Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Respostas
Exercícios propostos, 45
Vestibulares/Enem, 92
4
01_Iniciais Geo constr mundo.10 4 14.07.05, 16:25
propiciando o reconhecimento das relações que man- tico. Este, que possibilita a operação, através da qual a
têm entre si. Essa “datação” revela a existência conco- escala dá visibilidade ao espaço mediante sua repre-
mitante do “novo” e do “velho” numa totalidade que sentação, muitas vezes se impõe, substituindo o pró-
é mundial e se expressa desigualmente nos territórios prio fenômeno. É verdade que para os geógrafos as
nacionais, nas regiões e nos lugares. perspectivas da grande e da pequena escala ainda se
fazem por analogia àquela dos mapas, fruto da confu-
são entre os raciocínios espacial e matemático [...].”
A dimensão da escala CASTRO, Iná Elias de. “O problema da escala”. In: CASTRO,
Iná Elias de; GOMES, Paulo César da Costa e CORRÊA,
Na cartografia, o conceito de escala tem um sentido Roberto Lobato (Orgs.). Geografia: conceitos e temas.
estritamente matemático. Mas a opção pelo uso de uma Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. p. 120-121.
determinada escala requer uma compreensão abrangente
do espaço geográfico e das técnicas de representação.
A discussão teórica sobre o problema da escala geo-
Os mapas em pequena escala ocultam uma infini- gráfica, entendida como conceito não redutível à escala
dade de fenômenos, mas explicitam relações entre as cartográfica, está longe de uma conclusão. Contudo, é
grandes estruturas espaciais. Os mapas em grande esca- cada vez mais claro que o uso de diferentes escalas geo-
la não podem captar essas relações, mas representam as gráficas proporciona a apreensão de características di-
estruturas de dimensões menores. A opção de escala re- versas dos fenômenos e processos espaciais.
percute sobre o significado da representação. Ou, na sín-
O fenômeno da urbanização, por exemplo, revela-se
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
5
01_Iniciais Geo constr mundo.10 5 14.07.05, 16:25
“[...] as competências não eliminam os conteúdos, pois Geografia e, portanto, das competências necessárias para
que não é possível desenvolvê-las no vazio. Elas apenas “ler o texto” constituído pelo espaço geográfico. Isso signi-
norteiam a seleção dos conteúdos, para que o professor fica que a obra não contém “toda a Geografia”, qualquer
tenha presente que o que importa na educação básica que possa ser o sentido dessa expressão, mas se pauta pela
não é a quantidade de informações, mas a capacidade abordagem aprofundada dos conteúdos selecionados, dis-
de lidar com elas, através de processos que impliquem tinguindo-se radicalmente dos “almanaques geográficos”
sua apropriação e comunicação e, principalmente, sua tão em voga no universo do ensino.
produção ou reconstrução, a fim de que sejam transpos- Nela, a opção metodológica ganha consistência pela
tas a situações novas. Somente quando se dá essa apro- articulação entre a exposição e as atividades propostas.
priação e transposição de conhecimentos para novas As atividades dividem-se em quatro seções distintas, que
situações é que se pode dizer que houve aprendizado.” contemplam, em cada capítulo, níveis diferentes de apre-
MEC/Secretaria de Educação Média e Tecnológica. ensão dos conteúdos e abrangem a interpretação de
Parâmetros curriculares nacionais – ensino médio: ciências mapas e de textos. Além delas, uma seção que conclui
humanas e suas tecnologias. Brasília: MEC, 1999. p. 26. cada Unidade, contém sugestões de projetos de traba-
lhos interdisciplinares. Finalmente, a obra contém bate-
Uma qualidade dessa definição é a de esclarecer rias de exercícios selecionados que apareceram em exa-
que há uma relação permanente entre conteúdos pro- mes vestibulares recentes, em todo o país.
gramáticos, de um lado, e competências e habilidades, A estrutura da obra condensa uma proposta de or-
de outro. Se não funcionam como fontes para o desen- ganização dos conteúdos nas três séries do Ensino Mé-
6
01_Iniciais Geo constr mundo.10 6 14.07.05, 16:25
intrínseco, mas são plataformas sobre as quais erguem- globalização econômica. A unidade seguinte (A fronteira
se os blocos de conceitos. Norte/Sul) discute a persistência de uma “fronteira Nor-
A Parte III situa-se na perspectiva da escala do mun- te-Sul” marcada por profundas desigualdades socioeco-
do. Mais uma vez, isso não significa que as outras esca- nômicas entre os países desenvolvidos e subdesenvolvi-
las geográficas estejam ausentes. As escalas dos territó- dos. A unidade final (Geopolíticas da globalização) muda
rios nacionais, das regiões e dos lugares são usadas em o registro de análise, abordando o espaço mundial sob o
momentos distintos, como instrumentos destinados a ponto de vista geopolítico e estratégico.
evidenciar as diferentes dimensões do espaço mundial Na seqüência deste manual, discute-se com maior
da chamada “era da globalização”. profundidade a organização dos conteúdos de cada uma
Na unidade inicial (O espaço da globalização), abor- das partes, unidades e capítulos, além das estratégias
da-se a reorganização do espaço mundial associada à pedagógicas sugeridas pelos autores.
proliferaram à sombra dos exames vestibulares tradicio- explicitam um ponto de vista dos autores, mas não de-
nais, repercutiu devastadoramente sobre o planejamen- vem ser interpretadas como uma camisa-de-força impos-
to pedagógico. Os “cursos prontos”, em receituários ta ao professor. Na atividade de planejamento, o profes-
produzidos aula-a-aula, privaram escolas e professores sor tem a oportunidade de criar seu próprio curso,
de uma autonomia pedagógica básica. Esses modelos, inclusive por meio de ordenamentos alternativos do con-
abstraindo a singularidade das escolas, impuseram pa- teúdo programático. Sobretudo, porém, o professor tem
drões rígidos que, além de tudo, referenciam-se unica- a oportunidade de colocar ênfases especiais a determi-
mente aos conteúdos programáticos, e não estão nados conteúdos e/ou atividades, que decorrem da sua
focados na construção de competências. própria estratégia de desenvolvimento dos conceitos e
Nessa moldura, a atividade de planejamento do cur- competências.
so perde seu valor pedagógico, limitando-se a uma or- Neste manual, na conclusão da exposição dos con-
denação de assuntos em função do calendário escolar. teúdos de cada Unidade, há uma seção intitulada O
Muitas vezes, tudo se resume à reprodução do sumário enfoque interdisciplinar. Trata-se de sugestões de pes-
do material didático ou à sua adaptação direta à carga quisa e trabalho em equipes que requerem a participa-
horária disponível. ção de professores de outras disciplinas. A seção não foi
O ensino renovado define os conteúdos programáti- incluída no corpo da obra a fim de não prejudicar a flexi-
cos como etapas de construção de conceitos e competên- bilidade do planejamento escolar. Além dela, aparece a
cias. Sob essa perspectiva, cada um dos temas é o suporte seção Biblioteca do professor, que contém um texto e
para a elaboração do edifício conceitual da disciplina. A ati- indicações de leitura. Essa seção não se destina obvia-
vidade de planejamento, destinada a explicitar a trama de mente a ser utlilizada com os alunos, mas à reflexão teó-
conceitos associados aos temas e assuntos, ganha, assim, rica e metodológica do professor.
sua verdadeira dimensão pedagógica. O planejamento é, O livro didático consiste em uma seleção, entre ou-
ainda, o momento no qual traçam-se as estratégias desti- tras possíveis, dos conhecimentos geográficos adequados
nadas ao desenvolvimento das competências gerais e es- para o processo de ensino-aprendizagem. Essa seleção é
pecíficas trabalhadas em cada série e disciplina. genérica – cabe ao professor adaptá-la às condições sin-
No planejamento, o professor evidencia para si mes- gulares da escola e do público com o qual trabalha, bem
mo o sentido de seu trabalho didático. Ele não tratará da como à sua própria forma de entender o ensino de Geo-
geomorfologia para fixar na mente dos estudantes a su- grafia. A escolha de materiais de apoio didático – livros,
cessão de eras e períodos da coluna geológica, mas para publicações periódicas, jornais, vídeos, etc. – é uma das
elaborar o conceito de “tempo profundo”. Não tratará estratégias para realizar essa adaptação. Outras estraté-
da geografia da indústria para promover a memorização gias são o planejamento de avaliações e atividades, os pro-
das regiões industriais européias e norte-americanas, mas jetos de pesquisa, o estudo do meio. Por essas vias, o pro-
para elaborar o conceito de localização industrial. O pla- fessor apropria-se do curso, define suas ênfases, ritmo e
nejamento do curso permitirá visualizar a trama de con- pontuação. Assim, ele subordina o livro didático às neces-
ceitos na sua totalidade e, portanto, as relações que se sidades de uma escola e um público específicos, exercen-
estabelecem entre eles. do plenamente sua função criadora.
7
01_Iniciais Geo constr mundo.10 7 14.07.05, 16:25
As atividades e a avaliação
As propostas originais de atividades da obra foram • Dialogando com o texto. Seção associada à leitura
dispostas em seções distintas, pois desempenham papéis dos textos complementares. Esses textos, de dife-
também distintos no processo de ensino e aprendizagem. rentes autores, evidenciam o debate social que cer-
No final de cada capítulo, aparecem quatro seções de ca algum problema abordado no capítulo. As ques-
atividades: tões que acompanham esses textos funcionam
como uma “ficha de leitura”, ou seja, como um re-
• Revendo o capítulo. Seção destinada à retomada sumo das idéias centrais e, em certos casos, como
dos principais conceitos trabalhados no capítulo. Sua uma expansão da problemática neles contida.
função é promover uma leitura competente do tex-
Além das quatro seções básicas, a obra oferece
to teórico, isto é, levar o aluno a desenvolver a ple-
projetos de trabalho e baterias de exercícios dos exa-
na compreensão da estrutura da narrativa, com a
mes vestibulares.
identificação das idéias centrais e dos nexos
explicativos internos do texto. Idealmente, esses A seção Projeto de Trabalho, que aparece ao final
exercícios deveriam ser indicados como tarefa de de cada unidade, oferece propostas de projetos
casa e discutidos na aula seguinte. interdisciplinares, sempre associadas aos conteúdos e
competências desenvolvidos nos capítulos precedentes.
• O capítulo no contexto. Seção voltada à aplicação São sugestões a serem apresentadas aos professores de
dos conceitos principais do capítulo em contextos
A avaliação do aprendizado
“Somente quando se dá [...] apropriação e trans- A competência para estabelecer relações entre fe-
posição de conhecimentos para novas situações é que nômenos, com a mediação de conceitos, é um indicador
se pode dizer que houve aprendizado.” Os PCNs apon- decisivo de que houve aprendizado. No caso da Geogra-
tam o rumo: avaliação não é cobrança de uma série fia, essa competência abrange a capacidade de identifi-
maior ou menor de informações específicas, mas aferi- car fenômenos espaciais, nas suas diferentes escalas, e
ção da construção de conceitos e competências rele- de estabelecer relações pertinentes com outros fenôme-
vantes. Isso significa que a simples memorização não nos espaciais.
indica aprendizado. A “transposição do conhecimento para novas situa-
O ponto de partida do aprendizado, em Geografia ções” abrange a capacidade de aplicar no cotidiano os
como nas demais disciplinas, é a competência de leitura conceitos básicos da Geografia. Os fenômenos estuda-
e interpretação. O sucesso na apreensão do sentido e dos em sala de aula manifestam-se, sob formas específi-
dos significados de textos, mapas, gráficos e tabelas de- cas, no “lugar-mundo” do aluno, quer por meio da ex-
veria ser objeto de aferição contínua. periência vivida quer por meio da torrente de informações
8
01_Iniciais Geo constr mundo.10 8 14.07.05, 16:25
oferecidas pela mídia. A avaliação do aprendizado deve aprendizado. Essa observação vale particularmente para
esforçar-se para aferir essa capacidade, explorando as as seções O capítulo no contexto, Trabalhando com
potencialidades de estudos do meio e fazendo uso do mapas e Dialogando com o texto. Além disso, particu-
noticiário cotidiano dos meios de comunicação. larmente no caso da 3a série, a seção Questões de ves-
Uma meta fundamental do ensino é a construção tibulares/Enem oferece subsídios para a elaboração de
do espírito científico. A capacidade de operar com o mé- provas ou simulados.
todo científico – identificando fenômenos relevantes, A avaliação contínua é, atualmente, um consenso
observando-os e descrevendo-os, formulando hipóteses entre os educadores. Mas esse processo permanente de
sobre sua origem e dinâmica, testando essas hipóteses e aferição da aprendizagem não deveria implicar a supres-
elaborando explicações – é desenvolvida desde o início são das provas formais. O momento da prova tem valor
da vida escolar e ganha sofisticação crescente. A avalia- pedagógico comprovado e elas oferecem ao professor um
ção do aprendizado deve conferir maior valor ao proces- termômetro acurado da própria eficiência das estratégias
so de construção do espírito científico que à adequação de ensino utilizadas. As provas periódicas deveriam estar
ou ao rigor das conclusões obtidas. pautadas pela aferição de metas de aprendizagem nítidas,
As atividades propostas na obra foram elaboradas definidas desde o momento do planejamento em termos
com vistas a contribuir para a avaliação contínua do de conteúdos, conceitos e competências.
Fontes estatísticas
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
9
01_Iniciais Geo constr mundo.10 9 7/14/05, 10:58 PM
Navegando na internet
A internet oferece uma verdadeira “biblioteca da Babilônia” pós-moderna, imensa
e diversificada. Existem milhares de sites dedicados a temas relevantes para o ensino de
Geografia. A relação seguinte limita-se a sites em português, de boa qualidade, renova-
dos de modo sistemático ao longo do tempo, que são mantidos por instituições públicas,
organizações não-governamentais ou empresas privadas.
10
01_Iniciais Geo constr mundo.10 10 14.07.05, 16:25
órgão. É um instrumento eficiente para pesquisas de alu- National Geographic
nos, especialmente em temas ligados à demografia e à
<www.nationalgeographic.abril.com.br>
economia brasileiras.
Site da National Geographic, revista publicada em
diversos países e idiomas pela National Geographic
Instituto Nacional de Meteorologia Society. Trata de temas de geografia, história, arqueolo-
gia, paleontologia, cartografia e explorações.
<www.inmet.gov.br>
Site de previsão do tempo e do clima, mantido pelo
Inmet, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste- Organização das Nações Unidas
cimento. Oferece imagens do satélite Goes de abrangên-
<www.onu-brasil.org.br>
cia global e da América do Sul, nas faixas visível, infra-
vermelho e vapor d’água. Portal em português da ONU, que reúne informa-
ções sobre a atuação de suas agências no Brasil e apre-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
<www.inpe.br>
Petrobras
Site mantido pelo Inpe, do Ministério da Ciência e
Tecnologia. Oferece dados climáticos e ambientais gerados <www.petrobras.com.br>
a partir de imagens orbitais da Terra do projeto Landsat.
O site da estatal de petróleo contém diversas infor-
mações úteis. A página Sala de Aula está dedicada às
escolas e representa um instrumento extremamente útil
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA)
para o ensino das diversas etapas da exploração, produ-
<www.ipea.gov.br> ção, refino e distribuição do petróleo.
O site do órgão de pesquisa vinculado ao Minis-
tério do Planejamento oferece dois recursos relevan- Rios Vivos
tes para os professores de Geografia. Um deles é a
página do IPEADATA, uma base de dados estatísticos <www.riosvivos.org.br>
sobre economia mais abrangente que a do IBGE. O Trata-se de um interessante portal dedicado às
outro são os textos para discussão, que podem ser questões ambientais, em especial àquelas referentes aos
acessados em versão eletrônica e abordam inúmeros recursos hídricos. O portal é mantido por uma coalizão
temas socioeconômicos. de Organizações Não-Governamentais.
11
01_Iniciais Geo constr mundo.10 11 14.07.05, 16:25
Parte 1
A dinâmica da natureza
e as tecnologias
O objetivo da Parte I desta obra é construir o con-
12
01_Iniciais Geo constr mundo.10 12 14.07.05, 16:25
A Geografia distingue-se nas Ciências Humanas Capítulo 2
pela espacialidade do seu objeto. Os mapas e cartas, des- Interpretando os mapas
tinados a captar arranjos espaciais na superfície terrestre,
A descoberta do mundo; A linguagem dos mapas;
formam sua linguagem e são instrumentos privilegia-
Coordenadas geográficas; A representação da Terra.
dos de análise do espaço geográfico. O Capítulo 2 dedica-
se à cartografia. Este capítulo enfoca a Cartografia na sua dupla condi-
ção de técnica de representação e de elemento da cultura.
Os exemplos extraídos da história da Cartografia apresen-
• Conteúdo programático tam os mapas em sua condição de produtos sociais, que
traduzem uma visão de mundo.
Capítulo 1 Os mapas são também instrumentos do planejamen-
to. Através deles, o poder público adquire o domínio inte-
A produção do espaço geográfico lectual sobre o território. Eles servem, por exemplo, para
As paisagens, as técnicas e as tecnologias; A natu- finalidades de zoneamento urbano e rural, destinado a dis-
reza do espaço geográfico; A economia em rede; O ciplinar os usos da terra. A revolução tecnocientífica e in-
lugar, o território e o mundo. formacional multiplicou as possibilidades da Cartografia.
As tecnologias modernas de sensoriamento remoto, ba-
Este primeiro capítulo destina-se a construir os con- seadas no uso de imagens digitais de satélites em diferen-
ceitos que fundamentam a perspectiva geográfica de tes bandas do espectro eletromagnético, proporcionam
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
apreensão da realidade, e que formam o arcabouço es- mapas constantemente atualizados das mais diversas ca-
trutural do conjunto da obra. racterísticas de quase toda a superfície do planeta. A car-
A paisagem é a dimensão sensível do espaço geo- tografia computadorizada reduziu brutalmente os custos
gráfico, e, por isso mesmo, o ponto de partida para seu e o tempo para a produção de mapas. Esse conhecimento
estudo. As diferentes escalas temporais que produzem mais vasto e profundo do espaço geográfico materializa-
as formas naturais e as formas sociais que compõem as se em Sistemas de Informações Geográficas (SIG).
paisagens são apresentadas por meio das noções de Do ponto de vista do Ensino Médio, as técnicas
“tempo da natureza” e de “tempo da história”. cartográficas têm importância na medida em que permi-
tem desenvolver habilidades de interpretação da lingua-
Além das formas naturais e sociais, o espaço geo- gem dos mapas, que envolvem a compreensão do siste-
gráfico também abrange a rede de relações dos homens ma de coordenadas geográficas, da escala cartográfica
entre si e com a superfície terrestre, mediada pelas técni- numérica e gráfica e da legenda.
cas. Assim, o espaço geográfico incorpora a diversidade
As projeções são, em princípio, técnicas cartográfi-
natural que caracteriza esta superfície e a intervenção cas. Mas a opção por determinada projeção é, muitas
igualmente desigual das sociedades sobre ela. vezes, um ato cultural e politicamente motivado. As di-
De acordo com o geógrafo Milton Santos, o es- ferenças entre as projeções cilíndricas de Mercator e de
paço geográfico se apresenta como meio natural, Peters permitem revelar duas visões de mundo distintas,
quando ritmado pelos tempos da natureza; como cada uma delas adequada ao seu tempo. A projeção de
meio técnico, quando predominam as estruturas da Mercator materializa o eurocentrismo; a de Peters, a va-
era industrial, ou como meio tecnocientífico e infor- lorização do Terceiro Mundo. Por outro lado, a projeção
macional, quando dominado pelas tecnologias de in- azimutal responde às necessidades da geopolítica.
formação que estruturam as redes virtuais. Estes con-
ceitos, que são a chave da aventura geográfica de
descoberta do mundo, são cuidadosamente elabora- • O enfoque interdisciplinar
dos neste capítulo. Para discutir os efeitos da difusão Cartografia e Navegações
desigual das infra-estruturas do meio tecnocientífico
e informacional no espaço geográfico, por exemplo, As Grandes Navegações são tema muito relevante
é utilizado o exemplo do trágico tsunami que custou no estudo de História. Elas foram cruciais para o desen-
a vida de centenas de milhares de pessoas na bacia volvimento da Cartografia moderna, pois revelaram para
do Oceano Índico. os europeus as verdadeiras dimensões do planeta e a dis-
Os conceitos de lugar, de território e de mundo ilus- posição das terras emersas e oceanos.
tram as diferentes escalas da análise geográfica e as múl- O estudo de mapas antigos pode ser muito esclare-
tiplas relações entre estas escalas. A reflexão em torno cedor. Como era o mundo cartografado pelos gregos, na
das relações dialéticas entre o lugar e o mundo, media- Antiguidade? E o mundo cartografado no século XVI?
das pelos poderes políticos que controlam os territórios Como a concepção de mundo expressa pelos mapas re-
nacionais, encerra este capítulo introdutório. nascentistas participou da revolução de idéias do seu
13
01_Iniciais Geo constr mundo.10 13 14.07.05, 16:25
tempo? Quando e por que se fixaram as convenções atu- Neste período, os objetos técnicos tendem a ser ao mes-
ais, utilizadas na produção de planisférios, como a de co- mo tempo técnicos e informacionais, já que, graças à
locar o Hemisfério Norte na parte superior do mapa? extrema intencionalidade de sua produção e de sua lo-
calização, eles já surgem como informação; e, na verda-
de, a energia principal de seu funcionamento é também
• Biblioteca do professor a informação. Já hoje, quando nos referimos às manifes-
tações geográficas decorrentes dos novos progressos,
Do ponto de vista da Geografia, o processo de
não é mais de meio técnico que se trata. Estamos diante
globalização é também o da emergência de um meio
da produção de algo novo, a que estamos chamando
tecnocientífico e informacional. No texto abaixo, Milton
de meio tecnocientífico e informacional.
Santos reconstrói a história dos sucessivos meios geo-
gráficos, mostra os profundos impactos dos sistemas téc- Da mesma forma como participam da criação de no-
nicos sobre o território e enfatiza as especificidades do vos processos vitais e da produção de novas espécies
momento atual, no qual os objetos técnicos são movidos (animais e vegetais), a ciência e a tecnologia, junto
pela energia da informação. com a informação, estão na própria base da produ-
ção, da utilização e do funcionamento do espaço e
“O meio tecnocientífico e informacional tendem a constituir o seu substrato.
Antes, eram apenas as grandes cidades que se apre-
A história das chamadas relações entre sociedade e na-
sentavam como o império da técnica, objeto de modi-
tureza é, em todos os lugares habitados, a da substitui-
ficações, supressões, acréscimos, cada vez mais sofis-
ção de um meio natural, dado a uma determinada socie-
14
01_Iniciais Geo constr mundo.10 14 14.07.05, 16:25
de energia do interior do planeta, ou seja, da dissipação
UNIDADE 2 do calor do núcleo através do manto. É essa dinâmica
que determina a existência de placas tectônicas.
A compreensão da escala de tempo geológico,
A geografia da natureza apresentada no capítulo, envolve uma forte capacidade
de abstração, pois ela está baseada em uma dimensão
O geógrafo Jurandir Ross sintetiza a dinâmica dos temporal dissociada da experiência sensível. Os méto-
ambientes naturais e as múltiplas interferências da socie- dos de datação das rochas e as evidências do registro
dade sobre estes ambientes: fóssil, discutidos no capítulo, fornecem as evidências
“As unidades de paisagens naturais se diferenciam pelo empíricas desta dimensão. O Texto Complementar tra-
relevo, clima, cobertura vegetal, solos ou até mesmo balha o tempo geológico do ponto de vista lógico, utili-
pelo arranjo estrutural e do tipo de litologia ou por ape- zando paralelos e metáforas.
nas um desses componentes. No entanto, como na na- As grandes estruturas geológicas da litosfera são
tureza esses componentes são interdependentes, quan- geradas pelos processos geomorfológicos de longa du-
do há variações na litologia, por exemplo, certamente ração. O estudo dos escudos cristalinos remete a proces-
observam-se diferenças na forma do relevo, na tipologia sos muito antigos, ligados à origem da litosfera. O estu-
dos solos e até mesmo na composição florística da co- do dos dobramentos modernos remete à construção do
bertura vegetal. Esta última interfere no clima ou pelo conceito de placas tectônicas e à identificação das suas
menos no microclima, na diferenciação e distribuição da faixas de fronteira, continentais e oceânicas. O estudo
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
fauna e microrganismos, e assim sucessivamente para das bacias sedimentares remete aos processos perma-
os demais componentes. [...] Nesse panorama [...] de nentes de destruição e construção das feições da crosta.
ambientes naturais, o homem, como ser social, interfere Por meio das tecnologias, as rochas, agregados formados
criando novas situações ao construir e reordenar os es- por um ou mais minerais que constituem cada uma das
paços físicos com a implantação de cidades, estradas, grandes estruturas geológicas, são transformadas em re-
atividades agrícolas, instalações de barragens, retifica- cursos utilizados intensivamente pelas sociedades; por
ções de canais fluviais, entre inúmeras outras.” isso, os recursos minerais são discutidos neste capítulo.
ROSS, Jurandyr L. S. Geomorfologia: ambiente O modelado da crosta também é um produto dos
e planejamento. São Paulo: Contexto, 1997. p. 11-12. processos geomorfológicos de longa duração. Tais pro-
cessos decorrem de fatores internos (modeladores), asso-
ciados ao tectonismo, e fatores externos (esculpidores),
A superfície da Terra é o substrato material sobre o
associados à erosão e à sedimentação. Os primeiros com-
qual atuam as sociedades, produzindo o espaço geográfi-
preendem a orogênese e a epirogênese e, numa outra es-
co. Há, portanto, um meio natural prévio à humanidade,
cala de tempo, as manifestações “catastróficas” do
fruto de processos físicos e bioquímicos. Esses processos são
vulcanismo e dos sismos. Os segundos compreendem a
resultantes tanto da dinâmica energética interna quanto da
erosão eólica, a erosão provocada pelo trabalho das águas
dinâmica externa do planeta, esta última baseada na inte-
(fluvial, marinha e glacial) e o intemperismo.
ração da energia solar com a atmosfera. O meio natural,
portanto, se encontra em estado de fluxo permanente.
Além disso, é um meio vivo, ou seja, não é apenas um am- Capítulo 4
biente que abriga a vida, mas consiste, em parte, num pro- As bases físicas do Brasil
duto da atividade dos organismos. Esta Unidade 2 se de-
dica a investigar as dinâmicas do meio natural e a transfor- O arcabouço geológico; A modelagem do relevo.
mação de seus elementos em recursos naturais.
O Capítulo 4 esclarece o trabalho das forças inter-
nas e externas sobre a Placa Sul-americana, que gera-
ram as estruturas geológicas e as formas do modelado
• Conteúdo programático presentes no território brasileiro. Para tanto, divide o
Capítulo 3 tempo geológico em dois componentes: os “tempos an-
tigos” e os “tempos recentes”. Os “tempos antigos”
Geomorfologia e recursos minerais abrangem o Pré-Cambriano e as eras Paleozóica e
O planeta Terra; As grandes estruturas geológicas; Mesozóica, associando-se à configuração do arcabouço
O modelado da crosta; Os recursos minerais. geológico. Os “tempos recentes” abrangem os períodos
Terciário e Quaternário da Era Cenozóica e associam-se
A dinâmica da litosfera compõe o eixo central do à modelagem do relevo. Essa distinção é crucial, pois per-
Capítulo 3. A litosfera está em contato com a hidrosfera mite dissipar a confusão bastante comum entre as estru-
e a atmosfera. Sua dinâmica estrutural depende do fluxo turas geológicas e as formas do modelado.
15
01_Iniciais Geo constr mundo.10 15 14.07.05, 16:25
A análise dos “tempos antigos” está focalizada nas de ar, a influência das correntes marinhas e os efeitos de
forças tectônicas, isto é, na orogênese e na epirogênese. A maritimidade/continentalidade são fundamentais para a
orogênese antiga que age no que atualmente é o território diferenciação dos grandes tipos climáticos. O estudo de
brasileiro configurou sistemas de dobramentos, dos quais cada um deles se baseia na análise de climogramas, de for-
aparecem apenas vestígios. A epirogênese soergueu toda a ma a propiciar o desenvolvimento de habilidades específi-
plataforma sul-americana, provocando regressão marinha cas de leitura de gráficos que relacionam o ciclo sazonal a
generalizada. O capítulo enfatiza os resultados atuais da duas variáveis: médias térmicas e precipitações. A dinâmica
ação das forças geológicas, destacando a localização dos sazonal das monções asiáticas recebe atenção especial, em
depósitos de minérios metálicos e de carvão mineral. virtude da nitidez com que permite explicar as relações en-
A análise dos “tempos recentes” está focalizada na tre os climas e as massas de ar.
ação das forças externas de erosão e sedimentação, que Os solos são produto da complexa interação entre
constituem processos controlados pelos climas. O capí- atmosfera, litosfera e biosfera. Sua gênese está associa-
tulo apresenta a proposta de classificação das formas do da ao desgaste das rochas pelo intemperismo. Os solos
modelado elaborada pelo geógrafo Jurandyr Ross, na são um meio vivo: a atividade física e químico-biológica
qual elas são divididas em planaltos, depressões e planí- dos organismos participa da sua formação. O conheci-
cies. A noção de erosão diferencial é vital para a com- mento dos horizontes dos solos permite esclarecer a ação
preensão das molduras de depressões configuradas em do intemperismo e relacionar os diferentes tipos de solos
torno dos planaltos brasileiros e também das formações às características dos climas de cada área.
de chapadas comuns em vastas áreas do território. O conceito de ecossistema fundamenta a análise
16
01_Iniciais Geo constr mundo.10 16 14.07.05, 16:25
A análise do quadro natural brasileiro baseia-se no potável que repercute em escala global. Além disso, o
conceito de domínio morfoclimático, elaborado por Aziz consumo de água contaminada por resíduos tóxicos in-
Ab’Sáber, que considera a íntima conexão entre os ele- dustriais e mesmo residenciais figura entre os maiores
mentos da natureza. A análise dos fatores limitantes que problemas de saúde pública do mundo contemporâneo.
definem a configuração das formações vegetais propor- Nas grandes cidades, o quadro de escassez está forte-
ciona um nexo concreto entre o estudo dos climas e o mente relacionado à poluição dos mananciais disponí-
dos domínios morfoclimáticos brasileiros. Por isso, na ca- veis e à ampliação do consumo.
racterização de cada um dos domínios, são discutidas as O caso brasileiro é bastante ilustrativo. Mesmo do-
temperaturas (médias e amplitudes térmicas) e as preci- tado de uma riqueza excepcional em termos de recursos
pitações (anuais e sazonais) associadas às formações ve- hídricos superficiais e subterrâneos – entre os quais se
getais. No caso da caracterização do cerrado, também é destaca o Aqüífero Guarani –, o país enfrenta problemas
importante destacar os fatores limitantes de ordem sérios de abastecimento de água, principalmente na por-
pedológica e as funções ecológicas desempenhadas pe- ção semi-árida da região Nordeste e nas principais re-
las queimadas naturais. giões metropolitanas. Para enfrentar este quadro, o Es-
A análise da intervenção antrópica sobre os domí- tado adotou um modelo institucional de gestão dos re-
nios morfoclimáticos demonstra as diferentes conse- cursos hídricos centrado na formação de Comitês de Ba-
qüências ambientais das atividades sociais e econômi- cia e na cobrança pelo uso de grandes quantidades de
cas. O desmatamento praticamente destruiu as flores- água para fins industriais ou agrícolas, que é apresenta-
tas subtropicais e as florestas tropicais da Mata do para discussão neste capítulo.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
17
01_Iniciais Geo constr mundo.10 17 14.07.05, 16:25
Essas e outras questões podem ser alvo de trabalho como o conhecemos hoje, é um curso fluvial
interdisciplinar e, eventualmente, originar propostas de hidrologicamente recente, gerado em tempos pós-
experimentos em laboratório. pliocênicos.
Tais acontecimentos geológicos foram responsáveis
por uma drenagem quaternária tipicamente centrípeta
• Biblioteca do professor na Amazônia ocidental, sob a condicionante ecológi-
O texto seguinte, extraído de uma entrevista dada ca de um domínio clímato-botânico equatorial. A por-
por Aziz Ab’Sáber à Revista de Estudos Avançados ção brasileira da Amazônia, pelo seu tamanho e ex-
publicada pelo IEA-USP, sintetiza a complexa história tensão, constitui o mais importante megadomínio de
geológica da Amazônia brasileira, relacionando-a com os natureza tropical da Terra. Na realidade, é um domí-
padrões de drenagem e com o afloramento das grandes nio quente e úmido propiciador de uma história vege-
reservas minerais. tal que embrionariamente remonta ao início do perío-
do Quaternário. Até o Terciário Médio, comportava-se
“Estudos Avançados – Diante da semelhança entre como um paleogolfão da fachada pacífica do conti-
geógrafos e geólogos no que tange à noção de esca- nente, intercalado entre os terrenos do Escudo
la do tempo, da natureza e da escala de tempo da Guianense e do Escudo Brasileiro norte-oriental. Essa
humanidade, como o sr. vê a escala do século que grande inversão, forçada pelo dobramento da Cordi-
passou? Gostaria que a avaliação fosse feita com ex- lheira Andina, exige que, antes desse fato, os bordos
pectativas para o século XXI. da Amazônia oriental ainda teriam vínculos com os
18
01_Iniciais Geo constr mundo.10 18 14.07.05, 16:25
• Indicações de leitura atividades econômicas abordadas nesta Unidade e ga-
nha destaque no Capítulo 10, que relaciona os padrões
AB’SÁBER, Aziz. Os domínios de natureza no Bra- de consumo energético e de emissão de gases de estufa
sil. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. com o nível de industrialização e o modelo energético
CONTI, José Bueno. Clima e meio ambiente. São das economias nacionais, e apresenta os termos do Pro-
Paulo: Atual, 1998. tocolo de Kyoto.
DREW, David. Processos interativos homem-meio
ambiente. São Paulo: Difel, 1986.
TUNDISI, José Galisia. Água no século XXI: enfren-
• Conteúdo programático
tando a escassez. São Paulo: Rima/IIE, 2003.
Capítulo 8
GREGORY, K. J. A natureza da Geografia Física.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992. Os ciclos industriais
IBGE. Recursos naturais e meio ambiente: uma vi- Os ciclos tecnológicos da Revolução Industrial;
são do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1997. Tecnologia e localização industrial; A siderurgia
RIBEIRO, Wagner Costa (Org.). Patrimônio no Brasil.
ambiental brasileiro. São Paulo: Edusp/Im-
A aceleração tecnológica da era industrial e a confi-
prensa Oficial, 2003.
guração de um espaço mundial de fluxos são os funda-
ROSS, Jurandyr L. S. Geomorfologia: ambiente e mentos gerais deste capítulo, estruturado em torno do
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
planejamento. São Paulo: Contexto, 1997. conceito de ondas de inovação e na teoria dos ciclos
tecnológicos.
A força motriz dos ciclos tecnológicos da era indus-
trial é a chamada “destruição criadora”, pela qual as ino-
UNIDADE 3 vações dissolvem tecnologias estabelecidas e renovam
radicalmente os padrões da divisão técnica do trabalho.
O resultado das inovações é o salto da economia para
Tecnologias e recursos novos patamares de produtividade, que implicam a re-
dução de custos de produção e a expansão dos merca-
naturais dos. No terceiro ciclo da revolução industrial, por exem-
plo, o advento da eletricidade e do motor a combustão
“As características da sociedade e do espaço geográ- interna, ao lado do uso de derivados do petróleo como
fico, em dado momento de sua evolução, estão em combustível, possibilitaram o surgimento da indústria
relação com um determinado estado das técnicas. automobilística e a organização do trabalho fabril em li-
Desse modo, o conhecimento dos sistemas técnicos nha de montagem. O “ciclo do petróleo” imprimiu pro-
sucessivos é essencial para o entendimento das di- fundas transformações em diferentes escalas do espaço
versas formas históricas de estruturação, funciona- geográfico, conforme explicita o capítulo.
mento e articulação dos territórios, desde os albores
O espaço geográfico dos ciclos iniciais da “era da
da história até a época atual. Cada período é porta-
indústria” constitui-se em um meio técnico, profunda-
dor de um sentido, partilhado pelo espaço e pela so-
mente marcado pela urbanização acelerada da popula-
ciedade, representativo da forma como a história rea-
ção e pelos fenômenos de concentração industrial.
liza as promessas da técnica.”
Em contrapartida, desde meados do século XX, co-
SANTOS, Milton. A natureza do espaço. meça a se esboçar uma tendência à desconcentração in-
São Paulo: Hucitec, 1996. p. 137.
dustrial. No plano internacional, esta tendência resultou
na industrialização de regiões situadas nos países subde-
O período atual é marcado pela presença de um senvolvidos dotadas de importantes vantagens compara-
sistema técnico tornado universal e pelo avanço do tivas, principalmente no que diz respeito ao custo da mão-
meio tecnocientífico e informacional sobre o meio na- de-obra. Mas a desconcentração industrial também se
tural. Esta Unidade 3 investiga esses sinais nos proces- manifesta no plano nacional, em especial nos países de-
sos produtivos industriais e agropecuários e nas estra- senvolvidos: nas antigas regiões industriais, a escassez de
tégicas energéticas. terrenos, a força do movimento sindical, os congestiona-
A crise ambiental contemporânea revela os impas- mentos e a degradação ambiental se traduzem em dese-
ses e limitações do modelo de produção e consumo im- conomias de aglomeração. As indústrias de alta tecnolo-
plantado nas áreas mais ricas do planeta. Por isso, a dis- gia, marcadas pela forte integração com os centros de
cussão ambiental se integra à análise das diferentes pesquisa e desenvolvimento e com as universidades, se
19
01_Iniciais Geo constr mundo.10 19 14.07.05, 16:25
instalam longe das velhas aglomerações fabris, dinamizan- cujas marcas ainda estão presentes na paisagem. Con-
do regiões industriais em ascensão. Os tecnopólos, cen- forme já disse Milton Santos, “o espaço é uma acumula-
tros de produção de pesquisadores, tecnologias e novos ção desigual de tempos”.
produtos, são resultantes desse processo. Na maior parte do mundo tropical, a revolução
A localização industrial não se define unicamente tecnocientífica não se completou no meio rural. Assim,
pelos ciclos tecnológicos e pela economia de mercado, predominam as técnicas tradicionais da agricultura
mas depende também da política industrial conduzida camponesa voltada para a subsistência, muitas vezes as-
pelo Estado. No Brasil, a concentração espacial da siderur- sociada às plantations implantadas pelos colonizadores.
gia no Sudeste foi, em parte, condicionada pela configu- Contudo, a diversidade também marca os sistemas da
ração da região industrial central, mas foi também um pro- agricultura tropical, conforme revelam os exemplos ana-
duto de decisões políticas. A disputa entre as elites políticas lisados no capítulo.
do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais traduziu-se O abismo tecnológico que separa os países desen-
em decisões específicas de localização das siderúrgicas es- volvidos dos países subdesenvolvidos, que será retomado
tatais. A configuração do Vale do Aço deve ser encarada nos capítulos da Unidade 2 da Parte 3 deste livro, é aqui
como resultado dessa disputa política, na qual a elite de apresentado sob o prisma da agricultura: a tecnologia pre-
Minas Gerais soube impor a precedência das reservas sente na elevada produtividade que caracteriza as princi-
de matéria-prima como fator locacional decisivo. pais potências agrícolas do planeta. Além da tecnologia,
também o recurso aos subsídios agrícolas reduz substan-
Capítulo 9 cialmente a competitividade dos países subdesenvolvidos
20
01_Iniciais Geo constr mundo.10 20 14.07.05, 16:25
entre as fontes energéticas mais utilizadas e alimentam ro- Uma dimensão vital dessa investigação envolve as
tas comerciais estratégicas. Utilizados como fonte de calor formas de organização do trabalho. Como se distingue o
nas indústrias, nos transportes e na produção de eletricida- sistema de fábrica das formas de produção anteriores?
de, os combustíveis fósseis liberam grandes quantidades de Qual foi a novidade introduzida pela linha de montagem
gases de estufa na atmosfera. O urânio, que alimenta as nesse sistema? Como o advento da indústria moderna e
centrais nucleares dedicadas à produção de eletricidade, do operariado fabril modificaram politicamente a socie-
também é uma fonte não-renovável de energia. Nesse dade? E como eles modificaram a paisagem urbana?
caso, a geração de resíduos com elevado poder de conta-
minação figura como o grande problema ambiental.
Entre as fontes renováveis de energia, destaca-se a • Biblioteca do professor
força das águas correntes, transformada em eletricidade O texto selecionado para esta seção é de autoria
nas centrais hidrelétricas. Porém, o potencial de geração do geógrafo francês Claude Raffestin. Raffestin produ-
de energia hidrelétrica é limitado pelas condições ziu uma obra geográfica singular, que percorre um ca-
morfológicas e climáticas. Nos países de consumo minho próprio e não admite as tradicionais divisões en-
energético intensivo, mesmo aqueles dotados de eleva- tre a Geografia Física, a Geografia Econômica e a
do potencial, estas centrais produzem uma porcentagem Geografia Política. Suas inspirações teóricas abrangem
relativamente pequena da demanda por eletricidade. a historiografia dos “tempos longos” de Fernand Brau-
Nos anos que se seguiram aos choques do petró- del e a lingüística de Saussure e Barthes. Sobre esses
leo protagonizados pela OPEP, a busca da eficiência fundamentos interdisciplinares, ele construiu uma abor-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
energética e da viabilização do uso comercial de ener- dagem da globalização que articula as noções de rede,
gias alternativas sustentáveis do ponto de vista ambien- tecnologia, informação e poder.
tal – tais como a solar e a eólica – se transformaram em O texto seguinte reflete acerca do controle dos pa-
programas prioritários nos países desenvolvidos. Mas íses desenvolvidos e das empresas transnacionais sobre
estes programas respondem também a imperativos as tecnologias e o saber de ponta. Nele, o autor não faz
econômicos: em meados da década de 1980, alguns apenas uma análise, mas defende a tese de que as tec-
deles foram total ou parcialmente desativados. Atual- nologias intermediárias podem revelar-se adequadas
mente, sob o impacto da “guerra ao terror”, da inten- para as necessidades dos países subdesenvolvidos, mas
sificação dos conflitos associados ao petróleo e do de- geralmente são rejeitadas por razões políticas. As tecno-
bate sobre o aquecimento global, as fontes alternativas logias intermediárias consistem em processos de produ-
apresentam renovado interesse. ção e equipamentos que, por não incorporarem os avan-
A intensificação do consumo de energia e da emis- ços da atual revolução tecnocientífica e informacional,
são de gases de estufa nas sociedades industriais figura custam menos e utilizam mais mão-de-obra por unidade
entre as principais causas da crise ambiental contemporâ- de capital que as tecnologias de ponta.
nea, cujos impactos afetam o conjunto do planeta. De
fato, a Convenção sobre Mudanças Climáticas Globais e As multinacionais e a transferência tecnológica
os termos atuais do Protocolo de Kyoto atribuem metas
de redução da emissão de gases de estufa apenas aos pa- “Em matéria de tecnologia, são as empresas
íses desenvolvidos, considerados os maiores responsáveis multinacionais que centralizam a produção dos co-
pelas alterações climáticas que ocorrem em escala global. nhecimentos e que asseguram a circulação interna e
Os Estados Unidos, entretanto, recusam os termos do tra- externa dessa informação. O essencial das atividades
tado e comprometem seriamente sua eficácia. de pesquisa e de desenvolvimento é efetuado nos
países de origem das multinacionais […]. É uma estra-
tégia da informação, que permite preservar o controle
• O enfoque interdisciplinar real sobre os recursos. Todavia, essa informação cir-
cula no espaço e, nesse sentido, pode-se falar de
Revolução Industrial e organização do trabalho transferências, mas na maioria das vezes trata-se de
A Revolução Industrial deu origem a características uma transferência interna no espaço das empresas.
essenciais da sociedade contemporânea, tanto em ter- A rede de circulação dessa informação não é pública,
mos da sua estrutura social – com a formação de uma mas privada. Os fluxos de informação tecnológica li-
classe de empresários industriais e uma classe de operá- gam as matrizes às filiais. Isso não significa que não
rios fabris – como da organização do seu espaço geográ- se façam pesquisas nos centros secundários, mas só
fico – com a expansão da urbanização e a configuração o centro principal conhece a sua finalidade e, assim,
de regiões industriais. A Geografia e a História cruzam- pode utilizá-la com eficácia. A informação paga pelas
se e se enriquecem mutuamente na investigação da Re- multinacionais oferece a possibilidade de uma
volução Industrial. estocagem fácil e de uma mobilização muito rápida
21
01_Iniciais Geo constr mundo.10 21 14.07.05, 16:25
dos conhecimentos necessários à tomada de decisões. entre as técnicas ancestrais e as técnicas sofisticadas.
É uma estratégia que se concebe, se elabora e desa- Para que interessem […], devem ser pouco onerosas:
brocha em ‘territórios abstratos’, ou melhor, nos terri- 100 dólares de capital por cada emprego criado. Por
tórios das empresas. outro lado, devem servir para mobilizar matérias lo-
cais que permitirão produzir artigos destinados ao
Existe a circulação externa da informação [que], na
consumo doméstico. Isso não significa que os bens
maioria das vezes, trata-se de uma tecnologia neces-
criados não alimentarão um mercado de exportação,
sária à utilização do produto. É, de certa forma, um
mas esse não é o principal objetivo visado. Além dis-
‘saber-manejar’ o produto que é transferido, mas não
so, essas técnicas devem ser criadoras de empregos e
um ‘saber-fazer’ o produto. Sem dúvida, é do interes-
de pólos de desenvolvimento.
se da empresa vulgarizar o ‘saber-manejar’, enquanto
o ‘saber-fazer’ permanece privado. A informação do […] Entretanto, isso não chega a eliminar a descon-
‘saber-fazer’ é a base do poder das multinacionais, fiança dos países do Terceiro Mundo, que logo têm
por isso elas não têm nenhum interesse em deslocar a impressão de estarem utilizando uma tecnologia
a inovação e, nessas condições, a circulação interna de segunda mão. […] Os países que dispõem de
permanece preponderante e predominante em rela- tecnologias avançadas fazem questão de valorizá-
ção à circulação externa. las, mas também de fazer delas as condições para
o seu poderio. Os países que não as possuem e
[…] Estamos na presença de relações assimétricas
que procuram adquiri-las não desejam obter
que são a conseqüência do desenvolvimento desi-
tecnologias que não sejam verdadeiras fontes de
22
01_Iniciais Geo constr mundo.10 22 14.07.05, 16:25
Parte 2
O Brasil, território e nação
As fronteiras políticas indicam os limites do territó-
rio no qual o Estado exerce sua soberania. Mas, do pon- UNIDADE 4
to de vista do Estado-Nação contemporâneo, a sobera-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
23
01_Iniciais Geo constr mundo.10 23 14.07.05, 16:25
e os seus vizinhos hispano-americanos também são ex- do país. A “marcha para o oeste”, deflagrada desde a “era
pressões do modelo econômico internacionalizado no Vargas” e estimulada pela transferência da capital, assina-
território nacional. lou uma etapa crucial da constituição de um mercado naci-
onal unificado. A colonização moderna do Centro-Oeste e
das molduras meridionais da Amazônia realizou-se por
• Conteúdo programático meio das frentes de expansão e das frentes pioneiras. A
distinção entre esses conceitos, fundamentais no pensa-
mento geográfico brasileiro, é vital para a compreensão dos
Capítulo 11
conflitos fundiários que pontuaram e ainda pontuam as
A indústria e a integração nacional fronteiras agrícolas do país.
A integração do território brasileiro; A concentra-
ção industrial; As migrações inter-regionais. Capítulo 12
24
01_Iniciais Geo constr mundo.10 24 14.07.05, 16:25
A produção de eletricidade desenvolveu-se essenci- à modernização da economia rural, materializada pela
almente pela implantação de hidrelétricas. Essa opção, que mecanização da agropecuária e por um processo, ainda em
distingue o país no panorama internacional, associou-se curso, de transferências setoriais de mão-de-obra que libe-
ao elevado potencial natural dos rios brasileiros, que se rou força de trabalho para os setores urbanos. Por meio das
explica em função dos climas e do relevo. Nesse ponto, a cadeias produtivas, o agronegócio fornece alimentos e ma-
força explicativa da Geografia revela todo seu vigor, per- térias-primas para a indústria, além de fornecer commodi-
mitindo estabelecer as conexões entre o modelo econô- ties para o mercado externo, gerando divisas. Consumindo
mico e as características naturais do território nacional. tecnologias, insumos e sementes, a agricultura moderna
A produção de eletricidade por termelétricas desem- mantém relações estreitas com a pesquisa científica.
penhou papéis secundários no Brasil. As termelétricas movi- As cadeias produtivas estão subordinadas aos capi-
das a combustíveis fósseis limitaram-se quase apenas aos tais industriais e aos capitais financeiros, mas suas etapas
estados do Sul e à Amazônia, enquanto as usinas nucleares agrícolas são realizadas por empresas rurais, que funcio-
assumiram maior importância política que energética. Con- nam em bases capitalistas, ou por produtores familiares,
tudo, os custos econômicos e ambientais crescentes da pro- que não dispõem de capital e raramente empregam tra-
dução hidrelétrica, assim como o fornecimento de gás na- balhadores assalariados.
tural de origem boliviana e a descoberta de grandes reservas A análise econômica dos complexos agroindustriais é
de gás no território brasileiro, apontam para um significati- o fundamento para a discussão das suas características es-
vo crescimento da produção termelétrica no Centro-Sul. paciais no território brasileiro. Aqui, trata-se de evidenciar a
A análise da produção petrolífera abrange, em pri- existência de uma divisão territorial do trabalho na agricul-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
meiro lugar, as particularidades da prospecção no país, tura, que reitera e aprofunda as desigualdades regionais.
fortemente dependente de campos situados na platafor- Os impactos ambientais da modernização da
ma continental. A exploração desses campos, viabilizada agropecuária são sintomas da industrialização do meio
pelas tecnologias desenvolvidas pela Petrobras, tornou- rural e revelam os problemas de sustentabilidade ecoló-
se prioritária após os “choques do petróleo”, que eleva- gica da acumulação de capital promovida pelos comple-
ram as cotações internacionais do produto. Em segundo xos agroindustriais.
lugar, a análise da produção petrolífera abrange as ativi-
dades de refino, destacando-se a amplitude dos merca- Capítulo 14
dos consumidores como fator decisivo na implantação Urbanização e redes urbanas
espacial das refinarias brasileiras.
Rumo às cidades; A rede urbana brasileira; Os es-
Os “choques do petróleo” estiveram na raiz do lan- paços metropolitanos; A cidade-capital.
çamento do Proálcool, na década de 1970. A produção
nacional de álcool para os transportes teve grandes reper- O ponto de partida do capítulo é o processo de ur-
cussões na agricultura do Centro-Sul e do Nordeste, mas banização e o conceito de meio urbano. A polêmica em
oscila ao sabor das flutuações das cotações internacionais torno dos critérios oficiais utilizados no Brasil para classi-
do petróleo. Por outro lado, o lançamento de um número ficar a população como urbana ou rural evidencia a idéia
crescente de automóveis dotados de motores bicombustí- de que o conceito de meio urbano é uma construção te-
veis traz novas perspectivas para o álcool combustível. órica, cujo significado varia em função dos diferentes
contextos histórico e geográfico. A análise da urbaniza-
Capítulo 13 ção brasileira funciona como suporte para a discussão da
rede urbana e, em seguida, dos espaços metropolitanos.
Os complexos agroindustriais No conjunto do território brasileiro, o processo de
A modernização conservadora; A divisão territorial urbanização acelerou-se após a Segunda Guerra Mundi-
do trabalho na agropecuária; Os impactos ambi- al, sob o efeito da modernização econômica e do êxodo
entais da agropecuária brasileira. rural gerado pela dissolução da economia rural auto-su-
ficiente. Contudo, os ritmos da urbanização expressam
Neste capítulo, a discussão sobre os complexos as desigualdades regionais e as taxas de urbanização e
agroindustriais desdobra-se em três direções: a análise servem como sinais das diferenças econômicas estrutu-
da organização produtiva do agronegócio, o estudo da rais entre as regiões brasileiras.
divisão territorial do trabalho na agricultura brasileira e
A rede urbana define-se pela configuração de uma
um panorama dos impactos ambientais provocados pela
hierarquia particular, que é uma expressão das dinâmi-
moderna economia agrícola.
cas territoriais em escala nacional e regional. A introdu-
Do ponto de vista histórico, os complexos agroindus- ção da categoria de metrópole global, associada a São
triais substituíram os antigos complexos rurais, que se su- Paulo e ao Rio de Janeiro, permite aprofundar a discus-
bordinavam à lógica do modelo agroexportador. A consoli- são sobre a polarização e as funções urbanas na era da
dação do modelo urbano-industrial ocorreu paralelamente “revolução da informação”.
25
01_Iniciais Geo constr mundo.10 25 14.07.05, 16:25
A hierarquia urbana é, tradicionalmente, definida Mercosul. A importância adquirida pelo comércio exterior
de modo quase exclusivo em termos da polarização e a condição de global trader realçaram o papel desempe-
proporcionada pelas redes de transportes. Atualmente, nhado pela Organização Mundial de Comércio na política
contudo, essa definição deve incorporar a polarização exterior brasileira.
proporcionada pelas redes de comunicações. Na esteira A importância adquirida pelo comércio exterior
dessa revisão e ampliação do conceito, os mapas de po- também lançou um foco de luz sobre os custos de deslo-
larização urbana mais recentes produzidos pelo IBGE, camento de mercadorias no território nacional, pondo
utilizados nesta obra, representam as descontinuidades em relevo a inadequação da rede de transportes
espaciais e as superposições das regiões de influência construída à sombra do modelo de substituição de im-
urbana no Brasil. portações. A necessidade de redução dos custos de des-
A concentração espacial da população e de recur- locamento das exportações nacionais traduziu-se em
sos produtivos, que tem raízes coloniais, foi impulsiona- projetos ferroviários e hidroviários destinados a gerar
da pelas formas específicas da modernização industrial uma rede de transportes em “bacia de drenagem”.
brasileira. A figura jurídica da região metropolitana cons- A inserção do Brasil nos processos de integração re-
tituiu um reconhecimento das tendências geográficas do gional em curso no subcontinente sul-americano empres-
processo de urbanização e ofereceu um quadro para o ta especial relevância às políticas sul-americanas, destina-
planejamento urbano nas metrópoles e áreas conurba- das a estreitar os laços geopolíticos e econômicos que
das. Desde o início da década de 1990, os processos de unem o Brasil aos seus vizinhos hispano-americanos.
conurbação, que envolvem também cidades médias si-
O Mercosul figura como a mais importante entre
26
01_Iniciais Geo constr mundo.10 26 14.07.05, 16:25
Por que as pragas se desenvolvem em monoculturas e, nas cidades-satélites mais próximas, ou as favelas que
muitas vezes, tornam-se resistentes aos agrotóxicos? resistem a investidas policiais em áreas isoladas do
Como a engenharia genética pode contribuir no comba- Plano Piloto. É meramente observar que nas áreas
te às pragas agrícolas? mais urbanizadas da capital não há cortiços […].
Ademais, […] as disparidades de renda entre o centro de
O olhar cinematográfico sobre a ditadura Brasília e sua periferia são bem maiores que em outras
Tanto no Brasil como na Argentina, o regime militar cidades brasileiras, precisamente porque a alta renda,
no Distrito Federal, está concentrada de forma esmaga-
serviu de tema para um conjunto importante de obras
dora e quase uniforme no Plano Piloto e nas mansões
cinematográficas. A colaboração dos professores de Co-
do Lago. Por fim, o que também intensifica as diferen-
municação e Expressão pode ser solicitada para a mon-
ças entre o centro de Brasília e sua periferia é a forma
tagem de uma mostra de vídeos sobre o tema, que pode
com que são expressas em termos espaciais. Enquanto
ser complementada por um ciclo de debates organizado
outras cidades são ocupadas continuamente do centro
pelos alunos. A título de exemplo, sugerimos o filme ar-
até a periferia, Brasília dicotomiza-os em termos absolu-
gentino A Historia Oficial (Dir. Luis Puenzo) e os brasi-
tos: não há nenhuma cidade-satélite em um raio de 14
leiros Pra Frente, Brasil (Dir. Roberto Farias) e O que é
quilômetros a partir do Plano Piloto. Assim, a distinção
isso, companheiro? (Dir. Bruno Barreto).
entre centro e periferia é implacavelmente nítida […].
Um processo básico na formação da periferia de Brasília
• Biblioteca do professor é a transformação de tomadas de terras ilegais em ur-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
27
01_Iniciais Geo constr mundo.10 27 14.07.05, 16:25
• Indicações de leitura • Conteúdo programático
CORRÊA, Roberto Lobato. Trajetórias geográficas.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. Capítulo 16
DEÁK, Csaba e SCHIFFER, Sueli Ramos (Org.). O
processo de urbanização no Brasil. São Paulo:
Estrutura regional
Edusp, 1999. brasileira
EVANS, Peter. A tríplice aliança. Rio de Janeiro:
Divisões regionais do Brasil; A globalização e as
Zahar, 1982.
desigualdades regionais; A industrialização con-
SANTOS, Regina B. dos. Migrações no Brasil. São
centrada; A industrialização descentralizada.
Paulo: Scipione, 1994.
SILVA, José Graziano da. A modernização doloro- A regionalização oficial do território brasileiro,
sa. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
elaborada em diferentes versões pelo IBGE, foi conce-
SILVA, Sérgio. Expansão cafeeira e origens da in- bida para servir de base aos levantamentos estatísticos
dústria no Brasil. São Paulo: Alfa-Ômega, que subsidiam as políticas públicas e de planejamento
1981. econômico, além de apresentar finalidade didática.
VEIGA, José Eli. A face rural do desenvolvimento. Considerando sobretudo os padrões de produtividade
Porto Alegre: Editora da Universidade/UFRGS, da economia, as densidades demográficas e as paisa-
28
01_Iniciais Geo constr mundo.10 28 14.07.05, 16:25
Capítulo 17 o Nordeste. Agora, trata-se principalmente de integrar a
região aos fluxos de investimentos globalizados e ao mer-
Nordeste, nordestes cado mundial. Esta é a lógica que norteia a nova política de
Os “nordestes”; O Nordeste e o Planejamento Re- incentivos, voltada sobretudo para a agricultura empresari-
gional; O Nordeste da Sudene; O Nordeste e a glo- al de frutas no semi-árido, para o turismo e para as grandes
balização. obras de infra-estrutura. A transposição do rio São Francis-
co se insere nesta lógica, na medida em que cria novos pó-
Este capítulo está organizado em torno de quatro
los de agronegócio na região. No tocante ao setor industri-
grandes eixos temáticos, organizados de forma a escla-
al, destaca-se o crescimento do setor de bens de consumo
recer o significado das diferentes políticas regionais vol-
não-duráveis, ou seja, das indústrias de trabalho intensivo.
tadas para o Nordeste brasileiro.
Os conglomerados do setor são atraídos por diversas mo-
No primeiro deles, investiga-se os “nordestes” pro- dalidades de incentivos federais e estaduais e também pelo
duzidos pela economia agroexportadora. O “Nordeste baixo custo da mão-de-obra local, que lhes confere
açucareiro”, dos grandes latifúndios da Zona da Mata, competitividade internacional.
foi o primeiro a se configurar, ainda nos primórdios da
colonização. O “Nordeste algodoeiro-pecuarista” emer-
Capítulo 18
giu no Sertão, durante a vigência do Império. O “Nor-
deste cacaueiro”, por sua vez, estruturou-se no sudeste A Amazônia e o
da Bahia, nas primeiras décadas do século. planejamento regional
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ao longo da história republicana, as elites latifundi- A conquista da fronteira amazônica; Amazônia Ori-
árias presentes em cada um desses “nordestes” prota- ental; Amazônia Ocidental; Planejamento e desen-
gonizaram uma disputa calorosa pelo controle político volvimento sustentável; O Estado na fronteira.
estadual e pela captura dos recursos federais. Os “coro-
néis do sertão” defendiam a atuação governamental no A Amazônia Legal, região de planejamento, foi cria-
combate aos impactos da seca; os “barões do açúcar” da junto com a Sudam, em 1966, nos primeiros anos do
lutavam para manter a competividade de suas lavouras regime militar. Concebida como um espaço de fronteira
ante os concorrentes do Centro-Sul. política, demográfica e econômica, a região foi objeto
O segundo eixo deste capítulo aborda as políticas de políticas territoriais marcadas pelo signo da conquis-
públicas resultantes desta disputa. A chamada “política ta. No plano político, a conquista da Amazônia envolvia
hidráulica”, esboçada ainda durante o Império, oficiali- a construção de bases para o exercício da soberania na-
zada na primeira década do século XX e consolidada no cional nas faixas de fronteira; no plano demográfico, o
governo Getúlio Vargas, representou uma vitória das oli- povoamento com base nos excedentes populacionais
garquias sertanejas. Por meio dela, um conjunto de obras gerados no Nordeste e no Centro-Sul; no plano econô-
patrocinadas pelo governo federal no semi-árido – tais mico, a atração de grandes investimentos em projetos
como açudes, barragens, poços e estradas de rodagem – agropecuários, minerais e industriais.
funcionava como meio de valorização das propriedades O conjunto de políticas voltadas para a conquista
dos coronéis. Os barões do açúcar, por sua vez, encon- da Amazônia deixou um rastro de violência e degrada-
tram amparo no Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), ção ambiental, muitas vezes sobrepostos. Os conflitos
criado em 1926. Estabelecendo um mecanismo de cotas fundiários envolvendo índios, grileiros e migrantes re-
de produção e implementando um sistema de preços cém-chegados configuraram um “arco da violência” nas
únicos, o IAA, na prática, oferecia subsídios públicos às franjas orientais e meridionais da Amazônia, enquanto
elites do Nordeste açucareiro. os grandes projetos criavam um “arco de devastação”
O terceiro eixo temático do capítulo enfoca a cons- nas áreas em que foram implementados.
tituição do Nordeste como região geoeconômica perifé- Também como resultado do empreendimento de con-
rica, resultante do processo de industrialização coman- quista, orientado pelos principais vetores de transporte, a
dado pelo Sudeste e da integração nacional. Nesse região Amazônica foi bipartida. Na Amazônia Oriental,
contexto, e sob a ótica do desenvolvimentismo, as polí- estruturada pelo eixo da Belém-Brasília e da E. F. Carajás, a
ticas públicas voltadas para a região passaram a enfatizar devastação é sobretudo resultado dos grandes projetos de
sobretudo a implementação de pólos de desenvolvimen- exploração mineral, transformados em verdadeiros enclaves
to industrial, dinamizados por capitais oriundos do Cen- na floresta e indutores de um processo de urbanização caó-
tro-Sul, como forma de minimizar os desequilíbrios regi- tico e desordenado em seu entorno. A Amazônia Ociden-
onais existentes no Brasil. tal, estruturada pelo segmento sul da Cuiabá-Santarém e
Finalmente, o quarto e último eixo temático analisa o da Brasília-Acre, foi o principal eixo de expansão da frontei-
impacto da abertura econômica e da chamada globalização ra agrícola, além de abrigar um enclave industrial idealiza-
sobre as estratégias de planejamento regional voltadas para do pelo governo militar: a Zona Franca de Manaus.
29
01_Iniciais Geo constr mundo.10 29 14.07.05, 16:25
A política de desenvolvimento regional dos milita- por pesquisadores do IPEA, que estabeleceram uma linha
res valorizou sobretudo a acumulação de capital por nacional de pobreza cruzando dados referentes à renda
grandes empresas por meio do uso predatório dos recur- per capita familiar e ao preço de bens de consumo consi-
sos naturais. O desmatamento de imensos trechos da flo- derados essenciais. Os resultados obtidos em 2002 reve-
resta e a miséria urbana foram seus resultados mais sig- lam que mais de 30% dos brasileiros vivem em famílias
nificativos. Os novos projetos de obras viárias, em cuja renda não é suficiente para garantir suas necessida-
especial a pavimentação da BR-319 (Porto Velho- des básicas em termos de habitação, alimentação, vestuá-
Manaus) e da BR-163 (Cuiabá-Santarém), assim como o rio e transporte. Revelam ainda que a pobreza tem um
avanço da agropecuária moderna sobre áreas florestadas forte componente regional, e que sua incidência relativa é
parecem estar anunciando um novo ciclo de devastação maior entre as populações rurais do que entre as popula-
ambiental, de proporções ainda maiores. A reversão des- ções urbanas. Nas cidades, a pobreza alimenta um merca-
se quadro depende da adoção de políticas territoriais do imobiliário informal constituído por loteamentos clan-
voltadas para o desenvolvimento sustentável e funda- destinos, cortiços e favelas; muitos dos quais situados em
mentadas em um minucioso zoneamento econômico e áreas de risco ambiental e epidemiológico.
ecológico da região. A disseminação do trabalho infantil é uma das con-
Em contrapartida, a preocupação com o exercício seqüências da situação de pobreza na qual vivem milha-
da soberania efetiva sobre a extensa faixa de fronteiras res de famílias brasileiras. Embora a porcentagem de cri-
amazônicas sobreviveu ao regime militar. O Projeto Ca- anças trabalhadoras esteja recuando no Brasil, as
lha Norte, implantado em 1985, foi concebido para fa- estatísticas mostram que esse ainda é um problema soci-
30
01_Iniciais Geo constr mundo.10 30 14.07.05, 16:25
salariados. Os produtores diretos formam uma categoria padrões de consumo acima das possibilidades ecológicas
social heterogênea composta por proprietários familia- em certas regiões do planeta, assim como a dissemina-
res, parceiros, rendeiros e posseiros. Enquanto os estra- ção da pobreza em outras, são fatores de risco para o
tos superiores praticam uma agricultura empresarial, ambiente global. Vale a pena investigar os significados
marcada pelo uso de tecnologias sofisticadas, os estratos desse conceito, com o auxílio do professor de Biologia.
inferiores dedicam-se principalmente à produção de sub- Além disso, os alunos poderiam ser orientados no senti-
sistência, e constituem-se como fonte de mão-de-obra do de realizar uma pesquisa sobre as atividades econô-
sazonal para a agricultura patronal. A força de trabalho micas implantadas na Amazônia que atendam aos requi-
engajada na agricultura patronal, por sua vez, é consti- sitos da sustentabilidade ambiental.
tuída pelos assalariados permanentes e pelos assalaria-
dos temporários. A oferta de empregos sazonais, porém,
encontra-se em declínio, já que um número cada vez • Biblioteca do professor
maior de empresas rurais está mecanizando a colheita. Bertha Becker, uma das maiores expoentes do pen-
No Brasil a agricultura familiar sempre foi preterida samento geográfico brasileiro, dedica grande parte de
em favor da agricultura patronal. Essa é uma das causas sua vasta produção teórica à reflexão sobre a Amazônia
da disseminação da pobreza no campo brasileiro e da brasileira. No trecho reproduzido abaixo, o enfoque re-
trágica situação econômica e social na qual se encontra cai sobre as perspectivas da região diante do processo
a maior parte dos pequenos produtores. O último eixo contemporâneo de mercantilização na natureza.
do capítulo apresenta um panorama da história da luta
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pela terra no Brasil, destacando a importância política do Globalização e Amazônia como fronteira
MST na história recente do país, e apresenta o sentido do capital natural
econômico, social e ambiental da noção moderna de re-
forma agrária voltada para a consolidação da agricultura “Até recentemente, dominava no projeto internacio-
familiar. nal a percepção da Amazônia como uma imensa uni-
dade de conservação a ser preservada, tendo em
vista a sobrevivência do planeta, devido aos efeitos
• O enfoque interdisciplinar do desmatamento sobre o clima e a biodiversidade.
As crianças trabalhadoras A base dessa percepção teve como origem, em gran-
de parte, a tecnologia dos satélites, que permitiu
A exploração do trabalho infantil é objeto de inten- pela primeira vez uma visão de conjunto da superfí-
sos debates internacionais, tanto no âmbito da Organi- cie da Terra e da sua unidade trazendo o sentimento
zação Internacional do Trabalho (OIT) quando no da da responsabilidade comum, assim como a percep-
Organização Mundial do Comércio (OMC). No Brasil, o ção do esgotamento da natureza, que se tornou um
tema tem sido objeto de diversas campanhas de esclare- recurso escasso.
cimento, patrocinadas tanto pelo governo federal como A natureza foi então reavaliada e revalorizada a par-
por ONGs. Além disso, o governo federal busca comba- tir de duas lógicas muito diferentes, mas que con-
ter o trabalho infantil por meio do Programa Bolsa-esco- vergem para o mesmo projeto de preservação da
la. Com o auxílio dos professores de Comunicação e Ex- Amazônia. A primeira lógica é a civilizatória ou cul-
pressão, os alunos podem organizar um painel com tural, que possui uma preocupação legítima com a
depoimentos de crianças trabalhadoras e produzir um natureza pela questão da vida, o que dá origem aos
relatório relacionando o teor dos depoimentos com os movimentos ambientalistas. A outra lógica é a da
mecanismos de exclusão social abordados no capítulo. acumulação, que vê a natureza como recurso escas-
O professor de Sociologia, por sua vez, pode contribuir so e como reserva de valor para a realização de ca-
para um debate sobre as virtudes e defeitos nos progra- pital futuro, fundamentalmente no que tange ao uso
mas federais de combate ao trabalho infantil. da biodiversidade condicionada ao avanço da
tecnologia. Outro recurso de que pouco se fala, mas
O desenvolvimento sustentável que já é fundamental, é a água como fonte de vida e
de energia em razão dos isótopos de hidrogênio,
O conceito de desenvolvimento sustentável se tor-
questão teórica ainda não solucionada, mas que vem
nou amplamente conhecido por meio do relatório pro-
sendo pesquisada em muitos países, especialmente
duzido pela Comissão Mundial de Meio Ambiente e De-
na Alemanha e nos EUA.
senvolvimento, instituída pela ONU. Publicado em 1987,
o Relatório Brundtland (como ficaria mundialmente co- Torna-se patente que, se há uma valorização da na-
nhecido) aborda de maneira integrada as questões tureza e da Amazônia, há também a relativização
ambientais, demográficas e sociais. De acordo com ele, do poder da virtualidade dos fluxos e redes do
o uso intensivo de recursos naturais e a manutenção de mundo contemporâneo, com a globalização, que
31
01_Iniciais Geo constr mundo.10 31 14.07.05, 16:25
acaba com as fronteiras e com os Estados. Na ver- projetos que não conhecemos, visto que uns são ofi-
dade, os fluxos e redes não eliminam o valor estra- ciais e outros não. Há restrições a colocar nesse sen-
tégico da riqueza localizada, in situ; eles susten- tido porque a terra e a floresta são bens públicos, e
tam a riqueza circulante do sistema financeiro, da a venda de floresta significa venda de território e
informação, mas a riqueza localizada no território não é correta do ponto de vista do país. [...]
também tem seu papel e seu valor. Polanyi mostra que há uma necessidade de organiza-
Isso, conseqüentemente, trouxe uma disputa das po- ção da sociedade para impedir o livre jogo das forças
tências pelos estoques das riquezas naturais, uma de mercado em relação aos elementos vitais para o
vez que a distribuição geográfica de tecnologia e de homem. Para tanto, foram criados sindicatos para pro-
recursos está distribuída de maneira desigual. En- teger o mercado do trabalho e organizadas associa-
quanto as tecnologias avançadas são desenvolvidas ções para regular o mercado da terra e o papel do
nos centros de poder, as reservas naturais estão lo- estado tornou-se fundamental. Que vamos fazer no
calizadas nos países periféricos, ou em áreas não Brasil, e qual deve hoje ser nossa reação? Temos to-
regulamentadas juridicamente. Esta é, pois, a base dos esses trunfos – florestas, biodiversidade, água;
da disputa. como a sociedade e o governo brasileiro devem se
Há três grandes eldorados naturais no mundo con- comportar em relação ao seu uso? Hoje, o movimento
temporâneo: a Antártida, que é um espaço dividido de mercantilização é irreversível e temos de saber
entre as grandes potências; os fundos marinhos, como lidar com ele. Parece-me que caberia ao gover-
riquíssimos em minerais e vegetais, que são espaços no e à sociedade lutar pela regulação desses merca-
32
01_Iniciais Geo constr mundo.10 32 14.07.05, 16:25
Parte 3
Geografia e geopolítica
da globalização
Esta Parte 3 aborda o espaço mundial contemporâ- uma “segunda globalização”, cujas raízes encontram-se
neo e sua perspectiva é fornecida pela escala geográfica no fim da Guerra Fria, na implosão da União Soviética e
do mundo. As demais escalas, tratadas com freqüência, na abertura econômica da China.
funcionam como instrumentos auxiliares no desvenda- Sob a perspectiva da Geografia, a globalização con-
mento da trama do espaço mundial. temporânea não pode ser dissociada da revolução
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O ensino de Geografia, tributário em alguma medida tecnocientífica e informacional. O ciclo de inovações des-
da tradição dos estudos regionais da “escola francesa”, sa revolução, que se desenvolve desde os anos 1970,
acostumou-se a abordar o espaço mundial como uma reorganiza extensa e profundamente o espaço mundial.
somatória de espaços nacionais. Por muito tempo – e essa Essa reorganização – desigual, traumática e perversa – é
prática ainda subsiste aqui e ali – ensinou-se uma “Geo- o objeto de análise desta Parte da obra.
grafia regional do mundo” por meio da descrição de ca-
racterísticas físicas, humanas e econômicas das unidades
políticas nacionais. Essa tradição degradou-se a ponto de
transformar os cursos em pouco mais que a apresentação UNIDADE 6
de sínteses de almanaque das “características geográfi-
cas” de cada país. No fundo, a abordagem tradicional se-
quer reconhece a escala geográfica do mundo, obscure-
O espaço da globalização
cendo a teia de relações econômicas, políticas e culturais Manuel Castells sintetizou a configuração da “eco-
que se estabelecem no espaço mundial. nomia global regionalizada” que emergiu nas duas últi-
O título dessa Parte merece um comentário. O ter- mas décadas:
mo “globalização” é um foco de polêmicas teóricas e
políticas. No terreno teórico, argumenta-se que a
“A economia global apresenta diversificações internas
globalização, se entendida como processo de configura-
representadas por três regiões principais e suas áreas
ção de uma economia mundial integrada, tem suas raízes
de influência: América do Norte [...], União Européia [...]
nas Grandes Navegações. E, de fato, o capitalismo co-
e a região do Pacífico asiático [...]. Em torno desse triân-
mercial do século XVI já estruturava uma nítida divisão
gulo de riqueza, poder e tecnologia, o resto do mundo
internacional do trabalho e diversas especializações pro-
organiza-se em uma rede hierárquica e assimetricamen-
dutivas regionais. Numa linha semelhante, argumenta-
te interdependente, conforme países e regiões diferen-
se que os dois ciclos da Revolução Industrial do século
tes competem para atrair capital, profissionais especiali-
XIX geraram ondas de investimentos internacionais que
zados e tecnologias para suas praias [...].
integraram em profundidade a economia mundial.
De certa forma, a maior parte do século XX pode O conceito de uma economia global regionalizada não
ser interpretada como uma longa reversão do processo representa nenhuma contradição de termos. Há, de
de globalização das décadas anteriores. A Primeira Guer- fato, uma economia global porque os agentes econô-
ra Mundial (1914-1918), a Revolução Russa (1917), a micos operam em uma rede global de interação que
Grande Depressão (1929 – década de 1930), a Segunda transcende as fronteiras nacionais e geográficas. Mas
Guerra Mundial (1939-1945), a Revolução Chinesa essa economia é diferenciada pelas políticas, e os
(1949) e a formação do bloco soviético da Guerra Fria governos nacionais desempenham um papel muito
interromperam ou mesmo reverteram as tendências an- importante nos processos econômicos.”
teriores. Sob uma perspectiva histórica, o que se deno- CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede.
mina hoje “globalização” poderia ser interpretado como São Paulo: Paz e Terra, 1999. p. 117-119.
33
01_Iniciais Geo constr mundo.10 33 14.07.05, 16:25
É preciso destacar os elementos dessa análise, que dos quartéis-generais das corporações transnacionais
ocupam lugares estratégicos na abordagem geográfica ajuda a esclarecer a topologia do espaço mundial.
do espaço mundial da globalização:
1. Um tripé de “riqueza, poder e tecnologia”, consti- Capítulo 22
tuído pela América do Norte, União Européia e Ba- Os Estados Unidos
cia do Pacífico, estrutura o espaço mundial;
e o “Hemisfério Americano”
2. A economia global opera em rede, uma rede “hie-
Formação territorial dos Estados Unidos; O caldei-
rárquica e assimetricamente interdependente” que
rão dos povos; A dinâmica regional; O Nafta e a
abrange o conjunto das regiões e países;
Alca.
3. As diferenciações na economia global decorrem, em
medida significativa, dos papéis desempenhados O Capítulo 22 está consagrado ao estudo dos Esta-
pelos governos. dos Unidos e das suas esferas de influência econômica
mais imediatas.
A Unidade 6 dedica-se a caracterizar, de modo geral, A seção inicial tem por finalidade investigar a dinâ-
a configuração desse espaço mundial. Os fluxos mica expansionista do século XIX, amparada na Doutrina
mundializados – de mercadorias, capitais, pessoas e infor- Monroe e no Destino Manifesto, e o contraste entre as
mações –, que dinamizam o processo de globalização, ge- formações socioespaciais do Norte e do Sul. O ponto de
ram redes hierárquicas e interdependentes. Na base desses chegada é a Guerra Civil e a integração econômica e polí-
fluxos encontra-se o meio tecnocientífico e informacional,
34
01_Iniciais Geo constr mundo.10 34 14.07.05, 16:25
Capítulo 23 Guerra Fria experimentou notável reconstrução econômica
e redefiniu seu lugar na divisão internacional do trabalho.
União Européia e CEI O novo lugar ocupado pelo país foi determinado, durante
A integração européia; Núcleo e periferias da décadas, pela parceria estratégica e pelo intercâmbio eco-
União Européia; A Rússia e a CEI. nômico com os Estados Unidos.
O capítulo prossegue na investigação sobre a etapa A emergência dos Novos Países Industrializados (NPIs,
atual do processo de constituição de uma economia ou “Tigres Asiáticos”) refletiu as mudanças profundas na
mundial, marcada pelas tendências aparentemente con- divisão internacional do trabalho provocadas pela revolu-
traditórias de globalização e regionalização. ção tecnocientífica e informacional. O Japão redefiniu mais
uma vez seu lugar na economia global, tornando-se impor-
Criando vastos “mercados interiores” e reforçando
tante fonte de investimentos no exterior. Os NPIs iniciaram
o poder econômico das grandes corporações que atuam
sua trajetória de crescimento com base nos investimentos
no mercado global, os blocos econômicos supranacionais
japoneses e no mercado consumidor norte-americano. De
funcionam como pilares da globalização. O processo de
certo modo, a nova grande região industrial surgiu como
regionalização se manifesta contemporaneamente de di-
extensão dos pólos da microeletrônica e da informática ja-
versas formas. Na Europa, ele resulta de uma longa his-
poneses e norte-americanos.
tória de aproximações e acordos diplomáticos, cujas ori-
gens remontam ao período da Guerra Fria. A emergência econômica da China assinala uma
etapa posterior nesse processo e deflagra novos
Atualmente, a União Européia vive um novo ciclo
rearranjos na divisão internacional do trabalho. A segun-
de alargamento, que empurra os limites do bloco
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
35
01_Iniciais Geo constr mundo.10 35 14.07.05, 16:25
Um trabalho conjunto com o professor de História Coréia do Sul e Taiwan se caracterizam pela homoge-
pode estabelecer algumas semelhanças e diferenças entre: neidade étnica, a Malásia acolheu imigrantes india-
❚ as “cidades-Estado” do passado e as cidades nos e chineses no século XIX. As diferenças culturais
mundiais do presente; são consideráveis: a esfera de povoamento chinês
está longe do mundo muçulmano da Malásia e da
❚ as companhias de comércio holandesas e as atu-
sociedade budista tailandesa [...].
ais corporações transnacionais.
Correndo o risco da simplificação, podem-se distin-
guir os Novos Países Industrializados, ou NPIs (Coréia
• Biblioteca do professor do Sul, Taiwan, Hong Kong e Cingapura), que com-
partilham o fundo cultural chinês, da segunda onda
A configuração de uma macrorregião integrada por composta pela China e os países da Ásia de Sudeste
investimentos industriais e fluxos de comércio na Bacia (Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã).
do Pacífico foi um dos fenômenos marcantes das últimas
décadas. A configuração do espaço mundial alterou-se Mesmo desprovidos de recursos naturais, os NPIs zar-
em profundidade e as repercussões do crescimento eco- param na frente. As análises elaboradas por Arnold
nômico da China e dos NPIs (os “Tigres Asiáticos”) con- Toynbee para compreender a história das civilizações
tinuam a se fazer sentir, modificando globalmente as di- encontram uma aplicação imprevista nesses países
reções dos investimentos financeiros e dos intercâmbios onde o desenvolvimento consistiu em ultrapassar de-
de bens e serviços. safios: o do Japão – antiga metrópole colonial – e da
concorrência próxima do comunismo, para a Coréia
36
01_Iniciais Geo constr mundo.10 36 14.07.05, 16:25
O movimento de integração que acompanha a emer- Bandung, de 1955. A escola de geógrafos franceses da
gência da Ásia testemunha um fenômeno de regiona- “Geografia Ativa” abordou o subdesenvolvimento em di-
lização. Nem o fax, nem as teleconferências permiti- versos estudos, que conduziram a listagens de caracterís-
ram eliminar as restrições da geografia, e a maior ticas dos “países subdesenvolvidos”. Aquelas característi-
parte dos países realizam o essencial das suas trocas cas esvaziaram-se de significado nas últimas décadas, em
com os seus vizinhos: a França com a Alemanha, os virtude da difusão da indústria por diversos países subde-
Estados Unidos com o Canadá. Esse não era o caso senvolvidos e da aceleração da urbanização na América
da Ásia. Embora baste uma jornada de navio para ir Latina, Ásia oriental e, em grau menor, também na Ásia
da península coreana ao litoral chinês ou para atra- meridional e na África Subsaariana.
vessar o estreito de Taiwan, nem a Coréia do Sul, Há sentido utilizar o par conceitual desenvolvimen-
nem Taiwan realizavam comércio com a China. to/subdesenvolvimento na “era da globalização”? Essa
Tudo mudou depois de 1989. Em 1995, a China foi o indagação continua submetida a interessantes debates e
terceiro parceiro comercial da Coréia do Sul, e Taiwan polêmicas apaixonadas. A obra que apresentamos utiliza
realiza 10% das suas trocas com o continente chinês. esse par conceitual, redefinindo-o de acordo com suges-
A isso, deve-se acrescentar os fluxos ligados às tões de diferentes autores.
relocalizações da Ásia oriental na direção da Ásia de O espaço mundial estruturado pelo tripé “riqueza,
sudeste.” poder e tecnologia” e organizado em “uma rede hierár-
CHAPONNIÈRE, Jean-Raphael. L’émergence des économies quica e assimetricamente interdependente” está atraves-
asiatiques: une croissance contagieuse. In: L’État sado por uma fronteira socioeconômica de fundo. Essa
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
du Monde 1996. Paris: La Découverte, 1995. p. 132-135. fronteira que separa o “Norte” do “Sul” define-se pelo
Traduzido pelos autores. controle sobre os grandes estoques de capital e pelo con-
trole das tecnologias da revolução tecnocientífica e
informacional. Yves Lacoste sugere que a fronteira socio-
• Indicações de leitura econômica também expressa as desigualdades no ritmo
BEAUD, Michel. História do capitalismo. São Pau- do processo de transição demográfica.
lo: Brasiliense, 1987. “Norte” e “Sul” representam, na escala mundial,
BENKO, Georges. Economia, espaço e globaliza- conjuntos de países que desempenham funções de centro
ção. São Paulo: Hucitec, 1996. e periferia na economia global. Mas “Norte” e “Sul” ex-
pressam, em outras escalas, o contraste entre regiões e
MAGNOLI, Demétrio. Globalização: Estado nacio-
lugares inscritos nos circuitos da globalização, de um lado,
nal e espaço mundial. São Paulo: Moderna,
e regiões e lugares excluídos desses circuitos, de outro.
2004.
——. União Européia: história e geopolítica. São
Paulo: Moderna, 2004. • Conteúdo programático
—— e ARAUJO, Regina. O projeto da Alca: He-
misfério Americano e Mercosul na ótica do Bra- Capítulo 25
sil. São Paulo: Moderna, 2003.
Periferias da globalização
ROCHEFORT, Michel. Rede e sistemas. São Pau-
lo: Hucitec, 1998. As fronteiras da produtividade; As fronteiras da po-
breza; Ásia meridional; África Subsaariana.
SASSEN, Saskia. As cidades na economia mundial.
São Paulo: Studio Nobel, 1998. A problemática do desenvolvimento e do subdesen-
WALLERSTEIN, Immanuel. O capitalismo históri- volvimento constitui o eixo central do capítulo. A abor-
co. São Paulo: Brasiliense, 1985. dagem proposta elabora o conceito de produtividade
econômica e, com base nele, discute o processo de trans-
ferências setoriais da força de trabalho associadas à evo-
lução tecnológica. A finalidade é desvendar os significa-
UNIDADE 7 dos históricos e geográficos das transferências de força
de trabalho do setor agrícola para os setores econômicos
urbanos e relacionar essas transferências ao conceito de
A fronteira Norte-Sul desenvolvimento.
O par conceitual desenvolvimento/subdesenvolvi- Mas o conceito de desenvolvimento experimentou,
mento consolidou-se durante o processo de descoloniza- ele próprio, um desenvolvimento. Atualmente, esse con-
ção do pós-guerra. Sua expressão geopolítica foi a noção ceito deve ser referenciado na revolução tecnocientífica e
de Terceiro Mundo, propagada a partir da Conferência de na configuração do meio tecnocientífico-informacional. O
37
01_Iniciais Geo constr mundo.10 37 14.07.05, 16:25
desenvolvimento significa, cada vez mais, controle sobre as mesmo tempo, revela a teia de relações que conecta a
tecnologias de ponta, o que representa aumento da produ- demografia humana à economia, às tecnologias e ao es-
tividade geral da economia e, o que é de importância sin- paço geográfico.
gular na Geografia, aumento da “produtividade espacial”. O ritmo e a intensidade do crescimento demográfico
O mapa dos investimentos em Pesquisa & Desen- das populações variam no tempo e no espaço. De acordo
volvimento que conclui a primeira seção do capítulo ofe- com as proposições malthusianas, tanto o comportamen-
rece a oportunidade de apreensão de uma dimensão to reprodutivo das sociedades humanas quanto o padrão
fundamental do espaço mundial contemporâneo. Ele re- geral de mortalidade nelas vigente seriam determinados
vela os contornos do “Norte” e do “Sul” e, também, por mecanismos naturais de regulação. Nessa perspecti-
permite apreciar aspectos importantes das desigualda- va, a natureza se encarregaria de “eliminar” o excedente
des entre os países do “Sul”. por meio de epidemias e crises generalizadas de fome que
As seções seguintes do capítulo estão destinadas à teriam a mesma função reguladora que a dos predadores
análise da difusão da pobreza no espaço mundial. O Índi- entre os animais.
ce de Desenvolvimento Humano (IDH) é certamente o O conceito de transição demográfica proporciona
mais completo indicador das condições de vida das popu- uma narrativa isenta de naturalismo. A transição demo-
lações em todo o mundo: daí seu destaque no capítulo. gráfica se refere à transição entre duas situações padrão
Se é verdade que a pobreza está presente também de crescimento demográfico. No período pré-transicio-
em países de IDH elevado, como revela o Índice de Po- nal, um regime demográfico tradicional se define por al-
breza Humana (IPH), é verdade também que ela não se tas taxas de natalidade e de mortalidade. O período pós-
38
01_Iniciais Geo constr mundo.10 38 14.07.05, 16:25
evidencia-se a relação entre estrutura de idades e de- urbana. Atualmente, a maior parte das megacidades está
mandas sociais, o que coloca em pauta a discussão das localizada no mundo subdesenvolvido. Todas elas sofrem
políticas públicas de educação, saúde e previdência. de grandes problemas de infra-estrutura, principalmente
aqueles relacionados ao saneamento básico e à moradia.
Capítulo 27 Mas é claro que esses problemas são tão mais intensos
quanto menor for a capacidade de investimento do po-
Urbanização e meio ambiente
der público e, portanto, quanto mais pobre for o país no
O processo de urbanização; Metrópoles e megaló- qual ela se situa.
poles; O fenômeno das megacidades; O meio am-
Nas grandes cidades, o predomínio das formas arti-
biente urbano.
ficiais atesta de maneira inequívoca o recuo do meio na-
O processo acelerado de urbanização da população tural e suas conseqüências, em termos de impactos
mundial, o espaço das grandes aglomerações urbanas e ambientais. Os resíduos lançados nos rios, solos e atmos-
suas dinâmicas ambientais constituem os eixos temáticos fera são os principais responsáveis pelos problemas
deste capítulo. A Revolução Industrial pode ser vista ambientais tipicamente urbanos. No ambiente das gran-
como o marco inicial desse processo, já que com ela des cidades, configura-se um microclima urbano forte-
emergiu a divisão social do trabalho que caracteriza as mente alterado e potencialmente danoso para a saúde
sociedades modernas. humana. A poluição atmosférica deriva da emissão de
No conjunto dos países desenvolvidos, a segunda gases e de material particulado, que também produzem
metade do século XIX correspondeu a um período de os nevoeiros constantes e contribuem para a ocorrência
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
grande urbanização. De um lado, a introdução de no- de chuvas ácidas. O uso intensivo de combustíveis fós-
vas tecnologias no campo gerou intensa migração em seis e a densidade das construções produzem o fenôme-
direção às cidades, alimentando o mercado de traba- no conhecido como ilha de calor, perceptível principal-
lho industrial em expansão. De outro, os grandes cen- mente nas áreas centrais. Por meio do metabolismo
tros urbanos e mesmo os núcleos modestos se trans- urbano, a energia e a matéria consumidas e processadas
formaram em metrópoles, imensas superfícies pelas cidades geram quantidades colossais de resíduos
urbano-industriais que nasceram em função da ten- sólidos e líquidos.
dência à concentração geográfica da produção, típica
do capitalismo industrial. Mais tarde, seria a vez das
megalópoles, grandes regiões urbanizadas polarizadas • O enfoque interdisciplinar
por duas ou mais metrópoles. Subnutrição, desnutrição e fome
Nos países desenvolvidos, a urbanização pratica-
A incidência da fome é um dos indicadores mais
mente já se completou e a população da maioria das
contundentes da pobreza e das precárias condições de
metrópoles parou de crescer ou cresce muito lentamen-
vida das populações. Uma pesquisa interdisciplinar en-
te. Mas, no conjunto dos países subdesenvolvidos, o pro-
volvendo o professor de Biologia pode revelar outras di-
cesso de urbanização deslanchou após a Segunda Guer-
mensões desse problema.
ra Mundial, sob o efeito da modernização econômica e
do êxodo rural provocado pela dissolução da economia Os alunos poderão investigar, por exemplo, quais são
rural auto-suficiente. os patamares diários mínimos de ingestão de calorias, re-
comendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
As diferenças no processo de urbanização dos paí-
e em que eles se baseiam. Além disso, poderão buscar
ses desenvolvidos e dos subdesenvolvidos devem ser
informações acerca do significado clínico da subnutrição e
abordadas sob o ponto de vista estrutural, isto é, quali-
da desnutrição, e sobre seus efeitos no organismo.
tativo. No caso dos países subdesenvolvidos – mesmo
naqueles que conheceram significativa industrialização –
a oferta de empregos no setor secundário é relativamen-
te escassa. O resultado é a expansão do pequeno co-
• Biblioteca do professor
mércio, dos serviços de baixa qualificação e das mais va- O geógrafo Yves Lacoste participou – ao lado de
riadas formas de exclusão social. Pierre George, Raymond Guglielmo e Bernard Kayser –
Além disso, na Europa pré-industrial, já havia uma da obra coletiva A Geografia Ativa que, na década de
densa rede de cidades antes da arrancada da urbaniza- 1960, anunciou um movimento de renovação crítica do
ção: a metropolização apenas tornou mais complexa pensamento geográfico. Na época, ele formulou, sob a
uma hierarquia urbana preexistente. Em muitos países perspectiva da Geografia, os conceitos de subdesenvol-
subdesenvolvidos, ao contrário, quase todo o êxodo ru- vimento e Terceiro Mundo.
ral está direcionado para uns poucos centros urbanos, Os dois conceitos acompanharam toda sua reflexão
gerando o fenômeno conhecido como macrocefalia posterior. A industrialização parcial e desigual dos países
39
01_Iniciais Geo constr mundo.10 39 14.07.05, 16:25
subdesenvolvidos obrigou-o a rever as idéias originais, […] As populações não confundem, de modo algum,
adaptando-as às transformações do espaço mundial. a subalimentação ou a má nutrição de que sofrem
Depois, enfrentando os críticos que se voltavam contra a permanentemente, ou durante longos períodos, com
noção de uma bipartição do mundo em países desenvol- a fome, que elas temem como uma catástrofe e que,
vidos e subdesenvolvidos, Lacoste mais uma vez defen- muitas vezes, provoca movimentos de êxodo ou de
deu a validade do par conceitual. pânico. Fome é gente morrendo em grande número
O texto a seguir, extraído da obra na qual contesta ao longo das estradas, e os que ainda não morre-
os críticos, reflete sobre as relações entre subdesenvolvi- ram sem forças sequer para enterrá-los.
mento, crescimento demográfico e fome. […] Durante os últimos decênios, o desenvolvimento
das contradições econômicas, sociais, políticas e cul-
A explosão demográfica contradiz a tese turais que caracterizam os países do Terceiro Mun-
da fome planetária do, e o fato de que, por diversas razões, as popula-
ções tomam cada vez mais consciência da sua misé-
“[…] É incontestável que a fome, no sentido exato ria — tudo isso conduziu os governos a temer o
do termo, afeta periodicamente uma parte da po- desencadeamento da fome. Esta pode provocar tu-
pulação de Estados como a Etiópia, o Sudão, os da multos, rebeliões difíceis de dominar. Os progressos
zona do Sahel, Moçambique e, sem dúvida, tam- da climatologia permitem agora prever com antece-
bém o Haiti e Bangladesh, que no total formam […] dência os efeitos de certas irregularidades climáti-
menos de 10% da população do Terceiro Mundo — cas. A ampliação da rede rodoviária, a multiplicação
40
01_Iniciais Geo constr mundo.10 40 14.07.05, 16:25
LACOSTE, Yves. Contra os antiterceiro-mundistas No registro do imaginário, a fronteira distingue
e contra certos terceiro-mundistas. São Paulo: uma comunidade do Outro, isto é, do estrangeiro. Essa
Ática, 1991. distinção realiza-se por meio de uma narrativa sobre a
MARTINE, George (Org.). População, meio am- singularidade da comunidade política: a língua e a cul-
biente e desenvolvimento. Campinas: tura compartilhadas, um passado comum, a crença num
Unicamp, 1996. futuro de unidade.
ROLNIK, Raquel. O que é cidade. São Paulo: A Unidade 8 dirige as atenções para a construção
Brasiliense, 1995. dos conceitos de Estado, nação, território e fronteira. O
temário abrange temas fundamentais da geografia polí-
VERRIERRE, Jacques. As políticas de população.
tica contemporânea, mas sua finalidade não é, primaria-
São Paulo: Difel, 1980.
mente, oferecer informações ou explicações para o sis-
tema internacional pós-Guerra Fria, os conflitos no
Oriente Médio ou os dilemas políticos africanos. É de-
senvolver o quadro de conceitos que proporciona a lei-
UNIDADE 8 tura competente do noticiário político e, portanto, o ple-
no exercício da cidadania.
Geopolíticas
da globalização • Conteúdo programático
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
41
01_Iniciais Geo constr mundo.10 41 14.07.05, 16:25
multipolar. A complexidade do sistema manifesta-se “jihad” global não é fruto do Islã, mas o resultado de
também nas transformações do espaço europeu, após doutrinas políticas contemporâneas que se consolidaram
o fim do bloco soviético e a expansão da OTAN e da após a virtual dissolução do projeto pan-arabista. O ter-
União Européia em direção ao leste. A fronteira estra- ror “islâmico” não é, portanto, o porta-voz de uma reli-
tégica européia não desaparece, mas muda de natu- gião, uma cultura ou uma civilização.
reza e de lugar, passando a separar a Rússia e a CEI do
restante do continente. Capítulo 30
Na ordem pós-Guerra Fria, as instituições inter-
Estado e nação na África
nacionais sofrem os efeitos da tensão gerada pela
hegemonia da hiperpotência. Essa tensão manifesta- África do Norte e África Subsaariana; As fronteiras
se sobretudo na ONU, como atestam os aconteci- e os Estados; O fracasso do Estado-Nação.
mentos ligados à invasão norte-americana do Iraque,
No ensino tradicional de Geografia, a África
em 2003.
Subsaariana é abordada unicamente sob a perspectiva
O sistema internacional atual está longe da estabi- do subdesenvolvimento, da miséria e da “explosão
lidade. Um dos fatores principais de instabilidade são demográfica”. O ponto de vista metodológico exclui,
os conflitos nacionais, que voltaram a abalar a Europa conscientemente ou não, as sociedades africanas do
e, particularmente, os Bálcãs na década de 1990. A aná- terreno da política. Tudo se passa como se essas socie-
lise dos conflitos balcânicos e da questão irlandesa abre dades estivessem “condenadas” à pobreza e à exclu-
caminho à construção dos conceitos de Estado e nação, são. O capítulo tem a finalidade de situar em outros
42
01_Iniciais Geo constr mundo.10 42 14.07.05, 16:25
públicas, não reflete um “destino”. É um produto da rece ao espectador o sentimento do sublime. E ainda
história e, por isso mesmo, pode ser modificado pela é uma natureza supostamente virgem que os primei-
ação criadora dos cidadãos. ros pintores franceses da paisagem vão procurar em
1830 na floresta de Fontainebleau, a ‘selva’ mais pró-
xima da capital. Isso, por outro lado, conduz rapida-
• O enfoque interdisciplinar mente a transformar as paisagens pintadas em luga-
res ‘a serem vistos’. Logo, os guias de viagem pas-
A Geografia, a História e o nacionalismo
sam a indicá-los e Napoleão III institui as ‘zonas artís-
A Geografia e a História nasceram, como ciências ticas protegidas’.
contemporâneas, no berço do positivismo. Ensinadas nas […] Colina arenosa, rochas, solidão: essa paisagem
escolas fundamentais e médias desde o século XIX, essas de Fontainebleau é […] um dos grandes modelos de
disciplinas tornaram-se instrumentos da difusão de iden- construção das paisagens do século XIX. Não há nada
tidades nacionais. Os procedimentos metodológicos do de espantoso nisso, se sabemos que a formação dos
positivismo moldaram as descrições geográficas e as nar- pintores não passa mais pela viagem à Itália, mas
rativas históricas do nacionalismo. por temporadas na França e na Alemanha. Outros
A História desempenhava a função de inscrever grandes modelos de base: a paisagem alpina, desco-
a pátria no tempo, elaborando a narrativa das origens. berta inicialmente na Suíça pelos ingleses e, mais tar-
A Geografia cumpria a função de inscrever a pátria diamente, a costa da Bretanha, na condição de con-
no espaço, fornecendo uma narrativa sobre o territó- servatório do litoral selvagem.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
43
01_Iniciais Geo constr mundo.10 43 14.07.05, 16:25
vastos vizinhos: ela se apresenta alta, muito alta. O • Indicações de leitura
país dos helvéticos se representa todo em picos pro-
digiosos e resplandescentes. A paisagem nacional ARBEX JR., José. Islã, um enigma de nossa época.
francesa é mais complexa, pois aparece essencial- São Paulo: Moderna, 1996.
mente sob a forma de uma série de paisagens regio- ARMSTRONG, Karen. O Islã. Rio de Janeiro: Ob-
nais bem identificadas mas bastante diversas. Essa jetiva, 2001.
aparente indeterminação da imagem nacional não COSTA, Wanderley Messias da. Geografia política
se deve apenas à quantidade de pintores, franceses e geopolítica. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1992.
e estrangeiros, que se dedicaram na França à repre-
HOURANI, Albert. Uma história dos povos ára-
sentação paisagística. É que no século XIX se instala
bes. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
uma concepção da especificidade francesa baseada
na variedade de recursos naturais do país: a França, KAPUSCINSKI, Ryszard. Ébano: minha vida na
pela sua diversidade, pode se orgulhar de ser algo África. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
como uma síntese ideal da Europa, onde se encon- MAGNOLI, Demétrio. O poder das nações no tem-
tra junto tudo aquilo que, em outros lugares, só exis- po da globalização. São Paulo: Unesp, 2005.
te separadamente.” ——. África do Sul: capitalismo e apartheid. São
THIESSE, Anne-Marie. La création des identités nationales. Paulo: Contexto, 1998.
Paris: Leul, 1999. p. 185-188. Tradução dos autores. MARTIN, André Roberto. Fronteiras e nações. São
Paulo: Contexto, 1992.
44
01_Iniciais Geo constr mundo.10 44 14.07.05, 16:25
RESPOSTAS EXERCÍCIOS PROPOSTOS
povoados e cidades. A contigüidade à estrada de
PARTE 1 ferro valorizava aquelas localizações, que davam
A dinâmica da natureza acesso à nova rede de transportes e, portanto, aos
e as tecnologias mercados consumidores vinculados à economia
cafeeira paulista.
45
02_Manual atividades.11 45 7/8/05, 4:00 PM
9. a) As estações ferroviárias facilitam o acesso dos b) Essa rede de hidrovias é um elemento do meio
bens aos mercados consumidores, reduzindo os técnico, pois sua implantação envolveu a cons-
custos de transferência. Em torno delas, estabe- trução de canais artificiais, barragens e eclusas.
lecem-se empresas e estruturas de comercializa- 2. a) Nessa rede, os arcos de transmissão estão repre-
ção, gerando demanda por força de trabalho e sentados pelos eixos e os pontos de acesso, pelas
serviços. Esse processo estimula a formação de cidades.
centros urbanos.
b) A cidade que ocupa o lugar mais valioso na rede
b) O meio técnico é formado pelas concentrações é Detroit, pois funciona como nó de bifurcação
industriais, campos agrícolas, cidades e infra- de um grande número de arcos de transmissão.
estruturas de circulação estabelecidos ao longo
da era industrial. As redes ferroviárias são um c) Sault Ste. Marie Marquette e Petoskey são as ci-
elemento característico do meio técnico. As es- dades que ocupam os lugares mais periféricos na
tradas de ferro, implantadas na prairie cana- rede, pois são servidas por apenas um arco de
dense nas últimas décadas do século XIX, de- transmissão.
flagraram processos de expansão das culturas
comerciais e formação de centros urbanos, in-
TEXTO COMPLEMENTAR
corporando toda a vasta área aos fluxos da
economia internacional. Dialogando com o texto
10. Segundo o autor, o lugar opera segundo uma lógi-
46
02_Manual atividades.11 46 7/8/05, 4:00 PM
que conectavam o sul da África à extremidade O capítulo no contexto
da Ásia. O mapa, que pretendia mostrar todo
6. A cartografia é um instrumento de poder pois oferece
o ecúmeno, dividia o mundo em três continen-
informações especiais sobre a superfície terrestre e a
tes: Europa, Ásia e África.
organização do espaço geográfico. Os mapas revelam
b) O planisfério de Cantino, de 1502, evidenciou com exatidão a distribuição espacial dos objetos natu-
uma revolução no pensamento geográfico pro- rais e sociais, funcionando como meios para o controle
vocada pelas Grandes Navegações. Ele foi o pri- intelectual e material do espaço e dos territórios.
meiro documento cartográfico a registrar a exis-
7. e.
tência da América – a “Quarta Parte do Mundo”.
As dimensões da Terra e a configuração geral dos 8. a) As escalas utilizadas dependem do atlas consul-
continentes e oceanos tornavam-se, finalmente, tado. Mas, no mesmo atlas, a escala do planisfé-
conhecidas. rio político será menor que a do mapa político da
2. Durante a Idade Média, as concepções religiosas Europa. Isso porque, para representar áreas mai-
fundamentaram grande parte da cartografia produ- ores, é necessário usar uma redução também
zida na Europa cristã. Os planisférios elaborados maior, ou seja, uma escala menor.
pelos sábios religiosos funcionavam como represen- b) No mapa político da Europa dos atlas escolares
tações simbólicas, nas quais se misturavam conheci- aparecem informações como a localização das ca-
mentos geográficos, crenças religiosas e monstros pitais e cidades principais, o traçado dos rios mais
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
míticos. Os mais famosos, conhecidos como cartas importantes e os nomes de diversas ilhas. Devido
T-O, são os que inscrevem o mundo habitado em à escala utilizada, no planisfério não aparecem as
um círculo, representado por um disco chato e cen- cidades, os rios e a maior parte das ilhas.
trado em Jerusalém. A divisão entre os três conti- 9. A convenção da hora do meridiano de Greenwich
nentes conhecidos era representada por meio de (GMT) estabelece um padrão horário mundial que
cursos d’água, formando o T. O T, além de repre- facilita as comunicações e os fluxos internacionais
sentar a cruz e o sacrifício de Cristo, é o símbolo da em geral. As transmissões internacionais de televi-
Santíssima Trindade. O O evoca a harmonia de um são ao vivo usam essa referência, que serve tam-
mundo fechado. bém para controle de vôos em rotas internacionais.
3. A escala, um dos atributos fundamentais de um 10. Todos os planisférios tendem a difundir idéias pre-
mapa, estabelece a correspondência entre as dis- conceituosas ou preconcebidas pois não é possível
tâncias representadas no mapa e as distâncias re- reproduzir com exatidão uma superfície esférica so-
ais da superfície cartografada. Existem duas ma- bre um plano. Os planisférios decorrem da opção
neiras de expressar a escala de um mapa. Na por uma projeção cartográfica, que veicula um
escala numérica a correspondência é indicada por modo específico de representar o mundo e implica
meio de uma fração. Na escala gráfica, essa cor- a valorização de certas áreas ou características, em
respondência é diretamente indicada em uma li- detrimento de outras.
nha graduada.
11. A projeção azimutal eqüidistante permite a constru-
4. a) Quando os relógios marcam 20 horas em Colom- ção de planisférios centrados em qualquer ponto da
bo, são 12 horas em Brasília. superfície terrestre, a partir do qual as direções e dis-
b) Quando os relógios marcam 20 horas em Brasí- tâncias são expressas com precisão. Trata-se da pro-
lia, são 4 horas do dia seguinte em Colombo. jeção mais adequada para a elaboração de mapas
geopolíticos, nos quais geralmente se pretende re-
5. a) A projeção de Mercator distorce as superfícies das presentar a situação de um Estado específico diante
massas continentais. Nessa projeção, à medida do seu entorno ou do resto do mundo.
que aumenta a distância do Equador (onde está
o foco da projeção), aumentam as superfícies re-
lativas. Como conseqüência, os continentes e pa- TRABALHANDO COM MAPAS
íses situados nas latitudes maiores são “favoreci-
dos”, aparentando uma dimensão relativa maior 1. No mapa, a escolha das cores não obedece à regra
do que a real. da boa leitura, pois a escala cromática não foi utilizada
corretamente. As zonas nas quais a participação
b) Na projeção de Peters, as formas são distorcidas,
da lenha e do carvão vegetal no consumo energético
gerando o alongamento dos continentes. Isso é
é menor deveriam receber as cores mais claras.
bem perceptível na silhueta da África ou da Amé-
rica do Sul. 2. 1/235.000.000
47
02_Manual atividades.11 47 7/8/05, 4:00 PM
3. Utilizou-se uma projeção semelhante, ou conforme. ATIVIDADES
Nesse tipo de projeção, conserva-se a relação entre
as formas da esfera e as do planisfério, mas a rela- Revendo o capítulo
ção entre as superfícies é distorcida. Essa distorção 1. a) A estrutura interna da Terra é composta pelo nú-
transparece no mapa, por exemplo, na superfície cleo interno, núcleo externo, manto e crosta.
muito exagerada da Antártida.
b) Porque ela é formada por elementos de diferen-
tes pesos e densidades. Durante o processo de
formação do planeta, os elementos mais pesados
TEXTO COMPLEMENTAR
e densos migraram para o interior, enquanto os
Dialogando com o texto mais leves afloraram à superfície.
1. Ao mencionar o “intervalo medieval”, o autor refe- 2. Os minerais são constituintes naturais da crosta
re-se ao longo período no qual a cartografia subor- terrestre. Já os minérios são uma classe especial de
dinou-se à hegemonia ideológica da Igreja. Nesse minerais, dos quais é possível extrair substâncias
intervalo, os mapas funcionaram em grande medi- de interesse econômico. O conceito de minérios
da como símbolos religiosos, expressando essenci- depende, assim, da organização econômica e das
tecnologias.
almente a idéia de que a Terra é uma obra de Deus.
3. Essas cordilheiras montanhosas são denominadas
2. Exemplificando as relações entre a cartografia e o
dobramentos modernos, pois configuram estruturas
poder político, o autor menciona: o uso de mapas
48
02_Manual atividades.11 48 7/8/05, 4:00 PM
8. A figura mostra as diferentes idades de forma- 2. O tempo histórico é uma medida de tempo ade-
ção das ilhas do arquipélago havaiano, que for- quada à história da humanidade; o tempo geoló-
mam uma fileira desde a mais antiga (Kauaí) até gico é uma medida de tempo adequada à história
a mais recente (Havaí). Ela sugere um “ponto do planeta Terra; o tempo cósmico refere-se à
quente” fixo atuando sobre uma placa tectônica medida de tempo dos fenômenos que configura-
em movimento. ram o universo.
9. De acordo com o princípio da isostasia, os blocos 3. A história da Terra é pontilhada de eventos climá-
continentais que flutuam sobre o manto encontram- ticos e geológicos extremos, que modificaram a
se em estado de equilíbrio. O derretimento do gelo superfície do planeta e provocaram a extinção de
na Península Escandinava torna este bloco continen-
um grande número de seres vivos. Basta lembrar
tal mais leve; como conseqüência, sua raiz subterra-
do soerguimento de grandes cadeias montanho-
nêa diminui por meio do soerguimento.
sas, das erupções vulcânicas, dos abalos sísmicos
10. Esta previsão sustenta-se no sentido do movimento provocados pelo ajuste das placas rochosas que
atual das placas tectônicas. A Dorsal Meso-Atlânti- formam a crosta terrestre ou, ainda, das glacia-
ca, por exemplo, fornece evidências do afastamen- ções que cobriram de gelo grande parte do pla-
to progressivo entre a Placa da Eurásia e a Placa neta. Assim, as alterações ambientais provocadas
Norte-Americana. pelas sociedades modernas não põem em risco a
existência do planeta, ainda que ameacem seria-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
49
02_Manual atividades.11 49 7/8/05, 4:00 PM
5. Este arcabouço estrutural é fruto dos sistemas de mostra sua ligação com um esporão de areia já
dobramentos e falhamentos resultantes da orogê- existente. A quarta figura registra a evolução do
nese ocorrida no Pré-Cambriano, que foram reati- esporão, com a formação de uma lagoa.
vados pelo soerguimento epirogenético durante a b) A causa do fenômeno é a acumulação arenosa
Era Cenozóica. pelo trabalho das águas do mar. Seu resultado é
6. Protegidas pela vegetação, as dunas contribuem a formação de uma restinga.
para atenuar os efeitos da erosão marinha sobre a
planície costeira. Quando ocorre desmatamento das
TRABALHANDO COM MAPAS
dunas, a planície fica mais vulnerável ao avanço do
mar, que pode ameaçar vias de tráfego e habita- 1. Os mapas de altimetria mostram as altitudes, isto é,
ções. Além disso, o deslocamento da própria duna um aspecto da realidade do modelado do relevo. Já
também pode se tornar uma ameaça para as cons- os mapas de classificação de relevo são resultantes
truções humanas implantadas na planície. do trabalho de interpretação de seus autores, que
dividiram o modelado em compartimentos por
O capítulo no contexto eles criados.
7. As chapadas são mesas delimitadas por taludes 2. Aroldo de Azevedo criou compartimentos de relevo
abruptos. As rochas mais resistentes à erosão for- com base nas altitudes médias. Já Aziz Ab´Sáber
mam a chapada. Os taludes revelam a atuação considerou sobretudo os processos de sedimenta-
50
02_Manual atividades.11 50 7/8/05, 4:00 PM
4. a) No continente americano, os desertos estendem-
■ Capítulo 5 se pelo sudoeste dos Estados Unidos e pelo litoral
Dinâmica climática e ecossistemas norte do Chile e sul do Peru (Atacama).
b) Os desertos do sudoeste dos Estados Unidos
resultam principalmente da disposição das cor-
ATIVIDADES dilheiras montanhosas, que bloqueiam a ação
das massas úmidas provenientes do mar. Se-
Revendo o capítulo
cundariamente, esses desertos são condiciona-
1. Os ventos alísios e contra-alísios formam a Célula dos pela influência da corrente marinha fria da
Tropical da circulação geral atmosférica. A dinâmica Califórnia. O deserto de Atacama, uma das
da Célula Tropical é condicionada pelas diferenças áreas mais secas do mundo, resulta, basica-
de pressão entre o Equador e os trópicos. A Célula mente, da influência da corrente marinha fria
Tropical redistribui calor e umidade entre as latitu- de Humboldt.
des equatoriais e subtropicais. Na faixa equatorial, a
subida e resfriamento dos alísios úmidos provoca 5. A lixiviação é o processo de lavagem dos horizon-
condensação e chuvas o ano inteiro. Os contra-alí- tes superficiais do solo pelas chuvas torrenciais típi-
sios, enquanto se deslocam para o norte e para o cas do clima tropical. Por meio da lixiviação, ocorre
sul, perdem calor, tornando-se cada vez mais pesa- transporte dos nutrientes minerais e empobrecimen-
dos. Ao descerem, estão bastante secos, absorvem to do solo.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
OCEANO
em região dominada pelo clima subtropical, for- ATLÂNTICO
temente influenciado pela maritimidade. A am- 20
51
02_Manual atividades.11 51 7/8/05, 4:00 PM
b) O vidro de Nescafé foi recuperado por um meni- ximam-se de 500 mm anuais, aparecem manchas
no norueguês, mais de 8º ao norte de onde foi campestres. Em áreas com temperaturas um pou-
lançado ao mar, pois derivou arrastado pela cor- co acima de 00C a tundra vai dando lugar à flo-
rente do Atlântico Norte, que é o prosseguimen- resta de coníferas.
to da Corrente do Golfo.
11. a) Durante as negociações da Convenção sobre Di-
c) As correntes marinhas são empurradas pelas mas- versidade Biológica, os governos dos países sub-
sas de ar que se deslocam sobre os oceanos e re- desenvolvidos resistiram em adotar políticas pre-
fletem, até certo ponto, os padrões da circulação servacionistas que acarretam restrições aos fluxos
atmosférica. Mas suas trajetórias são desviadas demográficos e às atividades econômicas. Em de-
pela disposição das terras emersas. A Corrente do fesa de programas de colonização de áreas flo-
Golfo origina-se da ação dos ventos alísios, que restais como as do Peru e Brasil, os países subde-
empurram as águas do Atlântico Central para o senvolvidos aferraram-se à defesa da soberania
istmo centro-americano, e da disposição do istmo nacional e rechaçaram a aplicação do conceito de
e das ilhas das Antilhas, que desviam essas águas patrimônio da humanidade a ecossistemas locali-
para o Atlântico Norte, através dos estreitos da
zados em seus territórios.
Flórida. A corrente do Atlântico Norte, que é
prosseguimento da Corrente do Golfo, é empur- b) Do ponto de vista científico, a biodiversidade re-
rada pelos ventos de oeste. Essa corrente quente presenta um vasto campo de pesquisas, que po-
atua no litoral ocidental e setentrional da Europa, derão resultar na ampliação dos conhecimentos
52
02_Manual atividades.11 52 7/8/05, 4:00 PM
reconstituir domínios de florestas tropicais como as ções de temperatura próximas às do ponto de
brasileiras, devido à sua diversidade e à complexi- congelamento.
dade das suas cadeias alimentares. b) Esses fenômenos ocorrem predominantemente
3. A destruição da Mata Atlântica é qualificada como nos planaltos da Região Sul em função das bai-
tragédia que não pode ser dimensionada, pois é im- xas temperaturas de inverno nessas áreas. As
possível inventariar a diversidade biológica de uma quedas de temperatura que provocam geadas e
floresta tropical. nevadas resultam, muitas vezes, da invasão da
massa Polar atlântica (mPa).
9. No caso das caatingas, a queda periódica das folhas
está associada aos prolongados períodos de seca
■ Capítulo 6 que ocorrem nesse ecossistema; nas florestas tem-
Os domínios de natureza no Brasil peradas, o fenômeno é resultante das baixas mé-
dias térmicas que caracterizam o inverno. A Amazô-
nia e a Mata Atlântica, por sua vez, situam-se em
ATIVIDADES regiões tropicais de elevada pluviosidade: daí a pre-
dominância de espécies perenes.
Revendo o capítulo
10. a) A irregularidade das precipitações, a presença de
1. c.
solos pouco profundos, a predominância de es-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2. Belo Horizonte situa-se no domínio do clima Tropi- pécies vegetais decíduas e de rios intermitentes e
cal de Altitude. As chuvas concentram-se no verão sazonais figuram entre as principais característi-
e o inverno é a estação da estiagem. As médias tér- cas deste domínio.
micas de inverno caem abaixo dos 19°C, em função b) O desmatamento para a formação de campos de
do efeito da altitude. As médias térmicas de Teresi- cultivo e pastagens, o sobrepastoreio, a minera-
na, João Pessoa e Cuiabá são bem mais elevadas ção e o uso de técnicas inadequadas de irrigação
que as dos climograma apresentado. Joinville en- são responsáveis pelos principais impactos ambi-
contra-se em domínio subtropical, no qual as chu- entais de origem antrópica neste domínio.
vas estão distribuídas de forma mais equilibrada en-
11. a) O mapa mostra o avanço de uma frente fria pelo
tre as estações do ano.
Brasil meridional. A frente fria provoca rebaixa-
3. d. 4. d. 5. e. mento da pressão atmosférica e tempo instável.
6. O cerrado apresenta a relação com o fogo descrita b) A ZCIT encontra-se ao norte do Equador porque,
no texto. Neste ecossistema, o fogo atua no proces- durante o inverno, o disco solar encontra-se so-
so de reciclagem, transformando os detritos acumu- bre o Hemisfério Norte.
lados em nutrientes minerais. c) Na maior parte do território nacional, predomi-
nam as altas pressões e o tempo bom. Há tempo
O capítulo no contexto instável, com possíveis chuvas, no Rio Grande do
7. a) A amplitude térmica diária é a diferença de tem- Sul e Santa Catarina. Há instabilidades tropicais
peratura entre a hora mais quente e a hora mais em uma faixa que se estende entre Rondônia e o
fria do dia. A amplitude térmica anual é a dife- sul do Amazonas.
rença de temperatura entre a média do mês mais d) Após a passagem da frente fria, as temperaturas
quente e a média do mês mais frio. devem cair e o tempo torna-se claro e estável.
b) Genericamente, as amplitudes anuais aumentam
com o aumento das latitudes. Assim, no Brasil, as
menores amplitudes anuais são registradas na Ama- TRABALHANDO COM MAPAS
zônia e as maiores, na parte meridional do território.
1. No verão, as menores precipitações são registradas
c) Isso ocorre porque grande parte do território bra- no Nordeste, no extremo sul do país e em Roraima.
sileiro está situada na Zona Intertropical, sob do-
mínio de climas equatoriais e tropicais, caracte- 2. No inverno, as maiores precipitações são registra-
rísticos das baixas latitudes. das no litoral oriental nordestino e em porções se-
tentrionais da Amazônia.
8. a) As geadas são precipitações de baixíssima altitu-
de que resultam do congelamento do orvalho nas 3. As precipitações na Amazônia estão basicamente
proximidades do solo. As nevadas são precipita- vinculadas ao fenômeno da convecção das massas
ções de grande altitude que ocorrem em condi- de ar e, portanto, os máximos sazonais de chuvas
53
02_Manual atividades.11 53 7/8/05, 4:00 PM
acompanham o deslocamento da ZCIT. No verão do tre em diversos locais situados nas altas latitudes do
Hemisfério Sul, o disco solar move-se para a faixa Hemisfério Norte. Mais tarde, essas depressões se
do Trópico de Capricórnio e as maiores precipita- cobririam de água, transformando-se em imensos
ções atingem a Amazônia meridional. No outono, o lagos e sistemas lacustres. O Hemisfério Sul não foi
disco solar está sobre a linha do Equador e as chu- atingido por este ciclo glacial e abriga uma parcela
vas mais abundantes caem sobre a parte setentrio- significativamente menor do estoque global de água
nal da Amazônia. doce lacustre.
4. O litoral oriental nordestino apresenta regime de 3. Atualmente, pelo menos 1 bilhão de pessoas depende
chuvas contrastante com o da maior parte do Brasil. da água dos lençóis subterrâneos para suprir suas
Nessa faixa, as precipitações máximas concentram- necessidades básicas. Além disso, os estoques sub-
se no outono e no inverno. terrâneos são utilizados intensamente para a irriga-
ção de cultivos agrícolas. O esgotamento destes re-
servatórios pode diminuir a produtividade da
TEXTO COMPLEMENTAR agricultura e a produção de alimentos em diversas
regiões, além de acirrar os conflitos internacionais
Dialogando com o texto pelo controle das reservas superficiais.
1. Essas conclusões são apoiadas por dois tipos de evi-
4. Conforme demonstra o gráfico, o acesso à água
dências: a presença de estruturas rochosas subter-
potável não é condicionado apenas pelo tamanho
râneas que indicam a presença de água e a presen-
3. No passado, é provável que tenha havido intercâm- 5. Nesse intervalo de tempo, ocorreu um brutal au-
bio genético de espécies animais e vegetais entre os mento na velocidade do escoamento superficial na
diversos ecossistemas florestados que compõem es- região metropolitana e, por conseqüência, da quan-
tes domínios. Este intercâmbio e o conseqüente sur- tidade de água que escoa pela calha do rio Tietê
gimento de novas espécies pode ser uma das cha- durante episódios de chuvas fortes. Este processo é
ves explicativas da imensa biodiversidade que resultado do crescimento da área impermeabilizada
caracteriza tanto a Floresta Amazônica quanto a pelas construções e pelo asfalto.
Mata Atlântica.
O capítulo no contexto
6. O estabelecimento de cotas de uso de água e a co-
brança pelo excesso de consumo pode ser uma ma-
■ Capítulo 7 neira eficaz de garantir o atendimento das necessi-
A esfera das águas e os recursos hídricos dades sociais básicas e, ao mesmo tempo, limitar a
contaminação dos recursos hídricos por parte dos
grandes usuários. No caso do México, por exem-
ATIVIDADES plo, a cobrança acarretou a redução do desperdício
e a adoção de novas práticas agrícolas, de forma a
Revendo o capítulo racionalizar o uso dos estoques hídricos sem prejuí-
1. O ciclo hidrológico é o processo de transferência zo das atividades econômicas.
contínua da água de um tipo de reservatório para
7. a) A “guerra da água” na Bolívia evidencia uma
outro. A evaporação e a transpiração, por meio das
das dimensões cruciais da crise contemporânea
quais a água é transferida da superfície para a at-
dos recursos naturais: em um cenário de dete-
mosfera, são diretamente causadas pela energia so-
rioração das reservas pluviais disponíveis e do
lar. A atuação da força de gravidade pode ser exem-
aumento acelerado do consumo, a água potá-
plificada pelo fluxo contínuo das águas fluviais em
vel se torna uma “mercadoria” tanto mais vali-
direção aos oceanos.
osa quanto mais escassa. Contudo, muito antes
2. Durante as glaciações quaternárias, a erosão glacial de ser uma mercadoria, ela é um recurso essen-
escavou profundas depressões na superfície terres- cial para a vida humana.
54
02_Manual atividades.11 54 7/8/05, 4:00 PM
b) Para os movimentos sociais bolivianos, a água TEXTOS COMPLEMENTARES
deve ser tratada como um bem público, e, como
tal, deve atender às necessidades básicas do Dialogando com os textos
conjunto da população. Para as multinacionais 1. O desvio de grandes quantidades de água dos rios
que operam no setor, a água é uma mercadoria, Amurdarya e Sydarya, tributários do mar de Aral,
cujo valor oscila em função das leis da oferta e para abastecer projetos de irrigação que servem so-
da procura. bretudo às culturas de algodão na Ásia Central, fi-
8. Em um cenário de diminuição drástica dos estoques gura como a principal causa da drástica redução do
de água potável no planeta, os atuais conflitos pelo volume do mar de Aral.
uso dos sistemas fluviais, lacustres e subterrâneos 2. A redução do volume aumentou a salinidade do mar
que atravessam territórios nacionais distintos ten- de Aral. Além disso, a utilização intensiva de pestici-
dem a se acirrar, e novos focos de tensão diplomáti- das e defensivos agrícolas nas culturas irrigadas re-
ca ou de guerra aberta podem surgir. Ao que tudo sultaram em elevadas taxas de contaminação dos
indica, a água ocupará um lugar cada vez mais des- solos da região, inclusive na área que já foi ocupada
tacado nas relações internacionais. pelas águas do Aral.
9. Apesar da aparente abundância de recursos hídri- 3. O mar de Aral é um exemplo incontestável da ex-
cos, diversas cidades brasileiras sofrem severas li- trema degradação ambiental que pode resultar de
mitações no que diz respeito ao consumo de grandes projetos de irrigação realizados sem os ne-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
água. Apenas em alguns centros urbanos do semi- cessários estudos acerca das conseqüências do des-
árido nordestino o problema principal é mesmo a vio das águas para o conjunto do ecossistema. Nes-
escassez de fontes de abastecimento. Na grande te sentido, ele pode servir de alerta para impedir
maioria dos casos, porém, a escassez resulta da novos desastres ambientais.
concentração da demanda e da contaminação dos
mananciais: é o que ocorre, por exemplo, nas re-
giões metropolitanas de São Paulo, do Rio de Ja-
neiro e de Belo Horizonte. UNIDADE 3
Tecnologias e recursos naturais
10. O texto considera que a escassez de água é antes
um fato econômico e social do que um fato físico.
■ Capítulo 8
De acordo com seu argumento central, o principal
Os ciclos industriais
problema não é a falta de água, mas a falta de di-
nheiro para arcar com os custos do acesso regular à
água potável, por parte de parcelas crescentes da
ATIVIDADES
população mundial.
Revendo o capítulo
TRABALHANDO COM MAPAS 1. c.
1. O Canadá dispõe de uma população de pouco mais 2. A afirmação II é falsa pois a fase descendente dos
de 30 milhões de pessoas, enquanto a China é o ciclos caracteriza-se pela saturação do mercado e
país mais populoso do mundo, com mais de 1,25 pela redução das margens de lucro, o que dificulta
bilhão de habitantes. Assim, a disponibilidade per a entrada de pequenos capitais na disputa por mer-
capita de água é muito maior no Canadá que na cados submetidos ao domínio de oligopólios. A
China, ainda que os dois países detenham estoques afirmação IV é falsa, pois a teoria dos ciclos de ino-
semelhantes. vação ajuda a compreender as tendências de loca-
lização industrial mais importantes em cada ciclo,
2. Nos países situados nesta vasta região, o predo- ao mostrar a importância variável dos fatores de
mínio de climas desérticos e semi-áridos caracte- produção (como matérias-primas ou mão-de-obra
rizados pelos baixos índices de precipitação é o especializada, por exemplo).
principal fator responsável pela escassez crônica
de água. 3. Na cadeia produtiva do setor petroquímico, o pri-
meiro estágio produz matéria-prima para o segun-
3. No caso do Egito e do Sudão, o conflito está ligado do, e, por isso, ambos tendem a operar de maneira
à disputa pelas águas do rio Nilo, fundamental para concentrada. Já o terceiro estágio, que produz mer-
o abastecimento humano e a irrigação agrícola em cadorias prontas para o consumo final, tende a ser
ambos os países. atraído pelos grandes mercados consumidores.
55
02_Manual atividades.11 55 7/8/05, 4:00 PM
4. No segundo ciclo tecnológico da Revolução Indus- tecnologias básicas e intermediárias tendem a
trial, que se espalhou na Europa em meados do sé- se implantar nos países subdesenvolvidos in-
culo XIX, o carvão era a principal fonte de energia dustrializados e as indústrias de conteúdo tecno-
tanto para as indústrias de base (em especial a side- lógico avançado tendem a se concentrar nos paí-
rurgia) como para as indústrias de bens de consumo ses desenvolvidos.
(principalmente as do ramo têxtil). Por isso, as baci- b) O crescimento da indústria têxtil e de confecções
as carboníferas tornaram-se focos de grandes con- nos países asiáticos, que se manifesta desde a dé-
centrações fabris. Essas concentrações originais con- cada de 1970, é um exemplo desta nova divisão
tinuam a responder por grande parte da produção internacional do trabalho.
industrial européia.
c) No Brasil, a importância estratégica do setor si-
5. c. derúrgico e a participação incipiente dos setores
de ponta no conjunto da produção industrial de-
O capítulo no contexto monstram que o país está afirmando sua inser-
6. a) Entre o final do século XVIII e meados do século ção nos fluxos econômicos globais com base em
XIX, a indústria têxtil nascente organizava-se em indústrias oriundas de ciclos de inovações anteri-
torno do tear hidráulico. A água corrente dos rios ores à revolução tecnocientífica.
era a principal fonte de energia mecânica para as 9. a) O complexo siderúrgico brasileiro está altamen-
fábricas e, por isso, as indústrias aglomeravam-se te concentrado no Sudeste, em virtude da pro-
em torno dos cursos d’água.
56
02_Manual atividades.11 56 7/8/05, 4:00 PM
doras se realiza nos países industriais centrais. Esta nado pelos produtores familiares. As grandes em-
bipartição tecnológica é o cerne da divisão interna- presas concentram-se, geralmente, na comercializa-
cional do trabalho que atualmente caracteriza o es- ção e industrialização de alimentos.
paço mundial da indústria.
2. A seleção dirigida consiste numa intervenção sobre
os mecanismos evolutivos naturais: por meio de cru-
zamentos entre variedades ou raças da mesma es-
TEXTO COMPLEMENTAR
pécie, são gerados descendentes com algumas ca-
Dialogando com o texto racterísticas desejadas. A engenharia genética
consiste num patamar mais avançado de interven-
1. As redes de comunicação possibilitam o descola-
ção sobre a natureza: através da introdução de ge-
mento espacial entre as diferentes etapas do pro-
nes escolhidos em plantas ou animais, criam-se ca-
cesso produtivo. Assim, as empresas podem disper-
racterísticas que não se encontram no potencial
sar suas unidades produtivas, aproveitando vantagens
genético da espécie. A seleção dirigida limita-se a
comparativas oferecidas por diferentes localidades
promover o intercâmbio de material genético no in-
para cada uma dessas etapas e minimizando os cus-
terior das espécies; a engenharia genética faz esse
tos de produção.
intercâmbio por cima das fronteiras das espécies. A
2. Esta frase remete às vantagens locacionais oriundas seleção dirigida origina novas raças de animais e va-
da aglomeração inicial de indústrias. De fato, essa riedades de plantas; a engenharia genética produz
aglomeração, provocada por fatores muitas vezes organismos geneticamente modificados (OGM).
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
57
02_Manual atividades.11 57 7/8/05, 4:00 PM
b) Nos países europeus, o tamanho médio dos esta- os campos de sorgo, milhete ou cevada são deixa-
belecimentos é muitas vezes menor que o das fa- dos em pousio e neles crescem naturalmente as
zendas norte-americanas. O contraste reflete o acácias. Esse sistema é capaz de recompor a pro-
peso das tradições históricas européias, ligadas à dutividade de solos marginais.
agricultura camponesa pré-capitalista, e da mo-
9. a) A desertificação consiste num conjunto de mu-
dernização mais intensa da agricultura norte-
danças ecológicas regressivas que terminam por
americana. Mas ele também decorre, em parte,
reduzir a capacidade de sustentação e a produti-
das densidades demográficas, que são muito
vidade da terra.
maiores na Europa.
b) A desertificação é deflagrada pela combinação de
5. d.
fatores naturais, como secas prolongadas, e fato-
O capítulo no contexto res antrópicos, como a retirada da vegetação e a
intensificação do uso da terra para pastoreio.
6. a) Pierre George refere-se ao sistema de plantations. Nessas condições, a erosão eólica transporta o
b) De acordo com o texto, as aldeias tribais da fino material superficial, degradando o solo.
região do Golfo da Guiné, nas quais é pratica-
da a agricultura de subsistência, funcionam
como reserva de mão-de-obra sazonal para as TRABALHANDO COM MAPAS
plantations que integram a economia agrícola 1. Os produtos destacados no mapa são chamados
58
02_Manual atividades.11 58 7/8/05, 4:00 PM
mercado mundial de alimentos e atrasam ou impe- não afetam diretamente as condições atmosféri-
dem a saída de produtores não competitivos. cas. As usinas hidrelétricas utilizam um combustí-
vel renovável, a água, e também não lançam re-
3. Os produtores dos países em desenvolvimento sai-
síduos na atmosfera. Porém, as grandes usinas
riam ganhando com a liberalização comercial, que
exigem a inundação de vastas áreas, causando
lhes garantiria acesso a maiores parcelas do merca-
alterações profundas nos ecossistemas nos quais
do mundial. Os consumidores dos países que prati-
são implantadas.
cam elevados subsídios também seriam beneficia-
dos com a redução das tarifas de importação e com 3. Trata-se de países de grande extensão territorial, do-
o aumento da variedade de produtos. A União Eu- tados de uma rica rede hidrográfica, na qual estão
ropéia, o Japão e a China, por seu turno, sofreriam presentes rios caudalosos que atravessam terrenos
com a redução dos empregos no setor agrícola. Os acidentados.
países em desenvolvimento que desfrutam de acor- 4. Com a segunda Guerra do Golfo e a derrubada do
dos comerciais preferenciais, como os países indus- ditador Sadam Hussein, os Estados Unidos passa-
triais centrais, provavelmente perderiam parte de ram a exercer influência política decisiva sobre o Ira-
seus mercados e sairiam prejudicados caso tivessem que. Essa influência coloca os Estados Unidos em
que concorrer em condições de igualdade com os posição mais favorável para negociar com a monar-
demais países produtores. quia saudita o isolamento da seita dos Wahabitas,
4. De acordo com estudo do Banco Mundial, esse con- que controla a religião e a educação na Arábia Sau-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
junto de estratégias tem poucas chances de reverter dita e mantém conexões com a rede terrorista inter-
em elevação da renda interna nacional; pelo contrá- nacional Al-Qaeda, além de assegurar o controle
rio, ele poderá agravar a situação de pobreza, caso sobre as imensas reservas iraquianas de petróleo.
o quadro protecionista atual não seja revertido. 5. a) Esse tipo de energia envolve tecnologias sofisti-
cadas e caras, inacessíveis para a maior parte dos
países subdesenvolvidos.
b) Devido aos dois “choques” do petróleo, ocorri-
■ Capítulo 10
dos na década de 1970, muitos países desenvol-
Estratégias energéticas vidos optaram por substituir as usinas termelétri-
cas tradicionais pelas termonucleares, de forma a
diminuir o uso do óleo.
ATIVIDADES
O capítulo no contexto
Revendo o capítulo
6. Apesar de ser o maior produtor mundial de hidrele-
1. Em meados do século XIX, a lenha era a principal tricidade e figurar entre os maiores produtores de
fonte de energia utilizada no país. O carvão assume energia nuclear, o Canadá apresenta predomínio do
a liderança no final do século XIX, quando as fábri- petróleo e do gás natural em seu balanço energéti-
cas multiplicavam-se e a economia moderna era ins- co, devido à existência de reservas importantes des-
talada. O petróleo e o gás natural dominaram no tes combustíveis em seu território e o elevado con-
século XX, época da emergência da indústria auto- sumo per capita que caracteriza o país. No balanço
mobilística. A década de 1970 assistiu ao início do energético dos Estados Unidos, que é o maior pro-
crescimento acelerado da energia nuclear, que se dutor mundial de energia nuclear e figura entre os
prolongou pelas décadas seguintes. Atualmente, o grandes produtores de petróleo e hidreletricidade,
aumento da demanda explica a incorporação de predominam o petróleo, o carvão mineral e o gás
novos recursos energéticos, que se agregam suces- natural, pois o consumo per capita é ainda maior. A
sivamente aos que já existiam. China, por seu turno, é o maior produtor de carvão
mineral do mundo, e utiliza intensamente essa fon-
2. a) A eletricidade pode ser produzida em usinas ter-
te de energia, principalmente para alimentar o setor
melétricas (tradicionais ou nucleares) ou em usi-
industrial. Contudo, o uso do carvão vegetal, que
nas hidrelétricas.
aparece sob a rubrica de “combustível renovável”,
b) As termelétricas tradicionais produzem energia é intensivo no setor rural. Na Zâmbia, o predomínio
por meio da queima dos combustíveis fósseis, do carvão vegetal denuncia a precariedade tecnoló-
processo que libera uma grande quantidade de gica e a devastação da cobertura vegetal. Finalmen-
poluentes na atmosfera. As termonucleares, além te a França, que não dispõe de reservas importantes
de apresentarem riscos de acidentes, geram resí- de combustíveis fósseis, é movida sobretudo pela
duos com grande poder de contaminação, mas energia nuclear e pelo petróleo importado.
59
02_Manual atividades.11 59 7/8/05, 4:00 PM
7. c. as tendências climáticas de fundo não podem ser al-
teradas rapidamente por uma eventual redução das
8. Em diversos países do continente africano, a le-
emissões de “gases de estufa”.
nha é intensivamente utilizada para suprir a de-
manda energética. Por isso, grandes áreas origi- 3. Segundo Lovelock, o aquecimento global não podia
nalmente florestadas estão sendo desmatadas ser claramente compreendido a partir de uma visão
para gerar uma quantidade de energia relativa- fragmentária da Terra, na qual a crosta rochosa, a
mente pequena. atmosfera e a hidrosfera são objetos de estudo se-
9. Este fenômeno é, provavelmente, devido ao aque- parados. Essa visão ocultava que a Terra é um siste-
cimento global, resultante da elevada concentração ma auto-regulado e impedia a compreensão do pa-
de gases de estufa na atmosfera. pel desempenhado pela vida – isto é, pelos
organismos – na regulação do sistema terrestre. A
10. De acordo com o texto, o Brasil seria um dos superação da visão tradicional proporcionou a com-
“perdedores” porque, entre outras conseqüên- preensão das relações entre os componentes do sis-
cias, o aquecimento global representa uma gran- tema terrestre e, portanto, das interações presentes
de ameaça para a biodiversidade dos ecossiste- no processo de aquecimento global.
mas amazônicos.
4. O argumento central é que as usinas nucleares po-
dem substituir em larga escala as usinas térmicas
TRABALHANDO COM MAPAS convencionais na produção de eletricidade, sem
ATIVIDADES
TEXTO COMPLEMENTAR
Revendo o capítulo
Dialogando com o texto
1. a) O conceito de “arquipélago econômico” foi cu-
1. O aquecimento global gerado por causas antropo- nhado para descrever um conjunto de economi-
gênicas decorre, principalmente, da queima de com- as regionais que mantém fracas articulações in-
bustíveis fósseis na produção e consumo de ener- ternas e fortes laços comerciais com os mercados
gia. O Protocolo de Kyoto iniciou um processo de externos.
imposição de limites para a emissão de “gases de
estufa”. As estratégias energéticas nacionais já são b) No início do século XX, a economia brasileira exi-
afetadas por esse processo, que incentiva mudan- bia características de “arquipélago econômico”,
ças nas matrizes energéticas, com a redução da pois era possível identificar “ilhas econômicas”
queima de combustíveis fósseis. regionais pouco articuladas entre si. O complexo
cafeeiro paulista, a economia açucareira da Zona
2. Lovelock quer dizer que o clima terrestre é um siste- da Mata nordestina e a região amazônica, orga-
ma complexo e, por isso, está submetido a forças nizada em torno da exportação de borracha na-
inerciais poderosas. Assim como um grande navio em tural, são os melhores exemplos do “arquipélago
velocidade não pode mudar de rumo rapidamente, econômico” brasileiro.
60
02_Manual atividades.11 60 7/8/05, 4:00 PM
2. d. 9. A construção de Brasília representou o ápice de uma
estratégia de cunho geopolítico longamente acalen-
3. b.
tada no Brasil, qual seja, a afirmação política do Es-
4. O modelo de substituição de importações foi o ar- tado sobre o conjunto do território nacional. Mas
cabouço do crescimento industrial brasileiro e do ela só se tornou possível devido à integração eco-
processo de integração do espaço nacional duran- nômica e geográfica promovida pela industrializa-
te meio século, desde a década de 1930. ção, que articulou os mercados regionais sob o co-
Seu fundamento foi a proteção do mercado inter- mando de São Paulo e estimulou a construção de
no por meio de barreiras alfandegárias e estímulos uma infra-estrutura nacional de transporte terrestre.
às indústrias (nacionais ou estrangeiras) instaladas
10. a) Entre 1995 e 2000, houve mais entradas de mi-
no país. Sua meta consistiu na promoção do cres-
grantes no Nordeste que saídas, configurando
cimento e diversificação da indústria, a partir de in-
um saldo migratório positivo.
vestimentos privados nacionais e estrangeiros ou
investimentos estatais. b) Os fluxos de saída predominam na faixa etária
entre 17,5 e 25 anos de idade. Os fluxos de en-
5. a) A participação do Nordeste na população brasi-
trada predominam em todas as demais faixas etá-
leira diminuiu porque a região se transformou em
rias. Uma hipótese explicativa é que os jovens e
área de repulsão demográfica. Enquanto a eco-
adultos em idade de ingresso no mercado de tra-
nomia nordestina conhecia declínio relativo, flu-
balho buscam oportunidades de emprego fora da
xos de migrantes do Nordeste dirigiam-se para o
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
61
02_Manual atividades.11 61 7/8/05, 4:00 PM
migrantes desses estados em direção às novas fron- ATIVIDADES
teiras agrícolas do Centro-Oeste e da Amazônia.
Revendo o capítulo
1. a) O elevado potencial hidrelétrico das bacias hidro-
TEXTO COMPLEMENTAR gráficas brasileiras resulta do predomínio de ele-
vadas médias pluviométricas e de relevos planál-
Dialogando com o texto ticos no conjunto do território.
1. O “movimento centrípeto”, mencionado pelo au- b) A energia gerada na Bacia do Paraná atende à
tor, são as migrações em direção aos pólos econô- grande concentração urbana e industrial instala-
micos nacionais, situados no Sudeste e, particular- da no Centro-Sul brasileiro, responsável pela mai-
mente, no estado de São Paulo. Essas migrações or parcela do consumo energético nacional. Por
envolveram sobretudo nordestinos, realizando-se isso, a utilização do potencial energético da bacia
desde as décadas de 1920 e 1930 e acompanhando é mais intensiva.
o processo de industrialização do país.
c) A Bacia Amazônica, situada em uma região mar-
2. O conceito de frente pioneira descreve a fronteira cada pelas baixas densidades demográficas, está
de expansão da economia de mercado, que se reali- distante dos principais mercados de consumo
za pelo estabelecimento de migrantes e atividades energético do país.
econômicas comerciais em áreas até então ocupa- 2. a) O gráfico revela um aumento significativo da ca-
das pela pequena produção de autoconsumo. O
62
02_Manual atividades.11 62 7/8/05, 4:00 PM
b) Em 1985, com a inauguração da hidrelétrica de 2. O gasoduto Brasil-Bolívia atravessa os estados de
Itaipu, o Brasil passou a comprar sistematicamen- Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Ca-
te uma parte da metade paraguaia da energia tarina e Rio Grande do Sul.
gerada pela usina, o que resultou no aumento da
3. O traçado do gasoduto Brasil-Bolívia aumenta a dis-
dependência externa de eletricidade.
ponibilidade energética na região Centro-Oeste, e
6. a) A usina de Tucuruí foi construída para atender o poderá se transformar em fator de atração para
complexo metalúrgico da Amazônia Ocidental, empreendimentos industriais na região. Entretanto,
mas cumpre também a função de abastecer as ca- ele pode reforçar ainda mais a concentração indus-
pitais nordestinas nas ocasiões em que as usinas trial nas regiões Sudeste e Sul, que em conjunto
da Chesf não produzem o suficiente para atender compõem a “Região Concentrada”.
à demanda regional. Assim, apesar do imenso im-
pacto ambiental gerado pela construção de Tucu-
ruí, a usina assume uma importância econômica TEXTOS COMPLEMENTARES
inegável para as regiões Norte e Nordeste do país.
Dialogando com os textos
b) Do ponto de vista ambiental, a construção de gran-
des hidrelétricas na Amazônia implica alagamento 1. Do ponto de vista econômico, o autor do texto 1
de áreas florestadas e sensíveis alterações nos ecos- defende a construção de Angra III considerando a
sistemas regionais. Do ponto de vista econômico, importância da energia que seria gerada para as re-
esta estratégia implicaria elevados custos de trans- giões Sudeste e Centro-Oeste e dos empregos que
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
missão, dada a distância entre a Bacia Amazônica e beneficiariam diretamente a população do estado
os principais mercados consumidores do país. do Rio de Janeiro. Do ponto de vista estratégico, a
usina seria importante porque permitiria que o país
7. O São Francisco é o único rio perene que atravessa
obtivesse domínio tecnológico sobre todo o ciclo de
o semi-árido nordestino. Portanto, suas águas são
geração nuclear.
vitais tanto para o consumo das populações locais
quanto para os projetos de irrigação. A construção 2. O custo da importação de fontes de energia, tal
de diversas barragens ao longo do curso do rio pode como com todas as importações, oscila em função
comprometer os outros usos de suas águas, com das diferenças cambiais. No caso de uma grande
conseqüências sociais e econômicas desastrosas. valorização do dólar, por exemplo, o Brasil teria que
arcar com o aumento do preço do gás importado da
8. a) A energia gerada em Itaipu pertence, em partes
Bolívia, o que está sendo chamado pelo autor de
iguais, ao Brasil e ao Paraguai. O Brasil destina
“impacto cambial tarifário”.
sua parcela e, ainda, parte da parcela que per-
tence ao Paraguai, para abastecer as cidades e as 3. De acordo com José Goldemberg, a idéia de cons-
indústrias do Centro-Sul de seu território. O Pa- truir usinas nucleares no Brasil se originou de um pro-
raguai conta quase que exclusivamente com esta jeto megalomaníaco do governo militar que visava
usina para suprir sua demanda por eletricidade. substituir em grande escala a energia hidrelétrica pela
b) Ao proclamar que “a natureza está do nosso lado”, energia nuclear. A história recente da eletricidade bra-
a mensagem se refere ao fato de que, devido ao sileira mostrou o equívoco deste projeto.
regime climático que predomina na área da bacia, a 4. José Goldemberg defende a expansão da oferta de
vazão do rio Paraná é mais estável do que a do rio eletricidade a partir da construção de novas usinas
Yang-tse, o que permite uma menor oscilação na hidrelétricas, da utilização da biomassa e da opção
quantidade de energia produzida ao longo do ano. termelétrica, com a construção de usinas movidas
Mas a mensagem fornece uma explicação suple- tanto pelo gás natural boliviano quanto pelo gás
mentar para a estabilidade do rio Paraná, que não produzido no Brasil.
tem nenhum condicionante natural: as diversas bar-
ragens construídas a montante de Itaipu, que regu- 5. Resposta pessoal.
larizam artificialmente a vazão do rio.
63
02_Manual atividades.11 63 7/8/05, 4:00 PM
conjunto das cadeias produtivas alimentadas pela b) A produtividade da terra é maior no Mato Grosso
agropecuária, o que inclui diversos setores industri- do que no Paraná ou no Rio Grande do Sul. Este
ais, além dos sistemas de estocagem e distribuição. fato tem relação com a elevada densidade técni-
Por isso, corresponde a uma parcela significativa- ca que caracteriza a agricultura de grãos no Cen-
mente maior do PIB. tro-Oeste, responsável pelo aumento significati-
vo do preço da terra na região registrado nos
2. e.
últimos decênios.
3. No Brasil, o setor agropecuário liberou força de tra- 9. Trata-se da técnica de cultivo em curvas de nível,
balho para os setores urbanos industriais; represen- também conhecida como terraceamento. Sua fun-
ta uma fatia importante do mercado das indústrias ção é diminuir o impacto das enxurradas tropicais
mecânicas; é fundamental para o equilíbrio da ba- sobre os solos, de modo a atenuar os processos ero-
lança comercial e fornece alimento a custos razoá- sivos e a evitar os prejuízos econômicos oriundos da
veis para as populações urbanas. Entretanto, os agri- perda de terras férteis.
cultores familiares e os trabalhadores rurais auferem
rendimentos médios muito baixos, e são pratica- 10. O texto revela os mecanismos pelos quais os com-
mente excluídos do mercado dos bens de consumo plexos agroindustriais subordinam a agricultura fa-
produzidos nas cidades. miliar. No exemplo em questão, os pequenos pro-
dutores cumprem o papel de fornecedores de
4. A concentração da produção agropecuária nos es- matérias-primas para uma grande empresa do se-
tados do Centro-Sul do país pode ser explicada pela
64
02_Manual atividades.11 64 7/8/05, 4:00 PM
2. O fenômeno das “fazendas dispersas” guarda rela- principais cidades do país e pelas aglomerações a
ções com a dispersão característica de determina- elas conurbadas. Tais estruturas deveriam confi-
dos setores industriais, que concentram suas unida- gurar como unidades de planejamento do desen-
des de pesquisa nos países desenvolvidos, mas volvimento urbano.
distribuem a fabricação e a montagem final de seus b) A criação das regiões metropolitanas, no início da
produtos em plantas industriais situadas em países década de 1970, representou o reconhecimento
que dispõem de menores custos de mão-de-obra. da importância social e territorial dos processos
3. O contrato de integração das empresas agroindus- de conurbação que se realizavam em torno das
triais que operam na Região Sul com os agricultores principais metrópoles do país.
familiares exemplifica esta “dupla dependência”: de 6. b.
acordo com ele, a agroindústria é a fonte dos insu-
mos e o destino da produção. O capítulo no contexto
7. a) O gráfico da questão exemplifica, na escala esta-
dual, o processo de urbanização regional retrata-
■ Capítulo 14 do no gráfico que aparece no capítulo. Em ter-
Urbanização e redes urbanas mos gerais, eles mostram que a urbanização
começou antes e foi mais intensa no Sudeste.
Também mostram que a urbanização do Centro-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
65
02_Manual atividades.11 65 7/8/05, 4:00 PM
metrópoles do Centro-Sul e do Nordeste sobre vas- rém, o eixo viário representado pela Rodovia Belém-
tas áreas amazônicas. Brasília também abriga diversos núcleos urbanos.
9. a) Há um desnível crescente na capacidade de pola- 2. Nos estados de Rondônia, Mato Grosso do Sul, To-
rização das duas principais metrópoles brasileiras. cantins e Goiás, a maioria dos núcleos urbanos está
A influência de São Paulo, que já era hegemôni- localizada ao longo dos eixos viários.
ca, ganhou novo impulso com a aceleração dos
fluxos associados à globalização e difunde-se in- 3. No primeiro caso, desde a colonização o povoa-
tensamente por todas as regiões do país. A in- mento foi atraído pelo eixo de comunicação na-
fluência do Rio de Janeiro, por sua vez, foi atin- tural do Vale do Rio Amazonas e de seus tributá-
gida negativamente pela privatização de rios. Desde a segunda metade do século XX,
empresas estatais que mantinham suas sedes na porém, com a construção da Belém-Brasília, o
antiga capital. A centralização do mercado acio- Pará conhece um processo de urbanização inédi-
nário brasileiro em São Paulo reforça ainda mais to para os padrões regionais, estruturado em tor-
este desnível. no de um eixo viário que atravessa extensas áreas
florestadas. No segundo caso, a expansão acele-
b) As cidades globais são centros nodais das finan- rada dos núcleos urbanos está relacionada com a
ças internacionais, do comércio mundializado, dos construção dos grandes eixos viários de integra-
serviços internacionais de consultoria especializa- ção nacional – em especial as rodovias Belém-Bra-
da e das instituições públicas multilaterais. Na sília e Cuiabá-Porto Velho.
66
02_Manual atividades.11 66 7/8/05, 4:00 PM
as condições políticas que propiciaram a criação
■ Capítulo 15 do Mercosul.
Comércio exterior e integração sul-americana b) A globalização econômica e os processos de aber-
tura comercial no Brasil e na Argentina formaram
as condições econômicas que propiciaram a cria-
ATIVIDADES ção do Mercosul.
67
02_Manual atividades.11 67 7/8/05, 4:00 PM
ção acentuada dos preços do petróleo no mer- validade, que durante muito tempo marcou as rela-
cado mundial. ções entre os vizinhos.
b) Entre as principais mudanças do período 1993- 2. Ao afirmar que as fronteiras entre os países do Mer-
2003 destacam-se a redução relativa do inter- cosul não são “naturais”, o texto não está sugerin-
câmbio comercial com os países do Mercosul e o do que existam fronteiras políticas naturais. Está
significativo aumento do intercâmbio com a Ásia. apenas salientando que essas fronteiras não foram
O primeiro fenômeno resultou da crise financeira traçadas com base em nítidos acidentes geográficos
e econômica da Argentina em 2000 e 2001. O como o curso de grandes rios ou as cristas de cadei-
segundo, da emergência da China como grande as montanhosas.
ator no cenário comercial global.
3. A frase de síntese pretende enfatizar o contraste en-
11. a) A espinha dorsal da integração viária entre os dois tre o poder econômico dos Estados Unidos e o dos
países é a Estrada de Ferro Brasil-Bolívia. Sua im- países latino-americanos, individualmente conside-
portância regional tende a aumentar em virtude rados. No fundo, do ponto de vista dos países lati-
do tratado comercial firmado entre o Mercosul e no-americanos, o atrativo potencial da Alca é, es-
a Comunidade Andina. sencialmente, a oportunidade de acesso facilitado ao
b) O gasoduto propicia a instalação de usinas ter- imenso mercado consumidor dos Estados Unidos.
melétricas nas suas proximidades. A energia ge- 4. O poder sem igual dos Estados Unidos confere uma
rada, por sua vez, contribui para a implantação óbvia dimensão geopolítica ao projeto da Alca. A
TEXTO COMPLEMENTAR
ATIVIDADES
Dialogando com o texto
1. Segundo Celso Lafer, o Mercosul é destino, pois o Revendo o capítulo
tratado de integração é o elemento central da aliança 1. O espaço exibe menos heterogeneidade na esca-
estratégica entre o Brasil e a Argentina. Essa alian- la das microrregiões. A microrregião é a menor
ça estratégica representou a inversão da antiga ri- unidade de divisão regional oficial do Brasil,
68
02_Manual atividades.11 68 7/8/05, 4:00 PM
abrangendo apenas um pequeno conjunto de paços organizados sob a lógica de divisões do
municípios. Sua dimensão a torna menos hetero- trabalho anteriores à revolução tecnocientífica.
gênea, sob os pontos de vista físico e humano, 7. a) As informações da tabela evidenciam que as prin-
que as mesorregiões e macrorregiões. cipais empresas estatais atuavam na produção de
2. a. bens de produção e bens intermediários (minera-
ção, siderurgia) e no setor de infra-estrutura (ele-
3. a) A Região Concentrada, tal como proposta por tricidade, telecomunicações).
Milton Santos, abrange as regiões Sudeste e Sul.
b) O programa de desestatização foi acompanhado
b) A Região Concentrada distingue-se do restante pela criação de agências de regulamento e fisca-
do país pela densidade de objetos e infra-estru- lização das empresas privadas que se tornaram
turas geradas pela revolução tecnocientífica e concessionárias de serviços públicos. A Agência
informacional e pelos fluxos baseados nesses Nacional de Telecomunicações (Anatel), por
objetos e infra-estruturas. Na Região Concen- exemplo, tem a função de assegurar a concor-
trada, o meio tecnocientífico e informacional de- rência no setor de telefonia e o cumprimento dos
sempenha função definidora das características compromissos contratuais de qualidade e univer-
do espaço geográfico. salização dos serviços. A Agência Nacional de
4. a) Na região metropolitana de São Paulo, a indus- Energia Elétrica (Aneel) destina-se a supervisio-
trialização foi impulsionada por um conjunto de nar a geração e distribuição de eletricidade.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
69
02_Manual atividades.11 69 7/8/05, 4:00 PM
refletiu a tendência de se evitar as deseconomias serviços de consultoria. Outro exemplo são as ativi-
de aglomeração da metrópole paulistana, bus- dades bancárias.
cando custos de produção mais baixos, sem con-
3. São Paulo é uma “metrópole onipresente” no
tudo abandonar as vantagens de localização as-
território nacional pois concentra os centros de
sociadas à proximidade dos grandes mercados
decisão das grandes empresas industriais e finan-
consumidores do Sudeste.
ceiras e as empresas que atuam em serviços es-
b) O Vale do Paraíba, com fábricas de veículos im- pecializados, como grandes escritórios de advo-
plantadas em São José dos Campos (SP), Tauba- cacia e de consultoria.
té (SP) e Porto Real (RJ), configura uma dessas
novas localizações. A região metropolitana de 4. O capítulo discute a descentralização industrial recen-
Curitiba, com fábricas de veículos implantadas te e as transformações na economia do estado de São
em Curitiba (PR) e São José dos Pinhais (PR), é Paulo, que reforçou sua hegemonia no setor bancário
outra dessas novas localizações. e financeiro. Essas tendências podem ser entendidas
por meio da noção de concentração das atividades de
c) A única fábrica localizada fora da chamada Re-
comando e dispersão das atividades de produção.
gião Concentrada é a unidade da Ford em Ca-
maçari (BA). O padrão geral representado no
mapa revela a preferência por localizações na
Região Concentrada, mas fora das metrópoles de ■ Capítulo 17
São Paulo e do Rio de Janeiro.
70
02_Manual atividades.11 70 7/8/05, 4:00 PM
c) A sub-região do Sertão, uma vasta depressão 8. a) O Pólo Petroquímico de Camaçari foi um empre-
pontilhada por chapadas, é o domínio do semi- endimento financiado por capitais estatais e pri-
árido e da caatinga. Historicamente, seu espaço vados, que se beneficiaram de incentivos fiscais
organizou-se com base no latifúndio pecuarista, da Sudene. Sua implantação respondeu à estra-
muitas vezes associado à produção algodoeira. tégia de industrialização do Nordeste por meio
Nas últimas décadas, com a irrigação, surgiram da implantação de pólos de produção de bens in-
importantes pólos exportadores de frutas. termediários voltados para os mercados do Cen-
tro-Sul.
5. c.
b) A implantação de novas indústrias têxteis no Ce-
O capítulo no contexto ará reflete tendências mais amplas da globaliza-
ção da economia. Os investimentos destinam-se
6. a) Do ponto de vista do meio natural, o “Nordeste a extrair o máximo de benefícios da vantagem
açucareiro” estruturou-se nas planícies e tabulei- comparativa regional representada pelos baixos
ros litorâneos do Nordeste oriental. Essa faixa ca- custos da força de trabalho. Os incentivos fiscais,
racteriza-se por precipitações abundantes, con- as políticas industriais do governo estadual e a
centradas no outono e inverno. No passado, adoção de sistemas flexíveis de organização do
esteve recoberta pela Mata Atlântica. O “Nor- trabalho funcionaram como ingredientes decisi-
deste algodoeiro-pecuarista”, por sua vez, estru- vos na estratégia das empresas.
turou-se no semi-árido nordestino, ou seja, nas
9. O Vale do Jequitinhonha mineiro foi incluído na
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
7. a) Segundo o diagnóstico do Dnocs, a pobreza nor- 1. Na área irrigada indicada no mapa desenvolve-se o
destina decorria do fenômeno natural das secas. cultivo de frutas tropicais para exportação.
Com base nesse diagnóstico, a solução seria a
2. No semi-árido nordestino predomina a pecuária ex-
construção de obras hidráulicas, principalmente
tensiva tradicional. O Vale do Açu distingue-se tan-
açudes, que pudessem reter, por longos períodos,
to pela atividade econômica (o cultivo de frutas tro-
a água das chuvas.
picais para exportação) quanto pelas técnicas
b) A passagem citada constitui uma crítica à linha modernas utilizadas no cultivo e comercialização dos
oficial do Dnocs pois o autor revela uma visão produtos.
ecológica mais abrangente sobre o semi-árido.
3. As rodovias viabilizam o pólo de fruticultura do Vale
Na sua visão, os setores de planejamento deveri-
do Açu, pois asseguram o transporte dos produtos
am preocupar-se com a proteção da cobertura
até os portos exportadores.
vegetal e dos solos, ameaçados pela devastação.
c) Denomina-se “indústria da seca” aos mecanis-
mos de desvio de recursos públicos para as oli- TEXTOS COMPLEMENTARES
garquias nordestinas, a título de combate às se-
cas. As obras hidráulicas e as estradas financiadas Dialogando com os textos
por recursos federais funcionaram como instru- 1. O texto 1 expressa posição contrária à transposi-
mentos de valorização do latifúndio sertanejo, ção, pois o rio São Francisco não teria água sufici-
onde em geral foram construídas. Manipuladas ente para atender às novas demandas e porque o
pelos “coronéis do Sertão”, as verbas destinadas projeto estaria destinado a expandir o agronegó-
ao combate às secas engordaram o patrimônio cio no Sertão nordestino, provocando degradação
de particulares e contribuíram para as carreiras ambiental. Segundo esse texto, a solução adequa-
políticas dos poderosos locais. da para aumentar a oferta de água no semi-árido é
71
02_Manual atividades.11 71 7/8/05, 4:00 PM
a multiplicação de cisternas familiares que rete- postos e bases do Exército e da Aeronáutica
nham as águas da chuva para o consumo humano numa faixa de cerca de 150 quilômetros adjacen-
e para os animais. te às fronteiras setentrionais, desde Oiapoque
(AP) até Tabatinga (AM).
2. Segundo o texto 2, o projeto não gera impactos am-
bientais desfavoráveis de grande monta, pois o vo- b) O Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam)
lume de água submetido à transposição seria muito tem como objetivos principais o controle do trá-
pequeno e porque o período de maior demanda de fego aéreo, a fiscalização de fronteiras, o moni-
água no semi-árido coincide com a estação das chu- toramento de queimadas, o desflorestamento, os
vas nas cabeceiras do São Francisco. garimpos ilegais e o mapeamento de recursos
naturais, por meio de uma rede integrada de sen-
3. O debate sobre a transposição das águas do rio São soriamento remoto e telecomunicações que
Francisco não se circunscreve a aspectos técnicos. abrange a maior parte da Amazônia Legal.
Trata-se de um debate de cunho político. Os de-
fensores do projeto enfatizam a carência de água O capítulo no contexto
para explicar a pobreza do semi-árido. Aqueles que 6. a) Os padrões tradicionais de ocupação do espa-
a ele se opõem argumentam que a pobreza deriva ço geográfico na Amazônia estruturaram-se em
da estrutura de propriedade da terra, interpretam torno da pequena agricultura de várzea, asso-
a transposição como estímulo ao agronegócio e in- ciada à pesca e à coleta florestal, e da circula-
sistem em políticas de fomento à pequena agricul- ção pelas vias fluviais formadas por rios e iga-
72
02_Manual atividades.11 72 7/8/05, 4:00 PM
gerando renda e empregos e dinamizando um 3. A autora do texto 2, pelo contrário, defende a idéia de
conjunto de atividades do setor terciário. Seu que o extrativismo possa funcionar como eixo de um
fundamento é a preservação das paisagens e dos redirecionamento da economia amazônica, baseado
ambientes da região. no conceito de desenvolvimento sustentável. Ela afir-
ma que uma prioridade é “garantir o controle do aces-
10. As palafitas, que são favelas erguidas sobre rios ou
so aos recursos naturais por seus usuários, asseguran-
igarapés, refletem o inchaço das cidades amazôni-
do assim os direitos dos trabalhadores da floresta”, o
cas e o caráter desordenado do crescimento urba-
que revela a visão de uma economia extrativista mo-
no na região. A Vila de Carajás é uma company-
derna, mas baseada na pequena produção local.
town, ou seja, um núcleo urbano planejado,
erguido por uma empresa e destinado a abrigar a
mão-de-obra permanente empregada no projeto
mineral. As duas formas de urbanização derivam ■ Capítulo 19
dos processos de modernização da economia ama-
Desigualdades sociais e pobreza
zônica, que se realiza sob o signo da exploração
empresarial dos recursos naturais e à margem de
qualquer planejamento orientado para o desenvol- Revendo o capítulo
vimento sustentável. 1. a) Os 20% mais ricos apropriavam-se, em 2000, de
68% da renda total.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
73
02_Manual atividades.11 73 7/8/05, 4:00 PM
dos processos combinados de urbanização e in- per capita média de brancos e negros no interior de
dustrialização, que provocaram uma nítida distin- cada unidade da federação e, por isso, não autori-
ção entre os rendimentos dos trabalhadores urba- zam conclusões sobre a distribuição de renda nesses
nos qualificados e não-qualificados. grupos populacionais. Além disso, os mapas permi-
6. d. tem concluir que existem fortes diferenças de renda
per capita média entre brancos e negros no interior
7. A Região Nordeste é a de maior incidência da pobre- de cada unidade da federação.
za no Brasil, em conseqüência de suas estruturas eco-
2. Os mapas evidenciam a forte desigualdade de ren-
nômicas históricas, marcadas pelo contraste entre o
da no Brasil, sob o ponto de vista regional e estadu-
latifúndio e o minifúndio e agravadas pelo processo
al. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e o
excludente de desenvolvimento industrial iniciado em
Distrito Federal, apresentam níveis de renda per ca-
meados do século XX. A Região Sul, ao contrário, é a
pita superiores ao do restante do país, para brancos
de menor incidência de pobreza, em virtude da for-
e negros. O Sudeste e o Centro-Oeste apresentam
mação de um mercado consumidor regional que se
níveis de renda per capita superiores aos do Norte e
apoiou sobre uma estrutura agrária de pequenas pro-
Nordeste, para brancos e negros.
priedades familiares e uma industrialização largamen-
te sustentada por capitais regionais. 3. São Paulo e Rio de Janeiro situam-se na mais alta clas-
se de renda per capita nos dois mapas, pois são as
8. O senador José Sarney sugere que, apesar de ser apon- unidades da federação que concentram as maiores e
tado pelas estatísticas nacionais e internacionais como
74
02_Manual atividades.11 74 7/8/05, 4:00 PM
ral e intensificação das tensões no campo e dos
■ Capítulo 20 conflitos fundiários.
A questão fundiária 7. a) Grileiros são os agentes dos grandes proprietários
fundiários que se dedicam a legalizar a proprieda-
de sobre as terras apossadas ilegalmente. A falsifi-
ATIVIDADES cação de títulos de propriedade da terra, pela via
da corrupção de funcionários cartoriais, é um de
Revendo o capítulo seus principais instrumentos de atuação. Possei-
ros são camponeses que detêm a posse real, mas
1. a) Na raiz desse fenômeno encontra-se a crise da
não a propriedade legal da terra que cultivam.
agricultura familiar, que sofre os efeitos da con-
corrência globalizada, da subordinação aos oligo- b) Os métodos utilizados pelo MST são variados e
pólios industriais e agroindustriais e da sucção de abrangem a realização de acampamentos de tra-
recursos pelo sistema financeiro. Uma das razões balhadores sem-terra às margens de rodovias, a
dessa crise é a redução dos subsídios agrícolas ve- ocupação de terras reivindicadas para reforma
rificada ao longo da década de 1990. agrária e manifestações públicas nas cidades.
8. O tamanho dos estabelecimentos rurais está relaci-
b) A crise da agricultura familiar gera êxodo rural, in-
onado às formas de uso da terra. A proporção de
chaço das periferias urbanas e aumento da quan-
terras utilizadas para lavouras permanentes ou tem-
tidade de trabalhadores sem terra no campo.
porárias diminui dos pequenos para os grandes es-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2. A tabela revela que as regiões Sudeste e Centro- tabelecimentos. A parte das terras utilizadas para
Oeste exibem participação da agricultura familiar na pastagens naturais ou plantadas é menor nos pe-
produção agrícola regional significativamente me- quenos estabelecimentos e maior nos estabeleci-
nor que as demais. mentos médios. A proporção de terras com matas
Esse fenômeno resulta da difusão maior da agricultura aumenta dos pequenos para os grandes estabeleci-
patronal empresarial no Sudeste e no Centro-Oeste. mentos. O reflorestamento empresarial é o uso da
terra característico dos grandes estabelecimentos.
3. a) A canção retrata o processo de êxodo rural que
se desenrola aceleradamente no Brasil desde a 9. a) A instalação de empresas de telecomunicações e
década de 1930. alta tecnologia absorveu parcela significativa da
mão-de-obra não-especializada, gerando carên-
b) A transferência de mão-de-obra da agropecuária cia de força de trabalho nas lavouras de café.
para a indústria e os serviços é a causa principal
b) O relevo montanhoso da região limita as possibi-
do êxodo rural. Essa transferência, em ritmo ace-
lidades de mecanização das lavouras. Por isso,
lerado, está associada à modernização técnica da
dada a carência de mão-de-obra não-especializa-
agropecuária e à concentração fundiária.
da, os fazendeiros de café recorrem ao antigo sis-
4. e. 5. d. tema da parceria.
c) A queda dos preços do café no mercado internacio-
O capítulo no contexto nal tende a suprimir os produtores menores, abrindo
6. a) O texto esclarece como o apossamento de terras caminho para a aquisição dos sítios pelos fazendei-
na Primeira República contribuiu para acentuar a ros e provocando, portanto, concentração fundiária.
concentração fundiária. Os posseiros-fazendeiros
dispunham de recursos para assegurar o controle
TRABALHANDO COM MAPAS
sobre as terras que ocupavam. Por outro lado, os
pequenos posseiros, carentes desses recursos, 1. A elevada participação de estabelecimentos rurais
acabavam perdendo a posse das terras. com menos de 10 hectares no Maranhão, no Ceará
b) A “fronteira aberta” funcionou como válvula de e na Bahia reflete a sobrevivência de extensas áreas
escape para as tensões sociais, ao possibilitar o de agricultura tradicional, voltada essencialmente
estabelecimento dos trabalhadores pobres do para o autoconsumo, nesses estados. O binômio la-
campo em novas terras, como posseiros. tifúndio-minifúndio, característico da agricultura tra-
dicional no Brasil, continua a marcar a estrutura fun-
c) O padrão de expansão contínua da fronteira agrí-
diária da maior parte do Nordeste.
cola entrou em esgotamento na década de 1980.
A fronteira agrícola, durante décadas, recebeu 2. A elevada participação de estabelecimentos rurais
parte dos excedentes demográficos gerados pela com mais de 2.000 hectares no Mato Grosso e no
modernização agrícola. O “fechamento” da Mato Grosso do Sul reflete as formas de ocupação
fronteira agrícola provoca aumento do êxodo ru- do meio rural em grande parte do Centro-Oeste.
75
02_Manual atividades.11 75 7/8/05, 4:00 PM
Os latifúndios de pecuária extensiva continuam a ATIVIDADES
marcar a paisagem regional, ao lado de extensas fa-
zendas modernas de grãos, especialmente soja. Revendo o capítulo
1. O capitalismo industrial estruturou, na segunda me-
tade do século XIX, uma divisão internacional do tra-
TEXTOS COMPLEMENTARES
balho baseada no intercâmbio de produtos industri-
Dialogando com os textos ais da Europa e dos Estados Unidos por gêneros
tropicais e matérias-primas do resto do mundo. É
1. O texto de João Pedro Stédile propõe a desapropri- nessa moldura que se registra a expansão acelerada
ação de “todos os latifúndios existentes” e o esta- da produção de gêneros tropicais de exportação na
belecimento de “um tamanho máximo da proprie- América Latina, Ásia e África.
dade da terra”. Essas propostas configuram um
projeto de mudança radical das estruturas fundiária 2. c.
e agrária no Brasil, com a virtual extinção da grande
3. e.
agricultura patronal.
4. A aceleração do processo de centralização de capi-
2. O texto de José Eli da Veiga defende a agricultura
familiar, pois ela tem alto potencial de geração de tais, na década de 1990, foi impulsionada pelo acir-
empregos e seu estímulo tem efeitos positivos sobre ramento da concorrência em escala global, em vir-
os padrões gerais de distribuição da renda nacional. tude da tendência à liberalização dos mercados
76
02_Manual atividades.11 76 7/8/05, 4:00 PM
b) As empresas transnacionais não funcionam, real- valores, as grandes companhias de comércio exteri-
mente, como “ilhas sem pátria”. Elas têm sede or, as principais empresas de serviços jurídicos e fi-
em determinado país, onde geralmente mantêm nanceiros internacionais e as organizações multila-
a maior parte de seu patrimônio e recrutam seus terais como a ONU, o FMI e o Banco Mundial.
principais executivos. Em muitos casos, essas em- Nessas cidades são tomadas decisões capazes de
presas mantêm estreitas relações com o governo afetar a organização de territórios em escala macror-
do país onde fica sua sede. regional, continental ou mundial.
8. Centralização de capital é o processo de expansão 2. As cidades mundiais, devido às funções que de-
dos recursos controlados por um grupo empresarial sempenham na economia internacional, são pó-
por meio de fusões com outros grupos ou aquisi-
los de fluxos de tráfego aéreo muito intensos, pois
ções de outras empresas. O conglomerado suíço
elas figuram como destinos privilegiados das via-
Nestlé ilustra esse processo. Por meio de inúmeras
gens de negócios.
aquisições, retratadas na figura, configurou-se o
atual conglomerado mundial. 3. O mapa mostra que Nova York, Londres e Tóquio,
as mais importantes cidades mundiais, são os maio-
9. a) As maiores dívidas externas do mundo são as do
res pólos de fluxos de tráfego aéreo no mundo.
Brasil, da Rússia, do México, da China, da Indo-
nésia e da Argentina. 4. A África abriga apenas dois pólos destacados de trá-
b) Os desembolsos anuais com juros e taxas de ris- fego aéreo: Cairo, no Egito, e Johannesburgo, na
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
co funcionam como sorvedouro de recursos em África do Sul. A comparação com os outros conti-
moedas fortes conseguidos através das exporta- nentes revela que a África está fracamente conecta-
ções de mercadorias. O chamado “serviço da dí- da à economia global.
vida” absorve, em alguns países devedores, par-
cela significativa das divisas obtidas com as
exportações. Ele impõe a necessidade de esses TEXTO COMPLEMENTAR
países alcançarem elevados saldos comerciais po-
sitivos ou de atrair capitais financeiros de curto Dialogando com o texto
prazo, através da manutenção de altas taxas de 1. Durante o primeiro ciclo, nos anos 1970, os chama-
juros internos. Assim, a dívida externa orienta as dos “petrodólares” foram reciclados através dos
economias dos grandes devedores, reproduzindo grandes bancos privados internacionais, ampliando
a dependência financeira. brutalmente a oferta de capitais de empréstimo.
10. No contexto da revolução tecnocientífica e informa- Durante o segundo ciclo, nos anos 1980 e 1990, os
cional, desenvolvimento é o controle sobre imensos mercados de capitais desregulamentados funciona-
volumes de capital e sobre as tecnologias que dinami- ram como veículos para os investimentos financei-
zam as indústrias de ponta. A magnitude dos investi- ros nos países subdesenvolvidos.
mentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico é
2. Os capitais gerados pelos “choques de preços” do
um importante indício do grau de desenvolvimento
petróleo, nos anos 1970, foram a base financeira
das economias nacionais. Os países subdesenvolvi-
dos empréstimos bancários aos países subdesenvol-
dos, carentes de capital, dependem de fluxos de ca-
vidos. Esses empréstimos ampliaram brutalmente as
pitais externos e das tecnologias controladas por em-
dívidas externas dos países asiáticos, latino-ameri-
presas estrangeiras.
canos, africanos e do Leste europeu.
11. Nova York é uma das principais cidades mundiais,
3. A chamada “crise das dívidas externas” foi defla-
ou cidades globais, do planeta em grande parte de-
vido ao papel que desempenha como centro finan- grada pela elevação dos juros nos Estados Unidos,
ceiro mundial. Como revela a tabela, as empresas no início da década de 1980. Os altos juros norte-
financeiras sediadas em Nova York possuem ativos americanos repercutiram sobre os juros internacio-
muito superiores aos ativos somados das empresas nais, ampliando o estoque das dívidas dos países
financeiras sediadas nos demais centros de finanças subdesenvolvidos.
dos Estados Unidos. 4. A globalização dos mercados financeiros não teria
sido possível sem a “revolução da informação”. A
evolução das telecomunicações e da informática
TRABALHANDO COM MAPAS gerou os meios técnicos para a integração dos mer-
1. Cidades mundiais são os centros onde se situam as cados financeiros nacionais e para a intensificação
sedes das corporações transnacionais, as bolsas de dos fluxos globais de capitais financeiros.
77
02_Manual atividades.11 77 7/8/05, 4:00 PM
7. a) Estados Unidos: população nascida no exterior (%)
■ Capítulo 22
Os Estados Unidos e o “Hemisfério Americano” %
15
12
ATIVIDADES
9
Revendo o capítulo 6
78
02_Manual atividades.11 78 7/8/05, 4:00 PM
participação nas importações da Argentina. A tos do New Deal em infra-estruturas nos estados do
União Européia e os Estados Unidos aumenta- Sul, na década de 1930, e a descentralização estratégi-
ram discretamente suas participações nas impor- ca da indústria bélica rumo ao Oeste, no pós-guerra.
tações do Brasil.
3. No pós-guerra, a força dos sindicatos reduziu-se
b) A implementação da Alca provavelmente provo- sem cessar em função do declínio da participação
caria um aumento significativo da participação dos da indústria no emprego total e das tendências de
Estados Unidos nas importações das duas maiores desconcentração espacial da indústria, que reduzi-
economias do Cone Sul, à custa da participação ram o predomínio das antigas concentrações indus-
da União Européia. Isso porque ocorreria a redu- triais do Manufacturing Belt, onde se situam as prin-
ção ou a eliminação de tarifas de importação de cipais organizações sindicais do país.
produtos norte-americanos, o que aumentaria sua
competitividade frente aos produtos europeus. 4. As cidades do Nordeste conservam importante poder
econômico e político porque funcionam como cen-
tros financeiros ou sedes das grandes corporações
TRABALHANDO COM MAPAS empresariais dos setores industrial e de serviços.
1. O mapa representa os principais eixos de entrada
de imigrantes mexicanos nos Estados Unidos e as
áreas de origem e destino desses imigrantes.
■ Capítulo 23
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2. O Sudoeste dos Estados Unidos configura uma faixa União Européia e CEI
de fronteira cultural, pois a população de origem me-
xicana representa quase um quinto da população to-
tal dos estados dessa parte do país. Isso significa que ATIVIDADES
a língua espanhola e a cultura mexicana em geral
marcam fortemente essa região norte-americana. Revendo o capítulo
1. a) Mercado comum é o bloco econômico caracteri-
3. O fenômeno representado no mapa esclarece um
zado pela livre circulação de bens, pessoas e ca-
dos motivos principais da decisão norte-americana
pitais. Na união econômica e monetária, além
de criar o Nafta. O Acordo de Livre Comércio foi
dessas características, os Estados partilham uma
imaginado como um instrumento de integração
moeda comum, emitida por um banco central
mais forte entre as economias dos dois países, de
comunitário.
modo a gerar empregos no México e reduzir as
pressões migratórias em direção aos Estados Unidos. b) Tratado da CECA (1951), Tratado de Roma
(1957), Tratado de Maastricht (1992).
4. A caracterização do fenômeno como uma “reo-
cupação” territorial remete à anexação, pelos 2. a) Jean Monnet usava a expressão “Estados Unidos
Estados Unidos, da área que forma seu atual Su- da Europa” para fazer referência ao processo
doeste, em meados do século XIX. Mas essa ca- contínuo de fusão de soberanias que conduziria
racterização não é adequada, pois a significativa a uma Europa federal.
presença de populações de origem mexicana em b) O euro não está transformando a União Européia
nada altera a soberania norte-americana nessa num super-Estado, pois os Estados nacionais con-
parte dos Estados Unidos. tinuam controlando, soberanamente, suas forças
armadas e conservam constituições próprias.
3. e. 4. a. 5. d.
TEXTO COMPLEMENTAR
79
02_Manual atividades.11 79 7/8/05, 4:00 PM
Alemanha Ocidental e a França, ao colocar o con- Na Rússia européia encontra-se também a maior
trole sobre a moeda e a política monetária nas mãos parte das grandes cidades do país.
de um banco central comunitário supranacional.
2. O corredor de densidades demográficas maiores
7. a) A faixa de custos mais elevados compreende Ale- que se estende de Moscou a Novosibirsk e depois
manha, Suécia, Grã-Bretanha, França e Itália. A prossegue, em trechos de densidades médias, até o
faixa de custos intermediários compreende Espa- Oceano Pacífico, corresponde à faixa sob a influên-
nha, Grécia e Portugal. A faixa de custos mais cia da Ferrovia Transiberiana. Ao longo da ferrovia,
baixos compreende Polônia, República Tcheca, implantaram-se pólos industriais e surgiram impor-
Hungria e Eslováquia. tantes centros urbanos.
b) Essas diferenças têm origem histórica. Na faixa
de custos mais elevados encontram-se as potên- 3. As baixas densidades demográficas que dominam a
cias econômicas industriais. Na faixa de custos Rússia setentrional refletem as condições climáticas
intermediários encontram-se os países da Euro- e ecológicas da zona subártica. O frio intenso, o
pa mediterrânica que conservam áreas econô- congelamento sazonal dos rios e mares e a camada
micas significativas baseadas na agropecuária de permafrost que limita o uso agrícola dos solos
tradicional. Os países com custos menores são explicam o fraco povoamento dessa zona.
integrantes recentes do bloco europeu, cujas
economias transitaram há poucos anos para o
sistema de livre mercado, abandonando o mo- TEXTO COMPLEMENTAR
11. A Chechênia, como outras repúblicas russas da re- 5. O carvão e o aço desempenhavam um papel signifi-
gião do Cáucaso, é habitada majoritariamente por cativo nas relações internacionais, pois a siderurgia
muçulmanos. A bandeira da independência da Che- era considerada, na época, uma indústria estratégi-
chênia expressa, ao menos em parte, a oposição de ca. Além de fornecer bens intermediários a outras
lideranças políticas regionais ao poder russo, que é indústrias, ela também fornecia o aço usado em tan-
identificado com o cristianismo. ques, blindados, navios militares e canhões.
80
02_Manual atividades.11 80 7/8/05, 4:00 PM
b) Os gráficos revelam a grande importância dos
fluxos de comércio intra-asiáticos, principalmen-
■ Capítulo 24
te nos casos da China e da Coréia do Sul, mas
A Bacia do Pacífico
também no caso do Japão. Eles evidenciam que
esses fluxos, tomados em conjunto, são maiores
que os fluxos com os Estados Unidos e muito
ATIVIDADES
maiores que os fluxos com a União Européia.
Revendo o capítulo 8. a) Hong Kong e Cingapura são cidades-Estado, exi-
1. c. 2. a. bindo áreas e populações muito menores que as
dos demais NPIs.
3. a) A expressão “toyotismo” identifica um sistema
de trabalho flexível, baseado em pequenas equi- b) A Indonésia é o mais populoso entre os NPIs, e
pes de operários, na radical redução de estoques também o mais pobre, o que se evidencia por seu
por meio de sofisticadas técnicas de logística e na PIB per capita, significativamente menor que os
extensão da automação produtiva. dos demais países.
b) O “fordismo” surgiu no início do século XX, en- c) O setor da eletrônica e informática desempe-
quanto o “toyotismo” foi elaborado a partir da dé- nha um papel crucial na indústria dos NPIs e
cada de 1970, associando-se à revolução tecnoci- nas suas relações com a economia global. Uma
entífica. No “fordismo”, a mão-de-obra organiza-se parcela significativa dos investimentos em ele-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de modo rígido, segundo a lógica das linhas de mon- trônica e informática provém do Japão. A mai-
tagem e a produção é padronizada e serializada. No or parte da produção destina-se ao mercado
“toyotismo” a automação domina os processos pro- dos Estados Unidos.
dutivos e as mercadorias são customizadas.
9. a)
4. O modelo de plataforma de exportação baseia-se em
políticas públicas destinadas a ampliar as exportações
de bens manufaturados. A manutenção de uma taxa Fontes dos investimentos
de câmbio subvalorizada assegura a competitividade externos diretos na China (%)
dos produtos de exportação no mercado mundial. O
investimento em educação técnica garante a oferta 1995 2000
de mão-de-obra qualificada. Ao mesmo tempo, a le-
gislação trabalhista assegura às empresas que os cus- Hong Kong 54,5 39,0
tos de contratação de mão-de-obra permaneçam re-
lativamente baixos. Nesse modelo, as demandas do Taiwan 8,5 5,6
mercado mundial, não as do mercado interno, orien-
tam os investimentos e o crescimento econômico. Cingapura 5,1 5,4
5. c.
Japão 8,2 7,1
O capítulo no contexto
6. a) O Estado japonês que emergiu da Restauração Coréia do Sul 2,7 3,7
Meiji era militarista e expansionista. A terrível der-
rota na Segunda Guerra Mundial, concluída pelos Total Bacia do Pacífico 79,0 60,8
bombardeios nucleares, provocou uma reinvenção
política do Japão. Essa reinvenção expressou-se na Estados Unidos 8,2 10,8
Constituição pacifista adotada no pós-guerra.
b) O Japão não construiu seu próprio arsenal nucle- Reino Unido 2,4 2,9
ar devido à proibição constitucional, à ampla
oposição da opinião pública interna e ao acordo Alemanha 1,1 2,4
de defesa militar firmado com os Estados Unidos
no pós-guerra. Outros 9,3 23,1
7. a) Os gráficos revelam que os Estados Unidos são o
maior cliente do Japão, da China e da Coréia do Total geral 100,0 100,0
Sul, adquirindo entre um quinto e um quarto de Fonte: Statistical Yearbook of China, 2002. Disponível em:
suas exportações. <www.stats.gov.cn>. Acesso em: 12 jun. 2004.
81
02_Manual atividades.11 81 7/8/05, 4:00 PM
b) Entre 1995 e 2000, a participação dos países da TEXTO COMPLEMENTAR
Bacia do Pacífico nos investimentos externos na
China diminuiu significativamente, em virtude, Dialogando com o texto
sobretudo, da queda da participação dos investi-
1. A conclusão inicial não é referendada pelo resto do
mentos oriundos de Hong Kong. Assim, embora
texto. Ao contrário, a análise mais refinada dos da-
a Bacia do Pacífico e, em particular Hong Kong,
dos mostra que, com a globalização, apenas alguns
tenha conservado a posição de fonte da maior
parte dos investimentos externos, a China tor- poucos países subdesenvolvidos ampliaram sua par-
nou-se um destino de investimentos diretos pro- ticipação no comércio mundial.
venientes do mundo inteiro. 2. Os países asiáticos responsáveis por esse crescimen-
c) As empresas e os investidores da Bacia do Pacífi- to são a China e os NPIs.
co desempenharam um papel decisivo na aber-
3. A expansão da participação do México no comércio
tura da economia chinesa, como revelam os da-
mundial decorreu praticamente do salto do seu co-
dos da tabela. Uma parcela significativa desses
mércio com os Estados Unidos e o Canadá, provo-
investidores tem origem chinesa e atuam a partir
cado pela criação do Nafta. A China e os NPIs per-
de Hong Kong, Taiwan, Cingapura, Coréia do Sul
correram trajetória diferente, em função da
ou Malásia.
expansão do comércio intra-asiático. Assim, ao con-
10. A China e os “Tigres Asiáticos” figuram como trário do México, uma parcela significativa da ex-
82
02_Manual atividades.11 82 7/8/05, 4:00 PM
ATIVIDADES muito pequeno, em função da pobreza da popu-
lação rural. Em conseqüência, a urbanização e a
Revendo o capítulo industrialização desenvolveram-se de modo mui-
1. c. to limitado.
b) O IDH baseia-se em três grandes indicadores, aos quanto nos países subdesenvolvidos esse item res-
quais são atribuídos pesos iguais: a expectativa ponde pela maior parcela dos gastos familiares.
de vida; o nível de instrução, representado pela
taxa de alfabetização de adultos e pela taxa de b) As diferenças refletem as desigualdades na renda
escolarização; e o PIB per capita. das famílias. Nos países subdesenvolvidos, a ren-
da média reduzida das famílias é consumida prin-
c) O PIB per capita é a divisão da riqueza nacional
cipalmente nos itens de primeira necessidade.
pela população. O resultado é uma fração ideal,
Nos países desenvolvidos, as famílias têm renda
que não leva em conta que grande parte da ri-
disponível para consumo mais diversificado.
queza nacional é capital empresarial e que há for-
tes desigualdades na distribuição da renda famili- 10. a) As crises agudas de fome não se confundem com
ar. O IDH procura corrigir essas distorções, pela a subalimentação crônica. A fome aberta deriva
adição de indicadores vitais e sociais. da indisponibilidade absoluta de alimentos. A su-
5. Essas informações evidenciam que, ao contrário da balimentação não deriva da falta de comida, mas
Ásia meridional, a Ásia oriental percorreu uma traje- da carência de renda. A escassa renda disponível
tória de crescimento econômico que provocou uma é direcionada para necessidades inadiáveis, como
forte redução da pobreza absoluta e a melhoria real a aquisição de remédios, roupas, moradia ou
das condições de vida das populações. transporte para o trabalho.
83
02_Manual atividades.11 83 7/8/05, 4:00 PM
TRABALHANDO COM MAPAS 5. As iniciativas destinadas a elevar o estatuto social das
mulheres são elementos decisivos nas estratégias de
O fenômeno da pobreza absoluta apresentou combate à epidemia de Aids na África Subsaariana e
evoluções divergentes nas diversas regiões do mundo também em outros lugares do mundo. O acesso à
subdesenvolvido. A quantidade de pessoas que vivem educação e a possibilidade de conquista de indepen-
com menos de US$ 1 por dia foi radicalmente reduzi- dência financeira reduzem a prostituição feminina e
da na Ásia Oriental e Pacífico, o que é um reflexo dos aumentam as chances de que as mulheres exijam de
efeitos positivos do crescimento econômico da China seus parceiros sexuais o uso de preservativo.
e de vários outros países da região sobre as condições
de vida da população pobre. Na Ásia do Sul a quanti-
dade de pessoas que vivem com menos de US$ 1 por
dia reduziu-se muito pouco. Uma redução proporcio- ■ Capítulo 26
nalmente maior verificou-se na América Latina e Ca- A transição demográfica
ribe. Contudo, na África Subsaariana ocorreu forte
aumento da quantidade de pessoas que vivem com Revendo o capítulo
menos de US$ 1 por dia, como reflexo da combinação
1. A teoria malthusiana, surgida no contexto da tran-
entre fraco crescimento econômico e elevadas taxas
sição demográfica da maioria dos países europeus,
de incremento demográfico.
naturaliza a dinâmica demográfica das sociedades
e argumenta que a miséria e as doenças são meca-
84
02_Manual atividades.11 84 7/8/05, 4:00 PM
limites prescritos, negando-lhes o espaço e o ali- TRABALHANDO COM MAPAS
mento necessários ao crescimento ilimitado. No
1. De acordo com o mapa, as principais zonas de ex-
caso da humanidade, estas leis naturais se traduzi-
pulsão demográfica são o México, a América Cen-
riam na existência de miseráveis, aos quais a natu-
tral e o Caribe, o Peru e a Colômbia, a Bolívia e o
reza nega a satisfação das necessidades básicas.
Paraguai, a África do Norte, o Sahel, o Egito, a Tur-
Este raciocínio contesta a importância da cultura e
quia, o Indostão, a China, a Coréia do Sul e o Su-
da história como condicionantes de todas as ativi-
dades humanas, inclusive aquelas que dizem res- deste Asiático.
peito à procriação. 2. De acordo com o mapa, as principais zonas de atra-
7. O mapa revela que os países subdesenvolvidos vi- ção de movimentos migratórios são os Estados Uni-
vem em momentos diferentes da transição demo- dos, a Europa Ocidental, a África do Sul, os países
gráfica. Na América Latina, por exemplo, devido do Golfo Pérsico, a Austrália e a Nova Zelândia, o
à urbanização, as taxas de natalidade apresentam Japão e a Argentina.
sinais de decréscimo já há algumas décadas e a 3. O mapa revela que os Estados Unidos, o Canadá e a
transição demográfica se encontra em sua segun- União Européia formam os pólos de atração dos imi-
da fase; na África Subsaariana a tendência de de-
grantes qualificados, isto é, cientistas, pesquisado-
clínio da natalidade só começou a se manifestar
res, engenheiros e técnicos, que deixam principal-
na década de 1990, as taxas de crescimento na-
mente os países subdesenvolvidos da Ásia.
tural da população continuam sendo as mais ele-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
85
02_Manual atividades.11 85 7/8/05, 4:00 PM
O capítulo no contexto
■ Capítulo 27 6. a) A taxa de urbanização indica o ritmo de incre-
Urbanização e meio ambiente mento da população urbana. Os países desen-
volvidos apresentam vasta maioria de popula-
ção urbana, ao contrário da maior parte dos
ATIVIDADES países subdesenvolvidos. Justamente por isso,
o ritmo de incremento da sua população urba-
Revendo o capítulo na é, atualmente, menor que o dos países sub-
1. d. desenvolvidos.
2. Cidades globais são aquelas que funcionam como b) Os países mais pobres ainda apresentam maioria
intermediárias dos fluxos de mercadorias, capitais, de população rural. Essa população transfere-se
serviços e informações que impulsionam a globali- para as cidades em ritmo acelerado, sob o impul-
zação da economia, independente do número de so dos fatores do êxodo rural. Isso explica suas
habitantes que possuem. Megacidades são aglome- elevadas taxas de urbanização.
rações metropolitanas que abrigam mais de 10 mi- c) De modo geral, o nível de urbanização (isto é, a
lhões de habitantes. parcela de população urbana na população total)
é diretamente proporcional ao nível de desenvol-
3. O gráfico revela a tendência de crescimento das me- vimento econômico. Os países desenvolvidos
86
02_Manual atividades.11 86 7/8/05, 4:00 PM
Para os pobres, restam as áreas sujeitas aos mais di- tam o centro às periferias, não responde adequada-
versos riscos ambientais. Assim, não é por acaso que mente a essas necessidades.
eles são sempre os mais afetados pelos desastres 4. Uma primeira repercussão transparece na verticali-
ambientais que costumam acontecer nas grandes ci- zação de tradicionais bairros residenciais, que refle-
dades brasileiras. te a insegurança associada à residência unifamiliar.
10. a) A reciclagem dos resíduos sólidos possibilita que Uma segunda repercussão transparece na prolifera-
o lixo, em vez de se acumular no ambiente, seja ção de condomínios residenciais fechados, que
reintroduzido no circuito de produção e consu- “vendem” a segurança.
mo, de forma a diminuir tanto a demanda pelos
recursos quanto o volume de dejetos.
b) O vidro e os materiais plásticos podem ser reutili- UNIDADE 8
zados; o papel pode ser reciclado. Geopolíticas da globalização
■ Capítulo 28
TRABALHANDO COM MAPAS
Da Guerra Fria à “nova ordem mundial”
1. Evolução do fenômeno urbano nos países do Golfo
da Guiné;
ATIVIDADES
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
87
02_Manual atividades.11 87 7/8/05, 4:00 PM
O capítulo no contexto entre os séculos XVIII e XX. O Império Britânico
estabeleceu o poder de Londres sobre territó-
5. O conceito de sistema uni-multipolar proposto pelo
rios de todos os continentes, difundindo a língua
autor expressa a desconexão entre os fundamentos
inglesa por nações, colônias e possessões no mun-
econômicos e os fundamentos estratégicos da or-
do inteiro.
dem mundial pós-Guerra Fria. No plano econômi-
co, o cenário global é nitidamente multipolar. No 2. A difusão geográfica da língua portuguesa acompa-
plano estratégico, o cenário é unipolar, pois os Esta- nhou o colonialismo português. O Brasil, as antigas
dos Unidos ocupam o lugar de hiperpotência. colônias portuguesas na África e alguns pequenos
enclaves na Ásia tornaram-se, ao lado de Portugal,
6. O autor evidencia a fraqueza e as distorções no in-
tercâmbio cultural entre os Estados Unidos e o territórios onde o português é falado pela maioria
mundo árabe e muçulmano. As imagens caricatu- da população.
rais dos árabes e muçulmanos nos Estados Unidos 3. A difusão geográfica da língua russa acompanhou a
e as proibições de difusão de informações sobre os expansão territorial da Rússia. No Império Russo,
Estados Unidos impostas por regimes ditatoriais uma entidade política multinacional euro-asiática, o
árabes são responsáveis por essa deficiência no in- russo era a língua oficial.
tercâmbio cultural.
4. O ensino de espanhol em escolas brasileiras desti-
7. a) Os órgãos deliberativos máximos da ONU são a na-se, principalmente, a intensificar o intercâmbio
Assembléia Geral e o Conselho de Segurança. Na
88
02_Manual atividades.11 88 7/8/05, 4:00 PM
4. Segundo o texto, a política dos Estados Unidos governos dos países árabes e muçulmanos e se
no Oriente Médio baseia-se numa interpretação opõem à hegemonia ocidental. Esse programa de
histórica preconceituosa e procura introduzir re- ação política ocupou um lugar que, antes, per-
formas políticas e econômicas por meio da vio- tenceu ao pan-arabismo.
lência e da superioridade militar. Na avaliação do 7. O texto refere-se ao processo de erradicação da
texto, essa política tem como resultado “semear paisagem árabe e da sua substituição pela paisa-
o terreno no qual o fundamentalismo islâmico re- gem israelense na Palestina, ao longo da trajetória
cruta seguidores”. de criação e consolidação do Estado de Israel. No
plano político, esse processo acarretou o apareci-
mento de uma nação sem território, constituída
pelo povo palestino. No plano simbólico, represen-
■ Capítulo 29
tou a supressão de elementos cruciais da memória
O mundo muçulmano e o Oriente Médio palestina que, como a de qualquer povo, se inscre-
ve nas paisagens sob as formas de cidades, povoa-
dos e campos cultivados.
ATIVIDADES
8. a) Desde 1967, Israel colocou em prática uma polí-
Revendo o capítulo tica de povoamento judaico dos territórios pales-
1. b. tinos ocupados. A política oficial de colonização
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
89
02_Manual atividades.11 89 7/8/05, 4:00 PM
TEXTO COMPLEMENTAR entre os diferentes grupos étnicos e culturais
que foram agrupados no mesmo Estado. Até
Dialogando com o texto hoje, o aparato administrativo e burocrático
1. A meta do pan-arabismo era a unificação política dos Estados é quase sempre dominado apenas
dos povos árabes num Estado. Essa meta não se re- por um dos grupos étnicos, enquanto os de-
lacionava ao Islã pois baseava-se na identidade na- mais são marginalizados.
cional (o projeto de uma nação árabe) e não na
4. O fracasso político dos Estados tem como conse-
identidade religiosa.
qüência a desestruturação das redes de transporte e
2. A Guerra dos Seis Dias representou não apenas uma abastecimento e o isolamento de populações, que
dura derrota militar mas uma humilhação política do ficam extremamente vulneráveis às intempéries na-
Egito nasserista diante de Israel, que tinha sido defi- turais, tais com as secas e as inundações.
nida por Nasser como o inimigo principal da “nação
árabe”. Por isso, a guerra assinalou a decadência do O capítulo no contexto
pan-arabismo. 5. Na primeira etapa, que se estendeu do século XVI
até o início do século XIX, o tráfico de escravos afri-
3. A meta do fundamentalismo islâmico contemporâ-
canos funcionou como um suporte para a domina-
neo é a restauração da unidade política da comuni-
ção colonial européia da América e das Antilhas; na
dade muçulmana (umma). Em outras palavras, a
segunda etapa, que teve início em meados do sécu-
meta é a restauração do califado, o poder central do
lo XIX, o continente africano tornou-se ele mesmo
90
02_Manual atividades.11 90 7/8/05, 4:00 PM
rios que desembocam no mar, professam, na sua 2. Porque os atlas comuns apresentam mapas da Áfri-
maioria, o cristianismo, pois sofreram mais direta- ca em escalas pequenas, nas quais é praticamente
mente a influência cultural das potências européias. impossível representar estas ilhas.
3. A primeira capital da Nigéria independente foi 3. O conceito de transgressão marinha explica que o
Lagos, pois a cidade, localizada numa ilha cos- mar tenha submergido parte do território do conti-
teira, funcionava como núcleo do poder colonial nente, deixando emersos apenas os cumes monta-
europeu no país. A localização de Lagos torna- nhosos transfigurados em ilhas e arquipélagos. Uma
va-a diretamente acessível por mar e facilitava regressão marinha em larga escala poderia assim re-
sua defesa em face de eventuais ataques prove- definir os contornos do continente.
nientes do interior. 4. Estes arquipélagos funcionaram como pontos de
4. A elite política dos ibos alimenta projetos de se- apoio para os navegadores europeus que fizeram o
cessão, pois controla a área petrolífera do país e reconhecimento do litoral africano, bem como para
almeja auferir toda a renda advinda das exporta- os negociantes e traficantes que organizaram o trá-
ções de petróleo. fico humano que alimentou as plantations america-
nas e antilhanas e para o estabelecimento das feito-
rias que iniciaram o empreendimento de conquista
TEXTO COMPLEMENTAR do continente.
5. A conquista imperial do interior do continente afri-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
91
02_Manual atividades.11 91 7/8/05, 4:00 PM
RESPOSTAS VESTIBULARES /ENEM
1. d.
PARTE 1
2. a) Porque o movimento dos materiais do manto atin-
A dinâmica da natureza ge a crosta, gerando constantes acomodações das
e as tecnologias placas, imperceptíveis, e às vezes rearranjos repen-
tinos e violentos.
b) Houve um movimento divergente das placas tectô-
Unidade 1
nicas onde se encontravam o Brasil e a África, que
A linguagem da Geografia começaram a se afastar gradativamente. Esse pro-
cesso provocou falhas ou fraturas nas rochas super-
■ Capítulo 1 ficiais do território brasileiro, o que possibilitou a ele-
A produção do espaço geográfico vação do material da astenosfera à superfície.
c) A dinâmica das placas pode distribuir determina-
1. a) Entre a paisagem da cidade cristã de 1440 e a de
das espécies em continentes diferentes, assim
1840 registra-se adensamento das edificações.
como pode também promover o surgimento de
Além disso, na cidade de 1440 as construções que
espécies endêmicas.
se sobressaem são as igrejas, enquanto na de 1840
sobressaem-se as indústrias. 3. e.
b) Essas alterações derivaram do conjunto de mudanças 4. a.
4. d. 2. a.
5. d. 3. a.
4. d.
5. a) I — Planície Litorânea; II — Planaltos e Serras do
Unidade 2 Atlântico Leste-Sudeste ou, simplesmente, Planal-
A geografia da natureza to Atlântico; III — Depressão Periférica da Borda
Leste da Bacia do Paraná ou, simplesmente, De-
■ Capítulo 3 pressão Periférica Paulista; IV — Planaltos e Cha-
Geomorfologia e recursos minerais padas da Bacia do Paraná ou, simplesmente, Pla-
nalto Ocidental Paulista.
92
03_Respostas Enem.02 92 7/8/05, 4:02 PM
b) A Planície Litorânea é um compartimento forma- 4. a) Paisagens polares: caracterizam-se pelas baixas
do por sedimentos marinhos, fluviais e lacustres do temperaturas ao longo do ano, devido à incidência
período Quaternário. O Planalto Atlântico é for- perpendicular da radiação solar na superfície ter-
mado por cinturões orogênicos muito antigos, do- restre, permitindo, no máximo, a existência de uma
brados durante o ciclo brasiliano, no Pré-Cambria- cobertura vegetal muito rarefeita e restrita ao ve-
no, e submetidos a prolongado desgaste erosivo. rão, a exemplo dos musgos.
A Depressão Periférica Paulista formou-se por se- b) Floresta equatorial: áreas com baixas altitudes e
dimentação antiga, no Paleozóico, e assenta-se so- vasta rede de drenagem, com grandes extensões
bre camadas de arenitos. O Planalto Ocidental alagadas por água doce; presença de clima equa-
Paulista ergue-se sobre camadas de arenitos do torial com alta pluviosidade, grande umidade e ele-
Paleozóico, recobertas por rochas vulcânicas der- vadas temperaturas.
ramadas no Mesozóico.
5. a.
6. a) O clima tropical é marcado pela alternância entre
estação chuvosa de verão e estiagem de inverno.
■ Capítulo 5 Na Mata Atlântica predomina o clima tropical úmi-
Dinâmica climática e ecossistemas do com tempo de estiagem menor, enquanto o
cerrado, clima tropical semi-úmido, é marcado por
1. c. tempo maior de estiagem. Quanto à característica
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
93
03_Respostas Enem.02 93 7/8/05, 4:02 PM
b) A bacia onde se mantém a cobertura florestal na- integração produtiva com os países da bacia do
tural. Ali a erosão é bem menos intensa, porque a Pacífico, particularmente com o Japão, a China e
vegetação retém mais a água e as raízes ajudam a os Tigres asiáticos.
manter a estrutura do solo.
c) Onde a declividade do terreno é mais acentuada
ocorre maior torrencialidade, gerando maior ca-
■ Capítulo 9
pacidade de erosão com bacias de dispersão. Já
onde a declividade é menor, o fluxo é menos in- Agropecuária e comércio global de alimentos
tenso e a erosão também é menor, favorecendo
1. b.
as bacias de acúmulo.
2. d.
3. c.
Unidade 3 4. a) Os países desenvolvidos buscam com os subsídios,
Tecnologias e recursos naturais entre outras coisas, preservar os empregos de sua
população rural bem como garantir o controle de
■ Capítulo 8 toda a cadeia de produção e circulação envolvida
Os ciclos industriais no agronegócio.
b) Os subsídios agrícolas dos países desenvolvidos
94
03_Respostas Enem.02 94 7/8/05, 4:02 PM
mas participa com apenas 4% do consumo global. 4. a) O pequeno produtor obtém certa garantia de venda
Esse descompasso ajuda a entender a importância de seu produto, protegendo-se das freqüentes os-
econômica e estratégica dos países e regiões que abri- cilações do mercado, além de absorver parte da
gam as grandes reservas petrolíferas e dos fluxos in- tecnologia e insumos provenientes da grande em-
ternacionais do óleo. presa agroindustrial.
5. Nos países ricos os padrões de consumo estão apoia- b) O grande agricultor capitalista evita investimentos
dos no uso intensivo de fontes de energia não-reno- na compra de terras para concentrá-los nas fases
váveis, na ineficiência dos processos de aproveitamen- mais lucrativas da cadeia produtiva, além de deixar
to dos recursos naturais e na redução indiscriminada para os pequenos produtores os riscos ambientais
da diversidade biológica. Estes padrões, caso sejam (esgotamento dos solos, pragas, intempéries).
adotados pela maioria da população do planeta, so- 5. b.
marão mais problemas ambientais, pois aumentarão
6. a) O algodão do tipo arbustivo é o que predomina na
as emissões dos gases de estufa, e com isso a poluição
agricultura brasileira. Ele é plantado como cultura
e a contaminação do ar, da água e do solo.
temporária, exigindo sempre replante a cada safra.
Na entressafra há períodos sucessivos de exposi-
ção do solo, o que facilita a ação erosiva.
PARTE 2
b) A atividade agrícola impõe um processo tão inten-
O Brasil, território so de degradação do solo, que a renovação ou
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1. e.
95
03_Respostas Enem.02 95 7/8/05, 4:03 PM
3. b. queda, entre 1999 e 2000, influiu na balança co-
mercial negativamente.
4. a) A metrópole paulista exerce influência sobre o con-
junto das principais cidades brasileiras, exemplifi- 2. e.
cada no mapa pela expansão do alcance dos siste- 3. a) O Proálcool foi criado em meados da década de
mas de telecomunicações. Ela oferece bens 1970 para reduzir a dependência externa brasileira
materiais e financeiros, além de serviços diversifi- em relação ao petróleo, que vinha sofrendo altas
cados, incluindo os de tecnologia mais avançada. no preço e era importado em grandes proporções.
De São Paulo, as atividades econômicas realizadas O subsídio governamental favoreceu tanto os pro-
no território brasileiro são conectadas à rede global dutores quanto as montadoras de automóveis. No
e ao fluxo da economia internacional, justamente período atual, a guerra no Iraque e o aumento do
pela metrópole concentrar as principais filiais de consumo pela China e pelos EUA elevaram o preço
empresas transnacionais. do barril de petróleo. Essa situação, somada ao de-
b) A ruptura na hierarquia urbana tradicional ocorre senvolvimento dos motores bicombustíveis, tem
porque a expansão das redes informacionais possi- elevado o consumo de álcool combustível, porém,
bilita um contato direto com a maioria das cidades desta vez, sem os subsídios governamentais.
do mundo, independentemente de distâncias físi- b) Os subsídios tornam os produtos agrícolas dos paí-
cas e do porte das cidades na qual estão sediadas, ses desenvolvidos artificialmente mais competiti-
dispensando, em muitos casos, as intermediações vos no mercado externo, reduzindo a concorrên-
de outras cidades.
6. d. 1. e.
2. a) Entre os fatores que justificam a inclusão do sul de
Minas e do Triângulo Mineiro no novo polígono
de aglomeração industrial do Brasil podem-se des-
■ Capítulo 15
tacar: a proximidade dos grandes mercados consu-
Comércio exterior e integração sul-americana
midores e das metrópoles de São Paulo e Minas
1. a) Conjunto do agronegócio: curva crescente entre Gerais; a presença de instituições universitárias e de
1998 e 1999, ligeira queda entre 1999 e 2000 e mão-de-obra qualificada; a tendência ao desvio
novo crescimento entre 2000 e 2002. Conjunto da de investimentos industriais das grandes aglome-
balança comercial: apresenta-se relativamente rações urbanas para as cidades médias.
crescente ao longo de todo o período. Há um pro- b) A constituição de parques tecnológicos insere o
cesso deficitário entre 1998 e 2000, após o qual o país na onda atual da revolução tecnocientífica, di-
saldo da balança comercial se torna positivo. versificando a indústria brasileira, gera empregos
b) O saldo do agronegócio manteve-se positivo na em uma vasta cadeia de negócios e estimula a qua-
maior parte do período com grande importância na lificação da mão-de-obra.
estabilização econômica do país. Nota-se que sua 3. a.
96
03_Respostas Enem.02 96 7/8/05, 4:03 PM
4. e. área irrigada no vale, conjugado com a demanda de
5. a) Uma primeira característica geográfica do centro- água para a transposição, pode comprometer a va-
oeste brasileiro que justifica a criação de um porto zão mínima necessária para a geração de energia.
seco é sua localização no centro da América do Sul. b) Entre as principais críticas dos movimentos ambi-
Uma segunda característica é o desenvolvimento entalistas contra o projeto da transposição está o
da agropecuária, gerando a necessidade de cen- alto custo das obras de transposição das águas que
tros de aglomeração da produção para melhor dis- pode ser substituído por soluções menos custosas
tribuição no mercado interno ou para exportação. e mais sustentáveis, como a construção de poços e
b) A produção agrícola contemporânea requer a cons- cisternas. Outra crítica alerta para o fato de o regi-
trução de redes de infra-estrutura para escoar con- me fluvial e a vazão do rio São Francisco já estarem
tinuamente a produção. Essas redes devem aten- bastante comprometidos pelo desmatamento em
der tanto às demandas quantitativas quanto à suas cabeceiras e de seus formadores, com isso a
diversidade de produtos requeridos, e a região do transposição seria um golpe mortal na vida do rio.
Centro-Oeste apresenta condições geográficas fa- A transposição comprometeria também a vazão do
voráveis para isso. rio a jusante, aumentando a salinidade em sua foz,
o que afeta a vida nos manguezais. Além disso a
transferência das águas do São Francisco, com os
seres vivos que nelas vivem, para os rios do Nor-
■ Capítulo 17
deste setentrional, afetaria seriamente os ecossis-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
c) O governo e a população de Minas Gerais não têm b) Esse fenômeno é provocado pela desestruturação
se posicionado da mesma forma porque o projeto da economia tradicional e pelos mercados de tra-
não afeta a vazão do trecho mineiro do Rio São balho formal e informal gerados a partir dos gran-
Francisco, situado a montante do local escolhido des projetos.
para a transposição. 3. a) Entre os objetivos do governo brasileiro para am-
2. e. pliar o Programa Calha Norte destacam-se a re-
pressão ao contrabando, o combate à ação do nar-
3. a) Os fatores locacionais são: infra-estrutura portuá- cotráfico e de grupos guerrilheiros dos países
ria fornecida pelo porto de Itaqui; proximidade da vizinhos, em particular da Colômbia, além da pro-
província mineral de Carajás, no Pará, de onde é teção dos recursos naturais das áreas fronteiriças.
extraído o minério de ferro; existência de uma mo-
derna ferrovia, a E. F. Carajás, ligando as jazidas de b) O programa é dificultado pelas precárias e insufici-
ferro ao estado; abundância de energia elétrica entes redes de transportes e de comunicação, pela
produzida na Usina de Tucuruí, no estado do Pará. baixa densidade demográfica e pela dificuldade de
locomoção, devido à floresta pluvial amazônica.
b) Baixo nível de organização sindical, incentivos fis-
cais concedidos na região, mão-de-obra abundante 4. b.
e barata, maior proximidade geográfica dos merca- 5. d.
dos importadores localizados na Europa e nos EUA.
4. a) A localização geográfica das principais áreas irriga-
das à montante da seqüência de quedas-d’água no
rio São Francisco, onde estão situadas as usinas de ■ Capítulo 19
Paulo Afonso I, II, III e IV, Moxotó, Itaparica e Xin- Desigualdades sociais e pobreza
gó, faz com que a expansão da irrigação, que de-
manda cada vez mais água, esteja competindo com 1. a.
a demanda para geração de energia. O aumento da 2. a) São as regiões Nordeste e Sul, respectivamente.
97
03_Respostas Enem.02 97 7/8/05, 4:03 PM
b) A elevada incidência da pobreza no Nordeste tem 1. a) Na atualidade, países desenvolvidos e subdesen-
origem na estrutura de propriedade da terra, mar- volvidos distinguem-se, essencialmente, pelo grau
cada pela coexistência do latifúndio com o mini- de domínio sobre as inovações da revolução tec-
fúndio, que bloqueou o desenvolvimento regional. nocientífica e pela capacidade de realizar investi-
Com a urbanização, reproduziu-se a rígida divisão mentos em ciência e tecnologia.
de classes típica do meio rural, onde uma elite pri- b) Informática, biotecnologia, aeroespacial, meca-
vilegiada convive com a pobreza da maioria da po- trônica.
pulação. No Sul, onde a ocupação da terra foi im-
pulsionada pela imigração européia, a economia c) O Brasil, como outros países subdesenvolvidos in-
rural nasceu com base nas pequenas propriedades dustrializados, carece de excedentes de capitais
de tipo familiar, e deu origem a uma classe média para investimentos nas áreas cruciais da pesquisa
proporcionalmente vasta. científica e tecnológica.
3. c. 2. d.
4. b. 3. e.
5. a) A urbanização acelerada e desordenada da maioria 4. d.
das metrópoles brasileiras produz e reproduz no meio 5. Na fase atual do capitalismo globalizado, o circuito
urbano também as desigualdades sociais, criando si- financeiro ocupa um papel hegemônico devido ao rá-
tuações extremas de pobreza e riqueza, exemplifica- pido retorno (liquidez) e ao alto rendimento das tran-
das nos bairros ou enclaves fortificados: locais isola-
98
03_Respostas Enem.02 98 7/8/05, 4:03 PM
ambientais, étnicas e nacionais. O FSM, até sua 2. e.
quarta realização, tem se apresentado como um
3. a) No plano geopolítico, a integração dos países da Eu-
espaço predominante de discussão, não se propon-
ropa centro-oriental solda os destinos dos novos
do a apresentar resoluções para combater os efei-
membros ao da União Européia, reduzindo radical-
tos danosos da globalização.
mente a influência de Moscou sobre essa parte do
continente. No plano econômico, a integração desses
países abre novos mercados e campos de investimen-
tos para as grandes empresas da Europa ocidental.
■ Capítulo 22
Os Estados Unidos e o “Hemisfério Americano” b) Em tese, a Turquia não foi admitida ainda na União
Européia em função da fragilidade de suas institui-
1. a) A Doutrina Monroe e o projeto da Alca asseme- ções democráticas e das violações de direitos hu-
lham-se por basearem-se na noção da liderança manos. Na prática, a União Européia, formada por
dos Estados Unidos no chamado “Hemisfério nações cristãs, resiste em incorporar um país popu-
Americano”. loso de cultura e tradição muçulmanas.
b) A formação de blocos econômicos estimula a cir- 4. a.
culação internacional de mercadorias e capitais,
5. a) No momento “before”, a Europa Ocidental estava
oferecendo possibilidades de ampliação dos mer-
fragmentada e a União Soviética constituía uma
cados e dos lucros das empresas transnacionais. Do
unidade. No momento “after”, a Europa é repre-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
5. b. ■ Capítulo 24
6. a. A Bacia do Pacífico
1. a.
2. c.
■ Capítulo 23
3. a.
União Européia e CEI
4. b.
1. a) Diante dessa nova situação, por iniciativa da Fran-
5. a) O Quadro I revela que mais de um quarto da ren-
ça e da Alemanha Ocidental, a Itália e os países do
da mensal média das famílias chinesas transforma-
Benelux engajaram-se no projeto de integração
se em poupança, enquanto as despesas com bens
econômica e política européia. O primeiro passo
de consumo são mais baixas. Essa situação confi-
desse projeto foi a constituição da Comunidade
gura a existência de um vasto mercado consumi-
Européia do Carvão e do Aço (Ceca), em 1952, que
dor potencial, que atrai empresas transnacionais.
preparou as bases para o Tratado de Roma e a cri-
ação da Comunidade Européia, em 1957. b) O grande potencial de crescimento econômico chi-
b) A principal meta estabelecida pelo Tratado de Ma- nês está associado à demografia. A população, em
astricht foi a união econômica e monetária, por torno de 1,5 bilhão de habitantes, é um imenso
meio do estabelecimento da moeda única. O euro mercado potencial, ainda inexplorado, para bens
tornou-se moeda oficial da maior parte dos países de consumo duráveis e não duráveis.
da UE em janeiro de 1999. 6. e.
99
03_Respostas Enem.02 99 7/8/05, 4:03 PM
reconstrução da Europa, no período entre o pós-
Unidade 7 Segunda Guerra e os anos 1970. Eles formaram
uma mão-de-obra abundante, barata e com
A fronteira Norte/Sul
pouca ou nenhuma qualificação técnica, liberan-
do a população nativa para outras funções no
■ Capítulo 25
mercado de trabalho.
Periferias da globalização
b) Um argumento de ordem econômica é aquele
1. b. que diz que atualmente os imigrantes concorrem
2. a) O primeiro, o Muro de Berlim, simbolizava a or- com a população nativa pelos postos de traba-
dem da Guerra Fria, que separava o mundo em lho, além da acusação de que os imigrantes pres-
blocos socialista e capitalista. O segundo, o Muro sionam “para baixo” os níveis salariais. Entre os
de Tijuana, no México, é hoje um símbolo da sepa- argumentos de ordem étnico-cultural destacam-
ração entre o Norte rico e o Sul pobre. se: a visão de que os imigrantes, cultivando os valo-
res de seus países de origem, ameaçam os valores
b) O Muro de Tijuana expressa a barreira que impede culturais nativos; o medo de futuro predomínio nu-
a entrada indesejada de populações dos países pe- mérico de outras etnias; o receio de perda de he-
riféricos, que tentam alcançar nos países ricos me- gemonia da língua nacional; os conflitos de natu-
lhores condições de vida e de trabalho. reza religiosa.
3. e. 7. e.
100
03_Respostas Enem.02 100 7/8/05, 4:03 PM
mais forte entre si do que com os espaços nacionais
nos quais se situam. ■ Capítulo 29
5. a) Aterros sanitários, usinas de compostagem, lixões. O mundo muçulmano e o Oriente Médio
b) A geração de lixo é diretamente proporcional à ri- 1. a.
queza do país, porque nos países mais ricos a com-
posição do lixo acompanha o ritmo do consumo. 2. a.
6. a) As três megacidades que apresentaram maiores ta- 3. a) Israel obteve o controle territorial das Colinas de
xas de crescimento entre 1975 e 2000 foram Golã, na parte síria da Cisjordânia, que pertence à
Mumbai, Déli (Índia) e Karachi (Paquistão). O cres- Jordânia. Ao anexar esta região, Israel se apropriou
cimento explosivo dessas e de outras cidades situ- de um território com amplos recursos hídricos, o
adas em países subdesenvolvidos deve-se princi- que facilitou também os assentamentos agrícolas e
palmente ao êxodo rural. fortaleceu a defesa das fronteiras israelenses.
b) Cidades globais apresentam uma grande concen- b) A bacia do rio Jordão drena uma pequena área de
tração de sedes de grandes corporações bancárias clima árido e suas águas correm sobre uma falha
e industriais e funcionam como centros de tomada geológica.
de decisões capazes de afetar a economia mundial. c) Colinas de Golã (Síria); Cisjordânia foi parcialmen-
c) Nos países pobres, o crescimento acelerado das te devolvida à ANP; Faixa de Gaza, que ainda per-
manece sob controle parcial israelense.
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
8. a. 2. d.
9. c. 3. a.
101
03_Respostas Enem.02 101 7/8/05, 4:03 PM
4. a) A região de Darfur, no Sudão, possui importantes milhões de pessoas, está o interesse pelas vastas
jazidas de petróleo, o que atrai o interesse dos EUA jazidas de diamante, cobre e cobalto.
e da Inglaterra, que vêem ameaçada a estabilidade
c) A Nigéria também é palco de inúmeros conflitos
da produção petrolífera. O conflito de Darfur en-
étnico-tribais, como a oposição entre cristãos e mu-
volve grupos muçulmanos, o que pode ser mais um
çulmanos, que dominam a porção setentrional do
elemento de preocupação para ambas as potên-
país. A Nigéria viveu uma longa colonização britâ-
cias, atualmente em conflito com países majoritari-
nica e é formada, atualmente, por um mosaico com
amente muçulmanos.
mais de 200 grupos étnicos, reunidos numa mes-
b) O Congo (ex-Zaire) foi colonizado pela Bélgica até ma unidade política. A disputa do poder por esses
o fim da Segunda Guerra Mundial, período marca- grupos se intensificou com o processo de indepen-
do pela partilha artificial do continente africano dência. A Nigéria é o principal produtor de petró-
pelas potências européias. A partir daí o Congo fi- leo africano, além de possuir outros recursos natu-
cou sob a influência dos EUA, que instalou no po- rais, como ferro e diamante, o que aumenta os
der o ditador Mobutu Sese Seko, derrubado em conflitos por seu controle.
1997 por Laurent Kabila, que também se revelou
um déspota como seu antecessor. No centro des- 5. c.
ses conflitos, que já levaram à morte cerca de 3 6. c.
102
03_Respostas Enem.02 102 7/8/05, 4:03 PM