Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A interdisciplinaridade
no ensino de Geografia
Professor Levon Boligian
Coleção
Geografia
Espaço e Vivência
5a a 8a séries e Ensino Médio
Nome_________________________________________
setembro-outubro/2005
Sumário
1. Da fragmentação à interdisciplinaridade
Discussão teórica sobre a inclusão da interdisciplinaridade na sala de aula e no ensino de
Geografia.
- Ciência e fragmentação do conhecimento
- A visão interdisciplinar
- Interdisciplinaridade na ciência geográfica
5. Bibliografia
2
A interdisciplinaridade no ensino de Geografia
A cada dia surgem novas experiências no ensino brasileiro. Cada proposta carrega uma
importância singular, na medida em que se pretende enriquecer a prática pedagógica escolar.
Entre essas propostas, assistimos atualmente a diferentes formas de inserir os trabalhos
interdisciplinares, tanto no ensino, quanto na pesquisa científica. Em meio à busca desse novo
objetivo, porém, são intensas as discussões epistemológicas, pedagógicas e conceituais.
Para poder compreender um pouco melhor as relações existentes entre esses fatos e a
prática da Geografia escolar, é importante observar alguns pontos relevantes voltados à questão
da interdisciplinaridade.
1. Da fragmentação à interdisciplinaridade
Interdisciplinaridade
Ciência e fragmentação Visão interdisciplinar
do conhecimento
Fragmentação, separação da ciência em disciplinas: Atualmente assistimos a uma tentativa de
- o processo de fragmentação é comum a todas as ciências; modificar a visão compartimentada, buscando a
- conhecer para dominar (a fragmentação acompanhou os interesses das compreensão da ciência como um todo, a
classes dominantes); compreensão da complexidade e da interde-
pendência dos fenômenos da natureza e da vida.
- fragmentação do modo de produção = fragmentação do saber;
- facilitação do estudo: à medida que o pensamento evoluiu, tornou-se
necessária a compartimentação, que é uma tentativa de compatibilizar
a vastidão do saber à capacidade de acumulação de conhecimentos É dessa nova busca que surge a
pelo homem; necessidade de criar um novo modo
- estes são pressupostos que têm como base o racionalismo do século de pensar, de organizar e de produzir
XV e o positivismo dos séculos XVIII e XIX. o conhecimento.
3
Interdisciplinaridade na ciência geográfica
“ (...) a Geografia como ciência tem tido uma evolução rápida e bem diversificada no tempo e no
espaço, desde os fins do século passado (XIX), e tem sofrido alterações substanciais na forma de
encarar ou de enfocar o seu método e o seu objeto. Hoje ela não é mais a ciência que estuda e
descreve a superfície da Terra, mas a ciência que tenta explicar o espaço produzido pelo homem,
indicando as causas que deram origem a formas resultantes de relações entre a sociedade e a
natureza. (...) Cabe à Geografia estudar as formas que o espaço apresenta, explicar a origem e a
formação destas formas e indicar as direções que as transformações futuras podem tomar. (...)”
(ANDRADE, 1993, p.20)
4
2. Prática interdisciplinar escolar
Na Geografia existem muitos conceitos importantes que fazem parte das propostas
curriculares oficiais, como lugar, paisagem, território e região. A fim de construir novas dinâmicas
no estudo destes conceitos, é que se propõe o trabalho em conjunto com outras disciplinas
ministradas no Ensino Fundamental. A Geografia, como discutido anteriormente, oportuniza o
trabalho com outras áreas de conhecimento. Desse modo, o professor pode, naturalmente, iniciar
o trabalho interdisciplinar, transpondo conceitos, conteúdos e métodos.
5
3. Os projetos integrados específicos
Os projetos integrados específicos podem caracterizar-se como uma forma de articulação
entre as disciplinas, sem que necessariamente os mesmos conteúdos estejam sendo trabalhados
pelos professores das diferentes áreas. Eles podem caracterizar-se com intervenções
momentâneas do professor “invadindo” conteúdos de outras disciplinas, ou ainda, podem até
mesmo contar com a participação do colega de outra área em seu trabalho.
Livro-texto
Livro-texto
Manual Manual
6
Exemplo 3: Língua, religião e identidade cultural
7a série (Livro texto - p. 37; Orientações ao Professor - p. 20)
Interdisciplinaridade: Geografia e Língua Portuguesa
Livro-texto
Manual
Manual
7
4. Os projetos integrados parciais
Os projetos integrados parciais são aqueles trabalhos a serem realizados entre duas ou
mais disciplinas, respeitando as especificidades de cada uma. No entanto, há uma reestruturação
de conteúdos, em que o planejamento e as discussões entre os ministrantes das disciplinas são
fundamentais para o andamento e a execução do trabalho. Os trabalhos podem ser desenvolvidos
com a utilização de temas de ensino e pesquisa em comum. Essa prática oportuniza cada vez
mais a produção interdisciplinar e contribui no processo ensino-aprendizagem, com boas
perspectivas e experiências muito elogiadas tanto pelos professores quanto pelos alunos.
Manual Manual
8
Caderno de Projetos e Temas Especiais
9
Exemplo 3: Minicenso de escola
6a série (Caderno - p. 181 a 187)
Interdisciplinaridade: Geografia e Matemática
10
Exemplo 4: Arte e paisagem
5a série (Caderno - p. 175 a 179)
Interdisciplinaridade: Geografia, Arte e História
12
A produção do Videoclipe fez parte de um projeto interdisciplinar realizado no Colégio
Marista de Maceió, pelas disciplinas de História, Geografia, Artes e Inglês. Seu conteúdo
está publicado no site http://www.marista-mcz.com.br/webquests/wq-lendas-mitos, com o
título Um Mergulho ao Fantástico Mundo das Lendas e Mitos.
Veja, abaixo, a página inicial do site e o relato da professora de Geografia.
Relato de Experiência
Professora Fernanda Lima - Geografia das 7a. séries
O trabalho interdisciplinar “Um Mergulho ao Fantástico Mundo das Lendas e Mitos” foi mais um desafio para
o uso da ferramenta multimídia com o WebQuest.
O webquest foi um importante aliado para a realização deste trabalho que envolveu as áreas de humanas como:
história, geografia, artes e inglês; com o objetivo de resgatar o folclore na figura das lendas e mitos além conhecer
as raízes culturais e artísticas da sabedoria popular brasileira e norte-americana.
Cada disciplina ficou incumbida de planejar e executar uma tarefa. História e inglês ficaram responsáveis pelo
conhecimento em si das lendas brasileiras e norte americanas, jogos lúdicos; artes na confecção de desenhos
referente as lendas escolhidas em história ou inglês. Geografia para elaboração da paródia referente a lenda sele-
cionada em história ou inglês e montagem de um vídeo clip que culminaria em uma socialização dos trabalhos.
Especificando o trabalho de geografia a montagem de um vídeo clip veio depois de uma palestra com o
Prof. Levon Boligian. A idéia para elaboração do vídeo clip foi exposta em reuniões e aceita pelo grupo de edu-
cadores das disciplinas mencionadas acima. Agora viria a parte mais difícil a aceitação por parte dos educandos.
Estes receberam como um grande desafio, alguns a princípio ficaram assustados, mas gostaram da inovação apesar
da resistência de um pequeno grupo.
Essa pesquisa teve a duração de um semestre. A utilização do WebQuest se verificou da seguinte forma: para
a elaboração da paródia era necessário desempenhar as tarefas de história ou inglês; já os desenhos de artes ou
coleta de fotos na Internet teriam de ser relacionada com a lenda escolhida.
Em toda a pesquisa o WebQuest mostra-se flexível, a partir do momento que foi determinado um período para
realização das tarefas. Foi percebido uma dificuldade em elaborar algumas tarefas. Mediante essa situação foi
dado um novo prazo para a conclusão dos trabalhos. Uma vez detectada as dificuldades os problemas soluciona-
dos a pesquisa foi finalmente concluída. De uma forma divertida mas investigativa houve um envolvimento dos
alunos que demonstraram ser criativos e críticos. Ao mesmo tempo possibilitou uma troca de conhecimento entre
o educando e educador na busca do construção do saber face a nova ferramenta da multimídia a Webquest.
http://www.marista-mcz.com.br/webquests/wq-lendas-mitos/autora.htm
13
5. Bibliografia
ANDRADE, Manuel Correia de. Caminhos e descaminhos da geografia – Campinas, SP:
Papirus, 1993
ARLINDO JR., Philippi e outros. A Interdisciplinaridade na formulação e desenvolvimento
de Projetos em ciências e tecnologia – Brasília: MCT/PADCT/CIAMB, 2000. In: Workshop sobre
Interdisciplinaridade: Ciências Ambientais (São José dos Campos, dez/1999).
BIANCHETTI, Lucídio; JANTSCH, Ari Paulo. Interdisciplinaridade e práxis pedagógica
emancipadora. In: II Seminário Internacional Educação Intercultural, Gênero e Movimentos Sociais.
(www.rizoma.ufsc.br/semint/semint.htm)
BOLIGIAN, Levon; BOLIGIAN, Andressa T. Alves; ALMEIDA, Rosangela Doin de. Os mapas
históricos e a construção do conceito de território-nação em escolares do Ensino Fundamental.
In: I Simpósio Ibero Americano de Cartografia para Criança. Rio de Janeiro, 2002. (Caderno de
Resumos)
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Em direção ao mundo da vida: Interdisciplinaridade e
educação ambiental. Brasília, IPÊ – Instituto de pesquisas Ecológicas, 1998.
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes (org). Práticas interdisciplinares na escola. São Paulo,
Cortez, 2001.
GAMA, Ângela Maria Resende Couto. Interdisciplinaridade emergente: por que só agora?
In: Geosul, v. 1, n.29, p.07-43. Florianópolis, UFSC, jan/jun, 2000.
JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro, Imago, 1976.
MADRUGA, Ana. Bases para o estudo do “determinismo geográfico” e da “geografia
quantitativa” – o positivismo e a teoria de sistemas. In: Geosul, v.13, n. 25, p.88-101. Florianópolis,
UFSC, jan/jun, 1998.
MALHEIROS, Yara. Professores que se completam. In: Nova Escola, n. 92. São Paulo,
Abril, Abril/1996.
MARTINS, Jorge Santos. O trabalho com projetos de pesquisa: Do ensino fundamental ao
ensino médio. Campinas, SP : Papirus, 2001.
PONTUSCHKA, Nídia N. Interdisciplinaridade: aproximações e fazeres. In: Terra Livre, n.14.
São Paulo, julho/1999.
PONTUSCHKA, Nídia N. Fundamentos para um projeto interdisciplinar: supletivo
profissionalizante. In: PONTUSCHKA, Nídia N.; OLIVEIRA, Ariovaldo U. de. Geografia em
Perspectiva. São Paulo, Contexto, 2002.
14