Você está na página 1de 2

SENSO COMUM

O senso comum pode ser definido como um conhecimento comum a todos, ou


seja, é uma forma de raciocinar, entender e pensar sobre algo na qual pessoas de
determinados grupos fazem da mesma forma. Esse tipo de conhecimento é
adquirido através da observação, das vivências pessoais e coletivas e é
passado de geração em geração.

O senso comum se concretiza através da sabedoria popular, através da repetição


cultural. Por ser baseado no empirismo(conhecimento prático adquirido por
experiência), ele não depende de métodos científicos ou reflexivos, como é o
caso do senso crítico. Por isso, não se pode afirmar que todas as coisas baseadas
no senso comum são verdadeiras ou falsas.

Embora atualmente esteja vulgarizado, o conhecimento popular foi muito


importante na construção das sociedades. Foi por meio do senso comum que
muitas técnicas medicinais conhecidas atualmente foram reproduzidas por anos e
anos. E foi também através dos métodos empíricos que as primeiras técnicas
agrícolas foram desenvolvidas.

O Senso Comum e a filosofia


No contexto filosófico o senso comum sempre esteve presente. Grandes filósofos como Sócrates,
Platão e Aristóteles desenvolveram vários escritos para abordar esse questão. Dentro da filosofia
clássica, o termo “senso comum”faz referência às experiências inerentes à condição humana,
como a dor e o sofrimento. São esses elementos que desenvolvem a capacidade de refletir, de saber
que podem morrer, ficar doente, sofrer por causa de acidentes.

Essas experiências, que fazem os seres humanos compreenderem sua condição de seres finitos e
passíveis a todos os tipos de tragédias, os previne e os orienta, para que não continuem a cometer os
mesmos erros dos tempos passados. Da mesma forma, as experiências ajudam a produzir paciência,
prudência, controle emocional. Esse conjunto pode ser entendido também como o senso comum um
tipo de bagagem adquirida através das vivências pessoais.

Esse conceito teve uma desvalorização durante o período do Renascimento. A partir do século
XVII, com o desenvolvimento da ciência moderna e do pensamento cartesiano, o senso comum, que
não tinha um critério metodológico e nem podia ser explicado cientificamente, passou a perder
espaço para o senso crítico e a ciência. A partir do século XX, ele foi caindo em desuso e acabou
perdendo seu valor e sentido tradicional.

Senso comum x senso crítico


Uma dos aspectos do senso comum é que todas as pessoas são capazes de produzir esse tipo de
conhecimento, o que acaba sendo um grande problema também. Como ele não depende de estudos
ou metodologia, não é possível determinar se aquele aprendizado é verdadeiro. Um dos grandes
problemas que o conhecimento baseado no senso comum pode causar é o preconceito.

Muitas opiniões racistas, machistas, xenofóbicas são pautadas em discursos que foram passados de
geração em geração, e eles têm base na sabedoria popular. Por exemplo, existe um senso comum de
que os asiáticos são dotados de uma inteligência diferente dos demais. Da mesma forma, existe a
ideia de que o homem negro tem uma força maior que a dos demais. Essas narrativas são
fundamentadas no conhecimento empírico e atravessam culturas, formando um estereótipo.

Mas ao mesmo tempo que o senso comum pode ser negativo, também traz benefícios.Antônio
Gramsci, filósofo italiano, acreditava que a troca de experiências e vivências entre as pessoas seria
uma forma de compartilhar novos conhecimentos, além de relacioná-los aos acontecimentos
anteriores.

O argumento de Gramsci foi duramente criticado por outros autores como Auguste Comte. Comte
era um defensor do positivismo e acreditava que a ciência era a melhor fora de se atingir o
conhecimento. Para ele, o ser humano conseguiria evoluir socialmente se deixasse de lado os
conceitos pré-estabelecidos pelo senso comum e os substituísse pelos métodos científicos e pela
racionalidade.

Atualmente, sabemos que a ciência, a pesquisa, o método, a comprovação, são etapas essenciais
para que se possa chegar ao conhecimento verdadeiro, mas o senso comum não deve ser
desprezado, pois ele é fruto da sabedoria popular.

Você também pode gostar