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MARCELO M.

CORGHI

V I D A
R I C A
FINANÇAS NÃO É
SÓ DINHEIRO
VIDA RICA

Finanças não é só dinheiro

Marcelo M. Corghi
2020
Marcelo Mussarelli Corghi

Copyright © 2020 Marcelo Mussarelli Corghi


Todos os direitos reservados.

Livro: Vida Rica – Finanças Não é Só Dinheiro

Diagramação e Capa: Marcelo Mussarelli Corghi

Corghi, Marcelo Mussarelli - 1ª Edição - Publicação independente, 2020.


“Ideias e somente ideias podem iluminar a escuridão.”

Ludwig Heinrich Edler von Mises


AGRADECIMENTOS

Quero agradecer a minha esposa, Camila Marques Pereira, que desde o


início sempre me apoiou nessa empreitada pelo mundo das finanças.

Aos meus pais e minha família, sem eles eu jamais teria chegado até aqui.

Aos blogueiros de finanças pessoais e investimentos Brasil afora, que


sempre incentivaram o Vida Rica, e ajudaram com material e críticas para
este projeto, talvez até mesmo sem saber disso.

A Deus, que me permitiu estar vivo para concluir esta obra.

Por fim, agradeço a você, leitor, que está prestigiando esta publicação.
APRESENTAÇÃO

Seja bem-vindo ao meu terceiro livro!

Depois que criei o Vida Rica, meu site de educação financeira, acabei de
me descobrindo um escritor. Já publiquei outros dois livros que falam sobre
o mundo das finanças pessoais, sendo um deles especificamente sobre
imóveis. Mas agora eu queria escrever algo diferente, algo que falasse sobre
dinheiro, mas sem falar somente sobre dinheiro, sem precisar ocupar espaço
com dezenas de contas, fórmulas, números e gráficos. E sinceramente,
acredito ter alcançado meu objetivo com este livro. Se você esbarrar em
alguma tabela ou gráfico ou conta por aqui, saiba que ele só se encontra no
texto porque é realmente indispensável. Todas as contas, fórmulas e
equações que eram dispensáveis, foram cortadas.

Este livro é de investimentos? Sim, um pouco. Educação financeira? Sim,


também tem bastante disso aqui. Auto-ajuda? Com certeza! Biográfico?
Claro, já que vários textos refletem minhas experiências pessoais, que
decidi apresentar aqui.

O livro está dividido em três partes: família, finanças e hábitos. Cada uma
dessas seções contém pelo menos uma dezena de textos relacionados com
o tema, alguns inéditos, outros nem tanto.

Desejo que aproveite a leitura, e que possa compreender que, apesar de


educação financeira envolver dinheiro, ela não precisa falar apenas sobre
isso, mas também pode envolver e afetar positivamente nossos hábitos,
relacionamentos e qualidade de vida.

Que sua vida seja extremamente rica!


I. FAMÍLIA
PERDENDO O MEDO DO DINHEIRO

O Brasil tem uma cultura de menosprezar quem enriquece, ou quem tem


muito dinheiro, pelo motivo que for. É comum as pessoas apontarem o dedo
para quem tem mais posses, afirmando que se trata de um bandido, de um
político corrupto e afins.

Esta é a primeira barreira que precisamos derrubar. O dinheiro não é a


origem de todo o mal, não é pecaminoso, não é coisa de gente ruim. Ele é
apenas uma ferramenta, tal qual um martelo ou uma chave de fendas. O que
faz com que o dinheiro produza maldades ou bondades é a índole de quem
o usa. Um milionário pode patrocinar obras de caridade, da mesma maneira
que outro pode corromper políticos visando beneficiar seus negócios. Então
precisamos tirar essa pecha do dinheiro, de que ele é uma representação do
mal e de tudo que há de ruim em uma sociedade.

Ao encarar o dinheiro apenas como uma ferramenta, um novo mundo se


abre. Quando percebemos o dinheiro como um meio de conseguir o que
desejamos, e não como um fim em si mesmo, deixamos de ser controlados
por ele, e passamos a ter uma visão mais inteligente sobre o que ele é e como
pode ser bem utilizado.
CONVERSANDO COM A FAMÍLIA

Vencido o primeiro obstáculo, que é o medo do dinheiro, chegamos a outro


que parece realmente instransponível para muitas pessoas: o diálogo com a
família. É comum que pais, mães e filhos conversem sobre a escola, o
trabalho, o lazer, as séries de TV, mas falar de dinheiro ainda é um imenso
tabu. Existem casais que sequer sabem quanto o parceiro ganha de salário,
enquanto outros escondem os gastos supérfluos do parceiro, e lógico, uma
geração de crianças que não aprende com os pais para que o dinheiro serve,
já que falar sobre isso em casa é um tabu gigantesco, e acabam crescendo e
se tornando adultos frustrados e endividados. A conversa é essencial para
mudar esse cenário.

Conversar com sua família sobre dinheiro é extremamente importante.


Dívidas e outros problemas financeiros são capazes de acabar com um
relacionamento. E acredito que você não deseja isso para a sua família,
certo?

O primeiro passo é tornar o assunto rotineiro, deixando o tabu para trás.


Sentem juntos para planejar o futuro, conversem sobre investimentos,
mostrem as dívidas e dúvidas que possuem um para o outro. Claro que não
precisa fazer isso já no primeiro encontro, mas conforme a relação for
ficando mais séria, ele deve ser um assunto tão importante como qualquer
outro. Transparência e clareza são fundamentais em um relacionamento,
principalmente sobre dinheiro.

E quando falo para conversar com a família sobre isso, também inclui seus
filhos. Mesmo que eles ainda sejam pequenos, é interessante que eles
participem, de forma que para eles pareça apenas uma brincadeira. É vendo
como os pais conversam e agem que eles irão aprender bastante sobre
finanças. Lembre-se que as crianças adoram imitar os pais em tudo, e com
dinheiro não é diferente. Se você for um perdulário e gastador, é bem
provável que seu filho também siga pelo mesmo caminho. O contrário
também é valido. Pais que são consumidores conscientes, investidores,
planejadores, induzem seus filhos a agir da mesma maneira.
CUIDAR DO SEU DINHEIRO FAZ SEU CASAMENTO
MAIS FELIZ!

Se existe uma coisa que muita gente tem tabu em conversar, essa coisa se
chama dinheiro. Pode observar, nós conversamos sobre novelas, filmes,
jogos, futebol, religião, política…, mas qual foi a última vez que você
conversou com alguém sobre dinheiro? Lógico, não é por isso que a partir
de hoje você vai sair falando sobre isso com qualquer um na fila do caixa
do supermercado. Mas falar sobre dinheiro, e principalmente cuidar bem
dele, é extremamente necessário.

O motivo dessa necessidade de falar e cuidar mais do seu dinheiro,


principalmente para jovens casais, está bem do seu lado, dentro da sua casa.
Problemas financeiros acabam com casamentos, como eu falei no capítulo
anterior. Então, se você pretende que seu casamento dure bem mais do que
as parcelas do financiamento da festa ou da lua-de-mel, é bom começar a se
educar financeiramente desde agora.

O sucesso financeiro de um casal está relacionado com poucas coisas. Não


é nada muito complexo, nem difícil. Vocês precisam ter sinceridade um
com o outro, e confiança, muita confiança. Sinceridade para não ficar
mentindo sobre os gastos, sobre aquele sapato que ela comprou no
shopping, ou aquele acessório para o carro que ele achou bacana. Esconder
os seus gastos do seu parceiro é um dos passos em direção à ruína. A falta
de clareza faz com que no fim do mês as contas não fechem, e que vocês
não saibam para onde foi todo o orçamento da casa.
Além disso, a falta de sinceridade acaba abalando a confiança um no outro.
E casamento sem confiança está condenado ao fracasso, ou no caso, ao
divórcio. Então quando o assunto é finanças do casal, sinceridade e
confiança tem que andar lado a lado.

Quando a conversa sobre dinheiro ocorre naturalmente, a vida fica mais


fácil.

Outra coisa muito importante: quando se casa, não existe mais seu salário e
meu salário. Se vocês se casaram e se propuseram a compartilhar uma vida
juntos, essa vida inclui também os salários e as contas. E nunca, nunca
mesmo a responsabilidade em relação às contas, poupança, investimentos,
aposentadoria deve ficar com apenas um dos dois. Ambos têm que ter
conhecimento da situação financeira da família. Vocês podem até entrar em
um acordo para que um dos dois fique responsável por manusear o dinheiro,
pagando as contas e fazendo os investimentos, mas a informação a respeito
de onde vai parar o dinheiro precisa ser compartilhada. E se os filhos já
tiverem idade para entender isso, eles também devem saber o que se passa.
Finanças é um assunto que atinge toda a família, então todos devem
saber qual é a situação econômica da casa. Isso também incentiva que todos
colaborem para a melhoria da situação, seja economizando onde podem ou
procurando um bico, uma renda extra. Novamente, sinceridade é
fundamental.

Se você já passou desse ponto, na sua casa o assunto finanças é debatido de


forma natural e sadia, então vem a parte fácil da história. São poucos passos
que levam à prosperidade financeira de uma família:
Conheça seus gastos

Anote tudo que gasta, seja num caderno, numa planilha ou num aplicativo,
e acompanhe mensalmente. Assim vai saber onde pode economizar, onde
pode aperfeiçoar as despesas, onde está gastando em excesso. Isso permite
localizar os “buracos negros” do orçamento familiar que estão engolindo
uma boa parte do seu salário.

Conheça sua renda

Por incrível que pareça, muita gente não tem ideia de quanto recebe, ou sabe
quanto ganha, mas confunde salário bruto com líquido. Aprendam: o valor
que você recebe que realmente importa para as contas mensais, é o valor
líquido, aquele valor depois dos descontos de INSS, Sindicato, etc.

Gaste menos do que ganha

Sabendo quanto você gasta e quanto você ganha, o próximo passo é fazer
sobra dinheiro no final do mês, e não mês no final do dinheiro. Analise onde
pode economizar, ou como pode aumentar suas receitas.

Poupança é despesa! Pague-a todo mês

Não entendeu? Explico. Sempre escuto a frase “se sobrar alguma coisa eu
guardo” e obviamente nunca sobra nada. Logicamente, para algumas
pessoas com salário baixo e muitas despesas, realmente nunca sobra. Mas
para a maioria das pessoas, o que falta é disciplina. A partir do momento
que você tem um valor que pode ser poupado, esse valor deve ser pago
mensalmente como se fosse uma conta. Você tem que se obrigar a poupar.
Precisa ter disciplina. Se você deixar para guardar o que sobrar, nunca vai
sobrar nada, porque você vai gastar.

Esse é só o início, o básico do básico sobre finanças domésticas. Mas com


esses pequenos e simples passos, sua situação financeira já começa a
melhorar.
SUA FAMÍLIA NÃO É SUA INIMIGA

Certa vez, tive a oportunidade de assistir ao filme Sala de Guerra (War


Room1, no original). É um filme que fala basicamente sobre o poder da
oração, e de como ela pode mudar vidas. É um excelente programa para ver
em família, muito melhor do que jornais e telenovelas, com certeza.

Sim, é um filme religioso. Mas não é sobre religião que quero falar,
especificamente, e sim sobre uma cena especial. Tem um dado momento do
filme onde a velha senhora fala assim, depois de uma passagem onde a
protagonista reclama muito do esposo:

"Seu marido não é seu inimigo! Não é contra ele que você tem que lutar!"

Quando ouvi isso, pensei “Uau, realmente faz muito sentido!”. É uma frase
que pode ser usada para abordar todas as facetas de um relacionamento,
apesar de aqui, neste livro, eu ficar apenas no âmbito financeiro.

Sua família não é sua inimiga!

Quantas vezes, durante um problema financeiro, quando as dívidas só


crescem e o dinheiro parece ficar cada vez mais curto, você não colocou a
culpa nos outros, na sua esposa consumista, no seu marido perdulário, nos
seus filhos que só sabem pedir dinheiro?

Acontece que eles são parte do seu time, da sua casa! Então se eles têm um
problema, ou não agem da maneira que deveriam, isso também é um
problema seu. Você tem que tomar parte disso e ajudá-los a aprender a
melhor maneira de agir. E mais do que isso, você precisa confiar neles.

1
Sala de Guerra (War Room). Direção: Alex Kendrick. 2015.
Como diz o Bastter 2, depois que vai morar junto não tem mais separação, é
tudo uma coisa só: uma casa, uma vida, uma família. O que afeta um afeta
a todos.

Então, pare de reclamar da sua esposa, do seu marido, dos seus filhos, e
comece a orientar e ajudar essas pessoas, para que vocês façam um time
mais forte. Sente, converse, explique os problemas, apare as arestas, mostre
os caminhos. Seu filho não vai aprender sobre dinheiro na escola, e caso seu
parceiro se endivide, isso também vai te afetar, afinal vocês são uma família.
O problema de um acaba sendo o problema de todos. E como uma equipe,
a situação só vai melhorar se vocês trabalharem juntos pelo mesmo objetivo,
que é melhorar a vida financeira e o relacionamento da família.

2
HISSA, Mauricio. Eu Quero Ser Rico. 2014
CUIDE DOS OUTROS PARA CUIDAR DE SI MESMO

Sou um fanático por podcasts, e você vai notar isso pela quantidade de
referências que serão feitas a eles neste livro.

Certa vez, ouvi um episódio do podcast O Investidor Inteligente, do Dicas


Curtas3, que falava sobre a importância dos empresários cuidarem da
educação financeira de seus funcionários, já que o endividamento e a falta
dinheiro trazem problemas aos colaboradores, problemas esses que
impactam no cotidiano das empresas.

Sei que ser dono do seu negócio é difícil, é preciso lidar com muitas tarefas
diversas (fornecedores, vendas, contas a pagar, impostos, funcionários,
marketing), principalmente se é um negócio pequeno, onde o dono é um
faz-tudo. Mas se você empreende e tem funcionários, é muito provável que
eles estejam nas estatísticas de milhões de endividados brasileiros. Segundo
os estudos4, é possível que de cada 10 funcionários seus, 6 estejam com
problemas financeiros.

Ajudá-los a arrumar as contas em casa pode ter retornos positivos no


ambiente de trabalho: menos afastamento por doença, menos stress, brigas,
melhor tratamento aos clientes, melhor desempenho...provavelmente as
coisas funcionarão melhor e de forma mais leve.

Veja bem, não estou falando para sair emprestando dinheiro para os
funcionários, ou pagando as dívidas deles. Mas você pode ajudar

3
Episódio 071 – Estresse financeiro e suas consequências nas empresas. Disponível em
https://dicascurtas.com.br/expert-investidor-inteligente. Acessado em 29/06/2020.
4
Endividamento dos brasileiros volta a crescer. Revista Exame, 08/05/2019. Disponível
em https://exame.com/blog/etiqueta-financeira/endividamento-dos-brasileiros-volta-a-
crescer/. Acessado em 01/07/2020.
repassando conteúdo, como esse podcast que coloquei acima, vídeos, livros,
fornecendo treinamentos. Existem muitas maneiras de ajudar. Não que isso
vá resolver todos os problemas da sua empresa e dos seus empregados, mas
se a causa da desmotivação, das brigas e do stress for problemas financeiros,
pode ser um belo impulso na melhoria dos resultados da empresa.

Esse tipo de treinamento também pode ser útil para você que vende para
pequenas empresas e profissionais liberais. Se seus clientes estão todos com
as contas em dia, sem dívidas, eles podem comprar mais de você, honrando
os prazos de pagamento, o que traz reflexos positivos para a sua empresa.
Pode ser uma boa ideia oferecer esse tipo de conteúdo em parceria com
clientes e fornecedores, de forma a diluir os custos e aumentar o alcance
desse conhecimento.

Quando você ajuda os outros, também ajuda a si mesmo. Pense nisso!


EU QUE SUSTENTO ESTA CASA!

Pode acontecer de, na sua família, apenas uma pessoa estar sustentando a
casa, seja por desemprego do parceiro, licença maternidade, problemas de
saúde. Aí vem a questão: quando isso ocorre, como fica a divisão do
dinheiro, principalmente se for um casal?

A resposta é simples: mesada. Sim, por mais estranho que isso possa
parecer, a mesada é uma ótima saída para esses casos. E falo por experiência
própria, já que quando me casei, minha esposa estava desempregada e
somente eu trabalhava. Foi então que decidimos lançar mão desse
expediente para administrar o dinheiro da casa, e continuamos fazendo isso
até hoje, com quase quatro anos de matrimônio.

Na verdade, é uma coisa bem fácil de ser feita.

O primeiro passo assim que receber o dinheiro é fazer o que sempre digo
aqui: pague-se primeiro, reservando o montante para sua independência
financeira, para a formação e multiplicação do seu patrimônio. Faça isso já
pensando na educação dos seus filhos, na compra da casa da família, na sua
aposentadoria. Esse passo é essencial e fundamental para o seu futuro.

O segundo passo, com o que sobrar do dinheiro, é usar para já pagar todas
as contas da casa: aluguel, condomínio, impostos, alimentação, transporte,
escola, energia, água, etc. Agora sim, com o que sobrou do seu dinheiro,
vamos a mesada, o nosso terceiro passo.

Uma sugestão é separar o dinheiro em três partes, da seguinte forma:


1. Uma parte para o lazer em conjunto e gastos extras da casa:
pequenos consertos, presentes, passeios, refeições fora de casa,
cinema, teatro, shows, enfim, tudo aquilo que fazíamos juntos.
2. A segunda e a terceira parte é a mesada de cada um, que vocês
podem gastar da forma que achar melhor, sem precisar ficar dando
satisfações para o outro.

Detalhe importantíssimo: mesmo que apenas um de vocês trabalhe, o ideal


é que a mesada seja idêntica para ambos. Afinal, quando vocês se casam,
não existe mais dinheiro seu e dinheiro dela. Existe apenas o dinheiro do
casal. O problema financeiro de um é o problema financeiro dos dois, bem
como a prosperidade e riqueza de um na verdade é de ambos. Se não quer
dividir suas contas e seus lucros com seu parceiro, não case. Fique apenas
namorando, more em casas separadas, não faça planos para o futuro.

Quando se casa, não se divide apenas o teto, a cama e o guarda-roupa, mas


também as contas e o dinheiro.

E quando seu parceiro/parceira voltar a trabalhar, é só manter o sistema, só


que agora o bolo de dinheiro será maior, logo, a mesada poderá ser maior
também.

Se quiser ir rápido, vá sozinho, mas para ir longe é preciso estar bem


acompanhado.
A FÁBULA DO BARCO A REMO

“Navegar é preciso, viver não é preciso.” - Petrarca

Você já assistiu uma competição de remo? Se sim, notou que os


competidores tentam sempre remar em sincronia com sua equipe. Os
melhores times chegam a parecer máquinas, de tão sincronizados. Um
exemplo bem visual disso é a competição de remo com oito remadores no
barco. A sincronia necessita ser perfeita para o time conseguir a vitória.

Mais importante do que a força e a velocidade das remadas, é a sincronia


entre os atletas. Quanto mais sincronizadas forem as remadas, mais rápido
o barco desliza.

Minha esposa, a Camila, fala sobre isso desde quando nos conhecemos: um
casal é como uma dupla em um barco à remo. Quando ambos remam na
mesma direção, em sincronia, o relacionamento vai bem.

Agora, quando acontece o contrário, com cada um remando em uma


direção, sem conjunto, ou quando apenas um dos dois rema e o outro fica
com os braços cruzados, a coisa vai mal e o relacionamento tende a não ser
muito duradouro. E quando vem os filhos, o número de remadores cresce.
Antes eram dois, agora são três, quatro, cinco. Nessa situação, a sintonia é
ainda mais necessária.

Isso vale para tudo em um relacionamento: trabalho, deveres domésticos,


filhos, e claro, dinheiro.
É necessário que a família tenha sonhos e planos definidos em comum, com
a participação e concordância de todos. Na maioria das famílias os recursos
são limitados, e se não houver esse planejamento, os sonhos não serão
realizados e a frustração será grande, provocando até mesmo o fim de um
relacionamento.

Por tudo isso, é importante sempre conversar com seu parceiro e seus filhos
sobre dinheiro. Determinem metas e tracem planos juntos, com cada um
cedendo um pouco, para que possam escolher os próximos objetivos de
forma consensual. É possível que um queira viajar para o exterior enquanto
outro planeja trocar o carro, então é preciso negociar e definir o que
realmente é importante. Como disse antes, é difícil que o dinheiro da família
seja suficiente para atingir todas as metas de uma vez, então é necessário
definir prioridades, e conforme elas forem sendo atingidas, você parte para
a próxima meta.

Todos precisam remar na mesma direção, em sincronia e sintonia. Se cada


um remar para onde quiser, o barco não vai a lugar nenhum...e se a bagunça
for grande, pode até mesmo afundar.
EDUCAÇÃO FINANCEIRA SÓ PARA BAIXINHOS

É um tanto quanto raro encontrar materiais sobre educação financeira


voltado para o público infantil. Eu, particularmente, não tive muito sucesso
nessa busca. Encontrei alguns vídeos da Turma da Mônica, um livro do
Reinaldo Domingos5 e outro do Gustavo Cerbasi6, e só. Nada além disso. A
maioria dos materiais são direcionados para pessoas mais velhas, que já
trabalham, e dispõem mensalmente de uma renda para gastar, poupar e
investir.

Do meu ponto de vista, isso é um grande problema: as pessoas crescem sem


nenhum ensinamento sobre finanças e quando começam a trabalhar e
receber dinheiro, não entendem a melhor maneira de utilizá-lo. A
consequência é uma grande quantidade de jovens que se endividam, não
entendem como funciona o cartão de crédito e o cheque especial, e logo
viram clientes de financeiras e agiotas, se afogando em um mar de dívidas.

Então, se você convive com crianças, sejam filhos, sobrinhos, netos ou


alunos, faça um grande favor para elas: converse sobre dinheiro com os
pequenos. Torne esse assunto corriqueiro na sua família, no seu entorno,
acabando com o tabu. Ouvindo sobre dinheiro elas ficarão curiosas e
passarão a perguntar sobre tudo o que for relacionado a esse assunto.
Envolva-as na hora de organizar o orçamento da casa, na hora de fazer
compras, na hora de investir e economizar. Se puder, utilize a mesada como
ferramenta para que elas lidem diretamente com o dinheiro.

5
DOMINGOS, Reinaldo. Mesada Não É Só Dinheiro. 2018.
6
CERBASI, Gustavo. Pais Inteligentes Enriquecem Seus Filhos. 2019.
A maior contribuição que você pode dar para seu filho é educação, inclusive
financeira. Não vai resolver nada fazer uma previdência privada infantil se
no décimo-oitavo aniversário do seu filho ele receber o dinheiro, mas não
saber o que fazer com ele. A possibilidade de que ele esbanje esse montante
em pouco tempo é muito grande. Você pode até poupar dinheiro para ele,
pensando no futuro, mas junto com esse dinheiro seu filho precisa receber
também o conhecimento para o usar. Podemos fazer uma analogia com o
carro: não adianta você presentear seu filho ou neto com um carro se ele
não tiver habilitação para dirigi-lo.
QUAL É O SEU LIMITE?

No momento em que escrevo estou no meio da leitura de dois livros:


Bilionários7, do Ricardo Geromel (sim, ele é irmão do Pedro Geromel,
jogador de futebol) e a biografia de João Uchôa Cavalcanti Netto 8, fundador
da Universidade Estácio de Sá, escrita pelo Elias Awad.

No livro do Geromel, ele diz que uma boa parte dos bilionários, com
exceção daqueles que são herdeiros, todos os outros obtiveram seus bilhões
através do empreendedorismo nas mais diversas áreas. Muitos deles
partiram para montar seu próprio negócio porque queriam ser donos do
próprio nariz e enriquecer mais rapidamente, visando uma qualidade de vida
melhor para si e sua família. Para isso, dedicam muitas horas do seu dia ao
trabalho. Como forma de atestar esse fato, ele compartilha um texto escrito
pelo Flávio Augusto, do Geração de Valor, que você pode ler na íntegra no
link abaixo:

Se eu tivesse aprendido isso há 20 anos…


…chegaria aonde cheguei na metade do tempo9

(Texto para empreendedores que ainda não saíram do armário.


Se você não se considera um empreendedor, caso leia, por favor
não se ofenda)

7
GEROMEL, Ricardo. Bilionários. 2014.
8
AWAD, Elias. João Uchoa Cavalcanti Netto. 2012.
9
Disponível em https://blog.geracaodevalor.com/se-eu-tivesse-aprendido-isso-ha-20-
anos/. Acessado em 01/07/2020.
Em um emprego convencional, ao dividirmos o salário pela
quantidade total de horas trabalhadas no mês, chegaremos ao
valor de sua hora de trabalho. Na prática, independentemente
da área de atuação, é isso que o empregado está vendendo ao
seu patrão: seu tempo. Ou seja, um empregado é um vendedor
de tempo. No entanto, o tempo é um ativo finito, distribuído a
cada um de forma igualitária, afinal, todos – sem exceção –
competentes ou não, têm exatamente a mesma quantidade de
tempo todos os dias: 24 horas.

Além do tempo que o empregado vende para a empresa na qual


trabalha, ele também precisa de mais tempo para
compromissos familiares, para dormir, exercitar-se, divertir-
se, participar de ações sociais, viajar, ir ao médico, dentista,
alimentar-se etc. Logo, como temos um tempo limitado e muitas
outras responsabilidades, o modelo empreguista e celetista
convencional jamais proporcionará a seus empregados um
meio de realizarem com plena satisfação suas aspirações
financeiras, familiares, sociais e de qualidade de vida, o que
acaba gerando a médio prazo muita insatisfação e frustração.

Alguns ocuparão o topo da pirâmide das organizações,


chegarão a cargos executivos e terão acesso, através de uma
remuneração variável extra no final do ano, a ganhos um pouco
mais privilegiados, dentro desse modelo industrial. Mas, em
contrapartida, seu tempo será ainda mais absorvido com
viagens, reuniões, videoconferências, congressos, eventos,
cursos treinamentos etc. Ocupar uma posição executiva numa
empresa importante não consumirá menos do que 70 horas
semanais de trabalho intenso, sem contar com outras 20 horas,
quando o cérebro do executivo está ligado em suas metas e
compromissos enquanto está com sua família.

Ocupei uma posição como diretor de uma empresa bem cedo,


aos 21 anos de idade, quando passei a conhecer essa rotina.
Sempre encarei toda esta movimentação como um investimento,
assumindo esse estilo de vida com alegria a fim de conquistar
uma vida mais confortável para minha família. Afinal, era
muito jovem, sem filhos e tinha a Luciana totalmente envolvida
e alinhada com o mesmo projeto.

Como você pode perceber, existe uma grande distorção,


deixando a grande maioria, em empresas privadas ou públicas,
com perspectivas muito limitadas. Para resolver essa distorção,
seria necessário falarmos de forma mais séria sobre
empreendedorismo, mas infelizmente, pela livre iniciativa,
estatisticamente já sabemos que na hora de correr mais riscos,
a maioria sai de fininho e acaba abraçando de volta a prática
convencional da venda de tempo. Mas o que eles não percebem
é que, ao não assumirem esses pequenos riscos, eles acabam
correndo um enorme e real perigo de passarem pela vida como
meros pagadores de contas, como eles próprios
testemunharam, em muitos casos, seus pais, vizinhos e amigos
durante toda vida.

Há uma frase muito famosa da conhecida afro-americana


abolicionista Harriet Tubman que resumiria muito bem essa
realidade e que dispensa de minha parte qualquer comentário:
“Libertei mil escravos. Poderia ter libertado outros mil se eles
soubessem que eram escravos”.

A solução para quem deseja se libertar desse modelo seria o


entendimento de que vender tempo, modelo trabalhista
dominante, é uma atividade extremamente limitada, porque
vender tempo é uma atividade personalíssima, afinal, seu tempo
é apenas seu e não pode ser emprestado, doado, alienado ou
alugado a ninguém. Isso significa que se você fica doente ou
impedido de vender seu tempo, terá que sobreviver às custas do
famigerado INSS.

Melhor do que vender tempo é vender o seu próprio produto ou


serviço. Por isso, sugiro trocar o que você tem vendido nos
últimos anos. Pare de vender seu limitado tempo e passe a
vender seu próprio produto. Desenvolva sua marca, seu modelo
de negócios, crie seus diferenciais em seu setor e venda sem
limites. Sem limites de tempo, sem limites geográficos, em
outros países, online, venda direta, com catálogo, no varejo, de
porta em porta, com distribuidores, representantes comerciais,
franquias, cadeias próprias de lojas etc.

Fazendo isso, você não será mais remunerado pelo relógio, mas
sim pela performance de seu produto no mercado (dividendos).
Sua capacidade de gestão e de criar processos eficientes dará
a você a liberdade para usar seu tempo da maneira que você
considerar mais produtiva em todos os setores de sua vida, pois
você não será mais remunerado por ele, podendo, quando
estiver nesse estágio evolutivo em seu negócio, planejar férias
em baixa temporada sem filas e apagões nos aeroportos,
conhecer outros países, outras culturas, idiomas, sem que a sua
empresa perca performance, pois você terá tido o mérito de tê-
la estruturado muito bem.

Mas se você não quiser parar por aí e continuar evoluindo


dentro desse processo, em vez de ter o foco apenas no
dividendo, resultado do desempenho de seu produto no
mercado, você poderá subir mais alguns degraus e trabalhar
pelo seu patrimônio (equity), ou seja, o valor de seu negócio. O
valor de uma empresa pode ser medido pela sua capacidade de
geração de caixa e avaliada através de balanços auditados e
processos consolidados em seu segmento de atuação. Analistas
e bancos especialistas em M&A, através de metodologias, como
Discounted Cash Flow (DCF), por exemplo, estão aptos a fazer
uma avaliação de seu modelo de negócios, encontrando
investidores (fundos), competidores estratégicos ou até a
possibilidade de abrir para o mercado (IPO). Nesse estágio,
você passará a vender ações.

Comece vendendo seu tempo, mas se quiser mais da vida, pense


fora da caixinha e venda seu próprio produto ou serviço. Agora,
se desejar subir mais alguns degraus, conquiste o patamar que
lhe tornará apto a vender as ações de sua companhia. Venda
1%, 20%, 50% ou até 100%, de acordo com a melhor
estratégia. Aliás, sempre vale a pena lembrar que o prêmio
máximo de um empreendedor é ver o seu empreendimento
sendo reconhecido pelo mercado a ponto de ser comprado.
Em qualquer hipótese, seja vendendo tempo, produto ou ações,
somente existirá espaço para os que produzem e têm
performance. Frequentadores mecânicos de escritórios mal
conseguirão manter seu emprego, ou seja, seu direito de vender
seu tempo restrito para uma empresa em troca de um salário.

O que você anda vendendo ultimamente? Não pense pequeno,


mas tenha a coragem de começar pequeno e crescer com seus
próprios méritos. Você pode até não saber como e por onde
iniciar seu projeto, mas só de começar a pensar fora da
caixinha, muitas ideias vão começar a surgir.

Para finalizar, sempre aparece alguém me perguntando: “Mas,


Flávio, e se todo mundo resolver abrir uma empresa? Quem é
que vai trabalhar nelas?” Essa pergunta é clássica e, por isso,
já vou deixar respondida por antecipação:

Se você fizer uma pesquisa com 1.000 pessoas e perguntar


“Você gostaria de ser dono de uma empresa de grande sucesso
e ter sua independência financeiras?”, 99,9% vão responder
que sim. Mas, estatisticamente, na hora de pagar o preço,
trabalhar 12 horas por dia e correr riscos, a maioria sai de
fininho. Logo, estatisticamente, eu posso afirmar que
empreender será para uma minoria mais corajosa,
inconformada com o “lenga, lenga” corporativo e que não quer
esperar 30 anos para começar a desfrutar, se tudo der certo, de
uma qualidade de vida acima da média. Por isso, afirmo que
minha expectativa quando escrevo este texto é de atingir uma
pequena minoria. Na realidade, se apenas uma única pessoa
for de fato impactada e resolver sair do armário para explorar
mais de seu potencial, eu já ficaria muito satisfeito.

No caso de João Uchôa Cavalcanti Netto, tanta dedicação ao trabalho e a


universidade que criou resultaram em dois divórcios, já que ele passava
tempo demais envolvido com suas atividades e acabava ficando distante da
sua família.

Como sei que muitos têm o sonho de obter a independência financeira o


mais rápido possível, trabalhando muito para isso, fica aqui a minha
pergunta: vale a pena?

Será que é melhor trabalhar muito, colocando em risco sua saúde física e
emocional, seus relacionamentos com seus entes queridos para poder se
“aposentar” rapidamente, em poucos anos, ou é melhor ir mais devagar,
trabalhar menos, mas poder ter tempo de qualidade com sua família e
amigos?

Sinceramente, sou mais adepto do segundo ponto. Mas talvez seja pela
minha profissão, pelo meu tipo de trabalho. Uma pessoa que tenha altos
rendimentos e que consiga ganhar ainda mais se dedicando mais tempo ao
trabalho pode preferir a primeira opção. Pode ser que daqui algum tempo
eu mude de opinião, por estar lidando com outra realidade.

A verdade é que talvez não exista uma resposta certa. Vai depender de cada
pessoa, de como cada indivíduo lida com os bônus e com os ônus de suas
escolhas.
E você? Qual seu plano? Mais trabalho ou mais família? Mais dinheiro ou
mais tempo de lazer? Aposentar mais cedo ou mais tarde?
UMA CARTA PARA VOCÊ QUE ESTÁ INICIANDO SUA
VIDA PROFISSIONAL

Você tem entre 16 e 20 anos, está terminando o ensino médio, ou mesmo já


começou a faculdade, e então arruma seu primeiro emprego, seja em uma
grande empresa como office boy ou em um pequeno negócio familiar do
teu bairro, ou mesmo um estágio relacionado ao curso que está fazendo.
Então acontece a mágica: você recebe seu primeiro salário!

Mas, claro, como você mora no Brasil, e por melhor que seja a escola que
você estudou, não te ensinaram nada sobre educação financeira, orçamento
doméstico, investimentos ou qualquer coisa do tipo. Por isso estou
escrevendo esse texto: o que vou escrever abaixo é o que gostaria de ter
ouvido quando tinha meus 16, 18 anos de idade, e só fui aprender por ser
um tanto curioso e por existir internet. Se não fosse por essas coisas, eu não
estaria escrevendo aqui agora, e provavelmente seria um dos 60 milhões de
endividados que existe neste país.

Tome uma decisão

A primeira coisa que você tem que fazer é tomar uma decisão: você precisa
escolher se quer ser um pagador de contas para o resto da vida, ou se quer
que o dinheiro trabalhe para você.

Se sua vontade é torrar todo o dinheiro que ganha porque só se vive uma
vez, porque caixão não tem gaveta, por que pode morrer amanhã, ou porque
segue a filosofia do carpe diem, do Y.O.L.O., pode fechar este livro poupar
alguns minutos da sua vida.
Agora, se você tem interesse em ter tranquilidade no futuro, quem sabe
conseguir sua independência financeira, continue a leitura.

Vá além da conta salário

Provavelmente a primeira conta em banco que você vai ter é uma conta
salário, já que precisa receber de alguma forma. Pois bem, ela não é
suficiente. Para investir, comprar, enfim, aproveitar tudo aquilo que o
dinheiro proporciona, vai precisar de uma conta corrente.

Hoje as opções são inúmeras: além dos tradicionais bancos de varejo que
existem na sua cidade, também existem os bancos digitais. Neste momento,
a única coisa que você precisa se preocupar é em abrir uma conta corrente
sem precisar pagar tarifas para mantê-la.

Nos bancos tradicionais, solicite a abertura de uma conta corrente apenas


com a cesta de serviços essenciais. Nessa modalidade, os bancos não podem
cobrar tarifas. No site do Banco Central é possível encontrar todas as
informações a respeito dessa modalidade.

Se optar pelos bancos digitais, uma boa parte deles já não cobra mais tarifa,
e tem até mais serviços gratuitos do que os bancos de varejo. A desvantagem
é que eles não têm agência física, então verifique se na sua cidade existem
caixas eletrônicos que trabalhem com esse banco, para quando precisar
sacar dinheiro em espécie.

Pague-se primeiro

Guarde pelo menos 10% do seu salário assim que receber, e acostume-se a
viver com o que sobra. SEMPRE faça isso. Essa é uma das lições clássicas
ensinadas pelos educadores financeiros, desde George S.
Clason 10 até Robert Kiyosaki11. A princípio, coloque esse dinheiro na
poupança ou em alguma outra aplicação de fácil resgate que seu banco
oferecer.

No começo, ganhando um salário baixo, você não vai juntar muito dinheiro.
Mas a ideia aqui é fazer você se habituar a poupar e viver com menos do
que ganha todo mês. Com o passar do tempo, conforme for melhorando na
sua carreira, vai conseguir guardar mais, já que teoricamente também vai
ganhar mais pelo seu serviço, pelo seu trabalho. Além disso, esse dinheiro
guardado é que vai permitir que você aproveite as oportunidades que
surgirem, tanto para empreender quanto para comprar algo que precisa bem
abaixo do preço.

Pague as contas da sua casa

Se morar sozinho, isso é óbvio: precisará pagar água, luz, telefone, internet,
transporte, alimentação, aluguel, se quiser sobreviver. E mesmo se você
ainda morar com seus pais, faça questão de ajudar em casa. Isso vai te
acostumar a ter responsabilidade com as contas de uma família, e ver que o
conforto que seus pais te proporcionaram a vida inteira não caiu do céu.
Água, luz, comida, carro, tudo isso custa dinheiro. Mostre respeito por tudo
aquilo que seus pais fizeram por você, tenha honra e ajude a sustentar o
local onde mora.

Invista em si mesmo

10
CLASON, George S. O Homem Mais Rico da Babilônia. 2017.
11
KIYOSAKI, Robert. Pai Rico, Pai Pobre. 2017.
Depois de guardar uma parte do seu salário e ajudar a manter o seu lar,
pegue uma parte do que sobrou e invista em você. Faça cursos técnicos,
faculdade, cursos livres, cursos online, enfim, qualquer coisa que possa te
ajudar a evoluir na sua carreira. Mesmo se já tiver uma faculdade concluída,
continue estudando. Sempre pode aprender mais, aprender a fazer melhor o
que já sabe, e aprender coisas novas que podem lhe ser úteis no futuro.
Investir em si mesmo aumenta muito as chances de se conseguir uma
melhor remuneração com o passar do tempo.
DEIXANDO UMA HERANÇA E UM LEGADO

O último ato de qualquer investidor de sucesso é a herança que ele deixará


para os filhos e netos. Com sorte, os filhos terão aprendido com os pais e
farão bom uso do patrimônio que receberão. Consulte um bom advogado,
com experiência em sucessão patrimonial, para te orientar e mostrar o que
pode ser feito de forma a simplificar a transmissão dos bens para os
herdeiros e pagar menos impostos, agindo dentro da lei.

Deixar isso para os seus herdeiros resolverem após sua morte


provavelmente causará brigas, desavenças, sem falar que uma boa parte do
patrimônio terminará nos cofres do governo. Ajude a manter a paz na sua
família deixando as coisas organizadas para quando você não estiver mais
por aqui.

Mas veja bem, o objetivo de investir e acumular patrimônio não é deixar


herança para seus dependentes, mas sim ter uma velhice tranquila, onde
você não dependa deles. Não viva apenas para deixar herança! Se sobrar
algum patrimônio para seus filhos, ótimo, mas se não sobrar, também não
tem problema. Só o fato de você não ter dependido deles na velhice, vai
permitir que eles acumulem o próprio patrimônio com muito mais
facilidade.
II. FINANÇAS
QUEM DECIDE ONDE INVESTIR É VOCÊ!

Quase todo dia me deparo com um tópico do tipo nos grupos sobre
investimentos que frequento:

“Que empresas/fundos/títulos vocês indicam investir?”

Eu vou me atrever a responder essa pergunta.

Mas antes, uma historinha: certa vez, um ex-jogador de futebol, chamado


Vampeta, foi questionado sobre a situação de atraso de salários no time onde
ele atuava. Com sua conhecida irreverência, ele respondeu assim:

“Eles finjam que me pagam, eu finjo que jogo. ”

E qual a relação dessa anedota com a pergunta anterior, sobre


investimentos?

É porque a situação é praticamente a mesma. Explico: nesse tipo de análise


de investimentos em grupos de Facebook, Whatsapp, Telegram, etc.,
acontece algo parecido com a situação descrita pelo Vampeta. Você finge
que paga, e a pessoa finge que analisa. Quem dá palpites sobre a sua carteira
não tem a pele em risco, como diz Taleb 12. Tanto faz se você vai seguir ou
não as dicas daquela pessoa, se vai essas dicas terão um impacto positivo
ou negativo na sua carteira. O dinheiro não é dela, o investimento não é
dela, e claro, as consequências também não serão sentidas por ela. Então,
na prática, esse tipo de aconselhamento é inútil, já que é simplesmente
impossível saber as intenções daqueles que estão ali, palpitando na sua
carteira. Algumas pessoas podem estar realmente querendo te ajudar,

12
TALEB, Nassim N. Arriscando A Própria Pele. 2018.
enquanto outras estão apenas trolando. E mesmo aquelas que estão tentando
dar o seu melhor para ajudar quem pede conselhos, caem no mesmo
problema de não ter a pele em risco. O dinheiro não é delas.

Se tem dúvidas sobre a sua carteira de investimentos, sobre onde investir,


quais ativos comprar ou vender, estude mais as empresas e outros ativos que
a compõem. Comece devagar, não tente descobrir a profundidade do rio
pulando de cabeça. Invista naquilo que te deixa confortável, que passe no
teste do travesseiro, que não tire seu sono. Nem que esse investimento seja
só na poupança ou em imóveis. Ficar distraído com investimentos que não
te dão tranquilidade vai diminuir sua capacidade produtiva, diminuindo o
valor dos seus futuros aportes. Diversifique, não arrisque tudo em somente
um tipo de investimento.

Se ainda assim que ter ajuda para investir, procure serviços profissionais.
Esses sim terão um maior incentivo para te ajudar com seu dinheiro, afinal,
você estará pagando para isso.

Qualquer indicação de investimento gratuita não tem compromisso com o


seu dinheiro, e com as consequências de seguir cegamente essas dicas.

Lembre-se: o dinheiro é seu, a responsabilidade de como usar e investir o


que você tem é somente sua, e de mais ninguém. Assuma as rédeas da sua
vida nessa área!
VOCÊ NUNCA INVESTE DUAS VEZES NA MESMA COISA

Tentarei esclarecer uma questão que permeia a mente de onze entre dez
investidores iniciantes.

É uma dúvida corriqueira, e eu também a tive quando comecei a investir.


Mas é preciso entender que não existe maneira de investir múltiplas vezes
na mesma coisa. Ainda que seja o mesmo título ou ação, cada compra é
única. Cada vez que se faz um investimento, se adquire um ativo diferente.

Isso acontece até mesmo no caso da poupança, onde o extrato mostra tudo
unificado, em um único montante. Tire um extrato detalhado e vai verificar
com facilidade que existem várias datas de aniversário ali registradas. Isso
acontece porque a poupança rende apenas a cada 30 dias, logo, cada
aplicação recebe os juros daquele mês em dia diferente.

Por que funciona desse jeito?

Tudo isso ocorre por questão de organização. Cada novo aporte tem uma
data, que é levada em consideração para fins de cálculo do imposto de renda
e também do IOF (imposto sobre operações financeiras).

O imposto de renda segue uma tabela regressiva, ou seja, quanto mais tempo
o dinheiro fica aplicado, menor é o imposto pago:

Alíquota do Imposto de
Prazo
Renda
0 a 180 dias 22,5%
181 a 360 dias 20%
361 a 720 dias 17,5%
Acima de 721 dias 15%

Lembrando que o imposto de renda incide apenas sobre o rendimento da


aplicação, e não sobre todo o valor investido.

Já o IOF é cobrado se o investimento é resgatado em menos de 30 dias.


Também possui uma tabela regressiva, ou seja, ele vai diminuindo com o
passar do tempo:

Outra coisa que influencia no título que você investe é a condição de


mercado. As taxas variam de um dia para o outro, de acordo com o
movimento dos investidores.

É por todas essas variáveis que se faz necessário essa diferenciação. Tratar
cada aporte como se fosse um único aporte isolado permite que as
instituições financeiras tenham um maior controle sobre qual o imposto
devido e qual o rendimento real de cada aplicação.

Com isso, conclui-se que mesmo adquirindo o mesmo título, no mesmo


banco, com as mesmas taxas, você jamais conseguirá investir exatamente
no mesmo título, porque eles terão datas de aplicação diferentes.

Só existe uma única possibilidade de investir exatamente no mesmo título:


voltando no tempo!
A RESERVA DE OPORTUNIDADE É INÚTIL

A primeira lição sobre educação financeira que todo mundo aprende é a


importância do colchão de segurança, e como ela te livra de roubadas,
permitindo que você preserve seus investimentos de longo prazo quando
acontece algum imprevisto em sua vida. Para ser sincero, este assunto está
até um pouco saturado. Contanto, percebi que de uns tempos para cá
começou a se falar muito sobre um outro tipo de reserva, a reserva de
oportunidade.

A ideia dessa reserva de oportunidade é ter um dinheiro guardado em renda


fixa ou poupança, esperando o momento certo para comprar algum ativo de
renda variável. Parece realmente uma boa, não? Você deixa um certo valor
reservado e quando aquela ação ou FII tem uma queda relevante, você vai
lá e pimba, compra uma boa quantidade de papéis daquele ativo.

Mas como acredito que boa parte dos meus leitores é composta de pequenos
investidores, preciso falar uma verdade (talvez) inconveniente: a reserva de
oportunidade é perda de tempo e dinheiro.

Sempre que você deixa dinheiro parado na renda fixa sem necessidade, ou
seja, aquele dinheiro que não é seu colchão de segurança ou destinado a
algum objetivo com prazo determinado, você está perdendo.

O fato é que se você não é um grande investidor, a reserva de oportunidade


não vai fazer uma grande diferença no seu patrimônio a longo prazo. Hoje
você consegue realizar aquela grande compra, que pareceu realmente
lucrativa, mas no longo prazo ela vai impactar muito pouco no valor total
da sua carteira. Diria que a reserva de oportunidade é uma parente próxima
da teoria de que o preço importa para o pequeno investidor.
Vamos ilustrar o que estou tentando dize. Observe o quadro abaixo, retirado
do site Bastter.com:

Na imagem acima, fica claro que você não teria um resultado muito ruim
nem mesmo se fosse o pior investidor do mundo, tendo a capacidade de
comprar as ações sempre nos piores dias possíveis. E mesmo se você
conseguisse a proeza de só acertar os topos, o que realmente faz a diferença
realmente é o valor dos aportes. Quanto mais dinheiro você investe, melhor.

Mais uma imagem, elaborada pela Scheab Center for Financial Research,
com dados provenientes da Standard and Poor’s:
Este segundo estudo demonstra que ficar fora do mercado pode prejudicar
seus investimentos, até mesmo a ponto de torná-lo negativo. Quanto mais
tempo fora do mercado, pior.

Mais uma imagem, agora com dados de performance da bolsa de valores do


Brasil, também retirado da Bastter.com:
Novamente, ficar fora do mercado traz resultados ruins. Veja que o pior
deles é perdendo os 8-9 melhores e piores dias do mercado. Ou seja, menos
de um mês com o dinheiro parado na reserva de oportunidade pode ser
desastroso.

Como fica fácil de ver nos gráficos, ficar fora do mercado é a pior coisa que
um investidor de renda variável pode fazer. É pior ficar fora do mercado do
que “pagar caro” ao comprar uma ação. Isso acontece porque simplesmente
não tem como adivinhar quais serão os dias ruins e os dias bons da bolsa,
então ao mesmo tempo que você fica esperando uma "oportunidade", você
corre o risco igual de perder a tal da oportunidade.

A lição que tiramos é: invista no que pretende assim que puder, sem ficar
procurando a tal "oportunidade" perfeita para comprar aquele ativo. Essa
estratégia traz melhores resultados do que qualquer outra. Cada dia fora do
mercado é um dia que a sua ação pretendida pode valorizar bastante e você
não consegue recuperar usando a sua reserva de oportunidade.
Preço não importa e reserva de oportunidade é perder tempo e dinheiro.
Simplifique.
DISCIPLINA PARA APORTAR

A única maneira de alcançar a tranquilidade financeira é pelo aporte


constante em ativos de valor, por um longo prazo, de forma disciplinada.

O longo prazo chega um dia por vez.

Quando cursei minha pós-graduação em Gestão Financeira, fiz um estudo


de caso sobre investimentos em bolsas de valores mundo afora. O objetivo
deste estudo foi determinar qual a melhor estratégia de investimento para o
pequeno investidor, de forma a maximizar seus resultados, levando em
consideração também o seu custo de oportunidade. O trabalho visou
descobrir se existia relação entre o momento de aporte na bolsa de valores
com o resultado final obtido pelo pequeno investidor no longo prazo.
Entenda-se por pequeno investidor o cidadão médio, que tem capacidade de
investir algumas centenas de reais por mês, provenientes do seu trabalho
assalariado.

Eu tentei determinar se o timing correto do investimento em ações traz


resultados com diferenças relevantes no longo prazo, em diversos mercados
pelo mundo. O timing correto seria sempre acertar os pontos mais baixos do
mercado de ações, ou seja, conseguir investir sempre nas quedas, de forma
a maximizar o retorno dos investimentos. Para fins de estudo, foram
consideradas quatro estratégias diferentes de aplicações em diferentes
bolsas de valores. A intenção foi descobrir se o resultado é similar em todas
as bolsas, ou se existem variações dependendo do país ou região onde o
estudo é realizado:
a) Investidor que aplica 100 unidades monetárias todo mês, sempre na
menor cotação (baixa) do índice da bolsa daquele mês;
b) Investidor que aplica 100 unidades monetárias todo mês, sempre na
maior cotação (alta) do índice da bolsa daquele mês;
c) Investidor que aplica 100 unidades monetárias todo mês, sempre na
cotação inicial (abertura) do índice da bolsa daquele mês, ou seja, a
cotação do primeiro dia útil do mês. Estou considerando aqui que a
pessoa realiza seu investimento assim que recebe seu salário no
começo do mês;
d) Investidor que aplica 110 unidades monetárias todo mês, sempre na
cotação de abertura do índice da bolsa daquele mês. Considerei um
aporte 10% maior do que o padrão por ser um valor facilmente
atingível para alguém que já seja um poupador. Se a pessoa consegue
economizar 100 reais, digamos, todo mês, é altamente provável que
ela consiga aumentar esse aporte para 110 reais mensais.

No livro Inabalável13, o autor Tony Robbins descreveu um estudo similar,


onde mostrou que a diferença entre investir apenas nas máximas da bolsa
de valores trouxe resultados similares aos de quem investiu apenas nas
mínimas. O resultado, segundo o autor, esclarece que mais importante do
que acertar o timing do mercado, ou seja, tentar descobrir quando são os
pontos altos e baixos da bolsa de valores, é permanecer no mercado pelo
maior tempo possível. A diferença observada entre o pior e o melhor cenário
era irrelevante.

13
ROBBINS, Tony. Inabalável. 2018.
No site da Bastter, também existem trabalhos similares, demonstrando o
impacto do momento da aplicação no resultado final.

Para fins deste trabalho, o estudo foi realizado em relação aos seguintes
índices de diversas bolsas de valores do mundo:

a) ASX – Austrália;
b) IBovespa – Brasil;
c) CAC40 – França;
d) DAX – Alemanha;
e) Dow Jones Industrial Average – Estados Unidos;
f) NASDAQ – Estados Unidos;
g) FTSE100 – Reino Unido;
h) HSI – Hong Kong;
i) IBEX35 – Espanha;
j) KOSPI – Coréia do Sul;
k) Nikkei 225 – Japão;
l) S&P500 – Estados Unidos.

Foram escolhidos os índices porque eles são representativos de uma carteira


diversificada, ou seja, possuem ações de empresas de diversos setores da
economia. Em seu livro O Investidor Inteligente 14, Benjamin Graham
defende que investir em índices é a maneira mais barata e eficaz do pequeno
investidor possuir uma carteira que abrange vários setores da economia e,
ainda assim, obter resultados satisfatórios no longo prazo.

14
GRAHAM, Benjamim. O Investidor Inteligente. 2017.
Os dados foram obtidos através da plataforma Yahoo! Finance. O período
de abrangência dos dados depende das informações disponíveis para cada
índice de bolsa de valores. O menor prazo utilizado foi de 20 (vinte) anos,
e o maior foi de 30 (trinta) anos. Abaixo o prazo de dados utilizado para
cada uma das bolsas de valores do estudo:

a) ASX – 25 anos – janeiro de 1995 até dezembro de 2019;


b) IBovespa – 26 anos – janeiro de 1994 até dezembro de 2019;
c) CAC40 – 30 anos – março de 1990 até fevereiro de 2020;
d) DAX – 30 anos – janeiro de 1990 até dezembro de 2019;
e) Dow Jones Industrial Average – 30 anos – janeiro de 1990 até
dezembro de 2019;
f) NASDAQ – 30 anos – janeiro de 1990 até dezembro de 2019;
g) FTSE100 – 25 anos – janeiro de 1990 até dezembro de 2019;
h) HSI – 30 anos – janeiro de 1990 até dezembro de 2019;
i) IBEX35 – 25 anos – janeiro de 1990 até dezembro de 2019;
j) KOSPI – 20 anos – janeiro de 2000 até dezembro de 2019;
k) Nikkei 225 – 30 anos – janeiro de 1990 até dezembro de 2019;
l) S&P500 – 30 anos – janeiro de 1990 até dezembro de 2019.

Desculpa escrever tanto, mas já estamos chegando aonde interessa. A


seguir, você verá os gráficos com os resultados obtidos para as quatro
condições de investimento em cada uma das diferentes bolsas de valores.
Não foi considerado o reinvestimento dos dividendos recebidos no período.
ASX (Austrália)

58,210.78
54,434.49
1 51,485.83
52,918.89
30,000.00

- 10,000.00 20,000.00 30,000.00 40,000.00 50,000.00 60,000.00 70,000.00

Retorno investindo 110 na abertura Retorno investindo na baixa


Retorno investindo na alta Retorno Investindo na Abertura
Aporte Total

Ibovespa (Brasil)

310,620.55
305,959.26
1 237,421.93
282,382.32
31,200.00

- 50,000.00 100,000.00 150,000.00 200,000.00 250,000.00 300,000.00 350,000.00

Retorno investindo 110 na abertura Retorno investindo na baixa


Retorno investindo na alta Retorno Investindo na Abertura
Aporte Total
CAC40 (França)

64,287.07
61,334.52
1 56,166.69
58,442.79
36,000.00

- 10,000.00 20,000.00 30,000.00 40,000.00 50,000.00 60,000.00 70,000.00

Retorno investindo 110 na abertura Retorno investindo na baixa


Retorno investindo na alta Retorno Investindo na Abertura
Aporte Total

DAX (Alemanha)

132,465.50
125,897.62
1 115,439.67
120,423.18
36,000.00

- 20,000.00 40,000.00 60,000.00 80,000.00 100,000.00 120,000.00 140,000.00

Retorno investindo 110 na abertura Retorno investindo na baixa


Retorno investindo na alta Retorno Investindo na Abertura
Aporte Total
Dow Jones (EUA)

147,905.59
138,861.70
1 129,940.04
134,459.62
36,000.00

- 20,000.00 40,000.00 60,000.00 80,000.00100,000.00120,000.00140,000.00160,000.00

Retorno investindo 110 na abertura Retorno investindo na baixa


Retorno investindo na alta Retorno Investindo na Abertura
Aporte Total

FTSE100 (Reino Unido)

46,181.54
43,536.16
1 40,609.07
41,983.22
30,000.00

- 10,000.00 20,000.00 30,000.00 40,000.00 50,000.00

Retorno investindo 110 na abertura Retorno investindo na baixa


Retorno investindo na alta Retorno Investindo na Abertura
Aporte Total
HSI (Hong Kong)

97,816.70
93,434.90
1 84,502.09
88,924.28
36,000.00

- 20,000.00 40,000.00 60,000.00 80,000.00 100,000.00 120,000.00

Retorno investindo 110 na abertura Retorno investindo na baixa


Retorno investindo na alta Retorno Investindo na Abertura
Aporte Total

IBEX35 (Espanha)

38,580.27
36,808.75
1 33,533.80
35,072.97
30,000.00

- 5,000.0010,000.0015,000.0020,000.0025,000.0030,000.0035,000.0040,000.0045,000.00

Retorno investindo 110 na abertura Retorno investindo na baixa


Retorno investindo na alta Retorno Investindo na Abertura
Aporte Total
KOSPI (Coréia do Sul)

46,077.29
44,310.40
1 39,796.01
41,888.45
24,000.00

- 10,000.00 20,000.00 30,000.00 40,000.00 50,000.00

Retorno investindo 110 na abertura Retorno investindo na baixa


Retorno investindo na alta Retorno Investindo na Abertura
Aporte Total

NASDAQ (EUA)

236,862.12
224,788.39
1 206,179.26
215,329.20
36,000.00

- 50,000.00 100,000.00 150,000.00 200,000.00 250,000.00

Retorno investindo 110 na abertura Retorno investindo na baixa


Retorno investindo na alta Retorno Investindo na Abertura
Aporte Total
Nikkei 225 (Japão)

64,439.15
61,725.82
1 56,135.07
58,581.05
36,000.00

- 10,000.00 20,000.00 30,000.00 40,000.00 50,000.00 60,000.00 70,000.00

Retorno investindo 110 na abertura Retorno investindo na baixa


Retorno investindo na alta Retorno Investindo na Abertura
Aporte Total

S&P500 (EUA)

140,958.02
132,445.37
1 124,132.29
128,143.65
36,000.00

- 20,000.00 40,000.00 60,000.00 80,000.00100,000.00120,000.00140,000.00160,000.00

Retorno investindo 110 na abertura Retorno investindo na baixa


Retorno investindo na alta Retorno Investindo na Abertura
Aporte Total

Como é possível notar observando os gráficos, em todos os casos a


estratégia com o melhor resultado foi aquela onde o investidor
simplesmente aumentou o valor do seu aporte. É possível notar um padrão
nos índices analisados, com os gráficos tendo a mesma configuração,
independente de qual bolsa de valores é feito o estudo. Dá para perceber
também que comprar assim que possível traz um resultado similar com
comprar acertando todas as baixas do índice, durante tanto tempo. Como é
estatisticamente improvável que alguém acerte todos os pontos ideais de
compra durante tanto tempo, o mais recomendado é que o investidor aporte
seu dinheiro assim que ele estiver disponível, ou seja, assim que receber a
sua remuneração naquele mês.

A conclusão que eu cheguei foi a mesma do Bastter e do Tony Robbins:


para o pequeno investidor é mais vantajoso procurar aumentar sua renda,
para poder aumentar o valor dos seus aportes, do que procurar acertar o
ponto ideal de investimento. Para o pequeno investidor, o valor aportado
influencia mais no resultado dos seus investimentos do que o estudar e
acompanhar o mercado acionário. Ou seja, você não precisa acompanhar o
mercado acionário o tempo todo para obter um bom resultado com seus
investimentos, você precisa apenas investir de forma constante, por um
longo prazo, o máximo de dinheiro possível e de forma diversificada para
obter um rendimento satisfatório.

Traduzindo tudo isso em uma única frase: taxa não ganha de tempo. O
aporte e o tempo no mercado são as coisas mais importantes para obter
excelentes resultados.
EXISTE FORMATURA PARA O INVESTIDOR?

Quando chega o final do ano, chegam também as formaturas e colações de


grau dos mais diferentes cursos, escolas e níveis de ensino. Pensando nisso,
me veio à mente a seguinte pergunta: será que existe uma formatura ou
colação de grau para o investidor? Existe aquele momento em que
finalmente podemos nos dar por satisfeitos com nossos conhecimentos e
então parar de aprender? Será que existe uma linha de chegada?

Tradicionalmente, uma boa parte de nós para de estudar assim que completa
a faculdade, ou mesmo o ensino médio. Alguns continuam estudando por
conta própria depois disso (material disponível não falta hoje em dia,
principalmente com a existência da internet), enquanto outros seguem na
vida acadêmica fazendo especializações, pós-graduações, mestrados e
doutorados. Mas quando falamos de dinheiro, finanças, investimentos, onde
começa e onde termina a nossa educação? Ela termina um dia?

Eu estou há cerca de 10 anos lendo, assistindo vídeos, acompanhando


podcasts, me informando sobre finanças e investimentos. Tenho certeza que
não aprendi tudo (e nem sei se um dia isso irá acontecer), mas o que sei já
é suficiente para lidar com a maioria dos principais investimentos, como
renda fixa, fundos imobiliários, imóveis e ações. Entretanto, sei também que
não posso deixar de acompanhar o assunto, afinal, surgem novos
investimentos, o governo muda as regras, os sistemas evoluem. Mesmo que
boa parte dos conceitos não mude, como a diversificação, o pagar-se
primeiro, o gastar menos do que ganha, é necessário acompanhar de perto.

Por isso acredito que não existe uma formatura para o investidor (e nem
para qualquer outra área da vida, para ser sincero). Ainda que não seja na
educação formal, devemos continuar aprendendo sempre. O mundo evolui
com uma velocidade cada vez maior e precisamos acompanhar essas
mudanças. Nunca ache que já sabe tudo, que não precisa aprender mais
nada. Quem pensa assim está condenado a ficar obsoleto. E quando isso
acontecer, não adianta colocar a culpa em outras pessoas, coisas ou
instituições.
VOCÊ NÃO VAI FICAR RICO INVESTINDO

Sei que o sonho, o desejo de todo investidor é ficar rico bem rápido fazendo
investimentos fáceis (e é lógico que no processo muitos acabam acreditando
em pirâmides e fraudes). E junto com isso existe todo um mercado de
cursos, palestras e treinamentos sobre investimentos, prometendo que todos
os seus sonhos estão ao seu alcance, bastando cursar algum deles que todos
os seus problemas irão se resolver.

Só que isso não é verdade. Melhor dizendo, não é verdade para a grande
maioria das pessoas. É possível ficar rico investindo? Sim, claro que é, mas
precisa de muita, muita sorte, além de uma extrema frieza. Explico: imagine
alguém que investiu em bitcoin quando ele valia alguns dólares, ou comprou
muitas ações da Magazine Luiza quando elas custavam cerca de R$ 1,50.
Será que essa pessoa teria segurado esses investimentos até hoje? Ou teria
se desfeito deles assim que conseguissem 100 ou 200% de lucro?

Nós não devemos investir para ficar ricos. É exatamente o contrário: nós
investimos para não ficarmos pobres.

Investimos em renda variável e renda fixa para proteger nosso capital,


manter o poder de compra daquilo que podemos aportar, e com o tempo,
conseguir uma certa remuneração pelo capital investido. Queremos garantir
que não passaremos por mais nenhuma dificuldade por falta de grana, que
teremos uma velhice tranquila sem depender da boa vontade do governo ou
da caridade alheia, que nossa família possa ter uma vida confortável, mesmo
que simples; que um carro quebrado não tire o nosso sono, e que não precise
tirar comida do seu prato para dar para seus filhos. Se der para ficar rico,
milionário, ótimo, é um bônus! Mas não é esse o objetivo principal.
E se você quer mesmo ficar cheio da grana, não é o investimento em si que
vai te deixar rico. Casos como o do bitcoin, da MGLU3 e outros que
acontecem são raros. O que vai te deixar rico é o quanto você pode investir
todo mês e o tempo que aquele investimento vai durar. Lembre-se sempre
da fórmula dos juros compostos, onde o tempo é exponencial:

Valor Futuro = Valor Presente x (1 + taxa de juros) tempo

Quanto mais capital investido por mais tempo, melhor. Veja a lista dos
homens mais ricos do mundo, ou então o livro Bilionários, do Ricardo
Geromel15: as maiores fortunas vieram do trabalho, e não dos investimentos
ou mesmo de herança. A lista das pessoas mais ricas do mundo é composta,
em sua grande maioria, por empreendedores que conseguiram gerar valor
para milhões ou até bilhões de pessoas, e com isso enriqueceram.

15
GEROMEL, Ricardo. Bilionários. 2014.
DIVERSIFICAR ENRIQUECE

Olha a postagem que o Rafael Ferri, um conhecido trader brasileiro, fez o


Twitter:

Eu dei allin em MGLU 300 mil ações em 2015 a R$ 1.22 ....


Zerei a R$ 1.42 depois de ver o papel bater R$ 1.00 .... Pergunta
se vou repetir o erro?16

Contextualizando: as ações da Magazine Luiza (MGLU3) subiram muito


nos últimos anos, chegando a custar R$ 238,05 cada ação em 19/07/2019.
Uma valorização realmente explosiva! Se nosso colega investidor tivesse
segurado as ações que comprou por R$ 1,22 lá em 2015, e vendesse na data
citada acima, teria obtido mais de R$ 71 milhões de lucro bruto! E cá entre
nós, mesmo descontando a mordida do leão ainda seria um belo lucro,
suficiente para passar o resto da vida sem trabalhar. Para ser mais exato, o
valor obtido na venda das ações seria de R$ 71.049.000,00. Como o próprio
autor do post disse, ele zerou a posição há muito tempo, conseguindo apenas
20 centavos de lucro por ação, ou 60 mil reais. Uma diferença brutal.

Mas porque isso aconteceu? Porque ele não obteve um resultado melhor,
mesmo em uma empresa que multiplicou tantas vezes a sua cotação?

A explicação está na psicologia, e é bem simples, para falar a verdade. O


que aconteceu é que osso colega fez um all-in! Colocou todos os ovos na
mesma cesta, arriscou todas as fichas em uma única aposta. Como ele
mesmo disse, colocou mais de 360 mil reais em uma única ação, correndo

16
Disponível em https://twitter.com/cafecomferri/status/1146437918925434880.
Acessado em 01/07/2020.
o risco de perder todo seu patrimônio em caso de fracasso. Ele brincou de
roleta russa.

Quando se coloca tudo que a pessoa tem em um único investimento, ela


perde a paz! Qualquer centavo que o investimento oscile afeta o patrimônio
total do investidor. Imagine, por exemplo, que ao invés de subir, a MGLU3
tivesse caído para R$ 0,50 por ação? Só aí ele perderia metade do seu
patrimônio, em uma oscilação totalmente natural para qualquer papel. É
impossível agir com racionalidade quando não se está tranquilo.

Agora imagine uma situação hipotética, onde o nosso colega fosse adepto
da diversificação. Ele poderia ter ganho muito dinheiro mesmo assim, sem
arriscar tanto ao apostar tudo o que tinha. Imagine que a compra fosse de
apenas 10 mil ações, ou 3,33% do número de ações que ele realmente
comprou. O investimento seria de apenas 12 mil reais, e pela cotação de 19
de julho de 2019, ele teria um patrimônio de R$ 2.385.000,00 (sem
descontar os impostos). E poderia ter segurado essas ações até hoje
tranquilamente, afinal, elas representam uma pequena parte da sua carteira
de ativos, e mesmo se tivesse tomado um prejuízo com essas ações nesse
período, o prejuízo seria tão pequeno em relação ao patrimônio total que ele
absorveria isso tranquilamente, sem maiores frustrações. Ou seja, era um
investimento que passaria pelo teste do travesseiro.

Esse caso que cite aqui é uma bela ilustração para mostrar porque é
extremamente importante que o investidor tenha vários ativos diferentes em
sua carteira de investimentos: a diversificação não somente protege dos
prejuízos, mas também aumenta suas chances de encontrar um ativo que
valorize muito além da média do mercado, como ensina Benjamin Graham
no seu livro O Investidor Inteligente 17. Quanto mais ativos em mãos, menor
as chances de perdas e maior a chance de encontrar um super-trunfo entre
eles.

17
GRAHAM, Benjamim. O Investidor Inteligente. 2017.
COMO LIDAR COM UM GRANDE APORTE?

Quem é investidor costuma destinar, mensalmente, um valor pré-


determinado para suas aplicações financeiras. Acontece que, de tempos em
tempos (e espero que isso aconteça muitas vezes na sua vida), a pessoa pode
receber uma grande soma de dinheiro de uma única vez: um prêmio de
loteria, o resultado positivo em uma causa judicial, uma herança, um bônus
da empresa, a venda de um bem como um carro ou casa. Então vem a
pergunta: como investir um valor tão alto, que é muitas vezes maior do que
o valor dos meus aportes mensais?

Eu digo que dá para montar um passo a passo sobre isso. Vamos lá:

Complete o colchão de segurança

Se você ainda não tem seu colchão de segurança devidamente formado, ou


precisou usá-la por qualquer motivo, utilize esse dinheiro recebido para
completá-la, evitando ser pego de calças curtas na próxima aleatoriedade
ruim da sua vida. Agora, se você já tem seu colchão de segurança bem
recheada, pode pular para o próximo passo.

Aplique na Poupança!

Calma, ainda não fiquei maluco (ainda). Isso aqui tem uma lógica, e vou
usar um exemplo numérico para explicar melhor.

Digamos você aplica mensalmente 500 reais em sua carteira já devidamente


diversificada, e que por um motivo qualquer recebeu um valor imprevisto
de 50 mil reais. Se você investe esse valor de uma única vez apenas em um
ativo da sua carteira, seguindo sua estratégia, aumenta muito sua
concentração naquele ativo escolhido para receber o aporte, e também
aumenta o impacto da oscilação de preços desse ativo na sua carteira. Logo,
essa tática de aplicar de uma única vez um valor alto em um único ativo,
principalmente em renda variável, vai contra o teste do travesseiro: a chance
de que as flutuações do mercado tirem seu sono aumentam sensivelmente.

Por isso, é mais interessante dividir esse montante de 50 mil reais em várias
partes, e incorporar ao aporte mensal. Pode dividir, por exemplo, em 25
partes de 2 mil reais, e com isso aportar 2.500 reais todo mês. É como se
você tivesse um aumento de salário temporário. Assim, pode continuar
seguindo sua estratégia de investimentos sem aumentar a exposição ao risco
da sua carteira. Diversificação é sempre o mais indicado para o pequeno
investidor. Antes de ter muito lucro, é preciso proteger o capital e não perder
dinheiro.
EDUCAÇÃO FINANCEIRA NÃO É NENHUMA REVOLUÇÃO

"Eu vejo um museu de grandes novidades." - Cazuza

Quando se fala sobre educação financeira, não parece que se trata de um


assunto novo, recente, que está sendo difundido há pouco tempo? Brotam
aos milhares os educadores financeiros, coaches, assessores de
investimento, influenciadores digitais em todas as redes sociais. E isso é
muito bom, afinal, quanto mais se fala sobre dinheiro, mais as pessoas
passam a investir melhor. Espero que todo esse movimento resulte em um
número cada vez maior de investidores operando no mercado de
investimentos.

Entretanto, a educação financeira é um assunto que já era abordado há


muito, muito tempo, em um dos livros mais antigos e conhecidos da
humanidade, a Bíblia, que já trazia valiosos ensinamentos sobre finanças,
trabalho e poupança. A maior parte dessas lições está contida no livro dos
Provérbios, que segundo a história foi escrito por Salomão, considerado um
dos homens mais sábios e ricos que já existiu. Inclusive, um dos livros mais
vendidos de educação financeira conta a história de uma pessoa nos tempos
da Babilônia 18. É uma história fictícia, claro, mas mostra como mesmo
naquele tempo já era possível poupar e investir para multiplicar seu
patrimônio pensando no longo prazo.

Independente da sua fé, ou falta dela, é interessante analisar os trechos da


Bíblia que tratam sobre esses assuntos e notar como são praticamente os
mesmos conceitos ensinados hoje em dia, mesmo com milhares de anos

18
CLASON, George S. O Homem Mais Rico da Babilônia. 2017.
tendo passado. Isso só mostra que são conceitos atemporais, que você pode
aproveitar na sua vida a partir de agora.

Prioridades

O dinheiro não deve ser prioridade, o objetivo maior da vida de ninguém.


Ele é uma ferramenta, e como tal, devemos usá-lo com sabedoria para
melhorar a nossa vida, mas não viver apenas em função de ganhar dinheiro.
No Evangelho de São Mateus aparecem três passagens sobre isso:

Mateus 6:21 “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso
coração. ”

Mateus 6:24 “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar


um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis
servir a Deus e ao Dinheiro."

Mateus 6:33 “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas
estas coisas vos serão acrescentadas. ”

Trabalho

O dinheiro que ganhamos nessa vida necessariamente vem do trabalho, das


atividades produtivas, logo, o trabalho é parte fundamental da nossa
existência. Os livros dos Provérbios e dos Salmos contém várias passagens
sobre o assunto:

Provérbios 10:4 “O que trabalha com mão remissa empobrece; mas a mão
do diligente enriquece. ”

Salmos 128:1,2 “Bem-aventurado todo aquele que teme ao Senhor e anda


nos seus caminhos. Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te
irá bem. ”
Salmo 126:5-6 “Aqueles que semeiam com lágrimas, com cantos de alegria
colherão. Aquele que sai chorando enquanto lança a semente, voltará com
cantos de alegria, trazendo os seus feixes."

Provérbios 22:29 “Vês a um homem perito na sua obra? Perante reis será
posto; não entre a plebe. ”

Provérbios 21:25 “O preguiçoso morre desejando, porque as suas mãos


recusam trabalhar. ”

Planejamento

Planejamento, metas, objetivos, sonhos, são uma constante quando lidamos


com educação financeira. E desde aquela época, a orientação era para não
começar nada sem um planejamento:

Lucas 14:28-30 “Pois de qual de vós, pretendendo construir uma torre, não
se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para
a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a
podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem
começou a construir e não pode acabar."

Provérbios 21:17 “Quem ama os prazeres empobrecerá; quem ama o vinho


e o azeite nunca enriquecerá. ”

Provérbios 22:7 "O rico domina sobre os pobres; e o que toma emprestado
é servo do que empresta."

Provérbios 22:6 "Não estejas entre os que se comprometem, que ficam por
fiadores de dívidas. Se não tens com que pagar, por que tirariam a tua cama
de debaixo de ti?"
Provérbios 13:22 "O homem de bem deixa uma herança aos filhos de seus
filhos; a riqueza do pecador, porém, é reservada para o justo."

Provérbios 13:7 "Uns se dizem ricos sem terem nada; outros se dizem
pobres, sendo mui ricos."

Prudência

Gaste menos do que ganha é quase um mantra, desde aquela época


longínqua. Veja você mesmo:

Provérbios 19:2 "Não é bom proceder sem refletir, e peca quem é


precipitado."

Provérbios 21:5 "Os planos do diligente tendem à abundância, mas a pressa


excessiva, à pobreza."

Paz

Sempre faça o teste do travesseiro: se acha que não vai conseguir dormir
bem depois de realizar determinado investimento, não o faça.

Provérbios 17:1 "Melhor é um bocado seco e tranquilidade do que a casa


farta de carnes e contendas."

Integridade

O crime não compensa, já diz o ditado. Não faça nada que não possa contar
para ninguém depois. Isso também ajuda a trazer paz:

Provérbios 16:8 "Melhor é o pouco havendo justiça, do que grandes


rendimentos com injustiça."
Romanos 13:8 "A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor
com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido
a lei."

Provérbios 22:1 "Mais vale o bom nome do que as muitas riquezas; e o ser
estimado é melhor do que a prata e o ouro."

Generosidade

Ser generoso faz bem. E se não puder doar dinheiro, doe tempo, que é tão
valioso quanto o vil metal:

Provérbios 11:24 “A quem dá liberalmente, ainda se lhe acrescenta mais e


mais.”

Provérbios 19:17 “Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta, e este


lhe paga o seu benefício.”

Provérbios 22:9 “O generoso será abençoado, porque dá do seu pão ao


pobre.”

Gratidão

Por último e tão importante quanto todos os outros tópicos, seja grato pelo
que tem. Não fique se comparando aos outros, compare-se apenas a si
mesmo, veja se está evoluindo, e agradeça por tudo que conquistou até
agora:

1 Tessalonicenses 5:18 "Deem graças em todas as circunstâncias, pois esta


é a vontade de Deus para vocês em Cristo Jesus."

A ideia desse texto não é converter ninguém, apenas demonstrar que, apesar
de ser o assunto do momento, com milhares de pessoas ensinado sobre isso
(inclusive eu), a educação financeira é uma coisa antiga, milenar. Apenas
estamos dando novas roupagens a conceitos que existem há muito tempo.
GASTE TEMPO E ENERGIA NO QUE REALMENTE IMPORTA

Em qualquer blog, site, podcast, grupo de Facebook, Whatsapp ou


Telegram, lista de e-mails, você encontrará investidores buscando ativos
que rendam 0,0001% a mais de juros por mês. Eu entendo esse pensamento,
todo mundo quer que seu dinheiro seja mais valorizado, renda mais. Repito,
eu entendo, mas discordo frontalmente.

Vamos aos exemplos, para ficar mais claro. E para evitar reclamações do
tipo "quem consegue investir tanta grana assim todo mês?", vou usar
situações bem simples, considerando um investimento com pouco dinheiro.

Digamos que você aporta 100 reais todo mês, em um ativo que renda 10%
de juros ao ano. Depois de um ano, você teria R$ 1.253,54.

Agora, outra hipótese: você vasculha todas as corretoras e bancos digitais,


e encontra um investimento que rende mais que o anterior, pagando 12% ao
ano de juros. Fazendo as contas, depois de um ano investindo os mesmos
100 reais por mês, você teria na conta R$ 1.264,73. Ou seja, você teve muito
mais trabalho para conseguir pouca coisa a mais no final do período.

Vamos a última hipótese: ao invés de ficar procurando como um louco qual


é o melhor investimento, você faz uma forcinha e consegue aplicar 10 reais
a mais por mês, naquele mesmo investimento que paga 10% de juros ao
ano. Ao final do período, você teria R$ 1.378,79.

Veja que dei exemplos com valores baixos, acessíveis a qualquer um, mas
o raciocínio é idêntico para quem aplica um, dez ou cem mil reais todo mês.
É natural, como investidor, procurar sempre a melhor aplicação para o seu
dinheiro. Entretanto, não existirão grandes discrepâncias no mercado em
geral. Todos os ativos acabam se situando em uma mesma faixa de
rentabilidade, ainda que com alguma variação entre elas. Mas você não
encontrará um investimento que pague um percentual absurdamente
superior aos demais. E se encontrar, desconfie, já que grandes promessas de
rentabilidade costumam esconder grandes riscos para o seu dinheiro.

Se busca mesmo enriquecer, não é a taxa de juros que irá acelerar o


processo, mas sim o volume de seus aportes, a quantidade de dinheiro que
consegue investir. A taxa de juros é apenas um prêmio para aquele seu
capital investido. A equação é simples: quanto mais você aplica, mais você
terá no futuro, independente dos rendimentos dessas aplicações.

Logo, ao invés de gastar tempo e energia buscando um investimento que


pague um pouco a mais do que o restante, priorize aumentar seus aportes,
seja economizando mais, seja se capacitando para aumentar a sua renda, e
gaste o seu tempo fazendo coisas mais prazerosas, como curtir a família ou
praticar um esporte.
NA PRÁTICA A TEORIA É OUTRA

Acredito que uma das primeiras leituras da maioria das pessoas que se
interessa por investimentos é Pai Rico, Pai Pobre 19, de Robert Kiyosaki.

Comigo não foi diferente. Esta foi a primeira obra que li sobre finanças
pessoais e investimentos. Para mim foi uma grande influência. Ele me fez
ver coisas a respeito do dinheiro que eu jamais pensei até aquele momento,
principalmente a sua explicação sobre os conceitos de ativos e passivos, e a
necessidade de se pagar primeiro. Só por esses dois ensinamentos, já valeu
a pena ter comprado o livro.

Entretanto, uma coisa que ele cita ao longo de todo o livro é a estratégia de
comprar imóveis através de financiamento e colocá-los para locação,
utilizando o dinheiro recebido pelo aluguel para pagar a dívida do imóvel.
A intenção é de formar patrimônio sem precisar tirar dinheiro do bolso.

Você pode ir correndo para o banco tentar usar a estratégia dele aqui no
Brasil, só que tem alguns detalhes que atrapalham muito o uso da tática do
Robert, devido as diferenças entre os dois países. Lembre-se que ele aplicou
essa estratégia com sucesso nos Estados Unidos.

A taxa de juros para financiamento de imóveis nos Estados Unidos é


baixíssima, bem menor do que as praticadas no Brasil.

Fiz uma simulação no site do Bank of America e outra no site da Caixa


Econômica Federal. Considerei um imóvel que custasse 250 mil unidades

19
KIYOSAKI, Robert. Pai Rico, Pai Pobre. 2017.
monetárias, com entrada de 75 mil (30% do valor do imóvel) e
financiamento em 30 anos.

Enquanto nos EUA a taxa mensal do financiamento fica em 3,679% ao ano,


aqui no Brasil essa taxa é 2,5 vezes maior, de 9,54% ao ano 20.

Falando em dinheiro, nos EUA a parcela seria fixa por 30 anos no valor de
786 dólares, enquanto no Brasil a primeira parcela ficaria em 1.800 reais,
caindo ao longo do tempo, já que o sistema mais comumente utilizado aqui
é o SAC. A última parcela seria de 490 reais, e a parcela média seria de
1.155 reais.

O valor total pago pelo imóvel americano seria de 358 mil, enquanto o
imóvel tupiniquim custaria 491 mil! Praticamente 40% a mais do que o
imóvel comprado nas terras do Tio Sam.

Comprar um imóvel no Brasil custa caro, bem caro.

Além do valor do imóvel em si, ainda é necessário gastar uma boa quantia
para arcar com os custos de documentação, impostos, taxas, sem falar no
tempo que isso leva. No mercado americano, esse processo é mais simples
e mais barato.

Aqui no Brasil, infelizmente, também temos um sério problema de


segurança jurídica. Por exemplo, é muito difícil despejar um inquilino
inadimplente. O processo é lento, caro, e nem sempre tem final feliz para o
dono do imóvel, que não consegue despejar o mau pagador. Logo, faz-se

20
Obviamente, essas taxas de juros podem variar conforme a época da simulação.
necessário gastar mais tempo e dinheiro analisando o perfil dos inquilinos
interessados, para evitar problemas futuros.

Esse tipo de problema é resolvido com mais agilidade nos EUA, o que
permite que o imóvel seja retomado de forma mais rápida em caso de
inadimplência.

Com isso, fica demonstrada a importância de contextualizar o que se lê com


a situação vivida pelo autor da obra. O que funciona em uma determinada
região, cidade ou país, não necessariamente funciona em outra.

Então evite levar a ferro e fogo o que lê por aí. Por melhor que seja o autor,
não é possível tratar qualquer coisa dita por ele como verdade absoluta. Isso
também vale para o que você está lendo aqui neste livro.
A VELOCIDADE DO DINHEIRO

No tocante a investimentos, liquidez ainda parece uma palavra estranha


para muitos. Ela acaba passando batido pela maioria das pessoas, que
costumam focar basicamente em rentabilidade do investimento, aplicação
mínima e prazo de vencimento.

Entretanto, ela é um dado importantíssimo para orientar as decisões de


investimentos que tomamos ao longo do tempo. A depender da liquidez que
possui, um ativo pode ser atrativo ou não para o investidor, de acordo com
a sua estratégia e a diversificação da sua carteira.

Vamos começar pelo começo:

O que é liquidez?

A liquidez pode ser definida como a velocidade do dinheiro. É o tempo que


leva para transformar um ativo em dinheiro disponível para uso na sua conta
corrente, seja do seu banco ou da sua corretora.

Ainda usando a analogia, existem investimentos que são carros muito


rápidos, enquanto outros são carros muito, muito lentos, daqueles que você
só usaria para passear aos domingos.

A rainha da liquidez, nosso carro de Fórmula 1, é a caderneta de poupança.


Você consegue utilizar o dinheiro ali investido a qualquer momento, 24
horas por dia e sete dias por semana, seja utilizando o seu cartão de débito,
seja sacando dinheiro em espécie no caixa eletrônico.
Como exemplo oposto de ativos com pouquíssima liquidez, podemos citar
os imóveis. Eles são os nossos simpáticos fuscas, com uma velocidade bem
reduzida. É comum que um proprietário leve meses, até mesmo anos para
se desfazer de um terreno, uma casa ou apartamento e conseguir transformar
esse imóvel em dinheiro na sua corrente.

Liquidez é D+

Apesar de parecer, a frase anterior não é uma gíria de redes sociais, e sim a
forma como a liquidez de um ativo financeira é representada.

A liquidez dos ativos sempre é exibida na forma D+(número), onde D é a


DATA da venda do ativo, e o NÚMERO é o prazo, em dias úteis, que
geralmente, que leva para que o dinheiro apareça na sua conta corrente.

Novamente, utilizando a caderneta de poupança como exemplo, a sua


liquidez é imediata, sendo representada por D+0. Ou seja, o dinheiro já é
creditado na sua conta corrente na mesma data da operação de venda.

O Tesouro Direto, por exemplo, é D+1. A venda desses títulos é processada


um dia útil após a data da compra. Enquanto isso, a venda de ações na bolsa
de valores brasileira é D+321.

Existem investimentos que tem liquidez D+30, como alguns fundos de


investimento. E outros que não tem liquidez definida, como o exemplo já
citado da venda de um imóvel.

21
Esses valores podem ter mudado com o tempo, dependendo de quando você estiver
lendo esta obra.
Liquidez e prazo são coisas diferentes.

É importante deixar claro que a liquidez e o vencimento de um investimento


são coisas diferentes. A liquidez é o tempo que demora para transformar seu
ativo em dinheiro, enquanto o vencimento é a data onde o ativo será
obrigatoriamente transformado em dinheiro.

Usando novamente o Tesouro Direto como exemplo, tomemos por base o


TD Selic 2025. A sua liquidez, como já explicado acima, é D+1, ou seja,
leva um dia útil após a data de venda para que o dinheiro caia na sua conta.
Entretanto, sua data de vencimento é de 01/03/2025, logo, apesar de ter uma
liquidez curta, ele é um título que tem um prazo de vencimento bem longo,
cerca de seis anos.

No mercado financeiro, o termo liquidez também é utilizado para a


quantidade de negócios feitos diariamente na bolsa de valores. Quando
falamos que a ação de uma empresa tem alta liquidez, significa dizer que
uma grande quantidade de ações daquela empresa é negociada diariamente
na B3. O oposto, baixa liquidez, é quando aquela ação tem poucos negócios
diários.

Um exemplo de ação com alta liquidez é a Petrobras, enquanto um exemplo


de ação com baixa liquidez é a Grazziotin.
CADA ESCOLHA É UMA RENÚNCIA

"Cada escolha é uma renúncia, isso é a vida" – Chorão

Como diz o cantor supracitado em um verso das suas mais famosas músicas,
sempre que você escolhe um uso para o seu dinheiro, seja gastar ou investir,
você abdica de outros usos para esse mesmo montante.

O dinheiro é um bem escasso, que você consegue dar apenas um único uso
para cada real que tem em seu poder. Você pode apenas gastar ou investir
cada moeda, cada cédula que cai nas suas mãos. Não tem como fazer as
duas coisas com o mesmo dinheiro.

Entendendo isso, fica mais fácil de aprender o que é o custo de


oportunidade.

Cada vez que você escolhe um uso para seu dinheiro, abdica de outras
infinitas possibilidades. Exemplificando: se você escolhe gastar 100 reais
em uma camisa, abre mão de aplicar esses 100 reais na poupança, no
Tesouro Direto, ou de gastar esse valor em um restaurante.

Pelo exemplo dado, fica fácil notar que lidamos com o custo de
oportunidade em nosso cotidiano, quase todo o tempo. E não somente com
valores financeiros. O conceito pode ser aplicado para tudo, basicamente.

O primeiro exemplo que me vem à mente é o tempo: quando você escolhe


ficar em casa assistindo uma série, automaticamente abre mão de fazer
outras coisas com seu tempo, como arrumar sua casa, fazer um exercício ou
ler. Quando eu escolhi escrever esse texto, deixei de usar o tempo para N
outras atividades. O tempo todo estamos fazendo escolhas e renunciando a
muitas outras possibilidades, e é um simples fato da vida, irremediável, que
não temos como controlar ou mudar.

A diferença entre o tempo e o dinheiro é que o primeiro é extremamente


escasso: uma vez gasto, já era. Diferente do dinheiro, que você pode
recuperar no futuro um valor que perdeu hoje, o tempo é extremamente
cruel com seus usuários. Só é possível usar cada segundo uma única vez,
sem direito a troca ou reembolso.

E quando você decide comprar algo que não precisa, basicamente está
desperdiçando seu tempo. Para cada real que você gasta hoje, foi necessário
trabalhar ontem. Antes de gastar novamente com supérfluos, recomendo
que faça essa reflexão: quanto tempo foi necessário de meu trabalho para
ganhar este dinheiro que estou gastando agora? Quantas horas da minha
vida precisei trabalhar para comprar esse item?

Salvo engano, foi do Jonas Fagá que ouvi a seguinte frase:

O dinheiro é como tempo congelado: é o tempo do seu trabalho que ficou


acumulado em cada nota que você recebe.

Então sempre leve essas coisas em consideração.

Sei que parece confuso, mas custo de oportunidade é um conceito essencial


para sua vida financeira. É tendo esse conceito, essa ideia na sua mente, que
você conseguirá fazer as melhores escolhas para seu dinheiro, para
conseguir atingir os objetivos que tem planejado para a sua vida. Será útil
até mesmo para você fazer melhores escolhas em relação a sua carreira e
sua família.
SARDINHA POR UM DIA

Há alguns anos, no começo da minha “carreira” como investidor, eu era um


jovem que não sabia absolutamente nada sobre mercado de ações, opções,
derivativos etc. Eu só conhecia bem algumas coisas de renda fixa, como a
poupança e a saudosa LCI do Banco do Brasil que pagava 80% do CDI.
Não era nenhum investimento sofisticado, mas foi usando esses dois
produtos que comecei a guardar algum dinheiro e consegui, junto com a
minha esposa, pagar nosso casamento, mobiliar a casa e bancar a lua-de-
mel.

Com o tempo comecei a me aprofundar, lendo os artigos de sites como o


Clube do Pai Rico 22, o Dinheirama 23 e o Clube dos Poupadores24, tentando
entender melhor os outros tipos de investimentos.

Tudo ia muito bem, obrigado, até mesmo de forma tediosa. Foi quando
conheci eles, o pessoal daquela famosa casa de análise de investimentos e
seu marketing agressivo, digamos assim.

Então, tomado por um misto de ingenuidade e curiosidade, comecei a


assinar as newsletters da tal casa de análise.

Foi aí que me perdi.

22
Visite em https://www.clubedopairico.com.br/
23
Visite em https://dinheirama.com/
24
Visite em https://www.clubedospoupadores.com/
Meu e-mail virou um mar de promoções, ofertas e dicas prometendo riqueza
em pouco tempo, ensinando a transformar mil reais em 200 mil, e outras
coisas do tipo.

Resisti o quanto foi possível, mas tal qual um marinheiro não resiste ao
canto da sereia, um investidor novato não resiste a promessa de dinheiro
fácil, de multiplicação da riqueza ali, na sua frente, a poucos cliques de
distância.

Então fiz a besteira de assinar um dos pacotes de análise. Pensei comigo


que se não gostasse, poderia desistir dentro dos 30 dias de garantia, e ficaria
tudo bem.

O pacote que assinei era sobre estratégia com opções. E eu não fazia a
mínima ideia do que eram opções. Mas o ingênuo aqui decidiu arriscar.

Eis que aparece a primeira indicação. Comprei e vendi como mandava a


dica, e consegui um bom rendimento.

E vieram outras recomendações. E continuei obtendo ganhos interessantes.

Então decidi continuar além dos 30 dias, e foi aí que a coisa desandou. Por
burrice e falta de conhecimento minha, colocava todo o dinheiro que eu
tinha destinado para opções em uma única dica. Lógico, não conhecia nada
sobre controle de riscos, alocação de ativos, e outras medidas para preservar
o capital que tinha apostado. Essa indicação não deu certo, e perdi tudo o
que tinha disponibilizado para as opções.

Para piorar, tinha que continuar pagando a assinatura por 12 meses, mesmo
sem poder usar. Acabei perdendo dinheiro nas opções e também na
assinatura. Pelo menos entendi que eu tinha perdido, coloquei uma pedra no
assunto e segui a vida. Foi uma lição que custou caro, e é por isso que falo
tanto sobre fugir das promessas de enriquecimento rápido e fácil. Eu já fui
um dos que acreditou que isso era possível, e acabei aprendendo da pior
forma que eram só falsas promessas.

Até hoje assino a newsletter da casa de análise, para me lembrar de como


fui burro àquela época, e não voltar a repetir a besteira que fiz.

Ao menos pude tirar algumas lições básicas sobre investimentos desse meu
relato:

 Não invista naquilo que você não conhece;


 Não acredite cegamente em analistas, jornalistas e qualquer outra
fonte de informação. Eles erram, e erram bastante;
 Gerencie os riscos, não colocando todos os ovos na mesma cesta;
 Sempre desconfie de grandes oportunidades de investimento que são
oferecidas por amigos, parentes e empresas, com um marketing
muito agressivo. Se estão insistindo muito para você comprar
aquilo, é porque é uma excelente oportunidade para o vendedor.

Então, se você está começando agora, estude bastante e entre aos poucos
nos ativos. Não faça como eu fiz. Aprender com os erros dos outros é
sabedoria.

O burro nunca aprende, o inteligente aprende com sua própria experiência


e o sábio aprende com a experiência dos outros.

Se você também já passou por isso, saiba que não está sozinho nessa. Todos
nós erramos muito para aprender.
E apenas para ficar claro: a culpa não foi da empresa. A responsabilidade
foi unicamente minha, que investi em algo sem entender como funcionava,
que coloquei dinheiro em algo que não entendia, acreditando que eu era o
escolhido, o iluminado, a última bolacha do pacote, e que ia ficar rico
rapidinho.
FALANDO SOBRE DÍVIDAS

Como já citei em capítulos anteriores deste livro, muitos brasileiros têm


dívidas. De cada dez famílias que você conhece, seis estão endividadas, e
é bem provável que a sua família seja uma delas.

Os motivos das pessoas se endividarem são diversos, como falta de controle


no uso do cartão de crédito, considerar o cheque especial como parte da
renda familiar, não planejar as maiores compras, como carros e imóveis.
Claro, algumas também acabam se endividando por problemas de saúde,
seja por bancar um tratamento caro para algum familiar, ou pelo fato do
provedor da casa ter ficado doente e afastado do trabalho. Apesar de existir
o INSS, nem sempre o benefício que ele paga é equivalente a renda que a
família obtém do trabalho, o que leva ao endividamento.

Independente do motivo, as dívidas são grandes buracos negros, que sugam


boa parte da renda das famílias na forma de juros. Indo um pouco além, as
dívidas são quase como uma prisão, já que elas acabam com sua liberdade
de fazer o que quer com seu dinheiro.

O ideal é evitar todo e qualquer tipo de dívida, mesmo aquelas com supostos
juros baixos, como empréstimos consignados e financiamentos
imobiliários.

As dívidas nada mais são do que uma maneira de antecipar o consumo. Elas
são feitas porque não temos o dinheiro necessário para comprar aquilo que
queremos naquele momento. A melhor maneira de evitar dívidas é comprar
tudo à vista, economizando o dinheiro até ter o suficiente para comprar
aquilo que você deseja.
Caso você já tenha dívidas, precisa montar um plano para sair delas o mais
rápido possível. Existem basicamente duas maneiras de fazer isso: usando
a bola de neve ou provocando uma avalanche. Calma, você vai entender
melhor do que estou falando nos próximos capítulos.
COMO SAIR DAS DÍVIDAS?

É comum as pessoas chegarem até o meu site procurando sobre alguma


fórmula mágica para sair das dívidas. O problema é que ela não existe.
Como eu costumo falar com os clientes que atendo, ninguém se endivida
rapidamente, então o processo de solução desse problema também não será
rápido.

É necessário tomar consciência da situação atual, entender que as coisas


precisarão de tempo para serem resolvidas e também ter muita disciplina
para atingir esse objetivo de viver com as contas no azul.

Claro que cada caso é um caso, mas é possível traçar um roteiro de como
sair das dívidas, de modo a dar um norte para você que está vivendo no
vermelho e não aguenta mais essa situação desconfortável:

1. Se você ainda não está endividado, não faça dívidas. Só compre


aquilo que você pode pagar com o dinheiro que já tem. E se você é
um dos 60 milhões de brasileiros que já está endividado, não faça
novas dívidas. O primeiro passo para sair do buraco é parar de cavar.
2. Alguns sacrifícios serão necessários para você e sua família, já que
para pagar as dívidas você precisa organizar seu orçamento
doméstico de modo que sobre dinheiro para pagar esses
compromissos. Venda tudo que puder vender para abater suas
dívidas mais rápido: o segundo carro, a casa de praia, as 3 TVs no
quarto que ninguém usa. Venda o que puder vender. Quando não
tiver mais dívidas, você poderá comprar essas coisas novamente, se
elas forem realmente importantes.
3. Renegocie todas as suas dívidas. Seja honesto com seus credores
sobre o valor que pode pagar todo mês, tente reduzir as taxas de
juros. Jogue duro com os bancos, eles costumam ter margem para
reduzir o montante das suas dívidas, seja reduzindo a taxa de juros
ou eliminando multas.
4. Quanto mais longas forem suas dívidas, maior será o total pago de
juros. Então tente sempre negociar com seus credores para quitar as
dívidas no menor prazo possível, logicamente, sem comprometer
seu orçamento. Se esforce para conseguir uma renda extra, e todo
dinheiro além do salário que receber, como décimo-terceiro, férias,
bicos, freelancers, use para "comprar tempo", ou seja, pague mais
parcelas do que o planejado naquele mês. Isso vale para qualquer
tipo de dívida.
5. Não invista! Não adianta nada investir se você tem dívidas, já que a
taxa de juros que você paga são sempre maiores do que a taxa de
juros que você recebe nas suas aplicações. Mantenha apenas o
colchão de segurança, e utilize todo o restante do seu patrimônio
para pagar suas dívidas.
6. Quando terminar de pagar as dívidas, redirecione o dinheiro que
usava para pagá-las para os seus investimentos, buscando formar
patrimônio, para nunca mais se endividar novamente.

E se não conseguir sair das dívidas sozinho, peça ajuda. Um planejador


financeiro, ou mesmo uma pessoa da sua confiança, que entenda de
finanças, ao ver as coisas com mais distância pode observar melhor o que
você está fazendo de errado. Quando a gente está no meio do turbilhão de
dívidas, boletos, juros e prestações, é complicado manter a cabeça fria para
tomar as melhores decisões.
A AVALANCHE E A BOLA DE NEVE

Dois métodos populares que as pessoas podem usar para quitar dívidas
incluem o método mais tradicional de "empilhamento de dívidas", também
chamado de avalanche, e outro método chamado "bola de neve da dívida".
Eu bem que gostaria de ter criado coisas com nomes tão legais assim, mas
preciso dar o crédito para quem se deve: conheci esses dois métodos através
do consultor financeiro Dave Ramsey25.

Cada um desses métodos tem vantagens e desvantagens, como tudo na vida.


Portanto, antes de decidir como lidar com sua própria dívida, é importante
entender o que cada estratégia implica e por que um método pode ou não
ser melhor para sua própria situação.

Avalanche

Vamos começar pela avalanche. Este método, também conhecido como


empilhamento de dívida, ou avalanche, propõe que você faça uma lista de
todas as suas dívidas, ordenando-as de acordo com a taxa de juros de cada
uma delas, da mais alta para a mais baixa.

Por exemplo, digamos que você tem as dívidas abaixo:

 Cartão de crédito R$ 2.500 a 19%, maior taxa de juros

 Cheque especial R$ 7.500 a 13%, a segunda maior taxa de juros

25
Disponível em https://www.daveramsey.com/blog/get-out-of-debt-with-the-debt-
snowball-plan/. Acessado em 01/07/2020.
 Financiamento de carro, R$ 4.000 a 8%, terceira maior taxa de juros

 Empréstimo para estudantes, R$ 1.900 a 5%, menor taxa de juros

O método de empilhamento de dívidas aconselha que você faça o


pagamento mínimo de todos os seus empréstimos, ou seja, gastar o mínimo
possível em dinheiro. Então, você deve gastar todo o seu dinheiro extra para
pagar o seu cartão de crédito, que tem a maior taxa de juros, em 19%.

Depois de limpar sua dívida com o cartão, enfrente o saldo do cheque


especial, que possui a segunda maior taxa de juros, em 13%.

Levará muito tempo para acabar com a dívida do cheque especial, já que ele
tem o saldo mais alto, em R$ 7.500. Paciência. Quando terminar de pagá-
la, você pode começar a pagar as dívidas com taxas de juros mais baixas.

Esse método economiza o máximo de dinheiro em pagamentos de juros,


mas pode levar muito tempo para que uma dívida de alto valor seja
eliminada da sua lista.

Você pode se sentir frustrado depois de investir tanto tempo e energia para
pagar um empréstimo sem sentir a vitória mental de riscá-lo da sua lista.

Bola de neve

De acordo com o método da bola de neve, você deve gastar cada centavo
disponível para pagar o empréstimo com o saldo mais baixo,
independentemente da taxa de juros.

Se você usasse o método bola de neve, reordenaria a lista acima da seguinte


maneira:
 Empréstimo para estudantes, R$ 1.900 a 5%, saldo mais baixo

 Cartão de crédito, R$ 2.500 a 19%, segundo menor saldo

 Financiamento de carro, R$ 4.000 a 8%, terceiro menor saldo

 Cheque especial, R$ 7.500 a 13%, maior saldo

Você faria o pagamento mínimo em todos os seus empréstimos. Em


seguida, você gastaria cada centavo extra na dívida com o menor saldo,
independentemente do fato de que, nesse caso em particular, ela também
tenha a menor taxa de juros.

A ideia por trás desse método é que pagar o empréstimo com o menor saldo
fornecerá a sensação psicológica de vitória quando você cruzar esse
empréstimo da sua lista. Essa vitória mental o motivará a continuar
economizando e pagando suas dívidas.

Esse método fornece uma sensação mais imediata de vitória, mas pode
custar mais. Fazer apenas pagamentos mínimos em sua dívida com juros
mais altos significa que você pagará mais juros, em comparação com o
método de acumulação de dívida.

Escolhendo qual método usar

Finanças pessoais são, bem, pessoais. Pagar dívidas pode ser um pouco
como fazer dieta. Claro, existem planos alimentares ideais por aí, mas
sejamos realistas: a maioria das pessoas não segue uma dieta perfeita. A
melhor dieta é aquela que você vai conseguir manter no longo prazo.

Pagar dívidas é parecido com fazer dieta. Seja honesto ao fazer um


orçamento adequado à sua personalidade e que o mantenha motivado. Você
pagará o máximo de juros se não seguir seu plano de pagamento da dívida.
Tudo bem experimentar também. Se o método da avalanche parecer mais
atraente para você no momento, e você o experimentar por alguns meses e
descobrir que não está funcionando, não há motivo para não mudar para o
método de bola de neve da dívida.

Ter um plano é uma boa ideia, mas isso não significa que você precise se
manter 100% do tempo, 365 dias do ano. As coisas mudam, a vida nos dá
pancadas o tempo todo e você precisa se adaptar. Às vezes, isso significa
mudar suas estratégias financeiras. Portanto, não se surpreenda se o
primeiro método que você tentar não funcionar. Continue assim até
encontrar algo que faça.

Lembrando que essas duas estratégias partem da premissa que você não tem
condições de fazer um novo empréstimo. Caso você ainda tenha
possibilidade, pode ser interessante fazer um empréstimo dando um bem de
garantia, como um carro ou imóvel. Nessa modalidade de empréstimo, os
juros são menores. Você pode pedir emprestado o valor total das suas
dívidas, quitá-las, e então ficará somente com as parcelas deste empréstimo
para pagar. É uma forma de simplificar a sua “carteira de dívidas”,
reduzindo todas em apenas uma.
COMECE PELAS PEDRAS GRANDES

Como fazer para sair das dívidas?

Bem, seguindo alguns passos, sua situação financeira pode melhorar.

Inicialmente, liste todas as suas dívidas. Financiamentos, empréstimos,


cartão de crédito, contas atrasadas, crediários de lojas, enfim, liste tudo.
Anote valores, parcelas que ainda faltam ser pagas e taxa de juros daquela
dívida.

Feito isso, comece pelas pedras grandes!

Diz a história que um professor colocou um pote de vidro sobre a mesa, e


então o encheu com pedras grandes. Então perguntou aos alunos se cabia
mais alguma coisa ali dentro. Eles disseram que não, mas o professor os
desafiou, preenchendo o espaço entre as pedras com pedrinhas menores.
Novamente, ele questionou os alunos se ainda cabia algo mais dentro
daquele pote. Eles, desconfiados, disseram que não, e mais uma vez o
professor mostrou que era possível, ao preencher os vazios com areia.
Finalmente, ele repetiu a pergunta, e os alunos responderam que era
impossível colocar mais coisas dentro do pote. Todos os espaços já estavam
ocupados com pedras e areia. Foi quando o professor surpreendeu a todos,
derramando água dentro do pote e preenchendo os pequenos vazios entre os
grãos de areia.
A lição que se tira desta história é que o mais importante é começar pelas
pedras grandes, pelos problemas maiores, mais visíveis, que impactam mais
nas nossas vidas. Se ele tivesse enchido o pote com água primeiro, ele nunca
conseguiria colocar as pedras a areia sem transbordar.

Para o pagamento das dívidas, vale a mesma analogia. Comece pelas pedras
grandes!

E quais seriam as pedras grandes?

Essas pedras são as dívidas mais caras, as que podem trazer maiores
complicações caso você não pague em dia:

 Agiota: aqui é sua vida que está em risco. Pague imediatamente e


nunca mais use desse tipo de ”serviço”.
 Cartão de Crédito: os juros do cartão de crédito são altíssimos!
Poucos meses devendo podem fazer um estrago considerável no seu
orçamento doméstico, e criam uma bola de neve que tem altas
chances de ficar incontrolável.
 Cheque Especial: outra modalidade de crédito com juros altos, mas
é menos pior do que o cartão de crédito já que ela tem um limite
para crescer.
 Financiamento imobiliário: bastam 3 meses sem pagar a prestação
e seu sonho da casa própria pode virar um pesadelo. Depois desse
tempo sem pagamento, seu imóvel pode ir a leilão rapidamente, e
você perde absolutamente tudo que gastou nele. Pode ficar com
algumas migalhas se o valor pelo qual o bem for arrematado seja
maior que sua dívida com o banco. Jamais deixe atrasar este
pagamento, e sempre que possível diminua o tempo do
financiamento, quitando o saldo devedor com o uso do FGTS,
décimo-terceiro salário, prêmios, bônus e qualquer outra fonte de
renda extra que aparecer.

Feita essa análise, parta para a ação:

 Identifique pontos do seu orçamento onde pode economizar


temporariamente (e quem sabe permanentemente?), enquanto paga
as dívidas;
 Veja se tem alguma coisa que possa vender para obter mais capital
para pagar as dívidas.

Agora, digamos que você já avaliou suas finanças, cortou onde podia, e
mesmo assim não vai ter dinheiro para quitar todas as suas dívidas, ou pelo
menos essas 4 principais. O que fazer?

Faça um empréstimo!

Como assim, fazer um empréstimo para quitar dívidas?

Explico: os empréstimos pessoais ou consignados têm uma taxa de juros


infinitamente menor do que o cartão de crédito, por exemplo. É melhor
pegar uma grana emprestada para pagar a fatura do cartão de uma vez do
que ficar pagando só o mínimo possível.

Veja o valor que precisa para quitar todas as suas dívidas e faça um
empréstimo pessoal. Além de ficar com uma dívida mais barata, também
facilita seu gerenciamento, já que terá apenas uma conta para pagar, e não
várias.

No site do Serasa Ecred, por exemplo, é possível simular as opções de


credito disponível de acordo com sua dívida, prazo de pagamento, etc.

Claro que no caso de financiamento imobiliário essa solução do empréstimo


é inviável, já que os valores costumam ser bem altos. Apenas cuide para que
sua capacidade de pagamento se mantenha estável e jamais atrase a parcela,
para que você não corra o risco supracitado de perder seu imóvel e tudo o
que gastou nele. E sempre que possível, antecipe parcelas. Fazendo isso
você compra tempo: quanto menos tempo pagando essa dívida, menos
estresse na sua vida.

Assim que terminar de pagar as suas dívidas, pegue pelo menos metade
daquele valor mensal que usava para quitá-las e comece a criar seu colchão
de segurança. Ela vai te livrar de muitos apuros no futuro!
ESCOLHENDO OS MELHORES INVESTIMENTOS PARA CADA
TIPO DE OBJETIVO

Existem basicamente dois tipos de objetivos: aqueles que tem prazo e os


que não tem. Logo, existem também dois tipos de investimento: aqueles
com prazo determinado, e os que não tem um prazo para resgate.

Quando você trabalha com prazos, o mais indicado é investir em um título


de renda fixa que vença na data aproximada que você pretende usar o
dinheiro investido. Como exemplo, digamos que você pretende comprar um
carro novo daqui a cinco anos. Para essa meta, é bacana procurar por um
título do Tesouro Direto, um CDB ou uma LCI que vençam daqui 5 anos.
É recomendado fazer isso para evitar surpresas na data de resgate. Se você
aplica um dinheiro que tem prazo definido na renda variável, por exemplo,
corre o risco de ter menos dinheiro do que o necessário na data em que iria
usá-lo. Afinal, renda variável varia, para cima e para baixo, sem aviso
prévio.

Logo, para todos aqueles objetivos com prazo, como uma viagem, a compra
de um carro, de uma casa, a realização de um curso, o que faz mais sentido
é investir em títulos de renda fixa cujo vencimento seja próximo a data de
utilização daquele dinheiro.

Agora, para objetivos de longo prazo, como a aposentadoria, pode-se


investir em renda variável com mais tranquilidade. Afinal, você não tem
pressa, não tem uma data definida para usar aquele dinheiro, o que permite
conseguir obter os bons rendimentos que a renda variável proporciona no
longo prazo, tanto com a valorização das cotas como com o recebimento de
dividendos. Claro, para isso você precisa fazer a lição de casa, estudar e
investir em ativos que tenham bons fundamentos, que demonstrem que irão
perdurar no longo prazo. Não vá colocar o seu dinheiro em qualquer coisa
e depois dizer que a bolsa de valores é cassino, que só tubarão ganha na
bolsa, entre outras bobagens.
IGNORE A RENTABILIDADE DO COLCHÃO DE SEGURANÇA

"O colchão de segurança não é investimento. Não precisa render nada. Ela
tem apenas que estar lá, disponível. É como se não existisse até o dia em
que você precisa dela."

Só esse parágrafo acima, já deveria ser o bastante para você entender onde
deve deixar a seu colchão de segurança.

Maaaas... tem uma coisa que as pessoas insistem em não entender: ficar
procurando onde o colchão de segurança rende mais! Isso não faz nenhum
sentido! Dia sim, dia não, tem alguém perguntando onde pode obter mais
rendimentos no seu colchão de segurança, e sempre surgem as mais diversas
opiniões, indicando CDB de bancos pequenos, contas correntes
remuneradas, títulos do Tesouro Direto, mais especificamente o TD Selic,
fundos DI, enfim. Já vi pessoas indicando fundos de investimento
imobiliário, os FII, como opção para investir o colchão de segurança.
Existem indicações para todos os gostos. Mas isso não significa que são
boas dicas.

Entenda: o colchão não precisa de rentabilidade. Tanto faz se ele não render
nada. Ele precisa de apenas duas coisas: segurança e liquidez. Ele é um
seguro, um bote salva-vidas, um paraquedas. Você deixaria seu bote salva-
vidas ou seu paraquedas em um lugar que só pode ser acessado em dias
úteis?

"Vamos torcer para o navio não afundar no fim de semana, afinal só posso
pegar o meu colete na segunda-feira."

Ou
"O avião está caindo, mas só consigo usar meu paraquedas depois das 9h."

Outra coisa é se enganar com os rendimentos propagados pelos bancos, sem


buscar saber como está a situação dele. Por mais atraentes que possam ser
os bancos novos, digitais, plugados, descolados, você precisa deixar seu
dinheiro em um lugar que não corra risco de falir. Antes de decidir onde
colocar seu colchão de segurança, verifique a situação da instituição
financeira. É possível obter os dados facilmente no site BancoData26. Ou
você é daqueles que deixa seu dinheiro em qualquer lugar, sem se preocupar
com a situação da empresa onde ele está aplicado?

Sei que vai parecer anacrônico, careta, atrasado, coisa de tiozão, mas deixo
meu colchão de segurança em conta poupança de um banco grande, que tem
uma boa situação financeira. Sim, existe o FGC para cobrir os bancos, mas
numa situação de emergência você não pode ficar esperando até ser
ressarcido pelo fundo. E banco quebrar, no Brasil, não é algo
necessariamente raro, como você pode ver fazendo uma simples busca na
internet. Desde 2010, pelo menos SETE bancos brasileiros quebraram,
sendo liquidados ou comprados por outras empresas do setor.

Outro motivo para não ficar se preocupando com rentabilidade do colchão


é o fato dessa reserva representar apenas uma pequena parte da sua carteira
ideal. Uma vez que ela foi formada, você não vai colocar mais dinheiro
nenhum nela, e com o passar do tempo, ela vai representar uma quantia cada
vez menor do seu patrimônio. Ela também irá te ajudar a acumular cada vez
mais. Afinal, caso você enfrente uma emergência, vai utilizar esse dinheiro
para resolver seu problema e resguardar seus investimentos de longo prazo.
Já imaginou passar por um aperto e precisar vender ações ou mesmo títulos

26
Disponível em https://bancodata.com.br/. Acessado em 01/07/2020.
de longo prazo do Tesouro Direto? Vai perder muito mais dinheiro do que
se deixar sua RE quietinha na poupança.

Enfim, sei que o assunto é polêmico (não deveria ser, porque é simples), e
que eu sou um tanto drástico quanto a isso, mas fica aqui novamente
expressa a minha opinião sobre ele.

Lugar do colchão de segurança é na poupança, e tenho dito!


COLCHÃO DE SEGURANÇA

O colchão de segurança é um item essencial, básico mesmo, em qualquer


planejamento financeiro. Sem ela, é muito provável que seu plano
desmorone assim que passar pela primeira crise.

O colchão de segurança deve ter o valor de seis meses das suas despesas
mensais. Como exemplo, se os seus gastos de todo mês somam 3 mil reais,
a sua reserva deve ter 18 mil. Ela deve ficar em uma aplicação de alta
liquidez, ou seja, em um lugar que você consiga usar facilmente quando
tiver necessidade. Pessoalmente, eu gosto de deixar meu colchão de
segurança na poupança de um banco grande. É uma aplicação que pode ser
utilizada 24 horas por dia, sete dias por semana, e estando em um banco
grande, de muita penetração no país, fica fácil de encontrar um caixa
eletrônico para sacar algum valor em espécie, quando necessário.

O colchão de segurança tem como principal função evitar que você se


endivide para cobrir gastos que surgem no cotidiano, como a compra de um
novo eletrodoméstico para substituir o que pifou, a manutenção do carro,
gastos com remédios, médicos e exames. Se você tem esse dinheiro na
reserva, não precisa usar o rotativo do cartão de crédito ou usar o limite do
cheque especial.

O colchão de segurança tem a mesma função da rede do trapezista, ou do


assento ejetável do piloto de caça: caso aconteça alguma coisa que fuja do
controle, ela vai te ajudar a sobreviver e passar por essa dificuldade.

Caso você tenha investimentos visando o longo prazo, como ações, fundos
imobiliários ou títulos do Tesouro Direto que vencem daqui 20 ou 30 anos,
o colchão de segurança vai permitir que você cubra os gastos imprevistos
sem precisar se desfazer dos seus bons investimentos.
DEFININDO PRIORIDADES

Todos nós temos sonhos, planos, metas e objetivos. Ou ao menos


deveríamos ter. Cursar uma faculdade, fazer uma viagem, construir a casa
dos sonhos, comprar um carro novo, abrir um negócio próprio, casar, ter
filhos, ter um projeto social, conseguir um emprego que sempre desejou, ser
promovido. São todos planos que a maioria de nós temos ou teremos ao
longo da vida, e como tudo nesse mundo, é necessário dinheiro para realiza-
los. Sim, mesmo para ser promovido ou conseguir um emprego, você vai
precisar de dinheiro, seja para investir na sua formação, em cursos,
qualificações, seja para conseguir ir até os locais da entrevista de emprego,
ter o que comer, o que vestir.

Se o seu dinheiro é suficiente para realizar tudo o que você deseja, pode
pular este capítulo. Caso contrário, leia com atenção.

Como o dinheiro nem sempre é suficiente, precisamos fazer escolhas. E


como diz a música, “cada escolha é uma renúncia, isso é a vida”. Quando
você opta por fazer algo, inevitavelmente deixará de realizar outras
inúmeras atividades.

Por isso, por mais sonhos que você tenha, precisará se planejar para executar
um de cada vez. Ao tentar realizar todos ao mesmo tempo, o mais provável
é que não consiga executar nenhum deles.

Então faça sua lista, defina o que é mais importante no momento atual da
sua vida, e corra atrás disso. Uma vez que o objetivo número um foi
concluído, parta para o número dois, depois o terceiro, e assim por diante.
Claro, quando se é solteiro é muito mais fácil determinar essa lista, e mudar
a ordem de importância conforme sua necessidade. Quando se é casado, tem
filhos, a situação muda. Essa lista precisa ser montada em conjunto. Vocês
precisam conversar, ponderar, cada um ceder um pouco, e então chegar
numa lista consensual. Quando se tem uma família, não existe mais EU,
mas sim NÓS! Tudo o que vai ser feito precisa ser combinado entre todos.
O combinado não sai caro, já dizia o ditado. E quando digo todos, isso inclui
os filhos, mesmo os pequenos. Claro que você não precisa decidir baseado
apenas na vontade deles, mas pergunte o que eles gostam, o que eles
querem, e tente encaixar esses desejos no sonho principal. Digamos, por
exemplo, que eles adoram futebol, e vocês irão fazer uma viagem. Não
precisa viajar para a cidade que eles escolherem, mas você pode incluir no
passeio uma visita ao estádio daquela cidade aonde vocês irão, e até mesmo
assistir uma partida junto com eles. O combinado não sai caro, já diz o
ditado.
USUFRUINDO DO PATRIMÔNIO

Após anos, ou mesmo décadas de investimento, chegará o momento de


usufruir do seu patrimônio. Você irá se aposentar, por bem ou por mal
(espero sinceramente que por bem), e não terá mais uma renda proveniente
do seu trabalho para bancar suas despesas mensais, como moradia,
alimentação e principalmente, despesas médicas. Como estamos vivendo
cada vez mais tempo, o gasto com saúde também está ficando cada vez
maior e mais longo.

Sem uma renda de trabalho, o que irá garantir sua sobrevivência é o


benefício recebido do sistema de previdência social e o capital que
acumulou em investimentos durante toda a sua vida. Como a previdência
social é uma renda incerta, afinal, as reformas feitas são cada vez mais
constantes devido ao envelhecimento da população, a única coisa que você
poderá efetivamente considerar na sua velhice é o seu patrimônio. O que
vier a receber do governo deve considerar como um bônus, uma coisa
inesperada e que pode parar de ser recebida a qualquer momento.

Não estou querendo espalhar terrorismo, mas não é uma boa deixar a sua
vida nas mãos de terceiros. Por isso, se você leitor ainda é jovem, não confie
cegamente que o governo irá te sustentar na velhice. Comece a investir e
acumula patrimônio agora, e tenha o tempo trabalhando a seu favor. Quanto
mais tarde começar, menos vai conseguir acumular e mais dependente do
governo vai ficar.

Considerando que você foi uma pessoa previdente e disciplinada, chegou a


hora de usar seu patrimônio. Se ele estiver bem diversificado, é provável
que surja dúvidas sobre qual ativo ou investimento deve ser vendido.
Inicialmente, o ideal é não vender nada, e viver dos rendimentos dos ativos
que possui: aluguéis, cupons de juros, dividendos e rendimentos de fundos
imobiliários. Entretanto, isso pode não ser suficiente, e será necessário
vender algum ativo.

Primeiro, comece desfazendo-se daqueles títulos que estão mais perto de


vencer. Como eles já percorreram quase todo o caminho até o vencimento,
as chances de perder dinheiro devido a marcação a mercado são mais
reduzidas.

O passo seguinte é se desfazer daqueles investimentos que você considera


como “patinho feio” na sua carteira. Ações e fundos imobiliários que já não
tem tanto valor para você são um exemplo. Se possível, venda menos do
que vinte mil reais por mês para não precisar pagar impostos sobre ganho
de capital, no caso das ações. No caso dos fundos imobiliários, não existe
essa isenção.

Caso precise de um valor ainda maior, avalie a possibilidade de vender


algum imóvel que possui, desde que ele não seja o imóvel que você mora.
Vender um imóvel custa caro, e por isso não é recomendado. Perde-se muito
dinheiro na negociação e para pagar documentos, advogado, corretores. Se
possível, evite vender imóveis.
BOLSA CAP

X-Cap, Hipercap, Pic, Tele Sena, e todos aqueles outros títulos que
terminam com cap. Se você nunca foi a uma agência bancária e não sabe do
que eu estou falando, todos esses “investimentos” que citei são títulos de
capitalização, ofertados diariamente por gerentes de todos os bancos
brasileiros.

Esses produtos são muito, muito desvantajosos. Você fica com seu dinheiro
retido por um bom tempo, geralmente alguns anos (ou seja, nada de
liquidez), os juros são baixos e o produto ainda tem taxas de carregamento,
administração, o que joga ainda mais contra a rentabilidade. Em alguns
casos, até é possível sacar o dinheiro que você já aplicou antes do
vencimento, mas tem que pagar uma multa por isso, perdendo boa parte dos
rendimentos e resgatando basicamente apenas o que tinha aportado, ou
menos.

A única vantagem desses títulos é fazer como o Clube do Pai


Rico 27 comenta no seu site: considere-os como uma aposta na loteria. Você
joga todo mês, durante um certo período, e torce para ser sorteado e ganhar
algum prêmio – mesmo que essa chance seja mínima. A boa notícia, é que
diferente da loteria, se você não ganhar, ainda pode resgatar o valor que
apostou ao final do prazo.

27
Título de capitalização. Disponível em https://www.clubedopairico.com.br/titulo-de-
capitalizacao/1404. Acessado em 01/07/2020.
E porque falei tudo isso?

Por que o COE – Certificado de Operações Estruturadas – é exatamente


igual! Ele é o título de capitalização do mercado de renda variável! Você
investe por um certo período, com liquidez somente no vencimento, e torce.
Se a operação for bem-sucedida, você ganha. Se tudo der errado, não perde
nada além do custo de oportunidade, já que poderia ter aplicado seu dinheiro
em ativos que certamente renderiam juros, ainda que fossem apenas títulos
de renda fixa.

Logo, COE é uma aposta, não um investimento. E ainda por cima, não tem
garantia do FGC.

Para ficar mais claro, transcrevo abaixo as “condições de rentabilidade” de


um COE entre muitos que já recebi no meu e-mail:

Nessa operação o investidor terá 3 possíveis cenários de rentabilidade:


1) Em caso de variação negativa do índice no período, o investidor
receberá apenas o valor investido.
2) Caso a variação do índice fique acima de 0% e abaixo do cupom fixado,
o investidor receberá o valor investido mais o cupom. O cupom será fixado
na data de emissão do COE e não será menor do que 40% no período.
3) Se a variação do índice ficar acima do cupom fixado, o investidor deixa
de receber o cupom e terá o valor investido mais a variação do índice sem
limite na alta.
Não sei quem criou o COE, mas a pessoa que inventou isso é um gênio!
Conseguiu disfarçar um título de capitalização como se fosse um
investimento sofisticado do mercado acionário. Meus parabéns!

É como falam: se te oferecem alguma coisa dizendo que é uma oportunidade


imperdível, fuja e veja se sua carteira ainda está no bolso. Se alguma coisa
é tão boa assim, não precisa de propaganda pesada das corretoras para ser
comprada.
COMO COMEÇAR NA BOLSA DE VALORES?

Ao contrário do que muita gente pensa, investir na bolsa de valores é


extremamente simples. São poucos passos necessários para obter acesso ao
mercado brasileiro de capitais.

Ab ri nd o cont a e m co rreto ra

A primeira etapa para começar a investir na bolsa de valores é abrir uma


conta em uma corretora. Hoje, com a internet, é bem simples de se fazer
isso. Na maior parte das corretoras, você faz todo o processo online, seja
pelo site ou pelo aplicativo. Basta entrar em contato com a sua corretora
preferida e iniciar o processo.

Algumas das corretoras mais populares são a Clear, a Easynvest, a XP


Investimentos, a Modal Mais e a Rico. Claro, dependendo de quando você
estiver lendo esta obra, elas podem não existir mais. Os custos são similares,
e a tendência é de que as tarifas sejam cada vez menores com o passar do
tempo, já que está aumentando o número de investidores. E para quem irá
fazer aplicações apenas uma vez por mês, o impacto deles é desprezível.

Se ficar em dúvida entre duas ou mais corretoras, abra conta em todas elas
e teste. As contas são gratuitas, e você paga taxas apenas quando faz alguma
operação.

U s and o a co rreto ra d o s eu b anco

Dependendo da sua relação com o seu banco, você pode usar a corretora
dele para operar, pagando custos similares ao que você obteria nas
corretoras independentes. Na dúvida, consulte seu banco e veja as condições
que eles oferecem para você aplicar na bolsa através deles.

C olocand o d in hei ro n a cont a d a co rreto ra

Para comprar ações, você precisa ter dinheiro na conta da sua corretora.
Basta você fazer uma transferência bancária, o vulgo TED, para a conta da
corretora e pronto, já pode começar a comprar ações.

Uma vantagem de usar seu banco é que você deixa de fazer TEDs, já que o
dinheiro utilizado na compra/venda de ações é movimentado diretamente
na sua conta corrente, o que torna o ato de investir mais prático.

E não, não precisa ter muito dinheiro para começar a investir em ações. Com
100 reais já é possível se tornar sócio da maioria das empresas listadas na
bolsa de valores. Você só precisa ter cuidado com os custos de operação.
Se a corretora que você usa cobra corretagem, pode ser interessante
acumular um pouco mais de dinheiro antes de fazer sua aplicação, para que
os custos fiquem diluídos em uma compra de maior valor.

Es colhe nd o as ações

Para escolher as melhores ações para investir, recomendo que leia o roteiro
do iniciante do Bastter.com 28. Até o presente momento não encontrei
material melhor para orientar o pequeno investidor iniciante. Você vai
precisar estudar as empresas, seus balanços, mas não é nenhum bicho de
sete cabeças. Pelo contrário, é mais simples do que a maioria pensa. O que
joga contra o investidor de renda variável é a mesma coisa que prejudica o

28
Site Roteiro do Iniciante da Bastter.com
jogador de pôquer, ou um jogador de golfe: preparo mental, equilíbrio
emocional. Para ter sucesso na bolsa, depende menos da sua inteligência e
mais da sua capacidade de seguir seu plano, mesmo quando tudo parece
desmoronar.

Assim como na renda fixa, não espere indicações de qual é o melhor


investimento, seja de analistas, corretoras, gerentes de banco, jornalistas ou
blogueiros. O dinheiro é seu, e você é o único responsável por onde irá
aplicá-lo. Lembre-se:

“Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades.” Ben Parker


A TEORIA DO TOLO MAIOR E AS BOLHAS FINANCEIRAS

A teoria do tolo maior diz que as pessoas compram um ativo (um carro, um
imóvel, ações de empresas etc.) esperando por uma valorização dela
motivada por um comportamento irracional dos agentes de mercado, e então
se desfazem desse ativo vendendo-o por um preço razoavelmente maior,
auferindo lucro. Basicamente, é tentar lucrar se aproveitando do inflar de
uma bolha especulativa.

Olhando de cara, é fácil notar que se trata de uma operação totalmente


especulativa, e como tal, ele é amplamente disseminado em épocas de
bolhas. Podemos ver claramente a teoria em ação nas bolhas financeiras
altamente conhecidas: as tulipas na Holanda, o Bitcoin, os Flats no Brasil,
as empresas de internet e tecnologia, a bolha imobiliária americana. Em
todos esses casos, os preços dos ativos foram subindo baseados apenas em
especulação, em irracionalidade, totalmente descolados de fundamentos. As
pessoas apenas compravam e revendiam por um preço maior, sem se
preocupar se aquele preço era explicável ou não (eu ia usar o termo “preço
justo”, mas é um termo totalmente subjetivo, já que isso varia de pessoa
para pessoa).

Com isso, as bolhas foram alimentadas até que o tolo maior não apareceu,
e várias pessoas “morreram” com esses ativos na mão. Isso gera uma reação
em cadeia, já que muitos investidores entraram nessa onda com dinheiro
emprestado. Com o ativo desvalorizado, não conseguiram honrar os
compromissos com seus credores, e assim segue, até a situação se estabilizar
novamente depois de ter atingido uma boa parte da economia daquela
cidade, região ou país.

Sabe aquela brincadeira da batata-quente? É praticamente a mesma coisa!

Um especulador vai passando para outro, e para outro, e para outro, até que
um azarado fica com o ativo na mão na hora que a bolha estoura.

Um ótimo filme para entender bem como funciona essa dinâmica é The Big
Short29, que conta a história da crise de 2008 nos EUA.

Mas qual a diferença entre essa especulação e o investimento, já que em


ambas o objetivo é comprar algo por um preço e vender no futuro por um
preço superior?

A diferença básica é que o especulador não se preocupa de onde vêm a


valorização do ativo, ele apenas trabalha com a negociação de compras
baratas e vendas caras. Já o investidor também quer lucrar com a
valorização desses ativos, mas ele sabe que essa valorização virá por
motivos concretos. Por exemplo, um imóvel irá se valorizar se a região onde
ele está se desenvolver, melhorando a infraestrutura de mobilidade e
serviços; uma ação irá se valorizar caso a empresa aumente seus lucros,
expanda seus negócios. Logo, existem razões fundamentadas para que esses
ativos valorizem, diferente do que acontece em situações de bolhas.

29
A Grande Aposta (The Big Short). Direção: Adam McKay. 2015.
E mesmo com o advento da internet, não se preocupe! As bolhas
continuarão existindo! Afinal, como diz o ditado:

“Todo dia um tolo e um esperto saem de casa; se eles se encontram, dá


negócio. ”
EXPLICANDO A DIFERENÇA ENTRE LIBERDADE E
INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA

Dois termos aparecem frequentemente nos sites que tratam sobre dinheiro,
investimentos e finanças pessoais: liberdade financeira e independência
financeira.

Aparentemente, trata-se da mesma coisa, já que comumente associamos


independência com liberdade, tratando essas duas palavras quase como
sinônimos.

Mas aqui no mundo das finanças, não é bem assim que funciona. Existe uma
diferença entre elas.

Liberdade financeira

Ao contrário do que acontece no dicionário, a liberdade financeira vem


antes da independência. Liberdade é quando você tem condições financeiras
de fazer escolhas, de poder dizer não e optar pelo que for melhor para você
e sua família naquele momento.

Liberdade financeira é quando você pode escolher mudar de trabalho


baseado mais na qualidade de vida sua e da sua família do que no salário
que lhe foi oferecido. É poder deixar de fazer horas extras para
complementar a renda, trocando o tempo que ficaria no trabalho por tempo
para cuidar da sua saúde física e mental.
Veja bem: não estou dizendo que você pode deixar de trabalhar, de trazer
uma renda para casa, mas sim que, a partir de um certo patrimônio
acumulado, você é capaz de fazer escolhas melhores, sem precisar se
preocupar apenas com o lado financeiro da questão.

Alguns sites tentam definir de quanto seria o patrimônio que proporciona


essa liberdade. Aqui, não me atreverei a especular números. Conforto,
tranquilidade são conceitos muito subjetivos e pessoais para que eu tente
definir o que é bacana para todos. Algumas pessoas sentirão a liberdade
financeira tendo um patrimônio equivalente a três meses do seu salário,
enquanto outras precisarão de dois anos de salário guardado. Vai depender
de cada pessoa, cada família, cada estilo de vida.

Independência financeira

A independência financeira é um conceito posterior a liberdade. Aqui, você


já não precisa se preocupar em trabalhar, podendo fazer isso apenas por
hobby ou mesmo nem trabalha. Quando você atinge a independência
financeira, significa que já acumulou patrimônio suficiente para bancar seu
estilo de vida durante o resto dos seus dias nesse planeta.

Claro, como vivemos cada vez mais, a tendência é que a independência


financeira seja alcançada pelas pessoas cada vez mais tarde. Afinal de
contas, mais tempo de vida se traduz necessariamente em um patrimônio
maior para poder sustentar você e sua família por mais tempo.

Novamente, vale a mesma “regra” da liberdade financeira: o patrimônio


necessário para atingir a independência financeira vai depender de cada
pessoa, cada família, cada estilo de vida, necessidades em relação a saúde.
Alguns precisarão de relativamente pouco dinheiro para atingir esse estágio,
enquanto outras pessoas só ficarão tranquilos quando tiverem um
patrimônio na casa das dezenas de milhões de reais.

Espero que tenha ficado clara a diferença entre liberdade e independência.


Ambos são etapas de um caminho que você começa a trilhar quando passa
a se preocupar mais com suas finanças e seu dinheiro, buscando viver com
menos dinheiro do que se ganha, poupando uma parte dos seus rendimentos
religiosamente durante um bom tempo. A menos que ganhe na loteria ou
receba uma gorda herança, somente a disciplina de aportes frequentes
realizados durante um longo prazo permitirá que você alcance a liberdade,
e posteriormente, a independência financeira.
MOEDA NÃO É INVESTIMENTO!

Nesses tempos de crises e criptomoedas, não é incomum ouvir que “fulano


investiu em Bitcoin e rendeu 3.000%”, “um cara investe em dólar e está
rendendo mais do que qualquer renda fixa”, ou qualquer variação dessas
frases.

O problema é um só: moeda não é investimento!

De novo: moeda não é investimento!

Mais uma vez, para fixar bem: moeda não é investimento!

Seja lá qual for a moeda que você tenha, pode ser o real brasileiro, dólar,
euro, franco suíço, Bitcoin etc., nenhuma delas pode ser considerada um
investimento, simplesmente porque você não recebe juros ou rendimentos
simplesmente por possui-las.

Diferente de uma ação na bolsa, uma cota de fundos imobiliários, um


imóvel alugado ou até mesmo a boa e velha poupança, você não vai receber
nada simplesmente por ter comprado qualquer moeda. O único jeito de se
conseguir algum rendimento com elas é através de especulação, tentando
comprar quando ela está desvalorizada e vender quando ela se valoriza (é a
velha história de comprar barato e vender caro).

E especular, meus caros, não é uma atividade de investimentos, é um


trabalho! Sim, um trabalho. Você precisa ficar o tempo todo acompanhando
cotações, a movimentação do mercado, estudar bastante para conseguir
enxergar os pontos ideias de entrada e saída no negócio. E é uma atividade
que você pode fazer com absolutamente qualquer coisa, desde livros, carros
e discos antigos até imóveis e moedas.

Então para que servem as moedas?

A diversificação em outras moedas além daquelas que são usadas no seu


país – no caso do Brasil, o real – serve como uma proteção, também
chamada de reserva de valor. Ou seja, caso uma crise atinja a economia do
seu país, você possui uma moeda estrangeira que pode ser usada no lugar.
Por ser uma moeda usada em quase todo o mundo, o dólar americano
costuma ser o escolhido por quem pretende montar essa reserva de valor.

Em uma situação de hiperinflação, como a que está acontecendo nesse


momento na Venezuela, e pela qual o Brasil passou na década de 1980, a
moeda local perde seu valor, já que ninguém mais a aceita devido ao fato
de ser impossível saber se ela ainda vai valer a mesma coisa daqui 30 dias.
A situação fica imprevisível, os preços ficam distorcidos, enfim, as pessoas
não conseguem mais calcular o preço adequado das coisas naquela moeda.
Então elas partem para soluções alternativas, como o escambo e a
dolarização.

Elas podem usar esses dólares tanto para adquirir produtos para sua
sobrevivência, como para fugirem do país até as coisas melhorarem. É por
isso que em países com a economia instável, as pessoas costumam comprar
dólares para manter algum poder de compra em caso de necessidade.
Atualmente, com a popularização das criptomoedas, muitas pessoas
também têm feito essa reserva de valor em bitcoin, já que ela ode ser
facilmente transportada para qualquer local do mundo, sem a necessidade
de carregar um grande maço de dinheiro, ou mesmo algumas malas, como
nossos políticos adoram fazer.

Agora ficou clara a diferença entre investimento e reserva de valor?


A DIFERENÇA ENTRE PREÇO E VALOR

Tem uma frase muito famosa do já mitológico investidor Warren Buffet que
diz assim:

“Preço é o que você paga. Valor é o que você leva.”

Mas na prática, o que isso significa?

Vamos começar pelo preço: ele é determinado pelo alinhamento entre os


interesses de quem compra e de quem vende. Só existe uma troca, uma
transação comercial, quando o preço agrada as duas partes. E o preço nada
mais é do que a quantidade de unidades monetárias que foi necessária para
adquirir aquele bem, sendo assim um conceito objetivo, direto.

Já o valor é um conceito subjetivo. Ele está relacionado com a importância


que cada pessoa dá a um determinado bem, seja ele físico ou não.

Se você mora em uma cidade do Brasil, é bem provável que more em uma
cidade, onde existe água em abundância, sendo preciso gastar apenas alguns
trocados para conseguir tomar MUITA água.

Agora imagine que você está em uma região desértica, onde a água é um
bem extremamente raro e cobiçado. Nessa situação estaria disposto a gastar
MUITO dinheiro para comprar apenas uma pequena garrafa de água
mineral.
É justamente por isso que o valor de cada coisa é subjetivo: cada indivíduo
possui uma preferência de acordo com sua atual situação, e essa valoração
estará em constante mudança, conforme a situação de cada pessoa vai sendo
alterada e suas necessidades atendidas.

Este é um conceito que existe desde a Grécia Antiga na figura de


Aristóteles, passando por São Tomás de Aquino, Santo Agostinho, pelos
pensadores da Escola de Salamanca 30 até chegar aos mais recentes teóricos
da Escola Austríaca de economia 31.

30
A pré-história da escola austríaca de economia pode ser encontrada nas obras dos
escolásticos espanhóis, mais especificamente em seus escritos no período conhecido
como o "Século de Ouro espanhol", que decorreu de meados do século XVI até o século
XVII. Quem eram estes precursores intelectuais espanhóis da Escola Austríaca de
Economia? A maioria deles era formada por escolásticos que ensinavam moral e
teologia na Universidade de Salamanca, cidade espanhola medieval localizada a 150 km
a noroeste de Madri, perto da fronteira da Espanha com Portugal. Esses escolásticos,
principalmente dominicanos e jesuítas, articularam a tradição subjetivista, dinâmica e
libertária a que, duzentos e cinquenta anos depois, Carl Menger e seus seguidores iriam
dedicar tanta importância. Talvez o mais libertário de todos os escolásticos,
especialmente em seus últimos trabalhos, tenha sido o padre jesuíta Juan de Mariana.
(HOLCOMBE, Randall G. The Great Austrian Economists. 1999.)

31
Cientistas sociais (economistas, juristas, políticos, filósofos, etc.) filiados à Escola
Austríaca usam a racionalidade lógica-dedutiva e enxergam valores subjetivos como a
causa última de todos os resultados da economia. Os Autríacos enfatizam a propriedade
privada, o empreendedorismo, o livre mercado e moeda forte como os principais guias
do desempenho econômico. Guiada por Ludwig von Mises, F. A. Hayek, Murray
Rothbard e outros acadêmicos, a Escola Austríaca apresenta teorias notáveis sobre o
dinheiro e capital, ciclos econômicos, papel do empreendedor e os efeitos da
intervenção governamental nos mercados. Disponível em
https://mises.org.br/SouNovoEconomiaAustriaca.aspx. Acessado em 03/07/2020.
COMO USAR O PATRIMÔNIO NA APOSENTADORIA?

Imagina que hoje é o último dia de trabalho da sua vida. Amanhã você
finalmente estará aposentado. Você então recebe uma bela grana de FGTS,
algum bônus da empresa, começa a receber os rendimentos dos seus planos
de previdência. Como você não vai mais trabalhar, precisa fazer esse
dinheiro trabalhar para você, de forma que ele banque o seu custo de vida
até o final dos seus dias nesta terra.

A boa notícia é que existem várias opções para fazer seu patrimônio durar
mais tempo e gerar mais rendimentos para você.

Imóveis para aluguel

Uma das opções mais conservadoras é a compra de imóveis para locação.


Mas apesar de conservadora, não deixa de ter seus riscos. Lembre-se que
você não está comprando um imóvel para uso próprio, mas sim um imóvel
que fique alugado a maior parte possível do tempo, ou seja, um imóvel que
é desejado pelo público que mora de aluguel. Então, quando for comprar
priorize três coisas: localização, localização e localização. Não, não é
brincadeira. Não adianta nada você ter um imóvel excelente se ele fica em
um local de difícil acesso, ou que não tem serviços básicos no seu entorno,
como supermercados, farmácias, transporte público, escolas.

Depois da localização, você avalia as outras características do imóvel, como


tamanho, número de quartos, serviços do condomínio. É mais fácil alugar
um apartamento de 1 ou 2 quartos, por exemplo, do que um apartamento de
4 ou 5 quartos, já que hoje em dia as famílias são bem menores. Também
leve em consideração o valor do condomínio, já que quanto mais caro,
menor será o valor do aluguel que você poderá cobrar. Afinal, se um
inquilino estiver disposto a pagar $ 2000 de aluguel, quanto menor for o
valor do condomínio, mais sobra para você usar.

Outra coisa importante é a vacância. Priorize sempre manter o imóvel


alugado. Se precisar dar desconto, dê! Negocie, aceite ofertas. Cada mês
que o imóvel fica vazio, o prejuízo vai ficando maior e se torna
irrecuperável. Para aprender tudo sobre imóveis, você pode comprar meu
outro livro, Tijolos 32.

Tesouro direto com cupons semestrais

Um dos tipos de títulos disponíveis para venda no Tesouro Direto são


aqueles atrelados ao IPCA, mas que pagam cupons semestrais. Explico: ao
invés de você receber todo o valor (principal + rendimentos) somente no
vencimento do título, vai recebendo parte dos rendimentos na forma de
cupons, a cada seis meses. Isso diminui o rendimento do título em relação
aqueles que não tem cupons, mas para quem já acumulou o patrimônio e
agora quer usá-lo, esse é o título mais indicado.

Você pode dividir seu patrimônio em diferentes títulos, já que cada um deles
faz o pagamento do cupom em um determinado mês. Dessa forma, você
obtém renda de forma mais frequente, diminuindo o tempo entre cada
recebimento. Lógico, é preciso uma certa disciplina para não gastar demais

32
CORGHI, Marcelo M. Tijolos. 2019.
quando o período entre os recebimentos for superior a um mês. É
preciso equilíbrio nos gastos.

No site do Tesouro Direto existe uma tabela com os meses de pagamento


dos cupons de cada título. 33

Fundos de investimento imobiliário (FII)

Os fundos de investimento imobiliário funcionam de maneira parecida com


os imóveis para aluguel. Veja bem, o funcionamento é parecido, mas são
tipos de investimentos diferentes.

Quando você adquire um FII, é como se estivesse comprando um pedaço de


um imóvel. A vantagem desse investimento é que você pode comprar vários
pedaços de vários imóveis diferentes. Os imóveis que compõem esses
fundos são shoppings, galpões logísticos, prédios comerciais, hospitais.
Todo mês você recebe um provento correspondente ao rendimento com
aluguéis, vendas de propriedades e outras receitas daquele fundo.

Para aprender mais sobre o assunto, recomendo alguns livros que se


aprofundam no tema:

Guia Suno Fundos Imobiliários, de Marcos Baroni e Danilo Bastos;

Fundos de Investimento Imobiliário, de Fernando Mizobuti.

33
Disponível em
https://www.tesourodireto.com.br/data/files/39/85/50/89/2B86C6100F9094C6518E28
A8/Pagamento_Cupons.pdf. Acessado em 03/07/2020.
Ações pagadoras de dividendos

Toda empresa listada na bolsa de valores e que tem lucro precisa decidir o
que fazer com esse dinheiro: reinvestir na empresa visando crescimento ou
distribuir esses lucros para os acionistas.

Quando você adquire ações dessas empresas, recebe periodicamente uma


parte dos lucros que ela obteve no período. É interessante porque você
consegue obter renda sem necessariamente vender o papel. E no futuro, se
precisar se desfazer dessas ações, ainda pode obter ganhos devido à
valorização que a ação teve no período. Existe farto material na internet e
em livros tratando sobre o tema com mais profundidade do que eu poderia
escrever aqui.

Vender parte do patrimônio conforme a necessidade

Por último, temos a possibilidade mais radical, a qual as pessoas geralmente


são mais resistentes: a venda do patrimônio. E quando falo de patrimônio,
me refiro a qualquer ativo que você tenha acumulado: ouro, joias, obras de
arte, imóveis, ações de empresas, título do Tesouro Direto.

Sei que muita gente chega nessa fase e não quer se desfazer do seu
patrimônio porque planeja deixar alguma herança para seus filhos, netos,
bisnetos, para que eles não passem dificuldade no futuro, não fiquem
desamparados. Mas veja bem: as pessoas estão vivendo cada vez mais, é
bem provável que a geração dos seus filhos passe dos 100 anos de vida. Por
maior que seja o patrimônio herdado, se você não deixar uma educação
financeira adequada para seus descendentes, é muito provável que eles
reduzam seu patrimônio a pó, ou mesmo que esse patrimônio seja
insuficiente para dar algum conforto para seus filhos por muito tempo.
Então trate de cuidar bem de você, de ter uma velhice tranquila e o mais
saudável possível. Seus herdeiros terão muito tempo para acumular
patrimônio. Além disso, o fato de você não precisar da ajuda deles,
principalmente financeira, já será um alívio e tanto sobre os ombros dos
seus filhos. É melhor não deixar herança do que impedir que eles acumulem
patrimônio porque precisam sustentar você.

E quando eu falo em vender conforme a necessidade, obviamente você não


precisa vender tudo de uma vez. Você vai se desfazer do seu patrimônio
conforme a necessidade. Se fosse para sugerir uma “ordem” do que deve
ser vendido primeiro, a minha lista seria essa:

1. Títulos do Tesouro Direto/renda fixa


2. Ações
3. Fundos imobiliários
4. Bens físicos (imóveis, joias, quadros, etc.)

Claro, é somente um norte. A situação pode variar muito dependendo dos


ativos que você possui na sua carteira. O ideal é fazer uma análise detalhada
antes de começar a se desfazer dos seus ativos. Se achar que não consegue
decidir sozinho, procure um profissional de planejamento financeiro para
lhe ajudar.
A IMPORTÂNCIA DA DIVERSIFICAÇÃO (OU PORQUE NÃO
COLOCAR TODOS OS OVOS NA MESMA CESTA)

“Nunca coloque todos os ovos na mesma cesta.”

Todo mundo já ouvi este ditado popular alguma vez. Mas o que isso tem a
ver com o mundo dos investimentos e das finanças?

Vamos voltar no tempo para que eu possa explicar.

Era março de 1990. O presidente do Brasil era Fernando Collor de Mello, e


naquele mês entrava em ação o fatídico Plano Collor, que teve como uma
de suas medidas o ”confisco” de todo o capital que estava acumulado
em cadernetas de poupança e outros investimentos.

De repente, muitas pessoas se viram impedidas de usar suas economias,


muitas vezes economias de uma vida. Isso gera traumas na população até
hoje. Repare como as pessoas que viveram naquela época sempre indicam
que a compra de imóveis é um bom investimento, usando o argumento de
que sua terra, sua casa, o governo não pode lhe tirar.

Imagine que acontecesse algo similar hoje. Em uma canetada, o presidente


de ocasião decide “confiscar” todo o dinheiro investido no Tesouro Direto,
por exemplo. Você perderia todas as suas economias?

Ou pense que você colocou todas as economias de uma vida na compra da


sua casa própria, e por um motivo fora do seu controle (inundação,
deslizamento de terra, incêndio, etc.) você perde seu imóvel. Como fica?
É aqui que entra a importância de diversificar. Se nessas situações
hipotéticas, você tiver todos os seus investimentos no Tesouro Direto, ou
tudo investido na sua casa própria, você perderia tudo. Mas se tivesse
diversificado em Tesouro Direto, poupança, ouro, criptomoedas, ações na
bolsa de valores, imóveis, euro e dólar, por exemplo, esse confisco não te
prejudicaria muito.

Por isso o ideal é sempre diversificar: vá acumulando um pouco de capital


em cada coisa. Compre títulos de renda fixa, ações na bolsa, imóveis e
fundos imobiliários, dólar e outras moedas. Também pode investir em
outros países, diversificando ainda mais. Hoje é bem mais fácil do que
parece. Só é necessário ter um certo nível de conhecimento na língua inglesa
e acesso a internet. Aquela história de que só milionário tem patrimônio no
exterior já virou passado.

A diversificação também te ajuda a evitar grandes perdas na bolsa de


valores.

Situação hipotética: você tem 100% da sua carteira em ações da empresa


QWER3, e ela despenca 80%. Você terá perdido 80% do valor que investiu
em ações. Agora imagine que ao invés de ter ações de apenas uma empresa,
você tem ações de 20 empresas (5% da carteira em cada empresa). Se
acontecesse essa queda que citei, você perderia apenas 4% (80% de 5%) do
que tinha investido. É uma situação bem mais fácil de lidar. E quanto mais
empresas você tiver, melhor. Mas lembre-se: não compre ações apenas por
comprar. Veja como anda a situação da empresa, estude bem antes de fazer
seus investimentos.
Da mesma maneira, a diversificação reduz um pouco seus ganhos, já que se
uma ação disparar, ela vai impactar somente numa pequena parte do seu
capital.

Diversificar te deixa tranquilo frente as oscilações do mercado, da política,


da economia.

Diversificar traz paz.

Diversifique você também!


DÊ ADEUS A APOSENTADORIA (ESTATAL)

Se você mora no Brasil, já sabe que foi feita uma reforma no sistema de
previdência social. Sendo ou não uma boa reforma, esse assunto vir à tona
e ser tão debatido foi excelente: nunca antes na história deste país as pessoas
falaram tanto sobre o futuro! Como eu queria que as pessoas falassem cada
vez mais sobre isso.

Apesar disso, a existência da previdência social ainda faz com que a grande
maioria das pessoas terceirizem seu futuro na mão de alguns poucos
políticos e burocratas indicados por esses políticos. Logo, quem garante que
daqui 10, 15 ou 30 anos você vai receber mesmo esse dinheiro? Os
benefícios têm sido diminuídos ano após ano, vários fundos de pensão de
empresas estatais já quebraram ou precisaram aumentar as contribuições
para cobrir seus gastos.

Isso sem falar em como funciona o INSS: é basicamente um esquema de


pirâmide. As contribuições feitas pelos trabalhadores da ativa são utilizadas
para pagar os benefícios daqueles que já estão aposentados ou afastados.
Para isso funcionar bem, é necessário que a base da pirâmide (quem
contribui) seja sempre maior do que o topo (quem recebe).

O problema é que a população brasileira está envelhecendo, vivendo mais,


e tendo menos filhos. Logo, a pirâmide está começando a ter muita gente
no topo, recebendo os benefícios, e pouca gente na base, que é a parte que
paga e contribui com a previdência. Com isso, o governo acaba precisando
fazer alterações no sistema, que podem ser:
 Reduzir o valor dos benefícios pagos aos aposentados/afastados;
 Aumentar o valor das contribuições de quem está na ativa;
 Usar dinheiro de outras áreas (saúde, educação, segurança etc.) para
custear esses benefícios;
 Aumentar impostos para ter dinheiro para custear os benefícios;
 Ou ainda, fazer tudo isso ao mesmo tempo.

Com tudo isso acontecendo, a chance de o benefício pago pelo governo não
ser suficiente para sustentar o aposentado me parece bem grande. Vai
chegar uma hora que a conta não vai mais fechar, e muitas pessoas irão ficar
desamparadas. Não é uma questão de política, de partido A, B ou C, mas
sim de matemática.

Logo, fica o alerta: não terceirize sua sobrevivência, principalmente na


velhice, onde é bem provável que você terá menos energia e saúde para
correr atrás do prejuízo. Contribua para a previdência, claro, mas não
acredite que somente a aposentadoria será suficiente para bancar suas
despesas.

Enquanto for ativo, invista em aplicações diversas, de forma a obter renda


passiva: poupança, imóveis, fundos de investimento imobiliário, Tesouro
Direto, bolsa de valores no Brasil e no exterior. O que importa é guardar um
pouco todo mês, durante toda a sua vida produtiva, em investimentos de
valor. Mesmo que o aporte mensal seja baixo, os juros compostos fazem
mágica no longo prazo. Tente também criar fontes de renda alternativas,
além do seu trabalho principal.
Fazendo tudo isso, quando parar de trabalhar, por vontade ou necessidade,
não vai precisar depender da vontade de nenhum político e nem da caridade
de familiares e amigos para sobreviver e prover pelo menos suas
necessidades básicas.
EXPLICANDO A INFLAÇÃO NA PRÁTICA

Recentemente, enquanto navegava por aí, surgiu um vídeo 34 na minha linha


do tempo. Um garoto se encanta por um telescópio, e para compra-lo,
começa a guardar todas as moedas que ganha em um cofrinho. Depois de
muito suor e economia, o garoto finalmente consegue juntar o dinheiro
necessário. Porém, quando ele chega na loja, o preço havia subido e o
dinheiro que ele economizou já não é mais suficiente para comprar o
telescópio que ele desejava.

O vídeo tem um final sensacional, onde deixa claro a diferença entre poupar
e investir.

Enquanto o garotinho ia juntando seu dinheiro “debaixo do colchão”, o


tempo foi passando e a inflação foi corroendo o poder de compra do
dinheiro. Com isso, quando o garoto finalmente acumulou o montante
necessário para adquirir o produto desejado, o preço do objeto já havia
subido.

Quem viveu no Brasil na década de 1980 deve lembrar bem disso, da época
da hiperinflação. Salários corrigidos a todo momento, remarcação constante
de preços, criação de novas moedas. Coisas que só foram resolvidas com a
criação do Plano Real, em 1994.

34
Disponível em https://youtu.be/gM6SRpwoNMQ. Acessado em 03/07/2020.
Por isso é importante, além de guardar e poupar, também investir seu
dinheiro. Isso vai permitir que você mantenha seu poder de compra, e possa
no futuro comprar as mesmas coisas que compraria hoje em dia.

E não tenha vergonha de começar pela poupança. Por mais que digam que
hoje em dia a poupança é o pior investimento, toda jornada começa com um
primeiro passo. O importante é fazer, iniciar. Com o tempo e o estudo, o
aprendizado vai permitir que você evolua como investidor.
QUANTO DEVO GUARDAR DO MEU SALÁRIO?

Muita gente, quando conhece o mundo financeiro e descobre os


investimentos e a economia, faz essa pergunta fundamental:

Quanto devo guardar do meu salário?

O problema é que não existe resposta certa para essa questão. Cada pessoa
tem uma situação, uma realidade, uma meta, um sonho, então a única
resposta possível para essa pergunta é: depende.

Guardar 30% do salário pode ser muito tranquilo para uma pessoa que
ganha bem, tem suas contas organizadas e é mais frugal, enquanto pode ser
uma loucura e um gerador de ansiedade para uma pessoa que tem muitos
compromissos assumidos e ganha um salário menor. E como sempre digo
aqui, investimento e poupança é para trazer tranquilidade para a pessoa, não
para ser mais um gerador de estresse.

Então, se você nunca fez nenhuma economia na vida, esqueça todas essas
regras que falam por aí: 50-30-20, 70-20-10. Recomendo que comece aos
poucos, guardando o quanto for possível para você. O importante é
começar, da forma que for.

Para começar a investir primeiro você precisa saber se sobra dinheiro para
isso, ou seja, se você está gastando menos do que ganha. Anote todos os
seus gastos mensais e compare com a sua renda. Não precisa fazer isso para
sempre. Manter esse controle por três meses já é mais do que suficiente para
entender sua realidade financeira. Se sobrar dinheiro, aí sim você pode
começar a investir.

Se ainda não sobra dinheiro, então você precisa rever seu padrão de vida.
Pode ser que precise cortar algumas despesas, rever alguns custos, se mudar
para um imóvel menor, enfim. E se ainda assim não sobrar dinheiro, veja o
que pode fazer para aumentar sua renda: pedir um aumento salarial, buscar
uma promoção, fazer bicos no fim de semana, trabalhar algumas horas
extras. Quando conseguir equilibrar suas contas, você pode começar a
investir.

Então comece guardando o que puder, 1% que seja! A partir disso, tente
melhorar sua performance guardando mais conforme os meses forem
passando. O site Clube do Pai Rico 35 tem um desafio interessante sobre isso,
onde propõe que o participante aumente em 1% todo mês a quantidade de
dinheiro que consegue poupar. Pode ser uma boa ferramenta para te motivar
a buscar melhorias nesse ponto.

Além disso, não fique procurando pelo melhor investimento enquanto está
começando. A poupança já é suficiente para te fazer aprender e adquirir o
hábito de poupar todo mês. Conforme for evoluindo, você passa a estudar
outras formas mais rentáveis de investimento.

O importante mesmo é começar! Toda longa caminhada começa com um


pequeno e simples passo.

35
Desafio 2018. Disponível em https://www.clubedopairico.com.br/desafio-
2018/35166. Acessado em 03/07/2020.
ORÇAMENTO DOMÉSTICO PARA AUTÔNOMOS E
PROFISSIONAIS LIBERAIS: COMO FAZER?

Se para um assalariado já é difícil fazer um orçamento doméstico, imagina


para um profissional liberal, que não tem uma renda constante, mas sim uma
renda variável, que depende do quanto trabalha naquele mês ou é
influenciada por efeitos sazonais, comissões, prêmios. Mas existe uma
maneira de fazer isso, e é mais fácil do que você pensa.

Para começar a montar seu orçamento, o ideal é que você saiba quanto
conseguiu faturar em cada um dos seus últimos 12 meses. Se você não faz
nem ideia de quanto foi, essa é a primeira ação que precisa tomar: ter um
controle da entrada e saída de dinheiro do seu negócio! Sem saber quanto
se ganha, é impossível saber quanto pode gastar.

Feito isso, vamos ao método, que por sinal é bem simples.

Faça uma lista com o faturamento dos seus últimos doze meses. Vou deixar
aqui um exemplo, para facilitar a explicação do método:

Maio/2018 – R$ 3.000,00
Abril/2018 – R$ 2.200,00
Março/2018 – R$ 2.400,00
Fevereiro/2018 – R$ 1.800,00
Janeiro/2018 – R$ 1.900,00
Dezembro/2017 – R$ 4.000,00
Novembro/2017 – R$ 3.300,00
Outubro/2017 – R$ 3.200,00
Setembro/2017 – R$ 2.500,00
Agosto/2017 – R$ 2.400,00
Julho/2017 – R$ 2.100,00
Junho/2017 – R$ 2.400,00

O que sempre dizem por aí é que se deveria fazer uma média do que você
ganhou em todos esses meses, e considerar esse valor como sua renda
mensal, para você montar seu orçamento doméstico. Com os valores que
dei no exemplo, a renda média seria de R$ 2.600,00 por mês.

O problema de fazer isso é que em alguns meses, sua renda não será
suficiente para pagar todas as suas despesas básicas, fazendo que naquele
mês você se endivide para pagar as contas, ou atrase os pagamentos e pague
juros. O ideal seria guardar dinheiro nos meses que sobra para cobrir os
meses em que falta, mas sabemos bem que as pessoas não são tão
disciplinadas e acabam gastando mais naqueles meses em que sobra
dinheiro.

É aí que entra o pulo do gato, o segredo.

Vejam que na lista com os meses e rendimentos, destaquei o mês de


fevereiro de 2018, que teve a menor renda. É essa a renda que deve custear
todas as suas despesas básicas mensais: aluguel, água, luz, transporte,
alimentação, etc. Pelo menos o custo de sobrevivência deve ser coberto pela
pior renda que você obteve no último ano. Este é o segredo. Fazendo isso,
você sempre vai conseguir pagar as suas despesas, mesmo nos piores meses,
sem a necessidade de recorrer a empréstimos, dívidas ou pagamento de
juros. E nos meses que sobrar dinheiro, pode fazer suas extravagâncias,
como passeios, viagens, jantares.
INVESTIMENTO vs. ESPECULAÇÃO

Investimento e especulação são coisas bem diferentes. Um investimento é


quando você adquire um ativo (um imóvel, uma ação, um título do Tesouro
Direto, um título de renda fixa, uma cota de fundo imobiliário), você passa
a receber rendimentos simplesmente por possuir aquele ativo. Sendo dono
dele, você é remunerado na forma de aluguéis, dividendos, juros, enfim,
você ganha dinheiro. Claro que alguns desses ativos tem custos com
manutenção, tarifas, impostos, mas em geral é um rendimento previsível e
constante.

Já a especulação se resume em uma frase: comprar barato e vender caro.


Trata-se basicamente de uma aposta, uma esperança de valorização futura
daquele ativo, sem se importar muito se essa valorização obtida é
sustentável ou não. A ideia aqui é fazer dinheiro de forma rápida. Você não
consegue ter certeza alguma sobre os rendimentos, se receberá alguma
coisa, quando vai receber, ou se no fim das contas vai sair no prejuízo. Claro
que existem ferramentas e estudos que são utilizados na tentativa de
diminuir os riscos, mas não deixa de ser uma aposta.

Seja usando ações, imóveis, carros, discos ou bitcoin, a especulação é uma


tentativa de lucrar comprando algo por um valor baixo e revendendo por
um valor mais alto.

Apesar de ser arriscado, especular não é algo proibido. Você apenas deve
tomar alguns cuidados quando resolver fazer isso:
Nunca dê all-in

Use para especulação apenas uma pequena parte do seu patrimônio, um


valor pequeno que em caso de prejuízo não vai tirar seu sono ou te causar
problemas maiores.

Saiba a hora de parar

Se você já perdeu todo o capital destinado a especulação, aceite e siga em


frente. Aprenda com seu erro. Ficar tentando “empatar” ou recuperar o
prejuízo vai te fazer colocar mais dinheiro naquilo, e lógico, perder mais
dinheiro também. Vale a mesma regra para quando você ganha: se já bateu
sua meta, saia do jogo. Quem insiste pensando que é seu dia de sorte corre
o risco de perder o que ganhou e mais um pouco.

Sempre que se fala em especulação, as pessoas logo associam a palavra com


coisas ruins. Quando se fala em especulação imobiliária então, sai de baixo.
Parece que todos os problemas das cidades são culpa dela.

Mas, na verdade, a especulação não só é uma coisa boa, como também é


necessária para que o mercado funcione e que as coisas evoluam.

Tecnicamente falando, todo empreendedor é um especulador. Ele faz uma


aposta, arriscando seu dinheiro e seu tempo em algo que pode tanto dar bons
lucros no futuro, como pode fazê-lo perder tudo e ter que recomeçar do zero.
Mas são esses “especuladores” que compram matéria-prima, contratam
funcionários, alugam lojas e galpões, enfim, que fazem a roda da economia
girar. Sem eles, nós estaríamos numa situação bem pior agora.
Especuladores também são necessários para que as bolsas de valores
possam funcionar. Se não existissem milhões de pessoas apostando
diariamente na alta e queda das ações, dispostos a comprar e vender esses
papéis, as bolsas simplesmente não existiriam. Eles são os responsáveis por
dar liquidez aos papéis negociados, permitindo que as operações de
investimento possam ser realizadas. Afinal, para você pode comprar uma
ação, alguém precisa estar interessado em vende-la, e vice-versa.

E o que falar da especulação imobiliária então? Foi ela que permitiu que as
cidades crescessem, que locais antes degradados e abandonados pudessem
ser recuperados. Foram centenas, milhares de especuladores que investiram
seu dinheiro na abertura de novos loteamentos, bairros, na construção de
edifícios, torcendo para conseguir recuperar seu capital no futuro, e com
sorte, conseguir lucrar.

Então, da próxima vez que alguém falar mal de especulação perto de você,
pense bem se a crítica faz sentido. No final das contas, todos nós somos
especuladores em alguma medida.
PATOS ENTRE LOBOS

Eis que depois das loucas aventuras das Fazendas Reunidas Boi
Gordo, Avestruz Master, Telexfree, e da inigualável fraude de Bernard
Madoff, mais uma pirâmide vai para o espaço. Agora foi a vez da Alcatéia
Investimentos. Vou me aproveitar de trechos da matéria do Infomoney para
terminar este post:

A Maximus Digital, empresa de fomento mercantil que assumiu os negócios


da Alcatéia Investimentos em outubro do ano passado, anunciou na última
terça-feira (20) que está desfazendo o negócio – deixando 50 mil
investidores no prejuízo.

Pois é, CINQUENTA MIL PESSOAS caíram em mais um esquema de


pirâmide. Provavelmente você conhece alguém que investiu nisso
acreditando nos retornos milagrosos prometidos.

No site, investimentos são possíveis com aplicações mínimas de R$ 50. A


promessa, porém, é de rentabilidades fixas que variam de 0,06% ao dia a
0,5% ao dia – de acordo com o valor aplicado (R$ 50 ou R$ 1 mil). Tudo
isso garantindo zero perdas e cobrando nenhuma tarifa ou taxa. Se essa
promessa fosse cumprida, o investidor teria um rendimento de cerca de
10% ao mês (considerando 20 dias úteis), por exemplo, e de
aproximadamente 1.000% ao ano.

Aqui estão os sinais claros de um golpe: rendimentos muitas vezes acima


do que se encontra no mercado de renda fixa. Quanto maior o retorno, o
rendimento, maior também é o risco. Se o retorno é gigantesco,
monumental, o risco também é! Não existe dinheiro fácil!

Outro jeito de saber que se trata de um esquema fraudulento, é fazendo


matemática básica, também conhecida como progressão geométrica,
principalmente naqueles esquemas onde existem níveis, e cada um que entra
cria mais um nível. Imagine que um esquema desses comece com apenas
10 pessoas, e que cada uma pode colocar mais 5 pessoas abaixo dela:

Nível Pessoas

1 10

2 50

3 250

4 1.250

5 6.250

6 31.250
7 156.250

8 781.250

9 3.906.250

10 19.531.250

Em apenas 10 níveis você teria a população da grande São Paulo envolvida


no esquema. Acrescente mais alguns níveis e todo o planeta precisaria
participar para que o esquema continuasse. Mas, e de quem os últimos
pegariam dinheiro? É, de ninguém. Os últimos são sempre os que ficam
com o prejuízo do negócio.

Por isso, sempre que algo envolver rendimentos super-atraentes, muito


acima do mercado, ou então precisar que muita gente continue entrando
para o sistema dar certo, caia fora! É apenas mais um esquema de pirâmide!
Não seja mais um patinho da alcateia!
SEPARE O PESSOAL DO PROFISSIONAL

Um erro comumente cometido por profissionais liberais, autônomos e


pequenos empreendedores é misturar suas contas pessoais com as contas da
empresa.

Usam o dinheiro do caixa da empresa para fazer compras no supermercado,


ou usa seu cartão de crédito pessoal para comprar suprimentos, ferramentas
e mercadorias para seu negócio.

Quem aqui é pequeno empreendedor e nunca fez isso, que atire a primeira
pedra!

E esse é um grande problema! Misturar as contas do ambiente familiar com


as do ambiente profissional te deixam sem controle sobre ambas as
situações. Você passa a não saber quanto gasta, no que gasta, e quando vê
já não sabe mais de onde vem nem para onde vai o dinheiro.

Então pare, respire. Tem como melhorar isso, de forma bem simples.

O primeiro passo é entender que o dinheiro necessário para sua


sobrevivência, para manter sua casa e sua família é um custo, uma despesa
para seu negócio. Então é ali que ele deve entrar. Fixe um valor para retirar
mensalmente da conta da empresa e acostume-se a viver com ele. É com
esse “salário” que você irá pagar aluguel, supermercado, transporte, escola,
plano de saúde, lazer, férias, enfim, todas as despesas que uma pessoa
comum tem.
O restante do dinheiro da empresa é para ser usado com a empresa. Pagar
funcionários (caso tenha), comprar suprimentos, estoque, pagar água, luz,
telefone, aluguel, transportes da empresa, marketing, e toda e qualquer
despesa que a firma tenha.

Se em algum mês sobrar dinheiro do seu negócio, porque você vendeu mais
do que de costume, ótimo! Guarde aquele dinheiro para o mês que as vendas
não forem suficientes. Lembre-se sempre da história de poupar nos tempos
de vacas gordas para sobreviver aos tempos de vacas magras.

Evite também usar cartões e contas pessoais para gastos da empresa, mesmo
que seja uma situação necessária e emergencial. Depois de fazer isso uma
vez, você acaba acreditando que não tem problema nenhum, e que isso pode
ser feito sempre. É aí que começam os rolos e a desorganização.

Fazendo essa separação, você fica com as coisas mais claras, podendo agir
melhor para cortar custos e remanejar despesas tanto na área profissional
quanto na pessoal. Isso vai te trazer uma coisa muito importante na vida de
qualquer empreendedor: previsibilidade.
COMECE PELAS PEDRAS GRANDES II – ADEQUANDO O
ORÇAMENTO DOMÉSTICO

O princípio das pedras grandes, ou o famoso princípio de Pareto, além de


ajudar na hora de pagar suas dívidas, também são uteis para reorganizar o
seu orçamento doméstico. Você precisa focar nas maiores despesas
primeiro, já que esses poucos, mas grandes gastos são os que mais impactam
no seu orçamento.

Se você já tem listado suas despesas mensais, ótimo, isso vai facilitar o
trabalho. Se não tem, comece fazendo isso. Anote em uma folha de papel,
planilha, ou onde preferir, todas as suas despesas mensais. Podem ser
valores aproximados. O que importa aqui é a ordem de grandeza.

Muito provavelmente, depois que você fizer isso, vai notar que apenas três
ou quatro despesas são as responsáveis pela maior parte dos gastos que você
tem no mês. Logicamente, vai depender da sua situação atual, da sua idade,
estado civil, se tem filhos ou não, mas geralmente os maiores gastos são
com moradia, alimentação e transporte. Então é neles que você vai focar
primeiro.

Moradia

Moradia costuma ser um item bem pesado no orçamento doméstico,


principalmente em caso de aluguel ou financiamento.

Para poder economizar neste item vai depender de qual é sua situação, se
você paga aluguel, financiamento, ou tem casa própria.
Se você morar de aluguel, o que pode fazer é se mudar para um local onde
o aluguel ou o condomínio sejam mais baratos (se os dois forem menores,
melhor ainda!), ou tentar negociar uma redução de valores com o
proprietário. Na atual situação do Brasil, com a grande oferta de imóveis
disponíveis para locação, as chances de obter esse desconto são bem
grandes.

Se você tiver sua casa própria quitada, ou estiver pagando um financiamento


imobiliário, não tem muito o que fazer. No primeiro caso, seu custo com
moradia já é próximo de zero; no segundo, a única maneira de reduzir o
valor do financiamento é antecipando a quitação do imóvel. Então a
margem de manobra no orçamento doméstico fica reduzida nesses casos.

Alimentação

Quando falo em alimentação, não falo apenas do supermercado, da feira, do


açougue, mas também dos gastos com a alimentação fora de casa: almoço
durante a semana, para quem trabalha muito longe e não consegue almoçar
em casa; jantares, lanches, petiscos, happy hours…tudo isso entra nessa
seção.

No supermercado e afins, não tem muito segredo para economizar: é trocar


alguns produtos de marcas mais caras por similares mais baratos, e evitar o
desperdício e a compra por impulso, comprando somente o que vai
consumir, mesmo que esteja aquela promoção mega-hiper-ultra-blaster de
pague 1 e leve 20. Não adianta nada comprar na promoção se você não for
consumir tudo. Compre nessas promoções apenas aqueles itens não
perecíveis, como produtos de limpeza.
Nas refeições fora de casa, não é para cortar tudo, mas você pode reduzir a
frequência. Digamos que toda semana você janta fora de casa com a sua
família, gastando 200 reais por vez. Se ao invés de 4 vezes no mês, você
sair apenas 3, já consegue economizar um pouco sem cortar esse conforto,
esse luxo que você tem com sua família.

Transporte

Aqui entra outro grande vilão do orçamento doméstico. A menos que você
trabalhe em casa, no esquema de home office, você precisa se deslocar para
ir e voltar do seu emprego. Aqui é necessário avaliar bem sua necessidade,
e ver o que pode ser feito.

Veja se o transporte coletivo da sua cidade consegue atender seus horários,


ou veja se é possível alterar seus horários para aproveitar o transporte
coletivo. Outra coisa que também pode impactar no item transporte é a
distância que você mora do seu trabalho. Se sua casa é alugada, veja a
possibilidade de se mudar para mais perto do trabalho. Isso vai te fazer
economizar não só dinheiro, mas também tempo.

Outra saída para economizar é usar os aplicativos de transporte, como o


Uber e o Cabify. Pode valer mais a pena usar esses serviços do que ter um
segundo carro e pagar seguro, estacionamento, combustível, manutenção,
além do custo do próprio veículo.

Por último, veja se não é possível reduzir o padrão do seu veículo. Muita
gente tem um sedã top de linha para andar alguns poucos quilômetros por
mês, quando um carro popular e com menor custo resolveria o problema
tranquilamente.
Como você pode ver, o foco desse texto é fazer você repensar a sua situação,
meditar sobre o que pode ser aprimorado. Nos acostumamos a levar a vida
no automático e não paramos para refletir sobre o que estamos fazendo.
A EVOLUÇÃO DO INVESTIDOR

Sabe essa imagem aí em cima, presente em 10 de 10 livros de História?


Então, podemos fazer um paralelo entre ela e a evolução do investidor
conservador, ou também chamado de defensivo. Ou, como está na moda,
podemos gamificar as etapas da vida de quem investe:

1ª fas e – Gas tar menos d o q ue ganh a

Essa é a primeira fase, a primeira etapa da vida do investidor, é a parte onde


ele anota seus gastos, sabendo para onde vai seu dinheiro durante o mês,
e começa a fazer sobrar salário no final do mês, e não mês no final do
salário.

2ª fas e – P oup anç a

Sem muito conhecimento sobre investimentos, o investidor iniciante passa


para a próxima fase: aplicar o dinheiro que sobra no final do mês
na caderneta de poupança. Essa é uma coisa que recomendo para quem está
começando: ver o bolo crescer mês a mês te incentiva a buscar mais
conhecimento e investimentos melhores.

3ª fas e – C DB, LC I , LC A, Tes ouro D ireto

Com um valor razoável acumulado na caderneta de poupança, o investidor


passa a ter acesso a outros investimentos tão seguros quanto e ainda mais
rentáveis, como o CDB, a LCI, a LCA e o Tesouro Direto. Com uma boa
margem investida em renda fixa, ele passa para a próxima fase: a renda
variável.
4ª fas e – Ações e F und os I mob iliá rios ( F I I )

Aqui, o investidor conservador chega ao destino final, a última fase: une a


segurança da renda fixa com a oportunidade de rendimentos maiores na
bolsa de valores e no mercado de fundos imobiliários.
FALANDO SOBRE IMÓVEIS

Imagino que você notou que não tem nenhum texto neste livro falando sobre
imóveis, sobre compra e venda de apartamentos, aluguel, financiamento,
consórcio e todo o resto. Não tem nada neste livro sobre este assunto
simplesmente porque eu tenho um livro inteiro dedicado a imóveis. O link
para comprá-lo você encontra no final deste livro.
III. HÁBITOS
VOCÊ ESTÁ PAGANDO PARA TRABALHAR?

Hoje em dia, é comum que as duas partes de um casal trabalhem fora. A


situação de homem provedor e mulher cuidando da casa e dos filhos virou
exceção. O objetivo final desse novo arranjo é claro: permitir que a família
tenha uma renda maior, ainda mais levando em consideração que o custo de
vida nos grandes centros urbanos só cresce. Mas será que essa situação, com
ambos trabalhando fora, realmente é vantajosa?

Um casal onde marido e mulher trabalham obviamente tem uma renda


mensal maior do que se apenas um deles estivesse no mercado de trabalho.
Entretanto, como já dizia a música do Charlie Brown Jr. “cada escolha, uma
renúncia, isso é a vida”. Um casal que trabalha fora inevitavelmente incorre
em mais gastos para permitir que essa realidade seja possível.
Provavelmente contratarão uma diarista para cuidar da limpeza da casa,
farão boa parte das refeições na rua, talvez terão dois carros para que ambos
possam fazer o caminho casa-trabalho confortavelmente e não se atrasar.
Também pagarão uma escola em tempo integral ou uma babá para cuidar
dos filhos enquanto eles trabalham. Sem falar nos gastos decorrentes do
próprio trabalho, dependendo da área que atuam: roupas, maquiagem,
notebook, happy hour.

Dependendo da renda combinada e das despesas que o casal vai ter por
ambos trabalharem, pode ser mais recompensador que apenas um deles
trabalhe, já que nessa situação as despesas serão bem menores. Com um dos
dois em casa, talvez a necessidade da diarista seja reduzida, pode-se levar o
almoço feito em casa, os filhos não precisam ficar em uma escola de tempo
integral ou aos cuidados de uma babá. Também pode não existir mais a
necessidade de ter dois veículos, economizando as despesas com seguro,
manutenção, combustível, estacionamento, lavagem, impostos e multas.

Não estou aqui para provar que você deve parar de trabalhar apenas porque
seu marido/esposa já trabalha e tem uma renda maior que a sua. Não farei
dezenas de contas e simulações, porque cada família tem sua realidade. A
ideia é apenas fazer você pensar e refletir se a renda obtida com o trabalho
compensa o tempo que irá ficar fora de casa, longe dos seus filhos e com
despesas extras para arcar.

Lembre-se sempre: o único ativo que nunca pode ser recuperado depois de
consumido é o tempo.
COMO GASTAR MENOS?

Um dos pilares de uma vida financeira saudável é gastar menos do que se


ganha. Só assim é possível não viver no limite, construir um colchão de
segurança e investir pensando em metas de prazo mais longo, como comprar
uma casa ou garantir a aposentadoria. Para conseguir esse passo inicial,
algumas táticas podem ajudar.

Deixe o cartão de crédito em casa (ou elimine de vez)

Quando bem utilizado, com consciência e responsabilidade, o cartão de


crédito é um excelente aliado. Ele permite que você acumule milhas e
pontos, receba descontos em alguns locais, concentre todos seus gastos em
uma única fatura, além de permitir que você descubra e monitore onde
gastou seu rico dinheirinho no mês que passou.

Entretanto, ele se torna um grande vilão para quem não tem controle sobre
suas finanças, ou não resiste às compras por impulso. Como geralmente os
limites do cartão são muito mais altos do que o salário das pessoas, a chance
de gastar muito além do que pode pagar e se ver endividado em pouco
tempo é muito alta! E se você gasta excessivamente e de maneira impulsiva,
é interessante procurar ajuda especializada de um psicólogo ou psiquiatra.
Isso pode ser um transtorno de comportamento, um vício como o consumo
de álcool ou tabaco, e precisa de tratamento. Assim como existem grupos
de ajuda mútua para alcoólatras e drogadictos, existem grupos
especializados em ajudar pessoas com vício em compras e dívidas. Procure
por Devedores Anônimos e encontrará um grupo perto de você que pode te
ajudar.
Então deixe o cartão de crédito em casa, usando-o somente para
emergências de valor maior, como o conserto do carro ou a reposição de um
eletrodoméstico que pifou, por exemplo (apesar que o ideal é usar o colchão
de segurança e resolver o problema de uma única vez). Se possível, é válido
mesmo cancelar o cartão de crédito e ficar apenas com o de débito.

Use dinheiro vivo

A Teoria do Prospecto, elaborada por Amos Tversky e Daniel Kahneman e


publicada no livro Rápido e Devagar36, aponta que a dor da perda é duas
vezes maior do que a felicidade por ganhar algo. Então, quando uma pessoa
usa dinheiro vivo, principalmente em notas grandes, ela fica com dó de
gastar, afinal, você literalmente vê o dinheiro saindo da carteira para
comprar cigarros na esquina e nunca mais voltar. Já quando se usa o cartão
de crédito ou débito, essa dor é minimizada, já que você não está usando
dinheiro de verdade para pagar a conta. É uma ação meramente virtual,
digital, onde você paga a conta apenas digitando alguns números em uma
maquininha.

Para passar a pagar tudo com dinheiro vivo, você pode agir de duas
maneiras: a primeira é usar a tática dos envelopes, de forma que no começo
do mês você já tenha organizado para onde vai cada parte do seu dinheiro,
evitando de gastar de forma descontrolada e depois precisar usar o cheque
especial para cobrir as contas. A outra maneira é toda semana sacar o
dinheiro que pode usar naquele período em despesas variáveis. Explicarei
como essas duas estratégias funcionam em outro capítulo.

Cancele o cheque especial

36
KAHNEMAN, Daniel. Rápido e Devagar. 2012.
Mesmo usando apenas dinheiro vivo ou o cartão de débito, ainda existe uma
última fronteira quando se quer gastar demais: o cheque especial. Ele fica
ainda mais convidativo quando tem seu saldo disponível somado ao saldo
real da sua conta corrente, o que passa a impressão de que temos muito mais
dinheiro para gastar do que realmente possuímos. Por isso é essencial que
você cancele seu cheque especial, dessa forma não tem para onde fugir na
hora de gastar além do que tem. Caso tenha uma situação inesperada, use
seu colchão de segurança e depois a recomponha.

Mesmo que atualmente os juros do cheque especial estejam bem menores


do que já foram um dia, ainda pode se tornar uma bola de neve considerável
caso você deixe a dívida rolar por muito tempo. Lembre-se: receber juros é
sempre muito melhor do que pagar.
NÃO ECONOMIZE!

Eu sei que parece contraditório um livro sobre educação financeira falando


para as pessoas não economizarem, mas isso tem uma explicação. Em um
artigo do Nexo Jornal de 201637:

Jason Chen, colunista de finanças pessoais do site LifeHack,


aconselha: não economize em coisas nas quais você gasta
bastante tempo. Um colchão confortável, por exemplo, sai por
muito pouco se você dividir o valor pelas horas que passa
deitado nele (e pela qualidade de vida que ele vai
proporcionar). A ideia é: divida o preço caro do que precisa
comprar pelo total de horas que aquilo será usado em um ano.
Se pergunte: “eu pagaria X por hora para estar
confortável/não ter preocupações/ser mais produtivo?” Se a
resposta for sim, vale comprar.

Aqui o Jason fala basicamente sobre a tal economia burra: a pessoa, mesmo
podendo comprar algo bom e durável, acaba comprando algo barato e de
baixa qualidade apenas para economizar. Infelizmente, como diz o ditado,
o barato sai caro! Usando o exemplo do colchão da matéria do Nexo, ao
economizar comprando um colchão barato, você ganha muitas dores pelo
corpo e noites de sono mal dormidas.

37
Como gastar bem seu dinheiro, segundo a ciência. Disponível em
https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/01/07/Como-gastar-bem-seu-dinheiro-
segundo-a-ci%C3%AAncia. Acessado em 07/07/2020.
Então, naquelas coisas que usa muito, vale a pena gastar um pouco mais e
ter um produto durável, confiável e confortável, que proporcione uma
melhor qualidade de vida.

Mas engana-se que esses produtos duráveis são apenas colchões, móveis,
carros e TVs. Vale para a toda e qualquer coisa que se use muito, mesmo as
não tão duráveis, digamos assim. Por exemplo, alguém que é um corredor,
que ama correr, e faz isso praticamente todos os dias. É melhor comprar um
único tênis, confortável, de qualidade, que não cause dores, pagando
digamos R$ 1 mil reais, do que comprar vários tênis ruins, que duram pouco
e trazem problemas físicos pagando 100 ou 200 reais em cada um. É o tal
do custo-benefício.

Outra vantagem de comprar algo que dure bastante é que você não precisa
ir toda hora comprar um novo, e evita se expor ao comércio, economizando
com os gastos acessórios. Usando o exemplo do colchão novamente: cada
vez que precisa comprar um colchão novo são algumas horas gastas
pesquisando, experimentando, sem falar nos custos de procura, como
estacionamento, alimentação e combustível.

E por último, comprar algo durável também reduz a quantidade de tralha


que você junta em casa. Lembre-se de quanta coisa você já jogou fora ou
ficou acumulando, coisas que já não serviam, passaram do prazo de validade
ou estragaram muito rápido. Tudo que você joga fora é coisa comprada com
seu dinheiro, com seu tempo de trabalho. Na prática, é a mesma coisa que
jogar algumas (ou muitas) horas do seu tempo de vida na lixeira, com a
importante observação que tempo não é reciclável.
FILTRO DE BARRO

Acredito que o leitor, quando mais jovem, já usufruiu das virtudes dessa
maravilhosa tecnologia brasileira de filtragem de água: o filtro de barro. E
para quem é da nova geração, acostumada com os filtros eletrônicos ligados
diretamente no encanamento, que tem água toda hora, o filtro de barro não
funciona bem assim. Você precisa encher o reservatório constantemente
para ter água fresca para beber. Se não encher o reservatório, a água acaba.
Simples assim.

Para ter água fresca sempre, precisa manter o reservatório cheio. Precisa de
disciplina, constância.

Vale o mesmo princípio para aumentar sua tranquilidade financeira. Precisa


ter disciplina, constância, enchendo o reservatório com os aportes todo mês.
E também é preciso esperar.

No filtro de barro, a água não é tratada imediatamente. Ela demora algumas


horas para passar pela vela e ficar disponível para consumo. Para chegar na
sua tranquilidade financeira, acontece o mesmo. Precisa ter paciência para
esperar que seus investimentos deem frutos. Não existe investimento que te
deixa rico rapidamente. Geralmente são apenas golpes, fraudes ou
esquemas que duram algum tempo, até fecharem quando ninguém espera e
deixar muita gente com os bolsos vazios.

Beba água e encha o seu reservatório constantemente!


DEPENDE DE QUEM VÊ!

Quando ainda era criança, ganhei um livro chamado Depende de Quem


Vê38. A história tratava basicamente de fatos que, dependendo do ponto de
vista, eram bons ou ruins. Pelo que me lembro, os personagens eram todos
animais, assim como nas fábulas famosas. (Falar mais sobre o livro).

Esses dias tive o prazer de ouvir dois podcasts totalmente contraditórios


sobre o mesmo fato (e não, não era sobre política). O tema era o SXSW,
evento que acontece todo ano em Austin, capital do Texas, abordando temas
como tecnologia, ciência e criatividade.

No primeiro deles, o episódio 305 do Braincast 39, o pessoal da mesa


discorreu sobre o SXSW 2019, sobre as palestras que participaram, as
novidades, enfim, um pouco de tudo que aconteceu no evento. O outro
episódio sobre o mesmo evento ouvi no Guncast, com o Murilo Gun
contando como fui sua experiência no mesmo evento, na mesma cidade, no
episódio 24340.

Para minha surpresa, o Murilo Gun assistiu apenas 3 palestras! Isso mesmo,
somente 3! Isso é algo simplesmente inacreditável. Ele passou o resto do
tempo vagando pela cidade na madrugada e conversando com moradores
de rua.

38
BANDEIRA, Pedro. Depende de quem vê.
39
A nova economia envelheceu. Disponível em
https://www.b9.com.br/shows/braincast/braincast-305-a-nova-economia-envelheceu-
edicao-sxsw-2019/. Acessado em 07/07/2020.
40
Top insights das melhores palestras do SXSW. Disponível em
https://blog.keeplearning.school/guncast/top-insights-das-melhores-palestras-do-sxsw.
Acessado em 07/07/2020.
Explico melhor: o SXSW dura seis dias, e cada dia tem seis sessões de
palestras, e em cada sessão são dezenas de palestras acontecendo em
diferentes locais da cidade de Austin. Ou seja, ele poderia ter assistido quase
quarenta palestras, mas entrou em apenas três e ainda foi impactado mais
pelo que aconteceu fora do evento do que dentro dele. Mal comparando,
seria a mesma coisa que comprar ingressos para uma partida de futebol e
ficar do lado de fora conversando com os vendedores ambulantes.

Essa comparação serve para mostrar que para qualquer coisa da vida, a
impressão que ela causa nas pessoas depende de quem vê. Para o pessoal da
B9, o que impactou foi o conteúdo das palestras, enquanto para o Murilo, o
grande impacto veio da conversa com os moradores de rua e com o silêncio
das madrugadas de Austin.

Trazendo isso para o mundo dos investimentos, é a mesma coisa. Poupança


é um bom investimento? É melhor comprar imóveis para alugar? Colocar
tudo na bolsa de valores? Investir em criptomoedas? Aportar cada vez mais
no meu negócio? Deixar tudo em renda fixa?

A resposta certa é: depende de quem vê.

Cada pessoa se sente confortável com um tipo de investimento, com um tipo


de negócio. E estar confortável com seus investimentos é fundamental.
Todo investimento deve passar pelo teste do travesseiro: você consegue
dormir tranquilo com os investimentos que tem?

Então é isso: não condene os investimentos das outras pessoas, você não
está na pele dela para saber o que ela pensa, qual sua história, qual seus
objetivos. Não julgue aquilo que você não conhece.
SOBREVIVENDO AS LIQUIDAÇÕES

Todo ano acontecem dezenas de liquidações, promoções, semanas de


desconto, Black Friday, Cyber Monday, entre outros, e com elas vem toda
uma gama de faturas de cartão com valores altos e que provavelmente não
serão pagas!

Por isso listo aqui algumas dicas para te ajudar a não cair na armadilha do
consumismo nessas promoções.

Faça uma lista do que quer comprar

Veja bem, não estou aqui para dizer que você não deve comprar nada. Mas
faça uma lista com coisas que realmente precisa, assim vai evitar de comprar
qualquer coisa na liquidação apenas para satisfazer uma necessidade
consumista naquele momento. Se você não precisa daquilo, não tem que
comprar. A lista permite que você faça compras mais racionais e menos
emocionais. Apesar dos descontos pulularem na sua frente, ela vai servir
como uma ancoragem, evitando que você faça compras movido somente
pela animação do desconto, pelo medo de perder aquela oferta incrível!

Junte o dinheiro com antecedência!

Fazer uma lista também te ajuda a planejar seus gastos. Com isso, você pode
ir economizando um pouco por mês para pagar à vista, evitando parcelar
isso em 24 parcelas no cartão de crédito e ficar pagando a compra de uma
coisa durante toda a eternidade.

Acompanhe os preços

Com o surgimento dos buscadores de preço, ficou muito mais fácil saber se
você está realmente economizando em uma compra, ou se está sendo
enganado. Buscapé, Zoom, Bondfaro, Google Shopping, existem vários
sites e aplicativos que você pode utilizar. Em alguns deles, pode até criar
alertas de preço, para ser avisado quando aquele item que você deseja
chegar no preço que pode pagar.

Só compre com boleto

Abandone o cartão de crédito nas liquidações! As vezes surgem promoções


relâmpagos na Black Friday, de algo que você não tinha planejado comprar,
ou mesmo que você pensou em adquirir, mas não tem mesmo certeza se vai
querer ou não. Então, o que fazer?

A resposta é: boleto! Bolete hoje, bolete amanhã, bolete sempre! Quando


você boleta, já tem garantida a possibilidade de adquirir aquele produto,
mas não precisa pagar no ato. Assim, pode pensar por um ou dois dias se
aquelas compras são realmente necessárias e se irão te trazer algum
benefício real, ou servirão apenas para acumular mais tranqueira no armário
do quarto da bagunça.

Outro benefício dessa medida é que você só vai conseguir usar o dinheiro
que já tinha economizado para a liquidação, evitando fazer um
endividamento de longo prazo no cartão de crédito.

Com isso, você evita de fazer compras por impulso e ajuda a controlar seu
consumismo.
VIAGEM NÃO É SÓ PASSAGEM

Certa vez escrevi um texto sobre terrenos 41, expliquei porque não se deve
levar em conta apenas o preço do lote na hora de decidir qual comprar, mas
também todo o resto que envolve a obra que vai fazer nesse terreno: a
localização (esse é o principal), o tamanho da casa, o padrão de acabamento,
entre outras coisas. O terreno é só um dos itens que compõem o preço total
da casa nova, e nem sempre é a parte determinante para o valor global ser
maior ou menor.

Mudando de assunto imóvel para móvel, podemos fazer a mesma analogia


com viagens.

Quando acontece uma alta do dólar, as pessoas começam a ficar


preocupadas com o valor das passagens, e ficam torcendo por pequenas
quedas pontuais, tentando economizar alguns trocados nas passagens
aéreas. Eu realmente compreendo esse raciocínio, afinal, as passagens são
algo que representam uma boa parte da despesa na hora de viajar. Só que
elas não são a única coisa.

Na "equação" das férias, temos pelo menos mais dois elementos: passeios e
hospedagem. E ainda podemos ter mais alguns itens acessórios, dependendo
da realidade de cada pessoa, como aluguel de carro, cuidador/hotel para
animais de estimação, hotel na cidade do aeroporto, para quem mora muito
distante de um. Ficaria assim:

FÉRIAS = passagens aéreas + hospedagem + passeios + acessórios

41
CORGHI, Marcelo M. Tijolos. 2019.
Logo, apesar das passagens serem representativas no orçamento, elas não
são o único item com o qual você deve se preocupar. Preocupe-se também
em conseguir bons valores nas demais partes da viagem, para não ser
surpreendido com um rombo no orçamento dedicado as suas férias, ou com
uma fatura de cartão de crédito muito além do esperado. Acredite, já ouvi e
li relatos de quem não pagava passagens aéreas, seja por ter muitas milhas
ou por ser funcionário de alguma companhia de aviação, e mesmo assim
gastava horrores com viagens, porque apesar de não pagar as passagens, os
outros itens pesam bastante no bolso.

Além dos fatores financeiros, considere também os fatores intangíveis,


principalmente tempo. Será que vale a pena economizar na passagem, mas
fazer três escalas e ficar quase o dia todo se deslocando? Vou realmente
economizar dormindo naquele hotel mais barato, mas que fica longe de tudo
e me obriga a alugar um carro ou usar táxi, e ainda me faz acordar mais
cedo/dormir mais tarde para poder aproveitar as atrações do destino?

Na próxima vez que for viajar, leve tudo isso em consideração. Viajar apura
os sentidos, abre horizontes, pinta o mundo com novas cores e desafia os
seus limites. Valor é muito mais importante que o preço.
DEVEDORES ANÔNIMOS

Acredito que a maioria de vocês leitores já tenha ouvido falar de grupos


como o AA - Alcoólicos Anônimos e o NA - Narcóticos Anônimos, que
tem como objetivo ajudar pessoas a abandonar seus vícios, seja de drogas
lícitas ou ilícitas.

O que vocês talvez não saibam é que existe também o DA - Devedores


Anônimos, que é um grupo de apoio voltado a ajudar os devedores
compulsivos, aqueles que se viciam em compras e dívidas, mesmo sem ter
dinheiro para tal.

Eu particularmente não conhecia essa entidade, tomando conhecimento dela


através do livro do Fabiano Calil, A ponte e o remador42.

Pesquisando no site dos Devedores Anônimos, descobri que essa iniciativa


começou em 1967, baseada no sucesso dos grupos de ajuda a alcoólatras e
narcóticos. As atividades são bem semelhantes, incluindo o programa dos
12 passos.

Existem grupos presenciais apenas em alguns estados brasileiros, como São


Paulo, Ceará, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Você pode ver os endereços e dias de reunião na própria página do
Devedores Anônimos43. Se você não mora em alguma das cidades que tem
grupos presenciais, não se desespere. Existe um grupo online, com reuniões

42
CALIL, Fabiano. A Ponte e o Remador. 2018.
43
Disponível em http://devedoresanonimos-sp.com.br/. Acessado em 07/07/2020.
toda quarta-feira. Para participar, é só seguir as instruções, está tudo no site
deles.

Escrevo sobre isso pois sei que as ferramentas de educação financeira são
suficientes apenas até certo limite. Se a pessoa chega ao ponto de comprar
e dever sem freios, sem medidas, ela precisa de apoio além do que o
educador financeiro pode oferecer. Ela precisa de ajuda psicológica
especializada, e para isso, o grupo de Devedores Anônimos é excelente.

Se eu conseguir atingir uma única pessoa que precisa desse apoio, já ficarei
feliz e grato.

Caso você conheça pessoas que estão nessa situação, indique a associação,
ajude-a a sair desse buraco em que ela se encontra. Compartilhe essa
informação nas suas redes sociais, na sua família, nos seus grupos de
Whatsapp. Tenho certeza que você acabará ajudando alguém que está
enfrentando esses problemas, mas não demonstra isso aos outros.
A TAL DA BETTINA

Antes, neste livro, falei sobre como cada escolha que fazemos em nossa
vida, na prática, é uma renúncia a inúmeras outras oportunidades. Vou falar
mais um pouco sobre isso, me baseando na em um episódio que ficou
famoso, a entrevista da Bettina, garota propaganda de uma casa de análise
de investimentos, onde ela diz que “o problema do brasileiro é que ele pega
os R$ 35 mil que ganha do pai na formatura e compra carro ao invés de
comprar ações alguém” 44. Muita gente reclamou, dizendo que ela estava
falando apenas para a sua bolha, que essa não é a realidade do brasileiro
médio.

Concordo em parte com essas críticas. Realmente, não é todo mundo que
ganha 35 mil reais de presente do pai quando vai se formar na faculdade.
Muitas pessoas sequer tiveram a oportunidade de fazer um frequentar o
ensino superior.

Mas apesar disso, podemos transportar a situação da Bettina para a vida da


maioria dos brasileiros. Independentemente do valor, imagine que esse
dinheiro extra veio de um saque do FGTS, de um prêmio de loteria, de um
bônus no trabalho, da venda de um imóvel que há muito tempo não recebia
uma oferta. Pense aí no exemplo da sua preferência. Essas são situações que
acontecem com milhares de brasileiros todos os anos, concorda? Talvez não

44
Vídeo disponível em https://twitter.com/rafaaagonz/status/1110207578359894017.
Acessado em 07/07/2020.
tenha acontecido com você, mas provavelmente você conhece alguém
próximo que passou por alguma dessas situações.

O que a grande maioria faria com o dinheiro extra?

Pois é, acredito que você pensou a mesma coisa que eu. Talvez não desse
para comprar um carro, como no caso da Bettina, mas é bem provável que
seria gasto com algo visando algum desejo imediato, sem pensar no futuro.
Roupas, celulares, eletrônicos, viagens, passeios, jantares, etc. Logo, todo o
dinheiro extra seria rapidamente consumido, e pronto. O ganhador voltaria
a sua condição original.

Então podemos dizer que o problema não é necessariamente ter um pai rico,
que lhe deu dinheiro de presente, mas sim a falta de educação financeira da
população brasileira em geral. Exemplos disso são abundantes, você
facilmente encontra esses casos no noticiário. Muitas pessoas ganharam
prêmios milionários na loteria e perderam tudo. Também são comuns as
histórias de atletas, artistas e outras celebridades que ganharam muito
dinheiro em suas carreiras, mas acabaram perdendo tudo e vivendo seus
últimos anos de vida em uma situação desfavorável, dependendo da
caridade de amigos e familiares. Existe um documentário muito bom sobre
isso, da emissora norte-americana ESPN, chamado Broke (Falido) 45,
mostrando que muitos ex-atletas profissionais, que ganharam milhões de
dólares durante a carreira, vão a falência poucos anos depois de se
aposentarem.

45
Broke. Direção: Billy Corben. 2013. Disponível em
http://www.espn.com/30for30/film/_/page/broke. Acessado em
07/07/2020.Documentário Broke ESPN
Então, fica a dica: todo mundo na vida, um dia, vai receber algum dinheiro
extra, inclusive você. Resta ver o que fará com ele, se vai gastar tudo ou
investir.
JOGANDO DINHEIRO NOS PROBLEMAS

Uma vantagem enorme de ter uma vida financeira equilibrada, com um


colchão de segurança bem formada e uma carteira diversificada, é poder
jogar dinheiro nos problemas para evitar maiores aborrecimentos.

Um exemplo: você levou seu carro para a revisão e o custo ficou maior do
que o previsto. Você simplesmente vai lá e paga, não precisando ficar
negociando com o mecânico sobre o que pode ser feito depois, porque o
dinheiro que você tem não dá conta.

Outro caso: você está saindo de um imóvel alugado, e precisa fazer a pintura
e pequenos reparos antes de encerrar o contrato. A maioria das pessoas opta
por fazer isso por conta própria, gastando um tempo precioso e
desperdiçando muito material, já que não são especialistas, e ainda correm
o risco de a imobiliária/proprietário não aceitar o serviço entregue, e
precisar refazer. Se você tem dinheiro pode simplesmente pagar para a
imobiliária cuidar disso e encerrar logo o contrato, sem maiores problemas.

Veja bem, não estou dizendo que você deve esbanjar seu dinheiro,
simplesmente aceitando qualquer cobrança, sem tentar negociar. Não é isso.
O que estou dizendo é que, tendo o dinheiro, você ganha tempo (como no
caso da imobiliária) e diminui seus riscos (como no caso da manutenção do
carro), e não precisa ficar contando com a sorte ou com a boa vontade das
outras pessoas. Você simplesmente vai lá, paga e resolve.
ENVELOPANDO SEUS DÉBITOS

Trabalhando como planejador financeiro, não é raro me deparar com casos


onde os clientes ficaram endividados após descontrolar seus gastos no
cartão de crédito. Isso acontece porque é bem fácil conseguir um limite
muito superior à sua renda. Com isso, as pessoas começam a gastar e só
percebem o rombo na hora de pagar as faturas. Como não conseguem pagar
o valor total, pagam o valor mínimo apenas para não sujar o nome e com
isso a bola de neve dos juros compostos começa a agir contra a pessoa,
aumentando a dívida mês após mês e tornando-a quase impagável em
muitos casos.

Se você também passa por isso, existe uma técnica que pode funcionar bem:
o método dos envelopes. Não lembro bem quando tomei conhecimento
desse sistema, mas eu o utilizo há bastante tempo e funciona muito bem.

O primeiro passo é aceitar que você está endividado e parar de usar o cartão
de crédito, renegociando o máximo possível seus débitos para que você
possa pagar aquela dívida sem prejudicar muito as outras áreas da sua vida.
Um bom jeito é visitar as feiras de negociação, o que pode ser feito até
mesmo online, no site do Serasa46. Não adianta falar que a culpa é da
empresa de cartão de crédito, que ela te deu um limite muito alto, que os
juros são abusivos, ou qualquer outra desculpa. Quem usou o cartão de
crédito foi você, e a responsabilidade por essa situação é unicamente sua.
Não terceirize a culpa.

46
Disponível em https://www.serasa.com.br/limpa-nome/. Acessado em 07/07/2020.
Agora falando do método em si: ele não tem segredo nenhum. Você só
precisa de um pouco de vontade e no máximo meia hora por mês para se
organizar. Faça isso sempre no dia que recebe seu salário. Pegue alguns
envelopes e separe neles o valor necessário para pagar cada um dos seus
compromissos naquele mês, como investimentos, moradia, transporte,
alimentação, lazer, estudos, vestuário, sapatos. E então, você vai usando o
dinheiro de cada envelope para pagar suas contas e suas despesas, até
acabar. Uma vez acabado o dinheiro separado para aquele fim, você só pode
voltar a gastar com isso no próximo mês, quando receber novamente sua
renda.

A única coisa que o método exige é disciplina para não ficar pegando
dinheiro dos outros envelopes quando um deles terminar. Mas tirando isso,
é bem fácil de se implantar e bem eficiente.

Se você não gostar de ficar com muito dinheiro em casa, pode pagar aquelas
contas fixas direto no seu internet banking (aluguel, água e esgoto, energia,
financiamentos, condomínio, gás, plano de saúde, internet etc.) e então usar
os envelopes apenas para as outras despesas, como lazer, vestuário,
alimentação fora de casa.

Em alguns meses já estará habituado e sentirá uma bela melhora na sua


situação financeira, afinal, esse método lhe ajuda a realizar um dos pilares
da educação financeira: gaste apenas o que você tem!
O EFEITO MILHAS AÉREAS

Quando chega o fim de ano trazendo consigo as compras de Natal e Black


Friday, boa parte das pessoas fica caçando descontos e promoções na
internet. Isso é até óbvio e esperado, afinal todo mundo quer poder comprar
o máximo de coisas possíveis gastando o mínimo de dinheiro possível.

Atire a primeira pedra quem nunca levou algo que não precisava só porque
estava com um bom desconto? E o objeto acabou ficando lá, esquecido no
fundo de uma gaveta, sem uso algum, acumulando poeira e ocupando
espaço.

Isso nada mais é do que a compra por impulso. Aquelas compras que
fazemos apenas porque “a partir de 200 reais pode parcelar”, ou “tem 30%
de desconto se gastar acima de 300 reais”, e outras ofertas do tipo. E quando
vemos, compramos além do necessário apenas para obter o tal desconto, e
gastamos mais do que devíamos, mas saímos da loja com aquele ar de
superioridade, se achando mais esperto do que o lojista, quando na verdade
você foi feito de otário.

Também acontece quando você realiza uma compra em um lugar mais caro,
ou adquire coisas que não precisa, apenas para acumular pontos ou milhas
no seu cartão de crédito. Por isso que chamo isso de “efeito milhas aéreas”.
A pessoa faz a compra pensando apenas no desconto ou na quantidade de
milhas que vai acumular, mas não pensa na fatura do cartão de crédito que
terá que pagar depois.
Lógico, se é uma compra planejada, de algo que você realmente quer ou
precisar, acumular milhas é um bônus, uma vantagem, e você deve mesmo
utilizar, afinal, as milhas valem dinheiro. Mas tem que tomar cuidado para
não transformar o bônus em ônus.

E claro, tudo que falo aqui eu já fiz. Todos nós temos teto de vidro. O que
resta é me policiar para não cair novamente nessas armadilhas do marketing
e da propaganda. Temos que ficar sempre atentos para evitar essas compras
por impulso. Quando vem aquela vontade de comprar algo que não preciso
por um baita desconto, repito o mantra do Julius Rock: “Se eu não comprar
nada, o desconto é maior”.
MOTTAINAI

Mottainai é um conceito japonês, que, em uma tradução livre, seria algo


como “não desperdice os recursos que possui”, sejam eles materiais,
mentais ou espirituais. E como sabemos, para ter uma vida financeira
próspera, é essencial não desperdiçar nossos recursos, e principalmente,
nosso tempo. Você dificilmente vai melhorar sua relação com o dinheiro se
for um desperdiçador. Seja grato por aquilo que você já tem, e não
desperdice seus recursos enquanto busca pelo que ainda não tem.

Eu fui apresentado a esse conceito no Lídercast, o podcast do Luciano


Pires47, onde ele entrevista a palestrante Tiemi Yamashita que se aprofunda
bastante no tema.

E quando desperdiçamos nossos recursos financeiros?

Dinheiro e desperdício estão quase sempre ligados. É bem provável que as


pessoas que tem mês sobrando no final do salário estejam desperdiçando
seus recursos financeiros.

Fazemos isso o tempo todo, em várias situações, como quando compramos


um supérfluo apenas por impulso, com a desculpa de que é baratinho ou de
que está com um mega desconto. Quando compramos itens demais no
supermercado, e precisamos jogar fora porque acabaram passando do prazo
de validade e não foram consumidos. Quando não pagamos nossas contas

47
Lídercast 111: Tiemi Yamashita. Disponível em
http://portalcafebrasil.com.br/lidercast/lidercast-111-tiemi-yamashita/ . Acessado em
07/07/2020.
no dia correto e acabamos tendo que pagar multas e juros, causados pela
nossa indisciplina. Quando você compra coisas por pressão de amigos e
familiares, apenas porque está na moda e acaba jamais usando. Quando
pagamos a mensalidade da academia, mas nunca a frequentamos, ou
frequentamos menos do que o plano contratado prevê. Quando assinamos
o melhor pacote disponível da TV a cabo, para acabar assistindo YouTube
e Netflix na TV da sala.

Como pode ver, não é difícil encontrar fontes de desperdício em nossas


vidas. Os exemplos são inúmeros. Se você fizer um rápido exercício mental,
analisando sua rotina, provavelmente também encontrará muitas situações
similares.

Como a Tiemi diz na sua entrevista, aqui no Brasil é difícil mudar essa
mentalidade, já que somos um país com recursos abundantes: água, comida,
terras, espaço, tudo isso tem de sobra aqui, bem diferente do Japão, de onde
vem o mottainai. Mas acredito que valha a pena incorporar esse conceito no
nosso cotidiano. Afinal, quanto menos coisas se tem, quanto menos se
desperdiça, mais nos sobra tempo, que é o único recurso realmente finito e
não reciclável em nossas vidas. Quanto melhor você aproveita as coisas,
você economiza tempo de duas formas: gasta menos tempo para manter as
coisas que tem em ordem, e também precisa trabalhar menos para comprar
as coisas. Lembre-se: tempo é dinheiro. Você troca seu tempo por dinheiro,
seja como empregado ou como empreendedor. E tempo é o bem mais
valioso que você possui, não o desperdice!
PERTENÇA, FREQUÊNCIA, SEQUÊNCIA, CONSEQUÊNCIA

Em setembro de 2018, participei de um retiro na minha igreja, onde pude


assistir algumas palestras e pregações do missionário Rodrigo Ferreira.

O tema dessa pregação era esse do título: pertença, frequência, sequência,


consequência. Claro que a pregação olhava essa sequência pelo aspecto
religioso. Mas acredito que é um passo a passo que pode ser útil em outras
áreas da vida, como a financeira. Deixa eu explicar melhor cada um desses
pontos:

Pertença

Seja lá o que você for fazer na vida, precisa pertencer a um grupo, uma
comunidade, uma crença, uma linha de raciocínio, uma ideologia. É
necessário escolher um caminho para seguir em toda área da sua vida.

Frequência

Para que esse pertencimento tenha sentido, você precisa participar daquilo
com uma certa frequência. Não adianta você dizer que é um excelente leitor
se o último livro que leu já está amarelado na sua estante, ou contar que é
um magistral jogador de futebol se não chuta uma bola desde os tempos
do kichute. Você não pertence a algo se não executa aquilo com uma
determinada frequência.

Sequência
Para obter resultados naquilo que faz, precisa manter a frequência por um
determinado período. Essa é a sequência. E quanto mais longa a sequência,
melhor você vai se tornando naquilo. É a lei dos 20 quilos, ou das 10 mil
horas: você precisa praticar bastante para ficar bom em algo.

Consequência

A consequência é o resultado que você obtém depois da sequência. É onde


você colhe tudo aquilo que plantou durante o percurso.

É, eu sei o que você está pensando: “E que raios isso tem a ver com
dinheiro?”.

Quando você está com a mente aberta, disposto a ouvir o que chega até
você, praticamente qualquer coisa pode te dar uma ideia para um post, um
insight, um vislumbre.

E esse ciclo de pertença, frequência, sequência e consequência pode ser


perfeitamente aplicado na sua educação financeira.

A pertença começa quando você aprende que precisa viver abaixo dos seus
rendimentos, gastar menos do que ganha, e aplicar essa diferença. Esse é o
caminho que devemos escolher: o caminho do cuidado com o dinheiro, da
responsabilidade, de não fazer dívidas, de não comprar aquilo que não
precisa para agradar pessoas que não gostam de você.

A frequência é necessária para que se crie o hábito de poupar e investir. Não


adianta nada você poupar apenas um mês por ano, ou quando recebe um
bônus ou prêmio. É necessário poupar e investir sempre, mesmo que os
valores sejam pequenos. Quem aprende a lidar e gerenciar pouco dinheiro,
será igualmente capaz de fazer isso quando o volume financeiro for maior.

Mantendo essa frequência por uma boa sequência, você verá as


consequências: um patrimônio maior, uma situação financeira mais estável
e uma maior liberdade para fazer as coisas que gosta quando quiser. Afinal,
você só chega ao final, ao destino do seu caminho, se andar todo dia um
pouco, mantendo o foco, sem se desviar.
COBRE, MAS NÃO DEIXE DE FAZER SUA PARTE

Leia a citação a seguir:

“Todos falam que a distribuição de renda no país é péssima e


ficam se lamentando e esperando que o Governo faça alguma
coisa quanto a isso.

O governo é um ente cujo único interesse é sua própria


sobrevivência e para tanto ele engana as pessoas sugerindo a
sua importância e as vezes pressionado, até faz algumas poucas
coisas boas, normalmente temporárias.

O bem e as mudanças nunca vem de cima. Se você quer mais


distribuição de renda, se você quer menos injustiça faça você
mesmo.

Se você já paga 150 reais a uma diarista, pague 170 reais. Os


20 reais não vão te fazer a menor falta mas podem ser
importantes para ela;

Pague melhor seus empregados, especialmente os que


merecem;

Dê gorjetas maiores;

Dê mais coisas, aquele monte de coisas que não usa mais,


aquele monte de roupas, e tudo mais. Dê. Não fique vendendo
coisa velha que vai ganhar uma merreca e ainda ter trabalho
com isso. Dê.

Pague o colégio de uma criança pobre. Junte uns amigos e


pague de uma ao menos. A maior distribuição de renda vem de
educação melhor para os mais pobres.

Pense de que forma você pode distribuir um pouco do que tem


de sobra. Não precisa ser tudo, não precisa ser algo que te faça
falta, mas garanto que você pode distribuir alguma coisa. E
distribuição é exatamente isso, pegar o que sobra para alguns
e dar para os que tem falta.

Ah, mas isso não muda o mundo, isso não resolve o problema.
Daquela pessoa resolveu ou ao menos ajudou. Este pensamento
que não resolve, faz com que ninguém faça nada. Faça alguma
coisa, faça o que puder, distribui um pouco. Vai te fazer bem
inclusive. Doar e ver alguém que precisa feliz te faz mais muito
bem. É um antidepressivo poderoso.

Não espere dos outros, especialmente do governo, distribua um


pouco que seja. Pode ser pouco para você mas pode ser muito
para quem recebe. ”

Esse texto foi retirado do fórum da Bastter.com, que já citei aqui no livro
outras vezes.
Eu sei o que muita gente vai falar: já pago impostos gigantescos, o governo
é que tem a responsabilidade de resolver esses problemas, não eu! Ele que
se vire! E eu não poderia concordar mais. Porém, uma das coisas que se
aprende nessa jornada em busca da tranquilidade financeira é fazer o
máximo possível para não depender do governo!

“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água
no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.” - Madre Teresa
de Calcutá.

Quem ingressou nessa trilha em busca de educação financeira, é porque não


quer depender de ninguém no futuro, seja da aposentadoria do INSS, do
atendimento médico do SUS, da educação do MEC, etc. Você tem todo o
direito de cobrar essas coisas do governo, mas se ficar sentado esperando
que ele resolva tudo em um piscar de olhos, vai ficar para trás. Cobre, mas
também faça sua parte! Se você ficar somente reclamando e não correr atrás
do que precisa, do que deseja, quem vai ficar ultrapassado é você, não o
governo.

A mesma ideia vale para qualquer parte da sua vida: se está insatisfeito com
seu salário, arrume um freelancer, um bico, dê aulas, monte um pequeno
negócio, mas não fique só esperando que o governo aumente o salário
mínimo ou que o sindicato da sua categoria consiga um dissídio gordo.

Se está insatisfeito com a educação da escola pública do seu filho, ensine


mais coisas para ele em casa, incentive-o a ler, construir e desmontar coisas
para ver como elas são, leve-o em museus, bibliotecas, mas não fique
esperando que magicamente o ensino melhore do dia para a noite.
Se está insatisfeito com o SUS, cuide melhor da sua saúde para não precisar
usá-lo. Economize nos supérfluos mas pague um plano de saúde.

Enfim, todos os exemplos que dei servem para chegar num único ponto:
reclame, cobre, mas não deixe de fazer, de agir, de construir.

O mundo está cheio de pessoas que criticam. Precisamos de mais pessoas


que resolvem!
COMO ARRUMAR TEMPO PARA ESTUDAR?

Todo mundo reclama que a vida está corrida, que não tem tempo de fazer
nada, que só trabalha, trabalha, trabalha. E ficam a vida toda nesse ciclo
vicioso, condenados na corrida dos ratos a trabalhar, comer, dormir,
trabalhar, comer, dormir, trabalhar…

Eu também já fui assim. Nunca tinha tempo para aprender nada, apesar de
gostar muito de ler. Foi então que eu descobri o maravilhoso mundos
dos podcasts! Sim, agora aprendo ouvindo!

Pensa bem: quanto tempo do seu dia você não fica parado no trânsito, no
ônibus, em filas de banco, salas de espera, caminhando para ir ao trabalho
ou levar as crianças na escola, fazendo os afazeres domésticos. E estamos
quase sempre com os fones de ouvido nessas situações. Porque não
aproveitar e, ao invés de ficar ouvindo as músicas repetidas ou as notícias
catastróficas das rádios, acompanhar podcasts de assuntos que te
interessem?

Eu faço isso há um tempo, e é maravilhoso. Até lavo louça com mais


vontade. É uma ótima maneira de recuperar tempo perdido, aliás, de ganhar
tempo. Você pode ouvir os podcasts enquanto executa várias outras tarefas
que não demandam esforço mental, como limpar, caminhar e dirigir por um
caminho conhecido. Você ganha vários minutos e até horas diariamente
ouvindo podcasts.
E a vantagem deles em relação as rádios é que você pode ouvir episódios
sobre o assunto que quiser, sem depender da programação, do horário. É só
baixar os episódios e sair ouvindo. Também é muito útil para quem está
aprendendo algum idioma estrangeiro: é só baixar podcasts naquele idioma
específico e pronto, é uma excelente maneira de treinar a escuta.
AUTOMATIZE O QUE PUDER

Hoje em dia a tecnologia está em todo lugar, e precisamos aprender a usá-


la para ganhar tempo. Em relação a educação financeira, uma das
maneiras de fazer isso é automatizando o pagamento de contas e também
os investimentos.

As vantagens de automatizar esses processos são várias, como deixar de


pagar juros e multas por atrasar contas, nunca mais esquecer de fazer o
investimento mensal, e ganho de tempo ao longo do mês, já que não será
mais necessário ficar pagando as contas uma por uma no internet banking
(isso se você não for daqueles que imprime todos os boletos e vai até a
agencia bancária para pagá-los).

Tudo que você puder automatizar, usar a tecnologia a seu favor para ganhar
tempo, faça! Tempo não dá para comprar mais, é o único recurso realmente
finito que temos. Tudo que for dentro da lei e puder ser feito para
economizar tempo, temos que fazer. Vejam agora com essa pandemia do
coronavírus, quem pode trabalhar de casa, no home-office, está
economizando muito tempo de vida nos deslocamentos para o trabalho,
tempo esse que pode ser usado para cuidar da saúde, ficar com a família,
em coisas que melhorem a qualidade de vida pessoal.

Aprenda a usar a tecnologia a seu favor para ter mais liberdade sobre sua
vida.
LIVRE E ESCRAVO

Um assunto comum entre quem fala sobre liberdade financeira e


aposentadoria antecipada é: o que fazer depois que chegar lá? O que fazer
da vida com tanto tempo livre? As pessoas não veem a hora de se aposentar,
ou então de juntar um dinheiro suficiente para parar de trabalhar mais cedo,
mas aí não sabe o que fazer com o tempo que tem. Para não ficarem sem
fazer nada, não perder contato com sua rede social, continuam trabalhando,
mesmo sem precisar. Viram escravos do trabalho, mesmo sem precisar mais
dele, no lado financeiro.

Então, antes de começar a escalar a montanha, se pergunte o que vai fazer


depois que alcançar o topo! Crie novos objetivos, novos projetos, mas não
deixe a vida passar enquanto fica entediado atrás de uma mesa de um
escritório que você nem deveria estar frequentando mais! Podem ser coisas
simples, como cuidar do jardim, fazer serviço voluntário, ou até mesmo dar
uma volta ao mundo, criar uma nova empresa. Como diz o ditado, cabeça
vazia é oficina do diabo. E não é à toa que muitas pessoas se aposentam e
morrem logo em seguida. Parece que ficar sem trabalhar tira todo o sentido
de vida dessas pessoas. E quando falo de trabalho, falo de produzir alguma
coisa, trabalho voluntario, um hobby, enfim, qualquer coisa que você faça
que tenha um propósito e preencha algumas horas do seu dia.

Tão importante quanto a linha de chegada, é como você vai chegar até ela.
É durante o processo, durante a caminhada, ou durante a escalada que você
vai cair, levantar, corrigir a rota, lidar com as adversidades, conseguir
pequenas vitórias, enfim…é nele que você vai viver e crescer como pessoa!
Aqui a comparação que me vem em mente é daquela pessoa que quando
viaja se preocupa apenas com a estrada, com o trânsito, querendo chegar
logo no destino, mas deixa de aproveitar tudo que vê pelo caminho.

E o que isso tem a ver com educação financeira?

Se você se preocupar apenas a independência financeira ou com a


aposentadoria, vai deixar de viver, deixar de fazer as coisas que gosta,
porque não quer gastar, quer acumular o dinheiro cada vez mais rápido e
chegar logo no montante almejado. Adiantou alguma coisa trocar as
experiências que poderia ter vivido, até mesmo a sua saúde, por alguns
trocados a mais no fim da conta?

Não estou dizendo para você deixar de investir, deixar de poupar. Longe
disso. Estou dizendo apenas para ter equilíbrio! Gaste com sabedoria, poupe
um pouco do que ganha, e deixe o tempo e os juros compostos
agirem. Simplifique! Com o tempo, seu patrimônio vai aumentando,
crescendo praticamente no piloto automático. E quanto atingir seus
objetivos, tenha um plano para aproveitar a liberdade que conseguiu com
tanto esforço. Não fique refém de um trabalho, de um círculo social apenas
porque tem medo de pisar fora da linha, da sua zona de conforto. Aproveite
sua liberdade para ser realmente livre!
NÃO IMPORTA QUANTO VOCÊ GANHA!

Provavelmente já passou pela sua cabeça o pensamento de que bastaria


ganhar mais para se livrar de todos os problemas financeiros da sua vida e
viver uma vida tranquila, certo?

Claro que para uma pessoa que ganha pouco, um salário mínimo ou dois,
isso é verdade: se ela conseguir aumentar seus rendimentos, com toda e
absoluta certeza vai melhorar sua situação financeira e ter uma vida
financeira sem tantas preocupações.

Mas nem sempre é verdade! Como a educação financeira ainda não é uma
matéria universal nas escolas (infelizmente), muitas e muitas pessoas
mundo afora ganham milhares e milhares de reais todos os meses e não
conseguem ficar sem dívidas. Todos os meses, um grande número de
funcionários públicos pega mais um empréstimo consignado para manter
um padrão de vida luxuoso, e que ele não pode pagar apenas com seu
salário. Outras pessoas, principalmente atletas e artistas, ganham milhões
de reais, dólares, euros todos os anos, e mesmo assim encontram a falência
em algum momento de sua vida.

Por que isso acontece?

Essa não é uma pergunta difícil de responder: pessoas com dinheiro


sobrando atraem falsos amigos, que indicam investimentos ruins apenas
para ganhar alguma comissão.
Outra coisa que faz as essas pessoas perderem dinheiro é a necessidade de
ostentar, de ter uma vida luxuosa enquanto se está ganhando muito dinheiro.
Elas compram carros esportivos, mansões de cinema, iates, jatinhos
particulares, sem falar em outras extravagâncias que acabam corroendo a
fortuna que acumularam enquanto eram jogadores profissionais. Quando o
dinheiro para de entrar, ele termina rapidinho.

Outro caso que ficou famoso foi do ator Nicolas Cage: ator famoso,
milionário, torrou uma grande parte do dinheiro que ganhou na carreira em
imóveis de luxo. Chegou até mesmo a comprar uma ilha nas Bahamas e dois
castelos medievais na Europa. Para piorar a situação, comprou os imóveis
via financiamento, criando dívidas gigantescas que não conseguiu quitar.
Alguns dos imóveis já foram a leilão devido à falta de pagamento.

Qual a conclusão que podemos tirar disso tudo?

No fundo, a partir de um certo ponto, a verdade é que não importa muito


quanto se ganha, e sim quanto se gasta! Enquanto estiver gastando mais do
que ganha todo mês, sem poupar nada para imprevistos e para sua velhice,
você está apenas cavando sua própria cova. Logo estará respirando por
aparelhos, dependendo de empréstimos junto as instituições financeiras e
agiotas, dependendo da ajuda de amigos e familiares, tudo isso apenas para
sobreviver.

Neste momento, se você está numa situação similar, pare de cavar! Quanto
antes você mudar seus hábitos financeiros, menos vai sofrer no futuro. Será
necessária disciplina, vai levar alguns tombos. Se não conseguir sozinho,
peça ajuda. O que importa é começar! Daqui alguns anos, quando olhar para
trás, vai agradecer por ter começado agora.
3 MÉTODOS E 1 MOTIVO PARA CONTROLAR AS
SUAS DESPESAS

Uma das primeiras coisas a se fazer quando você decide arrumar sua vida
financeira, é descobrir quanto você gasta para se manter todo mês. Só tendo
essa informação, você vai poder se planejar para cortar alguns gastos
supérfluos e encontrar os buracos para onde seu rico dinheirinho escorre
todo mês, e você nem se dá conta.

Como fazer isso?

Bem, para fazer esse controle, existem basicamente duas maneiras: a


analógica e a digital.

Papel e caneta

O modo analógico é o bom e velho bloquinho de notas, acompanhado de


uma super caneta esferográfica

Aplicativos

Existem muitos aplicativos que você pode usar para este fim. Teste os que
estão disponíveis na loja da sua operadora e veja qual prefere. A maioria
tem versões gratuitas, que já são suficientes para o que precisamos fazer
aqui.

Excel

O MS-Excel também é opção de muita gente para fazer este controle.


Depois que escolher sua maneira de anotar os gastos, parta para a ação:
anote absolutamente todas as despesas que você tiver: aluguel, água, luz,
internet, TV a cabo, supermercado, lanches, passeios, ingressos, cinema,
combustível, transporte, etc. etc. etc.

Sim, vai ser difícil de fazer isso por muito tempo. Por isso que eu recomendo
que seja feita durante apenas um único mês. Não precisa mais que isso. O
objetivo aqui é descobrir para onde está indo seu dinheiro.

A parte fixa (moradia, transporte, alimentação, água, energia) dos gastos


tende a ser constante. O buraco geralmente se encontra nos outros gastos:
refeições fora de casa, diversão em geral, compras…

Por que fazer isso?

Esse exercício vai te dar um panorama geral do seu orçamento doméstico.


Sabendo para onde seu dinheiro vai, fica mais fácil de fazer alterações,
cortar algumas despesas desnecessárias, melhorar outras. Você só pode
mudar aquilo que pode medir.
NÃO OLHE APENAS PARA O FUTURO

Temos uma tendência a estarmos sempre descontentes com o presente e


pessimistas com o futuro, seja porque as coisas realmente não andam bem,
ou porque estamos sem esperança, desanimados com as metas e sonhos que
temos na nossa vida. Estamos o tempo todo pensando que as coisas não vão
dar certo, e que não vamos conseguir nossos objetivos.

Mas agora, sugiro que faça um exercício. Lembre o que você estava fazendo
e onde você estava há 10 anos, lá em 2010. Ou se for mais velho, volte para
2005, 2000 ou 1995.

Veja tudo que mudou na sua vida desde então. Veja quantas conquistas você
teve nesse tempo todo.

Falando por mim, nos últimos 15 anos: terminei o ensino médio, fiz curso
técnico, arrumei trabalho, fiz faculdade, namorei, casei, arrumei um
emprego melhor, mudei para uma casa melhor, adotei dois cachorros,
aumentei meu salário, montei esse site, tive um filho. Um monte de coisa
aconteceu, algumas planejadas, outras não, faz parte. Mas não estou no
mesmo lugar que estava em 2005.

E se você analisar a sua vida, é bem provável que tenha melhorado muito a
sua situação neste tempo todo.

As coisas poderiam estar ainda melhores? Claro que sim! Mas também
poderiam estar muito piores. Então aproveite e agradeça pelo que já
conquistou até agora. Comemore cada degrau que já subiu nessa longa
escada.

Sei que esse trecho parece meio piegas, um tanto quanto de autoajuda, mas
é que vejo por aí tanta gente reclamando do que não tem, do que ainda não
conseguiu, e esquecemos de valorizar aquilo que já temos.

Então, se você está frustrado pelos problemas e pelos imprevistos da sua


vida, relaxe. Eles fazem parte dela, e é bem provável que você tenha
superado obstáculos até maiores em sua vida em anos passados, e já nem se
lembra disso.

O importante é seguir em frente, um passo por vez, um real por vez, um


degrau por vez. E comemore cada pequena vitória, cada pequeno sucesso,
cada cliente novo, cada venda. Grandes guerras são vencidas em cada
pequena batalha. O importante é não desistir e ser resiliente, ser persistente.

Usando um exemplo histórico: os mouros dominaram quase toda a


península ibérica, a região onde hoje ficam Espanha e Portugal, e os cristãos
ficaram refugiados em uma pequena porção de terra nas Astúrias, no norte
da Espanha. Foi aí que se organizaram e começaram a batalhar pela
recuperação das suas terras, o que posteriormente resultou na expulsão dos
mouros e na reconstrução dos reinos da Espanha e de Portugal.

Agora, imagina se eles tivessem desistido? Bem provável que a história de


Portugal, do Brasil, e talvez até do mundo fosse bem diferente do que
realmente aconteceu. E poderia dar mais uma infinidade de exemplos de
como a persistência, a resiliência foram importantes na história do mundo.
Por isso, não desista logo de cara das coisas, assim que esbarrar nas
primeiras dificuldades. A maioria das coisas que realmente importam
demandam tempo para que você possa colher os resultados.
A IMPORTÂNCIA DA COMUNIDADE

Nesses anos todos, acredito que todo mundo já assistiu pelo menos um
documentário sobre vida animal e natureza selvagem na televisão, seja no
Globo Repórter ou na Discovery Channel. Então você provavelmente já viu
cenas de alguns tubarões perseguindo um cardume de sardinhas, ou de
zebras e gnus se agrupando para resistir as investidas de grupos de leões.

O que vemos é que a sobrevivência dessas espécies depende do grupo, da


comunidade. Individualmente, eles são pequenos ou fracos demais para
resistir ao predador, e acabam virando comida rapidinho.

Essa lição vale para muitas situações do mundo humano, da sociedade. O


primeiro exemplo que me vem à mente são o AA (Alcoólicos Anônimos) e
o NA (Narcóticos Anônimos). Nesses locais, o grupo é de extrema
importância para ajudar as pessoas a sair de uma situação ruim, e
principalmente, se manter fora dela. A troca de experiências faz com que as
pessoas saiam de lá fortalecidas, firmes em seguir seu propósito de ficar
longe do vício.

Educação financeira em comunidade é muito mais fácil

Assim como se livrar do vício em álcool e drogas, investir no Brasil também


é uma atividade difícil, complicada, e que tem muitos fatores jogando
contra.
A renda média do brasileiro é baixa, as despesas são altas, já que além dos
muitos impostos que pagamos, ainda precisamos custear de forma particular
a maioria dos serviços (educação, saúde, segurança etc.), a mídia tenta a
todo tempo nos fazer consumir, gastar, entrar no rotativo do cartão de
crédito, usar o cheque especial. Ainda existe também a pressão social, onde
os amigos, familiares, colegas de trabalho ficam incentivando a comprar um
carro novo, comprar uma casa maior, viajar, comprar o smartphone de
última geração (tudo isso geralmente financiado a perder de vista, e pagando
juros bem altos).

Como você pode ver, é muita coisa jogando contra o pequeno investidor,
incentivando as pessoas a gastar com tudo, e sem pensar no futuro, sem se
preocupar com o amanhã.

É aqui que entra a importância da comunidade, do grupo. A troca de


experiências, de dicas, de estratégias, de inovações, tudo isso faz com que
a pessoa veja que não está sozinha nadando contra a corrente, que tem muito
mais gente além dela tentando fugir dos leões e dos tubarões do cotidiano.

É por isso que considero as comunidades como parte essencial da minha


formação como pessoa, principalmente na área financeira. Foram em sites,
fóruns, blogs e grupos de redes sociais que eu aprendi que a vida é mais do
que trabalhar, comprar fazendo dívida e torcer para ter dinheiro no final do
mês para pelo menos pagar as parcelas.

Ver que você não está sozinho no mundo ajuda e muito a seguir os seus
planos. São essas comunidades, esses grupos que vão te proteger dos
perigos lá de fora, bombardeados incessantemente nas redes sociais, na
televisão, e até mesmo entre amigos e familiares.
A TEORIA DA ROLETA RUSSA

Acredito que você já tenha visto essa cena em um jogo, ou em um filme:


alguém pega um revólver, coloca apenas um projétil, gira o tambor e dispara
contra si mesmo ou contra outra pessoa. Essa é a roleta russa.

A chance de a arma disparar o projétil é baixa, 1 em 6, ou 16,67% de


possibilidade da pessoa se ferir, ou ferir outro. Mas a pergunta é: você
arriscaria participar desse jogo? Afinal, a chance é pequena de se dar mal.

Sua resposta provavelmente será não. A chance de a arma disparar é até


pequena, você tem 83,33% de chance de escapar, mas ninguém quer arriscar
morrer.

Mas o que isso tem a ver com dinheiro, finanças, investimentos?

As pessoas adoram roleta russa

Por mais contraditório que possa parecer, as pessoas adoram jogar roleta
russa na vida real, principalmente com dinheiro e outros bens.

Olhe ao redor, pense nos seus amigos, familiares, colegas de trabalho.


Quantos deles não entraram em um esquema Ponzi, a famosa pirâmide
financeira, querendo lucros rápidos?

Ou então, compram um belo automóvel, mas não fazem o seguro nem do


carro, e nem contra terceiros, correndo o risco de perder todo aquele valor
em poucos segundos, seja num acidente ou em um furto.
Aqui podemos citar até mesmo aquelas pessoas que não tem noção nenhuma
de como funciona a bolsa de valores, e encantadas por promessas de
retornos espetaculares, começam a seguir cegamente dicas de amigos, de
youtubers, de casas de análise, sem fazer ideia do que está realmente
fazendo.

Dá até para colocar aqui as pessoas que dão all-in em criptomoedas, ou em


qualquer outro investimento pouco conhecido, torcendo, e até rezando para
ficar milionário em poucos meses.

Essas pessoas estão jogando roleta russa com o próprio patrimônio!

Controle os riscos

Como falei antes, a roleta russa tem chances baixas de causar um mal, de
dar errado: é apenas 1 em 6. Porém, se a possibilidade de erro acontecer,
você morre. Ou seja, o risco é pequeno, mas a perda é imensurável.

É por isso que você sempre deve avaliar os riscos antes de fazer um
investimento. Se o risco é grande, se a perda pode ser grande, coloque pouco
dinheiro naquilo. Não arrisque tudo de uma vez, em um único investimento.
Não aposte no estilo tudo ou nada. A chance é grande que você fique sem
nada.

Coloque mais dinheiro nos investimentos mais seguros, e menos nos que
são mais voláteis, ou mais arriscados.

Diversifique sempre, faça controle do risco, divida seus investimentos em


vários ativos, não invista naquilo que você não conhece.
Siga esses passos simples e você vai ter tranquilidade. Afinal, é para isso
que você deve investir: para ter paz e sossego. Se algum investimento tira
sua paz, não o faça. Vale mais a pena conseguir colocar a cabeça no
travesseiro e dormir tranquilo do que ganhar um pouco mais em algum
investimento arriscado e comprometer seu futuro e o da sua família.

Como diz aquela velha dica de segurança nas cachoeiras e praias: não
mergulhe de cabeça sem saber a profundidade do local.
SIMPLIFIQUE

Quando comecei a ler sobre educação financeira e finanças pessoais, há


alguns anos, me deparei com um mundo que parecia muito complexo! Tinha
que anotar custos separados por categorias, calcular rentabilidade, ficar de
olho na inflação, ver em quantos % do CDI compensa comprar tesouro
direto ao invés de LCI ou CDB, tive que aprender o que são todas essas
siglas IR, TD, CDB, LCI, LCA, FII, CDI, COE, RDB…ufa, muita coisa!

Mas com o passar do tempo, fui notando que nem tudo precisava ser tão
complexo assim. Você não precisa anotar todos os seus gastos, não precisa
ficar fazendo continhas de rentabilidade, ficar calculando quanto precisa
investir em quanto tempo para alcançar a independência financeira.

Você não precisa de nada disso!

Como fazer então?

Simplifique.

Hoje não anoto mais todos meus gastos detalhadamente por categoria.
Tenho apenas 3 grandes grupos de gastos: contas fixas (aluguel, água, luz,
combustível, supermercado, etc.), despesas gerais (roupas, calçados,
alimentação fora de casa, lazer, etc.) e investimentos. Assim que cai o meu
salário já transfiro o valor dos investimentos para a corretora e compro os
ativos que o meu sistema de gerenciamento de investimentos indica, pago
as contas do mês pelo aplicativo do banco no celular, e o que sobra na conta
corrente é o que uso para gastar até o próximo pagamento. É a automação
posta em prática.

Simples, fácil, ágil, sem stress.

Sobra mais tempo para seu trabalho, seus estudos, seus esportes e sua
família.

O que vai te fazer acumular patrimônio é a combinação


de aportes constantes ao longo do tempo em ativos de valor. São as duas
coisas que você pode controlar. As taxas não dependem de você, então não
se preocupe com elas.

Siga essas dicas e você já terá dado um grande passo para garantir sua
tranquilidade financeira, sem muito esforço.
E SE VOCÊ NÃO MORRER AMANHÃ?

Você provavelmente já passou ou presenciou a situação a seguir. Alguém


diz que está economizando, poupando, e a maioria das pessoas responde:

“Caixão não tem gaveta!”

“A vida é agora, vai guardar dinheiro para quê?”

“E se você morrer amanhã? Vai deixar tudo para os outros?”

Essas são algumas das coisas que todo poupador já ouviu quando contou
sua situação para amigos, colegas e parentes.

Só tem um problema: e se você não morrer amanhã? E se você viver até os


80, 90 ou 100 anos? Como vai se manter até lá? Vai ficar dependendo
eternamente de filhos, amigos, parentes? Ou da pequena aposentadoria paga
pelo governo (se ela ainda existir até lá).

As pessoas estão condicionadas a viver a vida agora, hoje, neste momento.


Poucas pessoas se preocupam com o próximo ano, e sequer com o próximo
mês. As pessoas em geral são inconsequentes!

Não estou dizendo aqui para você se tornar um poupador extremo, daquele
que controla os mergulhos do cubo de açúcar no chá, ou o número de
cafezinhos que toma no mês. Tal como ser um gastador extremo, ser um
poupador extremo também é um problema.
Como dizem os sábios, a virtude está no equilíbrio, no caminho do meio.

Divirta-se, passeie, coma fora as vezes, vá ao cinema, ao teatro, a um jogo


do seu esporte favorito, mas também guarde um pouco da sua renda e invista
para o futuro. Comece com 5 ou 10%. Pode parecer pouco, mas no longo
prazo, os juros compostos farão o trabalho de multiplicar o montante. Viva
de acordo com suas posses, não se deslumbre com carros, casas e viagens
caras se você não puder pagar por isso.

O equilíbrio é a chave da felicidade.


EPÍLOGO

Muito obrigado por ter adquirido e lido esta obra até aqui. Espero que ela
tenha contribuído para melhorar sua relação com o dinheiro. Se você
conseguir absorver apenas um único conhecimento que foi apresentado
neste livro, já me dou por satisfeito.

Nas próximas páginas, apresento meus outros livros, que você também
pode adquirir na Amazon.

Para mais textos e podcasts sobre educação financeira, acesse meu site:
http://vidarica.me. Lá você também encontra todos os meus contatos e
redes sociais. Fique à vontade para me escrever!

Um forte abraço!
MEUS OUTROS LIVROS

TIJOLOS - TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER ANTES DE ALUGAR,


COMPRAR, VENDER OU FINANCIAR UM IMÓVEL, por Marcelo M. Corghi.

Independente de comprar, financiar, construir ou alugar um imóvel, todos


nós sempre precisaremos pagar de alguma forma para morar em algum
lugar. Este livro traz uma série de dicas para permitir que você faça as
melhores escolhas na hora de escolher seu próximo endereço, indicando
formas de economizar e também de como evitar problemas no futuro,
podendo desfrutar do seu lar com paz e tranquilidade.
AS TRÊS LIÇÕES: UM PEQUENO LIVRO SOBRE EDUCAÇÃO
FINANCEIRA, por Marcelo M. Corghi.

Educação financeira não precisa ser nenhuma coisa complicada. Este livro
apresenta de forma rápida e objetiva os três pilares necessários para
qualquer pessoa conseguir lidar melhor com seu dinheiro e poder viver com
mais tranquilidade.
SOBRE O AUTOR

Marcelo Mussarelli Corghi é Pós-Graduado em Gestão Financeira (MBA)


pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (2020), Bacharel em
Engenharia Civil pelas Faculdades Integradas Einstein de Limeira (2013) e
Técnico em Edificações pela Unicamp (2007). Desde 2017 publica
conteúdo sobre educação financeira no site Vida Rica (www.vidarica.me),
e espera contribuir para formar uma geração de brasileiros que aprenda a
lidar de forma mais saudável com o dinheiro, tendo uma vida próspera e
sem dívidas.

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