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Geografia Econômica

Prof. Talita Cristina Zechner Lenz

2018
Copyright © UNIASSELVI 2018

Elaboração:
Prof. Talita Cristina Zechner Lenz

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

L575g

Lenz, Talita Cristina Zechner

Geografia econômica. / Talita Cristina Zechner Lenz. – Indaial:


UNIASSELVI, 2018.

202 p.; il.


ISBN 978-85-515-0226-6

1.Geografia econômica. – Brasil. 2.Brasil – Condições econômicas.


– Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 330.981

Impresso por:
Apresentação
Olá, acadêmico! Seja bem-vindo à disciplina de Geografia Econômica.
Esta disciplina procura analisar como estão distribuídas e localizadas as
atividades econômicas ao longo do globo e quais são as causas e condições
que nos ajudam a compreender quais os fatores econômicos, sociais, culturais
e ambientais interferem nos padrões de distribuição. Trata-se de uma
disciplina abrangente, que envolve tanto conteúdos teóricos e conceituais,
bem como contempla elementos de natureza empírica.

A primeira unidade do livro didático introduz as bases conceituais que


norteiam a disciplina de geografia econômica. Inicia-se o estudo da disciplina
com a exposição da retrospectiva história da geografia econômica, que
remonta ao século XVI, quando o conhecimento mais abrangente da geografia
foi se aprimorando ao longo dos anos devido ao desenvolvimento de mapas e
diários de viagem que tinham várias descrições dos povos nativos, do clima,
da paisagem e dos níveis de produtividade de vários locais. Na sequência
será tratado e explicado quais campos do conhecimento estão atrelados à
geografia econômica na atualidade. Outro assunto relevante da unidade é a
explicação sobre as principais teorias de localização, consideradas basilares
no estudo da geografia econômica. Serão estudadas ainda as diferenças entre
crescimento econômico e desenvolvimento. Além disso, aborda-se a questão
do desenvolvimento regional sob o prisma econômico.

Na segunda unidade são trabalhados os conceitos de sistemas


econômicos apresentando os elementos que o caracterizam. Avançando,
discute-se a temática dos blocos econômicos e das diferentes formas de
regionalismos e de acordos regionais, que são estabelecidos entre os países.
São analisadas a natureza e a intensidade das relações que se firmam entre
os membros envolvidos. Ademais, a segunda unidade versa ainda sobre
globalização e alguns dos seus impactos na divisão territorial do trabalho.

A terceira unidade do livro de estudos trata do panorama da geografia


econômica no Brasil. Neste sentido, o primeiro tema trabalhado são os
marcos históricos relacionados à formação econômica do Brasil. Em seguida,
discorre-se sobre a produção agropecuária no Brasil. Por fim, apresentam-se
alguns aspectos relevantes da produção industrial no Brasil na atualidade.

Aproveite o seu livro didático e bons estudos!

Profª Talita Cristina Zechner Lenz

III
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto


para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA....................... 1

TÓPICO 1 – O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?....................................................................... 3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 BREVE HISTÓRICO............................................................................................................................. 3
3 DISCUSSÕES CONCEITUAIS........................................................................................................... 4
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 17
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 18

TÓPICO 2 – A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO.................. 19


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 19
2 UM OLHAR SOBRE AS PRINCIPAIS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO.................................... 19
2.1 JOHANN H. VON THUNEN E O ESTADO ISOLADO (1826)................................................. 20
2.2 ALFRED WEBER – TEORIA DA LOCALIZAÇÃO DAS INDÚSTRIAS (1909)...................... 22
2.3 AUGUST LÖSCH – A ECONOMIA DA LOCALIZAÇÃO (1940)............................................. 25
3 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO................................................ 26
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 34
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 35

TÓPICO 3 – CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA


ECONÔMICA: CRESCIMENTO ECONÔMICO E DESENVOLVIMENTO........ 37
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 37
2 BUSCANDO EXPLICAÇÕES NAS ORIGENS................................................................................ 37
3 A IDEIA DE CRESCIMENTO ECONÔMICO................................................................................. 38
4 O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO...................................................................................... 42
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 49
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 50

TÓPICO 4 – GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL............................................... 53


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 53
2 O QUE SE ENTENDE POR DESENVOLVIMENTO REGIONAL?............................................. 53
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 55
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 64
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 65

UNIDADE 2 – SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL


E GLOBALIZAÇÃO...................................................................................................... 67

TÓPICO 1 – SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS.................................. 69


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 69
2 O QUE SÃO SISTEMAS ECONÔMICOS?...................................................................................... 69
3 OS SEIS MOTIVOS QUE LEVARAM O IMPÉRIO SOVIÉTICO
À RUÍNA DE MANEIRA SURPREENDENTE................................................................................ 76
4 SUGESTÃO DE AULA ........................................................................................................................ 84
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 89
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 90
VII
TÓPICO 2 – BLOCOS ECONÔMICOS ............................................................................................... 91
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 91
2 REGIONALISMOS E BLOCOS COMERCIAIS.............................................................................. 91
3 EXEMPLOS DE BLOCOS ECONÔMICOS ..................................................................................... 98
3.1 UNIÃO EUROPEIA........................................................................................................................ 102
4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ACORDOS
DE INTEGRAÇÃO REGIONAL ..................................................................................................... 107
5 PARLAMENTO DO MERCOSUL.................................................................................................... 108
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 113
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 114

TÓPICO 3 – GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL


E INTERNACIONAL DO TRABALHO...................................................................... 115
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 115
2 GLOBALIZAÇÃO ............................................................................................................................... 116
3 DIVISÃO TERRITORIAL DO TRABALHO ................................................................................. 120
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 123
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 130
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 131

UNIDADE 3 – BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA


E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL...................................................................... 133

TÓPICO 1 – BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL.................................................. 135


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 135
2 CICLO DO PAU-BRASIL................................................................................................................... 135
3 CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR..................................................................................................... 141
4 CICLO DO OURO............................................................................................................................... 146
5 CICLO DO ALGODÃO ..................................................................................................................... 149
6 CICLO DA BORRACHA.................................................................................................................... 151
7 CICLO DO CAFÉ ................................................................................................................................ 154
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 157
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 159

TÓPICO 2 – O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE:


A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA................................................... 161
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 161
2 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA AGRICULTURA BRASILEIRA ............................... 161
3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTCAS DA PECUÁRIA NO BRASIL ............................................ 168
RESUMO DO TÓPICO 2...................................................................................................................... 174
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 175

TÓPICO 3 – O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE:


A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA.......................................................... 177
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 177
2 BREVES APONTAMENTOS SOBRE A HISTÓRIA DA
INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA............................................................................................ 177
3 A DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS INDÚSTRIAS ........................................................... 180
LEITURA COMPLEMENTAR.............................................................................................................. 186
RESUMO DO TÓPICO 3...................................................................................................................... 191
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 192

REFERÊNCIAS........................................................................................................................................ 195

VIII
UNIDADE 1

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA
GEOGRAFIA ECONÔMICA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Esta unidade tem por objetivos:

• conhecer a evolução histórica do conceito de Geografia Econômica;

• compreender as principais definições de Geografia Econômica;

• conhecer as principais Teorias de Localização Relacionadas à Geografia


Econômica;

• distinguir as diferenças conceituais entre crescimento e desenvolvimento


econômico;

• conhecer o conceito de desenvolvimento regional.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está organizada em quatro tópicos. Ao final de cada um
deles, você encontrará atividades que o farão compreender o processo de
aprendizagem dos temas abordados.

TÓPICO 1 – O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

TÓPICO 2 – A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS DE


LOCALIZAÇÃO

TÓPICO 3 – CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA


ECONÔMICA – CRESCIMENTO ECONÔMICO E
DESENVOLVIMENTO

TÓPICO 4 – GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

1 INTRODUÇÃO
Para iniciar o estudo da Geografia Econômica é necessário explicar a gênese
desta disciplina. Assim como ocorre em outras áreas da geografia, como geografia
humana ou da população, a Geografia Econômica surge entrelaçada com outras
áreas do conhecimento, como a economia, história e a agricultura. Neste tópico,
iremos fazer esse retrospecto histórico e entender qual é a delimitação, isto é, a
área de alcance, dos estudos da Geografia Econômica.

2 BREVE HISTÓRICO
Para começar o estudo da Geografia Econômica, inicialmente será feito
um breve retrospecto histórico sobre este campo de conhecimento da geografia.
De acordo com Krugman (2017), a retrospectiva histórica da geografia econômica
remonta ao século XVI, quando o conhecimento mais abrangente da geografia
foi se aprimorando ao longo dos anos devido ao desenvolvimento de mapas e
diários de viagem que tinham várias descrições dos povos nativos, do clima, da
paisagem e dos níveis de produtividade de vários locais. Ou seja, os avanços da
ciência denominada cartográfica contribuíram para que se formasse o campo de
estudos da Geografia Econômica.

UNI

Ademais, convém mencionar que as relações econômicas e espaciais que se


estabelecem são fruto de dinâmicas sociais. Neste sentido, a Geografia Econômica constitui-
se em um campo de estudos ligados à Geografia Humana.

Devido ao vasto conhecimento fornecido por esses periódicos e


documentos cartográficos, foi possível identificar e estabelecer padrões de
comércio transcontinental que levaram ao desenvolvimento da teoria e prática
econômica a partir do século XVI (KRUGMAN, 2017).

3
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Posteriormente, o conhecimento geográfico foi se popularizando e entre


os fatores que ajudam a explicar esta popularização destaca-se a contribuição
da Segunda Guerra Mundial. Após o término da Segunda Guerra Mundial, o
mundo enfrentava uma série de mazelas econômicas e dificuldades sociais
e, neste sentido, a Geografia Econômica passou a ser vista como uma área de
estudo apta a contribuir com a recuperação, desenvolvimento e crescimento da
economia (KRUGMAN, 2017). Várias teorias, como o Determinismo Climático,
de Ellsworth Huntington, e a Teoria dos Lugares Centrais, de Walter Christaller,
desempenharam papel relevante neste período. Na sequência, iremos analisar
algumas destas teorias precursoras.

3 DISCUSSÕES CONCEITUAIS
Segundo Araújo Júnior (2015, p. 141), “a geografia econômica estuda as
relações econômicas que se dão no espaço do globo terrestre entre os países e
dentro deles e explica porque determinadas áreas crescem e outras não”. Além
disso, segundo o referido autor, a geografia econômica “tenta compreender os
processos de evolução da economia mundial, a importância da mão de obra, dos
recursos naturais e energéticos no desenvolvimento econômico das sociedades,
estruturados em conceitos como sociedade em rede, espaços de fluxos e espaço
de lugares. “(ARAÚJO JÚNIOR, 2015, p. 141).

A Geografia Econômica é a área acadêmica que estuda a dimensão


geográfica da escala das economias no contexto das mudanças econômicas.
Por dimensão geográfica, compreende-se aspectos como localização, distância,
proximidade/separação, vizinhança e aglomeração, enfim, preocupa-se em
estudar a organização espacial das atividades econômicas em todo o mundo
(KRUGMAN, 2017; TARTARUGA, 2017).

A Geografia Econômica vale-se de vários conceitos fundamentais da


geografia, tais como espaço, território, região, entre outros, para procurar descrever e
explicar a estrutura e a dinâmica dos fenômenos econômicos (TARTARUGA, 2017).

Sánchez Hernández (2003) pontua que a Geografia Econômica pode ser


definida como o estudo da materialização desigual e diferenciada das atividades
econômicas no território. Além disso, Sánches Hernández (2003) ressalta que a
referida materialização não assume o lugar e a mesma forma nas distintas escalas
geográficas de análises, porque os fatores e agentes dominantes não são idênticos
em cada nível. Por isso, o estudo particular de cada escala de materialização
precisa combinar-se com os estudos dos mecanismos de articulação interescalar,
com o intuito de permitir que a Geografia Econômica possa estudar de maneira
coerente a interação que se estabelece entre economia e território (SANCHES
HERNÁNDEZ, 2003).

4
TÓPICO 1 | O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

UNI

Você lembra o que significa escala, no âmbito dos estudos geográficos?

FIGURA 1 – ESCALA CARTOGRÁFICA X ESCALA GEOGRÁFICA

FONTES: <https://degeografiayotrascosas.wordpress.com/actividades-del-mes/representacion-
del-espacio-geografico/> e <https://br.pinterest.com/pin/529665606157732275/>.
Acesso em: 28 maio 2018.

Para recordar este conteúdo, selecionamos um fragmento de artigo


publicado no Boletim de Geografia para esclarecer a distinção entre escala
cartográfica e escala geográfica. Acompanhe conosco!

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ESCALA

Para os geógrafos e cartógrafos, a escala como medição/cálculo ou como


recortes do território é um conceito muito importante. Não há leitura em um
mapa sem determinação da escala, assim como não há análise de fenômenos
sem que seja esclarecida a escala geográfica adotada.

Segundo Turner (1989), a palavra escala é usada em muitos contextos,


denotando frequentemente diferentes aspectos no espaço e no tempo. O
entendimento e o uso correto da escala são fundamentais em pesquisas
geográficas, cartográficas e ambientais, ou em todas aquelas que se realizem
sobre o espaço geográfico no qual ocorrem os fenômenos (MENEZES;
COELHO NETO, 2002). [...]

5
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Devido à inexistência de clareza e à falta de consenso sobre o que


seria o conceito de escala geográfica, ou ainda, um conceito de escala útil,
que permitisse a análise geográfica dos fenômenos, que se confunde com a
escala cartográfica (CASTRO, 1996). Segundo a autora, a escala geográfica é “a
escolha de uma forma de dividir o espaço, definindo uma realidade percebida/
concebida, é uma forma de dar-lhe uma figuração, uma representação, um
ponto de vista que modifica a percepção da natureza deste espaço e, finalmente,
um conjunto de representações coerentes e lógicas que substituem o espaço
observado”. A autora enfatiza ainda a inversão do conceito de escala fração
(escala cartográfica) e a escala geográfica, argumentando que seria no mínimo
estranho dizer que a evolução de uma voçoroca é um fenômeno de grande
escala, enquanto que a deriva continental é um fenômeno de pequena escala,
colocando em voga o entendimento disto ao cartógrafo, que pensaria nas
escalas adequadas para a representação no mapa. [...] Grifo nosso.

FONTE: MARQUES, Américo José; GALO, Maria de Lourdes Bueno Trindade. Escala
geográfica e escala cartográfica: distinção necessária. Boletim de Geografia, p. 47-55, 2009.
Disponível em: <https://bit.ly/2NUti59>. Acesso em: 28 maio 2018.

Com base no fragmento apresentado é possível afirmar, de maneira


resumida, que a ideia de escala cartográfica nos remete à noção de medição e
fração, isto é, uma delimitação baseada em cálculos, elemento indispensável para
a construção de mapas. Já a escolha da escala de análise de um determinado
estudo geográfico fica a critério do pesquisador, que irá optar por uma escala
para analisar um fenômeno. Neste sentido, a escala tanto pode ser um recorte
conhecido como o nível “estadual” ou “municipal”, bem como pode ser um bairro
ou, ainda, uma determinada área onde se concentram empresas de determinado
setor. Portanto, no plano dos estudos geográficos, é preciso ter cuidado ao afirmar
que um fenômeno é de grande ou de pequena escala, porque esta interpretação
depende dos caminhos metodológicos percorridos em cada pesquisa.

Agora que você retomou esta distinção, lembre-se de tomar em conta a


diferença ao longo dos seus estudos no Curso de Geografia.

Retomando o debate sobre a Geografia Econômica, ao longo dos anos a


disciplina adotou várias abordagens para diferentes assuntos, como a localização
das indústrias, os benefícios que as empresas obtêm ao se localizarem próximas
umas das outras (economias de aglomeração), a geografia de transportes que
estuda a conexão e o movimento entre pessoas e bens. Outros assuntos estudados
no plano da geografia econômica incluem a relação entre meio ambiente e
economia, comércio internacional, economia em áreas urbanas e economia e
planejamento urbano (KRUGMAN, 2017).

Para auxiliar sua compreensão, apresenta-se na sequência uma figura


que mostra de maneira resumida aspectos relevantes discutidos no plano da
Geografia Econômica.

6
TÓPICO 1 | O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

FIGURA 2 - GEOGRAFIA ECÔNOMICA E SUAS RELAÇÕES

Lugar
Localização
Região

Organização
espacial
O conceito Diferenciação
de Geografia
Econômica nos
remete a quais
expressões?
Território Economia

Escala
Interação

FONTE: A autora (2018)

O propósito desta imagem é que ela possa lhe auxiliar no seu processo
de estudo, reforçando os principais elementos que compõem o leque de estudos
da Geografia Econômica. Krugman (2017) observa que, tendo em vista a ampla
área de estudos da Geografia Econômica, esta disciplina envolve vários ramos de
atuação, conforme se observa na figura a seguir.

FIGURA 3 – RAMOS DE ATUAÇÃO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Geografia da Agricultura
Este é o ramo que investiga a superfície da Terra que foi transformada
por atividades humanas cujo foco principal é as estruturas e a
paisagem agrícola.

Geografia da Indústria
Este ramo está atrelado ao estudo da posição ou localização de uma
determinada indústria, matérias-primas, produtos e distribuição e
como isso afeta sua produtividade.

Geografia do Comércio Internacional


O comércio internacional é feito através das fronteiras internacionais.
A geografia do comércio internacional estuda os padrões e teorias
utilizadas.

7
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Geografia de Recursos
Este é outro ramo importante que ajuda a determinar a localização
dos recursos naturais, sua disponibilidade e como estes satisfazem as
necessidades e desejos humanos.

Geografia de Transporte e Comunicação


Este ramo investiga o movimento e a conexão de pessoas e bens ao
tentar entender os complexos modos de transporte disponíveis na
superfície da Terra.

Geografia das Finanças


Este ramo estuda principalmente os padrões geográficos das finanças
globais e se concentra em compreender a criação de novos centros
financeiros no mundo. Também estuda como vários fatores, como
soberania e cultura, afetam a distribuição financeira.

FONTE: Adaptado de Krugman (2017)

Convém observar que, independentemente do ramo de atuação da


Geografia Econômica, observa-se que, de maneira geral, existem alguns agentes
em comum que fazem parte do objeto de estudo desta ciência. Segundo Tartaruga
(2017, p. 191), tais agentes seriam: trabalho, empresa e Estado.

O trabalho é considerado, há muito tempo, um elemento central para a


geração de valor na economia. Nos últimos aos, a natureza da força de
trabalho e do próprio trabalho vem sofrendo importantes mudanças, em
função da globalização da economia, como no nível de qualificação da
mão de obra, no padrão do emprego (a exemplo da flexibilização) e nas
questões de gênero. As pesquisas têm direcionado forte atenção, também,
no desempenho econômico da empresa em novas formas de análise, como
as redes empresariais e as perspectivas culturais e institucionais das firmas.
Igualmente, o papel do Estado é um aspecto essencial para os estudos
geográficos-econômicos, no sentido de sua atuação no território para criar
as condições econômicas e sociais para o desenvolvimento geral.

Além disso, Aoyama et al. (2011) (apud TARTARUGA, 2017) explicam


que também compete à Geografia Econômica examinar algumas das fontes de
dinamismo econômico em regiões e países, que são a inovação, o empreendedorismo
e a acessibilidade.

Os debates sobre inovação centralizam reflexões de pesquisadores e


tomadores de decisões, sobretudo em países mais desenvolvidos. Neste sentido,
estudos de Geografia Econômica têm comprovado que os processos de inovação
são altamente dependentes do contexto e da história de cada território, sendo
influenciados por fatores sociais e institucionais (TARTARUGA, 2017).

Sobre o aspecto do empreendedorismo, Tartaruga (2017) explica que


este é um elemento considerado bastante relevante para a inovação e para a
mudança econômica. No plano da geografia, tal fenômeno é estudado por meio
de sua relação com os diferentes lugares, isto é, analisa a disponibilidade de
trabalhadores qualificados, a estrutura industrial, além de aspectos como cultura
regional e redes de empresas.
8
TÓPICO 1 | O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

Acerca da acessibilidade, Tartaruga (2017) esclarece que, historicamente,


no plano da Geografia Econômica, esta dimensão vem sendo analisada em termos
da distância separando as pessoas e os lugares e os desafios para aproximar estes
dois elementos. No período recente, incorporou-se no escopo de tais discussões
o acesso às informações e ao conhecimento, face ao advento das tecnologias da
informação e comunicação.

Agora que discorremos sobre os principais elementos teóricos que


compõem o campo de estudo da Geografia Econômica, vamos observar alguns
exemplos práticos de seus desdobramentos? Para isso, selecionamos uma matéria
de jornal que traz à tona alguns dos elementos mencionados. Acompanhe!

Matéria publicada no jornal Diário Catarinense em 26 de janeiro de 2018.

SC LIDEROU GERAÇÃO DE EMPREGO NO BRASIL EM 2017

FÁBRICA DE PORTAS EM CAÇADOR: INDÚSTRIA PUXOU CRIAÇÃO DE


VAGAS NO ESTADO

FONTE: Foto: Marco Favero / Diário Catarinense (2017)

Não é que a economia esteja pujante, mas há sinais de que, pouco a pouco,
caminha-se no sentido da recuperação. Com atividade econômica diversificada, Santa
Catarina  vem retomando o crescimento mais rapidamente que outros estados.
Prova disso é que foi o que mais gerou empregos em 2017, saldo de 29.441 postos
de trabalho formais, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(Caged) divulgado nesta sexta-feira, 26, pelo Ministério do Trabalho.
 
Santa Catarina foi na contramão do Brasil, que fechou 20,8 mil vagas, e o
cenário catarinense foi muito melhor que nos anos anteriores. Em 2016 o Estado
fechou 32,7 mil postos, e em 2015 bateu recorde negativo ao encerrar 58,6 mil.
No entanto, o resultado de 2017 ainda é tímido comparado com os anos pré-
crise. Para se ter uma ideia, o saldo do ano passado foi o terceiro pior da série
histórica do Caged, que começa em 2002.  Em 2014, que esteve longe de ter um
grande saldo, SC criou 53 mil postos.

9
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

— O ambiente de negócios em SC se manteve bastante propício,


favorecendo o emprego, sem elevação de impostos, por exemplo, como
aconteceu em outros Estados. Mesmo assim, não foi o suficiente para recuperar
os resultados negativos dos outros anos, ainda há bastante capacidade ociosa –
diz o economista da Fecomércio SC, Luciano Córdova. 

Ao longo de todo o ano passado, a alta foi puxada pela indústria, que,
de janeiro a dezembro gerou 12,4 mil vagas. A seguir aparecem os serviços, com
11,1 mil e comércio, com 8,7 mil. Foi um contexto diferente do observado em
nível nacional, no qual a indústria teve a segunda maior redução entre os setores
(-19,9 mil), atrás apenas da construção civil (-104 mil). O comércio foi o líder em
criação de empregos no Brasil em 2017 ao gerar 40 mil vagas.
Para o presidente da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Glauco José
Côrte, o modelo do setor industrial no Estado é o que faz a diferença:

— Temos a indústria mais diversificada do país e mais desconcentrada,


espalhada por todo o Estado, então isso nos dá um equilíbrio, a nossa dependência
de alguns setores é menor que de outros Estados – avalia Côrte.

Dentre as unidades da federação que tiveram redução no número de


vagas formais, os líderes foram Rio de Janeiro (-92.192 postos), Alagoas (-8.255
postos) e Rio Grande do Sul (-8.173 postos). Do lado oposto, entre as que mais
geraram empregos, depois de SC aparecem Goiás (25.370 postos) e Minas Gerais
(24.296 postos). [...]

FONTE: <http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/noticia/2018/01/sc-liderougeracao-de-emprego-
no-brasil-em-2017-10134396.html>. Acesso em: 28 maio 2018.

Observou como são analisados na prática alguns elementos teóricos


tratados no texto? Note que aspectos como empregos, diversificação da indústria
e desconcentração industrial são relevantes para compreender a dinâmica da
geografia econômica de uma unidade federativa.

Como sugestão de atividade prática do conteúdo deste tópico, selecionamos


um plano de aula direcionado para alunos do primeiro ano do Ensino Médio e
disponível no Portal do Professor. O tema da aula é Geografia e Economia: lições
do cotidiano. Nesta sugestão de aula, o aluno é conduzido a observar na prática,
sobretudo, como se engendram os fluxos geográficos relacionados à atividade
econômica.

Aproveite esta sugestão de aula para se inspirar e para pensar em formas


de inovar no processo de condução das suas aulas (seja no momento atual ou no
futuro). Acompanhe!

Aula Geografia e Economia: lições do cotidiano, elaborada pela professora


Izabel Castanha Gil.

10
TÓPICO 1 | O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

Dados da aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula?

• Identificar relações básicas entre geografia e economia, a partir da decodificação


de produtos consumidos diariamente.
• Reconhecer a complexidade das relações estabelecidas entre a sociedade e a
natureza para obtenção de recursos necessários à sobrevivência humana.
• Reconhecer a globalização econômica como a etapa contemporânea do modo
capitalista de produção.

Duração das atividades


4 aulas de 50 minutos

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno:

• Espaço geográfico como produto das relações humanas.


• Elementos da economia: produção, circulação e consumo.
• Meio técnico científico informacional: conceito.

Estratégias e recursos da aula


Aula indicada para a 1ª série do Ensino Médio.

Atividade 1

FIGURA 4 – MODO DE DISPOSIÇÃO DE ALIMENTOS

FONTE: <http://supergostei.blogspot.com.br/2011/04/despensa.html>.
Acesso em: 20 set. 2018.

 O professor deverá entregar aos alunos a planilha sugerida no Quadro


1, solicitando que observem embalagens de produtos utilizados pela sua família.
Eles poderão trazer embalagens vazias para a sala de aula ou levar a planilha para
ser preenchida em casa. Essa planilha formará uma base de dados que subsidiará
o preenchimento do Quadro 2, cujos itens constantes nos alvéolos ajudam a
compreender a relação entre economia e geografia.
11
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

QUADRO 1 – DECODIFICAÇÃO DE PRODUTOS CONSUMIDOS NO COTIDIANO

Ingredientes
Nome do
ou substâncias Nome do
Cidade e estado estabelecimento
Produto químicas fabricante ou
de origem comercial ou do
utilizadas na produtor
vendedor
composição

Arroz      

Feijão        

Açúcar        

Sal        

Farinha de trigo        

Café        

Nescau        

Carne bovina        

Carne de frango        

Peixe        
Frutas, verduras
       
e legumes frescos
Alho        

Leite        

Ovos        

Refrigerante        

Margarina        

Sabonete        

Xampu        

Sabão em pó        

Outros        

FONTE: Gil (2013)

Considerando a diversidade de dados coletados, essa etapa do trabalho


deverá ser feita individualmente. A partir da observação dos dados gerados, os
alunos deverão responder ao que se pede:

12
TÓPICO 1 | O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

QUADRO 2 - INTERPRETAÇÃO DA BASE DE DADOS AUTOGERADA

1 – Identifique os produtos:
a) Consumidos in natura.
b) Minimamente processados.
c) Transformados industrialmente.

2 – Identifique os estados e regiões de origem dos produtos.

3 – Identifique onde ocorre maior concentração de:


a) Produção agrícola e pecuária.
b) Produção industrial.

4 – Identifique indústrias nacionais e multinacionais fabricantes dos produtos


consultados.

5 – Em muitos produtos fabricados por indústrias multinacionais, lê- se:


Indústria brasileira. Como se explica isso?

6 – Nas compras realizadas diretamente do produtor, é mais fácil sabermos os


nomes das pessoas produtoras e vendedoras. Nas compras realizadas nos
supermercados e lojas de grande porte, a impessoalidade é maior. Como se
explica esse fato?

FONTE: Gil (2013)

Objetivando o aprofundamento conceitual do tema em estudo, o


professor deverá distribuir cópias do organograma sugerido no Quadro 3 para
que os quadros sejam respondidos, tendo como referência a planilha sugerida
no Quadro 1. O acesso a esse recurso didático poderá ser feito por meio de cópia
impressa ou virtual, esta última acessada no laboratório de informática.

Essa atividade deverá ser respondida em grupo de quatro pessoas,


considerando a importância do compartilhamento das informações e,
principalmente, da interpretação das mesmas. A observação do  organograma
facilita a formação de uma visão geral sobre o tema.

13
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

QUADRO 3 – DECODIFICAÇÃO DA BASE DE DADOS GERADA PELOS ALUNOS

Alimentos e higiene – relação entre geografia e econômia

Prod.
Prod. Prod. de
produzidos Prod. de Produção
produzidos indústrias
em pequenas indústrias manual ou
em grandes multinacionais
propriedades brasileiras artesanal
propriedades
rurais

Matérias primas retiradas Matérias primas


diretamente da natureza artificiais

Elementos essenciais à Elementos essenciais à Elementos essenciais à


produção transformação distribuição

Elementos estruturantes da economia de mercado

FONTE: Gil (2013)

Com base nas informações dispostas no organograma, os grupos de


alunos deverão responder aos seguintes questionamentos:

QUADRO 4 – INTEPRETAÇÃO DO ORGANOGRAMA PREENCHIDO NO QUADRO 3

1 – Quais relações se observam entre geografia e economia?

2 – Identifique o papel do trabalho nessas relações.

3 – Identifique o papel do capital nessas relações.

4 – Identifique o papel do Estado nessas relações.

5 – É possível identificar o processo de globalização econômica nessas


relações? Justifique.

14
TÓPICO 1 | O QUE É GEOGRAFIA ECONÔMICA?

6 – Nas relações representadas no organograma, identifique circunstâncias


em que podem ocorrer:

a) desigualdades sociais.
b) impactos ambientais.
c) trocas econômicas desiguais.

FONTE: Gil (2013)

As respostas deverão ser anotadas no livro do aluno e a socialização ocorrerá


por meio de um debate. O professor deverá promover a formação de um grande
círculo na sala de aula, estimulando a participação de todos.

Nesse momento, eles deverão estar com o Atlas geográfico em mãos para
confirmação de alguns dados, por exemplo:

a) localização espacial das áreas de maior e menor concentração industrial;


b) áreas de produção agrícola e pecuária;
c) áreas de maior e menor concentração populacional (mercado consumidor),
entre outras informações.

Além dos itens para observação no parágrafo anterior, os alunos poderão


estabelecer conexão entre a planilha preenchida com os produtos existentes em
casa e o mapa conceitual. A partir da prática, poderão perceber a fundamentação
teórica do tema.
 
Atividade 2

A conclusão da aula será feita com duas atividades:

1 – Os alunos receberão o artigo Conceitos e importância da geografia


econômica, disponível em: <http://meuartigo.brasilescola.com/geografia/
conceitos-importancia-geografia-economica*.htm>, ou se for o caso, o professor
poderá promover a sua leitura com o uso de um projetor com leitura, pelos
alunos, em voz alta. Caso haja mais de uma turma na escola desenvolvendo a
mesma atividade, é possível promover um debate entre elas, ampliando a visão
dos estudantes.

2 – Num segundo momento, cada aluno do grupo deverá garimpar uma


questão de vestibular, ENEM ou concurso público sobre a temática da geografia
econômica, definir um aluno voluntário, com disponibilidade de tempo, para
receber essas questões por e-mail, excluir aquelas repetidas, montar um arquivo
e enviar ao professor, em nome do grupo. Este, por sua vez, selecionará algumas
questões para discussão em sala de aula, reforçando conceitos ou esclarecendo
dúvidas. Esse banco de questões dos alunos poderá ser aproveitado na avaliação
institucional, quando se verificará a compreensão da temática estudada.
15
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Recursos complementares
Conhecendo os setores da economia. Disponível em: <http://
portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=667>.

Geografia econômica: encontros e desencontros de uma ciência de


encruzilhada  <http://www.apgeo.pt/files/section44/1227097241_Inforgeo_16_17_
p111a125.pdf>.

Matriz de referências do ENEM:


<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=arti-
cle&id=13318&Itemid=310&msg=1>.

Avaliação
Participação, interesse, pontualidade, são aspectos comportamentais
e atitudinais que devem ser considerados na composição da média final. Em
relação ao conhecimento, o professor deverá considerar o desempenho dos
alunos nas interpretações propostas e na avaliação institucional. 

FONTE: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=51785>.
Acesso em 25 jun. 2018.

UNI

Caro acadêmico! Os conteúdos trabalhados nesta disciplina de Geografia


Econômica, são trabalhados de forma diluída tanto no ensino médio como no ensino
fundamental. Nos livros didáticos direcionados para estas fases do ensino, você irá notar
que temas como globalização, sistemas econômicos e regiões serão debatidos em distintos
níveis de profundidade, condizentes com cada etapa dos estudos.

16
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A Geografia Econômica estuda as relações econômicas que se dão no espaço


do globo terrestre entre os países e dentro deles e explica porque determinadas
áreas crescem e outras não.

• A Geografia Econômica pode ser definida como o estudo da materialização


desigual e diferenciada das atividades econômicas no território.

• Ao longo dos anos, a Geografia Econômica adotou várias abordagens para


diferentes assuntos, como a localização das indústrias, os benefícios que as
empresas obtêm ao se localizarem próximas umas das outras (economias de
aglomeração), a geografia de transportes, que estuda a conexão e o movimento
entre pessoas e bens.

• Outros assuntos estudados no plano da Geografia Econômica incluem a relação


entre meio ambiente e economia, comércio internacional, economia em áreas
urbanas e economia e planejamento urbano.

• Independentemente do ramo de atuação da Geografia Econômica, existem


alguns agentes em comum fazem parte do objeto de estudo da geografia
econômica: trabalho, empresa e Estado.

17
AUTOATIVIDADE

1 De maneira geral, é possível afirmar que a geografia é a ciência que se dedica


a compreender o espaço e a relação que ele estabelece com a sociedade e a
natureza. Para atender este objetivo abrangente, a geografia se divide em
várias áreas. Com relação à Geografia Econômica, assinale a alternativa
CORRETA:

( ) O escopo de atuação da Geografia Econômica está restrito aos fenômenos


de escala global, visto sua relevância no plano econômico internacional.
( ) A Geografia Econômica é uma área de pesquisa dedicada a entender a
relação entre os processos sociais e os processos ambientais.
( ) A agricultura constitui-se no principal elemento de estudo da Geografia
Econômica, considerando seu caráter estratégico na produção de alimentos.
( ) A  Geografia Econômica  é o ramo do conhecimento responsável por
compreender a lógica da produção e distribuição das atividades econômicas.

2 Entre as atribuições da ciência geográfica, menciona-se que a geografia


procura estudar a relação que se estabelece entre o conjunto inseparável de
fixos e fluxos. Particularmente, no que se refere às atribuições da chamada
geografia das finanças, assinale a alternativa CORRETA:

( ) A geografia das finanças analisa principalmente como a inflação interfere


na taxa de desemprego dos países subdesenvolvidos.
( ) Os geógrafos financeiros investigam a relação entre a microeconomia e os
custos operacionais da produção de artefatos.
( ) A geografia das finanças estuda os padrões das finanças globais e busca
compreender como se formam os novos centros financeiros mundiais.
( ) A geografia financeira estuda os padrões ocupacionais nos grandes centros
urbanos, entendendo os mecanismos de variação dos preços.

3 Historicamente, a atividade industrial constitui-se em um importante


elemento do quadro econômico internacional. Tendo em vista sua relevância
para a sociedade, de modo geral, alguns campos disciplinares procuram
estudar a sua dinâmica. Neste sentido, disserte sobre a área de estudo da
Geografia da Indústria.

18
UNIDADE 1
TÓPICO 2

A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS DE


LOCALIZAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Conforme vimos no tópico anterior, o estudo da Geografia Econômica é
abrangente e envolve o estudo de diferentes dimensões do objeto geográfico. Após
aprendermos como se formou historicamente o campo disciplinar da Geografia
Econômica e após identificar que elementos fazem parte do escopo de estudos
desta disciplina, neste tópico iremos examinar algumas teorias fundamentais
no campo da geografia econômica. Particularmente, neste momento, vamos
estudar as chamadas teorias de localização, que historicamente tiveram um papel
relevante na geografia.

Tratando deste assunto, Santos (1977, p. 87) explica que:

[...] as diferenças entre lugares são o resultado do arranjo espacial dos


modos de produção particulares. O ‘valor’ de cada local depende de
níveis qualitativos e quantitativos dos modos de produção e da maneira
como eles se combinam. Assim, a organização local da sociedade e
do espaço reproduz a ordem internacional. [...] a localização dos
homens, das atividades e das coisas no espaço explica-se tanto
pelas necessidades ‘externas’, aquelas do modo de produção ‘puro’,
quanto pelas necessidades ‘internas’, representadas essencialmente
pela estrutura de todas as procuras e a estrutura de classes, isto é, a
formação social propriamente dita.

2 UM OLHAR SOBRE AS PRINCIPAIS TEORIAS DE


LOCALIZAÇÃO
Para que possamos compreender como se estruturou a Geografia Econômica,
é necessário compreender que existe um estreito entrelaçamento entre geografia
econômica e economia espacial. Embora recebam denominações diferentes e a
intensidade dos seus enfoques possa variar, é notável a aproximação destas duas
áreas “irmãs”. O interesse de ambas está centrado em entender como os fenômenos
econômicos se engendram no espaço. Lan (2017) pontua que é depois do começo
da Revolução Industrial que economistas e geógrafos passaram a se dedicar e
construir os fundamentos da localização industrial. Von Thünen é considerado
pioneiro, como observa Lan (2017, p. 241): “é no começo do século XIX que nasceu
a economia espacial, quando Von Thünen (1826) apresentou a teoria de localização
das atividades agrícolas”. Vamos conhecer esta teoria?

19
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

2.1 JOHANN H. VON THUNEN E O ESTADO ISOLADO (1826)


Waibel (1948) explica que o primeiro economista que tratou, clara e
sistematicamente, a influência da distância do mercado em relação à economia
agrária foi Johann Heinrich von Thünen. Thünen buscou explicar o padrão das
atividades agrícolas em torno das cidades na Alemanha pré-industrial (THISSE,
2011). Conhecida como Teoria do Estado Isolado, Von Thünen propôs um modelo
para explicar a variação do uso do solo agrícola. Waibel (1948, p. 3) ressalta
que: “o Estado Isolado é uma abstração relativamente ao espaço, à natureza e à
economia”. (grifo nosso)

Como se trata de um modelo abstrato, precisamos ter em mente que


Von Thünen procurou explicar as formas de uso do solo agrícola considerando
que algumas condições e circunstâncias se manteriam “estáveis”. Ou seja, trata-
se de um “modelo ideal” que procurou, à sua época, qual seria a melhor forma
de utilizar e de tirar o melhor proveito possível do solo decorrente da atividade
agrícola. Tenha em mente que mesmo em seu tempo, o propósito do modelo não
era uma mera replicação e repetição do mesmo em vários recortes espaciais. O
objetivo era criar um modelo apto para lançar luz e ajudar a entender como a
produtividade da terra poderia ser incrementada. Vamos entender, então, quais
eram as premissas consideradas “dadas” e “estáveis” neste modelo?

FIGURA 5 – POSTULADOS DA TEORIA DE VON THÜNEN

1) área homogênea, economicamente ilhada,


com as mesmas condições naturais e de
transporte; isso significa que os custos de
produção por unidade ficam iguais;

O modelo
Von Thünen 2) a demanda de bens agrícolas
baseia-se nos está concentrada na cidade;
seguintes
postulados 3) no mercado, há uma competição viva entre
produtores de tal maneira que eles mesmos
não podem determinar os preços;

4) a oferta de bens agrícolas está


dispersa em uma planície uniforme.

FONTE: Adaptado de Lan (2017, p. 242)

De modo resumido, “Thünen postula a maximização da renda em função


da distância e dos custos de transporte” (LAN, 2017, p. 242). Ou seja, o autor
estava preocupado em explicar onde deveriam estar localizadas determinadas
atividades agrícolas. Para isso, entendia que o fator fundamental para análise
era o custo de transporte entre a área de plantio e o mercado consumidor. Para

20
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO

balizar este seu entendimento, Thünen desenvolveu a ideia de círculos (ou anéis)
concêntricos. Lan (2017, p. 242) explica que “para Von Thünen, os cultivos se
repartem em áreas concêntricas especializadas em atividades agrícolas, em
função da distância da vila, e a competição pela terra determina a renda máxima
que pode pagar um produtor agrícola”. Na sequência, apresentam-se os círculos
concêntricos propostos por Von Thünen.

FIGURA 6 – CÍRCULOS CONCÊNTRICOS DE VON THÜNEN

VII VI V IV III II I

Mercado Urbano

I – Horticultura intensiva IV – Sistema rotativo de cultura e pastagem

II – Silvicultura V – Sistema de três campos

III – Sistema rotativo de cereais e raízes VI – Criação de gado

VII – Floresta virgem


FONTE: CABRAL, D. Von Thünen e o abastecimento madeireiro de centros urbanos pré-
industriais. Revista Brasileira de Estudos de População, 28 (2), 2011.

Conforme se observa na figura, os círculos mais próximos da cidade


(mercado consumidor) devem abrigar os produtos que são requeridos com maior
frequência e que são mais perecíveis, isto é, produtos da horticultura. Por sua vez,
os círculos mais distantes deveriam abrigar atividades como o cultivo de gado
e conservação da floresta – atividades que não precisam estar tão próximas do
mercado consumidor. A este respeito, Waibel (1948, p. 4) sustenta que:

Assim, com o aumento da distância da cidade, a produção agrícola deve


ser a que – de acordo com seu valor – exige menores tarifas de transporte e,
além disso, a que não se deteriora com facilidade e não precisa ser consumida
ainda fresca. Como a despesa de transporte dos produtos do campo até a cidade
é igual para todos os pontos equidistantes do mercado urbano, os tipos de
cultura agrária situar-se-ão em anéis ou faixas concêntricas, em torno da cidade,
dispondo-se dos de maior intensidade, estes próximos ao centro, aos de menor,
na periferia do Estado.

21
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Conforme podemos observar, a principal preocupação de Von Thünen


é o efeito da localização sobre a atividade econômica. Embora atualmente este
modelo seja considerado antigo e ultrapassado em alguns aspectos, ele continua
a apresentar elementos relevantes para serem tomados em conta tanto para
determinar as escolhas locacionais de produtores agrícolas, bem como, oferece
pistas para se pensar em propostas de planejamento urbano mais alinhadas com
as expectativas da população.

2.2 ALFRED WEBER – TEORIA DA LOCALIZAÇÃO DAS


INDÚSTRIAS (1909)
Seguindo a trajetória dos importantes teóricos que contribuíram para
a formação da geografia econômica, outra contribuição importante foi a do
economista alemão Alfred Weber – primeiro autor a desenvolver uma teoria global
da localização industrial. O ponto de partida da teoria de Weber é a empresa
(LAN, 2017). “Alfred Weber (1909) pretendeu definir uma teoria da localização
industrial, tal como Von Thünen tinha pretendido definir uma de localização
agrícola” (RAMOS, 2000, p. 21).

No entendimento de Weber (2016), torna-se primordial saber onde


determinada indústria está situada, levando em consideração a relação entre os
custos de transporte, fontes de matérias-primas, a distância aos insumos e ao
mercado. Ramos (2000) esclarece que para conceber sua teoria, Weber analisou
os fatores que tinham capacidade de influenciar a localização das indústrias e,
então, selecionou os três fatores de localização que considerou mais relevantes, a
saber: ponto mínimo de custos de transporte; distorção do trabalho e, forças de
aglomeração ou desaglomeração. Vamos entender melhor o que significa cada
um destes fatores locacionais mencionados? Para começar, vamos acompanhar a
definição trazida por Ramos (2000, p. 22) sobre cada fator, acompanhe:

a) o ponto mínimo de custos de transporte é determinado


geometricamente, tendo em conta os dois elementos que condicionam
esse custo, isto é, o peso e a distância. A decisão de localização tomada
pelos responsáveis das empresas depende, em grande medida, da
comparação de preço entre o transporte das matérias-primas e dos
produtos. [...] b) a distorção do trabalho corresponde à atração exercida
por centros vantajosos em mão de obra. Esta distorção depende
essencialmente das diferenças entre os níveis salariais dos diferentes
locais, considerando a mão de obra imóvel e a oferta ilimitada [...] c)
forças de aglomeração e desaglomeração [...] a primeira consiste em
economias de aglomeração, resultantes do reagrupamento geográfico
das empresas em termos de produção e de escoamento (existência
de preços mais favoráveis, melhores adaptações às condições
de mercado, integração de maior número de unidades fabris). A
segunda traduz-se num aumento das rendas fundiárias provocado
por uma concentração excessiva, que reduz os locais disponíveis e faz
aumentar o preço dos solos. (grifo nosso)

22
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO

Note na explicação de Ramos (2000) que embora a teoria de Weber tenha


sido pioneira nas teorias de localização industrial, ela contempla uma série de
aspectos que seguem em evidência quando o que está em questão é decidir
onde instalar uma indústria. A preocupação fundamental em determinar o
custo mínimo de transporte é parte fundamental desta teoria. Neste sentido, a
preocupação com os custos de transporte envolve tanto a variável matéria-prima
– o quão distante ou próximos estão os insumos necessários para que ocorra a
produção industrial efetivamente e, por sua vez, o custo de transporte relacionado
ao mercado – quanto envolve questões como: que distância e com qual custo o
mercado está disposto a percorrer para acessar determinado produto?

Outro ponto importante da teoria de Weber é a ideia de distorção do


trabalho, que está relacionada à localização e à remuneração da mão de obra. A
este respeito, vale lembrar que trabalhadores com níveis de qualificação similares
podem receber salários diferentes, dependendo de onde estiverem localizados.
De forma similar, Weber – já à sua época – percebeu que o modo como a mão de
obra se encontra disponível pelo território não é homogêneo. Cada local concentra
um volume de trabalhadores específicos e com aptidões particulares. Assim, este
ponto da teoria chama a atenção para a necessidade de identificar e conhecer as
particularidades de custo e de localização da força de trabalho que irá atuar em
determinada indústria.

Por fim, Weber (2016) entende que alguns aspectos podem ser
favoráveis para a decisão de instalar uma indústria em determinado local,
enquanto outros seriam capazes de interferir negativamente. De modo geral,
os aspectos considerados favoráveis seriam aqueles decorrentes das vantagens
da concentração de empresas, tais como melhores adaptações relacionadas ao
mercado de trabalho, isto é, vantagens decorrentes de uma melhor preparação
da mão de obra para atuar em um setor específico e, além disso, várias empresas
de um mesmo setor situadas geograficamente próximas podem se beneficiar de
efeitos de integração e sinergia. Dentre os efeitos negativos, pode-se mencionar
a especulação imobiliária, ou seja, a possível atratividade de um local para a
instalação de indústria, quando exacerbada, pode levar a um aumento dos preços
dos terrenos.

Agora que compreendemos os pressupostos teóricos abordados por Weber


à sua época, vamos tentar transpor algumas de suas ideias para a atualidade?
Para procurar ilustrar alguns fatores locacionais capazes de atrair a instalação
de indústrias, selecionamos uma notícia relacionada ao Município de Bauru,
acompanhe a leitura:

23
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Água farta atrai indústrias na região

Disponibilidade de gás natural e energia elétrica também são fatores


importantes nas cidades com Distritos Industriais no entorno de Bauru

Rita de Cássia Cornélio

A região de Bauru está sendo cobiçada por empresas de pequeno e


médio porte para a instalação de matrizes e filiais. A doação de áreas, a isenção
de impostos e a facilitação na documentação têm atraído os empresários da
capital, cansados de sofrer com trânsito e outras dificuldades.

Para o diretor de Desenvolvimento, Geração de Emprego e Renda de


Lençóis Paulista, Altair Aparecido Toniolo, a região é a bola da vez. “Temos
olhado o desenvolvimento de forma regionalizada. Acredito que estamos
vivendo o momento da interiorização do desenvolvimento, Lençóis, Agudos e
toda a região é a bola da vez.

Além da infraestrutura disponível, Toniolo enfatiza a disponibilidade de


energia elétrica, gás natural e especialmente água. “O gasoduto corta a região.
No Distrito Empresarial de Lençóis está presente. Temos água de boa qualidade.
Esses são itens atrativos. As coisas estão acontecendo na cidade e na região. As
empresas descobrem os locais ideais para se instalarem.”

Na opinião dele, as cidades se estruturaram regionalmente para o


desenvolvimento. “Temos a infraestrutura local. A facilitação das legislações
municipais que permitem isenções de impostos. Estamos cercados de boas
rodovias, hidrovia, aeroporto, enfim, acesso às principais vias de transportes
que atraem os empresários para as cidades da região. Os municípios se
prepararam e com certeza estão acima da média nacional.”

O cadastro municipal de Lençóis Paulista mostra que a cidade tem 6.167


empresas ativas, que empregam 25.908 mil pessoas. Entre os anos de 2009 e
2014, foram abertas 2.338 empresas. Para cumprir as diretrizes municipais
e gerar oportunidades aos moradores, o município investiu na educação
profissional. “A Escola de Negócios é um projeto que objetiva a disseminação
do empreendedorismo em cursos técnicos.” [...]

FONTE: <https://www.jcnet.com.br/Regional/2015/01/gua-farta-atrai-industrias-na-regiao.html>.
Acesso em: 11 jun. 2018.

Observou como os apontamentos de Weber ajudam a refletir sobre o quadro


industrial atual? A identificação de fatores geográficos considerados favoráveis
ou desfavoráveis para a indústria constitui uma etapa fundamental tanto para o
planejamento urbano das cidades, bem como, interfere diretamente nas decisões
de investimento. Vamos para a próxima teoria dos autores considerados clássicos
da localização industrial?

24
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO

2.3 AUGUST LÖSCH – A ECONOMIA DA LOCALIZAÇÃO


(1940)
Entre os autores considerados basilares nos estudos precursores da
Geografia Econômica, menciona-se o trabalho do geógrafo alemão August Lösch.
O referido autor elaborou um modelo de economia espacial em condições de
concorrência imperfeita em que o espaço resulta uma variável fundamental
(LÖSCH, 1954). Colocando de forma mais detalhada:

August Lösch (1939) propõe o desenvolvimento de uma teoria geral do


equilíbrio das localizações no sistema econômico. Em contraposição
a Weber, que definia a localização ótima pela minimização dos custos
de transporte, Lösch disse que o produtor vai se localizar no lugar de
maximização dos ganhos. É o ganho que guia a localização. O acento
está posto sobre a demanda e a interdependência das firmas (LAN,
2017, p. 244).

É importante ressaltar que nesta teoria a ênfase está na questão da


demanda. Entendendo a demanda como um aspecto fundamental de sua
teoria, Lösch admite que a demanda por um produto varia segundo as regiões,
conforme a preferência dos consumidores e, principalmente, de acordo com o
seu poder aquisitivo (MANZAGOL, 1985). Assim como na teoria proposta por
Weber, a ideia de forças aglomerativas também aparece no trabalho de Lösch.
Donda Júnior (2002, p. 34) descreve as forças aglomerativas mencionadas por
Lösch de forma detalhada, acompanhe:

a) economias de escala – referem-se às economias internas das firmas,


que aumentam de acordo com o seu tamanho, ou seja, há diminuição
nos custos unitários de produção em virtude do aumento na escala
de produção da própria firma; b) as economias de localização –
resultam da redução dos custos unitários graças à aglomeração de
firmas do mesmo setor ou vinculadas em um mesmo espaço restrito;
c) economias de urbanização – resultam das vantagens internas à
área urbana, independentes da natureza da firma, em decorrência da
oferta de: 1. infraestrutura – como transporte, energia elétrica, água,
comunicações etc.; 2. serviços especializados – como instituições
bancárias, técnicos de suporte, consultores etc.; 3. mercado – capaz
de permitir a utilização das economias de escala; d) economias
de complexo industrial – referem-se às economias internas, ao
conglomerado de setores mutuamente inter-relacionados, também
denominados de clusters. (grifo meu)

Observe na citação em destaque que os elementos que aparecem para


ser discutidos na teoria de Lösch (custos de transportes, localização do mercado,
ganhos relacionados à escala, facilidades decorrentes da urbanização etc.) são, em
vários aspectos, similares aos elementos presentes na teoria de Weber e de Von
Thünen. O que ocorre é que, a partir de alguns elementos previamente identificados,
procura-se construir leis e modelos explicativos capazes de contribuir e lançar
luz sobre dimensões desconsideradas nos modelos antecessores. O que muda é a
ênfase e a leitura acerca da combinação de tais fatores.

25
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Pensando em uma analogia bem simples do nosso dia a dia, podemos


pensar que alguns “ingredientes” presentes em cada teoria podem até ser
similares. Contudo, as “receitas”, isto é, o modo como eles são “misturados” e
“combinados” para gerar um resultado e, seguindo a linha de pensamento da
metáfora proposta, os “pratos” gerados são diferentes e particularidades. Isso
porque cada teoria procura ressaltar e evidenciar aspectos distintos inerentes ao
processo de localização industrial.

Assim, vale frisar que a preocupação de Lösch era, sobretudo, entender as


oscilações da demanda e delimitar áreas de mercado. Cavalcante (2008) ponderam
que de acordo com Lösch (1954), as áreas de mercado serão tão maiores quanto
menores forem a densidade da demanda, a variação dos preços e os custos de
transporte. Os autores lembram que tais características são específicas de cada
bem ou serviço, e que por isso, deveria haver centros e áreas de mercado de todos
os tamanhos para cada produto. É desta forma que a teoria de Lösch contribui,
ainda que em caráter preliminar, com a ideia de hierarquia urbana – pensada
neste momento, sobretudo, a partir da lógica de acessos a mercadorias e serviços.

3 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO


Embora se trate de um conteúdo de natureza teórica e histórica e que
talvez possa parecer um pouco “antigo”, é fundamental que você, futuro professor
de Geografia, possa compreender que há uma ampla gama de estudiosos
que ajudaram a formar esta área disciplinar, hoje conhecida como Geografia
Econômica. As distintas contribuições teóricas ora são contraditórias e ora se
sobrepõem. O leque de teóricos é mais abrangente do que os autores que foram
apresentando, incluindo autores como Christaller (1933) e Isard (1956). Para o
contexto desta disciplina, é importante recordar e ter em mente que o debate
acerca da localização industrial é muito rico e permite várias possibilidades de
análises teóricas e metodológicas, dependendo da abordagem selecionada.

Pensando de modo abrangente, resta o fato de que "[...] o modo de


produção capitalista tem a capacidade de criar estruturas e formas espaciais que
contemplem a otimização do processo de produção (ARAÚJO JÚNIOR, 2015,
p. 137). Outro ponto importante para ser recordado a respeito das teorias de
localização é que existe um dinamismo espacial inerente a esta atividade, que
desencadeia um amplo conjunto de fluxos materiais e imateriais. Corroborando
com esta linha de pensamento, Lan (2017, p. 241) salienta que:

O espaço industrial não se reduz à fração restrita do território ocupado


pelas indústrias, mas se trata da produção de uma rede de fluxos visíveis
(mercadorias) e invisíveis (capital, informação, tecnologia) que se
materializam nas relações de produção e de gestão. A indústria, por seu
uso do território e pela mobilização da força de trabalho, foi considerada,
por muito tempo, como base do desenvolvimento econômico dos lugares.
A política de localização da indústria varia em função da evolução dos
mercados e da estrutura mesma das empresas. (grifo nosso).

26
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO

DICAS

Quer aprofundar seus conhecimentos sobre este assunto?

Recomendamos a leitura do livro Economia Regional e Urbana: teorias e métodos com


ênfase no Brasil. Você pode acessar este livro pela internet, pelo link a seguir: <http://
repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/3008/1/Livro_Economia%20regional%20e%20
urbana_teorias%20e%20m%C3%A9todos%20com%20%C3%AAnfase%20no%20Brasil.pdf>.

Conforme consta na apresentação do livro, ele está dividido em três partes:


uma primeira com abordagem teórica (Parte I: fundamentos teóricos da economia
regional e urbana); uma segunda, com uma abordagem histórica das políticas
regionais e do pensamento regional no Brasil (Parte II: Formação e evolução do
planejamento regional no Brasil); e uma terceira, com metodologias para abordar
a questão regional e urbana (Parte III: Métodos aplicados à análise espacial).

Além desta dica de livro, aproveitamos para recomendar uma sugestão de


plano de aula para trabalhar a ideia de localização na geografia, de maneira mais
abrangente, com os alunos do Ensino Médio. A sequência de aulas elaboradas
pela professora Izabel Castanha Gil e disponível no Portal do Professor (MEC)
permite relacionar a reflexão sobre localização com um tema prático e de
maneira multidisciplinar, permitindo envolver as disciplinas de Matemática,
Língua Portuguesa, Sociologia e Artes. Após a exposição de conteúdos teóricos,
sabemos que atividades práticas e experiências criativas ajudam no processo
de aprendizado dos alunos e, de certa forma, inovam as estratégias de ensino,
envolvendo e estimulando o trabalho em grupo entre colegas e professores.
Acompanhe a sequência de aulas e atividades!

27
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Dados da aula

O que o aluno poderá aprender com esta aula?

• Reconhecer a organização espacial de um supermercado e os interesses que


permeiam essa organização.
• Reconhecer características comportamentais dos consumidores, como elas são
captadas pelos fabricantes ou como elas podem contribuir para a independência
e o consumo consciente.

Duração das atividades


6 aulas de 50 minutos

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

• Modo capitalista de produção: conceito, histórico e características.


• A formação da sociedade de consumo: histórico e características.

Estratégias e recursos da aula

Aula sugerida para a 1ª série do Ensino Médio. Para esta atividade sugere-
se a participação dos professores de Matemática, Língua Portuguesa, Sociologia e
Artes.

Atividade 1

FIGURA 7 – A REALIZAÇÃO DE COMPRAS EM UM SUPERMERCADO

FONTE: <http://www.colorirgratis.com/desenhos-de-comida-para-colorir.html>.
Acesso em: 27 ago. 2018.

28
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO

O texto base para esta aula está disponível em espanhol, sugerindo um


trabalho em conjunto com o professor desse idioma. Caso a escola não ofereça essa
disciplina, o professor de Geografia poderá auxiliar os alunos na compreensão do
texto, contando com o apoio de tradutores on-line. O título da matéria é Geografía
de un súper: qué "secretos" esconde la ubicación de los productos y cómo influyen en
sus decisiones de compra,  e o link para acesso é <http://marketing.iprofesional.
com/notas/136384-Geografa-del-supermercado-qu-secretos-esconde-la-ubicacin-
de-los-productos-y-cmo-influyen-en-sus-decisiones-de-compra>. O acesso a um
tradutor on-line pode ser feito em: <http://tradutor.babylon.com/>.

Caso os alunos não disponham de um computador ou de um tradutor


on-line sugere-se as seguintes fontes, em português, que tratam de assuntos
semelhantes:

1 A influência do merchandising no comportamento de compra de produtos de


higiene pessoal, disponível em: <http://www.ead.fea.usp.br/semead/13semead/
resultado/trabalhosPDF/737.pdf>.

2 A ciência que faz você comprar mais. Disponível em: <http://revistagalileu.


globo.com/Revista/Common/0,,EMI317687-17579,00-A+CIENCIA+QUE+FAZ
+VOCE+COMPRAR+MAIS.html>.

O professor deverá entregar o texto impresso ou solicitar que os alunos


o acessem no laboratório de informática. Para o aproveitamento da leitura em
espanhol, a leitura deverá ser feita vagarosamente, com a ajuda de um dicionário
de espanhol impresso ou com o tradutor on-line, e os alunos deverão anotar a
tradução de palavras desconhecidas. Em grupos de dois alunos, eles deverão
responder ao roteiro a seguir:

QUADRO - QUESTÕES PARA INTERPRETAÇÃO DO TEXTO GEOGRAFÍA DEL SUPERMERCADO:


QUÉ "SECRETOS" ESCONDE LA UBICACIÓN DE LOS PRODUCTOS Y CÓMO INFLUYEN EN SUS
DECISIONES DE COMPRA

1 - Você costuma fazer compras em supermercados? Já havia observado a


disposição dos produtos nas prateleiras e no espaço geral daquele ambiente?

2 - Identifique as características apontadas no texto para a distribuição dos


produtos.

3 - Quem define essa distribuição espacial: o dono do supermercado e seu


gerente, os fabricantes, ou os consumidores? Por quê?

4 - Estabeleça uma relação entre o comportamento dos consumidores e a


distribuição espacial dos produtos.

5 - Identifique os espaços mais valorizados num supermercado. Por quê?

29
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

6 - A distribuição espacial das marcas ocorre de modo aleatório? Explique.

7 - Muitas empresas estudam minuciosamente o comportamento dos


consumidores em três momentos: antes, durante e depois das compras.

a) Como esses diferentes comportamentos influenciam a distribuição


espacial dos produtos?
b) Qual é a intenção desses estudos?

8 - As estratégias das marcas para escolha da melhor localização para seus


produtos podem fazer diferença em:

a) consumidores desinformados? Comente.


b) consumidores informados? Comente.

FONTE: Gil (2013)

As respostas serão anotadas no livro do aluno e a socialização ocorrerá


por meio de um debate, com a turma disposta num grande círculo. Todos devem
participar, contando também suas experiências pessoais como consumidores.

Atividade 2

O professor deverá propor aos alunos, dispostos em grupo de quatro


pessoas, que elaborem o croqui de um supermercado tendo como referência o
texto que acabaram de ler. Para essa atividade, a integração com o professor de
Artes facilita e enriquece o trabalho. Informações sobre elaboração de croqui
podem ser acessadas em: <http://www.youtube.com/watch?v=NzxRZZYu9CQ>.

Caso haja possibilidade, o professor poderá propor a ida a um


supermercado, quando os grupos confrontarão seus croquis com a organização
espacial encontrada. A visita deverá ser agendada, pois os alunos precisarão
circular pelo supermercado na condição de observadores e entrevistadores e
tirar algumas fotos. Caso isso não seja possível, o professor poderá propor que
os alunos realizem individualmente essa tarefa, em momento diferente do seu
período escolar. Alerta-se para a necessidade de autorização para essa visita
e, principalmente, para as fotos. Nesse caso, o professor deverá comunicar o
proprietário sobre a visita dos alunos e solicitar autorização para as fotografias.

Além da observação, os alunos deverão entrevistar pessoas, como:


consumidores, funcionários, gerente, proprietário do estabelecimento e
fornecedores. Se houver o consentimento, eles deverão fotografar aspectos que
representem as constatações feitas durante a leitura. Algumas sugestões de
questionamentos aos entrevistados estão dispostas no quadro a seguir:

30
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO

QUADRO 5 – ENTREVISTAS COM PESSOAS DE DIFERENTES PERFIS E SEGMENTOS

Dona de casa experiente Funcionário


1- Nome, idade e escolaridade da pessoa. 1- Nome e idade do funcionário.
2- A senhora sempre vem a este 2- Há quanto tempo trabalha neste
supermercado? Por quê? supermercado? Qual é a sua função?
3- Costuma trazer uma lista de compras ou já 3- Você sabe quem define a localização
tem na cabeça o que deseja comprar? espacial dos produtos dispostos nas
4- A senhora mantém uma sequência de prateleiras?
locais e produtos para a realização das 4- As pessoas pedem sua ajuda para
compras ou cada dia começa por um lugar localização dos produtos ou costumam
diferente? Por quê? saber onde estão?
5- A senhora compra sempre produtos das 5- Você saberia indicar alguma estratégia
mesmas marcas ou gosta de variar? Por utilizada na distribuição dos produtos, que
quê? acabam resultando em maior quantidade
6- O que mais chama sua atenção: preço, de vendas?
oferta, marca, ou outro fator? 6- Indique alguns hábitos dos consumidores
7- Produtos como arroz, feijão, sal, alho, quanto à escolha dos produtos, que você
cebola, costumam ficar no fundo ou na considera interessante.
lateral esquerda de quem entra no prédio.
Saberia dizer por que?
8- A senhora sabe por que, geralmente, os
refrigerantes e bebidas ficam do lado direito
de quem entra no supermercado?
9- A senhora se sente atraída por produtos
colocados próximo aos caixas, enquanto
está aguardando para pagar a conta? Por
quê?
Alguma pessoa visivelmente inexperiente Gerente ou dono do supermercado
1- Nome, idade e escolaridade da pessoa. 1- Nome e idade do gerente ou proprietário.
2- Você sempre vem a este supermercado? 2- Há quanto tempo trabalha ou é dono deste
Por quê? supermercado?
3- Costuma trazer uma lista de compras ou já 3- Quem define a localização espacial dos
tem na cabeça o que deseja comprar? produtos dispostos nas prateleiras? Há
4- Você mantém uma sequência de locais e marcas que fazem algum tipo de exigência?
produtos para a realização das compras ou Comente.
cada dia começa por um lugar diferente? 4- A administração tem algum benefício com
Por quê? essas exigências?
5- Você compra sempre produtos das mesmas 5- As pessoas costumam pedir ajuda para
marcas ou gosta de variar? Por quê? localização dos produtos ou geralmente
6- O que mais chama sua atenção: preço, sabem onde estão?
oferta, marca, ou outro fator? 6- Você saberia indicar alguma estratégia
7- Produtos como arroz, feijão, sal, alho, utilizada na distribuição dos produtos, que
cebola, costumam ficar no fundo ou na acabam resultando em maior quantidade
lateral esquerda de quem entra no prédio. de vendas?
Saberia dizer por quê? 7- Indique alguns hábitos dos consumidores
8- A senhora sabe por que, geralmente, os quanto à escolha dos produtos, que você
refrigerantes e bebidas ficam do lado considera interessante.
direito de quem entra no supermercado? 8- Indique alguma iniciativa tomada pelos
9- A senhora se sente atraída por produtos organizadores, que não deu o resultado
colocados próximo aos caixas, enquanto está esperado.
aguardando para pagar a conta? Por quê?

31
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Repositor de estoque ou designer vinculado Itens para observação do comportamento dos


a algum fabricante consumidores
1- Nome, idade e escolaridade do profissional. 1- Lado que as pessoas, espontaneamente,
2- Qual é a sua função neste supermercado? mais se dirigem quando entram no
3- Para qual empresa você trabalha? supermercado (direito, esquerdo ou
4- Quais critérios você utiliza para escolher o centro).
local onde colocará os produtos? 2- Se levam ou não uma lista de compra.
5- Há lugares mais e menos apropriados para 3- Se iniciam suas compras por produtos de
os produtos? Explique. primeira necessidade, como alimentos
6- A empresa paga para que seus produtos básicos (arroz, feijão, óleo etc.) ou
sejam colocados onde ela deseja? pelos chamados produtos supérfluos
7- Em relação à escolaridade e ao grau (refrigerantes, guloseimas etc.).
de informação, os consumidores têm 4- Se observam o preço, o prazo de
reações diferentes quanto às estratégias de validade, a marca, ou se pegam o produto
distribuição espacial dos produtos? mecanicamente.
5- Outros aspectos.

FONTE: GIL (2013)

Além das entrevistas, os alunos deverão posicionar-se em pontos


estratégicos do supermercado, de modo respeitoso e discreto, para observar o
comportamento de alguns consumidores. Essa observação deverá ser feita num
intervalo de, no máximo, dez minutos e descrita com detalhes. Eles deverão
observar alguns hábitos, como:

a) o lado que as pessoas, espontaneamente, mais se dirigem quando entram no


supermercado (direito, esquerdo ou centro);
b) se levam ou não uma lista de compra;
c) se iniciam suas compras por produtos de primeira necessidade, como alimentos
básicos (arroz, feijão, óleo etc.) ou pelos chamados produtos supérfluos
(refrigerantes, guloseimas etc.);
d) se observam o preço, o prazo de validade, a marca, ou se pegam o produto
mecanicamente, entre outros itens.
 
O professor de Matemática poderá contribuir indicando elementos que
auxiliam na observação do layout do supermercado, tais como:

a) altura, largura e profundidade das prateleiras;


b) distância entre as gôndolas;
c) área reservada para cada marca, entre outros.

O resultado das entrevistas deverá ser socializado por meio de um debate


em sala de aula, com os alunos dispostos num grande círculo. O professor deverá
estimular o relato das experiências vivenciadas, pois se trata também da construção
de referenciais educacionais para a condição de consumidor dos adolescentes.

Atividade 3

Com a contribuição do professor de Artes, os alunos deverão organizar


o layout de uma exposição no mural da escola utilizando os croquis, as fotografias

32
TÓPICO 2 | A GEOGRAFIA ECONÔMICA E AS TEORIAS DE LOCALIZAÇÃO

tiradas no supermercado, e as sínteses impressas das informações adquiridas. Com


o apoio da coordenação de área ou da direção, as fotos poderão ser impressas na
secretaria da escola.

Em data pré-agendada com outros professores, os alunos ficarão ao lado


do trabalho do seu grupo para explicar suas descobertas aos colegas. Essa atividade
permitirá a interação e o compartilhamento do conhecimento, ao mesmo tempo
em que servirá para estimular o exercício da comunicação oral e da síntese.

Atividade 4

Para encerramento da atividade, o professor deverá solicitar que cada


grupo redija uma síntese da experiência vivenciada e dos novos conhecimentos
adquiridos, destacando aspectos que poderão incorporar aos seus hábitos
cotidianos ou de que forma eles poderão contribuir com a comunidade e quais
informações deverão ser disponibilizadas para ajudar no consumo consciente e
na compra responsável.

O professor poderá selecionar alguns textos e, com a ajuda do professor


de Língua Portuguesa, solicitar aos alunos para que transformem o conteúdo
redigido em pequenas mensagens para divulgação na rádio local. O objetivo dessas
mensagens é ampliar a escala de contribuição social da escola, estendendo para a
comunidade algumas informações reflexivas. As rádios educativas ou comunitárias
são emissoras ideais para esse tipo de comunicação. Mesmo as rádios comerciais
costumam ser bastante receptivas a esse tipo de trabalho escolar. 

Matriz de referência para o ENEM 2009:

<http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2009/Enem2009_
matriz.pdf>.

Nas ondas do rádio:  <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.


html?aula=2062>.

Podcasts: ferramentas a serviço da educação:


<http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=25466>.

Avaliação

Participação, interesse, pontualidade, são aspectos comportamentais e


atitudinais que devem ser considerados na composição da média final. Em relação
ao conhecimento, o professor deverá considerar o desempenho dos alunos nas
interpretações propostas. 

FONTE: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=52020>. Acesso em:


20 jun. 2018.

33
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você viu que:

• As diferenças entre lugares são o resultado do arranjo espacial dos modos de


produção particulares.

• O ‘valor’ de cada local depende de níveis qualitativos e quantitativos dos


modos de produção e da maneira como eles se combinam.

• Conhecida como Teoria do Estado Isolado, Von Thünen propôs um modelo


para explicar a variação do uso do solo agrícola.

• Thünen postula a maximização da renda em função da distância e dos custos


de transporte.

• Alfred Weber (1909) pretendeu definir uma teoria da localização industrial, tal
como Von Thünen tinha pretendido definir uma de localização agrícola.

• No entendimento de Weber, torna-se primordial saber onde determinada


indústria está situada, levando em consideração a relação entre os custos de
transporte, fontes de matérias-primas, a distância aos insumos e ao mercado.

• Em sua teoria, Weber selecionou os três fatores de localização que considerou


mais relevantes: ponto mínimo de custos de transporte; distorção do trabalho
e, forças de aglomeração ou desaglomeração.

• August Lösch propõe o desenvolvimento de uma teoria geral do equilíbrio das


localizações no sistema econômico.

• Lösch postula que o produtor vai se localizar no lugar de maximização dos


ganhos, ou seja, é o ganho que guia a localização.

• A preocupação de Lösch era, sobretudo, entender as oscilações da demanda e


delimitar áreas de mercado.

• O espaço industrial não se reduz à fração restrita do território ocupado


pelas indústrias, mas se trata da produção de uma rede de fluxos visíveis
(mercadorias) e invisíveis (capital, informação, tecnologia) que se materializam
nas relações de produção e de gestão.

34
AUTOATIVIDADE

1 No âmbito da Geografia Econômica, as teorias de localização constituem-se


em um elemento importante para compreender as relações entre dinâmica
econômica e dinâmica espacial. A respeito das teorias de localização,
assinale a alternativa INCORRETA:

( ) As diferenças entre lugares são o resultado do arranjo espacial dos modos


de produção particulares.
( ) O modo como se articulam os fatores de produção revelam as intenções
dos agricultores e permanecem fixos ao longo do tempo.
( ) O valor de cada local depende de níveis qualitativos e quantitativos dos
modos de produção e da maneira como eles se combinam.
( ) A localização dos homens, das atividades e das coisas no espaço explica-
se tanto pelas necessidades externas quanto pelas necessidades ‘internas’.

2 Diversos personagens nos ajudam a contar a história da geografia econômica.


Entre tais personagens, Johann Heinrich von Thünen foi um economista
muito conhecido pela sua teoria da localização. Acerca das contribuições de
Von Thünen, assinale a alternativa INCORRETA:

( ) Conhecida como Teoria do Estado Isolado, Von Thünen procurou analisar


os processos de localização das indústrias europeias.
( ) Thünen buscou explicar o padrão das atividades agrícolas em torno das
cidades na Alemanha pré-industrial.
( ) Conhecida como Teoria do Estado Isolado, Von Thünen propôs um
modelo para explicar a variação do uso do solo agrícola.
( ) Thünen postula a maximização da renda em função da distância e dos
custos de transporte.

3 August Lösch teve relevante contribuição no campo da Geografia


Econômica. Em sua abordagem, o enfoque apropriado é o de encontrar o
lugar do lucro máximo. Para tanto, o autor apoia-se em vários elementos
explicativos. Neste sentido, disserte sobre as economias de escala.

4 (ENADE 2014) Um prática tradicional no Ensino Fundamental adotada nas


aulas de Estudos Sociais, mas desenvolvidas não apenas sob a sua égide, é o
estudo do meio considerando que se deve partir do próprio sujeito, estudando
a criança particularmente, a sua vida, a sua família, a escola, o bairro, a
cidade, e, assim, ir, sucessivamente, ampliando espacialmente aquilo que é
o conteúdo a ser trabalhado. São os círculos concêntricos, que se sucedem
numa sequência linear, do mais simples e próximo ao mais distante.

FONTE: CALLAI, H. C. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do Ensino
Fundamental. Caderno Cedes, Campinas, v. 25, n. 66, maio-ago.2005.

35
Ao trabalhar determinado tema – um conflito territorial que ocorre
em outro continente, por exemplo –, recomenda-se buscar a ligação desse
fenômeno com a experiência cotidiana dos alunos, destacando elementos
correlatos em outros conflitos, que sejam mais próximos da sua vivência.
Nessa abordagem, há uma articulação dialética entre escalas locais e globais
na construção de raciocínios espaciais complexos.

FONTE: CAVALCANTI, L. S. O ensino de geografia com novas abordagens. Revista Nova


Escola, Ed. 238, dez. 2010.

Para sedimentar tais conteúdos e estabelecer relações a partir de


diferentes escalas, tendo o conceito de redes como referência, pode-se fazer
uso de mapas e textos que estabelecem relações interescalares no mundo – do
local para o global – e apresentam também outros agentes, tão importantes
como os EUA, produtores do espaço geográfico mundial.

FONTE: SÃO PAULO. Orientações para o planejamento escolar 2014. Coordenadoria de


Gestão Educação Básica. São Paulo, FEV. 2014.

A partir dos textos acima, avalie as seguintes afirmações.

I. Os textos apresentam indicações para o planejamento e desenvolvimento


de ações didático-pedagógicas correlacionadas ao ensino de Geografia,
contribuindo para a construção do pensamento espacial complexo.
II. Os textos narram a perspectiva de ensino sob abordagens conceituais de
educação e de geografia escolar, considerando a interescalaridade e o
conceito de redes como caminhos metodológicos complementares, numa
análise que foge ao método padronizado de leitura do espaço de forma
linearizada.
III. Os textos tratam de assuntos diversos no contexto das mudanças no ensino
tradicional de Geografia ocorridas após a década de 1970, mas apresentam
perspectivas similares de abordagens metodológicas ainda postas em
prática na atualidade, a exemplo dos círculos concêntricos.

É correto o que se afirma em:

a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III apenas.
e) I, II e III.

36
UNIDADE 1
TÓPICO 3

CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA


ECONÔMICA: CRESCIMENTO ECONÔMICO E
DESENVOLVIMENTO

1 INTRODUÇÃO
Agora que você já aprendeu com o que se ocupa a Geografia Econômica,
é bastante provável que venham à sua mente expressões como crescimento e
desenvolvimento. Afinal, conforme vimos no Tópico 1, tais assuntos são centrais
nos debates sobre Geografia Econômica. Contudo, há que se admitir que existe
certa imprecisão no emprego de tais termos, tanto no âmbito acadêmico como no
plano político ou cotidiano. Como se não bastassem as divergências relacionadas
a estes dois termos, vêm tomando força no cenário atual diversos adjetivos que
procuram qualificar e delimitar diferentes processos de crescimento – econômico,
sustentado, endógeno –, assim como ocorre com o termo desenvolvimento – que
poderia ser sustentável, social, inclusivo, justo etc. A intenção é, primeiramente,
fazer um retrospecto histórico para explicar como surgem estes termos e tentar
explicar os principais motivos que justificam a “confusão” em torno da temática.
Venha acompanhar!

2 BUSCANDO EXPLICAÇÕES NAS ORIGENS


Para que possamos compreender como se estruturou a ideia de
desenvolvimento na atualidade, vamos contar brevemente a trajetória histórica
deste conceito. Você vai notar que neste processo histórico houve uma intensa
aproximação com a área disciplinar da economia, tendo em vista a proximidade
de alguns temas de interesse tanto da geografia como da economia. Outro
ponto importante de ser comentado é o de que nem sempre houve uma
área de concentração de estudos exclusiva para pensar o crescimento ou o
desenvolvimento. Em vários casos, este conceito estava difuso em outras teorias.

Santos e Oliveira (2017) explicam que, ainda que de modo indireto, as


abordagens de desenvolvimento já comparecem em obras de economistas
clássicos, neoclássicos, na obra de Karl Marx e de Joseph Schumpeter. “Mas é
apenas a partir da década de 1950 que o desenvolvimento adquire notoriedade
e se torna um tema especificamente novo na economia, quanto alvo de políticas
públicas internacionais e nacionais” (SANTOS; OLIVEIRA, 2017, p. 119).

37
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

3 A IDEIA DE CRESCIMENTO ECONÔMICO


Tratando das contribuições da Geografia Econômica nos estudos sobre
crescimento e desenvolvimento, Araújo Júnior (2015, p. 133) explica que:

Um dos temas em que a geografia econômica pode e deve se aprofundar


diz respeito às questões entre crescimento e desenvolvimento econômico.
É preciso ressaltar que são conceitos diferentes. Crescimento econômico
é o crescimento contínuo da renda per capita ao longo do tempo, isto é, a
quantidade de bens e serviços cresce mais rapidamente que a coletividade
que os produz; é o aumento constante da produtividade da força de trabalho.
Já o desenvolvimento econômico é mais amplo e se refere à composição do
produto e à alocação dos recursos pelos diferentes setores da economia que
melhoram os indicadores de bem-estar social e econômico.

É adequado mencionar que não se tratam de conceitos melhores ou piores.


Apenas é preciso ter o cuidado adequado ao selecionar o termo que melhor se
aplica à questão ou elemento que se pretende ressaltar. De modo simples, a ideia
de crescimento remete às transformações de natureza quantitativa. Siedenberg
e Valentim (2006, p. 63) esclarecem que crescimento econômico é o aumento da
capacidade produtiva e da produção de uma economia observado em determinado
local (município, unidade federativa, região ou país). Para mensurar o crescimento
é necessário utilizar um indicador quantitativo. Usualmente, utilizam-se o PIB ou
o PNB. Mas o que mede cada um destes indicadores?

O PIB é uma medida do valor dos bens e serviços que o país produz num
período, na agropecuária, indústria e serviços, trata-se do valor agregado de todos
os bens e serviços finais produzidos dentro de um país ou de outro recorte espacial
selecionado (SIEDENBERG; VALENTIM, 2006). Neste sentido, o PIB pode ser
medido em termos de país ou estimado a partir de uma média por pessoa, veja:

FIGURA 8 – PIB
Objetivo Por pessoa/per capita Restrições
Medir a atividade econômica e o nível O Produto Interno Bruto per capita O PIB per capita não é um dado
de riqueza de uma região. Quanto mais (ou por pessoa) mede quanto, do total 'definitivo'. Porém, um país com maior
se produz, mais se está consumindo, produzido, 'cabe' a cada brasileiro se PIB per capita tende a ter maior Índice
investindo e vendendo todos tivessem partes iguais de Desenvolvimento Humano (IDH)

Quanto O PIB não leva em


maior o PIB contra a distribuição
por pessoa... de renda desigual
em que alguns são
AGRICULTURA muito ricos e outros
extremamente pobres

INDÚSTRIA

SERVIÇOS

... aumenta a qualidade


de vida e o acesso a serviços

FONTE: <http://g1.globo.com/economia/pib-o-que-e/platb/>. Acesso em: 11 jun. 2018.

38
TÓPICO 3 | CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA: CRESCIMENTO ECONÔMICO
E DESENVOLVIMENTO

DICAS

Aproveite para assistir a este vídeo de apenas quatro minutos sobre o PIB, elaborado
pelo IBGE. Basta acessar o link a seguir: <https://www.youtube.com/watch?v=lVjPv33T0hk>.

Seguindo com a explicação sobre o crescimento econômico, outra possibilidade


de mensurá-lo é medir a variação do PNB – Produto Nacional Bruto (SIEDENBERG;
VALENTIM, 2006). Mas o que se entende por Produto Nacional Bruto?

*Produto Nacional Bruto (PNB) consiste no somatório de todos os


bens e serviços finais produzidos por empresas que são de propriedade de
residentes no país.

Não inclui as multinacionais estrangeiras, ou seja, o PNB compreende


tudo o que é produzido por empresas nacionais, estejam elas atuando no
Brasil ou no exterior.

FONTE: PORTAL EDUCAÇÃO (2018, p. 1). Disponível em: <https://www.


portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/administracao/produto-interno-bruto-
pib-e-o-produto-nacional-bruto-pnb/29781>.

Observe que há uma distinção entre os elementos que são mensurados na


contagem do PIB e do PNB. Dependendo de qual aspecto atrelado ao crescimento
econômico que se pretende realçar, poderá ser adotado um ou outro indicador.
Para facilitar o entendimento e não esquecer estas diferenças, veja a figura a
seguir, elaborada pelo Banco Central do Brasil.

FIGURA 9 – ENTENDENDO A DIFERENÇA ENTRE PIB E PNB

FONTE: <https://twitter.com/hashtag/bcexplica>. Acesso em: 25 jun. 2018.

39
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Conforme fica evidente no quadro, é importante deixar claro que quando


falamos de crescimento econômico, estamos falando de variações quantitativas e
que, portanto, precisam do suporte de indicadores aptos para mensurar a variação
que se pretende observar. A escolha do indicador econômico fica a critério do
pesquisador que conduz o estudo e é possível, inclusive, que o mesmo elabore
um indicador próprio para ser utilizado. O importante é que esteja claro qual foi
o indicador utilizado e quais critérios foram levados em conta na construção de
sua metodologia.

Levando em consideração a vantagem que a utilização do PIB representa,


no sentido de permitir comparar o desempenho de diferentes países – visto
que este é um indicador de ampla utilização internacional, historicamente ele
vem sendo utilizado para comparar e analisar o comportamento econômico de
diferentes países, conforme nos mostra o mapa a seguir.

FIGURA 10 – VARIAÇÃO DO PIB DOS PAÍSES EM 2015

Variação do PIB dos


países em 2015
Em % sobre o ano anterior

China 6,9

EUA 2,4

Reino Unido 2,2

França 1,2

Alemanha 1,7

Brasil -3,8

Infográfico elaborado em: 3/3/2016


FONTE: <http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/03/pib-do-brasil-cai-38-em-2015.html>.
Acesso em: 25 jun. 2018.

Os dados apresentados no gráfico revelam a acentuada ascensão do PIB


na China e expressam a situação de similaridade no que tange ao crescimento
do PIB ocorrido tanto no Reino Unido como nos Estados Unidos. Mostra ainda
as dificuldades econômicas enfrentadas no Brasil, em decorrência da conjuntura
política e econômica.

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TÓPICO 3 | CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA: CRESCIMENTO ECONÔMICO
E DESENVOLVIMENTO

Além de retratar as diferenças entre o crescimento dos países, este


indicador é também utilizado na escala local, conforme podemos observar no
mapa exposto a seguir:

FIGURA 11 – MAPA PIB TOTAL POR MUNICÍPIOS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
REFERENTE AO ANO DE 2015

FONTE: <http://www.atlassocioeconomico.rs.gov.br/pib-total>. Acesso em: 26 jun. 2018.

Observe no mapa como é elevada a concentração de municípios com


PIB elevado na capital Porto Alegre e nos munícipios situados no seu entorno.
Note também o valor expressivo do PIB de Rio Grande, município que contribui
significativamente para a economia devido ao fato de abrigar um porto. Observe
como é discreta a contribuição do PIB dos pequenos municípios situados na porção
oeste do Estado. Como você pode notar, um mapa que apresente os PIB de cada
município pode ser um importante ponto de partida para os estudos de Geografia
Econômica, pois ele pode motivar o pesquisador a fazer perguntas e ir atrás das
respostas. Isto, buscar explicações para os padrões locacionais observados. O que

41
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

ocorre em tal município para a contribuição ser tão discreta? Ou ainda, por que
em determinada área, onde se situam vários pequenos municípios, nota-se uma
posição de destaque de determinado município? Este é um importante papel dos
geógrafos, buscar explicações para os padrões espaciais.

Retomando as definições conceituais de crescimento econômico, Siedenberg


e Valentim (2006, p. 64) realçam que:

[...] é necessário considerar que nem sempre o crescimento econômico


beneficia a economia como um todo: pode estar ocorrendo a transferência
de excedentes para outros países ou o excedente produzido pode estar
sendo apropriado apenas por poucas pessoas ou grupos sociais.

Considerando a limitação do conceito de crescimento econômico para


interpretar e compreender determinadas transformações econômicas que ocorrem
no espaço, emerge o debate sobre o conceito de desenvolvimento, conforme será
exposto a seguir.

4 O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO
Ao começarmos o debate sobre o tema “desenvolvimento”, parece
providencial adiantar que se trata de um tema polêmico e que alcança diversos
campos disciplinares: geografia, economia, sociologia, história, administração e
vários outras –, sem esquecer sua ampla utilização no plano político, com realce
para os discursos eleitorais.
Talvez as primeiras perguntas que surgem em nossas mentes ao introduzir
o termo sejam: de que desenvolvimento se está falando e para quem é este
desenvolvimento? Provavelmente, você leitor já tenha ouvido falar de “vários
desenvolvimentos”, no contexto da geografia e também no plano extrínseco
a esta disciplina: desenvolvimento social, desenvolvimento sustentável,
desenvolvimento regional, desenvolvimento humano, desenvolvimento local,
desenvolvimento territorial, desenvolvimento desigual e por aí vai. Discorrendo
sobre o amplo uso do termo desenvolvimento, Riedl (2017, p. 97) pontua que:

Provavelmente, trata-se do conceito de mais larga difusão e utilização


em todos os setores de atividades. A noção de desenvolvimento
está presente na literatura desde os primórdios da ciência.
Independentemente das concepções políticas e ideológicas, todos os
regimes políticos, autoritários ou democráticos, conservadores ou
liberais, valem-se das projeções e concepções de desenvolvimento em
busca de sua legitimação.

Nesse sentido, a primeira ressalva a ser feita é que neste tópico iremos
discutir o conceito de desenvolvimento atrelado ao debate da Geografia Econômica.
Por isso, a dimensão econômica será privilegiada no sentido de conduzir as
explicações para o enfoque disciplinar proposto para este livro didático, sem,
contudo, desconsiderar ou atribuir menor importância às outras esferas envolvidas
no debate sobre o desenvolvimento.

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TÓPICO 3 | CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA: CRESCIMENTO ECONÔMICO
E DESENVOLVIMENTO

Em uma retrospectiva histórica, o conceito de desenvolvimento surge


vinculado à ideia de crescimento econômico. Assim, diversos economistas,
incluindo boa parte dos teóricos da localização apresentados no tópico anterior,
procuraram, a partir de diferentes perspectivas, entender quais fatores levariam a
uma melhora das condições econômicas de determinados países, ou seja, seriam
capazes de promover o desenvolvimento.

No plano político, paulatinamente passou-se a difundir a ideia de plano


de desenvolvimento como um instrumento que seria adequado para conduzir
ações de natureza desenvolvimentista. A este respeito, Santos e Oliveira (2017, p.
120) pontuam que:

Em princípio, as políticas desenvolvimentistas dos governos estavam


ligadas diretamente aos elementos macroeconômicos, como a geração
de emprego e de renda per capita. É com o aumento das desigualdades
inter-regionais que surgem proposições de desenvolvimento que
visam uma maior equalização entre as regiões. O relativo atraso entre
os países é visto pela existência de obstáculos ao crescimento, e a
“etapa de decolagem” ou a passagem de uma sociedade tradicional
para uma sociedade moderna seria marcada pelo crescimento da
indústria e pelo aumento do consumo de massa.

Note, na fala de Santos e Oliveira (2017), que as políticas de desenvolvimento


estão apoiadas na ideia de progresso e de evolução. Neste sentido, emergiram teorias
ocupadas em entender como seria possível alcançar estes “estágios” ou “etapas”
de desenvolvimento, entre as quais se menciona a ideia de desenvolvimento
econômico. Madureira (2015, p. 8) explica que:

Aumentos constantes no nível de produção são sinais evidentes de


crescimento econômico, mas, para configurarem-se em desenvolvimento
econômico, esses incrementos precisam chegar a toda a comunidade
analisada, via melhorias na saúde, renda, educação, entre outros.

Madureira (2015) explica em que contexto histórico foi cunhado o conceito


de desenvolvimento econômico. Por isso, acompanhe o fragmento do seu artigo
que explica a origem deste conceito.

O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

O desenvolvimento econômico é um conceito, de certa forma,


bastante antigo, e não obstante cercado de controvérsias. Meier e Baldwin
(1968) acreditavam que nenhuma definição dada ao desenvolvimento
econômico poderia ser definitiva, tendo em vista a complexidade do tema.
No momento histórico da sua publicação, esses autores não apontavam
diferenças significativas entre os fenômenos do crescimento econômico e
do desenvolvimento econômico. “Embora seja possível estabelecer algumas
específicas distinções entre estes termos, eles são, em essência, sinônimos”
(MEIER; BALDWIN, 1968 p. 12).

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Um ano antes do término da Segunda Guerra, problemas de toda a


sorte começaram a ser percebidos na economia mundial. Havia escassez de
recursos monetários em virtude da guerra e a reconstrução se fazia necessária.
A reestruturação das economias atingidas era urgente. Diante disso, em julho
de 1944 foi realizada uma Conferência na Cidade de Bretton Woods, nos EUA,
visando criar regras para as operações comerciais e financeiras dos países
industrializados, bem como o auxílio às economias em crise (MADUREIRA, 1998).

Nesse ínterim foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas), um


organismo que, segundo Haffner (1996), trataria da paz mundial, educação,
alimentação e coordenaria programas que auxiliassem no desenvolvimento de
países mais atrasados e afetados pela guerra. Vinculada à ONU, nasce a CEPAL
(Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), que, por meio de seus
estudos, visava entender as peculiaridades da América Latina e Caribe, e fomentar,
por meio de seus relatórios, alternativas para o desenvolvimento dessa região.

No ambiente da Terceira Revolução Industrial desenvolveu-se o


Welfare State, que de acordo com Galbraith (1994), visava ajudar os menos
afortunados. O BIRD e o FMI dispunham, segundo esse autor, de nove
bilhões de dólares para reconstrução de países afetados pela guerra e para o
desenvolvimento econômico dos novos países independentes.

É nesse ambiente que o desenvolvimento econômico volta à tona, e


sua definição passa a contar com novas abordagens teóricas em consequência
no novo cenário mundial. Essas novas abordagens consideram crescimento
econômico e desenvolvimento econômico como dois fenômenos distintos,
mas complementares. Nesse sentido, o desenvolvimento econômico não se
manifestará obrigatoriamente num ambiente de crescimento econômico,
porém, não há como conceber desenvolvimento econômico sem a presença do
crescimento econômico. “[...] desenvolvimento é, basicamente, aumento do fluxo
de renda real, isto é, incremento na quantidade de bens e serviços por unidade de
tempo, à disposição de determinada coletividade” (FURTADO, 1963, p. 115)

Para Kuznets (1970 p. 10), “[...] o aspecto característico do moderno


desenvolvimento econômico é a frequente combinação de altas taxas de
aumento populacional total e do produto per capita, implicando taxas ainda
mais elevadas de expansão do produto total”. O autor ressalta que tal ênfase
dada sobre o aumento do produto per capita configura-se de fundamental
importância para o desenvolvimento econômico, na medida em que o
aumento da produção per capita do país transfigura-se em mudanças no
padrão de demanda, bem como num melhor padrão de vida para a população
e uma melhora nas relações internacionais.

Oliveira (2002) acredita que, de forma geral, o desenvolvimento


econômico deve resultar do crescimento econômico e necessariamente deverá
estar acompanhado de melhorias visíveis na qualidade de vida da população.

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TÓPICO 3 | CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA: CRESCIMENTO ECONÔMICO
E DESENVOLVIMENTO

“O desenvolvimento econômico é um conceito mais qualitativo, incluindo as


alterações da composição do produto e alocação de recursos pelos diferentes
setores da economia, de forma a melhorar os indicadores de bem-estar
econômico e social (pobreza, desemprego, desigualdade, condições de saúde,
alimentação, educação e moradia)” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2008, p. 255).

O desenvolvimento econômico é um processo de mudanças estruturais


na economia, na política e principalmente nas relações sociais, tanto que
para Cardoso e Faletto (1970, p. 16), “[...] o desenvolvimento é em si mesmo
um processo social; mesmo seus aspectos puramente econômicos deixam
transparecer a trama de relações sociais subjacentes”. O desenvolvimento
advém de aumentos constantes do produto e da renda (crescimento
econômico), gerando uma maior satisfação das necessidades humanas e uma
consequente melhora nos índices sociais.

Ao contrário das teorias que dispõem que, uma vez iniciado o


processo de desenvolvimento econômico, esse caminha de uma forma
natural, cumprindo o ciclo da maturidade à velhice, Hirschman (1961)
e Myrdal (1965) posicionam-se de forma contrária, principalmente em
relação aos países subdesenvolvidos, que apresentam inúmeros problemas
relacionados ao crescimento econômico. Nesse sentido, ambos os autores
citam a teoria de Rostow (1974) como fundamental para estabelecer etapas
para um desenvolvimento duradouro em países subdesenvolvidos, em razão
desse autor não estipular receitas, e sim, versar sobre as etapas que cada nação
desenvolvida superou para atingir seu grau de desenvolvimento.

FONTE: MADUREIRA, Eduardo Miguel Prata. Desenvolvimento regional: principais teorias. Revista


Thêma et Scientia. Vol., v. 5, n. 2, p. 9, 2015. (Grifo nosso). Disponível em: <https://www.fag.edu.
br/upload/arquivo/1457726705.pdf>. Acesso em: 28 ago. 2018.

Observe no texto de Madureira (2015) como a dimensão qualitativa


é privilegiada no conceito de desenvolvimento econômico. Note que a ideia
de crescimento versus desenvolvimento implica que não são necessariamente
concorrentes em sua essência. Com base no retrospecto histórico apresentado
sinteticamente por Madureira (2015), podemos entender um pouco das origens
do conceito, e assim, torna-se mais fácil compreender um pouco da imprecisão de
definição de termos que permeiam este assunto.

Com relação aos conceitos que são criados, é importante termos em mente que
eles são cunhados em determinado momento histórico e com determinado propósito.
Por isso, ao utilizarmos os conceitos, precisamos levar em conta sua bagagem histórica
e deixar claro o que pretendemos realçar com a utilização de cada conceito.

No texto de Madureira (2015, p. 8), o autor explica que: “o desenvolvimento


econômico não se manifestará obrigatoriamente num ambiente de crescimento
econômico, porém, não há como conceber desenvolvimento econômico sem a presença
do crescimento econômico”. Com o intuito de melhor ilustrar esta definição, vamos

45
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

analisar, ainda que em caráter incipiente, dois exemplos reais. Para começar, tomemos
como exemplo o caso da Noruega. Trata-se de um caso emblemático, no qual o excelente
desempenho econômico do país acompanha elevados índices de desenvolvimento
humano e de qualidade de vida, como evidenciam os números a seguir:

Fragmento da reportagem publicada na Revista Exame.

FIGURA 12 – NORUEGA

(Dalbera/CreativeCommons)
Esperança de Vida: 81,1 anos Média de Anos de Escolaridade: 12,6 Expectativa de Anos de
Escolaridade: 17,3 PIB Per Capita: US$ 47.557

FONTE: <https://exame.abril.com.br/economia/os-10-paises-com-maior-indice-de-
desenvolvimento-humano-do-mundo/>. Acesso em 26 jun. 2018.

Por outro lado, temos a situação da China, que embora ocupe posição
de destaque nos índices de crescimento econômico, ainda precisa lidar com
diversos problemas ambientas e sociais, com destaque para os elevados índices
de poluição, como fica evidente na reportagem selecionada e exposta a seguir:

Poluição afeta quase 90% das principais cidades da China

FIGURA 13 – POLUIÇÃO NA CHINA

FONTE: <https://www.google.com.br/search?q=polui%C3%A7%C3%A3o+china&source=l-
nms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiDyrOox4DcAhUBWywKHZlyDeUQ_AUICigB&bi-
w=1920&bih=974#imgrc=iGPejZ_MGNPQ8M>. Acesso em: 25 jun. 2018.

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TÓPICO 3 | CONCEITOS RELEVANTES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA: CRESCIMENTO ECONÔMICO
E DESENVOLVIMENTO

O ar que se respira em quase 90% das principais cidades chinesas continua


aquém dos padrões de qualidade, apesar da "melhoria" registrada em 2014, segundo
avaliação divulgada hoje (2) pelo Ministério chinês da Proteção Ambiental.

Das 74 cidades avaliadas, apenas oito satisfizeram os padrões nacionais


de qualidade do ar, principalmente quanto à densidade das pequenas partículas,
as mais suscetíveis de se infiltrarem nos pulmões e de atacarem o sistema
respiratório. Em 2013, só três cidades (Haikou, Lhasa e Zhoushan) cumpriram
os padrões, diz o ministério.

Pequim, considerada uma das capitais mais poluídas do mundo, "não está
entre as dez piores nem entre as dez melhores", informa o jornal China Daily, sem
precisar o lugar ocupado pela cidade. Mas sete das dez cidades chinesas com pior
qualidade do ar em 2014 estão em volta da capital.

Hoje, o índice municipal de qualidade do ar em Pequim estava no nível


"moderadamente poluído".

A poluição tornou-se nos últimos anos uma das principais fontes de


descontentamento popular na China, além da corrupção e das crescentes
desigualdades sociais. Em março de 2013, o novo primeiro-ministro, Li Keqiang,
prometeu que o governo ia "declarar guerra à poluição".

Seis empresas de Taizhou, na província de Jiangsu, no Leste da China,


foram condenadas em dezembro passado a pagar 160 milhões de yuans (cerca de
23 milhões de euros) por terem descarregado 25 mil toneladas de detritos químicos
em dois rios, na maior multa desse tipo ordenada por um tribunal chinês.

Das dez cidades com melhor qualidade do ar em 2014, quatro (Shenzhen


Zhuhai, Huizhou e Zhongshan) ficam na província de Guangdong.

Entre as dez piores, a lista é liderada por Baoding, cidade da província de


Hebei situada a cerca de 200 quilômetros ao sul de Pequim e que é a sede de uma
das mais conhecidas fábricas chinesas de painéis solares.

Em 2014, o número de dias "altamente poluídos" na capital chinesa


diminuiu para 45, treze a menos do que em 2013. Houve 93 dias com qualidade
do ar "excelente", 22 a mais do que no ano anterior.

FONTE: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2015-02/poluicao-afeta-quase-
90-das-principais-cidades-da-china>. Acesso em: 22 jun. 2018.

Conforme se observa nos exemplos apontados, o desenvolvimento


econômico, ao abarcar melhorias nas condições de qualidade de vida da população,
por conta disso, está amarrado aos Índices de Desenvolvimento Humano. Acerca
deste indicador, Riedl (2017, p. 98) reforça que:

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UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Basicamente, o IDH utiliza a média aritmética de três indicadores para


medir o desenvolvimento de um país: esperança de vida ao nascer, taxa
de mortalidade de menores de cinco anos e as taxas de alfabetização
da população. Esses indicadores sintetizam a vantagem de transmitir a
percepção do perfil da distribuição do PIB na população, contornando
em parte as restrições ao uso indiscriminado da renda per capita como
sinônimo de desenvolvimento.

É pertinente mencionar ainda que o debate atual em torno do


desenvolvimento econômico está atrelado à ideia de desenvolvimento sustentável.

UNI

O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual,


sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias
necessidades, esta é a definição mais comum de desenvolvimento sustentável. Ela implica
possibilitar às pessoas, agora e no futuro, atingir um nível satisfatório de desenvolvimento
social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso
razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais. Em resumo, é o
desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. Um desenvolvimento sustentável
requer planejamento e o reconhecimento de que os recursos são finitos. [...] O conceito
de desenvolvimento sustentável procura harmonizar os objetivos de desenvolvimento
econômico, desenvolvimento social e a conservação ambiental.

FONTE: <http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28588-o-que-e-desenvolvimen-
to-sustentavel/>.  Acesso em: 13 ago. 2018.

48
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você aprendeu que:

• É a partir da década de 1950 que o desenvolvimento adquire notoriedade e se


torna um tema especificamente novo na economia e alvo de políticas públicas
internacionais e nacionais.

• Crescimento econômico é o crescimento contínuo da renda per capita ao longo


do tempo, isto é, a quantidade de bens e serviços cresce mais rapidamente
que a coletividade que os produz; é o aumento constante da produtividade da
força de trabalho.

• O PIB é uma medida do valor dos bens e serviços que o país produz num
período, na agropecuária, indústria e serviços, trata-se do valor agregado de
todos os bens e serviços finais produzidos dentro de um país ou de outro
recorte espacial selecionado.

• Produto Nacional Bruto (PNB) consiste no somatório de todos os bens e


serviços finais produzidos por empresas que são de propriedade de residentes
no país. Não inclui as multinacionais estrangeiras, ou seja, o PNB compreende
tudo o que é produzido por empresas nacionais, estejam elas atuando no
Brasil ou no exterior.

• Aumentos constantes no nível de produção são sinais evidentes de crescimento


econômico, mas para se configurarem em desenvolvimento econômico, esses
incrementos precisam chegar a toda comunidade analisada, via melhorias na
saúde, renda, educação, entre outros.

• O IDH utiliza a média aritmética de três indicadores para medir o


desenvolvimento de um país: esperança de vida ao nascer, taxa de mortalidade
de menores de cinco anos e as taxas de alfabetização da população.

49
AUTOATIVIDADE

1 A Geografia Econômica, ao estudar as transformações espaciais decorrentes


das atividades econômicas, precisa conhecer e acompanhar os índices de
crescimento econômico. A respeito do conceito de crescimento econômico,
analise as sentenças e assinale a alternativa CORRETA:

( ) Crescimento econômico está relacionado com a diminuição das taxas de


juros e com o aumento da oferta de crédito.
( ) Crescimento econômico é um processo que implica necessariamente
melhorias das condições educacionais da população.
( ) Crescimento econômico é o aumento da capacidade produtiva e da
produção de uma economia observado em determinado local.
( ) Crescimento econômico é um processo que implica necessariamente
melhorias das condições de saúde da população.

2 Diferentes indicadores, seja de natureza quantitativa ou qualitativa, podem


ser utilizados para mensurar o desempenho de municípios, unidades
federativas e países. Com relação ao PIB, assinale a alternativa incorreta:

( ) É uma medida do valor dos bens e serviços que o país produz num
período, na agropecuária, indústria e serviços.
( ) É o valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro de
um país ou de outro recorte espacial selecionado.
( ) É um indicador que está em desuso, visto sua incapacidade de mensurar
os reais níveis de pobreza de uma população.
( ) É utilizado para medir e comparar o crescimento econômico de municípios
sediados dentro de uma mesma unidade federativa.

3 Para que se possa desenvolver os planos de desenvolvimento capazes de


fomentar a economia de municípios, unidades federativas ou países, é
preciso ter em mãos indicadores capazes de retratar, de alguma forma, o
desempenho econômico de uma dada localidade. A este respeito, disserte
sobre os objetivos do PIB.

50
4 (ENADE 2011)

A expressão “o Xis da questão” usada no título do infográfico diz respeito:

a) À quantidade de anos de estudos necessários para garantir um emprego


estável com salário digno.
b) Às oportunidades de melhoria salarial que surgem à medida que aumenta
o nível de escolaridade dos indivíduos.
c) À influência que o ensino de língua estrangeira nas escolas tem exercido na
vida profissional dos indivíduos.
d) Aos questionamentos que são feitos acerca da quantidade mínima de anos
de estudo que os indivíduos precisam ter para ter uma boa educação.
e) À redução da taxa de desemprego em razão da política atual de controle da
evasão escolar e de aprovação automática de ano de acordo com a idade.

51
52
UNIDADE 1
TÓPICO 4

GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

1 INTRODUÇÃO
No campo da Geografia, o desenvolvimento regional é tanto um conceito
amplamente debatido na arena teórica, como também possui ampla difusão e
utilização no plano empírico. Por este e outros motivos é que o desenvolvimento
regional se constitui também em importante linha de pesquisa dentro da geografia.
Para conduzir investigações neste sentido, programas de pós-graduação em nível
de mestrado e doutorado dispõem de linhas de pesquisa nesta área.

A relação entre o desenvolvimento regional e a geografia econômica é


estreita, visto que a preocupação central da geografia econômica de entender os
motivos que explicam a localização de empresas e os padrões de desenvolvimento
observados em determinado recorte espacial, podem ser estudados à luz das
teorias de desenvolvimento regional.

2 O QUE SE ENTENDE POR DESENVOLVIMENTO REGIONAL?


Para responder a esta pergunta, iremos tomar como referência a definição
de desenvolvimento regional trabalhada por Dieter R. Siedenberg no Dicionário
de Desenvolvimento Regional, acompanhe:

Desenvolvimento Regional

Nas análises concernentes ao assunto, esse termo aparece tanto


relacionado a um processo quanto a um estágio. No primeiro caso, refere-se a
um processo de mudanças sociais e econômicas que ocorrem numa determinada
região. Nesse caso, é necessário considerar duas dimensões intrínsecas ao
conceito, uma temporal e outra espacial, ao passo que as mudanças podem ser
de ordem qualitativa e/ou quantitativa, podendo ser mensuradas através de
diferentes indicadores e parâmetros.

A dimensão temporal está relacionada à evolução do processo de


mudanças ao longo do tempo, enquanto que a dimensão espacial varia de
acordo com o enfoque pretendido: por desenvolvimento regional pode-se
entender tanto o recorte de uma dimensão continental (por exemplo,

53
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

o Mercosul), quanto uma dimensão intermediária entre as delimitações


administrativas de um país e seus estados (por exemplo, região Nordeste)
ou mesmo uma dimensão intermediária entre estados e municípios (por
exemplo, Região do Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul). Decorre daí
que o adjetivo regional pressupõe a existência de outros espaços geográficos
comparáveis à unidade espacial em questão. É necessário considerar também
que a delimitação pode se dar através de diferentes aspectos: geográficos,
administrativos, econômicos, físico-naturais, culturais, políticos, etnográficos,
entre outros.

A utilização do termo desenvolvimento regional normalmente está


associada às mudanças sociais e econômicas que ocorrem num determinado
espaço, porém é necessário considerar que a abrangência dessas mudanças vai
além desses aspectos, estabelecendo uma série de inter-relações com outros
elementos e estruturas presentes na região considerada, configurando um
complexo sistema de interações e abordagens.

Muitas vezes, o termo desenvolvimento regional também é associado


a um estágio (ou estado temporal) social e econômico de uma região ou país,
referindo-se à posição relativa destes, medida através de diferentes indicadores
socioeconômicos, em comparação com outras regiões e países, ou seja, nesse
contexto, são explicitadas apenas algumas características de um determinado
momento do processo de mudanças.

FONTE: SIEDENBERG, Dieter. Desenvolvimento Regional. In: SIEDENBERG, Dieter (Coord.).


Dicionário de Desenvolvimento Regional. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2006.

A definição de desenvolvimento regional cunhada por Siedenberg (2006)


é bastante completa e esclarecedora. Observe como as duas dimensões intrínsecas
ao conceito de desenvolvimento regional – temporal e espacial – estão próximas
da geografia. Afinal, a geografia está sempre atenta e interessada em compreender
como as transformações se manifestam no tempo e no espaço.

Com relação à dimensão espacial, cumpre reforçar que o recorte da região


não precisa ser dado a priori. Isto é, estamos habituados a utilizar delimitações de
regiões já conhecidas, por exemplo, Sul e Sudeste. Mas vale lembrar que podemos
criar um critério próprio, em nossos estudos, para delimitar espacialmente a região
que iremos estudar, por exemplo, a Região dos Municípios Produtores de Mel. O
importante é deixar claro qual será o critério de delimitação utilizado.

Para auxiliar na compreensão do conceito de desenvolvimento regional,


elaboramos um diagrama com as ideias centrais trabalhadas por Siedenberg
(2006).

54
TÓPICO 4 | GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

FIGURA 14 – SÍNTESE DO CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Estágio social e
Relacionada
econômico de uma
à evolução do
Dimensão Termo relacionado região ou país.
processo de
Temporal a um ESTÁGIO Posição relativa em
mudança ao
comparação a outra
longo do tempo.
região ou país.
DESENVOLVIMENTO
REGIONAL
Varia de acordo Processo de
com o enfoque mudanças sociais
pretendido: Dimensão Regional: pressupõe Termo relacionado ou econômicas.
continental, Espacial a existência de outros a um ESTÁGIO Mudanças
regional, espaços geográficos quantitativas ou
municipal, etc. comparáveis à qualitativas.
unidade espacial em
questão.

Delimitação da região pode


se dar a partir de diferentes
aspectos: administrativos,
econômicos, físico-naturais,
políticos etc.

FONTE: Adaptado de Siedenberg (2006)

Para articular e complementar os conteúdos abordados nos tópicos 3 e 4,


leia o artigo a seguir. Boa leitura!

LEITURA COMPLEMENTAR

DESENVOLVIMENTO E REGIÃO: A MULTIPLURALIDADE


DOS CONCEITOS

Arlete Longhi Weber


Gilberto Friedenreich dos Santos

INTRODUÇÃO

Desenvolvimento é algo bastante almejado pelas diferentes sociedades


mundiais, há uma busca incessante por parte de governantes e populações para
alcançar o desenvolvimento. Mas o que realmente significa ser um país ou uma
região desenvolvida?

Conforme Boisier (2006), o conceito de desenvolvimento se encontra em


processo de transição entre sua antiga concepção, centrada na ideia de crescimento
econômico, e a nova concepção associada mais às atitudes e menos à aquisição material.

Agora é possível, inclusive, reconhecer situações nas quais níveis


baixos de conquistas materiais estão acompanhados de altos níveis de
satisfação pessoal, situações que podemos identificar com situações de
desenvolvimento, desde que as necessidades básicas estejam satisfeitas
(BOISIER, 2006, p. 69).

55
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Celso Furtado (1980) afirma que o conceito de desenvolvimento apresenta


dois sentidos, um relacionado à acumulação e ao progresso e outro relacionado
com a satisfação humana.

O termo região também, dependendo de sua perspectiva e enfoque,


apresenta diferentes sentidos. Roberto Lobato Corrêa, em seu livro “Região e
Organização Espacial”, no capítulo que trata do conceito de região, já o faz dizendo
que é um conceito complexo. Gomes (1995) diz que não há um conceito definido
de região e que este transita dentro e fora da ciência. Souza (2013) também relata
que muito já foi escrito e estudado acerca do conceito de região e que estes ainda
não estão encerrados.

O termo desenvolvimento, assim como o termo região, foram, no decorrer


dos tempos, se tornando parte de estudos e pesquisas como tentativas de explicar e
contextualizar causas e dinâmicas de progresso e evolução das sociedades e nações.
Neste sentido, cabe aqui fazer uma breve exposição dos sentidos e concepções
destes dois conceitos presentes em muitas propostas, projetos e políticas públicas.

Concepções de desenvolvimento

Vários são os estudos e as tentativas de definir um conceito para


desenvolvimento, no entanto ainda não se encontrou e nem se sabe se é possível
encontrar uma definição definitiva. O que se tem são percepções acerca das causas
e consequências do desenvolvimento a partir de basicamente dois enfoques:
um ligado ao crescimento econômico, onde crescimento e desenvolvimento são
sinônimos; outro que não relaciona desenvolvimento com crescimento, ou pelo
menos não dá o mérito do desenvolvimento ao crescimento econômico.

Ainda hoje, em muitos estudos, projetos e planos de desenvolvimento,


o crescimento econômico aparece como base para o progresso, chegando a ser
característica deste.

Conforme Caiden e Caravantes (1982), o termo desenvolvimento ganhou


dimensão de valor a partir do Renascimento, com as ideias de progresso
impulsionadas pelos estudos e experimentos de Newton, a dialética de Hegel e
as teorias de livre mercado de Adam Smith.

Assim, o significado de desenvolvimento foi acrescido de uma


dimensão de valor. Não se tratava apenas de uma questão de revelar
como as coisas funcionavam ou se desenrolavam, era também uma
questão de fazer com que funcionassem melhor, ou se desenrolassem
bem e não de forma indesejável. O objetivo era o progresso, o domínio
das forças secretas – a física de Newton, a dialética de Hegel, a
"mão oculta do mercado" de Smith – para benefício da humanidade
(CAIDEN; CARAVANTES, 1982, p. 5).

De acordo com Caiden e Caravantes (1982), os países ocidentais foram os


precursores dessa ideologia desenvolvimentista que tem como base o despontar
da ciência, da tecnologia e da reorganização social, tornando-se modelo de
progresso e desenvolvimento, chegando a impor-se aos demais países.

56
TÓPICO 4 | GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Para o Ocidente e até, pelo menos, a década de 40, desenvolvimento


significava pura e simplesmente ocidentalização, e os países ocidentais
não tinham muito escrúpulo quanto à maneira segundo a qual
convertiam o resto do mundo. Não se permitia que as regiões atrasadas
impedissem o caminho do progresso: teriam de ser modernizadas,
a menos que tivessem condições de resistir à intromissão do
Ocidente, ou nada tivessem que a este pudesse interessar (CAIDEN;
CARAVANTES, 1982 p. 6).

Adam Smith, em “A Riqueza das Nações”, publicado em 1776, relata que


o produto anual per capita reflete a riqueza ou o bem-estar das nações. Smith diz
ainda que “[...] os hábitos de ordem, economia e cuidado, para os quais a profissão
do comércio naturalmente molda o comerciante, o tornam muito mais apto a
executar, com lucro e sucesso, qualquer projeto de desenvolvimento” (SMITH,
1996, p. 400).

Malthus, em sua obra “Princípios de Economia Política”, publicada em


1820, relata a questão da oferta e da demanda por produtos como estímulo ao
desenvolvimento de um país.

Se uma demanda intensa e contínua dos produtos agrícolas de


determinado país ocorresse em nações vizinhas, o preço desses
produtos aumentaria consideravelmente. Como as despesas de cultivo
só aumentariam de forma lenta e gradual até equiparar-se ao aumento
da demanda, o preço do produto manteria a dianteira durante tanto
tempo que haveria um estímulo prodigioso ao desenvolvimento,
encorajando o emprego de muito capital para cultivar terras virgens, e
tornando as antigas muito mais produtivas (MALTHUS, 1996, p. 99).

Bresser-Pereira (2008) diz que os países, no decorrer da história, adotaram


esse modelo de desenvolvimento e que perdura ainda nos dias atuais.

Identificar o processo histórico do desenvolvimento econômico


com crescimento econômico ou com aumento do valor adicionado
per capita não implica apenas dar um sentido econômico claro ao
conceito, mas, adicionalmente identificá-lo com a realização de um dos
objetivos políticos fundamentais das sociedades modernas (BRESSER-
PEREIRA, 2008, p. 8).

Notícias e dados que vemos todos os dias nos telejornais e jornais impressos,
como crescimento do Produto Interno Bruto, taxas de emprego/desemprego, taxas
de importação/exportação, entre outros, relatam a real importância do crescimento
econômico para os mais diversos países e regiões, fazendo-nos perceber o quão
atrelado estão estes fatores às questões do desenvolvimento.

Mas para muitos estudiosos a ligação direta entre crescimento econômico e


desenvolvimento não se fundamenta, tendo em vista que o crescimento econômico
por muitas vezes acarreta num desequilíbrio social com dimensões econômicas
desproporcionais. Dudley Sears apud Sachs (2009) relata que mesmo com uma
taxa de crescimento positiva não é possível falar em desenvolvimento se houver
retrocesso nas taxas de emprego e aumento nas taxas de desigualdade e pobreza.

57
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

A ideia de que desenvolvimento consiste em crescimento econômico e


que o modelo desenvolvimentista ocidental é o ideal ao progresso começa a ser
questionada. Segundo Caiden e Caravantes (1982), o próprio Malthus, que via na
demanda intensa um incentivo ao desenvolvimento, já previu no início do século
XIX que o modelo desenvolvimentista dos ocidentais era um equívoco, pois os
recursos são finitos, e que mais cedo ou mais tarde se limitariam, impossibilitando
tamanha demanda mundial a níveis do Ocidente.

Bresser-Pereira (2008), embora acredite que crescimento econômico e


desenvolvimento são sinônimos, afirma que Schumpeter foi o primeiro a fazer a
distinção entre os dois termos. Na obra Teoria do Desenvolvimento Econômico,
de 1911, Schumpeter (1997, p. 74) diz que:

[...] as causas e, portanto, a explicação do desenvolvimento devem


ser procuradas fora do grupo de fatos que são descritos pela
teoria econômica. Nem será designado aqui como um processo de
desenvolvimento o mero crescimento da economia, demonstrado pelo
crescimento da população e da riqueza.

Schumpeter (1997) vê o desenvolvimento como mudanças que surgem


de dentro, ou seja, de iniciativa própria, de algo novo, espontâneas e que
perturbam ou alteram o estado de equilíbrio existente. Já o crescimento, conforme
Schumpeter (1997), são mudanças que ocorrem a partir de algo já existente, como
um processo contínuo.

Na medida em que as “novas combinações” podem, com o tempo,


originar-se das antigas por ajuste contínuo mediante pequenas
etapas, há certamente mudança, possivelmente há crescimento, mas
não um fenômeno novo nem um desenvolvimento em nosso sentido
(SCHUMPETER, 1997, p. 76).

Apesar de Malthus (início do século XIX) e Schumpeter (início do século


XX) já terem apontado falhas e contradições na forma capitalista ocidental de
desenvolvimento, Caiden e Caravantes (1982) apontam que a efetiva desconfiança
do modo desenvolvimentista do Ocidente começou a ocorrer na década de 40 do
século XX, e delatam algumas causas:

a) os próprios países ocidentais começam a discordar entre si de estratégias,


objetivos, instrumentos e traços do desenvolvimento;
b) abordagens marxistas sobre o capitalismo ocidental e o desenvolvimento
limitado em outras áreas em prol do seu enriquecimento alertam para as
desigualdades do desenvolvimento e o contraste entre países ricos e pobres.
c) o progresso ocidental foi acompanhado de guerras, extermínio de povos,
fabricação de armas de alta destruição, uso indiscriminado de recursos
escassos e poluição ambiental, elevando os custos sociais;
d) a ideia de expansão sem limites, levantando a questão já prevista por Malthus
se haveria recursos para sempre.
e) maior preocupação com o crescimento do que com a distribuição.

58
TÓPICO 4 | GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

O surgimento da Organização das Nações Unidas em 1945 intensifica os


debates acerca do conceito de desenvolvimento e dos métodos para sua conquista
(OLIVEIRA, 2002). Scatolin (1989) diz que a visão de desenvolvimento como um
processo de mudanças e transformações econômicas, políticas, mas, principalmente
humanas e sociais, se deu no final dos anos 1940 com o surgimento da CEPAL
(Comissão Econômica para América Latina e Caribe).

De acordo com Siedenberg (2006), o conceito de desenvolvimento


se consolidou na década de 50 do século XX, sendo aplicado em estratégias e
políticas, passando a ser mais estudado e também contemplando vários campos
do conhecimento.

O Clube de Roma publica, em 1972, um relatório denominado Limites


do Crescimento, onde são apresentadas cinco preocupações globais: 1) aceleração
da industrialização; 2) aumento da desnutrição; 3) crescimento populacional
rápido; 4) deploração dos recursos naturais e; 5) deterioração do meio ambiente
(MEADOWS et al., 1972 apud OLIVEIRA, 2002). Reacendendo a chama do debate
sobre o sentido do desenvolvimento (OLIVEIRA, 2002).

Nos anos 80, a Independent Commission on International Development Issues


(Brandt Commission) afirmou que desenvolvimento não significa apenas sair da
condição de pobreza.

Desenvolvimento é mais do que a passagem da condição de pobre


para a de rico, de uma economia rural tradicional para uma sofisticada:
carrega ele consigo não apenas a ideia da melhor condição econômica,
mas também a de maior dignidade humana, mais segurança, justiça e
equidade (BRANDT COMISSION, 1980, p. 49).

Em 1987 é apresentado o Relatório Nosso Futuro Comum (também


conhecido como Relatório Brundtland), onde a Comissão Mundial sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) adere ao conceito de desenvolvimento
sustentável como uma proposta que visa atender as necessidades básicas em níveis
sociais e culturais e propiciar oportunidade de vida melhor, mantendo padrões
de consumo dentro dos limites do meio ambiente.

Siedenberg (2006) apresenta o conceito de desenvolvimento num


contexto epistêmico-sistemático a partir do modelo de Heidemann (1993), onde
desenvolvimento consiste num processo de mudança que envolve assimilação e
adaptação tendo como objetivo o melhoramento. Conforme Heidemann (1993)
apud Siedenberg (2006), o crescimento consiste em uma acumulação/expansão
com objetivo de aumentar – “mais do mesmo”.

Amartya Sen (2000), ganhadora do Nobel de Economia em 1998 e


colaboradora na criação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), adverte que
para um processo pleno de desenvolvimento é inadequado ter como objetivos apenas
a maximização da riqueza e da renda, reforçando que “desenvolvimento tem que
estar relacionado sobretudo com a melhora de vida que levamos” (SEN, 2000, p. 29).

59
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Conforme Siedenberg (2006), nos projetos de desenvolvimento dos últimos


tempos o foco em fatores econômicos vem perdendo terreno e dando espaço aos
fatores sociais e ambientais.

Para Santos et al. (2012), desenvolvimento é um fenômeno complexo ainda


sem definições conclusivas, mas que se apresenta em suas abordagens mais recentes
numa perspectiva multidimensional e interdisciplinar.

Souza (2013) traz o conceito de desenvolvimento socioespacial, que se refere


“a um processo de enfrentamento da heteronomia e tendo a autonomia como um
horizonte de pensamento e ação” (SOUZA, 2013, p. 275). Segundo o autor, este é
uma antítese do desenvolvimento econômico capitalista.

Como visto, no decorrer dos tempos, o entendimento sobre o desenvolvimento


de uma região ou lugar passa por vários estágios e processos e estes marcam
de alguma forma todas as variáveis presentes e futuras, constituindo um
desenvolvimento que pode ou não ter consequências positivas, dependendo do
seu foco e perspectiva.

Sachs (2006), em seu texto sobre estratégias de transição para o século XXI,
fala da passagem de um mau desenvolvimento, que explora e aniquila os recursos
naturais, para um bom desenvolvimento, o ecodesenvolvimento. Souza (2013)
relata que mesmo em países ditos desenvolvidos, muitas desigualdades podem
ser encontradas. Santos et al. (2012) apresentam essa visão do lado positivo e do
lado negativo do desenvolvimento:

Falar em desenvolvimento é falar também em crescimento,


decrescimento, humano, não humano, sustentável e não sustentável,
e isso depende do ponto de partida e do ponto de chegada de quem
apresenta o conceito (SANTOS et al., 2012, p. 58).

É fato que existem divergências acerca do conceito de desenvolvimento e


sua relação com crescimento econômico, bem como das suas abordagens no campo
social e ambiental. Não obstante estas contradições e tendo em vista o que foi aqui
apresentado, conclui-se que desenvolvimento é um termo em construção e que
sofre mutações dependendo das instâncias e contextos. Pode-se dizer também
que é um processo de mudança que pode ocorrer tanto de forma planejada, com
foco nos objetivos e anseios de quem o planeja, como aleatoriamente, empurrado
por consequências de planejamentos ou como processo natural. Consiste ainda
na passagem de um estágio a outro, algo com relevância tanto econômica, social
e ambiental, com efeitos que podem ser positivos ou negativos.

Região e suas concepções

Gomes (1995) adverte que não há um conceito definitivo de região e diz


ainda que este termo transita fora e dentro da ciência e da geografia, apresentando
uma variedade de emprego do mesmo. O autor relata que no domínio do senso
comum o conceito de região está atrelado a localização, extensão e domínio, e que

60
TÓPICO 4 | GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

no campo da ciência este conceito ficou a cargo da geografia, que adjetivou o termo
para cientificá-lo, dividindo-o em: região natural, região geográfica e região como
classe de área. Dentro do conceito científico do termo região, ambos os adjetivos
se constituem como saberes complementares e importantes para estudos acerca
do Desenvolvimento Regional.

Conforme Gomes (1995), o conceito de Região Natural pressupõe que o


ambiente natural tem certa influência no desenvolvimento de uma sociedade.
Corrêa define região natural como:

A região natural é entendida como uma parte da superfície da


Terra, dimensionada segundo escalas territoriais diversificadas,
e caracterizadas pela uniformidade resultante da combinação ou
integração em área dos elementos da natureza: clima, a vegetação, o
relevo, a geologia e outros adicionais que diferenciariam ainda mais
cada uma destas partes (CORRÊA, 1991, p. 24).

De acordo com Corrêa (1991), o geógrafo americano Charles Dryer, em


1915, já mencionava a relação homem/natureza e vida econômica:

Muito sintomático é o fato de Dryer referir-se às regiões econômicas


como sendo determinadas pela natureza: justifica-se assim, em
última instância, a superioridade natural das regiões e dos países
desenvolvidos, que teriam uma natureza mais pródiga (CORRÊA,
1991, p. 25).

Pelo exposto, entende-se que região natural constitui uma terminologia que
caracteriza uma região a partir de suas características físicas, como relevo, clima,
vegetação, e que as variações destas predispõem o desenvolvimento ou não de
uma sociedade.

No conceito de Região Geográfica, Gomes (1995) menciona que o homem


transforma o ambiente, não existindo aqui um traço ou característica física que
distingue uma comunidade territorial de outra, mas sim formas de adaptação de
cada sociedade. Segundo Corrêa (1991), este conceito de região vem de uma corrente
possibilista, onde o homem modela a paisagem criando um gênero de vida.

A região geográfica abrange uma paisagem e sua extensão territorial,


onde se entrelaçam de modo harmonioso componentes humanos e
natureza. A ideia de harmonia, de equilíbrio [...] constitui o resultado
de um longo processo de evolução, de maturação da região, onde
muitas obras do homem fixaram-se, ao mesmo tempo com grande
força de permanência e incorporadas sem contradições ao quadro final
da ação humana sobre a natureza (CORRÊA, 1991, p. 28).

A concepção de região geográfica permite a modificação dos espaços pelo


homem, possibilitando uma adaptação homem/natureza, fazendo com que as
condições do meio já não mais sejam desafios ou incentivos ao desenvolvimento
de um determinado lugar.

61
UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA ECONÔMICA

Na abordagem de Região como classe de área se faz uma divisão do espaço


de acordo com variáveis e critérios arbitrários a partir de julgamentos relevantes
para certa explicação (GOMES, 1995). “A região, neste novo contexto, é definida
como um conjunto de lugares onde as diferenças internas entre esses lugares são
menores que as existentes entre eles e qualquer elemento de outro conjunto de
lugares” (CORRÊA, 1991, p. 33). Segundo Gomes (1995), nesta caracterização de
região há uma divisão do espaço a partir de critérios uniformes, interessando
apenas aquilo que está sempre presente.

Região como classe de área já consiste em uma delimitação imposta pelos


estudiosos e/ou pesquisadores de um determinado espaço para explicar certas
ocorrências. Vale-se de critérios um tanto arbitrários, mas com certa homogeneidade
para estipular uma e outra região. Neste conceito, o que delimita são as variáveis
mais comuns existentes em um determinado espaço.

A geografia crítica revê os moldes conceituais de região, reestruturando


e reorganizando os espaços a partir da divisão do trabalho e do processo de
acumulação capitalista, separando possuidores de despossuídos (GOMES, 1995).
“[...] a identificação de regiões deve se ater àquilo que é essencial no processo de
produção do espaço, isto é, à divisão socioespacial do trabalho” (MASSEY, 1978
apud GOMES, 1995, p. 65).

Esta concepção de região abordada pela geografia crítica traz à luz variáveis
relacionadas ao capitalismo, com uma proposta pautada na existência de regiões
mais e menos promissoras. Conforme Corrêa (1991), este processo de regionalização
se traduz na Lei do Desenvolvimento Desigual e Combinado, onde regiões mais
desenvolvidas se articulam com as menos desenvolvidas.

Dallabrida (2006, p. 141) sintetiza região como sendo um “espaço


demarcado a partir de propósitos políticos, econômicos ou administrativos”
e, ainda, “identificando-se como um subespaço do espaço total”, com suas
“diferenças funcionais e espaciais”.

Haesbaert (2010) traz o conceito de região como artefato, onde o regional


é abordado como criação e autofazer-se (arte), e também como construção já
produzida e articulada (fato). Haesbaert (2010, p. 7) fundamenta essa proposta
de região em três pontos:

• Região como produto-produtora das dinâmicas de globalização e fragmentação;


• Região construída pela atuação de diferentes sujeitos sociais (Estado, empresas,
instituições não estatais, grupos socioculturais distintos e classes econômico-
políticas).
• Região como produto-produtora dos processos de diferenciação espacial (grau,
tipo e natureza - desigualdades).

62
TÓPICO 4 | GEOGRAFIA E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Para Souza (2013), uma identidade regional não depende de uma vivência
cotidiana e direta, podendo se dar através de um compartilhamento de dialetos,
valores, tradições, interesses, que pode ocorrer a partir de contatos esporádicos com
outros moradores da mesma região e nas informações que circulam pela imprensa.
Souza (2013) enfatiza que a discussão sobre região é ampla e requer cuidados.

Segundo Alves (2016, p. 43), região é uma construção social que resulta de
um processo em função dos objetivos “daqueles que a põem em curso”.

Região tal como um agrupamento de características físicas, sociais, culturais,


econômicas, interações ou como um processo de construção de seus atores constitui
objeto de estudo amplamente utilizado e que, para além de suas concepções no
decorrer dos tempos, ainda hoje se configura fortemente como um subespaço, uma
parte de um todo utilizada como parâmetro para análises, parâmetros estes que
são apresentados de acordo com as características e configurações necessárias no
momento de sua utilização.

Considerações finais

Desenvolvimento e região, dois termos largamente utilizados em estudos,


pesquisas e políticas públicas, mas que apesar de muitas discussões, não
apresentam uma concepção única e padronizada. As variadas concepções dos
termos em questão permitem que estes transitem livremente por diversas áreas
do conhecimento tanto num contexto inter como transdisciplinar, abordando
temas econômicos, sociais e ambientais com características e especificidades
variadas. A partir da análise conceitual e interpretativa dos conceitos de região
e desenvolvimento aqui explanadas, a pergunta que se faz é: seria possível a
homogeneização ou padronização destes conceitos nas questões relacionadas ao
Desenvolvimento Regional?

FONTE: WEBER, Arlete Longhi; SANTOS, Gilberto Friedenreich dos. Desenvolvimento e Região:
a multipluralidade dos conceitos. Anais... III Seminário de Desenvolvimento Regional, Estado
e Sociedade. Blumenau, 2016. Disponível em: <http://proxy.furb.br/soac/index.php/sedres/
iiisedres>. Acesso em: 30 jun. 2018.

63
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você estudou:

• No campo da Geografia, o desenvolvimento regional é tanto um conceito


amplamente debatido na arena teórica, como também possui ampla difusão e
utilização no plano empírico.

• Desenvolvimento regional envolve duas dimensões: uma temporal e outra


espacial.

• A utilização do termo desenvolvimento regional normalmente está associada


às mudanças sociais e econômicas, que ocorrem num determinado espaço.

• O termo desenvolvimento regional também é associado a um estágio.

64
AUTOATIVIDADE

1 Conforme foi visto na Leitura Complementar deste tópico, existem várias


definições para o conceito de região. A respeito do conceito de região como
classe de área, assinale a alternativa INCORRETA:

( ) Região como classe de área já consiste em uma delimitação imposta pelos


estudiosos de um determinado espaço para explicar certas ocorrências.
( ) Neste conceito, o aspecto que separa uma área de outra é hidrográfico,
podendo ser um rio, ribeirão ou córrego.
( ) Região como classe de área se vale de critérios um tanto arbitrários, mas
com certa homogeneidade para estipular uma e outra região.
( ) Neste conceito, o elemento delimitador são as variáveis mais comuns
existentes em um determinado espaço.

2 Desenvolvimento e região são duas categorias de análise que permitem


analisar as transformações que ocorrem no campo da geografia econômica.
A respeito deste termo, assinale a alternativa INCORRETA:

( ) A utilização do termo desenvolvimento regional normalmente está associada


às mudanças sociais e econômicas que ocorrem num determinado espaço.
( ) A abrangência dessas mudanças relacionadas ao desenvolvimento
regional vai além das modificações sociais e econômicas.
( ) A utilização do termo desenvolvimento regional normalmente está
associada a condições constantes e estáticas de ordem cultural.
( ) O desenvolvimento regional permite que se estabeleça uma série de inter-
relações com outros elementos e estruturas presentes na região considerada.

3 A região é um conceito de recorrente utilização no campo da Geografia


Econômica e do desenvolvimento regional. A este respeito, sabe-se que a
região pode ser delimitada a partir de diferentes critérios. Neste sentido,
disserte sobre três possíveis critérios de delimitação da região.

(ENADE 2008) Entre os conceitos-chave da ciência geográfica, figura o de


região, que, marcado por diferentes acepções conforme a época ou a corrente
do pensamento geográfico, frequentemente ocupa lugar central nos debates
acadêmicos. Acerca desse conceito, assinale a opção correta.

a) Conceitualmente, a região natural, neste século XXI, ainda constitui,


do ponto de vista espacial, referência-chave para explicar diferenças no
processo de desenvolvimento socioeconômico.

b) Nos anos 50 do século passado, prevalecia a ideia de que região corresponde


à área de ocorrência de uma mesma paisagem cultural, caracterizada,
portanto, como região paisagem, ou landscape.

65
c) Conceitualmente, o termo região tem sido empregado para designar uma
classe de área que apresenta grande uniformidade interna e grande diferença
em relação ao seu entorno.

d) Após a década de 80 do século XX, no âmbito da geografia cultural, região


passou a ser entendida como organização do processo social vinculada ao
modo de produção capitalista.

e) Conceitualmente, do ponto de vista da geografia crítica, a região assumiu


o caráter de conjunto específico de relações culturais no qual a apropriação
simbólica do espaço geográfico é determinada pelo grupo social.

66
UNIDADE 2

SISTEMAS ECONÔMICOS,
INTEGRAÇÃO REGIONAL E
GLOBALIZAÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade você será capaz de:

• compreender o conceito de sistema econômico e suas características;

• conhecer os principais acordos de integração regional e analisar suas


particularidades;

• conhecer o conceito de globalização e entender como se articula com a


ideia de divisão territorial do trabalho.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

TÓPICO 2 – BLOCOS ECONÔMICOS

TÓPICO 3 – GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL


DO TRABALHO

67
68
UNIDADE 2
TÓPICO 1

SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico iremos abordar alguns conceitos relevantes no plano da
Geografia Econômica. Parte destes conceitos são conhecidos por conta do
seu uso cotidiano, mas ainda assim, merecem ser explanados sob o ponto de
vista teórico para assegurar que a compreensão, no plano desta disciplina,
seja coerente e coesa entre a nossa comunidade de acadêmicos. Para começar
iremos apresentar as definições de sistemas econômicos e na sequência, iremos
descrever cada um deles.

2 O QUE SÃO SISTEMAS ECONÔMICOS?


Colocando de um modo bem simples, poderíamos afirmar que um sistema
de produção se refere ao modo como se organizam e se estruturam os processos
de produção, distribuição e consumo de bens e serviços de uma economia.
Historicamente, os principais sistemas econômicos foram o capitalismo e o
socialismo.

O historiador Kula (1970, p. 47 apud BARROS, 2012, p. 111) formulou a


seguinte definição de sistema econômico:

Um sistema econômico é, pois, um conjunto de dependências


econômicas reciprocamente ligadas que, pelo fato de estarem
vinculadas, surgem mais ou menos ao mesmo tempo e se
desfazem, também, aproximadamente no mesmo momento. Datar
empiricamente a sua aparição e desaparição é fixar os limites
cronológicos de um dado sistema econômico. E elaborar a teoria
econômica de um sistema econômico dado é determinar (e ainda
empiricamente) a lista mais completa possível das relações de
dependência que o mesmo admite e determinar as vinculações
recíprocas que fazem deste conjunto de relações um sistema único.
(grifo nosso)

69
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Com base na definição de Kula (apud BARROS, 2012), podemos realçar


alguns elementos que são inerentes à ideia de sistema econômico: conjunto de
dependências, isto é, parte-se da ideia de entrelaçamentos e relações que se
estabelecem entre as partes envolvidas; presença de vínculos, ou seja, parte do
princípio que os agentes econômicos estão ligados/conectados e, por fim, realce
para a ideia de limite cronológico, isto é, os sistemas econômicos estão atrelados
a um determinado momento histórico. Vale apontar que os sistemas econômicos
também estão condicionados a sua condição espacial e por isso, estão circunscritos
há um tempo e um espaço.

Barros (2012, p. 111), refletindo sobre a definição de Kula (1970), reforça


que:

Em primeiro lugar, Kula admite falar em um “sistema econômico”


como um conjunto maior que integra de maneira coerente certos
fatos econômicos que de outra maneira estariam dispersos,
ressaltando que este sistema possui uma historicidade definida –
esta definida por um conjunto de relações recíprocas que os fatos
econômicos de determinado tipo estabelecem entre si. Assim,
do mesmo modo que surgem em uma determinada sociedade
historicamente localizada estas interações específicas de fatos
econômicos, relacionadas a certo padrão que pode ser identificado
e decifrado por historiadores e economistas, estas relações se
desfazem a certa altura. Vale dizer, um sistema econômico não é
uma realidade nem estática e eterna – ele, de um lado, apresenta
uma dinamicidade própria e uma tendência a se transformar;
e, de outro lado, as transformações podem conduzi-lo, a certa
altura, a adquirir uma outra identidade que já pouco tem a ver
com a situação inicial do sistema. Em uma palavra, um “sistema
econômico” possui uma historicidade (grifo nosso).

Com base nos comentários de Barros (2012), podemos entender quão


dinâmico é o conceito de sistema econômico que, por abarcar um amplo conjunto
de interações entre os fatos econômicos, conduzem a um processo de constantes
transformações. Na prática, isto implica entender que a ideia de capitalismo
que temos compartilhada hoje – um capitalismo global e sem fronteiras – não
é a mesma ideia de capitalismo que era compartilhada na ocasião em que o
termo foi empregado nos primórdios. Neste sentido, a Geografia Econômica
está especialmente interessada em desvendar como estas interações dos fatos
econômicos interferem e engendram novas formas espaciais.

Por sua vez, Vasconcellos e Garcia (2004, p. 2) afirmam que “um sistema
econômico pode ser definido como a forma política, social e econômica pela qual
está organizada uma sociedade”. Além disso, acrescentam que “é um particular
sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens
e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e
bem-estar” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004, p. 2).

70
TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

De acordo com Vasconcellos e Garcia (2004), existem alguns elementos


básicos que compõem um sistema econômico, conforme nos mostra o quadro a
seguir:

QUADRO 1 – ELEMENTOS BÁSICOS DE UM SISTEMA ECONÔMICO

Elemento Descrição

Aqui incluem-se os
recursos humanos
Estoque de recursos
(trabalho e capacidade
produtivos ou fatores de
empresarial), o capital,
produção.
a terra, as reservas
naturais e a tecnologia.

Complexo de unidades Constituído pelas


de produção. empresas.

Conjunto de instituições Que são a base da


políticas, jurídicas, organização da
econômicas e sociais. sociedade.

FONTE: Adaptado de Vasconcellos e Garcia (2004, p. 2)

Complementando, Sandroni (1999, p. 561) sustenta que sistema econômico


é a “forma organizada que a estrutura econômica de uma sociedade assume.
Engloba o tipo de propriedade, a gestão da economia, os processos de circulação de
mercadorias, o consumo e os níveis de desenvolvimento tecnológico e de divisão
do trabalho”.

Tratando dos sistemas econômicos, o capitalismo e o socialismo são os dois


sistemas econômicos existentes. A principal diferença entre ele reside na questão
do direito à propriedade. No capitalismo, a lógica está pautada na propriedade
privada e enquanto que no socialismo, a propriedade é do Estado.

71
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Colocando de uma forma simplificada, no capitalismo, tal como


experimentos na atualidade, se você decidir juntar dinheiro ou buscar um
investimento junto a uma entidade financiadora, e decidir empreender e abrir
uma padaria você: será o dono do empreendimento e dos meios de produção
(fornos, batedeiras, refrigeradores etc.), será responsável por contratar os
funcionários e combinar com eles o valor dos salários e combinar quais tarefas
serão desenvolvidas (respeitando a legislação e a CLT) e o valor que exceder os
custos de produção e os demais custos, isto é, os lucros, serão seus. O quanto
você irá receber de lucro dependerá da lei da oferta e da procura: se seus produtos
tiverem boa aceitação, se você escolher um local adequado para instalar seu
negócio, se o atendimento for de qualidade, se você conseguir inovar e/ou se
destacar de alguma forma de seus concorrentes, suas chances de ter um bom
retorno de lucros serão significativas.

Por outro lado, utilizando o mesmo exemplo simplista, no socialismo, o


Estado seria o dono da padaria e seria o responsável por gerir a padaria: seria dele
a atribuição de definir quais produtos seriam ofertados e ele seria o dono do meio
de produção. Quanto à remuneração, ela seria homogênea entre os trabalhadores
e caberia ao Estado distribuir estes valores.

Ocorre que a experiência histórica acaba por nos mostrar, conforme


examinaremos adiante, que o processo de motivação do ser humano e o
delineamento de diretrizes pautadas em igualdade e no entendimento de que
os indivíduos, mediante estímulos idênticos e em condições similares, seriam
capazes de manter elevados níveis de produção em condições harmoniosas,
não se mostrou muito sólido. Retomando o exemplo da padaria, vários
estudiosos têm tentado entender as motivações e as condições que estimulam
o trabalhador a atingir melhores níveis de rendimento. Isto é, no exemplo
da padaria, no capitalismo, aquele funcionário que começa a trabalhar como
assistente de padeiro, pode se sentir estimulado a aprender mais, a se esforçar
e, pela meritocracia, poderá galgar uma posição de confeiteiro e atingir uma
remuneração maior. No socialismo, como as condições e a remuneração são
constantes, verificou-se que os níveis de produtividade, depois de um certo
tempo não evoluíram muito.

Este é apenas um exemplo inicial para incitar a reflexão. Outros elementos


e acontecimentos históricos interferiram no processo de declínio do socialismo e
ascensão do capitalismo. Vamos explorar mais este assunto.

Para Giddens e Sutton (2017, p. 100) “capitalismo é o sistema econômico


originado no Ocidente baseado no intercâmbio comercial e na geração de lucro
visando ao reinvestimento e crescimento dos negócios”.

72
TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

Por sua vez, Sandroni (1999, p. 80) afirma que:

Capitalismo é o sistema econômico e social predominante na maioria


dos países industrializados ou em fase de industrialização. Neles, a
economia baseia-se na separação entre trabalhadores juridicamente
livres, que dispõem apenas da força de trabalho e a vendem em
troca de salários, e capitalistas, os quais são os proprietários dos
meios de produção e contratam os trabalhadores para produzir
mercadorias (bens dirigidos para o mercado) visando à obtenção
de lucro.

O capitalismo também é chamado de economia de mercado e caracteriza-se


fundamentalmente por ser regido pelas forças de mercado, pela livre iniciativa e
pela propriedade privada dos fatores de produção (VASCONCELLOS; GARCIA,
2004).

Como foi mencionado, ao longo de sua trajetória o capitalismo passou


por diversas transformações. No intuito de expor de forma sintética as principais
alterações ocorridas, o infográfico a seguir revela quais foram as fases mais
relevantes do capitalismo.

73
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

FIGURA 1 – INFOGRÁFICO FASES DO CAPITALISMO

Surgiu com os Estados nacionais absolutistas e vigorou durante Criticava o absolutismo e o mercantilismo: defnedia, no plano político
o capitalismo comercial. Defendia a intervenção do Estado na a democravia representativa, a independência dos três poderes e
economia e o protecionismo. Seus objetivos princiapais: fortalecer a liberdade do indivíduo; e no econômico, o direito à propriedade, a
o Estado e aumentar a riqueza ancional via acúmulo de metais livre iniciativa e a concorrência. Era contra a intervenção do Estado na
perciosos (ouro e prata) e obtenção de superávits comerciais. economia e favoráv el à livre ação das forças do mercado. Para seus
Para seus teóricos a riqueza vinha do comércio (circulação). teóricos a riqueza vinha da indústria (produção).

Thomas Mun (1571 - 1641) Jean-Baptiste Colbert (1619 - 1683) Adam Smith (1723 - 1790) David Ricardo (1772 - 1823)
Economista ingês, um Ministro das finanças de Luis XIV, Economista escocês, um dos mais Economista inglês, tido como
dos principais teóricos da responsável pela aplicação das importantes teóricos do liberalismo sucessor de Smith, deu importante
doutrina mercantilista. políticas mercantilistas na França. clássico e um de seus fundadores. contribuição à teoria econômica.

No início, Espanha e Portugal; depois, No início, Grã-Bretanha; depois, Estados


Inglaterra, Países Baixos e França. Unidos, França, Alemanha e Japão.

1776
1494 Início do processo de Independência
Tratado de independência das dos Estados
Tordesilhas Grandes navegações (Expansão marítma europeia) colônias americanas Unidos

Colonialismo: partilha e exploração da América; comércio com Ásia e África Ocupação da África: interiorização
1500 1600 1700 1750 1800
Auge da Revolução Comercial Primeira Revolução Industrial

1498 Mundialização 1688 1765-85 Utilização do


Viagem de Vasco do comércio Revolução Aperfeiçoamento carvão mineral
da Gama às Índias Utilização do trabalho Gloriosa da máquina a vapor Indústrias
via Atlântico escrabo na América (Inglaterra) por James Watt inovadoras: têxtil,
Acumulação primitiva (Inglaterra) siderúrgica e naval
de capitais na Europa Disseminação do
trabalho assalariado

FONTE: <http://sites.aticascipione.com.br/ggb/infograficos.aspx>. Acesso em: 8 jul. 2018.

74
TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

Sistema socioeconômico que se desenvolveu na Europa com a crise do feudalismo e se


expandiu econômica e territorialmente pelo mundo partir do século XVI. Desde então vem
se transformando: passou por diversas etapas marcadas por características diferentes
no que tange às relações de produção e de trabalho, às tecnologias empregadas e às
doutrinas que orientam seu funcionamento. É também chamado de economia de mercado.

Criticava o pensamento econômico clássico e o princípio da Busca aplicar os princípios do liberalismo clássico ao capitalismo
"mão invisível", do suposto equilíbrio espontâneo do mercado, atual. Diversamente daqueles, os teóricos neoliberais não creem na
por isso defendia a intervenção do Estado na economia para regulação espontânea do sistema. Visando disciplinar a economia de
evitar crises de superprodução como foi a de 1929. Propunha o mercado, aceitam uma intervenção mínima do Estado para assegurar
aumento dos gastos públicos como mecanismo para estimular a estabilidade monetária e a livre concorrência. Também defendem a
o crescimento econômico e a geração de empregos.. abertura econômica/financeira e a privatização de estatais.

John M. Keynes (1883 - 1946) Joan Robinson (1903 - 1983) Alexander Ristow (1885 - 1963) Milton Friedman (1912 - 2006)
Economista inglês. O mais Economista inglesa, seguiu Economista alemão, crítico do Norte-americano, Nobel de economia
importante até meados do séc. as propostas keynesianas e liberalismo clássico e criador do (1976) e um dos continuadores das
XX; influenciou as políticas de aperfeiçoou algumas delas. termo neoliberalismo (1938). propostas neoliberais; assessoriou os
recuperação da crise de 1929. governos Reagan e Thatcher.

EUA emergem como potência, seguidos por EUA se mantém como principal potência, seguidos
Alemanaha e Japão; Grã-Bretanha perde influência. por Japão e maiores economias da União Europeia.

1844-85 Pós-guerra 1990-2000


1822 Congresso de Berlim: Independência das colônias Emergência da China como
Independência partilha da África entre e surgimento dos países potência e surgimento das
do Brasil as potências Europeias subdesenvolvidos. economias emergentes

Imperialismo: partilha e exploração das colônias africanas e asiáticas Globalização: expansão de capitais produtivos e especulativos
1850 1900 1950 2000
Segunda Revolução Industrial Terceira Revolução Industrial ou Revolução Técnico-científica

Utilização do petróleo 1914-1978 Crescentes investimentos 1980-1990 1999


e da eletricidade Primeira Guerra em P&D e agregação de Crises financeiras Criação
Indústrias inovadoras: Mundial valor aos produtos em diversos países do G-20
petroquímica, elétrica 1929 Ampliação do meio técnico-
1886
e automobilística Crise econômica científico-informacional 2008
Expansão mundial Construção do mundial Indústrias invoadoras:: Crise financeira
do processo de primeiro carro
informática, robótica, mundial
industrialização com motor a 1939-1945
telecomunicações e biotecnologia Neoliberalismo
gasolina por
Monopólios e Segunda Guerra Industrialização de países em em xeque
Gottlieb Daimler
oligopólios Mundial desenvolvimento e expansão
(Alemanha)
das multinacionais
1946
Construção do ENIAC*, o
primeiro computador pela
Eletronic Control Company
(Estados Unidos)
*Electrical Numerical INtegrator and Computer

FONTE: <http://sites.aticascipione.com.br/ggb/infograficos.aspx>. Acesso em: 8 jul. 2018.

75
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

A respeito do sistema socialista, ele também é chamado de economia


centralizada ou ainda economia planificada. Vasconcellos e Garcia (2004, p. 3)
definem o sistema socialista da seguinte forma:

É aquele em que as questões econômicas fundamentais são resolvidas


por um órgão central de planejamento, predominando a propriedade
pública dos fatores de produção, chamados nessas economias de meio
de produção, englobando os bens de capital, terra, prédios, bancos e
matérias-primas.

Conforme realçamos anteriormente, a tônica na propriedade pública dos


meios de produção é o aspecto central inerente a este conceito. Complementando
esta definição, Sandroni (1999, p. 567) explica que socialismo é o:

Conjunto de doutrinas e movimentos políticos voltados para os


interesses dos trabalhadores, tendo como objetivo uma sociedade onde
não exista a propriedade privada dos meios de produção. Pretende
eliminar as diferenças entre as classes sociais e planificar a economia,
para obter uma distribuição racional e justa da riqueza social.

O declínio do socialismo está estreitamente relacionado à queda da União


Soviética. Para explicar como aconteceu esse processo, será exposta uma reportagem
publicada pela BBC em 25 de dezembro de 2016. Nesta matéria, o entrevistado
Archie Brown,  professor emérito de Política e especialista em temas soviéticos
da Universidade de Oxford, no Reino Unido, expõe de maneira didática os seis
principais fatores e fatos históricos que conduziram ao declínio do socialismo.

3 OS SEIS MOTIVOS QUE LEVARAM O IMPÉRIO SOVIÉTICO


À RUÍNA DE MANEIRA SURPREENDENTE

Em muitas repúblicas soviéticas, o desmanche causou comoção e desorientação

Como a União Soviética, uma superpotência integrada por 15 repúblicas,


desmanchou-se de forma tão rápida e inesperada em dezembro de 1991?

Como o bloco socialista, dono de enorme influência política, ideológica,


econômica e tecnológica, e que marcou a história do século 20, deixou de existir
quase de um dia para outro?

76
TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

Estamos falando de um império que nasceu da Revolução Comunista


de 1917 e chegou a ocupar um sexto do território do planeta, abrigando cem
nacionalidades.

E que ajudou a derrotar Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial,


protagonizou a Guerra Fria junto com os EUA, além de ser pioneiro na corrida
espacial, enviando o primeiro satélite da história, o Sputnik, e colocando o
primeiro homem no espaço, Yuri Gagárin.

Isso sem falar em destaques nos esportes, nas artes e na literatura.

Yuri Gagarin, o primeiro homem no espaço

"A velocidade com que o Estado soviético se desintegrou foi uma


surpresa para quase todos", disse à BBC Mundo (o serviço espanhol da BBC)
Archie Brown, professor emérito de Política e especialista em temas soviéticos
da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

Segundo Brown e outros especialistas que estudaram o fim da União


das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), há seis razões principais para
explicar o colapso da superpotência, oficializado no Dia de Natal de 1991.

1 Autoritarismo e centralização

Josef Stalin promoveu a centralização e a burocracia

A origem da URSS remonta a 1917, quando a revolução bolchevique


depôs o czar Nicolau 2º e estabeleceu um Estado socialista nos territórios do que
até então era o Império Russo. Em 1922, logo após a Rússia anexar repúblicas

77
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

mais distantes, foi estabelecida então a gigantesca união, cujo primeiro


líder foi o revolucionário marxista Vladimir Lênin. Mas, desde o início,
governar um Estado tão complexo e diverso era extremamente difícil.

Ainda que originalmente o plano era que a URSS tivesse uma sociedade
democrática, em substituição à autocracia czarista, o bloco acabou tomando
o caminho do autoritarismo, consolidado com a ascensão de Josef Stalin ao
poder, em meados da década de 1920.

O Soviete Supremo em 1991

A Constituição soviética, adotada nos anos 1930 e modificada nos anos


1970, estabelecia que as regiões e nacionalidades estariam representadas em
um parlamento conhecido como Soviete Supremo.

Na prática, porém, todas as decisões, incluindo a eleição do líder


da URSS, ficavam nas mãos do Partido Comunista - mais precisamente um
pequeno grupo de dirigentes poderoso, o Politburo. Com Stálin, o Estado
começou a controlar cada aspecto da vida política, econômica e social. Aqueles
que se opunham a suas medidas eram presos e enviados a campos de trabalhos
forçados (os Gulags) ou executados.

O cotidiano de 290 milhões de soviéticos era de opressão e exclusão


das decisões que tinham um forte impacto em sua existência. Mesmo após a
morte de Stálin, em 1953, e a condenação pública de suas atrocidades pelos
líderes soviéticos, o Partido Comunista continuou ditando o destino do país.

2 O 'inferno' da burocracia

Economia soviética perdeu fôlego gradativamente a partir dos anos 50

78
TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

O autoritarismo e a centralização da União Soviética resultaram em


uma burocracia sem fim e que estendia seus tentáculos a todos os cantos do
território e a todos os aspectos da vida cotidiana. Tudo era uma questão de
documentos, selos, procedimentos de identificação e notas. "A União Soviética
acabou sendo um estado ineficiente", explica Archie Brown.

3 Economia falida

Karl Marx propôs a socialização dos meios de produção

A centralização e a burocracia tiveram impacto no sistema econômico


soviético, que tinha como base a ideia do teórico do comunismo Karl Marx
(1818-1883) de socializar os meios de produção, distribuição e intercâmbio.
Isso significou que a economia do enorme bloco foi planificada e regida
pelos chamados planos quinquenais, que estabeleciam metas para todas as
atividades.

A força de trabalho, que alcançou 150 milhões de pessoas, dedicava-


se majoritariamente à indústria, e em muito menor proporção à agricultura.
Stálin patrocinou um forte processo de industrialização que se concentrou
nos setores petrolífero, siderúrgico, químico, minerador, processamento de
alimentos, automotivo, aeroespacial e defesa. Mas a URSS perdeu a corrida
pela hegemonia econômica com os EUA, seu principal rival. No final dos anos
1980, o PIB soviético era apenas a metade do americano.

"Estava claro que as políticas econômicas soviéticas falhavam. A taxa


de crescimento vinha caindo desde o final dos anos 1950", explica Brown. O
cineasta britânico Adam Curtis, autor do documentário  Hypernormalisation,
que tem o colapso da URSS como parte da narrativa, diz que a economia
soviética durante muito tempo se baseou em ilusões.

79
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Problemas econômicos fortaleceram o mercado paralelo na URSS

Archie Brown ressalta que, devido aos problemas econômicos, a expectativa


de vida dos homens soviéticos se reduziu (algo também atribuído por analistas
ao consumo excessivo de álcool), ao mesmo tempo em que a mortalidade infantil
aumentou. E a estagnação econômica fortaleceu o setor informal e o mercado negro.

4 Melhor educação

Melhoras educacionais criaram geração ansiosa por mudanças

Com o passar dos anos, o nível geral de instrução dos soviéticos melhorou
e milhões de pessoas foram para a universidade. Apesar de o Estado restringir o
contato com o exterior, esses indivíduos começaram a ter maior conhecimento sobre
o mundo. "Profissionais bem-educados transformaram-se em um grupo social
significativo e influente", diz Brown. "Estavam abertos à liberalização que viria em
meados da década de 1980, com o reformista Mikhail Gorbachev", completa.

5 As reformas de Gorbachev

Mikhail Gorbachev foi o último líder da União Soviética

80
TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

Para Brown, Mikhail Gorbachev, o homem que ocupou a presidência


da União Soviética entre 1985 e 1991, é um fator determinante para explicar
o desmanche da superpotência - chegou ao poder como um reformista
do sistema, mas terminou como seu "coveiro". Quando se converteu em
secretário-geral do Partido Comunista, em março de 1985, Gorbachev lançou
um dramático programa de reformas para tentar equilibrar uma economia
problemática e uma estrutura política ineficiente e insustentável. Seu plano
tinha dois elementos cruciais: a "Perestroika" e a "Glasnost" (respectivamente
reestruturação e abertura, em russo).

A "perestroika" consistia em relaxar o controle do governo sobre a


economia. Gorbachev acreditava que a iniciativa privada impulsionaria a
inovação, por isso permitiu que indivíduos e cooperativas fossem donos de
negócios pela primeira vez desde os anos 1920. E promoveu investimentos
estrangeiros em empresas soviéticas. Gorbachev também concedeu aos
trabalhadores direito de greve.

Já a "glasnost" consistia em eliminar os resquícios da repressão


stalinista, como a proibição da publicação de livros de autores como George
Orwell e Alexander Solzhenitsyn, e dar mais liberdade aos cidadãos soviéticos.
Gorbachev libertou presos políticos e permitiu que a imprensa publicasse
críticas ao governo. Ele também determinou a realização de eleições para o
Legislativo e pela primeira vez permitiu que outros partidos políticos fizessem
campanha.

Ao final do governo de Gorbachev, a escassez de produtos e as filas


para consegui-los tornaram-se calvários para os soviéticos

Os soviéticos celebraram a democratização, mas as reformas para


introduzir a economia de mercado no país demoraram demais para dar frutos.
Houve aumento de preços, racionamento, filas intermináveis para obter
produtos. Tudo isso gerou frustração cada vez maior com a administração de
Gorbachev.

O líder também enfrentou enorme oposição das alas mais conservadoras


do Partido Comunista, que em 1991 articularam um golpe para tentar derrubá-
lo. O levante fracassou por causa da rejeição popular e o respaldo do então

81
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

presidente da Rússia, a principal república soviética, Boris Yeltsin.


Ainda assim, Gorbachev renunciou ao cargo em 25 de dezembro daquele ano.
No dia seguinte, assinou a declaração de dissolução da União Soviética. Em
seu discurso de despedida, o último líder da URSS fez um mea culpa: "O velho
sistema desabou antes que o novo começasse a funcionar".

Archie Brown explica que o caso soviético fugiu de um típico processo


em que crises políticas e econômicas levam à liberalização e à democratização.
"Foram justamente a liberalização e a democratização que levaram o sistema a
um ponto de crise, pois permitiram a expressão do descontentamento"

"Sem reformar, era capaz de a URSS seguir existindo nos dias de hoje",
acrescenta.

6 Revoluções e movimentos separatistas

Queda do Muro de Berlim foi consequência de reformas de Gorbachev

O objetivo de Gorbachev não era apenas transformar as práticas


econômicas e a política interna da União Soviética, mas também mudar a
maneira como o bloco encarava as relações internacionais. O líder tinha
claro que o mundo estava mais interdependente e que o êxito da economia
soviética estava condicionado a melhores vínculos internacionais. Ele também
acreditava que havia interesses e valores universais que se sobrepunham à
divisão entre Ocidente e Oriente.

E que nações tinham direito por si mesmas a decidir que sistema político
e econômico queriam. Foi por isso que Gorbachev decidiu abandonar a corrida
armamentista, além de retirar as tropas soviéticas estacionadas no Afeganistão
desde 1979, reduzindo ainda sua presença militar na Europa Oriental.

Essas decisões levaram ao fim da Guerra Fria e à derrocada dos


governos comunistas dos países satélites da URSS na Europa: o movimento
teve início em 1989, na Polônia, com a vitória do movimento sindicalista
Solidariedade nas eleições nacionais. Naquele mesmo ano, caiu o Muro de
Berlim, o grande símbolo da divisão Leste-Oeste e, na Checoslováquia, a
"Revolução de Veludo" derrubou o governo comunista. Na Romênia, o levante

82
TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

se tornou violento: o líder comunista Nicolae Ceaucescu e sua esposa foram


fuzilados. "Quando poloneses, tchecos e outros povos conseguiram tomar
o controle, isso teve um efeito desestabilizador na própria URSS", explica
Archie Brown. A política não intervencionista de Gorbachev e os problemas
econômicos soviéticos alimentaram movimentos separatistas nas repúblicas
do bloco. Os países Bálticos (Estônia, Lituânia e Letônia) foram os primeiros a
romper com Moscou. Logo depois, Belarus, Rússia e Ucrânia se separaram e
criaram a Comunidade de Estados Independentes. No final de 1991, oito das
nove repúblicas que ainda se mantinham na URSS declararam independência
- a Geórgia o faria alguns anos depois. Assim, extinguiu-se a outrora toda
poderosa União Soviética.

FONTE: SEITZ, Max. BBC. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/


internacional-38391137>. Acesso em: 8 jul. 2018.

Conforme nos mostra a reportagem, as principais fragilidades do sistema


econômico socialista, que contribuíram para o seu declínio, decorrem das
dificuldades na condução de sua gestão em virtude do excesso de autoritarismo e
centralização, inerentes a este sistema. Além disso, no afã de se criarem condições
de igualdade entre a população, criaram-se excessivas regras e procedimentos
burocráticos que acabaram se mostrando ineficientes.

Ademais, as dificuldades no plano econômico acabaram por engendrar


um mercado paralelo que foi incapaz de se sustentar em longo prazo. Outro
elemento que ajuda a contar esta história foi o plano de governo "Perestroika", que
tinha como principal objetivo a modernização da economia soviética. Com este
plano, a economia começou a se abrir inclusive para empresas multinacionais.
Outro programa de governo, o "Glasnost", buscava reintroduzir um estado
constitucional e democrático. Por fim, a queda do muro de Berlim foi outro evento
emblemático relacionado ao declínio do socialismo.

UNI

Caro acadêmico! Apresentamos na sequência uma sugestão de aula que


permite que você discuta com seus alunos o conceito de Guerra Fria. Acompanhe!

83
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

4 SUGESTÃO DE AULA
GUERRA FRIA: UM CONFLITO IDEOLÓGICO

Autor e coautor(es)
Autor: Rosângela Nasser Ganimi 
Coautor(es): 
Nelson V. F. Faria

Dados da aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula.
O aluno deverá entender o contexto que desencadeia a Guerra Fria. E
compreender a Guerra Fria e a consolidação do mundo bipolar como um conflito
ideológico.

Duração das atividades


Uma aula de cinquenta minutos.

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno


Os alunos deverão ter conhecimento, em âmbito geral, da (des)organização
do espaço mundial antes e durante o período da 2ª Guerra Mundial. Deverão
ter noção dos sistemas capitalista e socialista vivenciados durante o período da
Guerra Fria.

Estratégias e recursos da aula


1º passo:
O professor deve iniciar a aula perguntando qual é o conhecimento dos
alunos sobre os sistemas capitalista e socialista. Para o melhor entendimento da
ideia, o professor deve dividir o quadro ao meio e anotar de um lado as questões
que surgirem dos alunos a respeito do capitalismo e do outro lado da lousa as
questões e/ou fatos referentes ao socialismo.

2º passo:
Trabalhar com os alunos a imagem (a situação da Alemanha antes e depois
da 2ª Grande Guerra) e os fragmentos de texto abaixo, chamando atenção para
termos e conceitos fundamentais para o entendimento do assunto.

84
TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

Introdução

FIGURA 2 – MURO DE BERLIM EM CONSTRUÇÃO

FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/_yAQK89_8rDY/SBYZtoCm0zI/AAAAAAAAADE/
DeHMwxaOxg0/s320/constr_muro.jpg>. Aceso em: 17 set. 2018.

Construção do Muro de Berlim

A Guerra Fria tem início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois os
Estados Unidos e a União Soviética vão disputar a hegemonia política, econômica
e militar no mundo.

A União Soviética possuía um sistema socialista, baseado na economia


planificada, partido único (Partido Comunista), igualdade social e falta de democracia.
Já os Estados Unidos, a outra potência mundial, defendiam a expansão do sistema
capitalista, baseado na economia de mercado, sistema democrático e propriedade
privada. Na segunda metade da década de 1940 até 1989, estas duas potências
tentaram implantar em outros países os seus sistemas políticos e econômicos.

A definição para a expressão “guerra fria” é de um conflito que aconteceu


apenas no campo ideológico, não ocorrendo um embate militar declarado
e direto entre Estados Unidos e URSS. Até mesmo porque, estes dois países
estavam armados com centenas de mísseis nucleares. Um conflito armado
direto significaria o fim dos dois países e, provavelmente, da vida no planeta
Terra, porém ambos acabaram alimentando conflitos em outros países como, por
exemplo, na Coreia e no Vietnã.

Paz armada

Na verdade, uma expressão explica muito bem este período: a existência


da Paz armada. As duas potências envolveram-se numa corrida armamentista,
espalhando exércitos e armamentos em seus territórios e nos países aliados.
Enquanto houvesse um equilíbrio bélico entre as duas potências, a paz estaria
garantida, pois haveria o medo do ataque inimigo.

85
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo objetivo era defender
os interesses militares dos países membros. A OTAN – Organização do Tratado
do Atlântico Norte (surgiu em abril de 1949) era liderada pelos Estados Unidos
e tinha suas bases nos países membros, principalmente, na Europa Ocidental. O
Pacto de Varsóvia era comandado pela União Soviética e defendia militarmente
os países socialistas.

Alguns países membros da OTAN:  Estados Unidos, Canadá, Itália,


Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia, Espanha, Bélgica, Holanda,
Dinamarca, Áustria e Grécia.

Alguns países membros do Pacto de Varsóvia: URSS, Cuba, China, Coreia


do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.

FONTE: <http://www.suapesquisa.com/guerrafria/>. Acesso em: 17 set. 2018.


 
3º passo:
Mostrar as imagens a seguir e pedir aos alunos que discutam em grupos
de três ou quatro (de acordo com a dinâmica da turma) o que elas representam.
Pedir que construam pequenos textos explicativos de cada uma delas.

FIGURA 3 – CORRIDA ARMAMENTÍSTA

Corrida Armamentista 1950 – 1989

Ogivas nucleares
Megatons de TNT

Ogivas nucleares
Megatons de TNT
Bomba de Hiroshima (potência de 0,015 Kilotons de TNT)

GEOGRAFIA GERAL E DO BRASIL • PARA TODOS


FONTE: <http://geoconceicao.blogspot.com/2010/04/guerra-fria-causas-e-consequencias.
html>. Acesso em: 17 set. 2018.

86
TÓPICO 1 | SISTEMAS ECONÔMICOS: DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

FIGURA 4 – MAPA DA EUROPA DIVIDIDO PELA CORTINA DE FERRO

FONTE: <http://cursinhomzm.blogspot.com/2009_05_01_archive.html>. Acesso em: 18 set. 2018.

4º passo:
Trabalhar com a imagem e as seguintes questões:

FIGURA 5 – MURO DE BERLIM

FONTE: <http://geo-ieees.blogspot.com/2010/05/2-ano-geopolitica-i-muro-de-berlim.html>.
Acesso em: 18 set. 2018.

O que representou para a Alemanha, para a Europa e para o mundo a


construção e a queda do Muro de Berlim?

A partir dos conhecimentos adquiridos, pode-se dizer que a ideologia do


capitalismo vence a Guerra Fria. No que isso interfere na vida pessoal de cada um
de vocês e na sociedade mundial?

87
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Dica:  o material escrito produzido pelos grupos deverá ser lido para
a turma, objetivando uma troca de visões sobre o mesmo assunto. Poderá ser
escolhido um redator na turma que anote os pontos-chave das leituras, em
seguida, poderá ser construído um texto de toda a turma, que conterá opiniões e
leituras diversas sobre as imagens trabalhadas.

Recursos complementares

- Fragmentos de texto.
- Imagens.
- Bibliografia complementar:
CARVALHO, André; MARTINS, Sebastião. Capitalismo. 10. ed. Belo Horizonte:
Ed. Lê, 1995.
CARVALHO, André; MARTINS, Kao.  Socialismo.  2. ed. Belo Horizonte: Ed.
Lê, 1993.
- Sites:
<www.tvcultura.com.br>.
<www.guerras.brasilescola.com>.
<www.mundoeducacao.com.br/guerra-fria>.

Avaliação

Os alunos deverão ser avaliados a partir da participação oral e escrita nas


atividades propostas. Os textos construídos sobre as imagens do 3º passo e as
questões respondidas no 4º passo poderão ser lidos para a turma, objetivando,
além da avaliação, a troca de visões sobre o mesmo assunto.

FONTE: PORTAL DO PROFESSOR. <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.


html?aula=28705>. Acesso em: 3 set. 2018.

88
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Um sistema econômico pode ser definido como a forma política, social e


econômica pela qual está organizada uma sociedade.

• Sistema econômico é a forma organizada que a estrutura econômica de uma


sociedade assume. Engloba o tipo de propriedade, a gestão da economia,
os processos de circulação de mercadorias, o consumo e os níveis de
desenvolvimento tecnológico e de divisão do trabalho.

• Os elementos básicos de um sistema econômico são o estoque de recursos


produtivos, o complexo de unidade de produção e o conjunto de instituições
políticas, jurídicas, econômicas e sociais.

• Capitalismo é o sistema econômico originado no Ocidente baseado no


intercâmbio comercial e na geração de lucro visando ao reinvestimento e
crescimento dos negócios.

• O capitalismo também é chamado de economia de mercado.

• Socialismo é o sistema econômico em que as questões econômicas fundamentais


são resolvidas por um órgão central de planejamento, predominando a
propriedade pública dos fatores de produção.

89
AUTOATIVIDADE

1 A ideia de sistema econômico é relevante para a Geografia Econômica


porque ela nos ajuda a pensar as relações que se estabelecem no plano da
economia de um país. A respeito do conceito de sistema econômico, assinale
a alternativa INCORRETA:

( ) Sistema econômico é um conjunto abrangente que integra de maneira


coerente certos fatos econômicos.
( ) Os sistemas econômicos são uma realidade estática e eterna, podendo
perdurar por gerações.
( ) Um sistema econômico é um conjunto de dependências econômicas
reciprocamente ligadas.
( ) Os sistemas econômicos possuem uma historicidade, isto é, estão atrelados
a um determinado tempo.

2 O capitalismo é o sistema econômico predominante e caracteriza-se por suas


constantes transformações. Este sistema econômico também é conhecido
por outra nomenclatura. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta
esta outra denominação do capitalismo:
( ) Economia planificada.
( ) Economia de mercado.
( ) Sistema de livre comércio.
( ) Sistema de livre produção.

3 Para existirem, os sistemas econômicos precisam contar com alguns


elementos básicos. Neste sentido, disserte sobre os três elementos básicos
de um sistema econômico.

90
UNIDADE 2 TÓPICO 2

BLOCOS ECONÔMICOS

1 INTRODUÇÃO
No plano da Geografia Econômica, uma área de estudos tem chamado
atenção nas últimas décadas: os processos de integração, regionalização e acordos
entre os países. Formações econômicas como o Mercosul vêm sendo firmadas,
de modo geral, com o intuito de facilitar as transações comerciais entre países
situados geograficamente próximos.

Neste tópico, iremos examinar qual é a natureza destas formações


econômicas conjuntas e quais são os principais blocos ou acordos comerciais
deste tipo existentes entre os países.

Vale observar que, este é um debate que permeia outros campos


disciplinares, como a economia e o comércio internacional. Almeida (2013) explica
que o regionalismo, ou seja, os acordos regionais de integração são um componente
indissociável da economia mundial contemporânea, sendo que na atualidade
cresce paulatinamente a intensidade de relações do comércio internacional que
ocorre entre blocos comerciais ou em acordos regionais de integração, que revelam
assim, sua importância na história econômica das últimas décadas.

2 REGIONALISMOS E BLOCOS COMERCIAIS


Almeida, Lessa e Oliveira (2013) explicam que em todos os continentes,
grupos de países se unem em acordos de liberalização comercial preferencial,
transformando as bases do sistema mundial de comércio. Tais acordos surgiram
a partir do chamado Gatt de 1947. E o que seria isso? Confira a definição das
Nações Unidas:

91
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

UNI

O que significa “GATT”? O acrônimo “GATT” significa “Acordo Geral sobre Tarifas
e Comércio”. É um acordo entre Estados objetivando eliminar a discriminação e reduzir tarifas
e outras barreiras ao comércio de bens. Comércio de bens – O GATT estava originalmente,
e continua até hoje, relacionado apenas ao comércio de bens, apesar de seus princípios
fundamentais se aplicarem atualmente também ao comércio de serviços e aos direitos de
propriedade intelectual, tal como tratados no Acordo Geral sobre Comércio de Serviços e no
Acordo TRIPS, respectivamente. O GATT é um acordo da OMC que trata exclusivamente do
comércio de bens, mas não é o único.

FONTE: NAÇÕES UNIDAS. Conferência das Nações Unidas para o comércio e


desenvolvimento: solução de controvérsias. Disponível em: <http://unctad.org/pt/docs/
edmmisc232add33_pt.pdf>. Acesso em: 9 jul. 2018.

Para compreendermos como os blocos econômicos e comerciais são


formados, é preciso ter em mente que se destinam a permitir a cooperação
entre parceiros voluntários. Posteriormente, numa etapa mais avançada, é
possível estabelecer as bases de um processo de integração entre esses parceiros
(ALMEIDA; LESSA; OLIVEIRA, 2013).

Vale destacar que a articulação dos países em um bloco econômico e


comercial não requer que eles sejam geograficamente contíguos, embora esta
seja a forma mais comum de integração observada. Para que se estabeleçam
esses acordos, os primeiros passos envolvem a eliminação recíproca de barreiras
tarifárias e não alfandegárias entre os membros, seguida da definição de regras
de acesso e outras normas que visam estimular a complementaridade entre suas
respectivas economias (ALMEIDA; LESSA; OLIVEIRA, 2013).

Para facilitar o entendimento do conteúdo vamos fazer uma pausa e


entender o que é uma barreira tarifária e o que é uma barreira alfandegária?

92
TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS

FIGURA 6 – O QUE SÃO BARREIRAS TARIFÁRIAS?

BARREIRAS COMERCIAIS

1. Tarifárias 2. Não Tarifárias


Imposto de importação Restrições quantitativas
Imposto de exportação Regulamentos técnicos
Quotas tarifárias de Medidas sanitárias e
importação fitossanitárias
Quotas tarifárias de Padrões privados /
exportação normas voluntárias
Serviços
Subsídios
Propriedade intelectual
Compras governamentais
Regras de origem

FONTE: Confederação Nacional da Indústria (2017, p. 16)

Por sua vez, apresenta-se a seguinte definição de barreira alfandegária:

UNI

Definição de barreira alfandegária

Qualquer medida destinada a limitar o comércio internacional. Uma barreira alfandegária


atuará para limitar o nível de comércio através das fronteiras internacionais, implementando
restrições às importações e/ou exportações. Os governos podem impor tais restrições a fim
de proteger uma indústria doméstica da concorrência estrangeira ou limitar a exportação de
bens ou serviços considerados vitais para a saúde de uma economia doméstica.

FONTE: <https://www.investopedia.com/terms/c/customs-barrier.asp#ixzz5LQNWREeW>.
Acesso em: 16 jul. 2018 (Tradução nossa).

A respeito da origem do termo regionalismo, utilizada de forma genérica


para caracterizar diferentes acordos comerciais e econômicos entre os países,
Almeida, Lessa e Oliveira (2013, p. 15) explicam que:

93
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Geralmente, essas trocas de privilégios, ou concessões recíprocas se


fazem entre parceiros geograficamente próximos, mais frequentemente
entre os países limítrofes, daí o nome de regionalismo aplicado a esses
acordos de comércio preferencial entre vizinhos de uma mesma região.

Conforme discutimos no tópico anterior, observe que há nesta definição


certa aproximação com a ideia clássica de região, vinculada ao pensamento de
recorte espacial com bases em limites físicos previamente estabelecidos. Para buscar
um exemplo concreto, pense que esta definição clássica de regionalismo econômico
se assemelha ao recorte das regiões brasileiras, que são formadas a partir de um
conjunto de unidades federativas situadas geograficamente próximas. De modo
análogo, alguns blocos comerciais e econômicos também foram cunhados desta
forma. Contudo, em face as constantes transformações vigentes no capitalismo
atual, despontam-se novas formas de regionalismos econômicos. Neste sentido,
Almeida, Lessa e Oliveira (2013, p. 16) esclarecem que:

No entanto nem todo bloco comercial, ou acordo “regional”, precisa ser


feito entre países geograficamente contíguos, sequer da mesma região.
O mundo contemporâneo avançou para “zonas de livre-comércio”
absolutamente separadas no espaço, como é o caso do “acordo
regional” entre os Estados Unidos e Israel, separados por milhares de
quilômetros de distância. [...] Em outros termos, o novo regionalismo
obedece muito mais a critérios de conveniência política do que a
razões de ordem prática, que seriam aquelas derivadas da proximidade
geográfica e da contiguidade territorial. [...] Aliás, com os progressos das
comunicações, tanto no plano dos transportes, como nas comunicações,
estrito senso, a vizinhança geográfica torna-se relativa, uma vez que os
novos intercâmbios globais passam a concentrar “volumes” cada vez
maiores de serviços, muitos deles intangíveis, ou seja, prescindindo
totalmente de uma prestação local ou presencial [...] (grifo nosso).

Seguindo esta linha de pensamento, constata-se que este entendimento


acerca do novo regionalismo se aproxima com a discussão apresentada na
Unidade 1, referente ao conceito de região. Isto é, as regiões não são “dadas”
a priori, de antemão. Elas são formadas e construídas a partir de um elemento
aglutinador. No caso dos blocos econômicos e comerciais, referem-se à presença
ou não de condições comerciais favoráveis para que se teçam acordos comerciais.

Há que se ponderar também a relevância do setor de serviços na economia


mundial. Se, conforme vimos na Unidade 1, as primeiras teorias de localização
estavam centradas na análise dos fluxos materiais e na forma de reduzir os custos
relacionados a estas transações, com o advento das tecnologias somados à expansão
do segmento de serviços, aliados à intensificação da globalização, engendram-se
no plano da geografia econômicos fluxos informacionais e financeiros cada vez
mais fluídos. Ou seja, o critério de “vizinhança” sofre transformações.

Por conta destas transformações na ambiência dos acordos comerciais e


econômicos recentes, a denominação bloco econômico é questionada por alguns
autores, tendo em vista que as regiões econômicas que se formam não obedecem,
necessariamente, à forma de “blocos”. Ainda assim, tendo em vista a relevância
histórica deste conceito no campo da geografia, o Uni a seguir apresenta a
definição de bloco econômico, acompanhe:
94
TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS

UNI

Blocos econômicos são associações de países que estabelecem  relações


econômicas privilegiadas entre si e que tendem a adotar uma soberania comum, ou seja, os
parceiros concordam em abrir mão de parte da soberania nacional em proveito do todo associado.

Os desenhos desses novos mercados, antes de representar uma nova realidade comercial em
escala mundial, tendem a transformar-se em um projeto político, resultante de uma decisão
de Estados, que pode resultar ou não no aprofundamento da integração entre os países que
formam um bloco econômico.

Os blocos econômicos podem classificar-se em zona de preferência tarifária, zona de livre


comércio, união aduaneira, mercado comum e união econômica e monetária.

FONTE: CONGRESSO NACIONAL, COMISSÃO PARLAMENTAR CONJUNTA DO MERCOSUL.


<http://www.camara.leg.br/mercosul/blocos/introd.htm>. Acesso em: 9 jul. 2018.

Conforme nos mostra a definição, o termo Bloco Econômico é abrangente e


envolve diferentes níveis de envolvimento e de acordos entre as partes envolvidas.
Neste sentido, vale ressaltar que existem diferentes objetivos e distintos níveis de
avanço em termos econômicos entre cada tipo de acordo de integração regional.

Antes de explicar a natureza de cada tipo específico de acordo que se


estabelece, convém realçar qual é o sentido atribuído à ideia de integração no
plano das discussões sobre regionalismo e blocos econômicos.

UNI

Integração

Nome genérico atribuído a qualquer experimento ou processo de


derrubada de barreiras a fluxos de fatores produtivos entre países ou
territórios aduaneiros, que passam a ser regulados por meio de políticas
comuns ou convergentes. Um acordo de comércio regional visa, em
princípio, à integração econômica entre seus membros, embora eles
possam se contentar com suas fases mais elementares (áreas preferencias
de comércio) e não caminhar verdadeiramente para a formação de
um espaço econômico. Em suas fases mais avançadas, a integração pode implicar moeda
comum, ou única, a gestão conjunta de políticas de segurança e defesa (interna e externa) de
relações internacionais. A passagem da mera liberalização comercial e da abertura econômica
recíproca para etapas mais profundas é, no entanto, complicada, tendo em vista a necessidade
de coordenação, de convergência ou até de gestão unificada de políticas cruciais de gestão
macroeconômica (fiscal, cambial, monetária) ou setorial (agrícola, comercial, tecnológica etc.).

FONTE: ALMEIDA, Paulo Roberto de; LESSA, Antônio Carlos; OLIVEIRA, Altemani. Integração
regional: uma introdução. Editora Saraiva, 2013, p. 145.

95
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

No quadro a seguir, iremos examinar, sinteticamente, as características e


aspectos gerais de cada um destes blocos econômicos, que apresentam distintos
níveis de integração. Acompanhe!

QUADRO 2 – TIPOS DE ACORDOS DE INTEGRAÇÃO REGIONAL

ACORDOS DE INTEGRAÇÃO SUPERFICIAL


Área de preferência tarifária (APT)
Nas APT existe a redução ou eliminação de tarifas e outras barreiras tarifárias entre duas (ou
mais) economias, para vários produtos, mas não todos. Produtos sensíveis, ou essências, podem
ser eximidos da liberalização. Tampouco envolve regras de política comercial, já que cada parceiro
conserva inteira liberdade em suas políticas. Predominam acordos setoriais com regras limitadas
de acesso e sem quaisquer outras obrigações substantivas.
Exemplo: Associação Latino-Americana de Integração (Aladi).
Zona de livre-comércio (ZLC)
A ZLC estabelece a eliminação total, ou pelo menos substancial, das tarifas e outras barreiras
entre duas ou mais partes ao acordo, além da supressão de quotas e outras medidas limitadoras
do comércio de bens.
Exemplo: Acordo de Livre-comércio da América do Norte (Nafta).
ACORDOS DE INTEGRAÇÃO PROFUNDA
União aduaneira (UA)
Constitui uma etapa além da ZLC. Além da eliminação completa de tarifas e de outras barreiras
ao comércio de bens entre as partes contratantes, a UA implica a negociação de uma Tarifa Externa
Comum (TEC) e a adoção de uma política comercial comum em face a terceiras partes (isto é,
demais países externos a UA), o que representa um grande salto na cessão de soberania. O mesmo
país pode participar de mais de uma ZLC, mas de apenas uma UA.
Exemplos: Mercosul e Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC)
Mercado comum (MC)
Forma complexa de integração que abarca uma ZLC e uma UA. Um MC compreende uma cessão
quase completa de soberania econômica, pois o seu pressuposto é a aceitação de uma autoridade
comum para estabelecer normas internas. Inclui a livre circulação de todos os fatores de produção
(bens, serviços, capitais e pessoas) e o estabelecimento de políticas comuns em todas estas áreas.
Exemplo: União Europeia.
União econômica e monetária (UEM)
Constitui o estágio mais avançado do processo de formação de blocos econômicos, contando com
uma moeda única e um fórum político.
No estágio de União Econômica e Monetária tem de existir uma moeda única e uma política
monetária inteiramente unificada e conduzida por um Banco Central comunitário.
Para se chegar ao estágio de União Econômica e Monetária, há que se atravessar toda uma série
de momentos que demandam tempo e discussões entre os países-membros.
Exemplo: O único exemplo de mercado comum e, simultaneamente, de união política e monetária
é a União Europeia.

FONTE: Lenz (2018) apud Almeida, Lessa e Oliveira (2013) e Congresso Nacional (2018)

Agora que você já conhece as diferenças conceituais que existem em cada


tipo de acordo regional, observe no mapa a seguir como eles estão geograficamente
distribuídos.

96
Blocos Econômicos – 2015

Mercosul – Mercado SADC – Comunidade


Comum do Sul para o Desenvolvimento
Argentina da África Austral
Brasil África do Sul
Paraguai Angola
Uruguai Botsuana
Venezuela Lesoto
Madagascar
Comunidade Andina Malauí
Bolívia Maurício
Colômbia Moçambique
Equador Namíbia
Peru Rep. Dem. do Congo
Seicheles
Suazilândia
EU – União Europeia Tanzânia

97
Alemanha Holanda Zâmbia
Áustria Hungria Zimbábue
Bélgica Irlanda CIS – Comunidade
Bulgária Itália dos Estados
Chipre Letônia Independentes
Croácia Lituânia Armênia
Dinamarca Luxemburgo Azerbaijão
Eslováquia Malta Bielorússia
ESCALA 1 200 000 000
Eslovênia Polônia 1000 0 2000 km Casaquistão
Espanha Portugal Geórgia
PROJEÇÃO DE ROBINSON
Estônia Reino Unido Moldávia
Finlândia República Checa

economicos_1.pdf>. Acesso em: 8 jul. 2018.


MCCA – Mercado Comum NAFTA – Acordo de Livre Quirguistão
França Romênia
Centro-Americano Comércio da América do Rússia
Grécia Suécia
Costa Rica Norte Tadjiquistão
El Salvador Canadá Turcomenistão
Guatemala Estados Unidos da América Ucrânia
Honduras México Uzbequistão
Nicarágua
FIGURA 7 – MAPA DISTRIBUIÇÃO DOS BLOCOS ECONÔMICOS EM 2015

Nota: Mapas elaborados pelo IBGE a partir de dados obtidos junto às organizações econômicas representadas, 2015.

FONTE: IBGE. <https://atlasescolar.ibge.gov.br/images/atlas/mapas_mundo/mundo_blocos_


TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Observe no mapa como é elevado o número de países que fazem parte da


União Europeia. Do mesmo modo, note também como é expressiva a quantidade
de países que compõem a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral.
Ademais, chama atenção no mapa o fato de ainda existirem áreas “descobertas”
e que não estão vinculadas a nenhum bloco econômico.

Prosseguindo com os estudos sobre os blocos econômicos, iremos examinar


alguns dos exemplos identificados no quadro anterior e no mapa apresentado
para que você possa ampliar seus conhecimentos sobre geografia economia no
plano internacional.

3 EXEMPLOS DE BLOCOS ECONÔMICOS


Visando aproximar o debate conceitual com aspectos práticos, na sequência
iremos apresentar três exemplos de experiências de integração regional. A
primeira a ser apresentada, enquadra-se na definição de Zona de Livre Comércio
e denomina-se NAFTA.

a. NAFTA

FIGURA 8 – NAFTA

FONTE: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/nafta.htm>. Acesso em: 16 jul. 2018.

O Tratado de Livre Comércio da América do Norte é um tratado entre o


Canadá, o México e os Estados Unidos. Sua denominação NAFTA deriva de sua
nomenclatura na língua inglesa: North American Free Trade Agreement. Trata-se do
maior acordo de livre comércio do mundo. O objetivo do NAFTA é estimular a
atividade econômica entre as três principais potências econômicas da América do
Norte (INVESTOPEDIA, 2018).

98
TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS

O referido acordo foi firmado em 1992, entrando em vigor em janeiro de


1994, com a eliminação das barreiras alfandegárias entre os três países signatários.
Neste sentido, as restrições comerciais foram removidas em diversas categorias
de manufaturas, incluindo veículos e peças automotivas, computadores, têxteis e
agricultura. Com relação ao modo como o acordo foi estabelecido, vale realçar que
alguns aspectos do acordo foram progredindo gradativamente. Especificamente
foi estabelecido um prazo de dez anos, a contar de 1994, para a eliminação
progressiva de tarifas, de modo que em 2004 as barreiras comerciais deixassem
de existir nos três países (ENCICLOPÉDIA LATIONO AMERICANA, 2018).

Os principais objetivos deste acordo são:


a) Reduzir as barreiras ao comércio entre os países-membros.
b) Ampliar a cooperação visando à melhoria das condições de trabalho na América
do Norte.
c) Criar um mercado amplo e seguro para a circulação e comercialização de bens
e serviços produzidos na América do Norte.
d) Estabelecer regras comerciais claras e igualmente vantajosas para os países.
e) Ajudar a desenvolver e expandir o comércio mundial e converter-se em um
dinamizador da ampla cooperação internacional (MUNDO EDUCAÇÃO, 2018).

Com relação às particularidades deste acordo, vale destacar que os países


membros têm autonomia quanto às tarifas externas cobradas e não há o livre
fluxo de pessoas. Portanto, é um acordo meramente comercial, não abrangendo
as possibilidades de deslocamento de pessoas entre os países membros (ESTUDO
PRÁTICO, 2018).

b. MERCOSUL

Para introduzir o assunto Mercosul, observe sua bandeira:

FIGURA 9 – BANDEIRA DO MERCOSUL

FONTE: <http://www.mercosur.int/innovaportal/v/7076/10/innova.front/mercosul-escolar>.
Acesso em: 16 jul. 2018.

99
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

UNI

O Mercosul tem uma bandeira oficial representada pelas quatro estrelas da


constelação do Cruzeiro do Sul – que só pode ser observada nas noites do hemisfério sul –
acima de uma linha curva verde que simboliza o horizonte, sobre a palavra MERCOSUL. O
desenho foi escolhido mediante concurso, no qual se apresentaram mais de 1.400 trabalhos,
resultando vencedor um designer gráfico argentino.

FONTE: <http://www.mercosur.int/innovaportal/v/7076/10/innova.front/mercosul-escolar>.
Acesso em: 16 jul. 2018.

Dados da página institucional do Mercosul no Brasil informam, que com


mais de duas décadas de existência, o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL)
é a mais abrangente iniciativa de integração regional da América Latina,
surgida no contexto da redemocratização e reaproximação dos países da
região ao final da década de 80. Os membros fundadores do MERCOSUL são
Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, signatários do Tratado de Assunção de
1991 (MERCOSUL, 2018).

A Venezuela aderiu ao Bloco em 2012, mas está suspensa, desde dezembro


de 2016, por descumprimento de seu Protocolo de Adesão e, desde agosto de
2017, por violação da Cláusula Democrática do Bloco. Todos os demais países
sul-americanos estão vinculados ao MERCOSUL como Estados Associados. A
Bolívia, por sua vez, tem o “status” de Estado Associado em processo de adesão
(MERCOSUL, 2018).

No mapa exposto a seguir, destacam-se os países que constituem o


Mercosul.

100
TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS

FIGURA 10 – MAPA MEMBROS DO MERCOSUL

*A República Bolivariana da Venezuela se encontra suspensa de todos os direitos e obrigações


a sua condição de Estado Parte do MERCOSUL, em conformidade com o disposto no segundo
parágrafo do artigo 5° do Protocolo de Ushuaia.
** O Estado Plurinacional da Bolívia atualmente se encontra em processo de adesão.

FONTE: <http://www.mercosur.int/innovaportal/v/5908/10/innova.front/em-poucas-palavras>.
Acesso em: 16 jul. 2018.

A respeito de sua finalidade, desde a ocasião de sua criação, o


MERCOSUL teve como objetivo central propiciar um espaço comum
apto para gerar oportunidades comerciais e de investimentos mediante a
integração competitiva das economias nacionais ao mercado internacional.
Neste sentido foram concluídos múltiplos acordos com países ou grupos de
países, outorgando-lhes, em alguns casos, status de Estados Associados, como
é a situação dos países sul-americanos. Os países membros participam de
atividades e reuniões do bloco e desfrutam de preferências comerciais entre
os países membros (MERCOSUR, 2018).

Embora a denominação Mercosul esteja vinculada ao conceito de mercado


comum, na prática, o Mercosul ainda não alcançou este estágio e sua estrutura
ainda é mais característica de uma união aduaneira. Entre os motivos que ajudam
a entender porque este bloco ainda não pode apresentar características de um
mercado comum, encontra-se uma série de questões políticas, econômicas e de
divergências entre as nações participantes do bloco (INFOESCOLA, 2018).

101
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Entre as insuficiências que fazem com que o Mercosul não possa ser
considerado, efetivamente, um mercado comum, menciona-se o fato de que a
estrutura política do referido bloco não conta comum órgão supranacional. Ao
invés disso, foi adotado um sistema de presidência rotativa, no qual respeitando
o critério de ordem alfabética, os países membros assumem a chefia do bloco
durante um período de seis meses (INFOESCOLA, 2018).

Para completar seus estudos, selecionamos um fragmento de reportagem


a respeito das características econômicas da economia do Mercosul.

UNI

Qual é a economia do Mercosul? O Mercosul tem PIB nominal de US$ 3,2


trilhões, o que significa que se ele fosse considerado como um único país, ocuparia a quinta
economia do mundo.

De acordo com informações do próprio Mercosul, o comércio dentro do bloco multiplicou-


se mais de 12 vezes em 20 anos. Ele saltou de US$ 4,5 bilhões, em 1991, para US$ 59,4
bilhões, em 2013. Das exportações brasileiras para o Mercosul, 87% é composta de produtos
industrializados.

O bloco como um todo é uma potência no ramo agrícola, principalmente na produção de


trigo, milho, soja, açúcar e arroz. O Mercosul é o maior exportador líquido mundial de açúcar;
o maior produtor exportador mundial de soja, o 1º produtor e o 2º maior exportador mundial
de carne bovina, o 4º produtor mundial de vinho, o 9º produtor mundial de arroz, além de
ser grande produtor e importador de trigo e milho.

E não para por aí. O bloco é uma grande potência energética. Ele detém 19,6% das reservas
provadas de petróleo do mundo, 3,1% das reservas de gás natural e 16% das reservas de gás
recuperáveis de xisto.  A maior reserva de petróleo do mundo é do Mercosul, com mais
de 310 bilhões de barris de petróleo em reservas certificadas pela OPEP. Desse montante,
a Venezuela – que têm 92,7% das reservas de petróleo do Mercosul – concorre com uma
reserva de 296 milhões de barris.

FONTE: Economia IG. Mercosul. Disponível em: <http://economia.ig.com.br/2016-07-01/


mercosul-paises-objetivos-economia.html>. Acesso em: 16 jul. 2018.

3.1 UNIÃO EUROPEIA


A União Europeia é o exemplo de integração regional mais denso e
sofisticado que existe na atualidade. Trata-se de uma modalidade de acordo de
integração regional marcada por uma união econômica e política de características
únicas, constituída por  28  países europeus  que, em conjunto, abarcam grande
parte do continente europeu (UNIÃO EUROPEIA, 2018).

O mapa exposto na sequência apresenta os países que compõem a União


Europeia.

102
TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS

FIGURA 11 – PAÍSES MEMBROS DA UNIÃO EUROPEIA

FONTE: <http://4.bp.blogspot.com/-Q8AduZy5kPc/VFeY7keMleI/AAAAAAAAKaM/BzfEgBgyVgs/
s1600/UE28.png>. Acesso em: 16 jul. 2018.

Por se tratar de uma união econômica e monetária, Iandoli (2017, p. 1)


comenta que:

Isso significa que todos os seus membros coordenam políticas


econômicas entre si e formam um grande mercado único, congregando
suas capacidades produtivas e se transformando em um dos
atores internacionais mais poderosos. Além disso, boa parte deles
compartilha a mesma moeda: o euro. Para facilitar essa coordenação
política, foram criadas instituições supranacionais, competentes para
impor leis e sanções aos países-membros do bloco nas mais diferentes
áreas – desde a econômica até de direitos humanos, cultura, educação
e meio ambiente.

A respeito da história da União Europeia, observa-se que para alcançar


a denominação e o nível de integração necessários para que ela fosse instituída
como uma União Econômica e Monetária, atravessou um longo processo de
estruturação e de transformações. Isto é, em termos simples, ela começou como
um acordo regional menos elaborado e foi, paulatinamente, transformando-se até
chegar ao estágio de União Econômica e Monetária.

Conforme explicam Almeida, Lessa e Oliveira (2013, p. 168), a União


Europeia:

103
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Unificou, em 1992, por meio do tratado de Maastricht, as diferentes


instituições existindo anteriormente sob o epíteto de Comunidades
Europeias, notadamente a Ceca, a CEE e a Eurotom, e consolidando
os pilares da segurança e da política externa, da cooperação penal e
judicial e, ainda que parcialmente, a união monetária entre alguns
de seus membros. O Conselho Europeu, a Comissão de Bruxelas e o
Parlamento Europeu constituem seus órgãos mais importantes.

Sobre as principais instituições que antecederam a formação da União


Europeia, a Ceca (Comunidade Europeia do Carvão e do Aço) é considerada um
elemento fundamental na história da União Europeia.

Vamos conhecer quais são os principais objetivos da União Europeia?


Acompanhe no quadro a seguir no qual são apesentados os objetivos declarados
pela organização:

QUADRO 3 – OBJETIVOS DA UNIÃO EUROPEIA

Os objetivos da União Europeia são:

• promover a paz, os seus valores e o bem-estar dos seus cidadãos;


• garantir a liberdade, a segurança e a justiça, sem fronteiras internas;
• favorecer o desenvolvimento sustentável, assente num crescimento
econômico equilibrado e na estabilidade dos preços, uma economia de
mercado altamente competitiva, com pleno emprego e progresso social,
e a proteção do ambiente;
• lutar contra a exclusão social e a discriminação;
• promover o progresso científico e tecnológico;
• reforçar a coesão econômica, social e territorial e a solidariedade entre os
países da EU;
• respeitar a grande diversidade cultural e linguística da EU;
• estabelecer uma união econômica e monetária cuja moeda é o euro.
FONTE: <https://europa.eu/european-union/about-eu/eu-in-brief_pt>.
Acesso em: 16 jul. 2018.

104
TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS

Observe na declaração dos objetivos da União Europeia como o escopo


dos temas envolvidos nos mesmos extrapola a dimensão econômica, revelando
um nível de integração regional denso e coeso.

Contribuindo com o assunto, Iandoli (2017, p. 1) cita e comenta quais


são os critérios de adesão para os países que desejam integrar a União Europeia,
acompanhe:

UNI

As exigências para adesão:

ESTABILIDADE POLÍTICA

A primeira exigência é que o país tenha instituições estáveis que garantam a “democracia, o
Estado de direito, os direitos humanos e o respeito e proteção às minorias”.

ESTABILIDADE ECONÔMICA

O candidato também deve ter necessariamente uma economia de mercado em


funcionamento, com a capacidade de se integrar à “concorrência e às forças de mercado
existentes na União Europeia”.

ACEITAR AS NORMAS DO BLOCO

Além da compatibilidade política e jurídica, o Estado também deve aceitar e internalizar leis
de 35 diferentes tópicos, que regulam desde a livre circulação de capitais até as bases para
o desenvolvimento de transporte integrado.
Caso a União Europeia, através de sua Comissão, entenda que um candidato ainda tem
problemas internos para se adequar às normas coletivas, ele será mantido como apenas um
candidato até que consiga resolver essas questões. Hoje, cinco países estão nessa situação.

105
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

FIGURA 12 – OS CANDIDATOS À UNIÃO EUROPEIA

FONTE: <https://www.nexojornal.com.br/explicado/2017/03/03/Uni%C3%A3o-Europeia-o-
maior-projeto-de-integra%C3%A7%C3%A3o-regional-em-seus-piores-momentos>.
Acesso em: 16 jul. 2018.

Além dos candidatos oficiais – Albânia, Macedônia, Montenegro, Sérvia e


Turquia, Bósnia-Herzegovina e Kosovo são considerados “potenciais candidatos”,
sem o status formal.

Conforme podemos observar, em virtude das vantagens decorrentes da


inclusão de um país no referido bloco econômico, é compreensível que se países
se apresentem como candidatos para adentrarem ao acordo, revelando o caráter
dinâmico e transformados dos acordos de integração regional.

106
TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS

4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS ACORDOS DE


INTEGRAÇÃO REGIONAL
Para finalizar a discussão sobre os acordos de integração regional,
apontamos algumas possíveis vantagens e desvantagens decorrentes quando da
efetivação de tais acordos.

Para refletir sobre os efeitos negativos da adesão a um bloco comercial,


leia a seguir o fragmento do texto de Almeida, Lessa e Oliveira (2013):

1. Possível redução da arrecadação de receitas fiscais e outros tributos


aplicados ao comércio exterior. Isto é, em situações nas quais são
construídos acordos regionais de integração, o Estado renuncia a certos
montantes de receitas fiscais e tais renúncias podem ser importantes
nos países muito dependentes de tributos nessa área.
2. Possível diminuição da capacidade do Estado em decidir sozinho
sobre questões relacionadas à macroeconomia. Quando um país
passa a integrar um bloco econômico, dependendo da natureza do
acordo que se estabelece, o Estado perde a capacidade de deliberar
isoladamente sobre várias políticas macroeconômicas e setoriais que
afetam o perfil e o funcionamento da área de integração à qual passa a
pertencer, ou seja, torna-se conforme for o âmbito da decisão, passa a
ser necessário consultar os demais integrantes do acordo.
3. No plano microeconômico, a capacidade de competição das empresas
locais pode ser comprometida. Tendo em vista a abertura dos mercados
a concorrentes estrangeiros, pode ocorrer que tais concorrentes estejam
mais bem posicionados na escala tecnológica ou que disponham de
melhores condições no local de produção para oferecer produtos mais
baratos e de qualidade superior. Nesses casos, dependendo conforme
for o nível de profundidade do acordo estabelecido, isto é, de quantos
setores ele for capaz de afetar, simultânea ou sucessivamente, a
exposição das empresas poderá gerar distintos resultados. Indústrias,
produtores agrícolas, provedores de serviços etc. em contato com
outras empresas competidoras estrangeiras, poderão sobreviver e
até prosperar no novo ambiente de negócios; pode ocorrer que elas
tenham que se adaptar produtivamente; outro cenário possível é que
as empresas locais tenham que se associar ao concorrente estrangeiro
e; por fim, pode ocorrer também que algumas empresas não consigam
se manter e desapareçam.

E quais seriam os argumentos em favor da integração? Eles são


apresentados no quadro a seguir. Vale ressaltar que estes possíveis efeitos
positivos variam conforme o tipo de acordo estabelecido e do grau de intensidade
do relacionamento estabelecido.

107
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

QUADRO 4 – POSSÍVEIS EFEITOS POSITIVOS DECORRENTES DE ACORDOS DE INTEGRAÇÃO


REGIONAL

1. Maior eficiência na produção, por meio da especialização crescente dos agentes econômicos
segundo suas vantagens comparativas ou competitivas.
2. Altos níveis de produção em virtude do maior aproveitamento das economias de escala
permitida pela ampliação dos mercados.
3. Uma melhor posição de barganha no plano internacional, em virtude das dimensões ampliadas
nas novas áreas, resultando em melhores termos de negociações.
4. Mudanças positivas na eficiência econômica dos agentes em virtude de maior concorrência
intrassetorial e de maiores vínculos entre setores.
5. Transformações tanto na qualidade quanto na quantidade dos fatores de produção por força
de inovações incrementais e de avanços tecnológicos.
6. Mobilidade de fatores através das fronteiras dos países-membros, permitindo uma alocação
“ótima” de recursos.
7. Coordenação de políticas monetárias e fiscais num sentido teoricamente mais racional, já que
subordinadas a uma lógica impessoal e não à pressão de grupos setoriais ou correntes politicamente
influentes em escala nacional.
8. Os objetivos do pleno emprego (ou quase), altas taxas de crescimento econômico e de uma
melhor distribuição de renda tornam-se metas comuns nos países-membros.

FONTE: Almeida, Lessa e Oliveira (2013, p. 27)

5 PARLAMENTO DO MERCOSUL
Autor: Leda Maria Correa Moura 
Coautor(es): Suelen Fernanda Machado

Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula:
- listar os países que formam o MERCOSUL;
- localizar os países que formam o MERCOSUL;
- discutir sobre o parlamento do MERCOSUL, os objetivos de sua criação
e seu funcionamento.

Duração das atividades


5 aulas de 50 minutos.

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno:


- dominar o conceito de bloco econômico.

Estratégias e recursos da aula

Aula 1 – Problematização
Professor, inicie essa aula perguntando aos seus alunos: "o que é
MERCOSUL?" e "para que serve o MERCOSUL?". Faça como numa tempestade
mental, e anote no quadro ou em um papel grande as respostas dos alunos (uma
coluna para as respostas para a primeira pergunta e uma coluna para as respostas
relativas à segunda pergunta).
108
TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS

Tempestade Mental

Técnica que busca


encontrar solução para
um problema.
Consiste na apresentação
de grande número de
ideias acerca de um
assunto para, depois,
avaliá-las e chegar à
melhor solução.
O mesmo que Brainstorm.

Em seguida, a partir das respostas, discuta com eles e descartem respostas


incoerentes. Nessa discussão, apresente a palavra "parlamento"; pergunte se o
parlamento brasileiro teve envolvimento com a participação do Brasil no bloco
econômico. Conversem sobre as ações das bancadas brasileiras nas ações de seu
município (Câmara Municipal/vereadores), do seu estado (Assembleia Legislativa
Estadual/Deputados Estaduais) e nas ações referentes à nação brasileira (Câmara
Nacional/Deputados Federais e Senado/Senadores).

Peça que os alunos anotem, em seus cadernos, as respostas que


permaneceram na lista (anote você também, pois vai precisar delas para a revisão de
seu planejamento). Peça ainda que os alunos perguntem, em casa, a seus familiares,
o que sabem sobre o MERCOSUL e sobre sua representação nas esferas legislativas.
Eles devem trazer anotado, no caderno, as respostas que obtiveram. Nesta aula
você não vai explicitar nada sobre o tema, a ideia é deixar muitas dúvidas.

Aula 2 – Desenvolvimento do conteúdo 


Nesta aula, você precisa discutir com os alunos tudo sobre o MERCOSUL.
Comece fazendo uma revisão sobre Blocos Econômicos e passe a apresentar aos
alunos, de forma dialogada, o Mercado Comum do Sul. Cobre dos alunos as
perguntas que fizeram em casa para enriquecer o conteúdo e reduzir dúvidas e
equívocos que podem haver no entendimento dos alunos e/ou de seus familiares.
Converse sobre os principais tratados, protocolos e acordos que foram sendo feitos
desde a instituição do MERCOSUL:

Tratado de Assunção (1991).


 Protocolo de Ouro Preto (1994).
Protocolo Constitutivo do Parlamento do MERCOSUL (2005).

Faça relações entre o Parlamento Nacional e o Parlamento do MERCOSUL:


para que serve um parlamento, o que faz um parlamento, quem são os representantes
brasileiros no Parlamento do MERCOSUL.  

109
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Aula 3 – Trabalhando o conteúdo


Para essa aula, professor, tenha mapas-múndi (político e relevo) e mapas
da América do Sul (político e relevo) – ambos de parede – e Atlas, cerca de 8, para
ter um para cada grupo de trabalho. Inicie ouvindo o recurso educacional "Canta
cantos – aquarela", disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/
recursos/23210/aquarela.mp3>. Acesso em:  27 set. 2018.

Aquarela [Canta cantos] 

Converse sobre o áudio, mostre aos alunos os mapas históricos para


que eles percebam a evolução da cartografia e as possibilidades de leitura que
mapas oferecem. Se houver informações sobre a evolução da cartografia no
livro didático, explore-as. Solicite que os alunos agrupem-se (grupos com três
ou quatro pessoas), em seguida, trabalhe com eles os elementos essenciais
de um mapa (título, escala, legenda); localize com eles esses elementos nos
mapas que você colocou na parede, conversando a respeito de cada um;
peça que eles abram os atlas, aleatoriamente, e verifiquem tais elementos
nos mapas ali presentes. Cada grupo pode apresentar sua leitura do mapa
verificado para a turma: o mapa trata de  ???, traz informações sobre  ???.
Então, inicie pelo mapa-múndi, relembrando os continentes e localizando a
América do Sul; passe para o mapa da América do Sul, identificando os países.

Verifiquem os países que formam o MERCOSUL. Aproveite para


apresentar as capitais e algumas características de cada país como as culturais e
econômicas.

Atividade:

Solicite aos alunos que organizem uma Feira das Nações MERCOSUL.
Serão tantos grupos quantos são os países que formam o bloco econômico. Se,
quando você solicitar a pesquisa houver algum país com processo de entrada
no bloco em andamento, ele deve ser considerado. A pesquisa deve conter, além
das características do país (culturais, apropriação da natureza, economia, sistema
político), mapas com sua localização, os principais produtos que produz e como
é sua participação no Parlamento do MERCOSUL.

Aula 4 – Interagindo com os colegas e com os materiais de cada grupo


Essa aula deve ser pelo menos 10 dias depois da anterior para dar
tempo aos alunos prepararem a tarefa. Cada grupo vai apresentar aos colegas
a pesquisa. Se for início de ano, você pode combinar na escola e comemorar
o Dia do MERCOSUL com as apresentações. (Dia do MERCOSUL: 26 de
março, data em que o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai assinaram, em
1991, o Tratado de Assunção que constituiu o Mercado Comum do Sul).
Se a turma tiver um blog, você pode fazer um cronograma de inserção das
informações sobre o MERCOSUL. Poderia ser, por exemplo, o dia 26 de cada mês.

110
TÓPICO 2 | BLOCOS ECONÔMICOS

Blog

É um espaço gratuíto, interativo, online, para dialogar


com seus colegas, com a comunidade, onde o autor
pode inserir textos, imagens, vídeos, áudios, etc.

No site www.escolabr.com, existem muitas sugestões de sites para o


trabalho com blogs e a orientação pedagógica para isso.

Veja mais sobre blogs na educação no Portal do MEC em:


http://portaldoprofessor.mec.gov.br/links_interacao.html?categoria=198

Se a turma não tiver um blog, o tema merece sua construção. Crie você
mesmo e combine com as equipes o cronograma de atualização. O blog pode e deve
ser utilizado para outros temas que você vier a desenvolver no decorrer do ano.
Aproveite bastante a possibilidade, com o blog você desenvolve o uso consciente da
internet e divulga os trabalhos de seus alunos, contribuindo para a inclusão digital.

Aula 5 - Tomando decisões (opcional)

Prática Social Final do Conteúdo

Você pode fazer, junto com seus alunos, uma simulação das discussões do
parlamento do Mercosul.

Os grupos já foram formados para a pesquisa (cada grupo representa um


país) e, a partir das informações que forem sendo colocadas no blog, debatem
sobre a viabilidade de projetos, pontos positivos e negativos para cada país,
decidindo ficticiamente se o projeto será desenvolvido ou não.

Caso opte em fazer esta simulação, lembre-se de que deve ter um espaço
de tempo entre a combinação dos critérios e a realização da atividade.

Recursos educacionais

Aquarela [Canta cantos] Áudio

Para a pesquisa dos grupos você pode sugerir os seguintes endereços:


<http://pt.wikipedia.org/wiki/Mercado_Comum_do_Sul>.
<http://www.parlamentodelmercosur.org/index1_portugues.asp>.
<http://www2.camara.gov.br/comissoes/cpcms>.

111
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Avaliação

A avaliação dever ser processual, todo o processo pode e deve ser


avaliado. Verifique se os alunos:

• participaram da tempestade mental inicial;


• participaram das discussões para exclusão de respostas incoerentes;
• fizeram as anotações solicitadas;
• questionaram, em casa, sobre o tema tratado, trazendo o resultado de suas
indagações;
• dialogaram com você e os demais colegas sobre o MERCOSUL e sobre o Parlamento
do MERCOSUL, contribuindo para ampliar os conhecimentos de todos;
• trabalharam com os mapas e atlas, localizando os países e fazendo leitura das
informações ali presentes;
• participaram de um grupo de trabalho e fizeram a pesquisa solicitada;
• apresentaram a pesquisa para o grande grupo.

Caso tenha realizado a atividade do blog e feito a simulação do parlamento,


acrescente aos critérios:

• participaram de grupo de atualização do conteúdo do blog;


• debateram sobre os temas propostos no parlamento simulado.

FONTE: PORTAL DO PROFESSOR. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/


fichaTecnicaAula.html?aula=18587>. Acesso em: 3 set. 2018.

112
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• Blocos econômicos são associações de países que estabelecem  relações


econômicas privilegiadas entre si e que tendem a adotar uma soberania comum, ou
seja, os parceiros concordam em abrir mão de parte da soberania nacional em
proveito do todo associado.

• Integração é o nome genérico atribuído a qualquer experimento ou processo


de derrubada de barreiras a fluxos de fatores produtivos entre países ou
territórios aduaneiros, que passam a ser regulados por meio de políticas
comuns ou convergentes.

• NAFTA, Mercosul e União Europeia são exemplos de blocos econômicos.

• Alguns efeitos negativos decorrentes dos acordos regionais de integração


são: possível redução da arrecadação de receitas fiscais e outros tributos
aplicados ao comércio exterior, possível diminuição da capacidade do
Estado em decidir sozinho sobre questões relacionadas à macroeconomia e;
no plano microeconômico, a capacidade de competição das empresas locais
pode ser comprometida.

• Maior eficiência na produção, melhor posição de barganha no plano internacional


e Mobilidade de fatores através das fronteiras dos países-membros são alguns
dos possíveis efeitos positivos dos acordos de integração regional.

113
AUTOATIVIDADE

1 No plano dos acordos de integração regional, as barreiras comerciais que


se estabelecem entre os membros de um mesmo bloco comercial podem ser
tarifárias ou não tarifárias. Assinale a alternativa CORRETA que apresenta
apenas exemplos de barreiras comerciais não tarifárias:

( ) Restrições quantitativas, regulamentos técnicos e medidas sanitárias.


( ) Quotas tarifárias de exportação, imposto de importação e imposto de
exportação.
( ) Quotas tarifárias de exportação, regras de origem e compras governamentais.
( ) Propriedade intelectual, quotas tarifárias de importação e imposto de
exportação.

2 Para que ocorram relações comerciais entre distintos países, é necessário


que se estabeleçam regras entre os países participantes de um determinado
bloco econômico. Acerca da definição de barreira alfandegária, analise as
sentenças a seguir:

I - Trata-se de qualquer medida destinada a limitar o comércio internacional.

PORQUE

II - Uma barreira alfandegária atuará para limitar o nível de comércio através


das fronteiras internacionais, implementando restrições às importações e /
ou exportações.

A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRETA:

( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa da I.


( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.
( ) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa.
( ) A asserção I é uma proposição falsa e a II é uma proposição verdadeira.

3 A geografia econômica, no escopo de sua área de estudo, analisa as formas


espaciais e econômicas que se formam a partir da articulação que se estabelece
entre os diversos países pautadas em objetivos de natureza comercial. Sobre
o conceito de bloco econômico, assinale a alternativa CORRETA:

( ) São associações de países que estabelecem relações econômicas


privilegiadas entre si.
( ) São associações de continentes que estabelecem relações econômicas
privilegiadas entre si.
( ) São agrupamentos de estados que estabelecem relações comerciais
vantajosas entre si.
( ) São agrupamentos federativos que estabelecem relações institucionais
benéficas entre si.

114
UNIDADE 2 TÓPICO 3

GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E


INTERNACIONAL DO TRABALHO

1 INTRODUÇÃO
A globalização tem se constituído em um tema central nos estudos da
geografia econômica na atualidade. Neste sentido, o advento da globalização está
atrelado ao processo de encurtamento relativo das distâncias globais, motivados
sobretudo, pelos avanços tecnológicos dos transportes e da comunicação. A
aceleração dos fluxos informacionais, financeiros e de bens é uma característica
emblemática da globalização.

A globalização resulta da expansão do capitalismo enquanto sistema


econômico. Outra característica relevante da globalização, segundo Ianni (2001),
é que se mundializaram as instituições sedimentadas da sociedade capitalista, de
modo que os princípios envolvidos no mercado e no contrato, de certa forma, se
generalizam e passam a vigorar entre os mais diversos povos. Ou seja, algumas
práticas econômicas passam a ser difundidas e incorporadas em distintos
espaços. Como exemplo, mencionam-se a terceirização e o trabalho remoto, que
se tornaram mais recorrentes no período da globalização.

No ambiente escolar compete principalmente ao professor de geografia


cumprir a tarefa de relacionar os conteúdos e conceitos atrelados à globalização
com elementos que compõem a experiência cotidiana dos alunos. A este respeito,
Lopes (2010, p. 176), relata:

[...] para entender o mundo globalizado faz-se necessário a construção


de uma “pedagogia da realidade” a partir da vida cotidiana, da
dimensão do lugar globalizado, mas para tanto o professor precisa
fazer uma releitura de como se ensina, dos conteúdos, e dos seus
instrumentos pedagógicos para colaborar na formação de alunos que
compreendam o mundo real a partir de sua condição de existência.

Particularmente, neste tópico, iremos analisar as principais características


deste fenômeno e entender como a globalização exerce influência na divisão
internacional do trabalho.

115
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

2 GLOBALIZAÇÃO
O estudo da temática globalização é abrangente e pode ser conduzido a
partir de diferentes campos disciplinares e com base em distintos embasamentos
teóricos, advindo da área da sociologia, antropologia, economia, direito, comércio
internacional entre outros. Araújo Júnior (2015, p. 147) ressalta que:

O ensino de Geografia – e em particular a geografia econômica – deve


ter em conta a complexa relação da sociedade com a natureza e dos
homens em sociedade, onde os alunos possam se aproximar de uma
imagem territorial, independentemente de sua localização, que mostre
suas complexidades, diversidades, transformações, continuidades e
descontinuidades do espaço.

Neste sentido, a globalização é um fenômeno que envolve uma complexa


trama de fluxos e fixos. Para iniciar a discussão sobre a globalização, apresenta-
se a definição cunhada por Giddens e Sutton (2017, p. 170) advinda do campo
da sociologia: “globalização são os diversos processos pelos quais populações
humanas geograficamente dispersas são levadas ao contato mais próximo e
imediato entre si, criando uma comunidade única ou uma sociedade global”,

No box a seguir, apresenta-se o fragmento da definição de Ramos e


Wittmann (2006, p. 92) para globalização:

Globalização

Globalização é entendida como uma crescente consciência de que o


globo terrestre se constitui em um ambiente contínuo, ou seja, caracteriza-se
por um processo social no qual os limites territoriais dos arranjos sociais,
econômicos e culturais desaparecem e as pessoas se tornam conscientes
desse desaparecimento (WATERS, 1995).

A globalização se constitui em uma ordem mundial que estimula


sistemas interdependentes internacionalizados, de forma que países, regiões,
estados e empresas estejam estruturados para produzir e comercializar
produtos e componentes a partir de relações e vantagens competitivas
internacionalizadas. Globalização é a existência de valores locais alicerçados
em ambientes competitivos em escala planetária que estimulam reações em
dimensões intercontinentais, fazendo com que sistemas locais se subordinem
a sistemas globais (CASTELLS, 2000).

116
TÓPICO 3 | GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

FIGURA 13 – GLOBALIZAÇÃO E OS FLUXOS INFORMACIONAIS QUE CONECTAM PESSOAS

FONTE: <https://theshininggem.wordpress.com/2017/07/09/globalization-and-jingoism-
always-coexist/>. Acesso em: 18 set. 2018.

Analisando a globalização como processo histórico, Sene (2012, p. 38) faz


notar que:

[...] a globalização pode ser interpretada como a atual fase de expansão


do capitalismo com impactos na economia, na política, na cultura e no
espaço geográfico. Embora tenha suas raízes na expansão econômica
do pós-Segunda Guerra como um fenômeno que apresenta
características próprias e específicas, trata-se da continuidade do
longo processo histórico de mundialização capitalista, de formação
da economia-mundo, que já se arrasta por séculos, mas que se acelerou
desde meados do século passado (grifo nosso).

Observe na fala de Sene (2012) a relevância atribuída ao término da


Segunda Guerra Mundial, vista sob o prisma econômico. Por conta da destruição
que havia ocorrido, havia uma carência para reconstruir as cidades e retomar
a vida comercial e industrial das cidades, estimulando e fomentando diversos
setores econômicos. Ressaltando a ideia de que a globalização é resultante de um
processo histórico, Coutinho (1995, p. 21) apud Sene (2012) realça que:

[...] a globalização pode ser entendida como um estágio mais avançado


do processo histórico de internacionalização, correspondente a uma
etapa de forte aceleração da mudança tecnológica, caracterizada pela
intensa difusão das inovações telemáticas e pela emergência de um
novo padrão de organização da produção e da gestão na indústria e
nos serviços [...] (grifo nosso).

Complementando, Sene (2012, p. 39) pontua que:

Essa aceleração, especialmente dos fluxos, tem provocado mudanças


econômicas, sociais, culturais, políticas e espaciais, mudando mesmo a
percepção das pessoas e das empresas em relação ao espaço geográfico
local e mundial. Isso não seria possível sem os enormes avanços dos
sistemas técnicos, como consequência da revolução técnico-científica
ou informacional.

117
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Agora que já entendemos as principais definições conceituais que permeiam


o ideário da globalização, vamos analisar alguns aspectos práticos deste fenômeno?
Para tanto, selecionamos uma reportagem publicada pela BBC que traz a definição
e algumas considerações empíricas sobre a globalização, acompanhe:

UNI

Alguns aspectos práticos sobre a globalização

O que é globalização?

A globalização é o processo pelo qual o mundo está se tornando cada vez mais interconectado
como resultado do aumento massivo do comércio e do intercâmbio cultural. A globalização
aumentou a produção de bens e serviços. As maiores empresas não são mais empresas
nacionais, mas corporações multinacionais com subsidiárias em muitos países.
A globalização vem ocorrendo há centenas de anos, mas acelerou enormemente ao longo
do último meio século.

A globalização resultou em:


· aumento do comércio internacional;
· possibilidade de uma empresa operar em mais de um país;
· maior dependência da economia global;
· maior liberdade no movimento de capital, bens e serviços;
· reconhecimento de empresas globais como McDonald e Starbucks, mesmo em países
considerados “subdesenvolvidos”.

Razões para a globalização


Existem vários fatores-chave que influenciaram o processo de globalização:
· Melhorias no transporte – navios de carga maiores permitem que o custo de transporte
de mercadorias entre os países diminua. Economias de escala significam que o custo
por item pode reduzir quando operando em uma escala maior. Melhorias no transporte
também permitem que bens e pessoas possam viajar mais rapidamente.
· Liberdade de comércio – organizações como a Organização Mundial do Comércio
(OMC) incentivam o livre comércio entre os países, o que pode ajudar a remover as
barreiras entre os países.
· Melhorias nas comunicações – a internet e outras tecnologias móveis permitiram maior
comunicação entre pessoas em diferentes países.
· Disponibilidade de mão de obra e habilidades para o trabalho – outra característica da
globalização refere-se à possibilidade de buscar mão de obra considerada qualificada
e com custo baixo. Países como a Índia têm custos trabalhistas considerados baixos e
também altos níveis de qualificação. Indústrias intensivas em mão de obra têm optado
por alocar parte de suas atividades em países com menores custos trabalhistas.

Corporações transnacionais
A globalização resultou em muitas empresas que criam ou compram operações em outros
países. Neste sentido, empresas que operam em vários países são chamadas corporações
multinacionais ou corporações transnacionais. A cadeia de fast-food dos EUA, McDonald's,
é uma grande multinacional – tem quase 30.000 restaurantes em 119 países.

118
TÓPICO 3 | GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

Os fatores que atraem as transnacionais para um país podem incluir:


· matérias-primas baratas;
· oferta de mão de obra barata;
· boa infraestrutura de transporte;
· acesso a mercados onde as mercadorias são vendidas;
· políticas governamentais amigáveis.

Possíveis impactos negativos da globalização


As vozes que criticam a globalização incluem grupos como ambientalistas, ativistas sociais e
sindicalistas. Alguns dos argumentos mencionados pelos críticos da globalização são:
· A globalização opera principalmente no interesse dos países mais ricos, que
continuam a dominar o comércio mundial.
· Não há garantias de que a riqueza do investimento interno realizado por empresas
estrangeiras beneficie a comunidade local.
· Empresas transnacionais, com suas enormes economias de escala, podem prejudicar
o desempenho comercial de empresas locais em seu ramo de negócios.
· Em algumas situações, empresas transnacionais podem poluir o meio ambiente,
correr riscos com segurança ou impor más condições de trabalho e baixos salários
aos trabalhadores locais, sem que ocorra uma fiscalização adequada.
· A globalização é vista por muitos como uma ameaça à diversidade cultural do mundo.
Teme-se que possa abafar economias, tradições e idiomas locais e simplesmente
recolocar o mundo inteiro nos moldes do Norte e do Ocidente capitalistas.

FONTE: Adaptado de: BBC UK. Tradução nossa. Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/schools/
gcsebitesize/geography/globalisation/globalisation_rev1.shtml>. Acesso em: 30 jul. 2018.

Contribuindo, Santos (1996, p. 271) menciona que:

Não existe um espaço global, mas, apenas, espaços da globalização.


[...] O Mundo, porém, é apenas um conjunto de  possibilidades, cuja
efetivação depende das  oportunidades  oferecidas pelos lugares. [...]
Mas o território termina por ser a grande mediação entre o Mundo e a
sociedade nacional e local, já que, em sua funcionalização, o ‘Mundo’
necessita da mediação dos lugares, segundo as virtualidades destes
para usos específicos. Num dado momento, o ‘Mundo’ escolhe alguns
lugares e rejeita outros e, nesse movimento, modifica o conjunto dos
lugares, o espaço como um todo. É o lugar que oferece ao movimento
do mundo a possibilidade de sua realização mais eficaz. Para se
tornar espaço, o Mundo depende das virtualidades do Lugar.

119
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

3 DIVISÃO TERRITORIAL DO TRABALHO

FIGURA 14 – DIVISÃO DO TRABALHO

FONTE: <http://marlivieira.blogspot.com/2016/11/divisao-do-trabalho.html>.
Acesso em: 18 set. 2018.

Segundo Giddens e Sutton (2017, p. 122) tem-se a seguinte definição prática


de divisão do trabalho “separação das tarefas e ocupações do trabalho em processo
de produção que cria uma abrangente interdependência econômica”. Neste sentido,
a preocupação em desenhar processos e buscar estruturar os processos produtivos
do modo mais eficiente possível tornou-se uma máxima para as empresas. Por
isso, grande empenho é empreendido no sentido de conceber setores e selecionar
pessoas aptas para realizar as tarefas da melhor forma possível.

Partindo de uma analogia bastante simples e, de certa forma, metafórica,


assim como historicamente, vários esforços vêm sendo realizados para procurar
identificar qual o perfil de profissional é o mais indicado para realizar determinada
tarefa dentro de uma empresa, pensando em uma escala maior, reflexões tem
sido feitas para tentar entender como esta divisão do trabalho ocorre entre os
territórios. Seguindo a metáfora do início do parágrafo, seria como pensar em
qual país apresenta melhores condições para executar determinadas “tarefas”.

Sobre o processo de divisão do trabalho pelos territórios, Santos (1988, p.


51) pontua que:

Antes [...], a maioria das regiões produzia quase tudo de que necessitava
para sua reprodução, produzia-se de quase tudo em todos os lugares;
vivia-se praticamente em autarquia. Hoje, assistimos à especialização
funcional das áreas e lugares, o que leva à intensificação do movimento
e à possibilidade crescente das trocas (SANTOS, 1988, p. 51).

Nesse sentido, a divisão territorial do trabalho diz respeito a este


movimento, que ocorre quando diferentes regiões ou países se especializam na
produção de um ou mais produtos, aproveitando assim o benefício da vantagem
comparativa. Trata-se de um fenômeno associado à globalização (SHARP, 2006).
A este respeito, Araújo Júnior (2015, p. 139) explica que:
120
TÓPICO 3 | GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

A mundialização do capital forçou a uma redefinição dos espaços


nacionais (não a dissolução de suas fronteiras), regionais e locais e seus
papéis na divisão territorial e social do trabalho, quanto a processos,
constituições e significações.

Assim, analisando sob o prisma internacional, observa-se que o processo


de divisão do trabalho sofreu alterações ao longo do tempo. No quadro a seguir,
apresenta-se de modo resumido a evolução dos padrões de divisão internacional
do trabalho.

UNI

Evolução dos padrões de divisão internacional do trabalho

Desde o final do século XX têm ocorrido algumas mudanças nos padrões da divisão da
produção e do comércio internacional, com o crescimento da participação dos países em
desenvolvimento nas exportações de manufaturados. Vejamos como este processo ocorreu.
No início do século XX, diversos países subdesenvolvidos, incluindo o Brasil, eram
predominantemente agroexportadores. Na tradicional divisão internacional do trabalho
essas economias estavam assentadas principalmente na exportação de matérias-primas ou
produtos primários (agropecuários, extrativos, minerais) para os países ricos. Em contrapartida,
os países subdesenvolvidos recebiam dos países desenvolvidos produtos do setor secundário
(industrializados) e do setor terciário (comércio, capital, tecnologia).

Na produção industrial e no intensivo de tecnologia estão os produtos de maior valor


agregado, ou seja, com maior quantidade de riqueza incorporada. Por isso, os produtos
exportados pelos países em desenvolvimento têm menor valor que os exportados pelos
países desenvolvidos.

As mercadorias que circulam entre os países podem ser classificadas em:

· Commodities primárias: mercadorias em estado bruto ou produtos primários que


sofrem pouca ou nenhuma transformação, como café, soja, carnes, óleos vegetais
e minérios.
· Produtos com intenso uso de mão de obra e recursos naturais: produto de baixa
intensidade tecnológica que utiliza tecnologia manual, incluindo por exemplo, os
têxteis de algodão (intensivos em trabalho), o papel e a celulose (intensivos em
recursos naturais) e os calçados.
· Produtos de média intensidade tecnológica: borrachas e produtos plásticos,
derivados do petróleo e outros combustíveis.
· Produtos de média alta tecnologia: equipamentos mecânicos, produtos químicos,
automóveis e máquinas elétricas.
· Produtos de alta intensidade tecnológica: mercadorias que exigem mão de obra
mais qualificada, como aparelhos eletrônicos, de informática, produtos da indústria
farmacêutica e aviões.

O êxito no mercado internacional não ocorre apenas pela produção e exportação de grande
volume de mercadorias. O importante é o valor agregado à mercadoria. No caso, o valor que
os países desenvolvidos agregam é a alta tecnologia.

FONTE: TERRA; ARAÚJO; GUIMARÃES (2015, p. 567)

121
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Convém ressaltar que “as divisões do trabalho que vão se sucedendo


historicamente criam novas atribuições aos territórios, transformando e
recombinando as características de cada lugar e exigindo, portanto, uma nova
organização econômico-espacial” (ARAÚJO JÚNIOR, 2015, p. 139).

Para finalizar o assunto, acrescentamos a fala de Silveira (2010) que


ressalta o quanto o estágio atual da globalização tem interferido na dinâmica
da divisão territorial do trabalho. Com o advento de empresas cada vez mais
internacionalizadas, os aspectos atrelados às decisões locacionais variam de
acordo com as alterações com as demandas de cada empresa. Acompanhe o
fragmento de Silveira (2010, p. 78):

O número de empresas globais é diferente segundo as nações, assim


como o ritmo de expansão e os setores econômicos, pois dependem
do grau de maturidade de cada economia e do grau de inserção de
cada país na divisão internacional do trabalho. Por sua vez, cada
empresa possui uma lógica internacional fundada nas regras de
competitividade derivadas dos produtos que produz e comercializa.
É também a partir dessas regras que as empresas buscam, em cada
território nacional, a localização que mais lhes convém. Essa localização
pode ser imediata se todas as condições requeridas estão aí presentes,
ou pode ser preparada ao acrescentar-lhe os requisitos exigidos para
que a operação empresária seja rentável. Assim podem compreender-
se as atuais localizações de firmas, tanto em escala nacional como
em escala global, pois essas empresas não hesitam em mudar de
sítio quando este deixa de oferecer-lhes vantagens para o exercício
de sua própria competitividade. Dessa maneira, as grandes empresas
escolhem pontos e áreas aptos para o seu exercício, desenhando no
território verdadeiras topologias. Cada ponto ou área representa uma
ou alguma etapa técnica, geralmente a produção de matérias-primas
agropecuárias ou minerais ou, inclusive quando se trata de etapas
industriais, a fabricação de peças ou a montagem de partes. Instalam-
se, desse modo, divisões territoriais do trabalho particulares, próprias
de grandes corporações, cujo território e equação de lucro são
planetários. Nessa dinâmica, as regras da competitividade se referem
mais ao produto global do que à dinâmica do lugar, subordinando o
trabalho local e nacional às demandas das firmas (grifo nosso).

122
TÓPICO 3 | GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

LEITURA COMPLEMENTAR

Os desafios da geografia econômica na atualidade: território, globalização


e desenvolvimento

Iván Gerardo Peyré Tartaruga

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, mais precisamente desde o último quartel do século


passado, a tese do “fim da geografia” vem aparecendo vivamente no senso-comum,
sobretudo no campo econômico, e possui como traço fundamental a emergência
dos processos de informatização – relacionados principalmente às tecnologias de
informação e comunicação (TIC) – e da globalização – financeira e produtiva –,
elementos constituintes do atual meio técnico científico-informacional. Essa tese,
em termos econômicos, defende a irrelevância das especificidades territoriais para
a escolha da localização das atividades produtivas, respaldada na expansão do
comércio, na internacionalização das empresas e nas possibilidades das conexões
em rede (virtuais e de transportes) a custos reduzidos.

Dentro dessa linha de pensamento encontram-se trabalhos que defendem


“a morte da distância” (CAIRNCROSS, 2001), uma “economia sem peso” (QUAH,
1999) ou “o fim da geografia” (O’BRIEN; KEITH, 2009), sendo que alguns tiveram
e ainda têm forte repercussão mundial nos meios empresariais e governamentais
de muitos países. Entretanto, os seus principais expoentes provavelmente vêm
das obras do estrategista empresarial Kenichi Ohmae e do jornalista Thomas
Friedman. O primeiro propunha o “fim das nações” (OHMAE, 1996), situação na
qual as fronteiras políticas internacionais estariam rapidamente desaparecendo,
ou perdendo seu significado, em função do fortalecimento das multinacionais e
do crescimento dos mercados globais.

O segundo anunciava um “mundo plano” (FRIEDMAN, 2005), uma


metáfora na qual o planeta apresentaria uma superfície homogênea e sem
restrições para o capital e as finanças. Na verdade, a obra de Friedman não traz
grandes novidades já que os autores citados anteriormente vêm defendendo ideias
semelhantes nas últimas duas décadas (RODRÍGUEZPOSE; CRESCENZI, 2008,
2009). Junto ao enorme prestígio alcançado pelo livro de Friedman, ele torna-se
importante, e original, em função de ressaltar o aumento das possibilidades de
desenvolvimento, sobretudo econômico, dos indivíduos nesse mundo cada vez
mais globalizado, enquanto os autores da mesma linha supracitados ressaltavam
quase que exclusivamente o fortalecimento das multinacionais. Conforme ele, a
metáfora da superfície terrestre lisa serve para mostrar a enorme melhoria das
condições de qualquer pessoa de competir, conectar e colaborar com outros atores
localizados em qualquer canto da terra de modo mais rápido, mais profundo e
mais barato como em nenhuma outra época.

123
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

Segundo Friedman (2005), as possibilidades do mundo se tornarem melhor


para todos e em todos os lugares estariam intrinsicamente ligadas à globalização.
Essas oportunidades nunca antes vistas de conexão com qualquer lugar estão
fundamentadas em diversas “forças que alisaram o planeta” (FRIEDMAN, 2005,
p. 51), ou causas do processo de globalização, das quais as principais, de modo
resumido, são:

• A intensificação dos processos de conectividade entre as pessoas


por meio das TIC – popularização dos computadores pessoais e,
conjuntamente, do acesso à Internet (uso de e-mails, envio e/ou
carregamento de arquivos digitais, estabelecimento de contatos via
redes sociais etc.).
• O incremento cada vez maior da terceirização de certas atividades
de empresas, principalmente, para com empresas localizadas em
diferentes países como uma forma de colaboração importante.
• O deslocamento de uma ou mais fábricas de uma companhia para
outro país (off-shoring).
• A ampliação e fortalecimento das cadeias de fornecedores em nível global.
• A sincronização dessas cadeias através da maior colaboração
entre empresa fornecedora e empresa-demandante para o melhor
atendimento do cliente final por meio da otimização da logística
dos produtos (armazenamento, transporte, distribuição, reparação
e manutenção), algumas vezes até com a internalização, de modo
colaborativo, da demandante de atividades de uma de suas
fornecedoras (insourcing).
• A possibilidade de criação de cadeias pessoais de fornecimento de
informações, conhecimento e entretenimento por meio de sítios na
Web como Google, Yahoo, Microsoft e Amazon, configurando uma nova
forma de colaboração (virtual), um modo análogo em nível pessoal de
terceirização, insourcing e cadeias de fornecedores globais.
• Por último, alguns elementos que aumentam exponencialmente a
capacidade e a velocidade de interconexão virtual dos indivíduos,
o que Friedman denomina curiosamente de “esteroides” – maior
capacidade de processamento e de armazenagem de dados em
computadores pessoais; avanço no envio instantâneo de mensagens
e no compartilhamento de arquivos; realização de videoconferências
(copresença virtual); impulsos recentes em computação gráfica; e o
desenvolvimento das tecnologias das redes sem fio (wireless).

Por conseguinte, essas forças estruturantes de uma mudança em nível


mundial apontariam para a irrelevância da proximidade física entre os indivíduos
ou as organizações para a realização de seus desejos e atividades, o que concorda
com as ideias de Cairncross (2001) e O’Brien e Keith (2009), respectivamente, das
“mortes” da distância e da geografia. Ademais, a atuação dessas forças ressaltaria o
fato da redução da distância entre consumidores e os produtores de conhecimento
(especialmente, os baseados nas tecnologias computacionais), na linha da “economia
sem peso” de Quah (1999). Um gerente de produção de computadores ou um
desenvolvedor de software de uma empresa localizada em São Paulo poderia
facilmente se mudar para Paris para trabalhar de lá e todo o final de semana visitar
o Museu de Louvre e tomar café na Champs-Élysées, ou mudar para uma praia
paradisíaca do Caribe onde, além do mais, os aluguéis são mais baratos. Assim, as
cadeias globais de produção e de serviços poderiam criar centenas de novos negócios
e milhares de postos de emprego em qualquer lugar do planeta.

124
TÓPICO 3 | GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

Entretanto, em contrapartida a cada um dos exemplos positivos de cidades


que se beneficiam da globalização, como Bangalore na Índia ou Dalian na China
(citados por Friedman), existem dezenas de outras que estão fora dos circuitos
globais. Algumas vezes vítimas da própria globalização em casos de deslocalização
de fábricas (off-shoring) como ocorreram em diversos países europeus na última
década. O que aponta para a relevância das especificidades locais e regionais para
a realização da atividade produtiva.

O erro do pensamento da globalização como panaceia de todos os


problemas econômicos e, até sociais, está no seu caráter redutor tanto em termos
sociais quanto espaciais. Evidentemente, não se questiona a importância do acesso
aos computadores e às redes virtuais de informação e comunicação como elementos
que podem auxiliar na emancipação da humanidade para uma situação geral de
maior liberdade e justiça social. Contudo, em primeiro lugar, a plena utilização
das TIC está longe de alcançar todas as pessoas e localidades, pelo contrário, os
melhores e maiores recursos (humanos e de capital) vinculados a essas tecnologias
ainda estão muito concentradas em poucas empresas (players globais). Além do
mais, a distribuição espacial desses recursos por essas firmas, alegada por Friedman,
para cada vez mais indivíduos e lugares não parece estar ocorrendo, pelo menos
na velocidade que seria necessária para acompanhar o crescimento demográfico
mundial. O que se percebe é uma enorme concentração do capital e das melhores
mentes em poucos lugares no planeta. Com efeito, as firmas possuem, em geral,
uma visão seletiva no que diz respeito às escolhas de empregados (os mais
capacitados), e de locais para produção (os que possuem as melhores condições) e
para consumo (os que têm mais recursos ou, minimamente, suficientes). Situação
que ressalta a necessidade da atuação dos Estados como promotor da qualificação,
em todos os níveis, do capital humano e das condições básicas para a criação e o
desenvolvimento de empresas em seus territórios.

Em segundo lugar, a alta conectividade via TIC entre indivíduos ou


empresas, uma forte promotora de relações de colaboração conforme Friedman,
considera-se como geradora somente de formas complementares de colaboração,
especialmente em atividades mais complexas como são, por exemplo, as que
se referem a inovações tecnológicas (MORGAN, 2004). Nenhum outro tipo de
colaboração pode substituir, em qualidade e complexidade, as que são realizadas
face a face, porém aquelas podem ser complementares ou iniciadoras de estas.

Contrárias a essas teses há várias vozes que ressaltam justamente que


os espaços geográficos das cidades, das regiões e das nações têm um papel
importante no desenvolvimento econômico e social (SANTOS, 1999; MORGAN,
2004; STORPER, 1997; RODRÍGUEZ-POSE e CRESCENZI, 2008; dentre outros).
Segundo estes, a dimensão espacial – localização, proximidade física, vizinhança,
distância, aglomeração etc. – ainda importa para as atividades econômicas em geral.

Nesse sentido, está colocado o principal dilema da geografia econômica


contemporânea: o ressurgimento das economias regionais e da especialização
territorial em um período histórico que apresenta um crescimento extraordinário, de

125
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

um lado, das possibilidades de transporte (de pessoas e objetos) e comunicacionais


(entre pessoas, governos, firmas) entre os diversos lugares numa escala global e,
de outro, do teor científico e tecnológico destas possibilidades (STORPER, 1997).
Situação em que as cidades e as regiões são consideradas como elementos essenciais
nos processos de crescimento econômico. Dessa forma, o desenvolvimento
econômico de uma cidade ou região resultaria de uma combinação única de
forças (não exclusivamente econômicas) dirigida pelo contexto e específica do
local (STORPER, 2010).

Respondendo, parcialmente, a esse dilema e fazendo uma contraposição


direta à tese do “mundo plano” de Friedman (2005), Rodríguez-Pose e Crescenzi
(2008, 2009) escrevem um belo artigo sustentando que, na verdade, existem
“montanhas em um mundo plano”. Essas elevações na terra seriam as cidades e
regiões mais desenvolvidas economicamente, as que conseguem reunir em seus
territórios as empresas e pessoas mais inovadoras, e riqueza. Continuando na
esteira da terminologia geológica, essas montanhas originam-se de movimentos
tectônicos de placas, grandes forças que as tornam cada vez mais altas. Essas forças
ou fatores de desenvolvimento seriam, dentre outros, os seguintes (RODRÍGUEZ-
POSE; CRESCENZI, 2008): a inovação e o desempenho econômico; o impacto da
difusão de conhecimento; especialização versus diversificação; a comunidade e o
capital social; e o “burburinho” (buzz) da cidade. As intensas inter-relações entre
esses fatores presentes, sobretudo, nos grandes espaços urbanos estabelecem uma
complexa geografia da economia mundial.

A inovação tecnológica de produtos (bens e serviços) e de processos de


produção é considerada um elemento crucial para o desenvolvimento social e
econômico das regiões e dos países, em que, a incorporação de conhecimentos é
imprescindível para as atividades produtivas. Entretanto, o processo de inovação,
ultrapassando suas facetas estritamente tecnológicas, deve ser compreendido em
um sentido mais amplo incluindo aspectos organizacionais das empresas, como
também as inovações sociais e institucionais no âmbito de uma indústria, uma
região ou uma nação (MORGAN, 1997). E como se verá a seguir o surgimento das
inovações e a manutenção de sua produção ocorrem em poucos lugares com uma
clara tendência à concentração espacial.

Junto a isso, a difusão de conhecimentos, novos e já consolidados, pode


causar impacto importante no desempenho econômico de uma região. Assim, a
distribuição de práticas, rotinas, informações e ideias complexas, procedentes dos
mais diferentes atores individuais e coletivos (empresas, universidades, clientes,
concorrentes, dentre outros), podem fortalecer as atividades produtivas de uma
localidade pelo consequente aumento dos conhecimentos de cada ator que não se
daria se estivessem isolados. No entanto, os transbordamentos de conhecimentos
não ocorrem de forma contínua e espontânea, nem na escala local nem na global.
Primeiro, deve existir uma quantidade mínima suficiente de conhecimentos
relevantes para a produção e, segundo, são necessários esforços no sentido de sua
difusão por meio de contatos pessoas, parcerias, contratos ou políticas públicas. E,
efetivamente, essas condições e capacidades não são encontradas em todo lugar.

126
TÓPICO 3 | GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

Caracterizadas como externalidades (benefícios) de aglomeração, a


especialização e a diversificação na inovação e no desempenho econômico
parecem providenciar explicações promissoras para o sucesso de cidades e regiões
(RODRÍGUEZ-POSE; CRESCENZI, 2009; BOSCHMA; FRENKEN, 2011). De um lado,
a especialização proporciona vantagens no âmbito de um aglomerado de firmas de
um mesmo tipo de indústria (economias de especialização) em razão da presença
densa de mercados de trabalho especializados, do acesso a fornecedores e a mercados
especializados, e do transbordamento de conhecimento local. Seguindo as excelentes
interpretações do economista Alfred Marshall (1982) a respeito das aglomerações
econômicas inglesas do século XIX. De outro, a diversificação de atividades
econômicas num local (economias de diversificação) permite o aproveitamento de
complementaridades entre diferentes conhecimentos dentro de processos de troca
entre setores diferentes, gerando oportunidades de inovação, ao estilo do pensamento
de Jane Jacobs (1969) sobre os benefícios das cidades diversificadas.

A comunidade, o capital social e a classe criativa são outros fatores


importantes de aglomeração. As normas informais, as tradições e os relacionamentos
pessoais que caracterizam uma comunidade podem ser elementos decisivos para
o desenvolvimento econômico de uma região. Quando esses fatores favorecem a
integração e a organização dos indivíduos – coordenação social – em torno de um
projeto de desenvolvimento comum, as chances de sucesso econômico são maiores.
Nesses contextos haveria um maior capital social disponível, na linha de Robert
Putnam (2005), ou seja, maior confiança entre as pessoas.

E, por fim, a questão do contato face a face entre pessoas no contexto dos
processos de aprendizagem e de inovação, questão importante e, ao mesmo tempo,
ausente na teoria da aglomeração e do crescimento urbano (STORPER; VENABLES,
2004, 2005). O “burburinho” das cidades (buzz cities) trata da intensificação
dos contatos face a face, essa copresença física intensificada onde surgem, como
possibilidades, as oportunidades da circulação e troca de informações planejadas
e ocasionais, e da participação de redes de colaboração. A interação face a face
é interessante porque auxilia a resolução de problemas de incentivo, facilita a
socialização e o desenvolvimento do saber, e proporciona motivações psicológicas,
o que favorece as ações econômicas.

FONTE: TARTARUGA, Iván Gerardo Peyré. Os desafios da geografia econômica na atualidade: território,
globalização e desenvolvimento. Disponível em: <https://www.researchgate.net/profile/Ivan_G_Peyre_
Tartaruga/publication/293886341_Os_desafios_da_geografia_economica_na_atualidade_territorio_
globalizacao_e_desenvolvimento/links/56bcd6ba08aed6959945be71.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2018.

Leia também esta sugestão de aula sobre globalização!

4 AULA BRASIL GLOBALIZADO

Plano de aula
Tema: Brasil globalizado
Público alvo: alunos das séries iniciais

127
UNIDADE 2 | SISTEMAS ECONÔMICOS, INTEGRAÇÃO REGIONAL E GLOBALIZAÇÃO

1. Objetivos:
       Identificar as características da globalização e o impacto econômico,
social, político e cultural do país e a influência na vida das pessoas e no ambiente.
      Entender o processo de globalização como sendo diferenciado para
países pobres e países ricos.

2. Metodologia:
• Diálogo onde todos podem expressar suas opiniões.
• Aula passeio.
• Debates.
• Videoaula.
• Trabalho em grupo e individual.
• Pesquisa de campo.
• Entrevista.
• Tabelas e gráficos.

3. Recursos:
• Rótulos e etiquetas de produtos diversos.
• Vídeos.
• DVD.
• Papel pardo.
• Caneta pilot.
• Jornais e revistas.

4. Desenvolvimento:
1º momento:
§ Na roda de conversa, buscar o conhecimento prévio dos alunos sobre
Globalização. Pedir para fazerem anotações de suas hipóteses. Perguntar,
para aguçar a temática, se eles gostam de jogos, se tem acesso à celular ou
vídeo game, por exemplo, dando início à conversação. Influir o debate sobre
propagandas e compras, necessidade e supérfluo;
§ Após ouvi-los, buscando registrar tudo que disserem sobre o tema,
levá-los a debater sobre a influência de outros países e suas culturas em nossas
vidas. Logo em seguida induzi-los a assistir o vídeo “Globalização – Tecnologia
e a mudança na vida das Crianças”.
§ Instigá-los a responder às perguntas contidas no vídeo e realizar uma
pesquisa com outros alunos do colégio utilizando a mesma temática do vídeo.
Promover debate sobre o resultado.
§ Produzir tabela e gráfico com o resultado da pesquisa, expondo na escola.

2º momento:
§ Sair da escola para aula-passeio em comércio local com a finalidade
de pesquisa e análise dos produtos que utilizamos e os locais de sua fabricação.
Tomar notas do nome do produto, o preço, para que serve, e onde foi
produzido. Fazer isso em pelo menos três lojas diferentes.
§ Retornar à classe e tabular a pesquisa registrando em tabelas e gráficos.
§ Recortar de encartes, jornais ou revistas os produtos pesquisados e

128
TÓPICO 3 | GLOBALIZAÇÃO E DIVISÃO TERRITORIAL E INTERNACIONAL DO TRABALHO

montar um mural localizando no mapa o lugar de onde veio o produto pronto e


de onde saiu o material para fabricá-lo.

3º momento:
Trabalhar o efeito positivo e negativo da Globalização influindo em
nossa vida.
§ Levá-los a debate sobre pontos negativos e positivos da globalização.
§ Realizar pesquisa na Internet, anotar pontos principais que se
contrapõe.

4º momento:
§ Assistir ao vídeo “História das coisas”
§ Debater sobre as informações contidas no vídeo, com reflexão crítica
sobre a atuação de todos nós no processo.  
§ Redigir textos informativos sobre o assunto e o que entenderam do
vídeo ressaltando as informações que mais chamaram a atenção.

5º momento:
§ Montar jornal mural com representação de toda pesquisa realizada
desde o 1º momento e expor para a comunidade escolar.
§ Para finalizar, comparar as informações com o conhecimento prévio e
concluir se suas hipóteses foram confirmadas ou precisaram ser reformuladas.

5. Referências:
Universidade Santa'Anna. Grupo de trabalho do Grupo Evolução, do curso
de Pedagogia – 6º semestre, disciplina: Tecnologia Aplicada a Educação. Sob ori-
entação do Professor-Orientador: Jonatas. Globalização – Tecnologia e a mudança
na vida das Crianças. Disponível em: <http://mais.uol.com.br/view/qk2yl9p7c9v0/
globalizacao--tecnologia-e-a-mudanca-na-vida-das-criancas-0402CD993362DC-
C13326?types=V&> e também <http://www.youtube.com/watch?v=RXCFs2wUN-
Qo>. Acesso em: 20 abr. 2014.

HISTÓRIA DAS COISAS.  <http://www.youtube.com/watch?v=x_PmgS-


f3LSs>. Acesso em: 21 abr. 2014.

GEOGRAFIA NA EDUCAÇÃO 2 – Volume 2, Cederj, 2012, aulas 16 e 17.

FONTE: <https://colheitadeaprendizagem.blogspot.com/2014/04/brasil-globalizado-plano-de-aula.
html>. Acesso em: 2 set. 2018.

129
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Globalização são os diversos processos pelos quais populações humanas


geograficamente dispersas são levadas ao contato mais próximo e imediato
entre si, criando uma comunidade única ou uma sociedade global.

• A globalização se constitui em uma ordem mundial que estimula sistemas


interdependentes internacionalizados, de forma que países, regiões, estados
e empresas estejam estruturados para produzir e comercializar produtos e
componentes a partir de relações e vantagens competitivas internacionalizadas.

• A globalização pode ser interpretada como a atual fase de expansão do


capitalismo com impactos na economia, na política, na cultura e no espaço
geográfico.

• Divisão do trabalho pode ser definida como a separação das tarefas e


ocupações do trabalho em processo de produção que cria uma abrangente
interdependência econômica.

• A divisão territorial do trabalho diz respeito a este movimento, que ocorre


quando diferentes regiões ou países se especializam na produção de um ou
mais produtos, aproveitando assim o benefício da vantagem comparativa.
Trata-se de um fenômeno associado à globalização.

130
AUTOATIVIDADE

1 A globalização é um tema recorrente nos estudos de geografia econômica.


Trata-se de um conteúdo que permite incorporar muitos exemplos e debates
em suas estratégias de ensino. Sobre este assunto, analise as sentenças a
seguir: A globalização é um tema recorrente nos estudos de geografia
econômica. Trata-se de um conteúdo que permite incorporar muitos
exemplos e debates em suas estratégias de ensino. Sobre este assunto,
analise as sentenças a seguir:

I - O ensino de Geografia Econômica deve ter em conta a complexa relação da


sociedade com a natureza e dos homens em sociedade, em que os alunos
possam se aproximar de uma imagem territorial.

PORQUE

II - O estudo da localização retrata o uso dos solos internacionais e o modo


como eles vigoram no plano das políticas púbicas.

A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRETA:


( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I.
( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa da I.
( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.

2 O estudo da globalização pode ser feito a partir de distintas disciplinas e


abordagens teóricas dependendo do enfoque pretendido. Com relação ao
conceito de globalização, analise as sentenças a seguir:
I - Globalização é entendida como uma crescente consciência de que o globo
terrestre se constitui em um ambiente contínuo.

PORQUE

II - Caracteriza-se por um processo social no qual os limites territoriais dos


arranjos sociais, econômicos e culturais desaparecem e as pessoas se tornam
conscientes desse desaparecimento.

A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRETA:

( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II é uma justificativa da I.


( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa da I.
( ) A asserção I é uma proposição verdadeira e a II é uma proposição falsa.
( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.

131
3 Nos dias de hoje, muito se fala sobre a internacionalização da economia. Trata-
se de um processo histórico de longa data e que segue se transformando.
Neste sentido, analise a alternativa CORRETA relacionada à globalização:

( ) A globalização é um desdobramento do mercantilismo direto, no qual


compradores e consumidores podem se relacionar de modo mais estreito
e direto.
( ) A globalização pode ser interpretada como a atual fase de expansão do
capitalismo com impactos na economia, na política, na cultura e no espaço
geográfico.
( ) A globalização é um resultado do feudalismo, no qual a propriedade
privada passa a ser guiada por uma ordem internacional de poder.
( ) A globalização pode ser definida como a etapa de crescimento do
capitalismo cíclico impactando a economia e a expectativa de vida.

132
UNIDADE 3

BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA


BRASILEIRA E O ESPAÇO
ECONÔMICO ATUAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• conhecer a história da economia do Brasil;

• compreender as principais características da produção agropecuária do


Brasil;
• reconhecer as principais características do setor industrial do Brasil.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

TÓPICO 2 – O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A


PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

TÓPICO 3 – O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A


PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

133
134
UNIDADE 3
TÓPICO 1

BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

1 INTRODUÇÃO
Existem várias maneiras de se contar a história econômica de um país.
Entender o modo como as atividades produtivas foram se estabelecendo e se
engendrando no território é um esforço relevante para que se possa compreender
os passos que antecederam a base econômica anterior.

Neste tópico, a história econômica do Brasil será contada a partir dos seus
principais ciclos, a saber: ciclo do pau-brasil, ciclo da cana-de-açúcar, ciclo do
ouro, ciclo do algodão, ciclo da borracha e ciclo do café.

Para tanto, iremos discorrer brevemente sobre a trajetória de cada um


dos elementos mencionados, seguidos por um sucinto contraponto referente ao
estágio atual de produção dos referidos produtos.

2 CICLO DO PAU-BRASIL
A exploração do pau-brasil foi a primeira atividade econômica de
relevância do Brasil. Pautada em seu caráter extrativista, o desenvolvimento, no
plano geográfico, esta atividade impactou o território de duas formas principais:
contribuiu para que se formassem as chamadas companhias hereditárias (o que
nos remete à ideia de território e poder); bem como, estimulou a formação das
primeiras concepções de um ideário de “cidade”. Acompanhe a explicação deste
ciclo no espaço apresentado a seguir:

Ciclo do pau-brasil

Primeiro período da história econômica do Brasil, caracterizado pela


exploração da árvore do mesmo nome [...]. Estendeu-se desde os primeiros
anos após a descoberta até o início da segunda metade do século XVI, quando
perdeu a primazia para a cultura da cana-de-açúcar. Sendo atividade apenas
extrativa, consistia na coleta da madeira e sua remessa para a metrópole,
onde era utilizada em marcenaria de luxo, fabricação de violinos, indústria
naval e, principalmente, como corante. A Coroa portuguesa arrendava partes
da região litorânea a comerciantes, que lhe deveriam entregar uma renda
fixa e obrigavam-se a construir feitorias: os primeiros núcleos de população
europeia no Brasil. Um dos primeiros arrendatários da Coroa foi Fernão
de Noronha. Ao lado dos portugueses, os espanhóis e, principalmente, os

135
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

franceses, também se dedicaram à extração do pau-brasil na costa brasileira,


disso surgindo inúmeros conflitos que levaram a Coroa a criar as capitanias
hereditárias. A extração do pau-brasil continuou sendo uma atividade
relativamente rendosa até meados do século XIX, quando a invenção de
corantes artificiais a tornou dispensável.

FONTE: Novíssimo dicionário de economia. 1999, p. 95. Disponível em: <http://sinus.org.


br/2014/wp-content/uploads/2013/11/FMI.BMNov%C3%ADssimo-Dicion%C3%A1rio-de-
Economia.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2018 (grifo nosso).

Conforme se observa na explicação disposta no quadro, a exploração de


atividades econômicas – ainda em caráter extrativista – interferem na configuração
do território ocupado e no modo como a população se estabelece sobre ele. As
chamadas feitorias eram:

[...] um local, fortificado ou não, geralmente próximo a um porto.


Funcionavam como entreposto comercial nas colônias das potências
europeias na época da  expansão marítima. [...] Era também uma
forma de defender os interesses comuns dos mercadores, interferindo
nas relações econômicas e políticas. Quem administrava as feitorias
eram os feitores (posto de confiança do Rei, sendo escolhidos entre
a  nobreza) cujas funções eram gerenciar o comércio, os mercadores
e fiscalizar os escravos. Espalhadas por terras litorâneas onde
havia passagens de navegadores, garantiam ainda a segurança e
a jurisdição do país que representavam. Importante também esclarecer
que elas monopolizavam a cobrança de taxas de navegação e impostos
sobre os navios e sobre as mercadorias. As mesmas funcionavam como
mercado, armazém, alfândega, defesa e ponto de apoio à navegação e
exploração. Em muitas ocasiões, essas mesmas feitorias, serviam ainda
como sede do governo das comunidades do local (BRITO, 2016, p. 1).

FIGURA 1 – EXPLORAÇÃO DO PAU-BRASIL

FONTE: <http://geografia708nossoblog.blogspot.com/2016/04/extracao-do-pau-brasil.html>.
Acesso em: 10 ago. 2018.

Atualmente, a exploração do pau-brasil não se constitui em atividade


econômica. Muito explorada no período de colonização, em 2004, entrou na lista
de ameaçadas de extinção (SENADO NOTÍCIAS, 2011)
136
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

O infográfico exposto a seguir revela outros detalhes relacionados à


exploração do pau-brasil, acompanhe:

FIGURA 2 – INFOGRÁFICO PAU-BRASIL

A exploração
ao longo dos
séculos
1500 1605
Pedro Álvares Cabral chega ao Regimento proíbe o uso
Brasil e envia embarcação para do fogo na exploração da
Portugal com carta de Pero madeira e determina pena
Vaz de Caminha e amostras de de morte para a exploração
produtos, como o pau-brasil ilegal; o rei Filipe II suspende
temporariamente o comércio
1501 para eliminar falhas no
Fernão de Loronha (Fernando de Noronha) assina sistema de fiscalização
contrato de exploração do pau-brasil com a Coroa
Portuguesa, para ser usado como corante: quatro 1624
navios percorrem a costa entre 1502 e 1503 Holandeses que cobiçavam o pau-brasil e
o açúcar invadem a Bahia e são expulsos
1503 em 1625: em 1630, ocupam Pernambuco
Gonçalo Coelho realiza uma segunda expedição
de exploração e funda a primeira feitoria, depósito 1625
de entrega e preparação para o embarque Os jesuítas passam a ter o monopólio
para recolher, transportar e guardar o
1506 pau-brasil até o embarque para a Europa
O papa Alexandre VI homologa o Tratado de Tordesilhas;
assim, Portugal tem o controle da costa brasileira e, como 1831
consequência, da exploração do pau-brasil Uma lei imperial reforça que o pau-brasil
continue a auxiliar no pagamento da dívida
1516 externa; a atividade está retraída e pensa-se
Primeira expedição de vigilância da costa tenta expulsar que a espécie está extinta em algumas regiões
traficantes de pau-brasil, especialmente franceses
1875
1530 A produção de corante sintético para tecidos
O pau-brasil representa 90% dos produtos brasileiros provoca o abandono quase total do pau-brasil
exportados, usado como corante de roupas, mas como matéria-prima para a indústria têxtil.
apenas 5% da receita total do tesouro português Ele passa a ser usado na produção de arcos
1534 2000
O sistema de capitanias hereditárias muda a política Iniciam estudos de proteínas encontradas
portuguesa de ocupação do Brasil, de exclusivamente nas sementes do pau-brasil, que seguem
extrativista para agrícola colonizadora algumas iniciativas esparsas

Ficha técnica
Nomes populares Área de Altura Flores: amarelas, Sementes: com
pau-brasil ou ocorrência com manchas cerca de 1 cm de
pode
ibirapitanga original vermelhas em uma diâmetro, passam
chegar
Costa do das cinco pétalas do verde ao
a 30
Nome Rio Grande castanho-escuro;
metros Frutas: folhas
científico do Norte são liberadas de
ao Rio de modificadas, unidas
Caesalpinia pelas margens e forma explosiva
echinata Janeiro pelos frutos,
cobertas de "espinhos"
espalhando-se
no terreno

FONTE: LIVRO PAU-BRASIL: DA SEMENTE À MADEIRA INFOGRÁFICO: FARRELL E WILLIAM MARIOTTO

FONTE: <https://www.estudopratico.com.br/wp-content/uploads/2013/05/pau-brasil-
infografico-estadao.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2018.

137
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

UNI

Confira esta sugestão de aula para turmas de ensino fundamental


para trabalhar a temática “Ciclo do Pau-Brasil”.
Autora: Regia Maria 
Coautor(es): 
Raimunda Porfirio Ribeiro

Dados da aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula:
· Compreender que a exploração do pau-brasil se constituiu em uma atividade comercial
dos portugueses, que implicou no trabalho escravo dos índios.
· Discutir quais foram as relações estabelecidas entre colonizadores e colonizados, as
lutas indígenas que expressaram a ação de invasão e domínio dos portugueses.

Duração das atividades


6 aulas de 50 minutos.

Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno


· Saber quem foram os primeiros habitantes do Brasil.
· Saber que os nativos eram os índios que habitavam o Brasil no período da chegada dos
portugueses.

Estratégias e recursos da aula

ATIVIDADE 1 – Discutir os motivos pelos quais a coroa portuguesa se interessou pelo


pau-Brasil.     

1º momento – Professor, propicie a construção de um conhecimento inicial sobre o pau-


Brasil.  Para começar, você pode despertar o desejo das crianças saberem mais sobre essa
riqueza natural. Mostre várias figuras e peça para que as crianças falem um pouco do que
estão vendo e digam que árvore é essa.

FONTE: <http://www.google.com/images?client=firefox-a&rls=org.mozilla:pt-
BR:official&channel=s&hl=pt-BR&q=ciclo%20do%20pau%20brasil&lr=&um=1&ie=UTF-
8&source=og&sa=N&tab=wi&biw=1280&bih=619>. Acesso em: 26 set. 2018. 

2º momento – pergunte aos seus alunos o que eles sabem sobre o pau-brasil, organize-os
em grupos de quatro componentes, para discutir e escrever tudo que sabem sobre o pau-
brasil.    Oportunize que compartilhem com os demais colegas em uma reunião pública.
Você, nesse momento, não interfere, apenas coordena a fala dos participantes dos grupos.
Também não introduz conhecimento novo, apenas diagnostica e questiona para verificar a
consistência do conhecimento dos alunos.

3º momento – inicie a sistematização do tema, comece pela orientação da leitura das crianças
sobre o assunto, você pode encontrar no livro didático, em outras fontes que achar adequada
ou nos textos indicados:
 
“O mundo das plantas”. Pau-brasil. Canal Kids. Disponível em: <http://www.canalkids.com.br/
meioambiente/mundodasplantas/pau.htm> <http://www.canalkids.com.br/meioambiente/
mundodasplantas/pau2.htm>. Acesso em: 10 set. 2010.
 
“Uma história de muitas curiosidades”.  Disponível em: <http://www.sescsp.org.br/sesc/
hotsites/paubrasil/cap4/curiosidades.htm>. Acesso em: 10 set. 2010.

138
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

Observação – Professor, depois da apresentação e motivação do tema, oriente os alunos a


registrar em um portfólio tudo que fizerem e aprenderem.  Deixe um momento em todos os
dias no final da aula, para que eles realizem um registro e uma análise do que aprenderam, do
que entenderam ou deixaram de entender; o que foi difícil e o que fizeram com facilidade;
quando o professor foi esclarecedor e quando não conseguiu estabelecer uma relação de
comunicação; que eles apontem a responsabilidade que assumiram na atividade e a sua
relação com os colegas no momento de construção, no momento de diálogos.  Em cada
reflexão, devem anexar as tarefas desenvolvidas.    

ATIVIDADE 2 – Listar as ações da coroa para explorar o pau-brasil e manter o domínio do


território brasileiro.

1º momento – Professor, possibilite aos seus alunos a assistirem ao vídeo “Cor do pau-brasil”,


parte 1 e 2.

A cor do pau-brasil: parte 2. A cor do pau-brasil: parte 1.


 
FONTE: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=2065>.

Em seguida, os alunos fazem o registro do que perceberem no vídeo:

· O nome que denominava o Brasil no século XV. Como era o contexto natural e cultural
do Brasil.  
· A riqueza natural que o rei de Portugal se interessou.
· O nome do rei da época (1502).
· O imaginário dos portugueses sobre as terras brasileiras.
· As ações do rei para explorar a terra brasileira.
· Como se procedeu a exploração do pau-brasil.
· As atividades dos nativos nesse processo de exploração.
· Os exploradores visavam a lucros, para isso verifique como eles agiam.  
· As ações tomadas pelo novo rei D. João III e o motivo.   
· As ações do rei para explorar a terra brasileira.
· Como se procedeu a exploração do pau-brasil.
· As atividades dos nativos nesse processo de exploração.
· Os exploradores visavam a lucros, para isso verifique como eles agiam.    
As ações tomadas pelo novo rei D. João III e o motivo.

2º momento – Professor, você pode usar a sala de multimídia, caso sua escola não tenha
esse tipo de laboratório, o trabalho pode ser manual, para orientar a escrita de uma tira, feita
com os registros os registros do vídeo. Você, nesse momento, organiza a turma em duplas,
leva-os até ao computador e ensina-os como elaborar a tira no paint.
 
Primeiro você aprende com a ferramenta do YouTube. Para ensinar, veja os seguintes links:  
<http://www.youtube.com/watch?v=WF6464aEPc8>.   
<http://www.youtube.com/watch?v=ZsP7eMdNclo&feature=related>.   

Observação: se a sua escola tiver datashow, você faz os desenhos e os quadrinhos bem
devagar para seus alunos acompanharem os passos, depois é a vez deles de usarem a
ferramenta até conseguirem desenvolver a habilidade de trabalhar no paint para construir
tirinhas. Aqueles que já tiverem domínio podem ajudar os outros.

3º momento – quando seus alunos dominarem a ferramenta, você solicita que eles sentem
em duplas e planejem como irão construir as tirinhas com o registro do vídeo “Cor do pau-
brasil” (PORTAL/MEC, 2008). Devem destacar: cenário; personagens falas. Quadrinhos das
falas. Para isso é preciso orientar, o que eles devem fazer:

139
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

· planejar o que vai expressar;


· desenhar os personagens (sujeito histórico);
· fazer os retângulos para a escrita;
· escrever a fala de cada personagem;
· colocar um personagem para se comunicar com o outro.

Nesse momento, você pode ajudar os alunos a definirem as personagens, as falas e os


desenhos que podem criar.  

Caso não tenha computador na sua escola, você ensina a fazer as tirinhas manualmente,
com criação de desenhos do próprio pulso.

4º momento - professor, crie um momento para os alunos compartilharem suas tirinhas,


ensine as crianças a colaborar com as outras, lendo e fazendo sugestões para melhorar. Você
coordena e verifica se as sugestões têm fundamento e incentiva essa prática de ajuda de
uns para com os outros, mostre que o trabalho coletivo fica mais organizado e com maior
perfeição.

ATIVIDADE 3 – Estabelecer diálogo sobre a exploração dos colonizadores e as lutas indígenas.

1º momento - Professor, faça uma síntese do que foi esse período para a formação e história do
nosso povo.  Discuta as relações de exploração. Envolva os alunos, despertando curiosidades,
promovendo a fala e o diálogo, com você e com os outros colegas.

<http://www.escolakids.com/colonizacao-do-brasil.htm>.  

Nesse momento, você pode usar como recurso a imagem de um pau-brasil com o
desenvolvimento histórico desse ciclo econômico.

2º momento - organize os alunos em uma grande roda e combine a construção de uma


representação (teatro). Discuta com as crianças o estilo de um texto teatral, no qual pode
haver um narrador com um discurso indireto e as personagens com discurso direto.
Planeje com os alunos a elaboração do texto, o que fala o narrador e o que fala as personagens,
em uma elaboração conjunta construa o texto. Combine e confeccione o cenário e o figurino,
pode pedir ajuda de alguns pais e funcionários da escola que possam contribuir. Passe o texto
e no final as crianças apresentam a história da colonização no período do ciclo do pau-brasil.
Os convidados são os alunos e pais da escola.

3º momento – os alunos apresentam o portfólio, que já havia sido orientado no início do


estudo, fazendo uma autoavaliação e avaliando o professor na atividade de ensino. Esse
feedback é importante para a construção, reconstrução da formação integral dos alunos e
para a construção, reconstrução da profissionalidade docente.

Recursos complementares

O processo evolutivo da produção de texto infantil     


Carla Andréa Brande (UFSCar). Orientadora: Prof. Dra. Claudia Raimundo Reyes (UFSCar)

FONTE: <http://blig.ig.com.br/maeducacao/2009/>. 

Avaliação

Na avaliação, você deve verificar se as crianças participaram de modo a se apropriar do


conhecimento histórico. Você vai fazendo um acompanhamento, um a um. Durante o
processo de ensino-aprendizagem, analisando o diálogo que eles conseguem estabelecer
com as informações, se utilizam as informações para desenvolver as atividades propostas,

140
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

para compreender que a exploração do pau-brasil se constituiu em uma atividade comercial


dos portugueses, que implicou o trabalho escravo dos índios; discutir quais foram as relações
estabelecidas entre colonizadores e colonizados, as lutas indígenas que expressaram a ação
de invasão e domínio dos portugueses.

FONTE: Portal do Professor. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/


fichaTecnicaAula.html?aula=23428>. Acesso em: 27 ago. 2018.

3 CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR
O ciclo da cana-de -açúcar foi o segundo importante ciclo da história
econômica do Brasil. Vamos conhecer quais foram suas principais características?
Acompanhe a leitura do quadro a seguir:

CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR

Período da história econômica do Brasil em que a cultura açucareira


era a principal atividade produtiva da colônia. As primeiras mudas de cana-
de-açúcar foram trazidas da ilha da Madeira, em 1502, e em meados do
século XVI as plantações canavieiras se estendiam por grandes extensões
do litoral brasileiro, concentrando-se sobretudo em Pernambuco e na Bahia.
Na metade do século XVII, o Brasil era o maior produtor mundial de açúcar,
mas gradativamente perdeu essa posição para as concorrentes mundiais,
particularmente as Antilhas. Embora nunca tenha desaparecido no Brasil
colonial, a cultura canavieira foi substituída no século XVIII como principal
fonte de renda da colônia pela atividade mineradora, que deu origem ao Ciclo
do Ouro. O comércio açucareiro, segundo as normas do Pacto Colonial e da
política mercantilista, era monopólio da Coroa e toda a produção, destinada
ao mercado externo. Em decorrência disso, a economia canavieira moldou
no Brasil uma sociedade que correspondia aos objetivos de sua produção:
os engenhos localizavam-se em latifúndios e a mão de obra empregada,
o escravo negro, tornar-se-ia a base da economia brasileira até o final do
século XIX. Praticamente não existia uma camada social intermediária entre o
senhor e o escravo, o que configurava uma sociedade tipicamente patriarcal.

FONTE: Novíssimo dicionário de economia, p. 95. Disponível em: <http://sinus.org.br/2014/


wp-content/uploads/2013/11/FMI.BMNov%C3%ADssimo-Dicion%C3%A1rio-de-Economia.pdf>.
Acesso em: 10 ago. 2018 (grifo nosso).

Note na explicação que assim como havia ocorrido com o ciclo do


pau-brasil, novamente, a exploração da cana-de-açúcar visava satisfazer as
necessidades do mercado externo. Outra similaridade que se estabelece em
relação ao ciclo econômico anterior diz respeito à concentração das atividades
econômicas próximas à costa litorânea.
141
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

O cultivo da cana-de-açúcar gerava um montante expressivo de lucro para


a Coroa e, além disso, colaborava com o objetivo de concretizar a colonização
portuguesa no Brasil. A decisão da Coroa no que diz respeito à escolha da cana
como espécie a ser cultivada baseou-se no fato de a cana-de-açúcar ter como
característica o rápido cultivo. Ademais, o fator locacional também foi relevante,
considerando que a exploração da atividade na costa nordestina, especialmente,
Pernambuco, facilitaria o escoamento do açúcar produzido para a Europa
(CALDEIRA, 2010). Caldeira (2010) realça que:

A mão de obra era composta por indígenas e escravos africanos.


Por mais que o lucro fosse certo, Portugal necessitava investir alto
para a instalação da empresa açucareira no Brasil; com isso eles
foram buscar ajuda na Europa, pois sabiam que não tinham todos os
recursos necessários para a implantação. Sendo assim, os portugueses
se associaram com os holandeses. Em troca os holandeses seriam os
responsáveis pela distribuição e comercialização do açúcar na Europa.
Durante o ciclo, os holandeses vendo o gordo resultado que a colônia
de Portugal rendia, ocuparam o nordeste brasileiro. Com a ocupação
holandesa, a exportação de açúcar teve um considerável crescimento.
Eles estimulavam a imigração de europeus com qualidades para serem
senhores de engenho e agricultores em Pernambuco.

FIGURA 3 – CICLO DA CANA-DE-AÇÚCAR

FONTE: <http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/ciclo-da-cana-de-acucar/>.
Acesso em: 13 ago. 2018.

E na atualidade? Qual é o quadro da exploração da cana-de-açúcar?


Segundo dados do IBGE (2017, p. 8), “atualmente, a cana-de-açúcar é o terceiro
maior cultivo brasileiro em área plantada, atrás apenas da soja e do milho. Em
2016, os canaviais ocupavam 10,5 milhões de hectares, ou seja, 13,5% do total
nacional de área plantada no País”. Complementando, ressalta-se que “no Brasil
e no mundo, a principal finalidade do cultivo da cana-de-açúcar é a obtenção de
sacarose para a produção de açúcar, aguardente e etanol” (IBGE, 2017, p. 13).

142
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

Retomando o debate apresentado na Unidade 1 deste Livro de estudos,


referente às teorias da localização, é pertinente pontuar alguns aspectos locacionais
relevantes no que se refere ao cultivo da cana-de-açúcar:

O cultivo mecanizado da cana requer certos tipos de relevo, a determinada


distância da usina, sendo que esta precisa estar próxima de fontes
hídricas e também, preferencialmente, dos centros de comercialização. A
distância da usina em relação a um porto oceânico influencia largamente
o escoamento da produção para o mercado interno ou externo. Em
caso de colheita manual, é preciso articular as plantações com as áreas
fornecedoras de trabalhadores safristas (IBGE, 2017, p. 8).

Do período colonial até a economia recente, a produção da cana-de-


açúcar sofreu oscilações em virtude da conjuntura econômica, política e social
que transcorreu ao longo do largo período (tais variações não serão examinadas
de maneira pormenorizada tendo em vista o enfoque da disciplina). Interessa-
nos ressaltar que, no período recente, a produção da cana-de-açúcar apresentou
notável expansão, conforme nos revela o gráfico exposto a seguir:

GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR ENTRE 1975-2015

FONTE: IBGE (2017)

Curioso para entender os fatores que desencadearam esta expansão da


atividade? Acompanhe então o apontamento dos principais fatores explicativos
identificados e realçados no texto a seguir:

Em 1975, o Brasil produzia 91,4 milhões de toneladas de cana-de-


açúcar ao ano. Em 1982, esse valor havia mais do que dobrado
(crescimento de 104%), atingindo 186,5 milhões de toneladas;

143
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

em 1987, a produção atingiu 268,4 milhões de toneladas, com um


crescimento de 193,58% sobre a produção de 1975. No geral, neste
primeiro momento, impulsionada pelo PROÁLCOOL, a produção
canavieira do Brasil apresentou o impressionante crescimento médio
de 9,39% ao ano. Entre 1987 e 2000, porém, a produção nacional
registrou baixos índices de crescimento, com uma expansão de
somente 20,47% [...] A canavicultura tomou novo impulso a partir
dos anos 2000. No decênio que separa 2000 e 2010, observa-se um
verdadeiro salto quantitativo na produção de cana-de-açúcar no
Brasil. A produção nacional saltou outros 120% [...] Ao longo da
década de 2000, a produção do País expandiu-se a taxas médias de
8,20% anuais [...] A expansão nos anos 2000 foi impulsionada pelo
aumento da produção na Região Sudeste, com o Estado de São Paulo
como destaque, representando entre 55% e 60% da produção total de
cana-de-açúcar do País. Também a Região Centro-Oeste experimentou
notável crescimento de 449% entre 2000 e 2015, atingindo 17,9% do
total brasileiro. A Região Nordeste, por sua vez, viu sua produção
estagnar-se, com um crescimento de apenas 4% entre 2000 e 2015. No
entanto, não se pode atribuir todo esse crescimento unicamente ao já
distante PROÁLCOOL, de 1975 (IBGE, 2017, p. 39).

Complementando as explicações a respeito do notável crescimento


produtivo verificado após os anos 2000, em suma, é possível identificar que:

• Tal aumento esteve atrelado tanto à expansão da indústria de etanol, quanto


à expansão da indústria brasileira de açúcar.
• Em se tratando da expansão da produção do etanol, a Região Sudeste,
liderada pelo Estado de São Paulo contribuiu significativamente com o
quadro nacional, representando 52,9% da produção brasileira em 2015.
• A Região Centro-Oeste passou a se destacar no plano nacional expandindo
sua participação de 13% em 2000 para 35% do total da produção brasileira de
etanol em 2015.
• A alta do preço do petróleo nos mercados internacionais foi um dos fatores que
contribuíram para o aumento da produção de etanol a partir dos anos 2000.
• O surgimento dos automóveis conhecidos como “flex” (que permitem o
abastecimento tanto com álcool como com gasolina) também promoveu
elevação na demanda doméstica por etanol (IBGE, 2017).

No âmbito da geografia econômica, observa-se que a dinâmica espacial


do cultivo da cana-de-açúcar sofreu importantes alterações espaciais ao longo de
sua história. Observe nos mapas expostos na sequência como a atividade foi se
espraiando e passando a ocupar novas regiões e unidades federativas.

144
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

GRÁFICO 2 – EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR ENTRE 1975/2015

FONTE: IBGE (2017, p. 40)

Observe no mapa como o cultivo da cana-de-açúcar foi se modificando


espacialmente. Enquanto no período de 1975 o cultivo estava centrado no
Região Nordeste, com discreta participação na Região Sudeste, em 2005,
verifica-se que espacialmente, a participação da Região Nordeste foi reduzida,
enquanto a do Sudeste aumentou. Chama atenção também que em 2005,
cresceu a participação da Região Centro-Oeste no cultivo da cana, revelando
transformações espaciais expressivas.

145
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

4 CICLO DO OURO
Historicamente, a extração do ouro foi considerada relevante na trajetória
econômica do país. A mineração do ouro tinha como finalidade central atender
aos mercados externos. Vamos entender quais foram as características deste
ciclo econômico?

Observe que este ciclo econômico está relacionado a uma atividade de


caráter exclusivamente extrativista. Ademais, este ciclo esteve circunscrito em
um raio espacial bem delimitado, com destaque para a área de Minas Gerais
e acompanhada pelas áreas de Mato Grosso e Bahia. Por demandar volume
expressivo de trabalhadores para a sua extração, esta atividade econômica
acabou interferido na dinâmica populacional do período, primeiramente em
termos quantitativos e, além disso, engendrou um fluxo populacional em
direção ao interior do país – fato relevante no âmbito populacional, tendo em
vista que nos ciclos anteriores, a população estava predominante localizada
próxima a faixa litorânea do país.

UNI

CICLO DO OURO

Período da história colonial do Brasil, entre o final do século XVII e o final do século XVIII, em
que a extração de ouro e diamantes teve decisiva importância econômica. Cerca de dois terços
das lavras se concentravam em Minas Gerais, com o restante distribuído em Minas Gerais,
Mato Grosso e Bahia. A exploração do ouro determinou um rápido crescimento da população
brasileira e sua interiorização. A importação de escravos africanos triplicou em relação aos
dois séculos anteriores. Surgiram cidades ricas em Minas Gerais, e estreitaram-se os lações
entre as várias regiões da colônia. O ouro brasileiro favoreceu o esplendor da Corte de dom
João V e as iniciativas econômicas do marquês de Pombal, mas fluiu, em sua maior parte, para
a Inglaterra, estimulando a Revolução Industrial. Com o esgotamento das jazidas, aguçou-se
a contradição entre a metrópole e sua colônia, dando origem à Inconfidência Mineira.

FONTE: Novíssimo dicionário de economia, p. 95. Disponível em: <http://sinus.org.


br/2014/wp-content/uploads/2013/11/FMI.BMNov%C3%ADssimo-Dicion%C3%A1rio-de-
Economia.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2018 (grifo nosso).

146
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

FIGURA 4 – CICLO DO OURO

FONTE: <http://www.universiaenem.com.br/sistema/faces/pagina/publica/conteudo/texto-html.
xhtml?redirect=58772278220846712441030618748>. Acesso em: 20 ago. 2018.

Conforme vimos no quadro explicativo, o declínio do ciclo do ouro está


atrelado ao movimento denominado Inconfidência Mineira. Vamos recapitular o
que foi este movimento?

E
IMPORTANT

Inconfidência Mineira

O que foi:
· A Conjuração Mineira, também conhecida como Inconfidência
Mineira, foi um movimento de caráter separatista, ocorrido em Minas
Gerais no ano de 1789, cujo principal objetivo era libertar o Brasil do
domínio português. O lema da Conjuração Mineira era “Liberdade,
ainda que tardia”.

Principais causas:
· Exploração política e econômica exercida por Portugal sobre sua principal colônia, o Brasil.
· Derrama: caso uma região não conseguisse pagar 1500 quilos de ouro para Portugal,
soldados entravam nas casas das pessoas para pegar bens até completar o valor devido.
· A proibição da instalação de manufaturas no Brasil.

Objetivos principais:
· Obter a independência do Brasil em relação a Portugal.
· Implantar uma República no Brasil.
· Liberar e favorecer a implantação de manufaturas no Brasil.
· Criação de uma universidade pública na cidade de Vila Rica.

147
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

A questão da escravidão:
· Não havia consenso com relação à libertação dos escravos. Alguns inconfidentes,
entre eles Tiradentes, eram favoráveis à abolição da escravidão, enquanto outros eram
contrários e queriam a independência sem transformações sociais de grande impacto.
O fim da Conjuração Mineira:
· O movimento foi delatado por Joaquim Silvério dos Reis ao governador da província,
em troca do perdão de suas dívidas com o governo. Os inconfidentes foram presos
e condenados. Enquanto Tiradentes foi enforcado e teve seu corpo esquartejado, os
outros foram exilados na África.

FONTE: <https://www.historiadobrasil.net/resumos/conjuracao_mineira.htm>.
Acesso em: 20 ago. 2018.

Saindo do período colonial, partimos para uma reflexão da exploração


do ouro na atualidade. Seria possível pensar em um “Moderno ciclo do ouro”?
Como esta atividade vem sendo realizada no Brasil? Acompanhe o fragmento da
reportagem a seguir a respeito da extração de ouro na atualidade:

UNI

Novo ciclo brasileiro do ouro

Vivian Oswald

Quatro séculos depois do ciclo do ouro que encheu os olhos da Coroa Portuguesa e levou
brasileiros e estrangeiros atrás do enriquecimento rápido, o Brasil está diante da maior corrida de
todos os tempos pelo metal. Novos equipamentos sofisticados já permitem às gigantes estrangeiras
que dominam o mercado nacional chegar ao que poderia ser chamado de "o pré-sal da mineração".
No Centro-Oeste e no Norte, minas até então intocadas tornaram-se economicamente viáveis,
assim como outras consideradas esgotadas em Minas Gerais e no Nordeste.

Tudo isso graças ao aumento, em todo o planeta, da demanda pelo ouro – cuja cotação
deu um salto de 540% na última década – estimulada pelo crescimento econômico mundial,
sobretudo da China, e pela necessidade dos países de acumular o metal, que é considerado
um dos ativos financeiros mais confiáveis do mundo. [...]

Se a crise financeira global de 2008 impôs um ritmo bem menos acelerado às economias
desenvolvidas, o que, em tese, diminuiria a demanda pelo ouro, ela acabou por ajudar a
desvalorizar o dólar e pressionar os preços do metal, considerado historicamente porto seguro
pelos investidores. Os bancos centrais mundiais nunca compraram tanto ouro para manter
em suas reservas internacionais desde a década de 80. A escalada dos preços viabilizou novos
investimentos milionários em pesquisas e tecnologia.

No passado, o ouro brotava da terra, ou dos rios, e retirá-lo não exigia muito esforço. Hoje
ele é encontrado em profundidades de até quatro mil metros na África do Sul, mas já está em
2.500 metros no Brasil. Máquinas sofisticadas são capazes de extrair menos de um grama de
ouro de uma pedra de uma tonelada, ou seja, algo equivalente a um automóvel de passeio.

148
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

Isso explica o motivo de o Brasil, que já foi o maior produtor do mundo, mas perdeu posições
no passado recente, ter voltado ao páreo e estar em 13 lugar na lista dos grandes globais. Em
2010, produziu 62 toneladas nos garimpos legais, o maior volume da década, e se prepara
para dobrar a marca. O maior produtor do mundo é a China, com 341 toneladas/ano, seguida
por Austrália (259 toneladas), Estados Unidos (240 toneladas) e África do Sul (192 toneladas).
A produção brasileira é muito pequena, apenas 12% de seu potencial. [...]

A expectativa do governo e de especialistas é que justamente a tecnologia deverá mudar


este quadro e alçar o Brasil ao topo da lista novamente. Em vez dos tradicionais garimpos
artesanais que enchiam de mercúrio os rios brasileiros, o país já tem 93,7% da sua produção
feita de maneira industrial, segundo o DNPM [...].

FONTE: Jornal O Globo. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/novo-ciclo-


brasileiro-do-ouro-3278029>. Acesso em: 20 ago. 2018.

Com relação à distribuição espacial da atividade de extração do ouro,


dados do documento intitulado Sumário Mineral revelam que:

Em 2015, o Brasil produziu cerca de 85 t de ouro (sendo 71,2 toneladas


de ouro primário), posicionando-se como 11º maior produtor
mundial. As maiores empresas no país foram: AngloGold Ashanti,
Kinross, Yamana/Briogold, VALE, Beadell, Jaguar, Apoema/Aura,
Aurizona, Caraíba/NxGold, Carpathian, Serabi, Troy e Tabipora.
Considerando somente a produção de ouro primário, Minas Gerais
continua como destaque na produção nacional, com 46,00%, seguido
por Pará (16,94%), Goiás (14,89), Mato Grosso (6,1149%), Bahia
(7,50%), Amapá (5,52%) e Maranhão (1,75%) (BRASIL, 2018, p. 84)
(grifo nosso).

5 CICLO DO ALGODÃO
O ciclo do algodão se estendeu entre o século XVIII até o começo do XIX.
A principal característica do período foi a produção expressiva de algodão nos
estados de Pernambuco, Bahia, São Paulo e Ceará. A produção estava voltada
para o mercado externo, principalmente Europa e Estados Unidos. Esta matéria-
prima estava relacionada ao desenvolvimento industrial, principalmente da
indústria fabril, que estava em ascensão nos referidos países (HISTÓRIA DO
BRASIL, 2018).

No contexto da economia colonial, o algodão surge como mais um


produto agrícola que se estabeleceu nas bases do trabalho escravo,
da grande propriedade e da monocultura voltada para o mercado
externo. [...] O Maranhão foi a principal área produtora de algodão da
Colônia esse período [...] (ABREU; BARROS, 2009, p. 55).

149
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

FIGURA 5 – CICLO DO ALGODÃO

FONTE: <http://historiainte.blogspot.com/2014/05/o-ciclo-do-algodao.html>.
Acesso em: 20 ago. 2018.

Dados da Sociedade Nacional da Agricultura (2015) anunciam que:

O Brasil é o terceiro maior exportador de algodão do mundo. [...] Os


principais países importadores foram Indonésia, Vietnã e Coreia do
Sul. No Brasil, o algodão é produzido principalmente nos estados
de Mato Grosso, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e
Maranhão. Como 5º produtor, atrás de China, Índia, Estados Unidos
e Paquistão, o País produziu 1.467 milhão de toneladas na safra
2014/2015 (SNA, 2015, p. 1).

No mapa exposto a seguir estão evidenciadas as Unidades Federativas


que concentram a produção de algodão no Brasil no período atual.

150
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

FIGURA 6 – UNIDADES FEDERATIVAS ONDE SE CONCENTRA A PRODUÇÃO DE ALGODÃO

FONTE: <http://www.abrapa.com.br/Paginas/dados/area-estado-algodao_backup2017.aspx>.
Acesso em: 20 ago. 2018.

Conforme se observa no mapa, os estados produtores de algodão no


Brasil estão situados em uma espécie de cinturão que abarca unidades federativas
próximas entre si. Esta proximidade é decorrente das condições climáticas
favoráveis para o cultivo do algodão encontrada em tais áreas.

6 CICLO DA BORRACHA
Outra importante atividade econômica na formação econômica do Brasil
foi a extração do látex, que ficou conhecida como o Ciclo da Borracha. Acompanhe
as características deste ciclo a seguir:

151
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

UNI

CICLO DA BORRACHA

Período da história econômica do Brasil marcado pela grande atividade de extração de látex
da borracha nos seringais da Amazônia, para exportação. Essa atividade atingiu seu apogeu
na primeira década do século XX, quando o Brasil era o maior produtor mundial do látex,
que respondia por 26% do valor das exportações nacionais. A valorização da borracha no
mercado internacional decorria do desempenho da indústria automobilística na Europa e
nos Estados Unidos, o que intensificou a procura de matéria-prima para a produção de pneus.
O predomínio brasileiro na produção passou a declinar depois que os ingleses iniciaram a
cultura da seringueira no Oriente sobretudo na Tailândia e em Cingapura. Em 1914, o Brasil
respondia apenas por metade da produção, e, em 1930, contribuía somente com 3%.

FONTE: <http://sinus.org.br/2014/wp-content/uploads/2013/11/FMI.BMNov%C3%ADssimo-
Dicion%C3%A1rio-de-Economia.pdf>. Acesso em: 10 ago. (grifo nosso).

FIGURA 7 – CICLO DA BORRACHA

FONTE: <http://historiainte.blogspot.com/2014/05/o-ciclo-do-algodao.html>.
Acesso em: 20 ago. 2018.

Saindo do período colonial e saltando para a atualidade, o mapa


apresentado a seguir evidencia a relação entre a produção e o consumo da
borracha em diversos países:

152
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

FIGURA 8 – RELAÇÃO ENTRE PRODUÇÃO E CONSUMO DA BORRACHA NO PLANO GLOBAL

Produção mundial
11,327mil toneladas

Consumo mundial
11,005mil toneladas

FONTE: <http://www.iac.sp.gov.br/areasdepesquisa/seringueira/importancia.php>.
Acesso em: 20 ago. 2018.

No mapa da produção e consumo da borracha é possível verificar que a


produção mundial se concentra em poucos países, sendo liderada pela Tailândia
e seguida pela Indonésia. Verifica-se também que vários países precisam importar
esta matéria-prima, tendo em vista que não produzem este insumo. No caso do
Brasil, é importante realçar que a quantidade de toneladas de borracha produzida
é insuficiente para suprir o consumo interno.

Considerando a produção interna, o gráfico, a seguir, evidencia os


principais estados brasileiros produtores de borracha natural no ano de 2016.

153
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

GRÁFICO 3 – PRINCIPAIS ESTADOS BRASILEIROS PRODUTORES DE BORRACHA NATURAL (2016)

Borracha natural

Produção (mil toneladas)

FONTE: <http://borrachanatural.agr.br/cms/index.php?option=com_con-
tent&task=view&id=25710&Itemid=10>. Acesso em: 20 ago. 2018.

Em termos percentuais, São Paulo é o principal estado produtor


da commodity, com 57,8%, seguido de Bahia (12,7%), Minas Gerais (8,1%), Mato
Grosso (7,5%) e Goiás (6,0%) (BORRACHA BRASILEIRA, 2016).

7 CICLO DO CAFÉ
Para finalizarmos a trajetória dos principais ciclos da história econômica
brasileira, iremos discorrer sobre o ciclo do café.

CICLO DO CAFÉ

Período da história econômica do Brasil, compreendido entre 1830 e


1930, marcado pelo desenvolvimento da cultura do café, produto dominante
no comércio exterior do país e motivador da expansão da fronteira agrícola
na época. Introduzido no Brasil por volta de 1727, o cultivo do café atingiu um
peso significativo no conjunto da economia nacional em meados do século
XIX, quando se tornou o principal produto de exportação. Contribuíram para
isso o declínio da economia açucareira do Nordeste, a ruína da cultura do
algodão e a decadência da mineração, que liberaram grandes contingentes
de mão-de-obra escrava e recursos financeiros para serem empregados
em atividades mais lucrativas. Ao mesmo tempo ocorria um aumento da
demanda de café na Europa e nos Estados Unidos, e a ruína da agricultura
cafeeira em Java (devido a uma praga) e no Haiti (por levantes de escravos),
fatos que contribuíram para transformar o Brasil no maior fornecedor do
mercado mundial (desde 1840). Até 1870, o principal centro de comercialização

154
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA DO BRASIL

e exportação do produto foi o Rio de Janeiro, pois a principal área produtora


era o vale do rio Paraíba. Com o esgotamento das possibilidades agrícolas
da região, a expansão da cultura do café deslocou-se para o Oeste paulista
(região de Campinas), atingindo em seguida o Oeste novo, rumo a Ribeirão
Preto e Araraquara. Então, Santos tornou-se o principal centro exportador
do produto e expandiram-se as ferrovias. O desenvolvimento da economia
cafeeira em São Paulo teve profundas consequências para o conjunto da
sociedade brasileira. A necessidade de mão-de-obra provocou o incremento à
imigração de europeus (paralelamente à desagregação do trabalho escravo)
e as riquezas acumuladas na comercialização do café proporcionaram
a ampliação, sem precedentes, das atividades industriais, comerciais e
financeiras. No plano político, implantou-se a hegemonia de São Paulo, cujo
papel foi decisivo na proclamação da República. [...]

FONTE: Novíssimo dicionário de economia, p. 94. Disponível em: <http://sinus.org.br/2014/


wp-content/uploads/2013/11/FMI.BMNov%C3%ADssimo-Dicion%C3%A1rio-de-Economia.pdf>.
Acesso em: 10 ago. 2018 (grifo nosso).

O cultivo do café continua sendo relevante para a economia nacional e


na atualidade, a atividade retoma um ritmo de ascensão, conforme evidencia o
gráfico a seguir:

GRÁFICO 4 – EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE CAFÉ ENTRE 1991 E 2013

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>.
Acesso em: 20 ago. 2018.

No que diz respeito à distribuição espacial das áreas de cultivo de café no


Brasil, acompanhe o mapa a seguir:

155
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

FIGURA 9 – BRASIL: PRODUÇÃO MUNICIPAL DE CAFÉ EM 2013

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>.
Acesso em: 20 ago. 2018.

Observe no mapa como permanece expressiva a concentração de


produtores de café nos estados da Região Sudeste, com destaque para os estados
de Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro. Uma novidade
espacial, no que diz respeito à produção de café na atualidade, diz respeito a
participação do Estado no Rondônia no quadro de produtores.

156
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• A exploração do pau-brasil foi a primeira atividade econômica de relevância


do Brasil.

• A coleta do pau-brasil caracterizava-se como uma atividade apenas extrativa,


consistia na coleta da madeira e sua remessa para a metrópole, a qual era
utilizada em marcenaria de luxo, fabricação de violinos, indústria naval e,
principalmente, como corante.

• O ciclo da cana-de-açúcar foi o período da história econômica do Brasil em que


a cultura açucareira era a principal atividade produtiva da colônia.

• Na metade do século XVII, o Brasil era o maior produtor mundial de açúcar,


mas gradativamente perdeu essa posição para as concorrentes mundiais.

• O cultivo da cana-de-açúcar gerava um montante expressivo de lucro para a


Coroa e, além disso, colaborava com o objetivo de concretizar a colonização
portuguesa no Brasil.

• O cultivo mecanizado da cana requer certos tipos de relevo, a determinada


distância da usina, sendo que esta precisa estar próxima de fontes hídricas e
também, preferencialmente, dos centros de comercialização.

• No âmbito da geografia econômica, observa-se que a dinâmica espacial do


cultivo da cana-de-açúcar sofreu importantes alterações espaciais ao longo de
sua história.

• O ciclo do ouro foi o período da história colonial do Brasil, entre o final do


século XVII e o final do século XVIII, em que a extração de ouro e diamantes
teve decisiva importância econômica.

• Durante o ciclo do ouro, cerca de dois terços das lavras se concentravam em


Minas Gerais, com o restante distribuído em Minas Gerais, Mato Grosso e Bahia.

• A exploração do ouro determinou um rápido crescimento da população


brasileira e sua interiorização.

• A Conjuração Mineira, também conhecida como Inconfidência Mineira, foi um


movimento de caráter separatista, ocorrido em Minas Gerais no ano de 1789,
cujo principal objetivo era libertar o Brasil do domínio português.

157
• O ciclo do algodão se estendeu entre o século XVIII até o começo do XIX. A
principal característica do período foi a produção expressiva de algodão nos
estados de Pernambuco, Bahia, São Paulo e Ceará. A produção estava voltada
para o mercado externo, principalmente Europa e Estados Unidos.

• Atualmente, o Brasil é o terceiro maior exportador de algodão do mundo.

• O ciclo da borracha foi o período da história econômica do Brasil marcado pela


grande atividade de extração de látex da borracha nos seringais da Amazônia,
para exportação. Essa atividade atingiu seu apogeu na primeira década do
século XX, quando o Brasil era o maior produtor mundial do látex.

• O ciclo do café foi o período da história econômica do Brasil, compreendido


entre 1830 e 1930, marcado pelo desenvolvimento da cultura do café, produto
dominante no comércio exterior do país e motivador da expansão da fronteira
agrícola na época.

158
AUTOATIVIDADE

1 (UFRJ) Para garantir a posse da terra, Portugal decidiu colonizar o Brasil,


mas para isso, seria preciso desenvolver uma atividade econômica lucrativa.
A solução encontrada foi implantar em certos trechos do litoral:

a) ( ) A produção açucareira.
b) ( ) A exploração do ouro.
c) ( ) A extração do pau-brasil.
d) ( ) A criação de gado.
e) ( ) O comércio de especiarias.

2 Qual era a estrutura básica da produção de açúcar implantada por Portugal


no Brasil?

a) ( ) Policultura, trabalho assalariado e grande propriedade.


b) ( ) Monocultura, trabalho escravo e pequena propriedade familiar.
c) ( ) Monocultura, trabalho assalariado e pequena propriedade familiar.
d) ( ) Monocultura, trabalho escravo e grande propriedade.
e) ( ) Policultura, trabalho escravo e grande propriedade.

3 (UNIRIO) A história econômica e social do Brasil Colonial está pontilhada


de crises de abastecimento que podem ser explicadas por:

a) ( ) Desvio da produção de alimentos para o consumo das tropas e


abastecimento do Oriente.
b) ( ) Maior atenção e investimento nos setores extrativos da economia
colonial, durante o primeiro século da colonização.
c) ( ) Predominância dos setores voltados para a produção de exportação.
d) ( ) Baixa produtividade das lavouras indígenas responsáveis pelo
abastecimento das cidades.
e) ( ) Constantes ataques de piratas, que paralisavam a importação de
gêneros alimentícios da Europa.

159
160
UNIDADE 3
TÓPICO 2

O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE:


A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste tópico é caracterizar a geografia econômica do Brasil
no período atual, no que diz respeito ao uso do espaço destinado às atividades
agropecuárias. A definição de agropecuária abarca o conjunto de atividades
primárias, associada ao cultivo de plantas (agricultura) e à criação de animais
(pecuária) para o consumo humano ou para o fornecimento de matérias-primas
na fabricação de roupas, medicamentos, biocombustíveis etc. Esse segmento da
economia é dos elementos que compõem o Produto Interno Bruto (PIB) de um
determinado lugar (FRANCISCO, 2010).

Tanto a agricultura quanto a pecuária compõem o setor primário da


economia e historicamente, constituem-se em uma prática primordial para o
desenvolvimento das sociedades. A agricultura transforma o espaço geográfico.
Trata-se de uma prática econômica que consiste no uso dos solos para cultivo de
vegetais com o intuito de garantir a subsistência alimentar do ser humano, bem
como produzir matérias-primas que são transformadas em produtos secundários
em outros campos da atividade econômica (PENA, 2014).

2 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA AGRICULTURA


BRASILEIRA
No contexto da geografia econômica do Brasil é relevante a participação da
agricultura e da agropecuária na composição da economia nacional. Especificamente,
a “agricultura e o agronegócio no Brasil contribuíram com 23,5% do Produto Interno
Bruto (PIB) do país em 2017” (G1, 2017). Ainda num plano geral, observa-se que:

Nos últimos anos, o Brasil consolidou sua posição como um dos maiores
produtores e fornecedores de alimentos e fibras para o mundo. Sua
participação crescente no comércio internacional de produtos do agronegócio
é resultado de uma combinação de fatores, como investimento em tecnologia
e pesquisa, extensão territorial agricultável, clima propício e capacidade
empreendedora, além de elevados investimentos e regulamentação em
sanidade e qualidade dos produtos. Também contribuiu para essa conquista
a integração das cadeias produtivas, englobando fornecedores de insumos,
produtores, indústrias processadoras, distribuidores e prestadores de
serviços (BRASIL, 2017) (grifo nosso).

161
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

Partindo para uma leitura geográfica mais pormenorizada da atividade


agrícola no Brasil, é necessário entendermos que a área agrícola brasileira pode
ser dividida em dois tipos de lavoura: cultura permanente e cultura temporária.

No primeiro caso, as plantas levam mais de um para produzir; podem


ser retiradas após a primeira colheita ou permanecem produtivas,
como as árvores frutíferas. Já as lavouras temporárias são formadas
por plantas com ciclo de vida curto, que precisam ser replantadas
todos os anos (TERRA; ARAÚJO; GUIMARÃES, 2015, p. 248).

Feito este esclarecimento, observe, nos mapas a seguir, a distribuição


espacial das principais lavouras permanentes no Brasil.

FIGURA 10 – COLEÇÃO DE MAPAS: PRINCIPAIS LAVOURAS PERMANENTES NO BRASIL,


PRODUÇÃO MUNICIPAL EM 2013
Banana Laranja
Plantio de banana

Plantio de banana

Maçã Manga Tangerina

Mamão Uva Coco

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>.
Acesso em: 27 ago. 2018.
162
TÓPICO 2 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

Note como é relevante a produção de frutas no Brasil. A distribuição de


cada tipo de plantio está condicionada às condições climáticas de cada região.
Observe por exemplo, como é expressivo o cultivo de banana na faixa entre os
estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo e como o cultivo desta espécie
espraia-se pelo Brasil (ainda que com uma concentração menor). A produção de
maça, por sua vez, apresenta um padrão de localização bastante pontual. Ainda
quanto à produção de frutas no Brasil, nota-se que:

Em função do privilegiado clima brasileiro, é possível cultivar em


todo o País frutas tropicais, subtropicais e temperadas, com polos
produtivos já consolidados de laranja, mamão, banana, abacaxi,
abacate, castanha-de-caju, coco, cacau, limão, caju, manga, maçã,
maracujá, melão, goiaba, uva, pêssego, melancia, caqui e figo [...]
Mas o grande destaque brasileiro no setor é a laranja: o País é o maior
produtor e exportador mundial de suco dessa fruta [...] O Brasil conta
ainda com a vantagem locacional de estar situado no hemisfério sul,
onde se podem produzir frutas em períodos diferentes dos principais
mercados consumidores mundiais.

Em termo comparativos, o Brasil ocupou a terceira colocação na produção


mundial de frutas em 2012, conforme se verifica na figura a seguir:

FIGURA 11 – PRINCIPAIS PAÍSES PRODUTORES DE FRUTAS

Principais produtores mundiais*

China Índia Brasil


137,06 71,07 38,06

*Produção em milhões de toneladas, conforme dados


de 2012 da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAQ).

FONTE: <http://www.sebraemercados.com.br/wp-content/uploads/2015/11/Panorama-do-
mercado-de-fruticultura-no-Brasil.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2018.

E quais frutas são as mais exportadas? Observe na sequência:

163
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

FIGURA 12 – FRUTAS MAIS EXPORTADAS EM 2014


Frutas mais exportadas em 2014 (em toneladas)

Juntas, estas oito frutas respondem por mais de 95% das


exportações brasileiras em 2014.

Melão

Manga
Limão e
Lima Banana

Maçã Mamão
papaia Melancia Uva

196.850 133.033 92.301 83.944 44.294 33.688 30.682 28.347

Outras frutas menos exportadas: Laranja, Abacate, Abacaxi,


Figo, Coco, Caqui, Goiaba, Tangerina, Mangostão, Ameixa,
dentre outros.
FONTE: <http://www.sebraemercados.com.br/wp-content/uploads/2015/11/Panorama-do-
mercado-de-fruticultura-no-Brasil.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2018.

Vale realçar que em se tratando de frutas processadas, a exportação do


suco de laranja merece destaque.

FIGURA 13 – EXPORTAÇÃO SUCO DE LARANJA

Para as frutas
processadas, o suco de
laranja continua sendo
o grande destaque,
com um total de 1,9
milhão de toneladas
exportadas em 2014.

FONTE: <http://www.sebraemercados.com.br/wp-content/uploads/2015/11/Panorama-do-
mercado-de-fruticultura-no-Brasil.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2018.

164
TÓPICO 2 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

A respeito do cultivo de culturas temporárias, o Brasil apresenta a seguinte


distribuição espacial:

FIGURA 14 – COLEÇÃO DE MAPAS: PRINCIPAIS LAVOURAS PERMANENTES NO BRASIL,


PRODUÇÃO MUNICIPAL EM 2013

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>.
Acesso em: 27 ago. 2018.

165
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

Conforme se verifica nos mapas acima, consideram-se bastante


diversificadas as lavouras temporárias cultivadas no Brasil. O padrão de
distribuição espacial é bastante variado entre cada uma das espécies selecionadas.
Enquanto o cultivo de trigo, por exemplo, encontra-se majoritariamente
concentrado na Região Sul, o plantio de mandioca, por sua vez, abarca todas as
regiões do Brasil.

Outro produto de relevante contribuição no panorama da agricultura


brasileira é a soja. A produção da soja no Brasil segue em ritmo de expansão,
conforme se observa no gráfico que segue:

GRÁFICO 45 – QUANTIDADE DE SOJA PRODUZIDA NO BRASIL – 1991-2013

Quantidade de soja produzida no Brasil – 1991-2013

90
80
70
60
(milhões de t)

50
40
30
20
10
0
1991 1993 1995 1997 1999 1991 2003 2005 2007 2009 2011 2013

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>.
Acesso em: 27 ago. 2018

Observe no texto a seguir as principais características da produção de soja


no Brasil.

UNI

Produção da soja no Brasil

A sojicultura é a grande responsável pelo recente crescimento da agricultura brasileira.


Atualmente, o País é o segundo maior produtor mundial e lidera as exportações do complexo
soja – grão, farelo e óleo.

A soja é cultivada em 17 dos 27 estados brasileiros, envolve 240 mil produtores e alcança uma
produção anual de 50 milhões de toneladas – um quinto da produção global. Ela responde
por 12% das exportações brasileiras, ou 25% das exportações do agronegócio, gerando
US$10 bilhões anuais em receita cambial. A indústria nacional transforma, por ano, cerca

166
TÓPICO 2 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

de 30 milhões de toneladas dessa oleaginosa, produzindo 8 milhões de toneladas de óleo


comestível e 22 milhões de toneladas de farelo proteico, contribuindo para a competitividade
nacional na produção de carnes, ovos e leite.

O cultivo da soja no cerrado, região até há pouco tempo considerada inóspita à agricultura
comercial, tornou-se possível graças aos resultados obtidos pelas pesquisas da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com produtores, industriais e
centros privados de pesquisa. Outro resultado foi o aumento da produtividade média, atingindo
os maiores índices mundiais, superando os 3 mil kg por hectare.

A soja e o farelo de soja brasileiros possuem alto teor de proteína, padrão de qualidade
premium, o que permite sua entrada nos exigentes mercados da União Europeia e do Japão (...).

A soja é, ainda, ótima alternativa para a fabricação do biodiesel, combustível capaz de reduzir
em 78% a emissão dos gases causadores do efeito estufa. O cultivo de soja no Brasil busca
encontrar um padrão ecologicamente responsável com
o uso de práticas de agricultura sustentável. Entre elas,
destacam-se o sistema de integração da lavoura com a
pecuária e a utilização da técnica de plantio direto. A terra
é, assim, usada de forma intensiva e com menor impacto
ambiental, o que reduz a pressão pela abertura de novas
áreas e contribui para a preservação do meio ambiente.

FONTE: <www.agricultura.gov.br/...internacionais/.../LAMINAS_0-ilovepdf-compressed.
pdf>. Acesso em: 27 ago. 2018.

Concernente à localização espacial das áreas produtoras de soja no Brasil,


é pertinente realçar que por estar distribuída em um amplo espectro de unidades
federativas – 17 dos 27 estados – as áreas produtoras perpassam domínios
fitoecológicos, conforme fica evidente no mapa exposto a seguir:

167
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

FIGURA 17 – DISTRIBUIÇÃO DA SOJA EM DIFERENTES DOMÍNIOS FITOECOLÓGICOS, EM 2013


Domínios fitoecológicos
Campinarana
Estepe
Floresta estacional
Floresta ombrófila aberta
Floresta ombrófila densa
Floresta ombrófila mista
Formações pioneiras
Savana
Savana estépica
Tensão ecológica

Produção municipal
(1 000 t)
10,0 a 100,0
100,1 a 250,0
250,1 a 500,0
500,1 a 1 840,8

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>.
Acesso em: 27 ago. 2018.

Observe que o maior produtor brasileiro de soja é o estado do Mato


Grosso. A segunda posição é ocupada pelo estado do Paraná e, em terceiro lugar,
está o estado do Rio Grande do Sul.

3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTCAS DA PECUÁRIA NO BRASIL


Após examinarmos o panorama das principais atividades agrícolas do
Brasil, vamos nos debruçar sobre a análise da pecuária sob o prisma da geografia
econômica. Para começar, vamos a algumas definições conceituais:

O que é pecuária?

A Pecuária é o conjunto de processos técnicos usados na domesticação


de animais para obtenção de produtos com objetivos econômicos. Também
é conhecida como criação animal. A pecuária é mais antiga do que a
agricultura. Apesar do significado do nome estar relacionado à cabeça de
gado, (...) a pecuária tem um sentido mais amplo, que inclui a criação animal
desde abelhas a búfalos.

168
TÓPICO 2 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

A produção animal é a principal fonte de proteína para a população


humana, e tem grande valor econômico e estratégico para os países. O Brasil
é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de carnes, garantindo
saldos significativos na nossa balança comercial.

Os produtos da pecuária podem ser:

1. Originados de animais vivos – são classificados em:

Produtos primários – leite, ovos, mel, cera de abelhas e fibras de origem


animal.

Produtos processados – são aqueles derivados de produtos primários, ou


seja, industrializados: leite em pó, ovo desidratado etc.

2. Originados de animais abatidos – são classificados em:

Produtos primários – Produtos originados diretamente dos animais abatidos,


incluindo a carne, os miúdos, as gorduras cruas, couro cru e peles.

Produtos processados – Estes são derivados de processamento de produtos


primários e incluem salsichas, toucinho e couros curtidos.
FONTE: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/instrumentos_de_coleta/doc3558.
pdf>. Acesso em 29 ago. 2018.

Vamos entender um pouco melhor como estão espacialmente distribuídas


as atividades pecuárias no Brasil? Para tanto selecionamos as principais espécies
que são criadas no país e verificamos em quais regiões elas se concentram, observe:

169
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

FIGURA 16 – PECUÁRIA NO BRASIL: DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES POR REGIÕES

FONTE: <https://www.nexojornal.com.br/grafico/2017/11/22/4-d%C3%A9cadas-de-
expans%C3%A3o-pecu%C3%A1ria-no-Brasil-em-mapas>. Acesso em: 29 ago. 2018.

Note como a distribuição das espécies pelas regiões é distinta: enquanto


o rebanho suíno se concentra majoritariamente na Região Sul, no Nordeste o
destaque fica por conta dos rebanhos de ovinos e caprinos. Observe no mapa, a
distribuição do rebanho suíno.

170
TÓPICO 2 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

FIGURA 17 – PRODUÇÃO DE SUÍNOS NO BRASIL

Principais regiões
produtoras de suínas
(1 000 porcos)
100,0 a 500,0
500,1 a 1 000,0
1 000,0 a 2 129,0

Ciração de porcos

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>.
Acesso em: 27 ago. 2018.

Veja como é expressiva a área de produção de suínos na porção oeste do


estado de Santa Catarina e nas áreas vizinhas, também na parte oeste do Paraná e
do Rio Grande do Sul. Acerca da produção de suínos no Brasil, cumpre realçar que:

A modernização da suinocultura brasileira começou nos anos 70,


com a implementação da integração entre suinocultores e indústria
frigorífica processadora na região Sul do País, mais especificamente
no oeste do estado de Santa Catarina. De lá para cá, a atividade se
expandiu, ampliando em direção à fronteira agrícola do Cerrado,
onde a oferta de grãos é maior e consequentemente os preços mais
competitivos. O perfil do produtor nesta nova região também é outro.
Enquanto no Sul prevalecem os pequenos produtores e muitas
vezes de ciclo completo, na região Centro-Oeste, as granjas são bem
maiores e segmentadas em módulos de produção. Esta nova estrutura
produtiva proporciona a especialização e maior controle sanitário [...] As
exportações brasileiras de carne suína apresentaram um surpreendente
crescimento de dez vezes na última década, sendo o grande responsável
pelo aumento produtivo que atualmente chega próximo às três milhões
de toneladas; porém, para que o setor possa continuar apresentando
elevadas taxas de crescimento, o grande desafio atual é a ampliação de
acesso a novos mercados, principalmente aos protegidos pelos países
desenvolvidos (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E
DESENVOLVIMENTO, 2018, p. 13) (grifo nosso).

Retomando os dados do gráfico, por sua vez, o rebanho de búfalos


concentra-se predominantemente na Região Norte. Outro realce é a expressiva
concentração do rebanho bovino na Região Centro-Oeste. Observe de maneira
mais detalhada no mapa que embora a participação da Região Centro-Oeste seja
expressiva, o rebanho bovino está espalhado por todas as regiões brasileiras.

171
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

FIGURA 18 – REBANHO BOVINO NO BRASIL

Principais regiões
com rebanho bovino
(1 000 cabeças)
200 a 400
401 a 800
801 a 1 700
1 701 a 3 673

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>. Acesso em: 27 ago. 2018.

Com relação à produção de bovinos, é pertinente realçar que a atividade


desempenha relevante papel na balança comercial brasileira contribuindo com as
exportações. Neste sentido,

O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e esta


produção é uma das principais atividades da economia brasileira. Em
2016, a receita atingiu os US$ 5,3 bilhões. Em fazendas e frigoríficos, a
pecuária de corte, como é conhecida a produção de carne, emprega 1,6
milhões de pessoas. Atualmente, o rebanho brasileiro é de 215 milhões
de cabeças de gado. O número é maior que o da população brasileira,
que passou dos 207 milhões de pessoas em 2017, segundo dados do
IBGE (PORTAL G1, 2017).

Por sua vez, a produção de aves está predominantemente concentrada


nas regiões Sul e Sudeste, como nos revela o mapa a seguir.

172
TÓPICO 2 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA BRASILEIRA

FIGURA 19 – ABATE DA CARNE DE FRANGO NO BRASIL EM 2017

FONTE: <http://abpa-br.com.br/storage/files/relatorio-anual-2018.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2018.

A respeito da produção de carne de frango no Brasil, ela visa atender


tanto ao mercado interno quanto ao externo, como nos mostra o gráfico a seguir.

FIGURA 20 – DESTINO DA PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CARNE DE FRANGO

FONTE: <http://abpa-br.com.br/storage/files/relatorio-anual-2018.pdf>. Acesso em: 29 ago. 2018.

173
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• É relevante a produção de frutas no Brasil. A distribuição de cada tipo de


plantio está condicionada às condições climáticas de cada região.

• O País é o maior produtor e exportador mundial de suco de laranja.

• Consideram-se bastante diversificadas as lavouras temporárias cultivadas no


Brasil.

• A sojicultura é a grande responsável pelo recente crescimento da agricultura


brasileira. Atualmente, o País é o segundo maior produtor mundial e lidera as
exportações do complexo soja – grão, farelo e óleo.

• Sobre a localização espacial das áreas produtoras de soja no Brasil, é pertinente


realçar que por estar distribuída em um amplo espectro de unidades federativas
– 17 dos 27 estados.

• A pecuária é o conjunto de processos técnicos usados na domesticação de


animais para obtenção de produtos com objetivos econômicos.

• O rebanho suíno concentra-se majoritariamente na Região Sul.

• No Nordeste, o destaque fica por conta dos rebanhos de ovinos e caprinos.

• A modernização da suinocultura brasileira começou nos anos 1970, com


a implementação da integração entre suinocultores e indústria frigorífica
processadora na Região Sul do País, mais especificamente, no oeste do estado
de Santa Catarina.

• O rebanho de búfalos concentra-se predominantemente na Região Norte.

• O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo e esta produção é


uma das principais atividades da economia brasileira.

174
AUTOATIVIDADE

1 Dentro do agronegócio, uma área na qual o Brasil se destaca é a produção de


frutas, chamada de fruticultura. A respeito da fruticultura no Brasil, assinale
a alternativa CORRETA:

a) ( ) A distribuição de cada tipo de plantio está condicionada às condições


climáticas de cada região.
b) ( ) A produção de bananas concentra-se majoritariamente na Região Norte.
c) ( ) O Brasil é líder na exportação de suco de uvas.
d) ( ) A distribuição de cada tipo de plantio varia conforme as determinações
sanitárias vigentes.

2 No mundo todo a produção de frutas vem aumentando, bem como o


interesse da população em consumi-las. Acerca da produção de frutas no
Brasil, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) O Brasil conta com a vantagem locacional de estar situado no


hemisfério sul, onde se podem produzir frutas em períodos diferentes
dos principais mercados consumidores mundiais.
b) ( ) Diferente de seus concorrentes internacionais, no Brasil é discreta a
variedade na produção de frutas, já que as lavouras estão concentradas
na região Centro-Oeste.
c) ( ) O Brasil sofre com o fato de estar situado no hemisfério sul, onde a
produção de frutas concentra-se nas safras de maio/junho de novembro/
dezembro, período reconhecido pelo aumento relevante das chuvas.
d) ( ) A fruta mais exportada pelo Brasil, em termos de volume, é a maçã,
sendo o Ceará o maior produtor e exportador da fruta.

3 ENADE 2008 - Analise as asserções a seguir.

No século XX, os aos 1970, no Brasil, foram marcados pela modernização


da agricultura, influenciados pelo desenvolvimento do capitalismo agrário,
pela expansão das fronteiras agrícolas para o Centro-Oeste e pela intensificação
dos movimentos sociais para o campo,

PORQUE

houve, nessa época, a inserção de tecnologias para a agricultura de


precisão, ampliação do acesso ao crédito agrícola e a forte mecanização em
substituição à mão de obra tradicional.

175
Acerca dessas asserções, assinale a opção CORRETA:

a) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma


justificativa correta da primeira.
b) ( ) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda não é uma
justificativa da primeira.
c) ( ) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda é uma
proposição falsa.
d) ( ) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda é uma
proposição verdadeira.
e) ( ) As duas asserções são proposições falsas.

176
UNIDADE 3
TÓPICO 3

O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE:


A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico iremos examinar as principais características das atividades
industriais distribuídas pelo país. É pertinente mencionar que o processo de
globalização repercutiu na economia brasileira sobretudo, a partir da década
de 1980. Terra, Araújo e Guimarães (2015) ressaltam que antes da década de
1980, o modelo econômico nacional era baseado na política de substituição de
importações, caracterizada por um protecionismo do mercado que, em tese,
estaria pautado no aumento da produção industrial interna e na diminuição
das importações. Esta política econômica tinha forte intervenção do Estado que
impunha barreiras alfandegárias aos mercados externos.

A respeito do início do processo de industrialização brasileira, verifica-


se que ele iniciou na Região Sudeste ao final do século XIX, em um momento
histórico marcado pela ascensão da economia cafeeira, pela chegada de um
expressivo número de imigrantes, pela abolição da escravatura e pela passagem
do país da condição de Império para a de Estado republicano (INTERNA, 2018).
Tais fatores foram fundamentais para que as atividades industriais pudessem
ser desenvolvidas no país. Neste momento inicial, os estabelecimentos fabris
predominantes eram representados pelos bens de consumo não duráveis, como
as indústrias alimentares, têxteis, de vestuários e calçados, com vistas a atender
ao mercado interno (INTERNA, 2018).

Neste tópico, vamos apresentar de modo resumido os principais eventos


históricos atrelados a trajetória da indústria no Brasil e em seguida, identificaremos
os principais padrões de localização industrial no Brasil.

2 BREVES APONTAMENTOS SOBRE A HISTÓRIA DA


INDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA
Para iniciarmos o estudo da indústria brasileira, apontamos alguns
aspectos históricos relevantes. Para isso, acompanhe os principais eventos
históricos atrelados à história da industrialização brasileira.

177
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

Brasil: a economia e o território no século XIX

Belém
São Luis
Manaus
Fortaleza

Natal

Paraíba
Recife

Maceió

Aracaju

Salvador

Cuiabá
Goiás

Café Ouro
Preto
Mate
Vitória
Cacau
Fumo
Algodão São Paulo Rio de Janeiro
Ouro e diamantes Santos
Curitiba
Drogas do sertão e borracha
Cana-de-açúcar
Pecuária Florianópolis
Ferrovia
Limite dos Estados atuais
Porto Alegre
Cidades e vilas
0 500 km
Fonte: baseado em Manoel Maurício de Albuquerque, Atlas histórico. © HT-2003 MGM-Libergéo

Brasil: a economia e o território no século XIX. Fonte: THÉRY, Hervé; MELLO, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil:
disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2005. p. 41.

Impulso industrial

Cabe destacarmos, aqui, o fato de que, ao apontarmos o início de


integração nacional e da industrialização do Brasil a partir de 1930 não
estamos, de modo algum, desmerecendo a presença de um incipiente
número de fábricas em nosso território, mas buscamos ressaltar que o
fenômeno entendido como  industrialização  passa a ser uma preocupação
governamental, incentivada e sistematizada, em seu primeiro momento,
pelo Estado.

A crise do modelo agrário-exportador, em fins de 1929, é sentida,


no Brasil ao longo da década de 1930. Assim, temos uma relativização
deste padrão econômico. Ao passo que os cafezais apontavam um declínio
assustador de rendimento, os capitais (lê-se, investimentos) antes alocados
no setor primário passam a ter seu eixo de gravidade modificado para as
atividades tipicamente urbanas e, em especial, no setor secundário. A crise
do café gerou, assim, diversas condições para a industrialização brasileira.

178
TÓPICO 3 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

Também estimulou a necessidade de produção de bens de consumo no país


por conta da redução drástica das importações.

A concentração de riqueza na Região Sudeste, principalmente, no eixo


Rio-São Paulo, faz com que haja também uma concentração de indústrias na
região, destacando-se como pioneira na industrialização nacional. Diversos
são os fatores, que concorreram a favor do fenômeno, conhecidos por
formarem a chamada economia de escala (ou de aglomeração):

I. concentração de infraestrutura de energia, comunicação e, sobretudo,


transportes;
II. concentração de mão de obra qualificada (lembrando a entrada de mão de
obra estrangeira, em sua maior parte, já qualificada para os serviços fabris);
III. concentração de mercado consumidor;
IV. rede bancária desenvolvida por conta da presença de centros de produção
de café. 

A organização do espaço industrial brasileiro é, assim, melhor


compreendida por meio da atuação de diferentes administrações públicas
federais. Algumas administrações merecem destaque: Getúlio Vargas,
Juscelino Kubitschek, o período compreendido pela Ditadura Militar e, por
fim, os governos Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso.

Getúlio Vargas (1930-1945/1950-1954)

Caracterizado pela nacionalização da economia, em que foi adotado


o modelo de Substituição das Importações, criando as chamadas indústrias
de base necessárias para o impulso de outros ramos industriais.  Foram
criadas neste período a Companhia Siderúrgica Nacional, importante centro
de produção de aço, a Companhia Vale do Rio Doce, atual Vale, empresa
responsável pela exploração dos diversos minerais utilizados pelas indústrias
e criou a Petrobras, importante produtora de energia. Cabe lembrar, também,
a sistematização da Consolidação das Leis Trabalhistas, necessária para a
organização das relações de trabalho que vinham sendo estabelecidas no país.

Juscelino Kubitschek (1956-1961)

JK, por sua vez, participa da organização do espaço industrial


brasileiro por meio da internacionalização da economia. Tal prática política
abriu espaço para a entrada de capitais.

Esse período é marcado pelo tripé da economia: capital estatal


alocado em indústrias de base e em investimentos em comunicação, energia
e transportes notadamente, ao passo que o capital privado nacional se
concentrou no investimento de indústrias de bens de consumo não duráveis
e o capital privado internacional voltado ao desenvolvimento de indústrias

179
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

de bens de consumo duráveis. O slogan “50 anos em 5” marcou o período em


questão, em que foram edificadas altas taxas de crescimento econômico às
custas da abertura da dívida externa. 

GOVERNOS MILITARES

Os diversos presidentes que compunham o período militar, entre


1964 e 1985, apresentaram duas características marcantes: modernização da
economia e autoritarismo político. A modernização da economia deu-se via
aprofundamento da dívida externa, responsável pela experiência do Milagre
Econômico (1968-73), quando o Brasil apresentou exorbitantes taxas de
crescimento econômico, acima de 10% ao ano.

Ao longo dos governos militares, foram surgindo sinais de desgaste


do modelo político-econômico adotado nesse período. A década de 1980 é
conhecida, nesse contexto, como “a década perdida”, pois neste período o
Brasil vivenciou os maiores índices de inflação, com constantes correções
monetárias diárias e retração da atividade industrial.

COLLOR E FHC

A década de 1990 é marcada pela implementação do modelo político-


econômico neoliberal na administração pública federal, em que surgem as
ondas de privatizações de nossas estatais. Período em que há um processo
de desregulamentação da economia por meio da flexibilização das leis
trabalhistas, maior abertura do mercado nacional para produtos, capitais e
serviços internacionais, além da redução de investimentos em setores sociais
e criação de agências reguladoras.

A onda de desconcentração espacial das indústrias que já vinha


sendo registrada desde a década de 1970 sofre um efeito catalisador a partir
desse período, por meio da chamada  Guerra Fiscal, em que cidades em
vários pontos do Brasil oferecem incentivos, e até mesmo renúncias fiscais
e financiamento do parque industrial de empresas, no intuito de hospedar
empreendimentos.

FONTE: PORTAL GLOBO-EDUCAÇÃO. Industrialização brasileira: de Vargas a FHC. Disponível


em: <http://educacao.globo.com/geografia/assunto/industrializacao/industrializacao-brasileira-
de-vargas-ao-periodo-neoliberal.html>. Acesso em: 30 ago. 2018.

3 A DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS INDÚSTRIAS


As atividades industriais são bastante relevantes no contexto da economia
do país, conforme nos mostra o quadro a seguir:

180
TÓPICO 3 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

FIGURA 21 – IMPORTÂNCIA INDUSTRIAL

A Importância da Indústria no Brasil

A indústria, como um todo, representa 21% do PIB do Brasil, mas responde por 51%
das exportações, por 68% da pesquisa e desenvolvimento do setor privado e por 32% dos
tributos federais (exceto receitas previdenciárias). Para cada R$ 1,00 produzido na indústria,
são gerados R$ 2,32 na economia como um todo. Nos demais setores, o valor gerado é menor:
R$ 1,67 na agricultura e R$ 1,51 no comércio e serviços.
maio/2018

A indústria contribui com A indústria de transformação


1,2 trilhão para a economia contribui com 666 bilhões para a
brasileira, e responde por: economia brasileira, e responde por:

da arrecadação de da arrecadação de
tributos federais tributos federais
(exceto receitas previdenciárias) (exceto receitas previdenciárias)

da arrecadação da arrecadação
previdenciária previdenciária

FONTE: <http://www.portaldaindustria.com.br/estatisticas/importancia-da-industria/>.
Acesso em: 30 ago. 2018.

No mapa exposto, observa-se a distribuição espacial das indústrias no Brasil.

FIGURA 22 – DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE EMPRESAS INDUSTRIAIS EXTRATIVAS E DA


TRANSFORMAÇÃO

Número de empresas
industriais extrativas e
de transformação, por
município
menos de 1 000
1 001 a 5 000
5 001 a 10 000
mais de 10 001

FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>. Acesso em: 27 ago. 2018.

181
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

O mapa nos revela como ocorre a distribuição das empresas industriais


extrativas e de transformação no Brasil, mas qual é a diferença entre indústria
extrativa e de transformação?

UNI

UNI - Tipos de indústrias

Podemos dividir as indústrias em:


 
1) Indústrias extrativas 
É o tipo de indústria que extrai produtos da natureza, não provocando
alterações em suas características.
 
2) Indústrias de transformação 
É o tipo de indústria que transforma as matérias-primas, obtidas na natureza, em utensílios
para o homem. 

Estão divididas em: 


Bens de produção ou indústria de base: é o tipo de indústria que transformam matéria-prima bruta
para outras indústrias. Exemplo: siderúrgica, metalúrgica, naval, petroquímica, mecânica etc. 

Bens de consumo: é o tipo de indústria que destina a sua produção para o mercado
consumidor, ou seja, para o consumo da população.

FONTE: <https://www.colegioweb.com.br/industria-de-transformacao/tipos-de-industrias.
html>. Acesso em: 27 ago. 2018.

O mapa nos revela que a maior concentração de indústrias ocorre na Região


Sudeste, sendo São Paulo o Estado que reúne o maior número de indústrias. Para
examinarmos com mais detalhes qual é a participação da atividade industrial
de cada estado na composição do PIB brasileiro, selecionamos os percentuais de
participação dos dez Estados que ocupam as primeiras colocações desse ranking.

QUADRO 1 – PARTICIPAÇÃO DA ATIVIDADE INDUSTRIAL DAS UNIDADES FEDERATIVAS NA


COMPOSIÇÃO DO PIB

Unidade Federativa Participação no PIB brasileiro (2015)


1. São Paulo 31,5%
2. Rio de Janeiro 10,8%
3. Minas Gerais 8,9%
4. Rio Grande do Sul 6,5%
5. Paraná 6,3%
6. Bahia 4,2%
7. Santa Catarina 4,1%
8. Distrito Federal 3,6%

182
TÓPICO 3 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

9. Goiás 3,0%
10. Pernambuco 2,6%

FONTE: <http://perfildaindustria.portaldaindustria.com.br/ranking?cat=9&id=1754>.
Acesso em: 30 out. 2018.

No mapa a seguir verifica-se a distribuição espacial de alguns setores


relevantes da indústria brasileira.

FIGURA 23 – MAPA COLEÇÃO: DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DOS SETORES INDUSTRIAIS NO BRASIL

• município com mais de • município com mais de 1


10 indústrias metalúrgicas indústrias de fabricação de
produtos químicos

• município com mais de 10 • município com mais de


indústrias de fabricação de 10 indústrias de fabricação
produtos de madeira de produtos têxteis

• município com mais de • município com mais de


FONTE: <https://mapas.ibge.gov.br/escolares/atlas-geografico-escolar.html>.
10 indústrias de fabricação
10 indústrias de fabricação
Acesso em: 27 ago. 2018.
de máquinas e equipamentos de produtos de minerais
não metálicos

183
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

Note que, com exceção da indústria madeireira e de minerais não


metálicos, é discreta a participação da Região Norte na concentração de atividades
industriais. No caso da indústria química, perceba como este ramo industrial se
concentra nas regiões Sul e Sudeste.

de
autoativida

Quais são as atividades industriais típicas da região onde você mora? E do seu
estado? Procure se informar e levantar informações sobre o panorama industrial da área em
que você reside. Procure, também, descobrir quais transformações este ou estes setores têm
sofrido na atualidade.

Como começamos este tópico levantando a trajetória histórica da


industrialização no Brasil, analisaremos em seguida alguns cenários, análises e
prospecções no que diz respeito ao futuro da indústria, de modo geral. O atual
debate sobre quais serão os impactos das novas tecnologias no segmento industrial
é abrangente e demanda reflexões. Por isso, selecionamos alguns aspectos para
estimular a reflexão sobre o assunto.

UNI

Estudo mostra como os diferentes setores da economia serão afetados


pela nova revolução tecnológica – e o que fazer para tirar proveito das inovações como
inteligência artificial, drones e internet das coisas
[...]

Como as principais indústrias estão se preparando:

Automotiva
A popularização do carro autônomo está tornando obsoleta a posse do carro, que passará a
ser compartilhado. As empresas automotivas estão olhando para um futuro no qual não serão
apenas fabricantes e vendedoras de carros – mas vão atuar com mobilidade sob demanda.
As montadoras tradicionais estão vendo a entrada de competidores de outros setores (como
empresas de tecnologia) investindo fortemente em serviços conectados, novos serviços de
transporte e outros serviços.

Saúde e Farmácia
Dispositivos de estilo de vida estão evoluindo, permitindo aos provedores de saúde e empresas
farmacêuticas o acesso e compartilhamento de informações. No futuro, as pessoas poderão
implantar chips de monitoramento da saúde. As informações coletadas são compartilhadas
com um médico particular, por exemplo.

184
TÓPICO 3 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

Energia
A indústria de energia está inserida em um ecossistema em desenvolvimento que passa
por residências inteligentes e chega até uma gama diversificada de infraestrutura urbana. A
popularização dos veículos elétricos, por exemplo, criará a necessidade de investimentos
substanciais em infraestrutura e a oportunidade de usar veículos como uma fonte de
armazenamento de energia em massa. Para avançar nesse mercado, as redes de serviços locais
precisarão adotar modelos de negócios compartilhados. As empresas de energia têm potencial
para capturar várias fontes de valor, mas enfrentarão a concorrência de vários outros players.

Manufatura
As empresas que anteriormente fabricavam produtos com pouca tecnologia agora são capazes
de adicionar sensores que permitem a manutenção preditiva em tempo real. Dessa maneira,
fabricantes de máquinas, por exemplo, estão aptas a oferecer serviços de monitoramento,
manutenção e renovação completa de equipamentos. Tais soluções integradas caracterizam-
se por benefícios significativamente maiores para os clientes e revolucionarão as carteiras
de produtos existentes e as relações de desempenho – e essas empresas deixam de serem
apenas “vendedoras” de produtos para oferecerem serviços de maior valor agregado.

Varejo
O setor de varejo estava na vanguarda das disrupções provocadas pelas novas
tecnologias  digitais. Hoje, vê o desenvolvimento da internet das coisas revolucionar o
relacionamento com os fabricantes de produtos e consumidores, agilizando os processos
de produção, venda e entrega de um produto.

Petróleo e gás
Há expectativa que os sistemas tecnológicos habilitados para digital reduzam significativamente
o custo por barril da exploração futura de recursos de hidrocarbonetos. A tecnologia pode
ajudar as companhias a controlar os processos em tempo real, aumentando a segurança,
confiabilidade e rendimento de milhares de poços petrolíferos. 

Mineração
Nem mesmo uma indústria tradicional, como é o caso da Mineração, está imune às
mudanças. Uma série de desenvolvimentos, como a bioengenharia de micro-organismos,
estão apontando para um futuro tecnológico transformador.
 
O impacto das novas tecnologias

Inteligência artificial
Até pouco tempo atrás, habilidades como percepção visual, reconhecimento de vozes e
tradução simultânea eram exclusivas do ser humano. Hoje, não é mais assim. Softwares
sofisticados, baseados na análise de parâmetros e algoritmos, são capazes de exercer essas
funções. A inteligência artificial é focada no desenvolvimento de programas voltados para
que máquinas possam realizar determinadas tarefas, desde o agendamento de consultas e
exames em laboratórios e clínicas até a concepção do carro autônomo.

Internet das coisas


Trata-se de uma tecnologia que cresce rapidamente e está presente em objetos conectados
digitalmente, como eletroeletrônicos e carros, por meio de sensores e outros recursos
tecnológicos. No setor industrial, a internet das coisas permite que diversos dispositivos e
máquinas conversem entre si – com isso, eles podem ser acessados remotamente e há maior
agilidade nas linhas de montagem. Existe também uma maior integração em toda a cadeia
de suprimentos.

Blockchain
O blockchain registra e autentica todas as etapas de transações monetárias, típicas dos meios
de pagamento como cartão de crédito e transferência de valores, inclusive entre bancos
e empresas. Como pode ser utilizado para assegurar e checar vários tipos de operações
financeiras, tem se tornado útil para diversos setores industriais.

185
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

Drones
Diversos setores, como o de logística, transportes, engenharia e a indústria extrativa têm feito
uso cada vez maior dos drones. Um estudo recente da PwC aponta que o mercado do uso
comercial de drones deve chegar a US$ 127 bilhões nos próximos anos.

Robótica e realidade virtual


Parte fundamental de uma nova gama de avanços tecnológicos apresenta diversas aplicações
na indústria, especialmente em setores como a construção civil, manufatura e extração. Na área
de petróleo e gás, já foram criados robôs para monitorar equipamentos e realizar verificações
de segurança. A realidade virtual, por sua vez, tem como objetivo recriar um cenário real, por
meio da sobreposição de áudio e imagens, a fim de aprimorar desde produtos até o modus
operandi de unidades fabris.

FONTE: PWC Brasil. Disponível em: <https://www.pwc.com.br/pt/sala-de-imprensa/


noticias/pwc-aponta-os-principais-desafios-da-industria.html>. Acesso em: 30 ago. 2018.

E por fim, para encerrar esta unidade, selecionamos uma leitura


complementar a respeito da importância do setor terciário. Boa leitura!

LEITURA COMPLEMENTAR

A IMPORTÂNCIA DO SETOR TERCIÁRIO

O setor terciário, conhecido por abranger as atividades de comércio bens


e prestação de serviços, demonstra crescente relevância na economia brasileira,
sendo que, nos últimos anos, a evolução do PIB foi influenciada significativamente
pelo setor. Vale ressaltar que o desempenho do setor terciário e a variação do
PIB aparecem fortemente relacionados. É possível afirmar que, mesmo com a
recente desaceleração econômica, esse setor continuará sendo fundamental para
a economia brasileira e também para a expansão das atividades empresariais.

De 2003 a 2016, a representatividade do setor terciário, passou de 65,8%


para 73,3% do valor adicionado ao Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados das
Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. O comércio contribuiu significativamente
para este avanço, elevando-se de 9,5% para 12,8%, no valor adicionado do PIB
nesse período, havendo atingido o pico em 2013, quando o setor alcançou uma
participação de 13,5%. Já o setor de serviços (excluído o comércio) saltou de 53,3%
em 2003 para 60,8% em 2016.

186
TÓPICO 3 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

Participação percentual do setor terciário (comércio e serviços)


no valor adicionado – 2003 a 2016
73,3%
72,7%

71,2%

69,9%
69,2% 69,1%

67,7% 67,8% 67,7%


67,2% 67,3%

65,8% 66,0%

64,7%

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Serviços (comércio incluído)

Fonte: Contas Nacionais Trimestrais/IBGE. Elaboração: CGMD/SCS/MDIC

Estudos presentes no Atlas Nacional de Comércio e Serviços – 1ª edição,


publicado pela Secretaria de Comércio e Serviços (SCS) em conjunto com Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) e Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), revelam a
dinâmica corrente da economia brasileira com participação expressiva do setor
terciário também na geração de emprego e da renda.

O comércio, por sua vez, acompanhou a conjuntura de expansão da


demanda verificada nos últimos anos. A evolução mensal do índice de volume de
vendas no varejo, com ajuste sazonal, medida pela Pesquisa Mensal do Comércio,
do IBGE, sinalizou significativa expansão entre os anos de 2000 e 2014, período de
altas consecutivas. Entretanto, o cenário de desempenho inverteu-se desde então.
Em 2015, o volume de vendas do varejo acompanhou a redução da atividade
econômica e registrou queda de 4,3 pontos percentuais (em 2014, o crescimento
tinha sido 2,2%). Já em 2016, a queda apontada foi de 6,2 pontos percentuais.

187
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

Volume de vendas no comércio varejista


(Número índice) – Índice base fixa com ajuste sazonal (2011=100)
120

110

100

90

80

70

60

50
Janeiro 2003
maio 2003
setembro 2003
Janeiro 2004
maio 2004
setembro 2004
Janeiro 2005
maio 2005
setembro 2005
Janeiro 2006
maio 2006
setembro 2006
Janeiro 2007
maio 2007
setembro 2007
Janeiro 2008
maio 2008
setembro 2008
Janeiro 2009
maio 2009
setembro 2009
Janeiro 2010
maio 2010
setembro 2010
Janeiro 2011
maio 2011
setembro 2011
Janeiro 2012
maio 2012
setembro 2012
Janeiro 2013
maio 2013
setembro 2013
Janeiro 2014
maio 2014
setembro 2014
Janeiro 2015
maio 2015
setembro 2015
Janeiro 2016
maio 2016
setembro 2016
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal de Comércio. Elaboração: CGMD/SCS/MDIC
Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br

A queda do volume de vendas do comércio em 2016 é explicada em


grande parte pela alta da taxa de desemprego, que atingiu 12% no trimestre
encerrado em dezembro (PNAD Contínua/IBGE).  Por sua vez, o IBGE informou
que o “rendimento médio real habitual” no Brasil ficou R$ 2.064,00 no trimestre
encerrando em dezembro de 2016 (out-nov-dez), praticamente estável em relação
ao trimestre anterior.

Em dezembro de 2016, de acordo com o IBGE, o Brasil possuía uma


população ocupada de 90,2 milhões de pessoas. Contudo, segundo o Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (CAGED/MTb), o estoque de empregos
formais (com carteira assinada) situava-se em aproximadamente 38,3 milhões
(-3,3% do que valor registrado em dezembro 2015).  Desse total, 67,1% das
carteiras assinadas estavam vinculadas ao setor terciário (CAGED/MTb). Visto
de outra perspectiva, o setor de serviços foi responsável por 43,6% do emprego
formal e o comércio por 23,5% das carteiras assinadas.

Outra ferramenta importante que tem contribuído para melhor conhecimento


do setor terciário é a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada desde 2012 pelo
IBGE. Com a pesquisa, foi revelada a heterogeneidade do setor de serviços no País,
sua relevância e o peso das micro e pequenas empresas no segmento. 

A PMS/IBGE permitiu monitorar o crescimento significativo da receita


nominal de serviços até o ano de 2012, bem como demonstrou a desaceleração do
crescimento dos serviços desde então (também impactado pela redução da atividade
econômica).  Em 2012, este indicador registrou crescimento de 10%; em 2013, 8,5%;
em 2014, 6,0%; em 2015, 1,3% e, por fim, no acumulado de 2016, teve crescimento
negativo de 0,1% (considerando-se a comparação com o ano imediatamente anterior). 

188
TÓPICO 3 | O ESPAÇO ECONÔMICO BRASILEIRO NA ATUALIDADE: A PRODUÇÃO INDUSTRIAL BRASILEIRA

No que concerne ao comércio exterior, os serviços tornaram-se centrais


no novo paradigma do comércio internacional, sendo, por exemplo, pauta
fundamental nas negociações internacionais em curso. Estimativas da Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indicam que o
comércio de serviços diretos (serviços finalísticos) e serviços indiretos (serviços
insumos) representam entre 50% e 60% do valor total do comércio exterior nos
países desenvolvidos. Em 2015, segundo a Organização Mundial do Comércio
(OMC), a corrente de comércio de serviços no mundo atingiu o patamar de US$
9,36 trilhões. A participação do setor deverá continuar a crescer no comércio
internacional, sendo premente que o Brasil atue de modo contundente para
ampliar a competividade das empresas que atuam no setor, uma vez que o setor
de serviços possui capacidade para prover agregação de valor ao setor industrial,
agropecuário e mineral, sendo fundamental para ampliar a participação do país
no comércio internacional de modo virtuoso, colhendo os benefícios de uma
inserção qualificada na economia global.

 Ao analisarmos a evolução do comércio exterior de serviços brasileiros,


observamos um decréscimo acumulado da corrente de comércio no quadriênio
2013-2016 de 20,7%. Observa-se que o déficit brasileiro na conta de serviços do
Balanço de Pagamentos (BACEN, 2017) recrudesceu para o patamar de US$ 30,4
bilhões em 2016, nível sensivelmente inferior aos US$ 46,3 bilhões de déficit
observados em 2013. As importações, no mesmo período, apresentaram redução
de 24,5% enquanto as exportações encolheram 12,4%. Como consequência, em
2016, as importações de serviços ao totalizarem US$ 63,7 bilhões representaram
65,6% da corrente de comércio brasileira em serviços.

Importante destacar que, no período em tela, as importações de serviços


sofreram uma queda mais acentuada do que as exportações. Esse fato é explicado
por uma elevada correlação positiva entre as importações de serviços e o
desempenho da atividade econômica interna (crescimento ou redução do Produto
Interno Bruto-PIB). O país sofreu com uma forte recessão no período, fator este
que explica a redução da escala de operação internacional do Brasil no comércio
internacional de serviços.

Ao analisar o peso das exportações de serviços em relação ao perfil


exportador de bens do país, é notável o potencial de crescimento da inserção
internacional do setor terciário brasileiro. Em 2016, as exportações de serviços
alcançaram US$ 33,3 bilhões (BACEN, 2017). Tal montante representou apenas
18,0% do total das exportações de bens para o mesmo ano. Os dados dos países
da OCDE (contemplam as principais economias do mundo) indicam que as
exportações em serviços correspondem, em média, a cerca de 32% das exportações
em bens; conclui-se, portanto, que há bastante espaço para o crescimento das
exportações de serviços no Brasil.           

Para explorar o potencial de crescimento das exportações brasileiras de


serviços, será fundamental o apoio e fomento à internacionalização das empresas
brasileiras, em virtude da existência de forte correlação entre investimentos

189
UNIDADE 3 | BREVE HISTÓRIA DA ECONOMIA BRASILEIRA E O ESPAÇO ECONÔMICO ATUAL

e exportações. Os fluxos de investimento estrangeiro direto são comumente


acompanhados de exportações de bens e serviços dos países de origem do
capital para o país recebedor deste investimento, o que induz a criação de um
ciclo dinâmico de intercâmbio comercial que tende a aprofundar a integração
econômica com o parceiro comercial recebedor do investimento estrangeiro.

Deste modo, a magnitude e importância do setor terciário incorporam


de modo inexorável elementos de elevada complexidade para a formulação de
políticas públicas de fomento ao setor.

Em virtude da relevância econômica crescente no Brasil e no mundo os


serviços estão no centro do debate sobre competitividade e inovação. Os serviços
são insumos cada vez mais determinantes para acelerar o crescimento de empresas,
ao proporcionar que soluções mais sofisticadas sejam oferecidas no mercado. O
setor irradia externalidades positivas no que tange ao aumento da produtividade
do trabalho por meio dos melhoramentos sistêmicos na intermediação financeira,
crescimento do acesso e uso das tecnologias da informação, aprimoramento
das ferramentas de capacitação da força de trabalho, entre outros vetores que
acarretam na ampliação da competitividade de modo transversal tendo efeito na
economia como um todo.

O encadeamento produtivo dos serviços na economia exemplifica a


importância fundamental do setor para a indústria e a agricultura. As empresas
dos setores primário e secundário utilizam-se de serviços especializados para a
produção e, portanto, dependem também da eficiência das empresas do setor
terciário, que agregam valor às cadeias de produção, distribuição e vendas.
Assim sendo, dispor de um setor de serviços moderno, competitivo, inovador
e com potencial de internacionalização é fundamental para qualquer economia
sustentar sua capacidade de geração de emprego e renda no século XXI.

FONTE: MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS. A importância do setor


terciário. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/index.php/comercio-servicos/a-secretaria-de-
comercio-e-servicos-scs/402-a-importancia-do-setor-terciario>. Acesso em: 30 ago. 2018.

190
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Até o início da década de 1930, o espaço geográfico brasileiro foi estruturado


exclusivamente ao redor do modelo primário-exportador, fazendo com que a
configuração das atividades econômicas fosse dispersa e com rara ou ausente
interdependência. 

• O governo de Getúlio Vargas foi caracterizado pela nacionalização da


economia, em que foi adotado o modelo de Substituição das Importações,
criando as chamadas indústrias de base necessárias para o impulso de outros
ramos industriais.

• Juscelino Kubitschek participa da organização do espaço industrial brasileiro


por meio da internacionalização da economia.

• Os diversos presidentes que compunham o período militar, entre 1964 e 1985,


apresentaram duas características marcantes: modernização da economia e
autoritarismo político.

• A década de 1990 foi marcada pela implementação do modelo político-


econômico neoliberal na administração pública federal, em que surgem as
ondas de privatizações de nossas estatais.

• Indústria extrativa é o tipo de indústria que extrai produtos da natureza, não


provocando alterações em suas características. 

• Indústria de transformação é o tipo de indústria que transforma as matérias-


primas, obtidas na natureza, em utensílios para o homem. 

• A maior concentração de indústrias ocorre na Região Sudeste, sendo São Paulo


o Estado que reúne o maior número de indústrias.

• O setor terciário, conhecido por abranger as atividades de comércio, bens e


prestação de serviços, demonstra crescente relevância na economia brasileira.

191
AUTOATIVIDADE

1 ENADE 2005 – Considere os dados a seguir:


Países 1999 2004
Estados Unidos 13,025 11,989
México 1,550 1,565
Brasil 1,346 2,210
Reino Unido 1,976 1,856
Itália 1,701 1,142
Alemanha 5,688 5,570
Rússia 1,184 1,385
Índia 0,728 1,511
China 1,805 5,071
Coreia do Sul 2,843 3,469
Japão 9,895 10,512

A situação retratada na tabela pode ser explicada:

a) ( ) Pelo processo de transnacionalização das atividades econômicas que


permitiu aos países periféricos executar projetos industriais promotores
do desenvolvimento autossustentado.
b) ( ) Pela crise do atual sistema mundial produtor de mercadorias que leva
à relativa “desindustrialização” nas regiões centrais, assim como a
conversão das regiões periféricas pobres em novos centros de produção,
na tentativa de manter os níveis de rentabilidade do capital.
c) ( ) Pelas políticas de investimento das antigas regiões centrais altamente
industrializadas voltadas para a diversificação de seus parques
industriais, devido à grande competividade do mundo globalizado.
d) ( ) Pelos acordos feitos entre os países periféricos para diminuir custos e
participar competitivamente do mercado global transnacionalizado,
dominado pelas grandes empresas.
e) ( ) Pelo desenvolvimento econômico desigual e combinado que tende a
reduzir as diferenças entre os blocos de países mais ricos e mais pobres,
na busca do desenvolvimento sustentável.

2 (Adaptado UFPE – 2003) São consideradas indústrias de transformação, pela


Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, as seguintes atividades:

I- A extração de minerais radioativos.


II- As indústrias de madeira.
III- As indústrias químicas.
IV- As indústrias de perfumaria.
V- A indústria da construção civil.
VI- A extração de carvão de pedra.

192
Assinale a alternativa CORRETA:

( ) As sentenças I e V estão corretas.


( ) As sentenças III e VI estão corretas.
( ) Somente a sentença I está correta.
( ) As sentenças II, III e IV estão corretas.

3 A industrialização, no Brasil, provocou profundas transformações na


organização do espaço. Com relação às transformações ocorridas na década
de 1990, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) Foi marcada pela implementação do modelo político-econômico


neoliberal na administração pública federal.
b) ( ) O período do "milagre econômico" caracterizou-se pela concentração
industrial e pela produção de bens de consumo duráveis.
c) ( ) Foi uma década marcada pela intensificação dos fluxos informacionais
e pelos fluxos financeiros.
d) ( ) O período foi marcado pela implementação do modelo de produção
industrial híbrida.

193
194
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