em que elas vivem. Portanto, segundo esta
abordagem, o estudo baseia-se na interpretação dos fenómenos. No geral podemos concluir que
os grupos de poupança contribuem para a mobilização e concessão de financiamento para as
famílias menos favorecidas do bairro M’Padue na cidade de Tete. Eles oferecem oportunidades
de crédito mais acessíveis, imponderam-se economicamente as famílias, promovem a educação
financeira e fortalecem as redes sociais. Esses fatores combinados ajudam a impulsionar o
desenvolvimento econômico local.

Palavras-chaves: Poupança, crédito e concessão de financiamento

VII
Índice de Gráficos
Gráfico 1: Género..........................................................................................................................34
Gráfico 2: Faixa etária...................................................................................................................35
Gráfico 3: Escolaridade.................................................................................................................36
Gráfico 4: Tempo de participação em GPC...................................................................................37
Gráfico 5: Emprego formal............................................................................................................38

VIII
Índice de Quadro
Quadro 1: Valor médio Ganho nos últimos 3 anos por cada ciclo................................................44

IX
Contents
EPÍGRAFE.................................................................................................................................................III

AGRADECIMENTOS...............................................................................................................................IV

LISTA DE ACRÓNIMOS..........................................................................................................................V

GLOSSÁRIO.............................................................................................................................................VI

SUMÁRIO EXECUTIVO.........................................................................................................................VII

Índice de Gráficos....................................................................................................................................VIII

Índice de Quadro........................................................................................................................................IX

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.................................................................................................................14

Breve introdução...............................................................................................................................14

1.1. Justificativa.........................................................................................................................15

1.2. Relevância pessoal..............................................................................................................17

1.2.1. Relevância acadêmica.................................................................................................17

1.2.2. Relevância social.........................................................................................................17

1.3. Definição de Problema........................................................................................................17

1.4. Delimitação do tema...........................................................................................................18

1.4.1. Delimitação espacial....................................................................................................18

1.4.2. Delimitação temporal..................................................................................................19

1.5. Objectivos...........................................................................................................................19

1.5.1. Objectivo geral............................................................................................................19

1.5.2. Objectivos específicos.................................................................................................19

1.5.3. Perguntas de Pesquisa..................................................................................................19

2.Conceitos básicos...................................................................................................................................20

2.1. Grupos de poupança e crédito......................................................................................20

2.2. Crédito.........................................................................................................................20

X
2.3. Sistemas financeiros....................................................................................................20

2.4. A inclusão financeira...................................................................................................20

2.5. Índice de inclusão financeira.......................................................................................21

2.6. Características e Funcionamento dos GPC..................................................................22

2.7. Papel dos GPC no desenvolvimento............................................................................23

2.7. Formas de Poupança...........................................................................................................25

2.7.1. Xitique.........................................................................................................................25

2.7.2. Acordos de Confiança.................................................................................................26

2.7.3. Poupança em Espécie..................................................................................................26

2.7.4. Fundos Solidários........................................................................................................26

2.7.5. Crédito de Animais......................................................................................................27

2.7.6. Crédito dos Comerciantes............................................................................................27

2.8. Programs de crédito............................................................................................................27

2.8.1. Associações de Poupança Rotativa..............................................................................27

2.8.2. Associação de Poupança e Crédito..............................................................................27

2.8.3. Associações de Poupança não Rotativa.......................................................................27

2.8.4. Associações de Poupança e Crédito Não Rotativo.......................................................27

2.8.5. Associações de Inversão..............................................................................................28

2.9. Características e funcionamento dos gpc............................................................................28

2.10. Papel dos gpc no desenvolvimento.....................................................................................29

2.11. Grupo de Poupança e Crédito Rurais como Opção para a Inclusão Financeira...................29

2.12. Literatura Focalizada..........................................................................................................32

2.12.1. Acesso aos Serviços Financeiros para as Famílias Rurais em Moçambique: Estudo
de Caso de Poupança e Crédito Rotativo nas Províncias de Nampula e Sofala..........................32

2.12.2. Impacto da Poupança e Crédito Rotativo no Domínio de Desenvolvimento


Comunitário dos Pescadores Artesanais (2004-2009)................................................................33

CAPITULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA.................................................................................35

3.1 Breve introdução..........................................................................................................................35

3.2. Desenho da pesquisa...................................................................................................................35

XI
3.3. Tipo de Pesquisa.........................................................................................................................36

3.3.1. Quanto a Abordagem.......................................................................................................36

3.3.2. Quanto ao objectivo.........................................................................................................36

3.4. População, Amostra (e seu tamanho) e Processo de Amostragem..............................................37

3.5. Técnicas de colecta de dados......................................................................................................37

3.5.1. Questionário.....................................................................................................................37

3.5.2. Entrevista.........................................................................................................................37

3.6. Tecnicas de analise de dados......................................................................................................38

3.7. Estudo de Caso...........................................................................................................................39

3.8. Análise e Interpretação de Dados................................................................................................39

3.9. Duração da entrevista..................................................................................................................39

CAPITULO IV: ANALISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS..............................................................40

4.1. Dados..................................................................................................................................40

4.2. Analise dos dados colhidos.................................................................................................40

4.3. Analise e interpretação de dados sobre a contribuição dos grupos de poupança e crédito no
financiamento de familias menos favorecidas....................................................................................45

4.3.1. Formação de grupos....................................................................................................45

4.3.2. Legalização dos grupos de poupança...........................................................................46

4.3.4. Estrutura organizativa dos grupos de pupança e creditos.............................................47

4.4. Critérios de acessibilidade de credito nas famílias menos favorecidas................................48

4.4.1. Dinâmica dos grupos...................................................................................................48

4.4.2. Estatuto/regulamento dos grupos de poupança e crédito.............................................49

4.4.3. Metodologia de calculo de juros e contas finais para distribuição...............................49

4.5. Contribuição dos grupos de poupança e credito com os niveis de acessibilidade de credito
nas familias menos favorecidas do bairro mpadue.............................................................................51

4.5.1. Níveis de acessibilidade de crédito nos grupos de poupança e crédito nas famílias
menos favorecidas do bairro M’Padue.......................................................................................51

4.5.2. factores que motivam a continuar com o grupo de poupança e credito e replicar os
mesmos. 52

4.5.3. Grupos de poupança e crédito na contribuição da melhoria da qualidade de vida


famílias menos favorecidas do bairro M’Padue.........................................................................53

XII
4.6. Discussão de resultados......................................................................................................53

4.6.1. Grupos de Poupança e Crédito na Inclusão Financeira................................................53

4.6.2. Contribuição dos Grupos de Poupança e Crédito para a Mobilização e Concessão de


Financiamento...........................................................................................................................54

4.6.3. A contribuição dos grupos de poupança e crédito com os niveis de acessibilidade de


crédito nas famílias menos favorecidas do bairro mpadue.........................................................55

4.7. Vantagens e desvantagens de Grupos de poupança e crédito..............................................56

4.7.1. Vantanges....................................................................................................................56

4.7.2. Desvantangens.............................................................................................................56

CAPITULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES..........................................................................58

5.1. Conclusão...................................................................................................................................58

5.2. Recomendações..........................................................................................................................59

REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS.........................................................................................................62

APÊNDICES A.........................................................................................................................................65

Apêndices A - Questões da Entrevista aos Membros do GPC...........................................................65

APÊNDICES B.........................................................................................................................................67

Apêndices B - Questões da Entrevista aos Gestores do GPC.............................................................67

ANEXOS...................................................................................................................................................70

XIII
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

Breve introdução.
O presente trabalho apresenta uma análise da contribuição dos grupos de poupança e crédito para
a mobilização e concessão de financiamento, estudo de caso: as famílias menos favorecidas do
bairro M’padue na cidade de Tete (2020-2022).

O acesso aos serviços financeiros é limitado principalmente para a população de baixa renda.
Este facto tem levado o governo e instituições de desenvolvimento a implementar programas
visando o alargamento do acesso aos serviços financeiros à este grupo de pessoas.

Os grupos de poupança e crédito (GPC) estão presentes entre soluções preconizadas pelas
instituições de fomento nos países em desenvolvimento, sempre visando aumentar a cultura
produtiva ao incentivar o empreendedorismo, a distribuição de renda, a redução das
desigualdades e a pobreza.

Os grupos de poupança e crédito têm-se mostrado uma poderosa ferramenta para promover a
inclusão financeira em comunidades ao redor do mundo. Esses grupos são formados por
indivíduos que se reúnem regularmente para contribuir com suas economias e compartilhar
recursos financeiros entre si. Por meio dessa abordagem coletiva, os grupos de poupança e
crédito oferecem uma alternativa viável aos serviços financeiros tradicionais, especialmente em
áreas onde o acesso a instituições financeiras formais é limitado.

A inclusão financeira é essencial para o desenvolvimento econômico e social de uma nação. Ela
envolve a garantia de que todas as pessoas, independentemente de sua renda ou localização
geográfica, tenham acesso a serviços financeiros adequados, como poupança, crédito, seguros e
pagamentos digitais. No entanto, muitos indivíduos e comunidades, especialmente em países em
desenvolvimento, enfrentam barreiras significativas para ingressar no sistema financeiro formal.

Os grupos de poupança e crédito surgem como uma solução inovadora para superar essas
barreiras. Eles incentivam a cultura de poupança, permitindo que os membros economizem
regularmente pequenas quantias de dinheiro. Essas economias coletivas são então usadas para
fornecer crédito aos membros, permitindo que eles iniciem ou expandam seus negócios, invistam
em educação ou enfrentem emergências financeiras.

14
Uma das principais vantagens dos grupos de poupança e crédito é que eles são baseados em
princípios de solidariedade, confiança e colaboração mútua. Os membros se apoiam mutuamente,
compartilham conhecimentos e experiências e assumem a responsabilidade pela gestão e tomada
de decisões do grupo. Isso não apenas fortalece os laços sociais e a coesão comunitária, mas
também aumenta a probabilidade de sucesso dos empreendimentos individuais.

Além disso, os grupos de poupança e crédito são adaptáveis às necessidades específicas das
comunidades. Eles podem ser facilmente estabelecidos e gerenciados com recursos locais, não
exigindo grandes infraestruturas ou investimentos externos. Isso os torna particularmente
relevantes para áreas rurais e de baixa renda, onde o acesso a serviços financeiros formais é
escasso.

No entanto, é importante destacar que os grupos de poupança e crédito também enfrentam


desafios. A falta de regulamentação, governança inadequada e a possibilidade de conflitos
internos podem comprometer a eficácia e a sustentabilidade desses grupos. Portanto, é
fundamental implementar práticas de gestão adequadas, fornecer treinamento e apoio técnico aos
membros, além de estabelecer parcerias com instituições financeiras formais e organizações de
desenvolvimento.

Em suma, os grupos de poupança e crédito têm-se mostrado uma abordagem eficaz para
promover a inclusão financeira, empoderar comunidades e impulsionar o desenvolvimento
econômico local. Ao fornecer acesso a serviços financeiros básicos, esses grupos capacitam
indivíduos e estimulam o crescimento de pequenos negócios

1.1. Justificativa
O tema ganha maior relevância na medida que a preocupação pela inclusão financeira é um
assunto de grande destaque na actualidade, visto que uma das formas de vencer a pobreza
incentivando o empreendedorismo, mas há uma grande dificuldade de se conseguir o capital
inicial para o início do negócio sem garantias exigidas pelas instituições financeiras e esses
Grupos acabam sendo uma óptima saída.

É importante discutir a contribuição dos grupos de poupança e crédito para a mobilização e


concessão de financiamento devido a várias razões significativas:

15
Inclusão Financeira: Os grupos de poupança e crédito desempenham um papel fundamental na
inclusão financeira, especialmente em áreas onde o acesso a instituições financeiras formais é
limitado. Ao fornecer uma alternativa acessível e adaptada às necessidades locais, esses grupos
ajudam a incluir indivíduos e comunidades que normalmente seriam excluídos do sistema
financeiro convencional. Isso promove a igualdade de oportunidades e contribui para o
desenvolvimento econômico sustentável.

Mobilização de Recursos Locais: Os grupos de poupança e crédito têm a capacidade de


mobilizar recursos financeiros a nível local. Ao reunir as economias dos membros, esses grupos
criam uma fonte de financiamento interna que pode ser utilizada para empréstimos dentro do
grupo. Isso reduz a dependência de fontes externas de financiamento e fortalece a economia
local, permitindo que os indivíduos e as comunidades atendam às suas necessidades financeiras
por meio de recursos próprios.

Os grupos de poupança e crédito oferecem acesso a crédito para os membros que normalmente
teriam dificuldades em obter empréstimos por meio de instituições financeiras tradicionais. Esses
grupos baseiam-se em critérios de concessão de crédito mais flexíveis, como a confiança e a
reputação dentro do grupo, em vez de exigir garantias tradicionais. Isso permite que os membros
obtenham financiamento para iniciar ou expandir negócios, investir em educação, enfrentar
emergências financeiras ou melhorar suas condições de vida.

Os grupos de poupança e crédito não apenas fornecem financiamento, mas também promovem o
empoderamento econômico dos membros. Ao participar ativamente do processo de poupança,
tomada de decisões e administração do grupo, os membros desenvolvem habilidades financeiras
e de gestão. Isso aumenta sua capacidade de tomar decisões informadas, investir de forma
estratégica e alcançar uma maior autonomia financeira.

Além dos benefícios financeiros, os grupos de poupança e crédito também fortalecem os laços
sociais e a coesão comunitária. Os membros se reúnem regularmente, compartilham
conhecimentos e experiências, e se apoiam mutuamente. Esse senso de comunidade e
solidariedade contribui para o desenvolvimento social, promove a confiança e a colaboração
entre os membros e cria um ambiente propício para o crescimento e o desenvolvimento coletivo.

16
Em resumo, falar sobre a contribuição dos grupos de poupança e crédito para a mobilização e
concessão de financiamento é importante para destacar uma abordagem alternativa e eficaz para
a inclusão financeira. Esses grupos desempenham um papel crucial na mobilização de recursos
locais, na disponibilização de crédito acessível e no fortalecimento econômico e social das
comunidades. Ao reconhecer sua importância, podemos promover políticas e programas que
apoiem e fortaleçam essas iniciativas, contribuindo para a inclusão financeira e o
desenvolvimento sustentável

1.2. Relevância pessoal


O interesse pela avaliação da inclusão deve-se ao facto de a pesquisadora actuar como presidente
de um dos grupos de poupança e credito da associação, tendo como ponto de partida a sua
experiência que permite analisar de forma aprofundada em como esses grupos ajudam na
inclusão financeira de pessoa desfavorecidas e sem acesso a credito em instituições financeiras.

1.2.1. Relevância acadêmica


Com o estudo olharemos outros meios de se conseguir um capital inicial para pequenos negocios
que servem como base de sustento a várias famílias.

1.2.2. Relevância social


O estudo mostrara que as famílias inserida nos grupos de poupança e crédito melhoraram as suas
condições sociais bem como econômicas, são os casos de acesso a saúde, educação, habitação e
capital para iniciar novos negócios.

1.3. Definição de Problema


O acesso ao crédito é visto como um meio fundamental para o financiamento do consumo, de
negócios, criação de emprego e reforço do poder dos mais pobres. Assim sendo, a expansão do
acesso a serviços financeiros para os mais pobres é vista como um mecanismo de redução da
pobreza.
De modo a prosseguir com a inclusão financeira, diferentes organizações, nacionais e
internacionais, tem-se dedicado a diferentes formas de expandir o acesso a serviços financeiros
para as comunidades mais pobres e excluída do sistema financeiro formal. Uma destas é a
criação de pequenos grupos de poupança e credito nas comunidades.

17
Em Moçambique, a promoção dos grupos de poupança e crédito como meio de inclusão
financeira tem-se intensificado, Actualmente a promoção destes grupos vem sendo feita por
diferentes organizações governamentais e não-governamentais, e tem grande expressão nos
programas oficiais de expansão financeira como o Programa de Apoio as Finanças Rurais.

Segundo o relatório de inclusão financeira do Banco de Moçambique foram feitos diagnósticos


sobre os principais obstáculos à inclusão financeira em Moçambique, sendo o principal a
limitada extensão da rede de pontos de acesso aos serviços financeiros, que, por seu turno, se
deve à indisponibilidade de algumas infra-estruturas básicas, principalmente nas áreas rurais, o
fraco potencial económico e os custos de transacção. Além disso, há uma oferta relativamente
pequena de produtos e serviços especificamente criados e comercializados para atender às
necessidades de determinados segmentos sociais e empresariais com fraco ou inexistente acesso
aos serviços financeiros como pequenos agricultores, famílias de baixa renda vivendo nas zonas
urbanas e periurbanas. Recuperado a 06 de Abril, 2023,
https://www.bancomoc.mz/fm_pgtab1.aspx?id=300
Desta forma, esta problematização remete à uma questão essencial: Qual é o Papel dos grupos
de Poupança e Crédito na mobilização e concessão de financiamento as famílias menos
favorecidas do bairro M’padue na cidade de Tete entre o período de 2020 a 2022?

1.4. Delimitação do tema


O tema do trabalho foi focalizado nos grupos de poupança e crédito, onde famílias menos
favorecidas têm fácil acesso de participar e ter acesso a serviços de poupança e credito.

Os grupos de poupança e crédito difundidos por várias ONG´s em todos pais como alternativa de
inclusão financeira têm um grande papel na obteção de crédito a famílias menos favorecidas.

1.4.1. Delimitação espacial


Para a prossecução do tema o estudo foi realizado na província de Tete, localizada na região
centro de Moçambique concretamente na Cidade de Tete, no bairro M’padue em que
actualmente encontram-se operacionais vinte e dois Grupos de poupança e credito, que foi o
centro para o nosso estudo de caso.

18
1.4.2. Delimitação temporal
Para um enquadramento delimitar o período de 2020 ao 2022 período este que mais se fez sentir
a crise financeira na província causada pelo Covid 19.

1.5. Objectivos.
1.5.1. Objectivo geral
Analisar grupos de Poupança e Crédito na mobilização e concessão de financiamento as familias
menos favorecidas do bairro Mpadue na cidade de Tete entre o periodo de 2020 a 2022 (um
estudo de caso da associação dos camponeses de Mpadue).

1.5.2. Objectivos específicos.

 Descrever a contribuição dos grupos de poupança e crédito no financiamento de


familias menos favorecidas;
 Identificar os critérios de acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas;
 Relacionar a contribuição dos grupos de poupança e credito com os niveis de
acessibilidade de crédito nas familias menos favorecidas do bairro mpadue.

1.5.3. Perguntas de Pesquisa

a) Qual é a contribuição dos grupos de poupança e crédito no financiamento de familias


menos favorecidas?

b) Quais são os critérios de acessibilidade de credito nas famílias menos favorecidas?

c) Qual é a contribuição dos grupos de poupança e credito com os niveis de acessibilidade


de credito nas familias menos favorecidas do bairro mpadue?

19
CAPITULO II: REVISÃO DE LITERATURA

2.Conceitos básicos.

2.1. Grupos de poupança e crédito


Os Grupos de poupança e crédito são um conjunto de pessoas que se reúnem por afinidade,
vizinhança ou associativismo em actividades socioeconómicas para realizarem operações de
poupança, crédito e pagamento de juros associados ao crédito (Allen & Staehle,2011).
Em Moçambique, a criação destes grupos iniciou-se na década de 90, dentre outros, com o
objectivo de promover o acesso da população de baixa renda e excluída do sistema financeiro
formal, com maior ênfase nas mulheres (Helmore, 2009).
A promoção destes grupos já vinha sendo desenvolvida pela CARE na África Oriental e
Ocidental, onde o sucesso atingido conduziu à reprodução desta experiência em outros países
africanos.

2.2. Crédito
Segundo ferreira (1986) Crédito é um termo que traduz confiança, e deriva da expressão “crer”,
acreditar em algo, ou alguém. O crédito, sob o aspecto financeiro, significa dispor a um tomador,
recursos financeiros para fazer frente a despesas ou investimentos, financiar a compra de bens,
etc..

2.3. Sistemas financeiros


Sistemas financeiros constituem-se de instituições e mercados voltados para a viabilização de
transações com promessas de pagamento a ser realizado no futuro, feitas por agentes, que se
tornam assim devedores; e aceitas por outros agentes, como direitos a serem exercidos na mesma
data, tornando-se com isto credores dos primeiros.”(Cardim et all, p.212).
Sistemas financeiros são um conjunto de instituições, organizações, normas, convenções, hábitos
de pensamento e de comportamento que definem os instrumentos financeiros, as condições e o
ambiente/contexto econômico em que os indivíduos/organizações estabelecerão as transações
financeiras.

2.4. A inclusão financeira


A inclusão financeira refere-se ao acesso equitativo e uso adequado de serviços financeiros por
parte de indivíduos e empresas, especialmente aqueles que foram historicamente excluídos do

20
sistema financeiro convencional. O conceito envolve garantir que todas as pessoas tenham a
oportunidade de usar e se beneficiar de uma variedade de serviços financeiros, incluindo contas
bancárias, empréstimos, seguros, pagamentos eletrônicos e outros produtos financeiros.
Recuperado a 8 de Abril, 2023 de http://www.fatf gafi.org/media/fatf/documents/reports/Defining-and-
Measuring-Inclusive-Financial-Inclusion.pdf

2.5. Índice de inclusão financeira


O índice de inclusão financeira é um indicador que sintetiza a informação contida em cada um
dos indicadores de inclusão financeira, do lado da oferta ou da procura, e mede o grau de acesso
e uso dos produtos e serviços financeiros num dado País ou região. O índice do lado da oferta,
inicialmente desenvolvido por (Sarma, 2008)
Em Moçambique a maior parte da população do país ainda não é servida de forma satisfatória
pelos serviços financeiros apesar do crescimento significativo do número de instituições
financeiras formais nos últimos anos.
Desde o lançamento da estratégia de inclusão financeira em 2016, o Governo de Moçambique
tem apoiado diversas iniciativas públicas e privadas tendentes a melhoria da vida financeira da
população através do desenho de políticas de inclusão financeira e intervenções dirigidas a
população de baixa renda principalmente nas zonas rurais, bem como dirigidas as Micro
Pequenas e Médias Empresas (MPME´s). Estas iniciativas têm como objectivo incentivar a
expansão dos serviços financeiras formais pelo país, a cultura de poupança e desenvolvimento de
novas plataformas do sistema de pagamentos através de modernização e inovação tecnológica
dos meios de pagamento que precisam serem difundidos através de educação financeira e
reguladas numa perspectiva de protecção do consumidor. (Banco de Moçambique, 2017)

Grupos de Poupança e Crédito (GPC`s), difundidos por várias regiões do país estão a gerar
poupança de recursos financeiros que posteriormente são utilizados essencialmente para o
desenvolvimento de negócios, melhoria das condições de habitação, aquisição de bens
domésticos e de produção, cobertura de despesas correntes e outros investimentos como
educação dos filhos (Manjate, 2013).

21
Segundo o Banco de Moçambique (2017), a nível da inclusão financeira dos grupos de poupança
e empréstimo informais, em 2017 o FARE desenhou estratégias e políticas para a promoção do
grupos de poupança e expansão da banca móvel no ano de 2017 que consistiram na bancarização
e inclusão financeira dos grupos das ASCAS (Accumulating Savings and Credit Associations),
designadamente:
• Capacitação e sensibilização na matéria de como usar os serviços financeiros formais e
serviços da banca móvel;
• Assistência ao processo de abertura de contas móveis, com o destaque para o
preenchimento das fichas de abertura de contas, activação de PIN´s e no treinamento dos
titulares das contas ASCAS (no âmbito do WESDPII-Women Empowernment and Skills
Development Project-Phase II);
• Assistência aos grupos na conversão do dinheiro em moeda electrónica através do agente
ou instituição bancária, onde houver disponibilidade;
• Assistência na recolha de dados sobre o desempenho dos grupos e actualização do
sistema de informação para gestão;
• Assistência aos grupos na distribuição de fundos;
• Consolidação dos grupos formados;
• Manutenção da parceria com as operadoras da banca Móvel;
• Mobilização das instituições bancárias para trabalharem com os grupos de ASCAs;
• Mobilização dos Agentes de Moeda Electrónica para trabalharem com os grupos de
ASCAs;
• Estabelecidos novos Agente de Moeda electrónica para trabalhar com a banca móvel.
Nos últimos anos, a importância dos mercados financeiros para o desenvolvimento social e
económico vem ganhando espaço no sentido de que a ampliação do acesso aos mesmos gera
impactos positivos na vida das populações de baixa renda. Isto porque os principais objectivos
do sistema financeiro são a transferência de recursos disponibilizados pelos agentes poupadores
aos agentes investidores e a geração de meios de pagamento ou a criação de moeda. Essa criação
de meios de pagamento possibilita a geração de crédito, permitindo aos agentes económicos
acesso aos recursos necessários para a realização de investimentos (Shete e Garcia, 2011).

22
2.6. Características e Funcionamento dos GPC
Segundo Helmore (2009), as actividades financeiras dos GPC são realizadas num período que
varia de 6 a 12 meses, denominado por ciclo. O ciclo de poupança e crédito inicia-se no primeiro
encontro do grupo e termina no dia da distribuição aos membros dos valores que foram
acumulados ao longo do ciclo. Durante o ciclo, os membros dos grupos encontram-se para
realizar as suas actividades financeiras de poupança e empréstimo. Dependendo da metodologia,
podem existir nos grupos valores mínimos e máximos de poupança ou somente valores mínimos
que são estipulados de acordo com a dinâmica económica das zonas onde estes grupos se
localizam e com base na capacidade financeira dos membros.

Em relação aos empréstimos, estes são de curto prazo (geralmente de um a três meses) e são
concedidos apenas aos membros do grupo (não há empréstimos para pessoas que não fazem
parte do grupo) mediante o pagamento de uma taxa de juro mensal, que varia entre 5% a 25%
dependendo da decisão do grupo. De acordo com as normas de funcionamento dos grupos, o
reembolso dos empréstimos fora dos prazos definidos são sancionados com o pagamento de uma
multa previamente estipulada pelo grupo.
A redistribuição das poupanças, juros e lucros resultantes da actividade geralmente é feita de
acordo com a metodologia seguida pelo promotor, que pode ser na proporção da poupança de
cada membro ou equitativamente.
2.7. Papel dos GPC no desenvolvimento
Em Moçambique, há uma abordagem dominante sobre o papel dos GPC no desenvolvimento,
suportada pelas organizações que promovem ou financiam os GPC, pelo Banco Central e pelo
governo, de que a criação de GPC capacita a população excluída dosistema financeiro formal em
literacia financeira e acesso a serviços financeiros básicos.

Segundo Allen e Staehle (2011) espera-se que a literacia financeira conduza à inclusão
financeira, ao aumento dos activos para financiar pequenos negócios e à redução da pobreza e
inclusão social resultante da inter-ajuda dos fundos sociais dos GPC. Sob esta abordagem, estes
factores são vistos como sendo o mecanismo para alcançar o desenvolvimento local.

23
Em geral, com base em alguns documentos do governo, relatórios de estudos sobre os GPC de
algumas organizações que os promovem e em evidências do trabalho de campo, o papel dos GPC
pode ser subdividido em quatro pontos que se seguem:
1. Primeiro, educação financeira e acesso a serviços financeiros básicos para segmentos
excluídos. A ideia geral é de que a criação de GPC através da literacia financeira permite
perceber o funcionamento do sistema financeiro por parte da população excluída,
eliminando assim possíveis barreiras à inclusão financeira. Como resultado, é esperado
que este processo facilite a ligação entre este segmento da população e as instituições
financeiras formais;
2. Segundo, estabilização dos níveis de consumo das famílias e acesso a recursos para
financiamento de actividades geradoras de rendimento. Na óptica do governo, os GPC
têm sido equacionados como um alicerce para o desenvolvimento económico local
através da melhoria dos níveis de consumo das famílias, do seu bem-estar e do acesso a
financiamento para as suas actividades;
3. Terceiro, desenvolvimento do espírito de inter-ajuda e de um fundo de acção social. Os
GPC, para além de fornecerem serviços financeiros, contemplam uma dimensão social,
não menos importante, que é analisada em duas perspectivas, nomeadamente: as relações
sociais de ajuda mútua entre os membros e a existência de um fundo social;
4. Quarto, o reforço do papel socioeconómico da mulher. A mulher tem sido vista como
sendo mais vulnerável em termos do seu enquadramento socioeconómico. Grande parte
dos operadores, como a CARE e outros, no início da promoção dos GPC tinham e
continuam a ter um enfoque nas mulheres que se encontram em situação economicamente
vulnerável, com o intuito de possibilitar uma maior participação das mulheres nos GPC e
na comunidade e fortalecer o seu papel, de modo a que estas possam ter maiores
capacidades de gestão dos seus recursos e de liderança.

Segundo Ducas e Ferreira (1998), as dificuldades sentidas por diversos agentes económicos no
acesso ao crédito do sistema financeiro formal devido ao pequeno desenvolvimento deste, ao seu
carácter fragmentado, à falta de garantias dadas às instituições que concedem empréstimos, a
falta de informação ou ainda como consequência de medidas no âmbito da política económica
seguida é por demais evidente nos países em vias de desenvolvimento.

24
Uma das principais características dos países em vias de desenvolvimento é a existência de um
dualismo financeiro constituído por um sistema financeiro formal e um sistema financeiro
informal com o papel de mobilizar poupanças e financiamento de investimento.
O sistema financeiro informal constitui uma alternativa para acumulação de capital, acesso ao
crédito sem recorrer as instituições financeiras nas comunidades onde não existem bancos de
micro finanças que poderiam assegurar essas operações.

A busca de crédito junto das instituições financeiras está relacionada com o desejo de melhoria
do nível de bem-estar social e económico. Surge a necessidade de recorrer ao sistema financeiro
informal para satisfação das necessidades e a melhoria de níveis de bem-estar social e
económico, como forma de contornar as barreiras dos sistemas financeiros formais que é
condicionado por entrega de garantias ou possuir um emprego formal.

Souza (1993), sustenta que o desenvolvimento económico não deve ser confundido com o
crescimento. Este autor, distingue que o desenvolvimento económico envolve mudanças
qualitativas no modo de vida das pessoas, das instituições e das estruturas produtivas. Acrescenta
ainda que o desenvolvimento se caracteriza pela transformação de uma economia arcaica,
ineficiente, em uma economia moderna, eficiente, juntamente com a melhoria de vida da
população.
No que tange a melhoria de vida da população, isto é, o o incremento sustentável dos padrões de
vida, com incidência no consumo material, acesso a educação, saúde, protecção e conservação
do ambiente esta pode ser alcançada recorrendo-se ao crédito informal, através de criação de
organizações ou associações das mesmas e a introdução de programas de poupança e créditos
com vista a gerir os seus recursos financeiros de uma forma transparente e participativa
independentemente do género, raça, etnia, região ou país.

2.8. Formas de Poupança


Segundo Faria (2006) existem várias formas de poupar, das quais se podem destacar:
2.8.1. Xitique

25
Pequenos grupos constituidos por quatro a dez pessoas, no qual os membros reúnem-se com
regularidade para darem as suas contribuições e receberem fundos provenientes de poupança
rotativa. Cada membro dá uma contribuição igual. Os fundos captados são emprestados a um
membro e cada um tem a sua vez para receber. Cabe também aos membros do grupo decidirem,
se no final de cada período o empréstimo poderá apenas ser concedido a um ou mais elememtos
do grupo, consoante o montante acumulado e a composição do grupo, de forma a reduzir o
tempo de espera.
A frequência dos reembolsos e o valor da contribuição depende dos recursos dos participantes e
das suas necessidades. Os grupos de xitique são compostos de acordo com o género (homens ou
mulheres ou ambos sexos), indivíduos com trabalho assalariado no mesmo local de trabalho ou
não, ou ainda por grupos que exercem actividades de geração de rendimento similar ou diferente;
2.8.2. Acordos de Confiança
É um sistema no qual uma pessoa merece a confiança de um grupo de depositantes. O indivíduo
que empresta o dinheiro recolhe o valor do dia dos clientes e paga-o na toatalidade depois de
trinta dias. O cobrador deposita os fundos no banco sem juros e ganha um dia de poupança
(31˚dia) por ter recolhido e mantido o dinheiro dos dos clientes em segurança. O cobrador só está
autorizado a aceitar fundos dos que constam numa lista previamente aprovada. Os que estão nas
listas devem aprovar acréscimos ao grupo. As vendedeiras do mercado, que possuem poupança
diária e que não podem depositar num lugar seguro, muitas vezes usam este método;

2.8.3. Poupança em Espécie


Os camponeses poupam sob a forma de culturas e/ou animal de pequena espécie que são
guardados e representam a poupança ou são trocados ou vendidos em algum momento para
obtenção de bens de uso doméstico, que são poupados ou vendidos mais tarde. Mandioca seca,
mapira, milho ou feijão são os produtos normalmente poupados. Este tipo de poupança é comum
nos momentos de um índice elevado de poupança e em zonas com fracas possibilidades de
monetarização;

2.8.4. Fundos Solidários

26
Estes fundos são organizados por grupos que vivem no mesmo bairro ou local de trabalho. As
contribuições são muito pequenas e são disponibilizadas aos membros para eventos sociais (na
sua maioria funerais ou casamentos);

2.8.5. Crédito de Animais


Os esquemas de crédito de animais são empregues por camponeses para aumentar o número de
animais de seu rebanho. Um camponês empresta um animal a outro camponês, o mutuário irá
cuidar do animal e depois devolve-o ao dono depois de terem nascido crias ou então o animal é
morto e dividido pelas duas partes. O mutuário paga o valor do animal através de algumas crias
ao dono (por exemplo, por duas galinhas, o pagamento é metade dos pintos; por um porco, o
pagamento é um leitão). O período de empréstimo dependerá do tempo que o animal levará para
ter crias;
2.8.6. Crédito dos Comerciantes
Comum na região norte do país. Antes da independência, os camponeses podiam obter sementes
e outros insumos agrícolas a crédito dos cantineiros.

2.9. Programs de crédito


Segundo o manual da ONUAA (1993), os programas de crédito deveriam vincular-se as
associações locais de crédito distinguindo-se cinco tipos de associações:
2.9.1. Associações de Poupança Rotativa
Cada membro paga uma quantidade fixa em intervalos regulares. Em ordem rotativa, um
membro recebe o total do valor acumulado em um momento. Termina-se o ciclo quando todos os
membros recebem o total acumulado pelo menos uma vez.
2.9.2. Associação de Poupança e Crédito
Cada membro paga uma quantidade fixa em intervalos regulares. Uma parte da contribuição
destina-se a um membro da associação de cada vez, de forma rotativa. O remanescente deposita-
se num fundo geral para empréstimos ou serviços sociais.
2.9.3. Associações de Poupança não Rotativa

27
Cada membro paga uma quantidade fixa ou variavél em intervalos regulares. As contribuições
são salvaguardadas ou depositadas e são devolvidas a cada membro individualmente no final do
período estipulado.
2.9.4. Associações de Poupança e Crédito Não Rotativo
Os ingressos de fontes tais como contribuições, honorários, multas, trabalho conjunto ou
empresas conjuntas, colocam-se num fundo, qual poderá utilizar-se para empréstimos, seguros e
serviços sociais. Este fundo pode estabelecer-se por um período específico ou
não. Os fundos da associação podem ou não ser redistribuidos entre os membros no final
do período estipulado.
2.9.5. Associações de Inversão
Se os fundos do 4º tipo de associações não se redistribuirem, podem ser usados para inversão por
seus memnbros em ordem rotativa, por exemplo destinando-se no final de cada ano a um
membro da associação.

2.10. Características e funcionamento dos gpc


Em geral, as actividades financeiras dos GPC são realizadas num período que varia de 6 a 12
meses, denominado por ciclo. O ciclo de poupança e crédito inicia-se no primeiro encontro do
grupo e termina no dia da distribuição aos membros dos valores que foram acumulados ao longo
do ciclo. Durante o ciclo, os membros dos grupos encontram-se para realizar as suas actividades
financeiras de poupança e empréstimo. Dependendo da metodologia, podem existir nos grupos
valores mínimos e máximos de poupança ou somente valores mínimos que são estipulados de
acordo com a dinâmica económica das zonas onde estes grupos se localizam e com base na
capacidade financeira dos membros. Em relação aos empréstimos, estes são de curto prazo e são
concedidos apenas aos membros do grupo (não há empréstimos para pessoas que não fazem
parte do grupo) mediante o pagamento de uma taxa de juro mensal, que varia entre 5% a 25%
dependendo da decisão do grupo.

A redistribuição das poupanças, juros e lucros resultantes da actividade geralmente é feita de


acordo com a metodologia seguida pelo promotor, que pode ser na proporção da poupança de
cada membro ou equitativamente.

28
De ressaltar que, em alguns grupos, por exemplo, os mais fracos em termos de funcionamento e
gestão da actividade financeira, constatou-se que estes aplicavam outras metodologias para
calcular os valores resultantes dos ganhos das suas actividades. Este facto é influenciado pelo
fraco domínio da metodologia e falta de acompanhamento por parte dos
promotores/facilitadores. Adicionalmente, alguns grupos independentes têm modificado e
adaptam outras fórmulas para tratar desta questão.

2.11. Papel dos gpc no desenvolvimento


Esta secção procura discutir como é que diferentes actores – organizações que promovem ou
financiam os GPC, governo, instituições financeiras formais, membros dos GPC e outros
estudiosos olham para o papel dos GPC no desenvolvimento.
fundo social é obtido por meio de contribuições de valores iguais pelos membros do GPC e com
uma periodicidade regular (pagas nos dias de encontro do grupo) e não sujeito a juros. Este
fundo é normalmente usado para apoiar os membros do grupo em casos de imprevistos (morte,
incêndio, acidentes, doenças entre outros) durante o ciclo, embora alguns grupos o usem para
despesas correntes do grupo (compra de material como: cadernos, canetas, carimbos,
remuneração a membros de comité ou facilitador entre outros) (Allen & Staehle, 2011).

Em geral este comité é composto por um presidente, um secretário, um contador de dinheiro e


um guardião de caixa. Esta composição vária em função da metodologia e de grupo para grupo.

2.12. Grupo de Poupança e Crédito Rurais como Opção para a Inclusão Financeira
Em Moçambique, há uma abordagem dominante sobre o papel dos GPC no desenvolvimento,
suportada pelas organizações que promovem ou financiam os GPC, pelo Banco Central e pelo
governo, de que a criação de GPC capacita a população excluída do SFF em literacia financeira e
acesso a serviços financeiros básicos. Nesta perspectiva, espera -se que a literacia financeira
conduza à inclusão financeira, ao aumento dos activos para financiar pequenos negócios e à
redução da pobreza e inclusão social resultante da inter ajuda dos fundos sociais dos GPC. Sob
esta abordagem, estes factores são vistos como sendo o mecanismo para alcançar o
desenvolvimento local.

29
Em geral, com base em alguns documentos do governo, relatórios de estudos sobre os GPC de
algumas organizações que os promovem e em evidências do trabalho de campo, o papel dos GPC
pode ser subdividido em quatro pontos que se seguem:
 Primeiro, educação financeira e acesso a serviços financeiros básicos para segmentos
excluídos. A ideia geral é de que a criação de GPC através da literacia financeira permite
perceber o funcionamento do sistema financeiro por parte da população excluída,
eliminando assim possíveis barreiras à inclusão financeira. Como resultado, é esperado
que este processo facilite a ligação entre este segmento da população e as instituições
financeiras formais. Este argumento é sustentado pelo relatório do Banking on Change
elaborado por Plan, Barclays (Absa) & Care (2013) ao afirmar que a exclusão financeira
da população pobre é resultado da falta de conhecimento de como funciona o sistema
financeiro, o que pode limitar a capacidade das pessoas de beneficiarem de
oportunidades financeiras, de tomar decisões com conhecimento e eficiência que
permitam melhorar o seu bem-estar financeiro. Consequentemente, isto leva a um
distanciamento deste grupo em relação às instituições financeiras formais. No entanto,
evidências do trabalho de campo mostram que o facto de os membros estarem num GPC
e terem tido acesso a literacia financeira não os capacita necessariamente para ter
domínio dos processos inerentes a serviços financeiros e, consequentemente, se ligarem
às instituições financeiras formais. Isto pode ser influenciado pelos heterogéneos
interesses dos membros do grupo, sendo que alguns podem estar interessados nos ganhos
imediatos advindos da actividade financeira do grupo, ainda que outros estejam a
beneficiar da actividade financeira do grupo ao mesmo tempo que adquirem capacidades
e domínio do funcionamento do sistema financeiro.
 Segundo, estabilização dos níveis de consumo das famílias e acesso a recursos para
financiamento de actividades geradoras de rendimento. Na óptica do governo, os GPC
têm sido equacionados como um alicerce para o desenvolvi-mento económico local
através da melhoria dos níveis de consumo das famílias, do seu bem-estar e do acesso a
financiamento para as suas actividades (MAE, 2011). Da experiência de trabalho de
campo constatou-se que grande parte dos membros entrevistados usa uma parte dos
rendimentos advindos da actividade financeira dos grupos (empréstimos e/ou
rendimentos recebidos no final do ciclo) para financiar as despesas de consumo,

30
nomeadamente: alimentação, saúde e educação (matrículas, uniforme, material escolar,
etc.) do agregado familiar, actividade agrícola (em que parte se destina ao consumo),
aquisição de bens duráveis e semi-duráveis (terreno, instalação de energia eléctrica,
água, construção e melhoria da habitação, mobiliário, eletrodomésticos, utensílios
domésticos e meios de transporte, essencialmente bicicleta e motorizadas) e outras
despesas de consumo inesperadas. Adicionalmente, a cobertura da rede bancária ao nível
dos distritos é ainda muito limitada, havendo somente 63 dos 128 distritos de
Moçambique que possuem agências bancárias, micro -bancos, instituições de
microcrédito, cooperativas de crédito, ATM e/ou POS (Jornal Notícias, 2013) e há uma
exclusão de grande parte da população ao SFF. Face a este cenário, a criação de GPC é
vista pelo governo como uma alternativa para fazer face à ausência de serviços
financeiros, particularmente do crédito, pois estes grupos, para além de outras
facilidades, concedem empréstimos. Igualmente, dadas as dificuldades do governo em
atender alguns agentes económicos, como pequenos produtores, de forma isolada e/ou
dispersa, a promoção de GPC é vista como uma forma de mobilizá-los e organizá-los e,
posteriormente, facilitar a sua assistência técnica e financeira (MAE, 2011).
 Terceiro, desenvolvimento do espírito de inter-ajuda e de um fundo de acção social. Os
GPC, para além de fornecerem serviços financeiros, contemplam uma dimensão social,
não menos importante, que é analisada em duas perspectivas, nomeadamente: as relações
sociais de ajuda mútua entre os membros e a existência de um fundo social (MAE,
2011). Os encontros dos GPC permitem desenvolver relações sociais de inter-ajuda que
possibilitam a emergência e fortificação de laços de afinidade e solidariedade entre os
membros (Carrilho & Teyssier, 2011). Por exemplo, a investigação de campo constatou
que o espírito de inter-ajuda, que se desenvolve entre os membros, permite a existência
de um apoio a estes fora da dimensão social existente na actividade do grupo. Ou seja,
verificou-se que ocorrem contribuições eventuais fora do GPC (entre os membros que
têm uma certa afinidade no GPC) para casos de falecimento ou imprevistos como
assaltos e/ou destruição de residência. Assim, há que reconhecer o papel que o espírito
de inter-ajuda representa no desenvolvimento das relações sociais e na vida dos
membros do grupo, uma vez que estas relações se consolidam na oportunidade que os
membros têm de partilhar diferentes problemas sociais que os afectam. No concernente

31
ao desenvolvimento de um fundo de acção social, que se equaciona atingir através das
contribuições do fundo social, é questionável a sua efectividade. O fundo social é usado
nos casos em que o(s) membro(s) se encontra(m) em situação de aflição ou para fazer
face a imprevistos (assistência em casos de doenças graves, despesas com funerais,
incêndio). Este fundo é obrigatório no ciclo inicial, podendo ser opcional nos ciclos
seguintes (Allen & Staehle, 2011). Entretanto, as contribuições advindas do fundo social
e a gestão deste fundo são limitadas para a satisfação total das necessidades de todos os
membros. A investigação de campo constatou que há uma diferenciação na finalidade do
fundo social, onde alguns grupos alocam os valores deste fundo para situações de
emergência e imprevistos dos membros e outros aplicam em despesas de funcionamento
do grupo (compra de material, pagamento de facilitadores, entre outros). Constatou-se,
igualmente, que aqueles grupos que recorrem ao fundo para situações de emergência não
acumulam os valores remanescentes (usando -o para organização de festas de fim de
ciclo, para compra de capulanas/camisetes ou mesmo para a redistribuição equitativa
entre os membros) para ciclos subsequentes. Este facto afecta a sustentabilidade deste
fundo para fazer face às necessidades dos membros do grupo, levando muitas vezes os
GPC a condicionarem o montante e o número de vezes que um mesmo membro pode
recorrer a ele.
 Quarto, o reforço do papel socioeconómico da mulher. A mulher tem sido vista como
sendo mais vulnerável em termos do seu enquadramento socioeconómico. Grande parte
dos operadores, como a CARE e outros, no início da promoção dos GPC tinham e
continuam a ter um enfoque nas mulheres que se encontram em situação
economicamente vulnerável, com o intuito de possibilitar uma maior participação das
mulheres nos GPC e na comunidade e fortalecer o seu papel, de modo a que estas
possam ter maiores capacidades de gestão dos seus recursos e de liderança. O foco na
inserção de mulheres nos GPC tem subjacente a ideia de que, por um lado, a participação
destas aumenta o seu respeito e autoestima na comunidade (Estarque, 2013), e, por outro
lado, deriva da ideia de que estas tendem a aplicar a maior parte dos seus rendimentos
nas suas famílias, comparativamente aos homens que tendem a investir menos do que a
metade do que auferem (Plan, Barclays & Care, 2013).

32
2.13. Literatura Focalizada
2.13.1. Acesso aos Serviços Financeiros para as Famílias Rurais em Moçambique: Estudo
de Caso de Poupança e Crédito Rotativo nas Províncias de Nampula e Sofala
O acesso aos serviços financeiros é limitado principalmente para a população de baixa renda que
reside nas zonas rurais. Este facto tem levado o governo e instituições de desenvolvimento a
implementar programas visando o alargamento do acesso aos serviços financeiros à este grupo.
Entre os vários programas, em Moçambique destaca-se o da poupança e crédito rotativo (GPC)
que iniciou em 2000 na província de Nampula, (Fumo, 2015)
Apesar do programa estar a ser desenvolvido há 15 anos, não existe evidência empírica sobre a
melhoria do acesso aos serviços financeiros, o seu funcionamento e efeitos no bem-estar dos
beneficiários.
Assim, o presente estudo teve como objectivos específicos: (i) descrever o funcionamento dos
grupos de poupança e crédito rotativo, (ii) determinar o efeito da GPC no bem-estar das famílias
rurais (iii) e analisar os determinantes de acesso aos serviços financeiros. Para alcançar os
objectivos do estudo, fez-se um estudo de caso comparativo entre os grupos de poupança e
crédito rotativo dos distritos de Mogovolas e Murrupula, na província de Nampula e o distrito de
Gorongosa, na província de Sofala.
A metodologia usada foi a estatística descritiva, especificamente os testes de t para média e
proporções, a estatística eta-square, teste de x2, assim como o modelo probit. Os resultados da
pesquisa evidenciaram que os grupos de GPC são maioritariamente constituídos por mulheres
com baixa renda. Estes grupos constituem uma alternativa ao recurso de poupança, acumulação
de capital e concessão de créditos de curta duração com uma taxa de juros que varia entre 5% e
10%.
Este programa foi desenhado para ter quatro fases distintas: (i) mobilização, (ii) organização, (iii)
desenvolvimento e (iv) independência. Contudo, nenhum grupo atingiu a fase da independência.
No entanto, a participação no grupo de GPC, resulta numa melhoria do padrão de vida das
famílias beneficiárias, pois melhora os níveis de renda, condições de habitação, educação e
saúde, menor exposição as calamidades naturais, sendo que o maior efeito, é sobre a posse dos
bens duráveis e tempo de recuperação em caso de cheias, embora o efeito seja moderado.
Os AFs com maior probabilidade de acesso aos serviços financeiros, são caracterizados por
serem liderados: (i) por um indivíduo com emprego formal, (ii) por indivíduos mais jovens, (iii)

33
por uma mulher, e de (a) deterem maior índice de riqueza e (b) residirem próximo de instituições
financeiras formais (Fumo, 2015).

2.13.2. Impacto da Poupança e Crédito Rotativo no Domínio de Desenvolvimento


Comunitário dos Pescadores Artesanais (2004-2009)
Segundo Meneses (2011), O presente trabalho tem como objectivo de estudo avaliar o impacto
da Poupança e Crédito Rotativo (GPC) no nível de bem-estar da comunidade de pescadores
artesanais de Zalala no período compreendido entre 2004/2009.
Para a elaboração do mesmo fez-se um levantamento bibliográfico, entrevistas aos técnicos e
extensionistas do Instituto de Desenvolvimento da Pesca de Pequena Escala (IDPPE) com
conhecimento da matéria em estudo, também fez-se um inquérito junto a comunidade de
pescadores artesanais de Zalala que aderem ao sistema de GPC.
Os grupos de GPC são constituídos na sua maioria por mulheres que recorrem ao sistema para
minimizar a sua situação de dependência financeira perante seus maridos, ganhando a
consciência de igualdade de género e, por vezes, não assumindo atitudes e comportamentos
machistas. Salientar que quase todos os membros de GPC praticam alguma actividade de geração
de rendimentos como fonte de recurso para efectuar poupança e consumo. As poupanças e
créditos são feitos a nível do grupo de poupança, visto que, não existe banco de micro finanças
na comunidade.
Para os pescadores que recorrem ao sistema como método de gestão dos seus recursos
financeiros através da prática da Poupança e Crédito Rotativo (GPC) conseguem melhorar seus
níveis de bem-estar social e económico através de acumulação de capital, diversificação ou início
de um negócio, construção de habitações condignas e melhoria de técnicas de pesca sem recorrer
ao crédito junto das instituições financeiras Meneses (2011).

34
CAPITULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA

3.1 Breve introdução


Neste capítulo vai-se descrever a metodologia a ser usada para a realização de toda a pesquisa
desde a fundamentação teórica que constará no texto, os aspetos metodológicos, a recolha de
dados, até analise e a interpretação de dados, com vista a justificar as escolhas de procedimento
para a realização da pesquisa.

Lakatos (2003), afirma que método de pesquisa é “o conjunto das actividades sistemáticas e
racionais que, com maior segurança e económica, permite alcançar o objectivo e conhecimentos
válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as
decisões do cientista” (p.83).

3.2. Desenho da pesquisa


Metodologia é uma palavra derivada de “método”, do Latim “methodus” cujo significado é
“caminho ou a via para a realização de algo”. Método é o processo para se atingir um
determinado fim ou para se chegar ao conhecimento. Metodologia é o campo em que se estuda
os melhores métodos praticados em determinada área para a produção do conhecimento.
Metodologia científica é o estudo dos métodos ou dos instrumentos necessários para a
elaboração de um trabalho científico. É o conjunto de técnicas e processos empregados para a
pesquisa e a formulação de uma produção científica.
Segundo Bello (2007) ‘‘Uma pesquisa pode ser definida como um processo formal e sistemático
de desenvolvimento do método científico de forma a se descobrirem respostas para problemas
por meio do uso de procedimentos científicos.

35
Após ter-se definido o que seria metodologia de pesquisa carece-se de uma explicação do
comportamento das pesquisas, as pesquisas podem ser qualitativas ou quantitativas, no qual a
qualitativa procura descrever, compreender uma determinada variável ao passo que a quantitativa
é uma pesquisa mais estatística e indutiva inferencial o qual coletadas dados precisos para se
fazer o estudo de variáveis fortemente correlacionadas. Nesta teremos de seguida algumas
interpretações e definições de alguns autores’’.

3.3. Tipo de Pesquisa


3.3.1. Quanto a Abordagem
Quanto à abordagem ou ao enfoque, a pesquisa obedeceu o enfoque qualitativo.De acordo com
Vilela (2009), a investigação qualitativa é a forma de estudo da sociedade que se centra no modo
como as pessoas interpretam e dão sentido ou privilegiam as suas experiencias, e ao mundo em
que elas vivem. Portanto, segundo esta abordagem, o estudo baseia-se na interpretação dos
fenómenos.

De acordo com Vilelas (2009), a pesquisa qualitativa tem como objectivos a observação, a
descrição, a compreensão e o significado, não existem hipóteses pré-concebidas, quem observa
ou interpreta é influenciado pelo fenómeno pesquisado não obstante, a existência de alguns
dados relativos a pesquisa quantitativa.

A pesquisa qualitativa considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto
é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser
traduzido em números. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. (Gil,
1991).

Esta abordagem, permitiu-nos uma melhor compreensão dos significados, numa argumentação
lógica de ideias a características situacionais através da entrevista dirigida aos membros dos
grupos de poupança de crédito.

3.3.2. Quanto ao objectivo


A pesquisa sera de caracter descritivo/explicativo.
Segundo Bello (2007) Pesquisa Descritiva: descrever as características de determinadas
populações ou fenômenos. Uma de suas peculiaridades está na utilização de técnicas

36
padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. Ex.:
pesquisa referente à idade, sexo, procedência, eleição etc.
Segundo Gil (2008) Pesquisa Explicativa: identificar os factores que determinam ou que
contribuem para a ocorrência dos fenômenos. É o tipo que mais aprofunda o conhecimento da
realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso, é o tipo mais complexo e
delicado.

De acordo com Gil (2002), o objectivo desta pesquisa é de proporcionar maior familiaridade com
o problema de modo a torná-lo mais explícito. Pode envolver levantamento bibliográfico,
entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado, etc.Geralmente, assume a forma de
pesquisa bibliográfica e estudo de caso.

3.4. População, Amostra (e seu tamanho) e Processo de Amostragem


A população de estudo são todos os membros dos grupos de poupança e crédito do Bairro
M’Padue- Cidade de Tete. Deste universo, a amostra será composta por alguns membros dos
grupos de poupança e crédito do Bairro M’Padue- cidade de Tete. Na qual destes, a pesquisa vai
focalizar em entrevista-los com vista a verificar a influencia dos grupos de Poupança e Crédito
na mobilização e concessão de financiamento as famílias menos favorecidas do bairro M’Padue
na cidade de Tete.

O processo de amostragem que foi usado nesta pesquisa é a amostragem não probabilística, mas
sim por conveniência porque vai se entrevistar 9 membros dos grupos de poupança e Credito, na
qual a partir destes foram obtidas as respostas aos objectivos da pesquisa.

3.5. Técnicas de colecta de dados


Para fazer-se a coletas usaram tecnicas como o inquerito, questionario e entrevistas ao
intervenientes.
3.5.1. Questionário
Segundo Bello (2007) O Questionário, numa pesquisa, é um instrumento ou programa de coleta
de dados. Se sua coinfecção é feita pelo pesquisador, seu preenchimento é realizado pelo
informante. A linguagem utilizada no questionário deve ser simples e direta para que o
respondente compreenda com clareza o que está sendo perguntado. Não é recomendado o uso de

37
gírias, a não ser que se faça necessário por necessidade de características de linguagem do grupo
(grupo de surfistas, por exemplo).
Todo questionário a ser enviado deve passar por uma etapa de pré-teste, num universo reduzido,
para que se possam corrigir eventuais erros de formulação.

3.5.2. Entrevista
As entrevistas qualitativas envolvem a coleta de dados por meio de conversas abertas e
semiestruturadas com os participantes da pesquisa. Essas entrevistas buscam obter informações
detalhadas sobre as experiências, opiniões e percepções dos participantes em relação ao tema de
estudo. É necessário ter um plano para a entrevista para que no momento em que ela esteja sendo
realizada as informações necessárias não deixem de ser colhidas.
As entrevistas podem ter o caráter exploratório ou ser de coleta de informações. Se a de caráter
exploratório é relativamente estruturada, a de coleta de informações é altamente estruturada.
Observação participante: Nessa abordagem, os pesquisadores participam ativamente do ambiente
em que ocorrem os eventos ou interações sociais que estão sendo estudados. Eles observam e
registram as interações, comportamentos e dinâmicas sociais, buscando obter uma compreensão
aprofundada do fenômeno em questão.

Análise documental: A análise documental envolve a coleta e análise de documentos relevantes


para a pesquisa, como relatórios, registros históricos, diários, mídia, entre outros. Esses
documentos podem fornecer insights sobre o contexto e as práticas relacionadas ao tema de
estudo.

Grupos focais: Os grupos focais são sessões de discussão em grupo com participantes
selecionados que compartilham características semelhantes ou experiências relevantes para a
pesquisa. Essas discussões em grupo permitem que os pesquisadores obtenham diferentes
perspectivas e interações sociais que podem enriquecer a compreensão do fenômeno em estudo.

3.6. Tecnicas de analise de dados.


Tratando-se de um estudo qualitativo, a análise dados corresponde à interpretação feita a partir
de dados obtidos por meio de diferentes métodos de pesquisas qualitativas, como:

38
 Pesquisas e entrevistas com usuários;
 Observações a respeito dos comportamentos dos usuários ou do mercado;
 Dados de pesquisas e estudos do sector;

A análise de conteúdo envolve a análise sistemática e interpretativa de dados textuais, como


transcrições de entrevistas, documentos escritos ou registros de observações. Nesse processo, os
pesquisadores identificam temas, padrões, categorias ou conceitos relevantes para responder às
perguntas de pesquisa e desenvolvem interpretações aprofundadas dos dados.

3.7. Estudo de Caso

Para a análise da influência poupança e crédito do Bairro M’Padue- Cidade de Tete, na Província
de Tete, concretamente na Cidade Tete. Com o estudo de caso foi possível compreender o
processo de poupança e crédito do Bairro M’Padue- Cidade de Tete.

3.8. Análise e Interpretação de Dados


Para análise e interpretação dos resultados, usou-se a estatística descritiva gráfica (em tabelas) e
a análise de conteúdos. Portanto, como podemos ver mais em diante, onde os resultados foram
apresentados em quadros e gráficos, para a sua análise e interpretação. Por outro lado foi através
dos conteúdos das respostas da entrevista tendo como instrumento perguntas semi-estruturadas,
portanto, foram analisados e interpretados os conteúdos das respostas obtidas para poder tirar
ilações e conclusões do estudo.

3.9. Duração da entrevista


A colecta de dados primários teve a duração de trinta (45) dias. O previsto no nosso projeto de
pesquisa eram quinze dias, devido a outros factores como disponibilidade dos entrevistados,
entendimento e medo de represálias, alguns receavam responder e tivemos que sensibilizá-los
novamente e esclarecendo-os que não seriam intimidados e nem descriminação, visto que a
entrevista não abre espaço para a sua identificação. Pois os resultados obtidos servem apenas
param fins acadêmicos e de recomendação.

39
CAPITULO IV: ANALISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

4.1. Dados
Os dados usados para alcancar os objectivos específicos deste estudo, foram colhidos através de
um questionário estruturado e entrevistas semi- estruturadas ao comités de gestão dos grupos no
Bairro Mpadue. Os inquéritos estruturado e semi-estruturado usados para colher os dados
encontram-se nos anexos.
O inquérito estruturado é constituido por 4 módulos enumerados: (A) identificação dos
membros; (B) colhimento de opiniões e pontos de vista sobre a contribuição dos grupos de
poupança e crédito no financiamento de familias menos favorecidas; (C) colhimento de opiniões
e pontos de vista sobre os critérios de acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas; e
(D) colhimento de opiniões e pontos de vista relação entre os grupos de poupança e credito com
os níveis de acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas do bairro M’Padue

4.2. Analise dos dados colhidos


A maior parte dos membros participante dos Grupos de poupança e credito são mulheres, nas
entrevistas feitas nos grupos 89% dos entrevistados são mulheres (vide o gráfico 1)
Mulheres e homens são iguais perante a lei, mas têm diferenças no acesso aos recursos
financeiros e ao poder, determinando a condição e a posição delas na sociedade, por exemplo,
em muitos casais cabe ao homem a tarefa de tomar decisões, reservando a mulher um papel
subalterno e secundário.

40
Como forma das mulheres deixarem de pertencer ao grupo das pessoas mais pobres, dependentes
e submissas aos seus maridos adoptam o sistema de GPC, para conquistar a sua liberdade
financeira e auto-estima através da prática de actividades de geração de rendimentos.

As vezes as mulheres que conseguem acumular certo capital não tem poder suficiente para se
fazerem valer perante aos seus maridos, ou têm uma maneira de pensar e de agir que é muito
influenciada por eles. No final de ciclo algumas mulheres que recebem o capital acumulado não
conseguem multiplicar ou diversificar o nível do seu negócio ou ainda adquirir algum bem
valioso para sí e sua família, porque o marido apodera-se do capital para sustentar seus vícios e
caprichos em deterimento do bem-estar familiar, perpatuando a mulher na situação de
dependência e pobreza.

A participação das mulheres no sistema de GPC é muito importante, mas isso só não basta. É
importante que elas tenham a sensibilidade e a consciência das desigualidades de poder entre
homens e mulheres e estejam comprometidas a lutar contra, em vez de assumirem atitudes e
comportamentos machistas.

Para além de representarem os seus interesses, acima de tudo, lembrar-se de que são mulheres e,
como tal, devem ser representantes das necessidades e das expectativas das outras que não têm a
mesma oportunidade de melhorar a sua situação financeira, social e até sobre aspectos da sua
própria vida.

Gráfico 1: Género

41
Genero

11%
Masculino
Femenino

89%

Fonte: extraidos na entrevista, 2023

espelhando que a população é maioritariamente adualta e estão numa faixa etária em que há
necessidade de praticar alguma actividade de geração de rendimento e acumular capital para
poder proporcionar alimentação e habitação condigna, saúde e educação à família assugurando-
lhes o bem- estar social e económico.

Nota-se uma participação massiva de membros com mais de 50 anos, que fazem parte do grupo
de fundadores do programa de poupança e crédito.

No geral os grupos de poupança a idade minima para fazer parte é de 18 anos, abaixo temos o
grafico representativo das faixas etárias dos nosso entrevistados:

Gráfico 2: Faixa etária

42
Faixa etária
4

2 2

20 a 30 anos 31 a 40 anos 41 a 50 anos mais de 50 anos

Fonte: extraidos na entrevista, 2023

Segundo os resultados obtidos do inquérito 56% dos membros entrevistados frequentaram


escola, sendo a classe mais alta a que corresponde o intervalo de 1 ª a 4 ª classes com uma
(gráfico 3).

Enquanto isso, insentivam aos membros da sua família na idade escolar a frequentarem às aulas

para que no futuro consigam uma formação, alguns tem filhos licenciados e em formação em
universidades , (auto) emprego e melhores níveis de rendimento.

Gráfico 3: Escolaridade

43
Escolaridade

[] sem Escolaridade
Primário
Secundario
Lincenciatura
[]

Fonte: extraidos na entrevista, 2023

Dos grupo entrevistado, uma parte faz parte dos membros fundadores em 2007, quando a
iniciativa chegou na associação que contava com uma direcção dominada por homens, aos
poucos as mulheres assumiram cargos de direção nos grupos, o primeiro grupo fundado não tem
todos os membros fundadores associados, apos a compreensão da dinâmica dos grupos de
poupança e credito foram criados novos grupos ate atingir o nr de 22 grupos activos, ja tiveram
mais grupos, mas não deram continuidade devido algumas dificuldade na devolução de
emprestimos obtidos.

44
Gráfico 4: Tempo de participação em GPC

Tempo de parti cipação em GPC

3
2

0
1 a 5 an o s 6 a 1 0 an o s 1 1 a 1 5 an o s 1 5 a 2 0 an o s m ai s de 2 0
an o s

Fonte: extraidos na entrevista, 2023

No que concerne empregos formais, o grupo todo de entrevistados dedica-se realização de


actividade de geração de rendimento, entre pequenos comércios, produção agrícola, com
destaque na produção de hortícolas (nas margens do rio Zambeze) para comercialização. Neste
caso, eles produzem uma parte da colheita vai para o consumo familiar e a outra é vendida para
melhoria da dieta alimentar e cobertura de outras necessidades básicas, para além de acumular
capital para efectuar poupança em cada mês.

Outros membros que praticam actividade de geração de rendimento, dedicam-se a


comercialização de hortícolas. Na sua maioria são mulheres que adquirem os hortícolas frescas
nos postos de primeira venda para posterior revenda nos mercados locais ou fora do bairro. Tem
uma parte dos membros que dedicam-se a comercialização de diversos produtos, tais como
géneros alimentícios, vestuários, calçados e produtos de higiene e limpeza, adquiridos nas lojas a
grosso.

45
Gráfico 5: Emprego formal

emprego

tem trabalho formal


não tem trabalho formal

100%

Fonte: extraidos na entrevista, 2023

4.3. Analise e interpretação de dados sobre a contribuição dos grupos de


poupança e crédito no financiamento de familias menos favorecidas.

4.3.1. Formação de grupos


O processo de formação dos grupos de poupança e crédito (GPC) no bairro Mpadue foi levado à
cabo primeiramente pelo presidente da associação de Camponese de Mpadue, que numa das
conferencias inter provinciais lhe foi explicado o programa que ja era executado em outras
provincias como forma de ajudar na obtenção de capital para compra de Insumos Agricolas. Foi
formado um grupo no bairro . As principais

mensagens do presidente da associação foi de que como o grupo de GPC, os membros da


comunidade poderiam poupar e emprestar dinheiro no grupo sem precisar de procedimentos
administrativos normalmente requeridos pelas instituições financeiras. Com estas mensagens, a
comunidade aceitou aderir ao programa e assim criaram-se os primeiros grupos nos dentro da
associação de camponeses no Mpadue em 2007.

46
A medida que os grupos eram criados e para garantir a sustentabilidade do programa, a
Asssociação procurou ajuda do GAPI para ajudar no Calculo dos juros gerados pelos
emprestimos e e na distribuição de juros finais mediante as poupanças feitas por cada membro do
grupo. Foram identificados Animadores, para ajudar nos calculos e monitoria dos grupos. Os
Animadores são agentes prestadores de serviços aos grupos de GPC, com conhecimento sobre
funcionamento da metodologia de GPC incluindo a distribuição de recursos financeiros.

Na fase de organização, o grupo é criado e os membros elegem o comité de gestão e elaboram o


regulamento interno/estatuto com ajuda dos Animadores/Técnicos. Nesta fase são definidas as
regras de funcionamento do grupo como sejam a periodicidade e montantes para poupança,
crédito, fundo social, taxa de juros assim como a periodicidade das reuniões do grupo e as
sanções aplicadas aos membros do grupo em caso de incumprimento ou falta nas actividades do
grupo.

os membros do grupo foram formados sobre a gestão financeira, especificamente, sobre o


preenchimento das cadernetas de poupança e crédito Pela GAPI e SOS.
Para que o grupo transite da fase de organização para a fase de desenvolvimento é necessário
satisfazer os seguintes requisitos:

 Os membros devem conhecer os regulamentos/estatutos e os saldos;

 Participar das reuniões;

 Os membros pagam multas para as transgressões definidas noscregulamentos/estatutos;

 A comissão de gestão sabe preencher a caderneta de poupança; e

 A comissão de gestão, sabe liderar uma reunião de poupança, incluindo a recolha do

fundo social e a poupança segundo os procedimentos definidos.

4.3.2. Legalização dos grupos de poupança


Os grupos apos a formação não foram legalizados, apenas receberam apoio de algumas ONG’s
que tem em seus programas Poupança e Credito em termos de formação e material para registo
de dados, as ONG’s que que deram esses apoios tem uma licença para operar no ramo de Micro
credito, mais não foi estendido aos grupos que apoiam.

47
Existe uma iniciativa interna de legalizar os grupos de poupaça e credito rotativo devido aos a
algumas dificuldades que tem enfrentado nos ultinmos anos, alguns membros não tem honrado
com os compromissos financeiros e ha uma dificuldade de penaliza-los perante a essa situação,
isso faz com que haja fragilidade no processo deixando brechas.

Ha uma necessidade de blindar os membros de possiveis constrangimentos, razão pela qual a


legalização desses grupo traria uma garantia a mais para quem confia o seu dinheiro a poupança.

Segundo a comissão dos grupos de poupança, eles solicitaram apoio a Liga de direitos humano
para que tivessem acessoria juridica para a legalização do grupo e aguardam a resposta desde
2020.

4.3.4. Estrutura organizativa dos grupos de pupança e creditos

Os grupos de poupança e crédito rotativo (GPC) entrevistados são constituídos em média por

35 membros, sendo que este número variou entre 30 a 40 membros. A composição dos grupos
em termos de género é maioritariamente constituido por mulheres. Um dos grupos entrevistados
constituídos somente por mulheres afirmaram que não confiam nos homens pois estes podem
desviar o valor poupado no grupo, tal como o facto de que a participação dos homens nas
actividades do grupo é fraca. De notar que não foi observado nenhum grupo composto somente
por homens. Contudo, nos grupos mistos, 90% dos membros são mulheres.

As mulheres fazem poupança com finalidade de fazer face a pequenas despesas como por
exemplo compra de bens domésticos, vestuário, ou mesmo pagamento de pequenas despesas
diárias, enquanto que os homens optam por poupar valores que lhes permitam pagar
mensalidades escolares, compra de insumos agrícolas e ativos financeiros mais caros. Em
segundo lugar, os homens sentem vergonha dos métodos usados para obrigar ou persuadir os
membros da GPC a devolver o dinheiro emprestado nos casos em que estes não devolvem dentro
do prazo fixado pelo grupo. Outro factor referido é o facto de que os homens preferem o
consumo imediato do que a poupança.

Os grupos de GPC têm um comité de gestão que é composto pelos seguintes elementos:

 Presidente do grupo é responsavel pelo grupo, mediar conflitos do grupo, representar o


grupo nas reuniões, tomada de decisões em prol do grupo;

48
 Secretário do grupo também designado por Conservador de registo é responsável pelo
registo de todas as entradas e saida de dinheiro no grupo no caderno de controle,
preencher as fichas individuais de cada membro e participar no cálculo das contas finais;

 Tesoreiro é responsavel por gardar o valor que sobrar em caixa caso todo dinheiro não
tenha sido absorvido pelo grupo, recolher e gardar todo valor dos emprestimos no final
do ciclo para posteriormente distribuir;

 Dois Contadores de dinheiro que são responsaveis por contar dinheiro nos encontros
conferindo o valor a ser lançado nos livros de registo.

4.4. Critérios de acessibilidade de credito nas famílias menos favorecidas.


4.4.1. Dinâmica dos grupos

As actividades de poupança e crédito são desenvolvidas mensalmente durante as reuniões


mensais do grupo. De notar que cada grupo de GPC estabeleceu um dia dentro do mês em que os
membros se encontram para poupar e para emprestar dinheiro (crédito). A participação a estas
reuniões é obrigatória salvo casos de força maior e tal como está prevista no
regulamento/estatuto do grupo. Membros que faltam as reuniões do grupo sem justificação
prevista nos regulamentos/estatutos são sujeitos ao pagamento de multa no valor de 10 a 50
Meticais dependendo do que foi acordado por cada grupo. A ausência de forma reincidente o
membro pode ser afastado do grupo.

Os valores poupados mensalmente por cada membro do grupo variam geralmente de 10 a 50 000
Meticais, em função das disponibilidades financeiras do membro. Para além deste valor, os
membros são obrigados a contribuir o valor do fundo social que varia de 10 a 50 Meticais
mensalmente, que é usado para questões de emergência como doenças ou infelicidades.

Os fundos de poupança, juros, devolução de emprestimos e fundo social é concedido crédito aos
seus membros. De notar que o crédito é somente concedido aos membros do grupo a uma taxa de
juro previamente acordada no grupo.

As actividades de poupança e crédito decorem durante um ciclo que normalmente varia entre

6 a 12 meses. No fim do ciclo, os membros dividem o valor total da poupança e juros gerado

49
pelo grupo.

4.4.2. Estatuto/regulamento dos grupos de poupança e crédito


Os grupos são regidos por um regulamento/estatuto próprio elaborado pelos membros com a
ajuda do oficial de ONG’s que dão assistência. Contudo, estes grupos não estão oficialmente
registados, pois os membros têm reportado a falta de informação sobre os procedimentos para o
registo.

A GAPI founeceu um modelo de estatuto que foi replicado para todos os grupos criados, onde
cada um coloca as suas particularidade mediante o acordado em cada grugo, como por exemplo o
limite maximo de membros, valor minimo de deposito mensal, valor maximo de deposito
mensal, juros aplicados para depositos e emprestimos, duração do ciclo de poupança e credito,
valor de multas por infracção, disponibilizado em caso de ocorencias como infelicidades, doença
ou acidentes a retirar do fundo social do grupo, consequências/implicações em caso de não
pagamento de dividas do grupo, duração do mandato dos membros da direcção, membros da
direcção e seus devidos cargos.

Este documento é lido no primeiro encontro do grupo com todos os membros presente e assinado
na sequência, para os membros que não sabem assinar (tem um numero consideravel dos
mesmo) é disponibilizada a tinta para que timbre com a impressão digital, é obrigatorio que cada
membro do grupo conheça as regras e esteja de acordo para poder fazer parte, após a assinatura
deve ser fornecido o regulamento para que cada membro faça uma copia da mesma ou por
questão de organização é feita uma contribuição para que uma pessoa possa fazer as copias do
estatuto e distribuir para os membros.

4.4.3. Metodologia de calculo de juros e contas finais para distribuição.


Pelos emprestimos solicitados por cada membro o valor de juros é adicionado para pagar no mês
a seguir, a cobrança é mensal e os juros são sobrepostos, isto é se eu peço um valor no mes a
seguir pagarei os juros acordados e o valor da divida pode ser pacial ou completo dentro das
minhas condições, em caso de ausencia de pagamento no mês a seguir o valor dos juros será
adicionado ao valor inicial da divida formando um novo valor a pagar.

50
Pelo historico da associação, os calculos eram feitos todos pelos trecnicos da GAPI ja que os
membros dos grupos tinham limitações no calculo do valor final a ser distribuido entre os
membro.

As informaçoes cedidas pelo GAPI, tinham duas formas de calculo utilizado dependendo do que
o grupo acordar:

Metodo A: nessa metodologia calculado o peso da contribuição de cada membro, determinando


quanto receberá do ganho total dos juros obtidos.

Juros a receber= ( valor


total da poupança do grpo )
poupado por membro
x total de juros do ciclo

Valor total a receber=Total poupança por membro+ Juros a receber

Metodologia B: os juros eram distribuidos de forma equitativa, o tecnico calculava o valor


arecadado de juros no final do ciclo e dividia por igual a todos os membros e adicionava a
poupança individual de todo ciclo

Valor Total a receber=total poupança do ciclo + ( nrJuros


de membros do grupo )
do totais do ciclo
Metodologia B: que é a

de juros compostos, essa é a metodologia mais utilizada actualmente nos grupos, ja que segue a
mesma lógica dos empréstimos.

Nessa metodologia cada juro produzido em cada periodo de captalização é produzir juro(s) no(s)
periodo(s) seguinte(s), originando juros sobre juros.

Valor Total a receber= p1 x 1.jn + p2 x 1.jn + p3 x 1.jn.............................................

n n n
Valor Total a receber=P1 x 1. J + P2 x 1. J + P3 x 1. J

Onde p - é a poupança mensal

J- é o juro definido pelo grupo

N – são os meses que a poupança leva até a maturidade

51
Nesta metodologia de calculo os membros conseguem ter rentabilidade nos seus depositos,
fazendo com que os valores depositados nos primeiros meses sejam relativamente altos em
relação aos ultimos meses do ciclo para garantir uma maior colheita no final do ciclo.

Quadro 1: Valor médio Ganho nos últimos 3 anos por cada ciclo
Grupos Valor medio Ganho nos últimos 3 anos por cada ciclo
Boa nova 400 000.00
04 de outubro 600 000.00
25 de Junho 1 500 000.00
3 de Fevereiro 1 200 000.00
Kuthandiza azinji 500 000.00
Josina Machel 650 000.00
1 de Maio 1 000 000.00
7 de Abril 3 500 000.00
Fonte: extraidos na entrevista, 2023

4.5. Contribuição dos grupos de poupança e credito com os niveis de acessibilidade de


credito nas familias menos favorecidas do bairro mpadue.

4.5.1. Níveis de acessibilidade de crédito nos grupos de poupança e crédito nas famílias
menos favorecidas do bairro M’Padue
No entanto, apesar da contribuição dos grupos de poupança e crédito para melhorar a
acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas, ainda existem desafios relacionados às
políticas de crédito que precisam ser abordados.

Muitas instituições financeiras tradicionais impõem requisitos rigorosos para a concessão de


crédito, como histórico de crédito sólido, garantias tangíveis e renda estável. Esses requisitos
dificultam o acesso ao crédito para as famílias menos favorecidas, que geralmente não atendem a
esses critérios. O grupo de entrevistados nenhum dos participantes ja tentou solicitar um credito
em uma instituição financeira formal, ja que 100% dos entrevistados não trabalha e não possuem
bens de garantia.

52
Muitas famílias menos favorecidas podem não estar cientes das opções de crédito disponíveis ou
não possuem conhecimento suficiente sobre como solicitar e utilizar crédito de forma
responsável. A falta de informação adequada pode ser uma barreira significativa para acessar
crédito e limitar as oportunidades de crescimento financeiro.

Tem uma variavel muito importante que é a taxa de juros, Em alguns casos, as famílias menos
favorecidas podem enfrentar taxas de juros mais altas ao obter crédito, o que pode dificultar o
pagamento das dívidas. Isso pode levar a um ciclo de endividamento e dificultar a melhoria da
situação financeira.

4.5.2. factores que motivam a continuar com o grupo de poupança e credito e replicar os
mesmos.
Existem vários fatores que podem motivar os membros a continuar participando de um grupo de
poupança e crédito, aqui estão alguns que conseguimos constatar que podem contribuir para a
motivação dos membros:

 Os grupos de poupança e crédito oferecem aos membros a oportunidade de acessar


serviços financeiros, como poupança e empréstimos, que podem ser essenciais para
melhorar suas condições financeiras. A possibilidade de ter acesso a crédito de forma
conveniente e a taxas de juros mais baixas do que as oferecidas por instituições
financeiras formais pode é o motivador para os membros continuarem no grupo.
 Os grupos de poupança e crédito são baseados na confiança e no apoio mútuo entre os
membros. Esses grupos promovem a criação de laços sociais e o fortalecimento das
relações comunitárias. A interação regular com outros membros, o compartilhamento de
experiências e a colaboração em atividades financeiras podem criar um senso de
pertencimento e comunidade, o que motiva os membros a permanecerem no grupo.
 Os grupos de poupança e crédito capacitam os membros a terem controle sobre suas
finanças e a tomar decisões financeiras informadas. Essa capacitação financeira pode
ajudar a aumentar a autoconfiança dos membros e melhorar sua capacidade de lidar com
questões financeiras. O senso de autonomia e empoderamento resultante pode ser um
incentivo para que os membros permaneçam envolvidos no grupo.

53
 Os grupos de poupança e crédito oferecem um senso de apoio e solidariedade entre os
membros. Em momentos de dificuldades financeiras ou crises pessoais, os membros
podem contar com o apoio emocional e prático dos outros participantes do grupo. Esse
suporte social é um fator motivador para continuar a participar ativamente do grupo.
 Os grupos de poupança e crédito podem ter um impacto positivo não apenas nos
membros individuais, mas também na comunidade em geral. Ao fortalecer a estabilidade
financeira dos membros, esses grupos contribuem para o desenvolvimento econômico
local, a redução da pobreza e o aumento da resiliência financeira das famílias. O
reconhecimento desse impacto e a sensação de contribuição para o bem-estar da
comunidade é um motivador poderoso para os membros continuarem engajados.

4.5.3. Grupos de poupança e crédito na contribuição da melhoria da qualidade de vida


famílias menos favorecidas do bairro M’Padue.

Os grupos de poupança e crédito (GPC) e outras iniciativas financeiras similares podem


desempenhar um papel significativo na melhoria da qualidade de vida das famílias menos
favorecidas no bairro mpádue.
Os GPC fornecem acesso a serviços financeiros básicos, como poupança e crédito, que
podem ajudar as famílias a enfrentar desafios financeiros e aproveitar oportunidades de
crescimento econômico. Acesso a crédito pode permitir que eles invistam em educação,
saúde, melhorias habitacionais ou iniciem pequenos negócios.
Todos entrevistados usam o valor dos creditos que vão obtendo durante o ano pata investir
em pequenos negocios e impulsionar a sua produção agricola, o valor final que recebem no
final eles investem muito na melhoria da habitação e investem na educação dos seus filhos
Participar de um GPC ajuda as famílias a desenvolver hábitos de poupança, permitindo-lhes
acumular reservas financeiras e lidar com emergências imprevistas. Isso contribui para a
estabilidade financeira a longo prazo e reduz a vulnerabilidade.

54
4.6. Discussão de resultados.

4.6.1. Grupos de Poupança e Crédito na Inclusão Financeira


Os grupos de poupança e crédito têm-se mostrado modelos financeiros eficazes para promover a
inclusão financeira. Esses modelos são especialmente relevantes para atender às necessidades das
populações de baixa renda que possuem dificuldade em acessar serviços financeiros tradicionais.
Segundo Ferreira (1998) O sistema financeiro informal constitui uma alternativa para
acumulação de capital, acesso ao crédito sem recorrer as instituições financeiras nas
comunidades onde não existem bancos de microfinanças que poderão assegurar essas operações.
Esses grupos reúnem membros do bairro que contribuem mensalmente com uma quantia,
formando um fundo comum que é utilizado para fornecer empréstimos aos participantes. Essa
abordagem promove a cooperação e a responsabilidade mútua, além de estimular a poupança.

Os GGPC’s São utilizados essencialmente para o desenvolvimento de negócios, melhoria das


condições de habitação, aquisição de bens domésticos e de produção, cobertura de despesas
correntes e outros investimentos como educação dos filhos (Manjate, 2013).
Ao longo do desenvolvimento do trabalho podemos constar que realmente esse programa trouxe
uma grande mudança na qualidade de vida da população menos favorecida, trazendo a cultura de
poupança e pequenos investimentos, para além de terem noções mínimas de educação financeira
devida a pequenas formações fornecidas por ONG’s que tem em seu leque de actividades o
programa de poupança e crédito.

4.6.2. Contribuição dos Grupos de Poupança e Crédito para a Mobilização e Concessão de


Financiamento
Segundo Allen e Staehle (2011) espera-se que a literacia financeira conduza à inclusão
financeira, ao aumento dos activos para financiar pequenos negócios e à redução da pobreza e
inclusão social resultante da inter-ajuda dos fundos sociais dos GPC. Sob esta abordagem, estes
factores são vistos como sendo o mecanismo para alcançar o desenvolvimento local.
A literacia financeira refere-se à capacidade das pessoas compreenderem e utilizarem
efetivamente conceitos e ferramentas financeiras para tomar decisões informadas sobre suas
finanças pessoais e empresariais. Ao melhorar a literacia financeira dos membros dos GPC, eles

55
podem tomar decisões mais conscientes e informadas sobre suas poupanças, investimentos e
empréstimos.

Os GPC, por sua vez, fornecem um ambiente propício para a mobilização e concessão de
financiamento por meio de poupança e crédito. Ao contribuírem regularmente para um fundo
comum, os membros podem acumular recursos financeiros que podem ser utilizados para
empréstimos entre si. Isso permite que os membros acessem capital para financiar pequenos
negócios, investir em melhorias de suas condições de vida e enfrentar desafios financeiros.

A interajuda e a solidariedade presentes nos grupos de poupança e crédito também podem


contribuir para a redução da pobreza e a inclusão social. Ao compartilharem recursos e
conhecimentos, os membros dos GPC fortalecem sua capacidade econômica e social,
promovendo o desenvolvimento local.
A análise da contribuição dos grupos de poupança e crédito para a mobilização e concessão de
financiamento envolve diferentes podemos destacar a importância dos grupos de poupança e
crédito como uma forma de mobilizar recursos financeiros locais. Esses grupos permitem que as
comunidades acumulem fundos coletivos por meio de contribuições regulares e, assim, criem
uma fonte de financiamento interna.
Além disso, podemos analisar como os grupos de poupança e crédito promovem a inclusão
financeira, especialmente para populações de baixa renda que têm dificuldade em acessar
serviços financeiros formais. Esses grupos fornecem acesso a crédito e serviços financeiros
básicos, fortalecendo o capital social e a resiliência financeira das comunidades.
Portanto, a literacia financeira, a mobilização de recursos por meio de poupança e crédito e a
interajuda dos fundos sociais dos GPC são elementos importantes para alcançar o
desenvolvimento local, promover a inclusão financeira e reduzir a pobreza nas comunidades.

4.6.3. A contribuição dos grupos de poupança e crédito com os niveis de acessibilidade de


crédito nas famílias menos favorecidas do bairro mpadue

Segundo o BM (2017) a nível da inclusão financeira dos grupos de poupança e empréstimo


informais, em 2017 o FARE desenhou estratégias e políticas para a promoção dos grupos de

56
poupança e expansão da banca móvel no ano de 2017 que consistiram na bancarização e inclusão
financeira dos grupos das ASCAS.
A implementação de estratégias e políticas de bancarização e inclusão financeira dos grupos de
poupança e crédito informais, como as ASCAS, tem como objetivo principal ampliar o acesso
aos serviços financeiros formais para as famílias menos favorecidas. Isso significa que esses
grupos são incentivados a se tornarem parte do sistema financeiro formal, como bancos e
instituições financeiras, permitindo que eles tenham acesso a uma variedade de produtos
financeiros, incluindo crédito, durante a entrevista a GAPI, eles explicaram-nos que essa
iniciativa quando bem explorados os grupos podem tornara-se uma instituição de microcrédito
formal, apoiando mais famílias menos favorecidas com serviços e taxas de juros acessíveis
param maior abrangência.

4.7. Vantagens e desvantagens de Grupos de poupança e crédito


Aqui trazemos algumas vantagens e desvantagens que foram constatadas com a pesquisa feita:
4.7.1. Vantanges
 Com base na pesquisa feita os GPC trazem vantagens, os membros do grupo podem
filiar-se noutras organizações de poupança e crédito, permitindo-lhes fazer parte de outro
grupos de poupança a nível familiar ou amigável, dependendo do seu nível de
rendimento, no grupo entrevistado tivemos alguns casos de participantes que estão
associados a mais de um grupo para diversificar a poupança e ter o valor de credito e
poupança acrescentado.
 O GPC permite acumulação de capital e concessão de crédito sem recorrer as instituições
financeiras, deste modo, reduzindo-se o tempo de espera para aquisição de bens e
serviços que necessitam de uma soma avultada de valores para o seu consumo.
 Cria-se uma oportunidade de expansão de fonte de recursos financeiros, para além de
aumentar a confiança mútua, fortalecimento das relações sociais, capacidades
organizacionais e de liderança na comunidade.
 O sistema de controlo interno e contabilização é simples e transparente. Encoraja aos
membros a desembolsarem o capital e juro no fim de período estabelecido. Se faltar o
capital, o membro deverá adiantar no mínimo o juro e se poder, também uma parte do
capital em dívida de forma a amortizar aos poucos a sua dívida.

57
 Através do capital acumulado, no final do ciclo eleva-se o nível de rendimento familiar,
promove-se o costume de poupança, empreendedorismo, expansão do negócio, aquisição
de insumos para agricultura, melhoria da habitação, de saúde e da dieta alimentar.
 Há cada vez mais envolvimento crescente de mulheres trabalhando com capital próprio
proveniente de poupanças e multiplicação dos seus rendimentos através dos sistemas
GPC e prática de actividade de geração de rendimentos.

4.7.2. Desvantangens
 As desvantagens deste sistema consistem no impedimento de aplicações de longo prazo,
visto que, o período de reembolso do capital é extremamente curto.
 Quando distribuídas as poupanças no fim do ciclo de poupança, recomeça-se outro ciclo
com poupança nula. Para grupos com menor capacidade de poupança o montante de
crédito concedido tem sido reduzido (escassez de liquidez) em relação ao solicitado e
gera-se juros somente em caso de concessão de crédito.
 Também tem casos de grupos de tem liquidez no meio do ciclo, fazendo com que a
projecção feita de juros a ganhar até no final do ciclo seja reduzida. Isso acontece muito
quando os ciclos de poupança são longos, nas véspera do término do ciclo acaba
sobrando muito dinheiro e ninguém se dispões a pegar, com isso o grupo encerra o ciclo
mais cedo.

58
CAPITULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

5.1. Conclusão
Com base nas informações disponíveis, podemos tirar algumas conclusões sobre os grupos de
poupança e crédito rotativos na inclusão financeira:

1. Quanto a contribuição dos grupos de poupança e crédito no financiamento de familias


menos favorecidas os grupos de poupança e crédito desempenham um papel fundamental
na promoção da inclusão financeira. Eles fornecem uma alternativa para as populações de
baixa renda que têm acesso limitado aos serviços financeiros formais, permitindo-lhes
economizar dinheiro e acessar crédito para investimentos produtivos.
Esses grupos têm a capacidade de mobilizar recursos financeiros locais, incentivando a
poupança regular entre os membros. Essa poupança coletiva cria uma fonte interna de
financiamento, que pode ser utilizada para empréstimos rotativos dentro do grupo.

2. Quanto aos critérios de acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas os


grupos de poupança e crédito oferecem uma opção de crédito flexível, com critérios de

59
concessão mais acessíveis do que os exigidos pelos bancos tradicionais. Isso é
particularmente benéfico para os membros dos grupos que não têm acesso a outras
formas de crédito devido à falta de histórico de crédito ou garantias. Além dos benefícios
financeiros, os grupos de poupança e crédito também promovem o fortalecimento do
capital social. Os membros se reúnem regularmente, estabelecem relações de confiança e
compartilham conhecimentos e experiências. Essas interações sociais podem levar a um
maior empoderamento e coesão comunitária.

3. Contribuição dos grupos de poupança e crédito com os níveis de acessibilidade de crédito


nas famílias menos favorecidas do bairro M’Padue, os grupos de poupança incentivam as
famílias a economizar regularmente, seja por meio de contribuições mensais ou depósitos
periódicos. Essas economias coletivas criam um fundo comum de recursos disponíveis
para empréstimos internos ao grupo. Dessa forma, os membros podem ter acesso a
crédito sem depender exclusivamente de instituições financeiras tradicionais. Ao
contrário das instituições financeiras convencionais, os grupos de poupança e crédito
geralmente não exigem garantias tangíveis ou históricas de crédito estabelecido. Em vez
disso, eles confiam na confiança e no compromisso mútuo dos membros do grupo. Isso
torna o crédito mais acessível para famílias de baixa renda que podem não ter acesso a
outras formas de financiamento.
Os grupos de poupança e crédito promovem o empoderamento econômico nas famílias
menos favorecidas, permitindo-lhes iniciar ou expandir atividades geradoras de renda.
Com o acesso a crédito, as famílias podem investir em pequenos negócios, agricultura,
artesanato, comércio local e outras atividades empreendedoras. Isso pode impulsionar o
crescimento econômico local, gerar empregos e melhorar as condições de vida das
famílias

A falta de regulamentação e supervisão adequadas pode expor os membros a riscos, como


fraudes ou má administração dos fundos. Além disso, a escala e o alcance desses grupos são
limitados, o que pode restringir seu impacto em toda a população.

60
No geral podemos concluir que os grupos de poupança contribuem para a mobilização e
concessão de financiamento para as famílias menos favorecidas do bairro M’Padue na cidade de
Tete. Eles oferecem oportunidades de crédito mais acessíveis, empoderam economicamente as
famílias, promovem a educação financeira e fortalecem as redes sociais. Esses fatores
combinados ajudam a impulsionar o desenvolvimento econômico local.

5.2. Recomendações
Para melhorar a gestão de grupos de poupança e crédito, algumas recomendações podem
ser consideradas:

1. Fortalecimento da Capacitação: Proporcionar treinamento e capacitação adequados para


os membros dos grupos de poupança e crédito é essencial. Isso inclui educação financeira
básica, habilidades de gestão financeira, governança e liderança. O conhecimento e as
habilidades aprimoradas ajudarão os membros a tomar decisões informadas, administrar
efetivamente os fundos do grupo e garantir a sustentabilidade a longo prazo. Investir em
programas de capacitação e educação financeira para os membros dos grupos de
poupança e crédito, fornecendo conhecimentos básicos de gestão financeira,
empreendedorismo e desenvolvimento de habilidades técnicas. Isso aumentará a eficácia
dos grupos e ajudará a melhorar o planeamento financeiro dos participantes.
2. Estabelecimento de Normas e Regulamentos: Promover a adoção de normas e
regulamentos claros para a operação dos grupos de poupança e crédito é crucial. Isso
inclui a definição de regras para adesão, contribuições, empréstimos, taxas de juros,
penalidades por atraso e processos de tomada de decisão. O estabelecimento de diretrizes
claras ajudará a evitar conflitos e garantir um ambiente transparente e confiável.
3. Implementação de Sistemas de Monitoramento e Avaliação: Desenvolver sistemas de
monitoramento e avaliação robustos é fundamental para acompanhar o desempenho dos
grupos de poupança e crédito. Isso envolve o estabelecimento de indicadores-chave de
desempenho (KPIs) relevantes, como taxa de adesão, taxa de poupança, taxa de
inadimplência, retorno sobre o investimento, entre outros. Esses sistemas ajudarão a
identificar desafios, avaliar o impacto e fornecer feedback para melhorias contínuas.
Implementar sistemas robustos de monitoramento e avaliação para acompanhar o

61
desempenho dos grupos de poupança e crédito rotativo, identificar áreas de melhoria e
fornecer feedback contínuo aos participantes. Isso ajudará a garantir a transparência, a
responsabilidade e a sustentabilidade desses modelos financeiros.
4. Integração de Tecnologia Financeira: Aproveitar as soluções de tecnologia financeira,
como aplicativos móveis e plataformas de pagamentos digitais, pode melhorar a
eficiência e a transparência dos grupos de poupança e crédito. Essas ferramentas podem
facilitar a coleta de contribuições, o acompanhamento de transações, a gestão de
empréstimos e o acesso a informações em tempo real. Além disso, a tecnologia pode
auxiliar na criação de registros digitais precisos e no aumento da segurança dos fundos do
grupo. Explorar o uso de tecnologias financeiras inovadoras, como pagamentos móveis e
plataformas digitais, para facilitar as operações dos grupos de poupança e crédito. Isso
pode melhorar a eficiência, a transparência e a acessibilidade dos serviços financeiros,
além de reduzir os custos operacionais.
5. Parcerias com Instituições Financeiras e Organizações de Desenvolvimento: Estabelecer
parcerias com instituições financeiras formais e organizações de desenvolvimento pode
trazer benefícios significativos para os grupos de poupança e crédito. As instituições
financeiras podem fornecer suporte técnico, assistência na criação de contas bancárias e
acesso a serviços financeiros adicionais, como empréstimos de maior valor. As
organizações de desenvolvimento podem oferecer orientação, recursos e conexões para
expandir as oportunidades de financiamento e desenvolvimento de projetos. Estabelecer
parcerias com instituições financeiras, organizações não governamentais (ONGs) e
agências governamentais para obter suporte técnico, acesso a linhas de crédito maiores e
recursos adicionais. Essas parcerias podem fortalecer os grupos de poupança e crédito,
aumentando seu alcance e impacto.
6. Intercâmbio de Experiências: Promover o intercâmbio de experiências e melhores
práticas entre os grupos de poupança e crédito permitirá que eles aprendam uns com os
outros e identifiquem abordagens mais eficazes para promover a inclusão financeira,
podemos ver que cada grupo tem uma metodologia de cálculo do valor final a receber,
isso permitirá que tenham visibilidade de qual metodo é mais eficaz e justo.

62
Ao implementar essas recomendações, é importante levar em consideração as particularidades do
contexto local e envolver ativamente os membros dos grupos de poupança e crédito nas decisões
e no planejamento. A melhoria da gestão desses grupos ajudará a fortalecer sua capacidade de
mobilizar recursos, fornecer acesso a crédito e promover a inclusão financeira de maneira
sustentável. Os grupos podem fortalecer seus modelos de gestão de microcrédito e promover a
inclusão financeira de forma mais abrangente, proporcionando oportunidades econômicas para as
populações de baixa renda e contribuindo para o desenvolvimento sustentável.

REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS
1. Banco de Moçambique. (2017). Relatório de Inclusão Financeira 2017. Recuperado em
23 de Julho,2019, em: http://www.bancomoc.mz/fm_pgtab1.aspx?id=302.
2. Manjate, J. 2013). Grupos de Crédito estimulam poupança. Jornal Noticias, 9.
3. IESE .(2014). Desafios para 2014. Recuperado em 19 de Julho, 2019,
www.iese.ac.mz/lib/publication/livros/des2014/IESE-Desafios2014_06_FinRur.pdf
4. Sampieri, R. H. Et al. (2006). Metodologia de Pesquisa (3a Ed). São Paulo: Mc Graw-
Hill.
5. Gil, A. C. (2008). Como Elaborar Projectos de Pesquisa. (4ª ed.). São Paulo: Atlas.
6. VOSS, C.; TSIKRIKTSIS, N.; FROHLICH, M. Case research in operations management.
International Journal Of Operations & Production Management, v. 22, n.2,p.195-219,
2002. Recuperado em 23 de Julho de 2019,
https://www3.ufpe.br/moinhojuridico/images/ppgd/8.12a%20estudo%20de%20caso.pdf.

63
7. Shete, M. e Garcia, R. J. 2011. “Agricultural credit market participation in Finoteselam
town, Ethiopia”. Journal of Agribusiness in Developing and Emerging Economies,
1(1):55-74. Recuperado em 15 de Agosto de 2019,
https://www.researchgate.net/publication/241675816_Agricultural_credit_market_partici
pation_in_Finoteselam_town_Ethiopia
8. Allen, H. & Staehle, M. (2011) Associações Comunitárias de Poupança e Empréstimo
(ACPE). Guião de Formação do Agente Comunitário. VSL Associates. Alliance for
Financial Inclusion (2014) Alliance for Financial Inclusion (AFI) member institutions.
Recuperado em 15 de Agosto de 2019: http://www.afi-global.org/afi-network/members

9. Bello, José Luís de Paiva, (2007), metodologia científica: manual para elaboração de
textos acadêmicos, monografias, dissertações e teses, Rio de Janeiro.

10. Canastra, Fernando et all (2014), Manual de Investigação Científica da Universidade


Católica de Moçambique,1ª edição, Craft Chadambuka, Beira.

11. Pilati, R. & Juliana B. Porto (1998), Apostila Para Tratamento De Dados Via SPSS,
Recuperado em 18 se Outubro de 2019 em
https://social.stoa.usp.br/articles/0016/4637/apostila_SPSS_Porto_.pdf

12. Ferreira, A. B. H.(1986). Novo dicionário da língua portuguesa( 2ª edição). Rio de


Janeiro: Nova Fronteira.

13. Sarma, M. (2008). “Index of Financial Inclusion”. Discussion Papers in Economics nº.
10-05. Centre for International Trade and Development. School of International Studies.
Jawaharlal Nehru University.India.

14. Grupo de Ação Financeira (GAFI) - Definição de Inclusão Financeira:


http://www.fatfgafi.org/media/fatf/documents/reports/Defining-and-Measuring-Inclusive-
Financial-Inclusion.pdf

15. Inclusão Financeira em Moçambique:


https://documents.worldbank.org/pt/publication/documentsreports/documentdetail/
332881525873182837/The-Global-Findex-Database-2017-Measuring-Financial-
Inclusion-and-the-Fintech-Revolution

64
16. Portes, R. (2005). Social capital: its origins and applications in modern sociology. Annual
Review of Sociology, 24, 1-24.

17. Bateman, M., & Chang, H. J. (2012). Microfinance and the illusion of development:
From hubris to nemesis in thirty years. World Economic Review, 1, 13-36.

18. Armendariz, B., & Morduch, J. (2010). The economics of microfinance (2nd ed.). MIT
Press.

19. Cull, R., Demirguc-Kunt, A., & Morduch, J. (2018). Bankers without borders?
Implications of ring-fencing for European cross-border banks. Journal of Financial
Intermediation, 33, 61-74.

20. Ghatak, M., & Guinnane, T. W. (1999). The economics of lending with joint liability:
Theory and practice. Journal of Development Economics, 60(1), 195-228.

21. Karlan, D., & Zinman, J. (2011). Microcredit in theory and practice: Using randomized
credit scoring for impact evaluation. Science, 332(6035), 1278-1284.

22. Khandker, S. R. (2005). Microfinance and poverty: Evidence using panel data from
Bangladesh. The World Bank Economic Review, 19(2), 263-286.

23. Morduch, J. (1999). The microfinance promise. Journal of Economic Literature, 37(4),
1569-1614.

24. Narayan, D., Pritchett, L., & Kapoor, S. (2009). Moving out of poverty: Success from the
bottom up. Palgrave Macmillan.

65
APÊNDICES A

Apêndices A - Questões da Entrevista aos Membros do GPC.


O questionário tem como finalidade a recolha de informação para efeito do estudo de caso como
parte integrante do trabalho final de curso de Mestrado em Gestão e Administração de Negócios
(MBA) do estudante Silvia Joi, com o tema Análise da contribuição dos grupos de poupança
e crédito para a mobilização e concessão de financiamento, estudo de caso: as famílias
menos favorecidas do bairro Mpadue na cidade de Tete (2013-2018) e a informação
disponibilizada por sí servirá somente para efeitos académicos.

Data: 28/02/23 Local: M’Padue

Parte A: Identificação do Entrevistado

66
1. Assinale com x o que representa o seu sexo.
A. Masculino

B. Feminino

2. Qual é a sua faixa etária?

A. 20 anos a 30 anos B. 31 a 40 anos

C. mais de 50 anos D. 41 a 50 anos

3. Qual é o seu Nível de Formação Académica?


A. Primário B. Secundário C. Licenciado

D. Pós graduado E. Mestre F. Doutorado

4. Há quanto tempo participa?

A. Menos de 1 ano B. Há 1ano C. Há 2 anos D. Mais de 2 anos

Parte B: Questionário de colhimento de opiniões e pontos de vista sobre a contribuição dos


grupos de poupança e crédito no financiamento de familias menos favorecidas.

1. Faz parte de algum grupo de poupança e crédito comunitário?

Sim ( ) Não ( )

2. A participação no GPC trouxe alguma vantagem financeira?


3. A metodologia usada nos GPC facilita a gestão das suas finanças?
4. O Grupos de poupança e crédito no financiamento de famílias menos favorecidas
tem contribuído para melhorar a sua condição de vida.

Parte C: Questionário de colhimento de opiniões e pontos de vista sobre os critérios de


acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas.

5. O que levou a aderir ao GPC?


6. Quais são o principal constrangimento que já se deparou no GPC?
7. Quais são os principais benefícios que o GPC trouxe para sua vida? O que são, na sua
opinião, grupos de poupança e credito? Dê-me exemplos de poupança e créditos, por
favor?

67
8. O/a Senhor/a julga importante a conceção de créditos?
9. O grupo possui políticas de poupanças e créditos?
10. Quais são os critérios de acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas.
11. Os Créditos são para todos ou há diferenças entre os da direção e dos membros? Se
sim Pode-me dar exemplos desses?
12. Já recebeu alguns créditos concedidas pelo GPC?
A. Sim B. Não C. Se Sim, Qual foi o
valor?----------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------
13. O GPC limita-se a oferecer os créditos?
A. Sim B. Não

Parte D: Questionário de colhimento de opiniões e pontos de vista relação entre os grupos


de poupança e credito com os níveis de acessibilidade de crédito nas famílias menos
favorecidas do bairro M’Padue.

1. Na sua opinião os GPC tem relação com os níveis de acessibilidade de crédito nas
famílias menos favorecidas do bairro M’Padue? De que forma é que acha que isso se
manifesta?
2. Encontra dificuldades com relação as políticas de crédito nas famílias menos favorecidas
do bairro M’Padue?
3. Acha que GPC, ou outros diferentes, poderiam contribuir para melhorar a qualidade de
vida famílias menos favorecidas do bairro M’Padue?

APÊNDICES B

Apêndices B - Questões da Entrevista aos Gestores do GPC


O questionário tem como finalidade a recolha de informação para efeito do estudo de caso como
parte integrante do trabalho final de curso de Mestrado em Gestão e Administração de Negócios
(MBA) do estudante Silvia Joi, com o tema Análise da contribuição dos grupos de poupança
e crédito para a mobilização e concessão de financiamento, estudo de caso: as famílias
menos favorecidas do bairro Mpadue na cidade de Tete (2013-2018) e a informação
disponibilizada por sí servirá somente para efeitos académicos.

Data: 28/02/23 Local: M’Padue

68
Parte A: Identificação do Entrevistado

1. Assinale com x o que representa o seu sexo.


C. Masculino

D. Feminino

2. Qual é a sua faixa etária?

A. 20 anos a 30 anos B. 31 a 40 anos

C. mais de 50 anos D. 41 a 50 anos

3. Qual é o seu Nível de Formação Académica?


A. Primário B. Secundário C. Licenciado

D. Pós graduado E. Mestre F. Doutorado

4. Há quanto tempo participa?

A. Menos de 1 ano B. Há 1ano C. Há 2 anos D. Mais de 2 anos

Parte B: Questionário de colhimento de opiniões e pontos de vista sobre a contribuição dos


grupos de poupança e crédito no financiamento de familias menos favorecidas.

1. Quando é que este grupo foi criado?


A. Menos de 1 ano B. Há 1ano C. Há 2 anos D. Mais de 2 anos
2. Quem criou o grupo?

3. Como foi criado? Explique


4. Para quê este grupo foi criado?
5. Será que este grupo foi registado legalmente?
6. Se não porquê? Existe ideias de legalizar o grupo?
7. O grupo tem um estatuto ou regulamento próprio?
8. Se não como as regras do grupo são estabelecidas e cumpridas pelos membros?
9. Quantos membros o grupo tem? _distinguir os membros por género.

69
10. Qual é a organização administrativa do grupo? (eg, presidente, secretário, tesoureiro)
Indique os nomes para cada função e distinga os líderes do grupo por género.
11.Quais são os objectivos do grupo?
14. Pode providenciar dados sobre as poupanças feitas e valores recebidos após a
poupança por cada membro?
15. Como os recursos do grupo são distribuídos pelos membros?
Parte C: Questionário de colhimento de opiniões e pontos de vista sobre os critérios de
acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas.

1. Que tipo de serviços financeiros o grupo beneficia?


2. Existe uma ligação do grupo com instituições financeiras formais, semi-formais e
informais? Que tipo de ligações?
3. Pode providenciar dados referentes aos créditos recebidos incluindo juros pagos por
cada membro?
4. O/a Senhor/a julga importante a conceção de créditos?
5. O grupo possui políticas de poupanças e créditos?
6. Quais são os critérios de acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas.
7. Os Créditos são para todos ou há diferenças entre os da direção e dos membros? Se
sim Pode-me dar exemplos desses?
8. Já recebeu alguns créditos concedidas pelo GPC?
A. Sim B. Não C. Se Sim, Qual foi o
valor?----------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------
9. O GPC limita-se a oferecer os créditos?
A. Sim B. Não

Parte D: Questionário de colhimento de opiniões e pontos de vista relação entre os grupos de


poupança e credito com os níveis de acessibilidade de crédito nas famílias menos favorecidas do
bairro M’Padue.

1. Na sua opinião os GPC tem relação com os níveis de acessibilidade de crédito nas
famílias menos favorecidas do bairro M’Padue? De que forma é que acha que isso se
manifesta?
2. Qual é o nível de satisfação dos membros dentro do grupo?

70
3. Quais são os factores que fazem com que os membros estejam motivados em continuar
com o grupo de poupança e credito?
4. Será que grupo beneficia de formações? Se sim que tipo de formações e quem ofereceu?
5. Encontra dificuldades com relação as políticas de crédito nas famílias menos favorecidas
do bairro M’Padue?
6. Acha que GPC, ou outros diferentes, poderiam contribuir para melhorar a qualidade de
vida famílias menos favorecidas do bairro M’Padue?

ANEXOS

71

Você também pode gostar