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Organização do Espaço
Mundial
Prof.ª Leia de Andrade
Prof.ª Rosani Lidia Dahmer
2015
Copyright © UNIASSELVI 2015
Elaboração:
Prof.ª Leia de Andrade
Prof.ª Rosani Lidia Dahmer
327.111
A553r Andrade, Leia de
Regionalização e organização do espaço mundial /Leia de
Andrade, Rosani Lidia Dahmer. Indaial : UNIASSELVI, 2015.
312 p. : il.
ISBN 978-85-7830-916-9
1. Globalização e regionalização.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Impresso por:
Apresentação
Numa época em que as escolas e universidades se abrem para o
mundo contemporâneo ou pós-moderno, a geografia deveria ser uma das
disciplinas ou cursos que poderia contribuir para a leitura e interpretação
deste mundo.
III
O presente caderno pretende de forma desafiadora apresentar uma
análise das possíveis regionalizações do espaço mundial, discutindo noções
de região que buscam dar conta de explicar a des/re/organização dos espaços
mundiais. Procura-se diante dos pressupostos e processos contemporâneos
(globalização, pós-modernidade e fundamentalismos) estudar e compreender
o espaço mundial ou global, rompendo com as tradicionais dicotomias e
descrições, para através de uma análise dialética apreender a complexidade
e multidimensionalidade do mundo contemporâneo.
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA .
CONTEMPORANEIDADE.......................................................................................... 1
VII
3.3 REGIONALIZAÇÃO PÓS-GUERRA FRIA.................................................................................. 68
3.4 REGIONALIZAÇÃO DO CONTINENTE AMERICANO.......................................................... 69
3.5 A REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL............................................................................................. 71
3.5.1 Os complexos regionais da década de 1960 e a regionalização proposta por Milton
Santos no início do século XXI............................................................................................... 72
4 A REGIONALIZAÇÃO FRENTE AO PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO............................... 73
4.1 REGIONALIZAÇÃO GLOBAL EM REDE................................................................................... 75
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 77
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 79
VIII
TÓPICO 2 – A GLOBALIZAÇÃO E SEUS ATORES INTERNACIONAIS: ORGANISMOS .
SUPRANACIONAIS ...................................................................................................... 135
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 135
2 OS ORGANISMOS FINANCEIROS INTERNACIONAIS........................................................ 135
2.1 FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL – FMI................................................................... 136
2.2 O BANCO MUNDIAL................................................................................................................... 137
3 AS EMPRESAS TRANSNACIONAIS............................................................................................. 139
4 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS – ONGS.......................................................... 142
5 MÍDIA GLOBAL.................................................................................................................................. 143
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 146
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 148
IX
TÓPICO 5 – ASPECTOS DO ORIENTE ASIÁTICO....................................................................... 205
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 205
2 CHINA: CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE A NOVA POTÊNCIA............................................. 205
2.1 O IMPERIALISMO E A REVOLUÇÃO CHINESA.................................................................... 206
2.2 O PERÍODO DE MAO TSÉ-TUNG.............................................................................................. 208
2.3 DENG XIAOPING E AS REFORMAS ECONÔMICAS............................................................ 209
2.4 A CHINA NA GLOBALIZAÇÃO................................................................................................ 213
3 A RÚSSIA: GEOPOLÍTICA, CONJUNTURA INTERNACIONAL E INFLUÊNCIA .
REGIONAL........................................................................................................................................... 214
3.1 A RÚSSIA E OS CONFLITOS DO LESTE EUROPEU: O CASO DA UCRÂNIA E DA
CRIMEIA.......................................................................................................................................... 215
4 OS TIGRES ASIÁTICOS................................................................................................................... 220
4.1 SINGAPURA................................................................................................................................... 221
4.2 COREIA DO SUL............................................................................................................................ 221
4.3 HONG KONG................................................................................................................................. 222
4.4 TAIWAN........................................................................................................................................... 222
5 NOVOS TIGRES ASIÁTICOS.......................................................................................................... 223
6 O SUDESTE ASIÁTICO E A ASSOCIAÇÃO DE NAÇÕES DO SUDESTE
ASIÁTICO – ASEAN........................................................................................................................... 223
7 ÍNDIA..................................................................................................................................................... 224
7.1 A INVESTIDA TECNOLÓGICA DA ÍNDIA.............................................................................. 226
7.2 O PESO DEMOGRÁFICO E A GEOPOLÍTICA INTERNA DA ÍNDIA................................. 227
8 ESTUDO DE CASO: CRISES MIGRATÓRIAS NA ÁSIA.......................................................... 229
8.1 DIFERENÇAS ENTRE AS CRISES MIGRATÓRIAS NA ÁSIA E NA EUROPA................... 230
RESUMO DO TÓPICO 5...................................................................................................................... 234
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 237
X
TÓPICO 4 – O SIGNIFICADO DA FRONTEIRA ENTRE O MÉXICO E OS ESTADOS .
UNIDOS DA AMÉRICA PARA AS MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS............ 274
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 274
2 MIGRAÇÕES POR MOTIVOS ECONÔMICOS.......................................................................... 275
3 MIGRAÇÕES POR MOTIVOS RELIGIOSOS E POLÍTICOS................................................... 279
RESUMO DO TÓPICO 4...................................................................................................................... 283
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 284
TÓPICO 5 – CONFLITOS ARMADOS, TERRORISMO E FUNDAMENTALISMO............... 287
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 287
2 O ESTADO ISLÂMICO...................................................................................................................... 288
3 A NIGÉRIA........................................................................................................................................... 290
4 SÍRIA E IRAQUE................................................................................................................................. 292
4.1 SÍRIA................................................................................................................................................. 292
4.2 IRAQUE............................................................................................................................................ 295
RESUMO DO TÓPICO 5...................................................................................................................... 301
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 302
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 303
XI
XII
UNIDADE 1
REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E
FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA
CONTEMPORANEIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade você estará apto a:
1
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos em que você vai analisar os temas abordados
a partir de uma contextualização. No desenvolvimento do tópico, você vai encontrar
sugestões para complementar sua leitura e atividades de aprofundamento e de discussão
que o(a) ajudarão a aprender ativamente. Nesta unidade você irá estudar:
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
CONTEXTUALIZAÇÃO DE CONCEITOS-CHAVE DA
GEOGRAFIA CONTEMPORÂNEA
1 INTRODUÇÃO
Ao se deparar com o material desta disciplina, talvez o questionamento
que você tenha feito foi: o que estudaremos em “Regionalização e Organização do
Espaço Geográfico Mundial”? Quais são os critérios que poderão ser utilizados
para diferentes regionalizações do espaço mundial? E, como uma abordagem
sobre a organização espacial poderá contribuir na aquisição de compreender o
espaço geográfico mundial ou planetário a partir de recortes, em que a questão
das escalas de análise geográfica, uma das categorias, ou um conceito secundário
da geografia, contém em si uma problemática espacial?
3
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
4
TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DE CONCEITOS-CHAVE DA GEOGRAFIA CONTEMPORÂNEA
erro, das incertezas, e das emergências (acontecimentos não previstos, ruídos que
perturbam os sistemas...) e que todo conhecimento produzido é sempre precário,
provisório e incompleto. O conhecimento possui multidimensionalidade, e esta
deve ser uma das concepções do novo paradigma científico, buscando unicidade
e totalidade na pessoa humana. O conhecimento deve considerar a confluência da
razão e sensibilidade do corpo e espírito, da teoria e práxis, da ordem e desordem,
do caos e organização.
NOTA
5
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
7
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
3 ESPAÇO GEOGRÁFICO
O espaço geográfico, objeto de estudo da geografia, foi um conceito
considerado de forma diferenciada pelas diversas correntes do pensamento
geográfico. Optamos aqui pela concepção de geografia crítica, na qual se concebe
o espaço geográfico como produção do homem, num processo socioespacial
permeado por conflitos, disputas, jogo de interesses e de poder. O espaço
geográfico está sempre em construção e transformação, pois na extensão da
historicidade humana as ações, o trabalho, a técnica, as estruturas e os processos
vêm organizando social e materialmente o espaço. Objetos fixos ao solo, como
construções de moradias, fazendas, prédios, usinas, ruas que visam facilitar a vida
e possibilitar os fluxos de energia, de trabalho, de trânsito, de circulação de pessoas,
de veículos, de informação, de capital e de produtos. Mas essa organização não
ocorre de forma homogênea e pacífica é permeada por forças físicas da natureza,
forças sociais e dinâmicas conflituosas e contraditórias, influenciadas pela forma
de estruturação política e cultural da própria sociedade. O espaço geográfico
mundial é resultado do trabalho dos homens que organizados em sociedades
se apropriaram da natureza, fonte de todo o mundo real. A água, a madeira, o
petróleo, os solos, o ferro, o cimento são alguns dos aspectos ou elementos da
natureza reelaborados pelo trabalho com auxílio da técnica. Segundo os PCN
(BRASIL, 2000, p. 109): “O espaço geográfico é historicamente produzido pelo
homem, enquanto organiza econômica e socialmente sua sociedade”. Nesta
perspectiva, o espaço geográfico deve ser entendido como uma totalidade
dinâmica em que interagem fatores naturais, socioeconômicos e políticos.
8
TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DE CONCEITOS-CHAVE DA GEOGRAFIA CONTEMPORÂNEA
DICAS
9
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
E
IMPORTANT
10
TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DE CONCEITOS-CHAVE DA GEOGRAFIA CONTEMPORÂNEA
11
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
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TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DE CONCEITOS-CHAVE DA GEOGRAFIA CONTEMPORÂNEA
13
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
4.1 A ESCALA
A escala de análise é um critério importante no estudo da geografia e
diretamente ligado ao conceito de região e à metodologia de regionalização do
espaço geográfico para melhor estudá-lo.
14
TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DE CONCEITOS-CHAVE DA GEOGRAFIA CONTEMPORÂNEA
15
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
16
TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DE CONCEITOS-CHAVE DA GEOGRAFIA CONTEMPORÂNEA
ESCALAS DE ANÁLISE
GEOGRÁFICA:
Resolução/Lentes/Zoom
ESCALA PLANETÁRIA NOSSO ESTADO E
OU MUNDIAL A REGIÃO DENTRO
- RELAÇÕES DO TERRITÓRIO
INTERNACIONAIS - NACIONAL
PROBLEMAS GLOBAIS
DA HUMANIDADE
ESCALA LOCAL:
O LUGAR ONDE
REGIÕES DO GLOBO MORAMOS: CASA,
VIZINHANÇA,
MUNICÍPIO,
O ESTADO NACIONAL REGIÃO
OU PAÍS
FONTE: A autora (2015)
Até por volta dos anos 1980 considerava-se a escala dos Estados Nacionais
como a mais importante, pois nela existem as fronteiras entre os territórios
nacionais, nas quais prevalece a soberania do poder público, ou seja, do Estado.
Geralmente, a maior parte da política e da economia é determinada por esta escala
nacional, é aí que se definem a moeda e o sistema financeiro do país, as políticas de
desenvolvimento, de educação, de saúde, de previdência etc. (VESENTINI, 2005).
17
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
19
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
20
TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DE CONCEITOS-CHAVE DA GEOGRAFIA CONTEMPORÂNEA
para a população mais jovem. (SADER, 2015). Percebe-se aqui que a escala
de análise, local/nacional de Porto Príncipe – Haiti passou para uma análise
continental, pois a imigração para o Brasil passa por outros países da América
do Sul, como Peru e Equador, tendo como porta de entrada o estado do Acre.
Não são somente haitianos que utilizam esta rota para imigração para o Brasil,
povos da África, como os senegaleses, já estão o fazendo (observem que a escala
já é intercontinental: América – África). Para compreender os fatores de repulsão
dos países pobres em direção tanto dos países ricos, como países emergentes, a
análise passa para a escala global, numa abordagem sócio-histórica de expansão
do sistema capitalista, passando pela colonização, imperialismo e globalização.
NOTA
21
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
NOTA
22
TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DE CONCEITOS-CHAVE DA GEOGRAFIA CONTEMPORÂNEA
5 TEMPO OU TEMPO-ESPAÇO
As inovações tecnológicas que através da geografia quantitativa dos anos
60 e 70 afetaram as pesquisas na geografia física implicaram uma mudança ente a
“velha ciência” e a “velha maneira de pensar” para introduzir uma “nova ciência”
e nova maneira de ver o mundo naquele período, com consequências positivas
até hoje. Estas mudanças revolucionárias, sobre o conceito de tempo na geografia,
sempre estarão relacionadas com uma visão não linear, que por sua vez alteraram
a maneira de ver o mundo. O tempo-espaço é dinâmico, constante e contínuo.
23
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
E
IMPORTANT
24
TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO DE CONCEITOS-CHAVE DA GEOGRAFIA CONTEMPORÂNEA
25
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
26
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você estudos que:
27
• A geografia escolar, desde a educação infantil até o ensino médio, por meio
do currículo e transposição didática, adapta um conjunto de conteúdos da
área de conhecimento da geografia para trabalhar uma variedade de conceitos
e categorias de análise geográfica. Além de desenvolver competências,
habilidades e atitudes em relação à localização, orientação, e mobilidade
espacial, a geografia escolar deverá ajudar o aluno, futuro cidadão, a
compreender o mundo em que vive numa perspectiva multiescalar, para que
possa intervir de forma proativa em seu lugar e território.
28
AUTOATIVIDADE
A GEOGRAFIA E PÓS-MODERNIDADE
1 INTRODUÇÃO
Nesta seção buscar-se-á apresentar algumas reflexões sobre as sociedades
e os Estados e um conjunto de temas e noções que são complementares para a
compreensão da realidade espacial e suas dinâmicas da contemporaneidade.
31
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
2 MODERNIDADE
O período histórico compreendido do século XV ao XVII, ou Idade
Moderna, (numa análise linear e cronológica eurocêntrica), corresponde a um
período em que se estrutura e se organiza a “Modernidade”. Alguns fatos
importantes que marcaram a modernidade foram: a desagregação do feudalismo,
expansão marítima-comercial, Renascimento, Humanismo, Reforma Protestante,
o Estado Territorial Moderno, definindo uma interpretação racional e metódica
sobre a realidade. Impulsionada pela crença da transformação do mundo através
da ciência e da racionalidade. No decorrer do século XVIII ela se consolida como
forma de pensar o homem, a sociedade e o mundo, atingindo seu ápice no final
do século XIX e início do XX. Porém, no decorrer do século XX, a modernidade
começou a dar sinais de esgotamento, e as formulações teóricas produzidas até
então não dão conta de explicar as realidades e apresentar soluções aos problemas
da condição humana.
NOTA
32
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA E PÓS-MODERNIDADE
NOTA
33
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
34
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA E PÓS-MODERNIDADE
35
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
ATENCAO
Existe certa confusão sobre a utilização dos termos Reino Unido (Estado
soberano), Inglaterra e Grã-Bretanha. Vamos esclarecer começando com a definição
geográfica de arquipélago das Ilhas Britânicas, que é composto por duas grandes ilhas: a ilha
de Grã-Bretanha e a ilha da Irlanda.
ARQUIPÉLAGO DAS
ILHAS BRITÂNICAS
Ilha da Grã-Bretanha
Ilha da Irlanda
37
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
38
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA E PÓS-MODERNIDADE
A criação da ONU não se deu de uma hora para outra. Seu projeto
embrionário é de 1942, quando 26 países assinaram um documento intitulado
Declaração das Nações Unidas em que se comprometiam em combater os países
do eixo. Ao término da Guerra em 1945, na cidade de São Francisco – EUA, 50
países assinaram o documento que estabeleceu os princípios do organismo,
a Carta da ONU. Estes 50 países são considerados os fundadores da ONU, e o
Brasil está entre eles.
40
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA E PÓS-MODERNIDADE
caso desde a criação da ONU em 1945, um país foi atacado sem uma Resolução
específica para isso.
41
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
TUROS
ESTUDOS FU
Unidas sobre HIV/AIDS; o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime
é o programa da ONU que combate o tráfico de drogas, crime organizado
internacional em geral e o terrorismo; e a Comissão Econômica para a América
Latina e o Caribe, não é propriamente um programa, mas uma das cinco comissões
regionais da ONU e tem como objetivo a promoção de desenvolvimento latino-
americano (SILVA, 2013).
43
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
TUROS
ESTUDOS FU
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TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA E PÓS-MODERNIDADE
5 PÓS-MODERNIDADE
Como já vimos, o fim da II Guerra Mundial, a descolonização na África
e Ásia, a Terceira Revolução Técnica Científica foram determinantes empíricos
para o surgimento de interpretações de caráter diferenciado, desconstrucionista e
irracionalista, compondo o que se denominou de Pós-Modernidade. A incessante
busca do novo, a constante e desenfreada evolução tecnológica, a emergência de
novos paradigmas científicos e a reflexão sobre os fundamentos epistemológicos
das ciências, em condições de modernidade, mostram a necessidade de novas
interpretações.
A modernidade sustentada na racionalidade e na ciência produziu
conhecimentos, embora fragmentados, traduzidos em segurança, avanços
tecnológicos e produtos que prolongam a vida, incrementaram os transportes
e comunicações. Acredita-se no movimento, através do qual se percorrem
espaços e distâncias a velocidades cada vez mais rápidas. As técnicas avançaram
extraordinariamente, na crença de que o mundo poderia ser melhorado. Tentou-
se, porém, sem êxito, resolver os problemas da humanidade através desta mesma
racionalidade, pois, a mesma ganhou corpo social, mecanismo social, identidades
individuais e coletivas. Poder-se-á afirmar que o alto investimento do ser humano
na modernidade foi na segurança, na estabilidade (emocional, financeira, afetiva),
na organização e na racionalidade (BAUMAN, 1999).
Contudo, a própria modernidade foi produzindo uma consciência pós-
moderna, cujo processo foi fruto dos lugares nos quais a modernidade se instalou
de forma mais plena. Desta forma, sem necessariamente se opor ou resistir, há
o florescer de um movimento cultural de re/valorização das subjetividades, da
arte, do estético, da sensibilidade, do local, das diversidades, de minorias, da
multiculturalidade e outros. Assim, podemos perceber os contornos de uma
ordem nova e diferente, que é pós-moderna.
45
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
46
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA E PÓS-MODERNIDADE
UNI
47
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
48
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA E PÓS-MODERNIDADE
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UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
DICAS
TUROS
ESTUDOS FU
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TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA E PÓS-MODERNIDADE
51
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
que cria condições para que os mercados funcionem. Apesar do grande motor de
desenvolvimento ainda estar centrado no mercado, este continua precisando de
um mínimo de estabilidade macro e microeconômica que só pode ser fornecido
pelo Estado. Assim, mesmo sendo avassaladora, a globalização não acabou com o
Estado. Ele continua tendo um papel fundamental no gerenciamento das questões
econômicas, sociais, culturais, políticas e jurídicas. O Estado precisa atuar onde
o mercado deixa um vácuo, mas não atuar como um complemento. Assim, cada
Estado-Nação deve criar condições adequadas para o enfrentamento das novas
questões colocadas pela globalização.
52
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA E PÓS-MODERNIDADE
53
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
54
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA E PÓS-MODERNIDADE
55
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
56
• O movimento contemporâneo posterior à modernidade, denominado pós-
modernidade, relaciona-se com revolução técnico-científica, com a globalização
e com o questionamento que se tem feito sobre a realidade. As relações sociais,
políticas e culturais solidificadas e enraizadas pela modernidade estão sendo
alteradas pela pós-modernidade. Enquanto a modernidade se sustentava na
racionalidade, na organização metódica, na estabilidade e previsibilidade, a pós-
modernidade se sustenta na revalorização das subjetividades, da afetividade,
na valorização da arte e da estética, nas populações locais (excluídas muitas
vezes da globalização), minorias étnicas, na multipluriculturalidade.
57
AUTOATIVIDADE
58
UNIDADE 1
TÓPICO 3
REGIÕES – REGIONALIZAÇÕES
1 INTRODUÇÃO
Esse tópico se propõe a analisar as novas conceituações utilizadas para
definir região e regionalização, bem como discutir os territórios e suas novas
relações no que diz respeito à globalização.
59
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
60
TÓPICO 3 | REGIÕES – REGIONALIZAÇÕES
61
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
62
TÓPICO 3 | REGIÕES – REGIONALIZAÇÕES
63
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
64
TÓPICO 3 | REGIÕES – REGIONALIZAÇÕES
65
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
NOTA
66
TÓPICO 3 | REGIÕES – REGIONALIZAÇÕES
67
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
1º
2º
3º
68
TÓPICO 3 | REGIÕES – REGIONALIZAÇÕES
FONTE: LOWE, Norman. História do mundo contemporâneo. Porto Alegre: Penso, 2011. p. 605.
69
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
70
TÓPICO 3 | REGIÕES – REGIONALIZAÇÕES
71
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
72
TÓPICO 3 | REGIÕES – REGIONALIZAÇÕES
Durante esta trajetória cada uma das etapas foi marcada por arrefecimento
intelectual do discurso regional, motivado tanto por transformações no espaço
geográfico concreto como pelas ideias, orientando o pensar sobre a região. A última
fase se estabelece diante da possibilidade de o processo de globalização buscar
uma aparente homogeneização do espaço, cuja diferenciação é o fundamento
da abordagem regional. A improvável homogeneização, caracterizada pelas
resistências e reapropriações, ou mesmo pela produção das diferenças pelos
próprios processos capitalistas globalizadores, ao criar novos nichos de mercado
e/ou abandonando outros. Supôs-se erroneamente o colapso do conceito de região
pelo aumento da fragmentação ou descontinuidade espacial e da ênfase aos
processos de transformação e diferenciação em bases locais. (HAESBAERT, 2014).
73
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
Para Massey (2000) apud Haesbaert (2014) o sentido global de cada lugar
é definido como espaço de encontros e conexões, cuja especificidade é marcada,
sobretudo, pela combinação própria de redes que ali se verifica, ou seja, os
lugares conservam um pouco de suas características peculiares e tradicionais,
combinadas com elementos mais massificadores da globalização, das migrações,
do consumismo, dos modismos etc.
DICAS
74
TÓPICO 3 | REGIÕES – REGIONALIZAÇÕES
75
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
76
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
77
• Sendo a região uma parte do todo, conduz a ideia de divisão, e, à dimensão das
partes, as quais podem mudar de acordo com os critérios estabelecidos. Numa
abordagem dialética, cada parte, ou região, ao mesmo tempo em que cada uma
é parte do todo, é simultaneamente uma totalidade em si. Quando orientada
para o processo metodológico, a região envolve uma divisão ou agrupamento
organizado para efeito de análise da composição de determinado espaço
geográfico.
78
AUTOATIVIDADE
Continente Americano
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
79
3 No texto sobre o MERCOSUL, refletimos sobre a admissão da Venezuela
como Estado-membro pleno no Mercosul em julho de 2012. Observe o mapa.
80
UNIDADE 1
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Analisando a urgência e as necessidades que configuram o espaço mundial,
onde pipocam conflitos armados, migrações, conexões e redes, faz-se necessário
apresentar uma reflexão sobre os territórios e os processos de desterritorialização
e de reterritorialidade, que são acompanhados por relações de poder, identitárias
e de pertencimento, tanto de caráter material como simbólico.
2 TERRITÓRIOS
O território pode ser definido, sumariamente, como uma área ou uma
porção espacial delimitada, sob posse de uma pessoa ou um grupo de pessoas,
como também de uma instituição ou organização. Ainda, território diz respeito
à apropriação de uma parcela do espaço geográfico por um indivíduo ou uma
coletividade. Politicamente falando, o território compreende as terras emersas,
o espaço aéreo, os rios, lagos e as águas territoriais, sob a jurisprudência do
Estado Nacional.
81
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
3 CONCEPÇÕES DE TERRITÓRIO
Para a palavra território, Haesbaert (2007) destacou dois sentidos
originários do latim: um com conotação de terra (que se encontra com uma
definição naturalista), tomando o território como materialidade; e o outro,
relacionado aos sentimentos que o território provoca, ou seja, “[...] medo para
quem dele é excluído, de satisfação para aqueles que dele usufruem ou com
o qual se identificam” (HAESBAERT, 2007, p. 44). Este segundo sentido traz
componentes de limites e/ou de fronteira no conceito de território bem definidos
que demarcam a exterioridade e/ou alteridade. Juntando os dois sentidos, surge
a concepção de território como área, superfície ou extensão de terra, controlada
por uma jurisdição político-administrativa, base geográfica da soberania de
um Estado, para com a qual existe um sentimento de pertença, de inclusão do
cidadão. Desta forma, na geografia, pensar o território como conceito, implica
pensar a presença de um poder que delimita o território (mesmo que ainda
reduzido ao poder estatal) com fronteiras demarcadas, pressupondo a existência
de uma exclusividade de uso (dos recursos) que se configura pelo controle e pela
soberania nacional.
82
TÓPICO 4 | TERRITÓRIOS E TERRITÓRIOS-REDE DE MÚLTIPLOS AGENTES
organiza o território (juridicamente) faz com que alguns se tornem mais aptos que
outros, permitindo com que determinadas atividades se instalem. O território,
no sentido tradicional, político, como no sentido contemporâneo e pós-moderno,
tem relação com controle, com poder, movimento, inclusão, exclusão. Em relação
à dimensão “poder” diz respeito tanto no sentido mais concreto, de dominação,
quanto no sentido mais simbólico, de apropriação (HAESBAERT, 2007)
83
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
TUROS
ESTUDOS FU
84
TÓPICO 4 | TERRITÓRIOS E TERRITÓRIOS-REDE DE MÚLTIPLOS AGENTES
85
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
4 TERRITORIALIDADES
O território e a territorialidade possuem multiplicidade de manifestações
e de exercício de controle e poder, incorporados através dos múltiplos agentes/
sujeitos envolvidos. É necessário analisar os territórios de acordo com os sujeitos
que os constroem, sejam eles indivíduos, grupos sociais ou instituições como
Estados, empresas, religiões e outros. As ações de exercício de poder, de soberania
e de controle social pelo espaço podem mudar conforme a sociedade e a cultura,
do grupo e/ou do indivíduo. Pode-se controlar uma porção do espaço geográfico
exercendo influência e poder sobre pessoas próximas, grupos sociais, fenômenos,
relacionamentos e/ou estruturas.
86
TÓPICO 4 | TERRITÓRIOS E TERRITÓRIOS-REDE DE MÚLTIPLOS AGENTES
5 DESTERRITORIALIZAÇÃO E RE-TERRITORIALIZAÇÃO
Ianni (2007) explica que a desterritorialização ocorre porque se multiplicam
e se agilizam os meios de comunicação, informação e decisão, tornando as coisas,
gentes e ideias voláteis ou volantes, porém, desterritorialização caminha lado a lado
com reterritorialização. Além de ser permeado por relações complexas de poder, o
território passou a contar com a (des) e ou (re) valorização das identidades culturais,
religiosas e étnicas, ora reforçando, ora destruindo, para reconstruir laços de coesão
e solidariedade, bem como capacidade de auto-organização social e política.
6 O TERRITÓRIO-REDE
Em relação à rede, algumas palavras-chave sintetizam sentidos nucleares
que retratam sua lógica espacial difundida pela literatura: conexão, ligação,
trama, mobilidade, fluxo, circulação, reticularidade, linearidade. Esses termos e
seus sentidos foram largamente acionados nos debates realizados sobre a rede
e o território. Haesbaert (2008) explica que nos dias atuais a forma de território
descontínuo, moldado fundamentalmente através do elemento “rede” passou
a dominar, se destacar e se impor. As atuais redes e suas articulações, muito
diferentes das tradicionais, integram o fenômeno da compressão tempo-espaço.
TUROS
ESTUDOS FU
88
TÓPICO 4 | TERRITÓRIOS E TERRITÓRIOS-REDE DE MÚLTIPLOS AGENTES
7 AGLOMERADOS DE EXCLUSÃO
O principal objetivo deste Caderno de Estudos e da disciplina é
estudar o espaço mundial, sua regionalização e organização, numa perspectiva
paradigmática emergente complexa, multidimensional, contemporânea e pós-
moderna. Desta forma, Haesbaert (2007) apresenta três “tipos ideais” em relação
às formas de organização espaço-territorial: os territórios-zona, os territórios-
rede e os aglomerados de exclusão.
89
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
peso a fixá-los em uma única escala ou, no máximo, transportá-los não segundo
seus desejos e aspirações, mas de acordo com as demandas do mercado de
trabalho”. (RIBEIRO, 2008, p. 6). Produziu-se uma massa de despossuídos sem as
menores condições de acesso a estas redes e sem a menor autonomia para definir
seus “circuitos de vida”. Essa massa estrutural de despossuídos, desempregados,
incluindo inclusive os trabalhadores de chão de fábrica, trabalhadores informais,
terceirizados, temporários, fruto do novo padrão tecnológico imposto pelo
capitalismo, fica marginalizada, a parte do processo de produção e consumo
de bens mínimos de sobrevivência, moradia e de mobilidade, formando assim
verdadeiros amontoados humanos, os “aglomerados de exclusão”. (SENE, 2014)
90
TÓPICO 4 | TERRITÓRIOS E TERRITÓRIOS-REDE DE MÚLTIPLOS AGENTES
91
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
NOTA
92
TÓPICO 4 | TERRITÓRIOS E TERRITÓRIOS-REDE DE MÚLTIPLOS AGENTES
93
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
94
TÓPICO 4 | TERRITÓRIOS E TERRITÓRIOS-REDE DE MÚLTIPLOS AGENTES
um rizoma, com subrredes replicantes, seguindo por vários cantos, sem controle
direto da organização. Trata-se também de aglutinar forças e alimentar a rede
terrorista ou de reterritorializar em torno de seus territórios-rede alguns dos
grupos sociais mais desterritorializados, ou seja, naquilo que o autor denominou
de “aglomerados de exclusão” como os refugiados palestinos, sírios, libaneses e
outros, ou populações mais pobres do interior do Afeganistão.
95
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:
96
• Para Haesbaert (2007) existem os territórios-zona, que correspondem às
extensões espaciais dos Estados Nacionais, os territórios-rede com apropriações
espaciais descontínuas, que abarcam os fixos e fluxos das redes econômicas,
geopolíticas e culturais e os aglomerados de exclusão. Os aglomerados de
exclusão são espaços que funcionam como verdadeiras prisões para milhares
de pessoas, pois sua mobilidade e acesso às benesses da globalização são
restritos e até impossíveis.
97
AUTOATIVIDADE
TERRITÓRIOS REDES
Distância Rede chinesa
Estado com
Cultural forte identidade
cultural
Difusão do islã
Estado
Semiperiferia Potência mundial
Oligopólio
Economia
Mundo Área de
influência da Rede mundial
rede mundial
Sociedade
Mundo
Fonte: LÉVY et al. (1992), atualizado.
98
O espaço mundial sobre a nova des-ordem é um emaranhado de zonas (áreas),
redes e aglomerados, espaços hegemônicos e contra hegemônicos que se
cruzam de forma complexa na face da Terra. Fica clara a polêmica que envolve
uma nova regionalização mundial. Como regionalizar um espaço (mundial)
tão heterogêneo e, em parte, fluído, com inúmeros fixos e fluxos!
99
100
UNIDADE 1
TÓPICO 5
1 INTRODUÇÃO
Este tópico apresenta uma pequena reflexão a respeito da interação entre
direito e geografia, na medida em que é a geografia que define tanto as fronteiras
externas de um Estado em relação a outros Estados, como as fronteiras internas,
como, por exemplo, as regiões, estados e municípios no Brasil, ou províncias e
departamentos em outros Estados Nacionais. O direito (público) define as regras
e normas de forma hierárquica da constituição até as penalidades, circunscritas a
um território nacional.
2 DIREITO E GEOGRAFIA
Losano (2014) reflete sobre os vínculos e interações existentes entre o
direito e a geografia, buscando respostas e direcionamentos para a necessidade
de adaptação do direito atual, nascido dentro dos limites do Estado Nacional do
século XVIII e XIX, a um mundo com fronteiras diluídas e fragilizadas, cada vez
mais tecnológico e globalizado com territórios-rede e aglomerados de exclusão
com poderes e regras paralelas. Diante da possibilidade do Direito rígido
(produto do Estado democrático) ser substituído pelo Direito maleável (soft law)
resultante das empresas transnacionais e organismos financeiros, autocráticos,
o autor defende o retorno e o fortalecimento do primeiro (um hard law estatal
ou supranacional, democrático) também para empresas transnacionais, bancos e
bolsas de valores.
101
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
102
TÓPICO 5 | ESPAÇO JURÍDICO E A GEOGRAFIA
103
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
dentro de certo Estado, o cidadão islâmico (perante sua fé e religião) estará sujeito
também ao direito desse Estado. “Esse pluralismo jurídico gera situações jurídico-
geográficas incompatíveis com nossa visão ocidental, mas normais num contexto
islâmico”. (LOSANO, 2014, p. 86).
O direito islâmico não pode ser confundido com o direito positivo laico
dos Estados de população muçulmana. Há Estados em que ambos os
sistemas convivem, com predominância de um ou outro; e há Estados
que, não obstante sua população praticar a religião muçulmana, se
declaram laicos em suas Constituições e adotam um sistema de direito
autônomo. (LIPOVETSKY; SILVA, 2009).
precisava encontrar a ligação entre as normas jurídicas e sua origem divina, assim
como precisava pensar a relação entre o Direito Islâmico e as normas preexistentes
nas sociedades islamizadas. Hoje, Direito Islâmico resiste de modos diversos
e desempenha papéis variáveis nos vários países árabes ou muçulmanos, na
medida em que esses países decidem soberanamente como querem que se dê a
relação entre o Direito produzido pelo Estado e aquele religioso a que sentem que
devem prestar alguma homenagem ou reservar algum lugar. (LOSANO, 2014).
105
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
106
TÓPICO 5 | ESPAÇO JURÍDICO E A GEOGRAFIA
107
UNIDADE 1 | REGIÃO, REGIONALIZAÇÃO E FENÔMENOS SOCIOESPACIAIS NA CONTEMPORANEIDADE
NOTA
108
TÓPICO 5 | ESPAÇO JURÍDICO E A GEOGRAFIA
109
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você estudos que:
110
AUTOATIVIDADE
111
112
UNIDADE 2
A ORGANIZAÇÃO DOS
ESPAÇOS SOB O PONTO DE
VISTA ECONÔMICO, SUAS
CONTRADIÇÕES E DINÂMICAS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Nessa unidade vamos:
113
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos, você vai analisar os temas abordados a partir
de uma contextualização. No desenvolvimento do tópico, você vai encontrar sugestões
para complementar sua leitura e atividades de aprofundamento e de discussão que o(a)
ajudarão a aprender ativamente. Nesta unidade, você irá estudar:
TÓPICO 4 – ÁFRICA
114
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Pretende-se, nesta unidade, analisar a organização espacial mundial
do ponto de vista econômico, aprofundando temas sobre a globalização e seus
principais atores: os organismos supranacionais, empresas transnacionais,
as Organizações Não Governamentais – ONGs, a mídia global, o comércio
multilateral e os blocos econômicos regionais. A ordem mundial e a organização
espacial territorial por Estados-Nações, organismos supranacionais e/ou blocos
econômicos não podem ser estudados como fenômenos ou processos estanques,
isolados e concluídos. As recentes migrações internacionais, cujos polos de
repulsão são os países frágeis e instáveis, têm se mostrado como fatores de
desestruturação de uma ordem aparentemente consolidada, como, por exemplo, a
União Europeia. A organização e expansão das redes de terrorismo internacional,
do fundamentalismo islâmico e da economia informal/ilegal, principalmente, em
áreas de conflitos têm alterado a configuração espacial territorial, sobre a qual
ainda não se tem estudos mais aprofundados.
115
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
2 UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO
A primeira década do século XXI foi marcada por importantes mudanças
no sistema de relações econômicas e geopolíticas do mundo globalizado.
Embora uma nova ordem mundial não tenha se consolidado, a situação
que se verificava na década de 1990 e no conflito Norte Sul se alterou.
Houve o fortalecimento de outras regiões mundiais, situadas na margem
dos países desenvolvidos e do chamado Norte econômico, que passaram
a ser conhecidos como países emergentes. O poder econômico da Tríade
(Estados Unidos, União Europeia e Japão) diminuiu e novas potências
regionais surgiram, como é o caso da China, da Índia, do Brasil e da
Rússia. Com a consolidação das relações entre países emergentes (Sul-
Sul), essas novas forças econômicas passaram a questionar o domínio
dos países desenvolvidos sobre as instituições que regulam as relações
políticas (ONU, FMI, Banco Mundial). O mercado financeiro que antes
estava muito mais concentrado na Europa e na América do Norte se
expandiu e se deslocou para o continente asiático. A supremacia dos
Estados Unidos passou a ser contestada, ameaçada pelo terrorismo e
pelas crises que abalaram a economia do país. (ALMEIDA, 2013a, p. 40).
Por ocasião da virada dos anos 1990 para os anos 2000 se criou grande
expectativa sobre o bug do milênio, uma possível falha dos sistemas de informática,
que poderia se estender para a economia, afetando os bancos, sistemas de
cálculo de juros, causando uma desordem no sistema econômico mundial.
Apesar da onda de apreensão e certo pânico, o bug do milênio não passou de
especulação. Outros fatos, logo no início da década de 2000, tiveram, no entanto,
grandes repercussões mundiais, os quais marcaram profundamente as relações
geopolíticas e econômicas. Os atentados de 11 de setembro de 2001 ao World Trade
Center – WTC, em Nova Iorque, tiveram um impacto nas relações geopolíticas
internacionais sentidas até os dias atuais, os quais implicaram transformações
econômicas e políticas dentro dos Estados-Nações.
116
TÓPICO 1 | A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO MUNDIAL E A GLOBALIZAÇÃO
Desde 1970 até por volta da década de 1990, em tempos da Guerra Fria,
durante a ordem bipolar, um conjunto dos países capitalistas, especificamente
as potências, realizavam reuniões econômicas anuais, em Davos na Suíça, que
faziam parte do Fórum Econômico Mundial. As potências formavam o grupo
dos sete – G-7: Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Itália, Alemanha e
Japão. Com as mudanças que ocorreram no mundo socialista, no início da década
de 1990 (queda do muro de Berlim, reunificação da Alemanha e desintegração da
ex-União Soviética), o grupo passou a se constituir de oito países, o G-8: incluindo
aos sete anteriores, a Rússia. A partir de 1999, os países em desenvolvimento
foram também convidados a participar das reuniões do Fórum e dessas conversas
surgiu o Grupo dos 20, o G-20, também chamado de G-20 financeiro.
117
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
119
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
120
TÓPICO 1 | A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO MUNDIAL E A GLOBALIZAÇÃO
NOTA
121
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
122
TÓPICO 1 | A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO MUNDIAL E A GLOBALIZAÇÃO
123
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
está claro que uma globalização mais igualitária, com a erradicação da pobreza
e da miséria e respeito ao meio ambiente, é o que todos pretendemos ter um dia.
124
TÓPICO 1 | A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO MUNDIAL E A GLOBALIZAÇÃO
125
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
do local com portões fechados com cadeado e não podiam sair sem autorização.
Não havia contrato formal de trabalho e a denúncia também aponta as más
condições de higiene e acomodação no alojamento.
126
TÓPICO 1 | A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO MUNDIAL E A GLOBALIZAÇÃO
127
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
Entre os países que compõem o BRICS, dois são NICs (Newly Industrialized
Countries) ou NPIs (Novos Países Industrializados) – Brasil e Índia; uma antiga
potência socialista – a Rússia; um país socialista de economia de mercado
– a China; e um país com algumas características econômicas comuns aos
dois primeiros – a África do Sul. O Brasil e a China possuem uma população
etnicamente homogênea, embora na China exista uma diversidade de dialetos;
A Índia, África do Sul e a Rússia possuem grande diversidade étnica. Os cinco,
porém, apresentam características em comum: grande extensão territorial,
(juntos possuem 28,8% da área mundial); têm grandes populações, (em conjunto,
representam cerca de 40% da população mundial); são ricos em recursos naturais
e importantes exportadores de matérias-primas no mercado mundial; apresentam
grandes desigualdades de nível econômico entre as várias regiões do seu território
(ALMEIDA, 2013).
128
TÓPICO 1 | A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO MUNDIAL E A GLOBALIZAÇÃO
129
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico vimos que:
• Diversos processos e atores com seus fatores e/ou variáveis atuam de forma
dinâmica e contínua na organização do espaço mundial. Dentre estes processos
e fatores, a globalização é um dos processos que mais tem contribuído para
novas configurações socioespaciais.
130
• A desmaterialização do dinheiro e sua crescente digitalização, fluidez e
volatilidade, acrescidas de facilidades para mobilidade tem gerado crises nas
economias emergentes com efeitos e consequências planetários.
131
AUTOATIVIDADE
132
São exemplos desses processos os cartões de crédito, a rede informatizada
interbancária, redes de mercados, lojas de alimentos como o fast-food e
outros.
IV- O capitalismo, após a Segunda Guerra Mundial, consolidou sua
internacionalização com o processo de globalização e formação dos
oligopólios internacionais a partir da fusão entre empresas de diferentes
nacionalidades que originou as empresas multinacionais e transnacionais.
Os Estados Unidos, por exemplo, como potência econômica capitalista,
orientaram a transformação interna das empresas norte-americanas para
a nova realidade.
V- Uma parte da força de trabalho empregada pelas transnacionais está
fora de seus países de origem. A produção capitalista internacional
incorporou a mão de obra de muitos países em uma estrutura empresarial
mundialmente integrada, em processos de terceirizações.
133
Assinale a alternativa correta:
134
UNIDADE 2 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior estudamos sobre as dimensões da globalização e como
esta pode contribuir para reorganizar o espaço mundial, ao mesmo tempo em que
é responsável por novos arranjos geopolíticos e regionalizações. A explicação do
sistema de Bretton Woods mostrou, além da supremacia econômica dos Estados
Unidos, a criação de Organismos Supranacionais, os quais, num período de meio
século, se fortaleceram e estão atuando no cenário internacional.
135
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
136
TÓPICO 2 | A GLOBALIZAÇÃO E SEUS ATORES INTERNACIONAIS: ORGANISMOS SUPRANACIONAIS
137
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
138
TÓPICO 2 | A GLOBALIZAÇÃO E SEUS ATORES INTERNACIONAIS: ORGANISMOS SUPRANACIONAIS
3 AS EMPRESAS TRANSNACIONAIS
Iniciemos recordando sobre as empresas multinacionais, que são aquelas
que estão registradas em um país de origem, onde se localiza a matriz, mas, que
desenvolvem atividades em vários outros países, geralmente subdesenvolvidos
ou em desenvolvimento com determinadas vantagens. As primeiras, constituídas
desde o século XIX, conhecidas como filiais de empresas estrangeiras atuaram
no setor extrativista minerador, extrativista madeireiro, construção de ferrovias,
fornecimento de energia elétrica etc. Depois da segunda Guerra Mundial, um
conjunto de empresas da Segunda Revolução Industrial, ou indústrias pesadas
atuando nos setores secundário (fábricas e indústrias) e também empresas do
setor terciário (bancos, lojas, seguradoras) expandiram unidades produtivas
e filiais para alguns países do então Terceiro Mundo, que apresentassem
condições favoráveis para recebê-las. Entre as condições favoráveis para o
deslocamento destas unidades estava a necessidade de manutenção de altas taxas
de lucratividade, conseguidas na exploração de contingentes de trabalhadores
excedentes em países com população numerosa, como México, Brasil, Índia,
Argentina, África do Sul e outros. Estas empresas buscavam ainda menores
custos de matérias-primas, fontes de energia, menos rigor em relação à cobrança
das leis ambientais, incentivos fiscais e novos mercados consumidores. Como
consequências, os países subdesenvolvidos que receberam estas filiais se
industrializaram (industrialização retardatária, ou tardia) e se tornaram os NICs
(Newly Industrialized Countries) ou NPIs (Novos Países Industrializados), mais
conhecidos como países emergentes. O termo transnacional substitui o termo
multinacional, pois com a fusão de empresas, formando monopólios e oligopólios
as empresas passaram a ter capitais e ações comercializadas em vários países.
139
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
DICAS
<http://www.conjur.com.br/dl/relatorio-shell-greenpeace.pdf>;
<http://www.banasqualidade.com.br/2012/portal/conteudo.
asp?Secao=Noticias&codigo=18056>;
<http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/noticia/2015/04/multa-shell-e-basf-
por-poluicao-financiara-pesquisa-contra-cancer.html>;
<http://www.greenpeace.org.br/bhopal/docs/Bhopal_desastre_continua.pdf>.
140
TÓPICO 2 | A GLOBALIZAÇÃO E SEUS ATORES INTERNACIONAIS: ORGANISMOS SUPRANACIONAIS
E
IMPORTANT
141
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
142
TÓPICO 2 | A GLOBALIZAÇÃO E SEUS ATORES INTERNACIONAIS: ORGANISMOS SUPRANACIONAIS
descrédito a respeito das instituições estatais, vistas como ineficientes ou, às vezes,
até corruptas, e uma busca de alternativas a elas, advindo daí, a popularidade e a
expansão das ONGs”. (VESENTINI, 2008, p. 217). No entanto, o autor faz ressalvas,
explicando que apesar de comumente defenderem causas bem vistas pelo público
em geral, uma grande parte delas gasta muitos recursos em propagandas, (o que
gera mais recursos, isto é, mais doações de pessoas ou firmas), e em pagamento
aos seus diretores, muitos deles com salários altos. As ONGs não costumam ser
internamente democráticas, pois é regra geral existir um, ou alguns fundadores,
diretor ou presidente, que age como bem entende, de forma autoritária, na chefia da
organização. Existem ONGs concorrentes, lutando pelas mesmas causas e também
oponentes, isto é, que defendem causas contraditórias entre si. Por exemplo: há
muitas ONGs que combatem o uso de produtos geneticamente modificados (e
algumas, não todas, recebem verbas de empresas produtoras de agrotóxicos, pois as
plantações transgênicas em geral utilizam muito menos esses produtos), enquanto
outras defendem os cultivos dos transgênicos, e que, em alguns casos, recebem
recursos de firmas de biotecnologia; há ONGs que defendem os interesses dos
agricultores da França ou dos Estados Unidos, a quem os seus governos fornecem
subsídios, e outras que criticam esses subsídios, e advogam uma maior abertura
comercial com maiores chances para os países pobres exportarem seus produtos
agrícolas para a Europa e Estados Unidos.
5 MÍDIA GLOBAL
A expansão nas últimas décadas, da mídia de alcance global, destacando-
se a internet, e as mídias televisivas nacionais e internacionais, tiveram uma
grande importância para a vida política dos países democráticos e para as relações
internacionais. A mídia, ou os meios de comunicação em geral, influenciam as
eleições e até mesmo os rumos de governos. Ela quase obriga os políticos a se
ocuparem de assuntos diversos, inclusive os conflitos militares. Ao abordar temas
polêmicos como corrupção, aborto, genocídio, crise econômica e assédio sexual a
mídia direciona a vida política, forçando os governos, especialmente nos países
do Norte, onde há um maior temor e respeito à opinião pública, a tomar decisões
rápidas sobre assuntos cada vez mais complexos. (VESENTINI, 2008). Vieira
(2013) corrobora afirmando que na primeira década do século XXI observam-se
importantes eventos políticos com a participação de atores não governamentais
utilizando a internet enquanto ferramenta política, ampliando e reforçando
acontecimentos de natureza nacional e internacional.
Alguns exemplos: Somália, país africano assolado por uma guerra civil
(conflitos tribais) por décadas. O sofrimento desse país foi mostrado pela mídia
ocidental e chocou a opinião pública, levando o governo estadunidense e enviar
tropas para garantir a paz, com apoio da ONU, em 1992, e logo em seguida,
1993, se retiraram sem terem conseguido êxito para a paz. Tanto a intervenção,
como a retirada, de acordo com Vesentini (2008), teriam sido produto da ação da
mídia. No início, a mídia apelativa mostrava os somalis como vítimas indefesas
e inocentes, no entanto, depois da morte de alguns soldados estadunidenses, a
mídia muda o discurso, desinteressando-se pela sorte da população somali que
143
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
144
TÓPICO 2 | A GLOBALIZAÇÃO E SEUS ATORES INTERNACIONAIS: ORGANISMOS SUPRANACIONAIS
145
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico vimos que:
146
exigem relatórios comprobatórios minuciosos da aplicação do dinheiro da
forma como orientado no projeto, cumprindo prazos e objetivos estabelecidos.
O não atendimento das premissas estabelecidas poderá implicar a devolução
das verbas que poderiam ser recebidas e/ou devolução dos valores recebidos e
não aplicados corretamente.
147
AUTOATIVIDADE
Suponhamos que você vá com seus amigos comer Big Mac e tomar Coca-
Cola no McDonald’s. Em seguida, assiste a um filme de Steven Spielberg e
volta para casa num ônibus de marca Mercedes. Ao chegar em casa, liga seu
aparelho de TV Philips para ver o videoclipe de Michael Jackson e, em seguida,
deve ouvir um CD do grupo Simply Red, gravado pela BMG Ariola Discos
em seu equipamento AIWA. Veja quantas empresas transnacionais estiveram
presentes nesse seu curto programa de algumas horas”. (PRAXEDES et al. O
Mercosul. São Paulo: Ática, 1997).
148
Agora, assinale a alternativa correta.
149
150
UNIDADE 2 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
O comércio entre povos é uma atividade que existe desde os tempos
primitivos e antiguidade. Foi através do comércio que os povos expandiram seus
horizontes geográficos, divulgaram aspectos culturais e trocaram experiências e
inventos. O comércio mudou a Europa medieval, conduziu ao sistema capitalista,
e por sua vez ao colonialismo, imperialismo e faz parte da globalização. A economia
contemporânea está cada vez mais dependente do comércio internacional,
exigindo fortalecimento através de regras e acordos.
152
TÓPICO 3 | O COMÉRCIO MULTILATERAL E OS BLOCOS ECONÔMICOS REGIONAIS
ATENCAO
153
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
ATENCAO
DICAS
Para saber mais sobre a atuação do Brasil na OMC, leia as reportagens, disponíveis
em: <http://www.dw.de/brasil-%C3%A9-um-dos-mais-ativos-na-omc-e-ampliou-mercados-
em-20-anos/a-17573895>;<http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/10/uniao-
europeia-questiona-na-omc-politica-de-impostos-do-brasil.html>.
154
TÓPICO 3 | O COMÉRCIO MULTILATERAL E OS BLOCOS ECONÔMICOS REGIONAIS
NOTA
• Defesa técnica: nos casos em que o produto não apresenta tecnologia adequada,
como um veículo cujo sistema de freios é pouco eficiente, um brinquedo que
pode afetar a saúde das crianças etc.
155
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
DICAS
Segundo Claudia Rolli, da Folha UOL, em 8 de agosto de 2014, o grupo é o maior varejista
do mundo e terceira maior rede de supermercados no Brasil, após passar por um processo
de reestruturação no país, pretende retomar os planos de expansão e abrir lojas no ano de
2015. Em 2014, o Walmart não inaugurou unidades no país e concentrou gastos na reforma
de 35 lojas. Em 2013, o grupo abriu outras 22 unidades, mas foram fechadas 25 lojas em
algumas regiões do Brasil e demitidos funcionários, principalmente da área administrativa.
A prioridade para 2014 e 2015 é a integração das lojas com diversas bandeiras, a integração
pelo sistema Walmart, o qual é um sistema global, responsável por automatizar as operações,
facilitar a gestão e aumentar a eficiência. No Brasil, o grupo tem 75 mil empregados em 18
Estados, distribuídos em 544 unidades.
156
TÓPICO 3 | O COMÉRCIO MULTILATERAL E OS BLOCOS ECONÔMICOS REGIONAIS
3 O MUNDO EM BLOCOS
Paralelamente às negociações multilaterais para a liberalização comercial
no âmbito da OMC, são conduzidas diversas negociações de caráter regional, entre
dois países (bilaterais) ou num grupo mais amplo (multilaterais) para formação de
blocos econômicos ou para ampliar os acordos nos blocos já constituídos. A maior
parte dos países que participam da OMC está também envolvida em negociações
e acordos comerciais regionais ou faz parte de algum bloco econômico. Os
acordos de livre comércio trazem uma série de consequências para as empresas
e a população dos países integrantes dos blocos. Para a atividade produtiva de
um país que compõe um bloco, haverá ganhadores e perdedores. Geralmente,
os ganhadores serão as empresas ou produtores mais competitivos, ou seja,
aqueles que têm melhores condições de venda, pois podem conquistar mercados
nos outros países do bloco. Perdedores serão os pequenos produtores. Por serem
menos competitivos, com o aumento da concorrência, poderão até mesmo falir. A
população também pode se beneficiar, podendo consumir produtos mais baratos
que entram no país, ou ser atingida pelo desemprego, em virtude da falência
ou redução da produção das empresas nacionais. Apesar dessas implicações, o
processo de formação de blocos econômicos, de modo geral, acontece sem que
haja participação da sociedade nas decisões tomadas pelos governantes e pela
elite econômica. Durante o processo de formação da União Europeia, ao menos
nas etapas finais, porém, antes de decisões mais importantes, os governantes
consultaram a população por meio de plebiscitos (LUCCI, 2010).
157
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
158
TÓPICO 3 | O COMÉRCIO MULTILATERAL E OS BLOCOS ECONÔMICOS REGIONAIS
159
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
161
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
UNI
Segundo notícia do dia 4 de maio de 2015, no site do G1, desde 2011 Marine
Le Pen iniciou uma mudança nas concepções políticas da Frente Nacional (Aliança Francesa),
abandonando os compromissos do partido com movimentos neonazistas e antirrepublicanos,
mas conservando uma linha nacionalista e contra a imigração. Esta estratégia permitiu à Frente
Nacional obter uma série de sucessos eleitorais: dois deputados nas eleições legislativas de
2012, 11 cidades conquistadas nas eleições municipais, uma primeira cadeira entre os europeus
no Parlamento Europeu e dois senadores em 2014. Marine Le Pen expulsou seu pai, fundador
do Partido, Jean Marie Le Pen do Partido por declarações inadequadas sobre o holocausto
e imigração. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/05/lider-da-direita-
francesa-jean-marie-le-pen-e-suspenso-de-partido.html>. Acesso em: 21 maio 2015.
162
TÓPICO 3 | O COMÉRCIO MULTILATERAL E OS BLOCOS ECONÔMICOS REGIONAIS
163
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
164
TÓPICO 3 | O COMÉRCIO MULTILATERAL E OS BLOCOS ECONÔMICOS REGIONAIS
Segundo Silva (2013), até 2013, a Europa tinha 224 casas de detenção,
exclusivamente voltadas aos imigrantes, que comportavam até 30 mil detentos à
espera do repatriamento. Uma política comum era a prisão e expulsão dos que
chegassem a ser pegos na fronteira, para depois analisar os casos dos que já haviam
entrado. Essa, segundo o autor é uma das partes perversas da globalização. Ao mesmo
tempo, em que a Europa precisa dos imigrantes, o que é um dilema paradoxal, estes
estão chegando demasiadamente, e em condições deploráveis fugindo dos conflitos,
da fome e da miséria, tornando-se alvos fáceis de contrabandistas do tráfico humano.
165
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
166
TÓPICO 3 | O COMÉRCIO MULTILATERAL E OS BLOCOS ECONÔMICOS REGIONAIS
3.3 MERCOSUL
Em 1991, em Assunção, capital do Paraguai, os então presidentes do Brasil,
Paraguai, Argentina e Uruguai assinaram um acordo que visava à formação de
Mercado Comum do Sul, o Mercosul. Até 1994 foram desenvolvidas políticas de
ajuste nos quatro países para a integração econômica, consolidando condições
políticas, econômicas e jurídicas internacionais. Com a assinatura do Protocolo
de Ouro Preto, as negociações avançaram na direção da União Aduaneira,
padronizando as tarifas externas para muitas mercadorias e restrições comerciais
não tarifárias, como o estabelecimento de cotas para a importação de certos
produtos, na tentativa de proteger o mercado interno do bloco. A partir de 1995,
a área de livre-comércio permite a comercialização dos produtos produzidos
nos quatro países sem cobrança de tarifas de importação entre estes. As medidas
visaram integrar a economia e fortalecer a negociação em bloco com os outros
países. (ALMEIDA, 2013; SILVA, 2013; MARTINEZ, 2013).
167
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
E
IMPORTANT
168
TÓPICO 3 | O COMÉRCIO MULTILATERAL E OS BLOCOS ECONÔMICOS REGIONAIS
169
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
O Mercosul, além das ameaças do plano interno, sofre ameaças que vem
do plano externo. Muitos blocos de integração econômica estão organizados
regionalmente em todos os continentes. Em 1994, os Estados Unidos lançaram o
projeto de formar um bloco envolvendo todo o continente americano, com exceção
de Cuba, por filiação ideológica socialista. A Área de Livre-Comércio das Américas
– ALCA reuniria 34 países. Os membros do Mercosul se posicionaram contra esta
170
TÓPICO 3 | O COMÉRCIO MULTILATERAL E OS BLOCOS ECONÔMICOS REGIONAIS
171
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
172
TÓPICO 3 | O COMÉRCIO MULTILATERAL E OS BLOCOS ECONÔMICOS REGIONAIS
173
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico vimos que:
174
• A União Europeia está nesta segunda década do século XXI, enfrentado novos
desafios, os quais vão da gestão e governança a questões diplomáticas com
países vizinhos. A crise da Grécia, o conflito na Ucrânia, o impasse da Rússia e
a entrada cada vez mais numerosa de imigrantes da África e Oriente Médio.
175
AUTOATIVIDADE
177
178
UNIDADE 2
TÓPICO 4
ÁFRICA
1 INTRODUÇÃO
A África é o único continente atravessado simultaneamente pela Linha
do Equador e pelo Meridiano de Greenwich, possuindo terras em todos os
hemisférios. Com uma área de aproximadamente trinta milhões de quilômetros
quadrados, o continente apresenta paisagens muito diversificadas, com fauna e
flora que muitas vezes fizeram-na ser vista como terra exótica, com paisagens
idílicas, contrastando com uma série de problemas histórico-sociais e econômicos.
Falar da África, neste caderno de Estudos sobre Regionalização e Organização do
Espaço Mundial, requer uma atenção redobrada, pois a tendência é apresentar o
continente e seus mais de 50 Estados-Nações de forma reducionista e simplista,
e/ou reproduzir narrativas do ponto de vista da filosofia, política e geografia
ocidentais. Diante da dificuldade de acesso a uma geografia escrita e produzida
por intelectuais de um ou outro país africano, onde os povos africanos sejam
protagonistas de novas narrativas, optamos em refletir sobre narrativas e
análises existentes, conscientes da necessidade de alguns questionamentos e
desconstruções.
2 CIVILIZAÇÕES NEGRO-AFRICANAS
As civilizações negro-africanas abrangem toda a região ao sul do deserto de
Saara, portanto, a maior parte do continente africano. São culturas diversificadas,
produzidas por povos africanos com a cor da pele negra (VESENTINI, 2008).
Alguns especialistas calculam que existam nesta área oito civilizações principais,
cada uma delas abrangendo uma diversidade de povos, de idiomas e costumes
diferenciados, mas com características importantes em comum. Vale destacar
que para compreender esta diversidade de povos, os conceitos estruturantes e
categorias de análise utilizadas para estudar os povos europeus, nem sempre são
os mais adequados. Sem a pretensão de uma análise aprofundada da África e de
sua história para a contextualização geográfica atual, apontamos apenas alguns
pontos, com objetivos de aclarar as dificuldades pelas quais o continente e seus
povos passam na contemporaneidade. As civilizações negro-africanas, em geral,
têm por base povos e etnias, onde os grupos de base são ou eram rurais, com redes
de parentesco em comum, códigos de conduta, chefes, príncipes e curandeiros etc.,
179
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
180
TÓPICO 4 | ÁFRICA
181
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
182
TÓPICO 4 | ÁFRICA
4 ÁFRICA SUBSAARIANA
A própria natureza encarregou-se de separar dentro do continente
africano duas porções com características distintas. Com 9.260.000 quilômetros
quadrados, o Saara, o maior deserto do planeta, isola a África do Norte da África
Subsaariana, embora ocupe áreas de ambas as partes. O deserto do Saara tem
como limite meridional uma extensa área, o Sahel, em processo de avanço do
próprio deserto. A região, uma faixa contínua desde o oceano Atlântico até o mar
Vermelho, é uma área de transição entre o deserto e as áreas mais úmidas do
centro-sul do continente africano, onde predomina a vegetação de estepes e o
clima semiárido. Em consequência do mau uso do solo, o Sahel vem aumentando
sua extensão nos últimos anos.
183
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
184
TÓPICO 4 | ÁFRICA
185
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
ATENCAO
186
TÓPICO 4 | ÁFRICA
Segundo o Unaids report on the Global Aids Epidemic 2012, dos 34 milhões de
pessoas que vivem com o vírus da Aids no mundo, cerca de 69% estão na África e
58% são mulheres. A África é o lugar do planeta onde a doença se espalhou mais
rápido, embora recentemente, alguns avanços já sejam notados na prevenção
da doença. Entre os países mais atingidos citam-se a Namíbia, a África do Sul,
Zâmbia, Zimbábue (onde dados estimam que de 13% a 20% dos adultos estejam
infectados), e ainda integram a lista Botsuana, Lesoto e Suazilândia (onde a taxa
de infecção supera os 20% dos adultos). Como resultado da epidemia, os serviços
de saúde nestes países estão à beira do colapso por falta de pessoal e recursos.
Nos hospitais públicos da África do Sul, por exemplo, grande parte dos leitos
são ocupados por pessoas com Aids. Apesar de alguns países terem investido em
educação e prevenção sexual, incentivado o uso de preservativos, só uma política
de prevenção mais incisiva e disseminação das formas de tratamento podem
minorar o problema. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação – FAO calcula que, em 2020, outros 16 milhões de africanos poderão
morrer em virtude da Aids.
187
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
189
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
NOTA
190
TÓPICO 4 | ÁFRICA
191
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
índice de analfabetismo destes nos dias atuais explica-se por este motivo e, a lei da
segurança nacional, permitia prender sem julgamento qualquer negro que não se
subordinasse às leis dos brancos. Durante a vigência do regime da população sul-
africana apresentou uma composição de 70% de africanos, 18% de brancos e 12%
de asiáticos e mestiços (cujos antepassados foram trazidos pelos colonizadores
para serem escravos).
indignação. O regime de segregação foi condenado pela ONU, que manteve durante
anos o Comitê Especial Antiapartheid. A comunidade internacional começou a
pressionar a África do Sul, que foi boicotada nos circuitos esportivos e artísticos,
além de sofrer bloqueio econômico de seus produtos por parte de diversos países,
para forçá-la a acabar com o apartheid (TAMDJIAN, 2005; SILVA, 2013).
UNI
193
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
196
TÓPICO 4 | ÁFRICA
Uma das faces mais desumanas desse conflito foi a instalação de milhões
de minas terrestres, as quais têm sido responsáveis pela mutilação de milhares
de angolanos. As minas chegaram a ser a principal causa de mortes no país, e
no decorrer do século XXI serão responsáveis por mais mortes e mutilações de
pessoas no meio rural. Mesmo sendo proibidas pela convenção de Genebra, foi
uma das estratégias utilizadas pelas guerrilhas (TAMDJIAN, 2005).
197
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
DICAS
198
TÓPICO 4 | ÁFRICA
LEITURA COMPLEMENTAR
A mais severa seca dos últimos 60 anos afeta de 12,5 a 13 milhões de pessoas
na região conhecida como Chifre da África, incluindo terras de vários países. A
ONU declarou fome crônica em duas regiões do sul da Somália, e anunciou que,
caso nada seja feito, a situação pode se transformar numa catástrofe humanitária.
Segundo reportagem da revista Exame, de 2 de maio de 2013, um estudo
elaborado por várias agências da ONU, pelas americanas USAID, e FEWS NET a
crise da fome (decorrente da guerra, da estiagem e da ausência de governo central
e suas instituições estruturadas) foram responsáveis pela morte de mais de 250
mil pessoas entre os meses de outubro de 2010 e setembro de 2012, representando
4,6% da população do Sul e do centro da Somália e 10% dos menores de cinco
anos na região.
199
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico vimos que:
200
(escravo), nas minas de cassiterita (estanho), coltan (tântalo), wolframita
(tungstênio) e ouro.
201
AUTOATIVIDADE
DARFUR – SUDÃO
Era noite, tão noite,
Nem uma só luz existia,
As velas acesas não brilhavam,
Lá fora nem luar havia...
Voltou o dia!
Fez-se noite!
Viram-se de novo as estrelas!
Que é do teu povo, Sudão (interrogação).
Disponível em: <http://poemasdeamoredor.blogs.sapo.pt/91899.html>. Acesso em: 11 jul. 2015.
202
a) Explique o conflito que envolve a área mencionada do poema.
b) “Metia medo!” é o primeiro verso da segunda estrofe. O que metia medo
(interrogação).
c) O eu lírico (quem narra o poema) retrata nos versos o sofrimento do povo
sudanês diante do inimigo. Retire do poema versos que comprovam as
atrocidades inimigas para com o povo sudanês.
d) Conflitos internos no Sudão provocaram a criação de um novo país na
África. Identifique-o e descreva-o.
203
204
UNIDADE 2 TÓPICO 5
1 INTRODUÇÃO
Localizada no leste do continente asiático, a China, com 9,6 milhões de
quilômetros quadrados, é o terceiro maior país em extensão, e o mais populoso
com 1,4 bilhão de habitantes. A China tem se destacado no cenário mundial pelo
crescimento de seu Produto Interno Bruto – PIB em torno de 10% ao ano entre
2001 e 2008, o que tem influenciado o processo de globalização, principalmente
nos aspectos econômicos, comerciais e financeiros. Após um conjunto de ajustes
internos, a China passou a integrar a Organização do Comércio Mundial – OMC
em 2001, o que foi importante para alavancar suas exportações. A China integra
o bloco econômico da Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico – APEC, e é
a maior economia dos BRICS, é também membro permanente do Conselho de
Segurança da ONU. O estudo sobre a China, neste Caderno de Estudos, tem como
objetivo a compreensão da inserção do país na economia mundial como grande
exportador de produtos industrializados e as implicações deste fenômeno.
Segundo Oliveira (2012), nesse contexto, uma ideia que é preciso descartar
é a de que a China busque assumir a hegemonia mundial, por não dispor de
meios necessários para aventuras militares. Ao contrário dos lugares comuns que
retratam a China apenas como poluidora, é possível construir novos conceitos
onde aparece como economia dinâmica, como liderança regional, com gestão
e governança interna de valorização de áreas tradicionais na direção oeste e
interior de seu imenso território. O terreno da convergência de chineses e norte-
205
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
E
IMPORTANT
206
TÓPICO 5 | ASPECTOS DO ORIENTE ASIÁTICO
207
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
208
TÓPICO 5 | ASPECTOS DO ORIENTE ASIÁTICO
209
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
NOTA
210
TÓPICO 5 | ASPECTOS DO ORIENTE ASIÁTICO
ATENCAO
211
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
212
TÓPICO 5 | ASPECTOS DO ORIENTE ASIÁTICO
214
TÓPICO 5 | ASPECTOS DO ORIENTE ASIÁTICO
215
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
216
TÓPICO 5 | ASPECTOS DO ORIENTE ASIÁTICO
BELARUS
RÚSSIA
UCRÂNIA
ROMÊNIA
CRIMEIA
FONTE: Uniasselvi.
217
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
E
IMPORTANT
218
TÓPICO 5 | ASPECTOS DO ORIENTE ASIÁTICO
219
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
4 OS TIGRES ASIÁTICOS
4.1 SINGAPURA
Singapura foi uma colônia Britânica até 1959, fez parte da Federação
Malaia até 1965, quando se tornou independente. Localizada entre os oceanos
Índico e Pacífico, no estreito de Málaca, ocupa uma posição estratégica, por se
situar na rota de navios petroleiros que abastecem os países do extremo oriente.
Singapura é um dos mais movimentados portos do mundo, e é formada por
apenas uma cidade Estado, tendo 100% da população urbana.
221
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
4.4 TAIWAN
Localizada na ilha de Formosa, com a situação política indefinida, desde
1949, com a proclamação da China Comunista, Taiwan, também chamada de
China Nacionalista (capitalista) foi considerada província rebelde por muito
tempo pela China. Politicamente foi governada de forma totalitária pelo partido
Nacionalista, Taiwan passou por um processo de democratização, na década de
1990, realizou as primeiras eleições presidenciais diretas, elegendo representantes
do outro partido político. Atualmente, de acordo com a posição dos governantes,
Taiwan é um Estado independente e soberano.
222
TÓPICO 5 | ASPECTOS DO ORIENTE ASIÁTICO
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UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
7 ÍNDIA
Localizada ao sul da Cordilheira do Himalaia, na península do Decã,
a Índia possui aproximadamente uma área de 3,3 milhões de quilômetros
quadrados, e uma população absoluta de 1,2 bilhão de habitantes. (É o terceiro
maior país da Ásia, possui a segunda maior população do mundo). Seu ritmo de
crescimento demográfico gira em torno de 1,3% a 1,6% ao ano, continua fazendo
sua população crescer, tendendo a ultrapassar a população chinesa em 20 anos. É
um país de contrastes extremos.
224
TÓPICO 5 | ASPECTOS DO ORIENTE ASIÁTICO
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UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
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TÓPICO 5 | ASPECTOS DO ORIENTE ASIÁTICO
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UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
228
TÓPICO 5 | ASPECTOS DO ORIENTE ASIÁTICO
NOTA
229
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
Entre estes países de saída, Filipinas destaca-se por adotar uma política
interna que incentiva a saída de trabalhadores, tornando-se grande exportadora
de mão de obra. Os filipinos partem para Arábia Saudita, Japão, Malásia,
Hong Kong, onde trabalham na construção. As migrações no sul e sudeste
asiático são motivadas por fatores de atração em países em desenvolvimento e
industrialização, como Malásia, Coreia do Sul e Tailândia, Singapura, Brunei,
Japão, Taiwan e Hong Kong. Estas migrações favorecem as remessas de dinheiro
para o país de origem.
230
TÓPICO 5 | ASPECTOS DO ORIENTE ASIÁTICO
A viagem de muitos dos rohingyas e bengaleses A viagem da maioria dos migrantes que querem
é em embarcações não adequadas para longas chegar à Europa atravessa o Mediterrâneo em
viagens operadas por traficantes humanos, embarcações improvisadas, partindo da Líbia
passando pelo mar de Andaman em direção à ou Turquia e desembarcando na Itália, Grécia
Tailândia, Malásia e Indonésia. e Malta. Também eles são canalizados por
traficantes de pessoas. Muitos também viajam
por terra, passando pela Turquia e chegando à
Bulgária ou Grécia.
231
UNIDADE 2 | A ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS SOB O PONTO DE VISTA ECONÔMICO, SUAS CONTRADIÇÕES
E DINÂMICAS
Os governos dos países do sudeste asiático em Após uma semana na qual se temeu que
uma reunião de emergência na quarta-feira quase mil migrantes tivessem morrido
debateram que Malásia e Indonésia concordaram afogados, líderes da UE convocaram uma
em "oferecer alguma acolhida temporária, desde cúpula de emergência em 23 de abril. Eles se
que o processo de assentamento e repatriação comprometeram a destinar embarcações, aviões
seja feito em um ano pela comunidade e outros equipamentos para a operação Triton,
internacional". A Tailândia disse que já está de modo provisório. A Comissão Executiva da
sobrecarregada de refugiados de Mianmar, mas UE lançou uma agenda de mais longo prazo
concordou em oferecer assistência humanitária. para a migração e na próxima semana vai propor
um mecanismo emergencial temporário para
redistribuir pessoas aceitas como candidatas a
asilo. Os planos para um sistema de cotas não
são bem-vistos.
232
TÓPICO 5 | ASPECTOS DO ORIENTE ASIÁTICO
233
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico vimos que:
• A China possui uma historicidade de mais de quatro mil anos, fato que não
impediu sua subjugação pelo império britânico do século XVIII ao início do XX.
Condições internas peculiares contribuíram para organização da resistência e
por ocasião da Segunda Guerra Mundial e invasão japonesa, forças internas se
uniram para expulsar os japoneses. Após a Segunda Guerra Mundial, conflitos
locais isolados e lutas internas entre os grandes grupos políticos continuaram
a ocorrer até 1949.
234
• Em 1976 Deng Xioping assumiu o governo, implementando uma série de
reformas econômicas liberalizantes e concessões ao capitalismo (permitiu-se
entradas de capitais e investimentos de indústrias estrangeiras), as reformas
foram chamadas de modernizações. A combinação de fatores internos
(disciplina, mão de obra excedente, infraestruturas e políticas de abertura,
dentre outras) e fatores e interesses externos (globalização e mundialização
capitalista) foram e ainda são o motivo do sucesso da competividade chinesa
no mercado externo. No entanto, nem sempre é dada a devida atenção para
a questão política, para a falta de liberdade da população chinesa, bem como
questões sociais, como a ausência de um sistema de seguridade social, assim
como de legislação ambiental e trabalhista mais consistente.
235
• A ASEAN – Associação de Nações do Sudeste Asiático está em ascensão,
por ser uma associação de países em nível regional, com objetivos modestos,
como fomentar a paz, incentivar o crescimento econômico e contribuir para a
estabilidade regional.
236
AUTOATIVIDADE
1 (ENEM, 2011) “Os chineses não atrelam nenhuma condição para efetuar
investimentos nos países africanos. Outro ponto interessante é a venda
e compra de grandes somas de áreas, posteriormente cercadas. Por se
tratar de países instáveis e com governos ainda não consolidados, teme-
se que algumas nações da África tornem-se literalmente protetorados”.
(BRANCOLI, F. China e os novos investimentos na África: neocolonialismo
ou mudanças na arquitetura global? Disponível em: <http://opiniaoenoticia.
com.br>. Acesso em: 29 abr. 2010).
237
A mobilidade populacional da segunda metade do Século XX teve um papel
importante na formação social e econômica de diversos estados nacionais.
Assinale a afirmativa que contém corretamente uma razão para os movimentos
migratórios nas últimas décadas e políticas migratórias atuais dos países
desenvolvidos.
238
UNIDADE 3
MULTICULTURALISMO,
RELIGIOSIDADE,
FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:
239
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No desenvolvimento de cada um deles, você
vai encontrar sugestões para complementar sua leitura e atividades de aprofundamento e
de discussão que o(a) ajudarão a aprender ativamente.
240
UNIDADE 3
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
O conflito ao longo das linhas de separação entre as civilizações
ocidental e islâmica tem prosseguido há 1.300 anos. Entre os séculos XI
e XII, os cruzados tentaram, com um sucesso temporário, trazer de volta o
cristianismo e a lei cristã à Terra Santa. Entre os séculos XIV e XVII, os Turcos
Otomanos inverteram a relação de forças, estenderam o seu domínio sobre o
Médio Oriente e os Balcãs, conquistaram Constantinopla e, por duas vezes,
cercaram Viena. No século XIX e em princípios do século XX, enquanto o
poder otomano declinava, a Grã-Bretanha, a França e a Itália estabeleceram o
controle ocidental sobre a maior parte do Norte da África e o Médio Oriente.
2 TERRORISMO
O terrorismo, na maioria das vezes, envolve violência física ou psicológica
contra alvos não combatentes, selecionados ou aleatórios. É uma forma
instrumental de impor o medo sobre um povo, um governo ou um Estado.
242
TÓPICO 1 | CONFLITO OCIDENTE X GRUPOS RADICAIS DO ISLAMISMO
Japão
Ensino da Verdade
Suprema
Exercito Vermelho
Japonês
Itália Camboja
Brigadas Khmer Vermelho
Vermelhas
Filipinas
Abu Sayyaf
Colômbia
Frente Moro de
Exército de Liberação Libertação Nacional
Nacional (ELN)
Autodefesas Unidas
da Colômbia (AUC) Sri Lanka
Forças Armadas Argélia Tigres da
Revolucionárias da Libertação do
Grupo Lelam Tâmil
Colômbia (Farc) Armado
Islâmico
(GIA) Irã
Peru Mujahedin Khalq
Sendero Luminoso
Movimento
Egito Palestinos
Revolucionário Al-Gama'a África do Sul Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP)
Tupac Amaru al-Islamiyya Israel Hamas
Grupo Pagad contra
Grupo Jihad Kach Jihad Islâmica
Gangsterismo e
Kahane Chai Frente Popular para Liberação da Palestina (FPLP)
Drogas
244
TÓPICO 1 | CONFLITO OCIDENTE X GRUPOS RADICAIS DO ISLAMISMO
245
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
246
TÓPICO 1 | CONFLITO OCIDENTE X GRUPOS RADICAIS DO ISLAMISMO
NOTA
247
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
A Guerra dos Seis Dias aconteceu em 1967, na qual Israel em guerra contra
o Egito ocupa a península do Sinai, a Cisjordânia que estava em poder da Jordânia,
a Faixa de Gaza e o sul da Síria. Em desacordo com as resoluções da ONU para
que os refugiados pudessem retornar a seus antigos lares, Israel não permite a
volta dos palestinos aos territórios que ocupou. Outra guerra eclode em 1973, a
chamada Guerra do Yom Kippur, ou Dia do Perdão, para os judeus, atacando a
área sul da Síria, onde se encontravam campos de refugiados palestinos. Mesmo
com o fim da guerra e os acordos de paz assinados no ano seguinte, Israel não
recuou na ocupação dos territórios.
248
TÓPICO 1 | CONFLITO OCIDENTE X GRUPOS RADICAIS DO ISLAMISMO
249
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
eo n
rrâ
ite
ed
M
ar
Cisjordânia
M
JO
RD
ÂN
Jerusalém
IA
Faixa de
Gaza
Muro de Israel
Território de Israel
Território da Palestina
250
TÓPICO 1 | CONFLITO OCIDENTE X GRUPOS RADICAIS DO ISLAMISMO
A Síria é o único país que não assinou nenhum acordo de paz com Israel,
pois não obteve negociação quanto às colinas de Golan, território ocupado
em 1967. Através das colinas é possível controlar umas das principais fontes
de abastecimento de água de Israel: o Rio Jordão, e correntes que descem do
Monte Hermon e das próprias colinas. Outro importante motivo é que as colinas
permitem ter controle visual do Vale de Huleh, uma das mais ricas áreas agrícolas
de Israel.
251
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
DICAS
Dicas de Leitura
1. O Atlas do Oriente Médio. São Paulo: Publifolha, 2008. O Atlas analisa a questão do
petróleo e da água, das diferenças étnicas e religiosa, de Irã e Iraque, Israel e Palestina, dos
curdos, entre outras questões, permite compreender porque o Oriente Médio, região de
confronto e instabilidade, tornou-se centro da política internacional.
2. Atlas dos conflitos mundiais. Dan Smith. São Paulo: IBEP/Nacional, 2007. Aborda os
problemas da guerra e dos acordos de paz no século XXI: as causas, as consequências e as
tendências dos conflitos em cada continente.
3. Oriente Médio e a Questão Palestina, Nelson Bacic e Beatriz Canepa: São Paulo: Moderna,
2006. O livro traça um panorama da geopolítica do Oriente Médio, uma das regiões mais
conturbadas do planeta, cujos conflitos parecem estar longe de uma solução pacífica.
4. 11 de setembro de 2001: a queda das Torres Gêmeas de Nova York. José Carlos S. B.
Meihy. São Paulo: IBEP/Nacional, 2005. (Serie Lazulli – Rapturas). O livro aborda o dramático
episódio que foi a queda das Torres Gêmeas, inserido num quadro complexo que merece
ser examinado para atualizar o debate sobre o futuro da sociedade.
252
TÓPICO 1 | CONFLITO OCIDENTE X GRUPOS RADICAIS DO ISLAMISMO
LEITURA COMPLEMENTAR
Israel é o lugar onde nasceu o povo judeu. Onde esse povo formou seu
caráter espiritual, religioso e nacional. É o lugar onde os judeus alcançaram sua
independência e criaram uma cultura que se tornou universal. Exilados da Terra
Santa, os judeus permaneceram fiéis ao seu lugar de origem, durante toda a Diáspora,
e nunca deixaram de querer o retorno à terra natal. A catástrofe nacional que se
abateu sobre esse povo sem pátria com o massacre de 6 milhões de judeus, deixou
evidente a necessidade de encontrar uma solução e de estabelecer um Estado judeu.
Por esse motivo, desde o início, nossa revolução não está fundamentada
em fatores raciais nem religiosos. Jamais nos opusemos ao homem judeu pelo
fato de ele ser judeu, nos colocamos, sim, contra o sionismo racista e como reação
a mais flagrante das agressões. Nós estabelecemos uma distinção entre sionismo
e judaísmo. Opomo-nos ao sionismo colonialista, mas respeitamos a fé judia.
253
RESUMO DO TÓPICO 1
• O conflito entre Israel e a Palestina perpassa durante séculos e este conflito, que
atualmente envolve contingente internacional, massacrou milhões de pessoas
em nome de um desacordo territorial e religioso.
254
AUTOATIVIDADE
1 - Monte do Templo
Cidade Antiga 2 - Igreja do Santo Sepulcro
Jerusalém 3 - Muro das Lamentações
Escala
0 200m
255
256
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
A extensão dos territórios estatais e os seus limites são produtos
das diferentes formas de relações entre as sociedades. Os limites podem ser
construídos pela natureza ou não. Esses limites foram estabelecidos após séculos
de um passado em que houve guerras, acordos, conquistas e tratados. Por isso, os
limites e as fronteiras entre os países terem mudado radicalmente com o passar
do tempo e a história dos povos.
257
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
2 ESPAÇOS GEOPOLÍTICOS
A geopolítica busca entender as relações recíprocas entre o poder político
e o espaço geográfico. A geopolítica procura responder à questão de até que ponto
a ação dos estados nacionais é ou não determinada pela situação geográfica.
Deste modo, a geopolítica tem por finalidade orientar a atuação dos governos
no cenário mundial e permitir a análise mais precisa das relações internacionais.
258
TÓPICO 2 | A MILITARIZAÇÃO DE ESPAÇOS GEOPOLÍTICOS E ESTRATÉGICOS
259
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
260
TÓPICO 2 | A MILITARIZAÇÃO DE ESPAÇOS GEOPOLÍTICOS E ESTRATÉGICOS
3 ESPAÇOS ESTRATÉGICOS
Para Vesentini (2008) a Geoestratégia é uma dimensão espacial da
estratégia. Isto soa como uma redefinição da “arte da guerra”, onde uma tropa
estaciona, para onde ela se desloca. A geoestratégia tem o critério de considerar
que tem a ver com os problemas estratégicos, as situações de conflito com o
emprego de meios de coação no âmbito da Geopolítica. Entendendo-a como
uma espécie de setor da geopolítica, com a qual o relacionamento de certa forma
reproduziria o que existe entre Política e Estratégia. Portanto, consideramos
que, geoestratégia são as relações entre os problemas estratégicos e os fatores
geográficos à escala regional ou mundial, procurando deduzir a influência dos
fatos geopolíticos, econômicos, demográficos e sociais nas situações estratégicas e
nos respectivos objetivos. Constitui uma forma específica de interpretar a política
e analisar os conflitos.
261
RESUMO DO TÓPICO 2
• Até que ponto a ação dos estados nacionais é ou não determinada pela situação
geográfica. Assim, os espaços têm por finalidade orientar a atuação dos
governos no cenário mundial e permitir a análise mais precisa das relações
internacionais.
262
AUTOATIVIDADE
263
Aplicando essas considerações de Lacoste aos recentes conflitos que têm
ocorrido em diversos continentes, classifique as alternativas em verdadeiras
(V) ou falsas (F):
264
UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Para se compreender como as Forças Armadas Revolucionárias da
Colômbia (FARC) surgiram e se fundamentaram ao longo do tempo é necessário
entender o Estado colombiano e a conjuntura internacional presente no contexto
regional da segunda metade do século XX. Os primórdios do surgimento das
FARC têm sua origem procedente do combate e ataques constantes por parte
do governo colombiano contra grupos e cooperativas de agricultores que se
mobilizavam a favor de melhorias de condições de vida, inspirados e pautados
sob ideais socialistas. Tais ataques ocorriam com o objetivo de se impedir a
organização de movimentos comunistas e revolucionários que contestasse ou
pusesse em risco a estrutura do Estado colombiano (PARDO, 2000).
265
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
266
TÓPICO 3 | FORÇAS REVOLUCIONÁRIAS DA COLÔMBIA
Ceará (2009) destaca que outro ponto que fortaleceu as FARC, neste processo
de expansão, é o seu envolvimento com o tráfico de drogas que gradativamente
passou a fortalecer a economia dos guerrilheiros e facilitou a aquisição de armas
leves para o combate. No sul do país, nos Departamentos de Guaviare, Caquetá e
Putumayo houve um grande crescimento na produção de coca na década de 80, áreas
estas controladas pelos guerrilheiros. Este incremento nas produções é em grande
parte resultado do combate estadunidense às plantações de coca na Bolívia e Peru,
o que os especialistas consideram de “efeito balão”, que consiste em, apertando o
cerco de um lado pode-se até obter alguma diminuição, porém, o balão, a plantação,
se expande em outra frente, agora em território colombiano, estabelecendo novas
fronteiras agrícolas. A imagem a seguir mostra o exército das FARC.
267
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
268
TÓPICO 3 | FORÇAS REVOLUCIONÁRIAS DA COLÔMBIA
269
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
270
TÓPICO 3 | FORÇAS REVOLUCIONÁRIAS DA COLÔMBIA
Até fins de 2006, a força pública estava presente nos 1.098 municípios do
país. O presidente Uribe gradativamente passou a obter, ao longo dos últimos
anos, vitórias expressivas, o que vem propiciando ao seu governo um alto grau de
aceitação por parte dos colombianos. No entanto, após a vitória de Barack Obama
e de uma maioria democrata no parlamento norte-americano que são contra a
escalada militar do ex-presidente W. Bush, o governo colombiano viu ameaçada
a continuidade do apoio financeiro estadunidense que patrocina a sua política
militarista e que fere os direitos humanos. Diante das pressões internacionais, o
atual governo se encontra numa grande encruzilhada: sentar para negociar com a
guerrilha, numa mesa de diálogo entre interlocutores, o que conferiria às Farc um
caráter beligerante, indo desta forma contra a classificação norte-americana de
grupo terrorista; ou, continuar com a opção militarista, colocando em risco a vida
dos reféns que estão em mãos dos guerrilheiros e podendo aprofundar ainda mais
o abismo social pelo qual passa toda a população colombiana (CEARÁ, 2009).
DICAS
271
RESUMO DO TÓPICO 3
272
AUTOATIVIDADE
273
274
UNIDADE 3
TÓPICO 4
1 INTRODUÇÃO
Quando as pessoas procuram outro lugar para viver que não seja
aquele onde nasceram, elas o fazem por vários motivos. Quando as razões
são econômicas as pessoas buscam melhores condições de vida, por isso as
migrações ocorrem dos países pobres para os países ricos. Quando as razões
são políticas e religiosas, as pessoas vão para outros países, fugindo de
perseguições de ordem religiosa, política ou porque seu país de origem está
em guerra. Na globalização do mundo podemos considerar migrações por
motivos econômicos, políticos ou/e religiosos.
275
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
276
TÓPICO 4 |O SIGNIFICADO DA FRONTEIRA ENTRE O MÉXICO E OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA PARA AS MIGRAÇÕES
INTERNACIONAIS
277
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
Para Assis (2008) “Passar pelo México” é a única alternativa que resta
àqueles que não conseguem o visto de turista para entrar nos Estados Unidos e,
por isso, recorrem à estratégia de atravessar a fronteira pagando a um “coiote”.
Os “coiotes” são, em geral, mexicanos que cobram muito caro para atravessar
imigrantes clandestinamente do México para os Estados Unidos através da
fronteira, num tráfico de migrantes que tem crescido à medida que crescem as
medidas restritivas à migração.
278
TÓPICO 4 |O SIGNIFICADO DA FRONTEIRA ENTRE O MÉXICO E OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA PARA AS MIGRAÇÕES
INTERNACIONAIS
279
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
280
TÓPICO 4 |O SIGNIFICADO DA FRONTEIRA ENTRE O MÉXICO E OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA PARA AS MIGRAÇÕES
INTERNACIONAIS
EUA
OUTROS
CAN
FRA
NOR
CHE
ITA
GRC
DEU UK
SWE
281
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
282
RESUMO DO TÓPICO 4
283
AUTOATIVIDADE
284
3 (Mack-2001) Geograficamente, não é difícil entender as estratégias adotadas
pela máfia albanesa e a escolha da Itália como meta principal do tráfico de
seres humanos.
285
0º
LEGENDA
286
UNIDADE 3
TÓPICO 5
1 INTRODUÇÃO
As guerras entre os Estados-Nações, guerras civis são as lutas internas
entre facções de um país. As ocupações de território à força e os movimentos
separatistas dentro dos Estados-Nações ocorrem em todos os continentes, exceto
na Oceania.
287
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
2 O ESTADO ISLÂMICO
O Estado Islâmico é uma organização política que professa o islamismo
sunita. Os sunitas acreditam que Maomé não deixou herdeiros legítimos e que
seu sucessor deveria ser eleito com uma votação entre as pessoas da comunidade
islâmica. A maioria dos muçulmanos é sunita, formam o lado mais radical do
islã. A organização islâmica foi fundada na Jordânia, em 1999, com o nome de
Jama'at al-Tawhid wal-Jihad que significa o Grupo de Monoteísmo e Jihad, por
Abu Musab al-Zarqawi. Apesar de fundado na Jordânia, o grupo desenvolveu-se
no Iraque, na resistência à invasão dos Estados Unidos e aliados.
Em 2004, o grupo ligou-se a Osama Bin Laden e mudou de nome para Al-
Qaeda, tornando-se uma das principais forças da resistência. Os seus objetivos
eram forçar a retirada das tropas ocupantes, derrubar o governo títere iraquiano,
assassinar os colaboracionistas, derrotar as milícias xiitas e estabelecer um Estado
puramente islâmico. Com a morte de al-Zarqawi, em 2006, o grupo juntou-se a
outras organizações sunitas e formou o Estado Islâmico do Iraque. Mas a sua
influência diminuiu diante da criação dos conselhos de líderes tribais sunitas
Sahwa (Despertar), que rejeitavam as suas táticas ultraviolentas.
288
TÓPICO 5 | CONFLITOS ARMADOS, TERRORISMO E FUNDAMENTALISMO
289
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
Mesmo sem uma aliança formal, os Estados Unidos e o Irã estão lado a
lado contra o inimigo comum, o Estado Islâmico, os EUA estão a bombardear
o Estado Islâmico, para satisfação de Bashar Al-Assad, inimigo declarado de
Washington.
3 A NIGÉRIA
A Nigéria tem a maior população de todos os países na África,
aproximadamente 140 milhões, e a maior diversidade cultural, modos de
viver, cidades e terrenos. Com uma superfície total de 923.768 km². A Nigéria
é o 14º país com maior superfície na África. Seu litoral, no Golfo de Guiné,
cobre 774 km (480 milhas). A Nigéria divide a sua fronteira internacional, de
4.470 km, com quatro vizinhos: Chade, Camarões, Benin e Níger. Até 1989, a
Capital da Nigéria era Lagos, que tem uma população de cerca de 2.500.000,
mas o governo se mudou para a nova Capital Abuja em 1991.
290
TÓPICO 5 | CONFLITOS ARMADOS, TERRORISMO E FUNDAMENTALISMO
Ainda de acordo com Paladini (2014), a Nigéria pode ser dividida em duas
regiões, o Norte de maioria islâmica que domina a política, e o Sul de maioria cristã
que domina a economia. Os problemas, portanto, são divididos entre políticos e
econômicos, étnico e religioso. Um importante fato econômico da Nigéria é a sua
produção de petróleo, que em 2010 foi classificada como a 10ª maior produtora
do mundo, com grandes reservas na Região do Delta do Rio Níger, localizada
291
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
4 SÍRIA E IRAQUE
4.1 SÍRIA
292
TÓPICO 5 | CONFLITOS ARMADOS, TERRORISMO E FUNDAMENTALISMO
293
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
294
TÓPICO 5 | CONFLITOS ARMADOS, TERRORISMO E FUNDAMENTALISMO
4.2 IRAQUE
A República do Iraque é um país do Oriente Médio de 434.128 km²,
localizado entre a Arábia Saudita, a Síria e o Irã, com saída para o Golfo Pérsico.
A principal fonte de renda do Iraque são suas grandes reservas de petróleo.
Outras atividades típicas são o cultivo de cereais, tâmara, maçã, figo, uva,
azeitona e laranja, a criação de bovinos, ovinos, caprinos, cavalos e aves e a
produção industrial de metais, tecidos e alimentos. Porém, após a guerra Irã-
Iraque (1980-1988), a Guerra do Golfo (1990-1991), a invasão e a ocupação do país
em 2003 pela aliança militar liderada pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido e
os conflitos que se seguiram, a economia encontra-se praticamente destruída. O
PIB iraquiano é de US$ 82,2 bilhões, a moeda do país é o dinar iraquiano.
295
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
296
TÓPICO 5 | CONFLITOS ARMADOS, TERRORISMO E FUNDAMENTALISMO
297
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
298
TÓPICO 5 | CONFLITOS ARMADOS, TERRORISMO E FUNDAMENTALISMO
299
UNIDADE 3 | MULTICULTURALISMO, RELIGIOSIDADE, FUNDAMENTALISMO E MIGRAÇÕES
300
RESUMO DO TÓPICO 5
301
AUTOATIVIDADE
302
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311
ANOTAÇÕES
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