Você está na página 1de 2

O coneito de incrustação de Granovetter nos remete a ideia de que a trajectória das instituições

de economia de mercado esta incrustada (imbutida) no tecido social e inserida em redes sociais.
Na literatura económica os indivíduos, ora são analisados pela classe social a qual pertencem e
seu segmento no mercado de trabalho, tornando-os comportamentalmente atomizados, em outros
contextos os indivíduos são levados em consideração pela posição formal a qual ocupam na
sociedade. Mas o que é enfatizado nas observações de Granovetter é a visão que se tem do
indivíduo como atomizado, um discurso proeminente no pensamento económico moderno, bem
como, o olhar destes para as relações sociais existentes tratando-as como irrelevantes. Contudo, o
autor apresenta uma análise que diz ser proveitosa para se pensar a acção humana, evitando sua
atomização (abundantemente expressas nas concepções subsocializadas e sobressocializadas). Os
indivíduos não se comportam nem tomam decisões como átomos fora de um contexto social, e
nem adoptam de forma servil um roteiro escrito para eles pela intersecção especifica de
categorias sociais que eles porventura ocupem. Em vez disso, suas tentativas de realizar acções
com propósito estão imersas em sistemas concretos e contínuos de relações sociais. Ao afirmar a
incrustação como um sistema concreto e continuo de relações sociais, o autor tem a proposta de
se afastar da atomização do indivíduo e elaborar teórica e empiricamente uma economia
socialmente construída, utilizando a questão da confiança e da má fé na vida económica e os
problemas de mercados e hierarquias como ilustração para abordagem do conceito de
incrustação.

Granovetter, não deixa explicita sua definição de incrustação, mas pude perceber que para ele
incrustação são as redes de relacionamento nas quais o indivíduo está inserido. Ele deixa ficar
alguns pontos que reforçam a ideia de incrustação. O primeiro é em relação à perspectiva
sobressocializada e subsocializada da acção. As duas dizem respeito à atomização humana,
entretanto a primeira é a visão dos sociólogos, em que a sociedade tem grande peso para o actor,
pois os valores, normas são interiorizados, assim o indivíduo será influenciado por aquilo que
acredita, existindo uma razão social para poder tomar suas decisões. Já a visão subsocializada
é a dos economistas, em que o indivíduo não leva os outros em consideração na sua decisão,
ele só se preocupa consigo mesmo para a tomada de decisão. Com esses dois pontos de vista,
Granovetter deixa ficar uma terceira ideia, entre esses dois pontos, a de que os indivíduoas não
tomam decisões de forma atomizada, os indivíduos estão imersos em uma rede de
relacionamentos, mostrando que a acção económica é influenciada e não auto-regulada como
propõe Adam Smith e os economistas clássico, ou então, que as relações sociais não são externas
ao comportamento dos indivíduos.

Para Granovetter, a má-fé e o oportunismo podem ser evitados através das redes de
relacionamentos, em que o indivíduo realiza transações com aqueles que são de sua confiança e
que possuem informação suficiente para que ocorra a acção. No entanto, as redes sociais, podem
também gerar oportunidades para a má-fé nas seguintes ocasiões: a existência de grande
confiança em uma outra pessoa, ocasionando oportunidades para ganhos por meio da má-fé,
grupos que mantém uma forte confiança interna podem se aproveitar para se utilizarem da má-fé,
mas todos devem manter segredo, se um denunciar o outro, ocorrerá um efeito dominó, e por
último a estruturação da rede social pode levar a uma grande dimensão de má-fé. Assim as redes
geram confiança, mas não garante a má-fé.

A NSE, apesar de estar unificada num projecto comum de crítica à teoria económica neo-
clássica em torno da ideia de mercado e do papel dos seus actores, ela não é necessariamente
um projecto monolítico. Apresenta dentro dela diferentes visões sobre a forma como a
sociologia económica deve discutir o mercado. Granovetter, a partir do conceito incrustação,
enfatiza o papel das redes sociais, do capital social, da confiança e das relações sociais
(interpessoais) na configuração da acção económica e dos resultados económicos. Outros
autores como Pierre Bourdieu e Neil Fligstein, criticaram a perspectiva de Granovetter
colocando ênfase na dimensão política do mercado. Os textos que se aqui se seguem
apresentam os fundamentos desta perspectiva politica dos mercados. O texto principal é o de
Fligstein, mas, ambos são de leitura obrigatória. (Professor Neto)

Você também pode gostar