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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distancia

Causas de aumento da mendicidade nas cidades moçambicanas

Nome completo: Docente : Teresa Vieira

Sidónia Eugénio Guila

Código Nr: 708190370

Licenciatura em ensino de português

Didáctica do português II

3ᵒ Ano

Mapato, Agosto de 2021

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Universidade Católica de Moçambique
Instituto de Educação à Distancia

Nome completo: Docente: Teresa Vieira

Sidónia Eugénio Guila

Código nr: 708190370

Trabalho a ser apresentado a instituição


de ensino a distancia, centro de recurso
de Maputo, no curso de licenciatura em
ensino de português na cadeira de DPII,
3 ano.

Maputo, Agosto de 2021

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Índice
Introdução...................................................................................................................................................5
2.1Mendicidade – conceito.........................................................................................................................6
2.2 Mendicidade em Moçambique..............................................................................................................6
2.3 Causas da mendicidade em Moçambique.............................................................................................7
 Êxodo rural..........................................................................................................................................8
 Falta de emprego.................................................................................................................................8
 Problemas familiares...........................................................................................................................8
 Descriminado da raça..........................................................................................................................9
 Idosos acusados de feitçaria;............................................................................................................10
 Doenças mentais...............................................................................................................................10
 Pobreza..............................................................................................................................................10
 Falta de apoio aos idosos por parte do governo................................................................................10
3.0 Conclusão............................................................................................................................................11
Bibliografia................................................................................................................................................12

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Introdução

A actual crise financeira que se abateu à escala global (aliada a diversos factores, têm as suas
repercussões ao nível da mendicidade nas cidades moçambicanas em particular Maputo e
Quelimane, que são as cidades com um numero elevado de mendigos na estrada.)
O presente trabalho surge no âmbito das actividades curriculares do modulo de Didactica de
Português II, que se enquadrado na licenciatura de português e tem como objetivo compreender
as causas da mendicidade nas cidades Moçambicanas, que tem sido um problema para a toda a
população moçambicana, visto que o índice tem aumentado com o passar de tempo.
Para o levantamento bibliográfico, foram consultados materiais publicados em livros, manuais,
dissertações e web sites. A base de dados mais utilizada foi o Google, utilizando-se a palavras
chave “Mendicidade”. O material foi selecionado de acordo com a relação destes artigos com o
tema e foi analisado segundo a interpretação dos mesmos, ou seja, depois de recolhidos os dados,
deve-se passar para a interpretação dos dados, que devem ser analisados, controlados e
classificados de acordo com a análise do trabalho estatístico e na interpretação. (Ciribelli, 2003).
O presente trabalho para uma fácil compreensão se encontra dividido em capítulos, títulos e
subtítulos e estão postos em negrito ou itálico as partes necessárias para uma boa percepção.

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2.1Mendicidade – conceito

A mendicidade é definida como “um conjunto de actividades através das quais uma pessoa pede
dinheiro a um estranho em razão de ser pobre ou de necessitar de doações de caridade para a sua
saúde ou por razões religiosas.
Por seu turno Meneses & Lourenço definem a mendicidade como sendo o comportamento de
alguns seres humano, dotados ou não de trabalha, que consiste na procura habitual do meio de
substância ou mesmo de sustentação de um vicio através do recurso a peditórios e aos outros
seres humanos ou a instituições.
Para esses autores a mendicidade é uma actividade que pode ser praticada tanto por indivíduos
que dada a sua incapacidade física, psíquica não podem exercer alguma actividade produtiva,
assim como por aqueles que, não obstante estarem dotados de capacidade para o trabalho, não
exercem qualquer actividade produtiva ou remunerada com vista a garantia da sua sobrevivência.
Para oliveira (2000) as pessoas entram para a mendicidade porque os eixos básicos de
integração social do individuo na sociedade, a família e o trabalho se quebram. esses eixos são
consideráveis importantes na inserção social. quando esses eixos se quebram levam a rua, a
exclusão fazendo com que as pessoas não tenham suas necessidades atendidas, portanto essa
carência é que leva as pessoas para rua.
Sarah Escorel (2002) defendem que, pessoas que vão a rua pedir esmola é justamente porque os
vínculos familiares que ancoram o individuo na sociedade estão desintegrados.

2.2 Mendicidade em Moçambique


Nos últimos anos verifica- se a proliferação de mendigos nas estradas e ruas nas cidades
moçambicanas, o mais triste de tudo é que algumas dessas pessoas tem todas as condições
necessárias para trabalhar. Houve tempo em que mendigo eram pessoas deficientes, mas os
mendigos actuais são pessoas normais capazes de exercer suas actividades normais e obter um
dinheiro para o seu auto- sustento.

Hoje em todo país sobre tudo nas grandes cidades, o acto de mendigar ou seja de estender a mão,
em particular nos estabelecimentos comerciais e nas mesquitas tem sido uma pratica constante.

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A avaliação das condições de vulnerabilidade das pessoas que praticam a mendicidade, faz com
que a identificação e a assistência adequada das vítimas possam quebrar o ciclo deste tráfico. Se
os mendigos puderem ser removidos das ruas e assistidos corretamente, os traficantes perderão
os seus lucros e as vítimas podem ser ajudadas a sair do ciclo do tráfico.”
Estas mudanças deverão começar “pelas estruturas básicas, como alterações sistémicas na
educação ou na integração laboral das pessoas mais vulneráveis, melhorando a qualidade de
vida, até ao desenvolvimento de programas destinados a aumentar a capacitação e sensibilização
das autoridades locais.

2.3 Causas da mendicidade em Moçambique

Não raras vezes nas artérias da cidade, sobretudo, nas mais movimentadas, aparecem indivíduos
pedindo esmola, com aparência de quem está em condições de com base no seu trabalho,
conseguir o auto sustento.
O índice da mendicidade nas cidades moçambicanas tende a crescer.
Cada dia que passa novos efectivos que procuram viver graças a pessoas de boa vontade
engrossam as filheiras dos mendigos, num fenómeno social e complexo e cujas as razoes são
diversas, mas que todas parecem ter origem em um problema que afecta a família, célula base da
sociedade.
As crianças por exemplo alegam que são maltratados pelos pais ou parentes enquanto os idosos
dizem não ter ninguém em casa par lhe dar de comer ou que foram expulsos da convivência
familiar sob acusações de feitiçaria, esses justificam a sua decisão de recorrer a esmola ao
estigma e descriminação de que são alvos nas próprias famílias.
Conforme salientámos anteriormente, o aumento das taxas de pobreza, de desemprego, bem
como as condições de trabalho precárias, são factores que criam maiores situações de
vulnerabilidade a mendicidade em Moçambique. Por outro lado, o impacto negativo da crise
económica e financeira, com a implementação das medidas de austeridade que se têm vindo a
sentir em Moçambique, reflete-se numa maior desproteção.
O sociólogo João Colaço argumenta que há mecanismos sociais, como a família, que podem
estar em crise. “O conceito tradicional de família, como porto seguro, pode ser que tenha sido
alterado e daí a mendicidade. Pode igualmente ser uma crise de solidariedade, as instituições

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demitiram-se de criar o bem-estar social.
Entre as principais causas que levam as pessoas a irem morar na rua estão: ausência de vinculo
familiar, perda de algum ente querido, desemprego, violência da auto estima alcoolismo, uso de
drogas e doenças mentais.

 Êxodo rural
A deslocação massiva, da população do campo para cidade sobretudo nos finais da década 80 e
inicio da década 90 levou o crescimento incaracterísticos nas zonas urbanas acompanhado de um
crescimento rápido da população. isso criou pressões sobre zonas caracteristicamente afectadas
pelo processo de migração campo- cidade.
Por consequente houve uma deterioraação de qualidade de vida, consumo social e com níveis
acentuados de pobreza urbana, facto que levou a muitos moçambicanos a saírem para a estrada
em busca de ajuda.
O rápido crescimento urbano em África, infelizmente, não está a significar desenvolvimento,
simplesmente, regista-se um êxodo rural em que as pessoas estão a sair do campo para a cidade,
abandonando as terras para a produção agrária e pasto, por exemplo.

 Falta de emprego
A falta de emprego em Moçambique tem sido uma das principais causas da mendicidade visto
que existem muitos jovens desempregado com falta de ocupação, factor este que leva os jovens
as ruas da cidade de modo a pedir esmola de modo a conseguir o autossustento. Este
comportamento tem se verificado em particular nas cidades de Maputo, matola e em Quelimane,
onde verifica- se jovens vivendo de mendigos por falta de emprego ou ocupação.

 Problemas familiares
Os problemas familiares são na maior das vezes o problema principal da mendicidade, isto
porque tanto as crianças ou idosos se estão na rua é devido a problemas familiares.
 Em relação aos idosos reclamam o abandono por parte dos seus filhos e netos devido a
vários factores. Na maior parte das vezes os idosos são expulsos de casa e por não ter
onde viver preferem viver na rua mendigando qualquer coisa para a sobrevivência, seja
dinheiro ou qualquer produto alimentar.

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 Em relação as crianças os problemas familiares estão relacionados com a perda dos
parentes ou com um deles. Isto é, são forcadas a viver com as madrastas ou com os
padrastos, algo que não tem sido fácil, onde as mesmas acabam por abandonar as casas
em direção a cidade vivendo nas ruas e pedindo esmola para sobreviver. Para alem dos
maus tratos por parte das madrastas tem se verificado a crueldade de outros membros da
família quando essas crianças perdem os pais e vão viver com os seus tios, prinos ou
cunhados. Em particular na cidade de Maputo tem se verificado a violação dos direitos da
criança, onde são obrigadas a vender diferentes produtos, como é o caso de ovos,
bolachas, amendoim de modo a garantir viver na casa dos seus familiares, e as crianças
que não aceitam essas condições são expulsas de casa e vão viver na rua.

Afirmar que uma criança é vítima de tráfico de seres humanos para exploração da mendicidade,
significa dizer que ela é obrigada a mendigar por outras pessoas, a quem entrega todos ou quase
todos os proveitos que recebeu, mediante ameaça de violência ou de outras formas de coação
física ou psicológica, sendo as crianças frequentemente maltratadas pelos exploradores (quer
porque se recusam a trabalhar, quer porque não conseguem obter os rendimentos esperados) e
por vezes até por aqueles a quem pedem esmola, trabalhando horas a fio durante todo o dia.
A mendicidade forçada infantil assume-se, assim, como uma das categorias de trabalho forçado
e ainda como uma das piores formas de trabalho infantil.
As crianças mais expostas à exploração da mendicidade são aquelas que provém de famílias e
comunidades mais pobres, especialmente, aquelas que são alvo de estigmatização,
marginalização e discriminação.

 Descriminado da raça
Entende – se como descriminação étnica- racial como qualquer distinção, exclusão, restrição ou
preferência básica na raça, ascendência, cor ou ética.
Portanto, em Moçambique este acto tem se verificado em particular na zona sul, quando os filhos
decidem se distanciar de actos e costumes da família e seguir outras crenças. Na maior parte das
vezes tem se verificado os filhos a não frequentarem as casas dos pais devido as tradições dos
pais.

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 Idosos acusados de feitiçaria;
Os idosos estão a ser abandonados e maltratados quase em todo o Moçambique pelos próprios
familiares que os acusam de feitiçaria.
quando um idoso é acusado de feitiçaria, pode ser acompanhado por agressão física, os bens
retirados e ainda a sua casa queimada.
A acusação de feitiçaria ocupa lugar de top nas causas da mendicidade em cidades moçambicas,
e por vezes um idoso perde até o abrigo ou sofre de agressão física porque na primeira instância
foi acusado de ser feiticeiro. Conflitos de bens são frequentes e muitas vezes também resultam de
acusação de feitiçaria ou depois da morte do marido, onde os filhos do parente falecido tentam
tirar os bens da viúva. Este tipo de conflito é mais acentuado quando um polígamo morre, sendo
sobrevivido por várias esposas e filhos.

 Doenças mentais
A saúde mental é um dos temas que tem merecido atenção por parte de pesquisadores e o
numero de pacientes tende a aumentar significativamente. Por conta disso tem se verificado nas
grandes cidades moçambicanas indivíduos com problemas mentais pedido esmola como forma
de sobreviver, visto que não estão fisicamente nem psicologicamente para exercer uma função
que possa garantir o seu sustento.
São muitas doenças que se enquadram no rol dos problemas mentais.

 Pobreza
Devido à situação de pobreza em que se encontra e por falta de outra alternativa de
sobrevivência, por vezes a família inteira dedica-se à mendicidade. Nestes casos, a utilização de
crianças para a mendicidade é encarada como estratégia de sobrevivência, sobretudo pelo uso de
crianças mais pequenas, que despertam mais facilmente a compaixão
das pessoas a quem pedem esmola.

 Falta de apoio aos idosos por parte do governo.


É papel do Estado garantir o bem social, definir mecanismos eficazes para o controlo dos idosos,
garantido um subsidio de modo a evitar mendicidade por parte dos idosos nas cidades, sem algo
de comer e sem forca de trabalhar.

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3.0 Conclusão

O aumento das taxas de pobreza, de desemprego, bem como as condições de trabalho precárias,
são factores que criam maiores situações de vulnerabilidade a mendicidade em Moçambique. Por
outro lado, o impacto negativo da crise económica e financeira, com a implementação das
medidas de austeridade que se têm vindo a sentir em Moçambique, reflete-se numa maior
desproteção

Em relação as crianças os problemas familiares estão relacionados com a perda dos parentes ou
com um deles. Isto é, são forcadas a viver com as madrastas ou com os padrastos, algo que não
tem sido fácil, onde as mesmas acabam por abandonar as casas em direção a cidade vivendo nas
ruas e pedindo esmola para sobreviver

Por fim, consideramos que a rua, como espaço social onde os diferentes sujeitos vivem é, e
sempre foi habitada nos diferentes momentos da história por múltiplos sujeitos e contextos, estes
revestidos por diversos olhares e simbologias, dependendo do lugar e tempo em que acontecem.
Cabe-nos, portanto, o desafio de identificar e desmitificar como são produzidos estes fenômenos:
a exclusão social, a rualização e a permanência dos sujeitos nos espaços da rua, incluindo-os
como frutos de uma sociedade que aparta, discrimina, difere, criminaliza e institucionaliza tais
experiências.
Este trabalho buscou familiarizar a quem ainda não tem maior contato com o tema com algumas
ideias básicas e com alguns autores importantes que investigaram sobre o tema.

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Bibliografia

Demo, P. Pobreza da pobreza. Petrópolis: Vozes, 2003.

Ferreira, F. P. M.; Machado, S. C. C. Vidas privadas em espaços públicos: os moradores de rua


em Belo Horizonte. Serviço Social e Sociedade. São Paulo: Editora Cortez, n. 90, ano XXVII,
junho, 2007.

Frangella, S. M. Corpos Urbanos errantes: uma etnografia da corporalidade de moradores de rua


em São Paulo. São Paulo: Annablume FAPESP, 2009.
Prates, J. C.; Prates, F. C.; Machado, S. Populações em situação de rua: os processos de exclusão
e inclusão precária vivenciados por esse segmento. Temporalis, Brasilia (DF), ano 11,
n.22.p.191-215. jul./dez. 2011.

Silva, R. de C. O. “A porta entreaberta”: Práticas e representações em torno das relações entre


casa e rua junto a crianças de camadas populares em Florianópolis. 1998. 216p.
Dissertação (Mestrado em Antropologia social) – CFH, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 1998.

Souza, L. de. Processos de categorização e identidade: solidariedade, exclusão e violência.


Souza, Lídio de.; Trindade, Z. A. Violência e exclusão: convivendo com paradoxos. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 1994. p. 57-74.

Sposati, A. Mapa da exclusão social da cidade de São Paulo – 2000: Dinâmica social dos anos
90. Disponível em: <http:/www.geopro.br/exclusao>. 2003. Acesso em: 10 jul. 2014

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