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de Apoio ao Professor
PARTE II – O volume 3
1. A era da informação
Tornou-se lugar comum dizer que vivemos numa “sociedade da informa-
ção” ou numa “sociedade do conhecimento”, na qual a informação, o know-
how, o saber, a competência tornaram-se, ao longo das últimas duas décadas,
os bens mais preciosos. Por isso, vale a pena refletir aqui, mesmo que breve-
mente, sobre o significado dessa transformação social e em como ela modifi-
ca a maneira de abordarmos o saber histórico na sala de aula.
A sociedade do conhecimento é marcada, em primeiro lugar, pelo desen-
volvimento explosivo e ininterrupto da tecnologia da informação (TI), que
introduziu novas formas de produção e, em conseqüência, novos modos de
relacionamento entre as pessoas.
A internet, o e-mail, a TV a cabo, o celular, a videoconferência, etc. sedimentaram
uma sociedade em rede, na qual as relações sociais são intensificadas e, ao mesmo
tempo, esvaziadas, aproximando pessoas distantes e distanciando pessoas próxi-
mas, encurtando distâncias e acelerando o tempo, mas reduzindo a possibilidade
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2. A “hibridização” cultural
O efeito mais importante dessa transformação social é a mistura de valo-
res, línguas e culturas, provocando o que os antropólogos hoje chamam de
hibridização cultural. A hibridização ocorre porque os bloqueios físicos e ideo-
lógicos à livre difusão do conhecimento, da cultura e da educação tendem a
diminuir, permitindo que povos de diferentes partes do mundo tenham aces-
so aos valores uns dos outros e se engajem em processos de fusão e difusão
de suas respectivas identidades culturais.
O entendimento entre os povos, porém, não é tão fácil. O recrudescimento
das guerras civis, das rivalidades religiosas ou inter-étnicas em certas regiões do
mundo pode ser interpretado como reações ou movimentos destinados a frear
essas transformações reafirmando identidades regionais. Vivemos, portanto, um
novo cosmopolitismo, semelhante, talvez, aos últimos séculos do Império Romano,
quando ocorreu um grande processo de mistura de diferentes culturas.
O conhecimento histórico não pode ficar indiferente a esse conjunto tão
rico de transformações, que sugerem modificações didáticas e epistemológicas
fundamentais na abordagem do saber histórico na sala de aula. É a esse desa-
fio que este livro tenta responder, adaptando o saber histórico às necessida-
des da sociedade da informação.
4. A estrutura da coleção
Baseando-se numa pedagogia não-diretiva, esta obra procura ser mais do que
um livro básico de consulta; ela pretende oferecer as referências fundamentais
para que o professor possa abordar a história em distintas dimensões. A coleção
não direciona o olhar, não fornece uma narrativa ou interpretação única do pro-
cesso histórico, mas apresenta-se como um texto aberto, contendo múltiplas
referências e sugestões de trabalho e deixando o professor livre para explorá-las
junto com seus alunos na sala de aula.
O professor poderá utilizar o livro de diferentes formas, aprofundando cer-
tos assuntos mais que outros, associando diferentes processos históricos simul-
tâneos ou sucessivos, fazendo interconexões entre épocas e lugares diferentes,
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Atividades
Sugestões de filmes
Ao final dos capítulos, apresentamos um ou mais filmes recomendados
para o trabalho com os conteúdos tratados em cada caso. Sugerimos ao pro-
fessor assistir ao filme antes de exibi-lo aos alunos, para avaliar a adequação
do filme à realidade de seus alunos ou, se for o caso, para selecionar as passa-
gens mais apropriadas para o trabalho que propôs desenvolver.
O trabalho com o cinema nas aulas de História não pode prescindir de
uma demarcação prévia entre o que é conhecimento histórico e o que é
ficção, para não se correr o risco de confundir história com arte. O cinema é
uma interpretação livre do passado, sem compromisso com a objetividade e a
documentação, ao contrário da ciência histórica, que não pode se furtar do
compromisso com a objetividade e os registros do passado. Nesse sentido, a
obra cinematográfica nos diz mais sobre a época em que foi feita do que
sobre o fato histórico que inspirou o enredo.
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PARTE II — O VOLUME 3 11
expectativa mal reprimida em nossas veias, em O fim da Primeira Guerra Mundial inaugurou a
nossas mãos, em nossos olhos, um esperar mais era da hegemonia norte-americana, que se consoli-
vigilante, uma consciência mais intensa do nosso daria, no mundo ocidental, a partir da Segunda Guer-
ser, um estranho aguçamento dos sentidos. O cor- ra. Esse foi um momento importante na história
po, de repente, fica preparado para tudo. [...] contemporânea, pois marcou o nascimento do im-
É sempre a mesma coisa: partimos, e somos pério norte-americano, baseado no controle do sis-
simples soldados casmurrões ou bem-humorados tema financeiro, na exportação de tecnologia e cul-
— vêm as primeiras posições, e cada palavra de tura e em sua poderosa força militar. Por outro lado,
nossas conversas passa a ter um som diferente
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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ticados, os acontecimentos que precederam a entre essas duas visões diferentes da Revolução.
revolução e a própria tomada do poder pelos
bolcheviques. O ponto de partida foi o livro Os Texto complementar p. 53
dez dias que abalaram o mundo, do jornalista e
militante John Reed.
O ano de 1927 marcou a expulsão de Leon Vida de operário
Trotski do Partido Comunista.A cúpula do PC So- O texto escolhido desse extraordinário escritor
viético, já em acelerado processo de burocratização, russo é uma excelente narrativa das condições de
obrigou Eisenstein a cortar as partes do filme em vida dos operários russos do início do século XX, e
queTrotski aparecia e alguns discursos de Lênin con- que, de certa forma, retrata uma situação universal,
siderados impróprios por Stalin, eliminando, assim, própria do sistema de fábrica surgido com a grande
cerca de um terço da película. indústria. Além da leitura e da interpretação da leitu-
ra, pode-se estabelecer uma comparação entre o qua-
dro social descrito no texto e o conteúdo do capítu-
Sugestão de leitura
lo, estabelecendo diferenças entre ambos, tanto do
EISENSTEIN, Sergei. A forma do filme. Rio de Janeiro, ponto de vista do conteúdo quanto da linguagem.
Jorge Zahar, 1990.
Sugestão de atividade
O fim do regime czarista p. 48 O trecho da obra de Máximo Gorki pode ser
Antes da Revolução de 1917, a Rússia era um aproveitado também na realização de outra ativi-
país predominantemente agrário. O czar detinha o dade. Em dupla, os alunos vão tentar dar continui-
poder, e as terras eram propriedade dos nobres. Os dade ao texto, criando personagens, novas situa-
camponeses viviam miseravelmente. Para que os ções e um desfecho para a história. Chamar a aten-
educandos tenham uma idéia de como era a vida ção dos alunos para a necessidade de preservar a
dos camponeses na Rússia czarista, o professor pode estética literária do autor, construindo uma nar-
exibir o filme Um violinista no telhado (1971), de rativa próxima do estilo do escritor.
Norman Jewison, que narra a história de um judeu
russo, um pobre leiteiro, que vive numa pequena al- Atividades p. 54
deia e luta contra a opressão do governo czarista. A atividade 5, que propõe a análise de uma charge,
Depois de assistirem ao filme, os alunos podem ser possibilita perceber a forma caricatural com a qual
solicitados a elaborar um texto sobre as condições se lutou no Brasil, e em várias partes do mundo,
de vida dos camponeses e sobre as perseguições contra as idéias socialistas e comunistas. O que cabe
sofridas pelos judeus na Rússia czarista. aqui discutir é o uso do estereótipo e da ironia como
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mércio já haviam interligado todo o planeta. O aba- Com a Primeira Guerra Mundial, os Estados
defensores da proibição e os da liberação dividi- que há uma cópia na página 61 e que podem ser
ram o país em "secos" e "molhados". Apesar de apreciadas, na íntegra, através do site (http://
os primeiros terem vencido no começo, logo os lcweb2.loc.gov/ammem/fsowhome.html). Essas fo-
efeitos se mostraram contrários. Segundo a Cons- tografias ficaram famosas por retratar a pobreza,
tituição, os norte-americanos não podem ter sua para alguns, de uma maneira realista e, para ou-
liberdade individual restringida, muito menos o tros, de uma forma idealizada, estetizada.
sagrado direito à propriedade. Essas e outras con- Com a orientação do professor de Educação
siderações geraram uma lei contraditória e im- Artística ou Artes, os alunos podem traçar para-
possível de ser cumprida. lelos, por exemplo, entre essas imagens e as fotos
Assim, o Volstead Act, nome oficial da Lei Seca, contemporâneas de Sebastião Salgado, reunidas
proibia a venda de bebidas, mas liberava o consu- em seus livros Trabalhadores (1996), Terra (1997,
mo e a fabricação caseira em alambiques. Milha- em parceria com Chico Buarque de Holanda), e
res de speakeasies, os bares clandestinos, foram Outras Américas (1999). De que forma os pobres
abertos com a fachada de lanchonetes ou sorve- são representados nessas obras?
terias. Milhões de litros de "luar", bebida alcoólica
artesanal, foram comercializados clandestinamen- Texto complementar p. 63
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porém, percebendo que seria capturado e execu- Contrariando uma prática eleitoral centrada nas
tado pelas tropas franquistas, Walter Benjamin idéias e no programa político do partido, o cartaz
suicidou-se. nazista exemplifica o culto à personalidade e a trans-
Outra vítima da perseguição nazista entre os formação de Hitler em um ser todo-poderoso.
intelectuais foi o historiador francês de origem
judaica Marc Bloch, co-fundador da Revista dos Atividades p. 74
Annales, em 1929. Quando a França foi ocupada
A questão 6 trata dos campos de concentração
pelos nazistas, Bloch ingressou no movimento de
criados pelos nazistas, destinados a recolher os
Resistência de Lyon. Em 1944, Marc Bloch foi pre-
opositores do regime e a exterminá-los fisicamente.
so e fuzilado por ordem do chefe da Gestapo na
No Brasil, como nos Estados Unidos, os campos de
França, Klaus Barbie.
concentração foram criados para impedir a livre ação
de supostos agentes secretos ou de sabotadores que
Autoritarismo na Península Ibérica p. 71
estariam misturados à população desses países (ler
Portugal e Espanha também tiveram governos boxe Campos de concentração no Brasil). O princípio
autoritários surgidos nas décadas de 1920 e 1930. era: qualquer alemão poderia ser nazista, apenas
Em Portugal, esse regime recebeu o nome de pelo fato de ser alemão, ou um italiano ser fascista
salazarismo, numa alusão a Antônio de Oliveira por ser de origem italiana. Esses princípios, aplica-
Salazar, ditador português. Já na Espanha, houve o dos aqui no Brasil e nos Estados Unidos, têm con-
franquismo, assim chamado em decorrência do nome teúdo claramente preconceituoso e racista. O mes-
do ditador, general Francisco Franco. O salazarismo mo podemos ver na questão 7, que trata do
perdurou de 1932 até 1974, quando o sucessor de neonazismo. Novamente, faz-se uma generalização
Salazar, Marcelo Caetano, foi derrubado pela Revo- a partir de um componente cultural ou supostamente
lução dos Cravos, um movimento militar que teve o biológico, caindo outra vez na esfera do preconcei-
apoio da população. Para tratar da Revolução dos to e do racismo.
Cravos, o professor pode utilizar a música Tanto mar,
de Chico Buarque de Holanda, composta em 1975,
num momento em que o Brasil também enfrentava Campos de concentração no Brasil
um governo ditatorial. Os alunos podem, com base “Em todo o país foram 11 os campos de con-
na composição, estabelecer relações entre os regi- centração para os presos políticos. [...] Os presos
mes autoritários dos dois países. considerados mais perigosos ou ‘súditos do Eixo’
O franquismo levou a Espanha a uma guerra ci- eram encaminhados para o Campo de Concen-
vil em 1936, quando os grupos de direita ligados ao tração da Trindade [Santa Catarina]. Para o Minis-
general Franco iniciaram uma ação armada para der- ➜
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a argumentação e as justificativas, que devem ser cor- reproduza o texto para os alunos para que eles co-
roboradas por dados empíricos verificáveis. nheçam essa outra visão e possam se posicionar a
respeito desse importante debate.
A modernização autoritária p. 80
A Revolução de 1930
Getúlio Vargas ficou, ao todo, dezoito anos no
poder (1930-1945 e 1951-1954). É importante res- “A crise econômica de 1929 [...] proporciona
saltar que o seu governo coincidiu com uma fase de a circunstância favorável [...] para tornar claras as
modernização da sociedade brasileira, marcada pelo divergências profundas.A aliança que se estabelece
desenvolvimento industrial e pela expansão urbana. entre os grupos militares já precursores de uma
O professor também deve enfatizar que Vargas transformação de que não tinham consciência muito
implementou um eficiente mecanismo de governo, exata e os grupos da classe dominante insatisfeitos
atendendo ora os interesses das oligarquias e das com a orientação financeira e econômica do go-
elites urbanas, ora os interesses dos trabalhadores. verno, responsável sempre por todos os males,
Assim, formaram-se compromissos que o ajudaram a constituiu uma força contra a qual o poder oficial
controlar melhor o Estado. Além disso, também é im- não tem recursos. A Revolução de 1930 assinala,
portante observar que Vargas pode ser considerado o na história brasileira, o primeiro exemplo de movi-
melhor exemplo de governante populista no Brasil. mento revolucionário que parte da periferia para
Leia no boxe a seguir uma explicação sobre o o centro. Esta característica, por si só — até aqui
conceito de populismo. esquecida —, bastaria para distingui-lo, na seqüên-
cia de levantes militares abortivos e precursores.
O populismo Era uma nova fase que se abria.”
Mais adiante, o autor toma o exemplo do de-
De modo geral, o termo populismo tem sido
senvolvimento industrial ocorrido no Brasil nos anos
utilizado, no Brasil e na América Latina, para de-
de 1930, estimulado pela expansão do mercado in-
signar a liderança política que procura se dirigir
terno, para sustentar sua tese de que o movimento
diretamente à população sem a mediação das ins-
de 1930 constituiu uma revolução burguesa.
tituições políticas representativas, como os parti-
“Em 1933, [...] quando ainda não se haviam
dos e os parlamentos.
manifestado nos Estados Unidos os sinais de re-
Os governos populistas caracterizaram-se pela
cuperação [da crise de 1929], a renda nacional,
incorporação das massas urbanas ao jogo políti-
entre nós, recomeçava a crescer. Isso provava, com
co, pela exaltação do trabalho e pela identificação
rigorosa clareza, que a recuperação brasileira não
do governante aos anseios da nação, apresentado
foi proveniente de fatores externos, mas de fato-
como defensor das causas sociais e do crescimen-
res internos. [...] A demanda interna é, pois, o gran-
➜ ➜
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PARTE II — O VOLUME 3 23
cia dos depoimentos orais e da memória para os estu- lução e a variedade dos armamentos criados até
dos de história. Uma boa sugestão para abordar o tema hoje, bem como a elevação do seu valor unitário
é o filme Casablanca, de Michael Curtiz (1943). e a dimensão do seu comércio em todo o mundo.
Com os dados, pode-se criar um mapa-múndi gi-
Sugestão de leitura gante que identifique os principais fornecedores
MONTELLO, Josué. Antes que os pássaros acordem. e compradores dos equipamentos quanto dinhei-
2. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1995. ro é movimentado e qual a situação política de
cada país que participa ou participou da produ-
Atividades p. 103
ção e do comércio dos armamentos.
As questões 2 e 6 possibilitam discutir um tema
de grande importância para os nossos dias, o da in- CAPÍTULO 8. A GUERRA FRIA
dústria bélica. A Segunda Guerra Mundial foi a guerra
Conteúdos e objetivos
da indústria, ou seja, não só exigiu capacidade física
de produção, mas, inclusive, a capacidade de especi- O mundo do pós-guerra, compreendendo o pe-
alizar as armas, os equipamentos e a munição. A po- ríodo que vai de 1945 a 1989, foi marcado pela pola-
larização ideológica que marcou o mundo pós-1945 rização política e ideológica. De um lado estavam os
fez da guerra uma atividade autônoma e lucrativa, Estados Unidos, as grandes potências européias, o
como qualquer outro ramo industrial. Japão, além de países aliados, defendendo a bandeira
A venda de armas cada dia mais sofisticadas, pro- do capitalismo, representada pelo paradigma da de-
duzidas por uma mão-de-obra que tende a ser tam- mocracia e da felicidade; do outro lado estavam a
bém cada vez mais especializada, faz da indústria União Soviética, os países do Leste Europeu e ou-
bélica um dos ramos econômicos mais poderosos tros países de menor peso, defendendo a bandeira
do mundo, principalmente nos Estados Unidos, onde do socialismo sob o paradigma da igualdade social e
o governo é o mais forte cliente. Mesmo que não do bem-estar de todos os seres humanos.
haja guerras, a ameaça é suficiente para elevar os Entre esses dois blocos, não tão homogêneos
gastos militares das grandes potências. Para se ter como a descrição faz parecer, estavam os demais
uma idéia, no ano de 2004 os gastos militares dos países do mundo, classificados como o bloco do Ter-
Estados Unidos atingiram 454 bilhões de dólares, mais ceiro Mundo. Na época, devido à forte polarização
que o dobro da dívida externa brasileira, que em ideológica, a solução para os problemas sociais e
2005 era de 200 bilhões de dólares. econômicos dos países do chamado Terceiro Mun-
A questão 8, por sua vez, permite debater as do necessariamente passava pelo alinhamento a um
dificuldades da ONU em transformar em realidade ou outro bloco principal. Isso ajuda a entender por
a carta de princípios aprovada em 1945, tanto no que os países desse terceiro bloco foram marcados
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PARTE II — O VOLUME 3 27
líticos, de que o Estado tudo deve prover ao cida- igualdade social — Cuba, Chile e Nicarágua —, os
dão; assim, toda insatisfação e reivindicação deve ser mesmos ideais que alimentaram outros movimentos
dirigida ao governo. Conjuntamente a essa idéia fir- revolucionários pelo planeta nos anos da Guerra Fria.
mou-se, nos processos eleitorais, a figura do salva- Os principais objetivos traçados para o estudo
dor da pátria e político competente, aquele capaz deste capítulo são os seguintes:
de resolver os problemas do povo. • Compreender os movimentos revolucionários
A outra tendência, oposta, é a de transferir qua- em Cuba e na Nicarágua e a experiência de socialismo
se todos os serviços e necessidades atendidas pelo democrático no Chile no contexto da Guerra Fria.
Estado para a iniciativa privada, segundo o modelo • Explicar por que os governos de Fulgêncio
vigente nos Estados Unidos. Batista, em Cuba, e da família Somoza, na Nicarágua,
Cabe perguntar, diante desse debate, se é corre- foram caracterizados como “fantoches” dos Esta-
to que empresas ou grupos acumulem lucros eleva- dos Unidos.
dos ao assumir uma função antes garantida pelo Es- • Caracterizar o regime implantado em Cuba,
tado. Em que medida, em países pobres, é legítimo no plano econômico, político e social.
cobrar por serviços que muitos não podem pagar? • Caracterizar as medidas tomadas pelo gover-
Segundo a Declaração Universal dos Direitos do no de Salvador Allende no Chile e explicar o pro-
Homem, aprovada em 1948 e ratificada pelo Brasil, cesso que levou o país ao golpe de 1973.
não é direito de todo ser humano ter um padrão de • Analisar mural homenageando Augusto Sandino,
vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde e relacionando-o à revolução sandinista.
bem-estar, cuidados médicos, alimentação e instru- • Analisar o processo que levou à mitificação do
ção? Esse é um debate muito interessante, principal- líder revolucionário Ernesto Che Guevara.
mente porque contribui para combater o individua- • Posicionar-se a respeito dos debates ocorridos no
lismo e a indiferença que caracterizam os nossos dias. Chile no final dos anos de 1990 decorrentes da prisão
de Pinochet na Grã-Bretanha, acusado de ordenar o as-
CAPÍTULO 10
10.. EXPERIÊNCIAS DE ESQUERDA sassinato de cidadãos espanhóis durante a ditadura.
NA AMÉRICA LATINA
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1. A BANALIDADE DO MAL
PARTE II — O VOLUME 3 31
PARTE II — O VOLUME 3 33
ção da diversidade cultural, princípio fundamental para O capítulo não está estritamente vinculado a um
a convivência harmoniosa entre os povos. exercício historiográfico, pois ainda não há um estu-
do aprofundado dos documentos oficiais, diários e
Sugestões de filmes apontamentos dos principais personagens e grupos
A eternidade e um dia. Direção de Theo sociais que fizeram a história desse período. Não há
Angelopoulos, GRE/FRA/ITA, 1998. também distanciamento suficiente para analisar os
Terra de ninguém. Direção de Danis Tanovic, FRA/ fatos com a objetividade necessária de quem não
BEL/ITA/ING/ESL, 2001. está participando dos eventos.
De certa forma, o capítulo é um relato jornalís-
Texto complementar p. 183
tico da política e da cultura nacionais desde o fim do
regime militar até o governo Lula. Nesse sentido, a
Propina em rublo
análise feita nos temas tratados no capítulo reflete o
O texto trata de um dos sérios problemas que caráter embrionário das investigações de historia-
enfrenta a Rússia, após o fim do regime soviético: a dores e outros cientistas sociais a respeito desse
corrupção. A leitura relaciona a corrupção à burocra- período da nossa história.
cia, na medida em que ela dificulta o desenvolvimento Admitir a dificuldade de tratar de um momento
dos negócios impondo restrições, muitas vezes sem sobre o qual ainda não há teorias amadurecidas sig-
sentido, estimulando empresas e cidadãos comuns a nifica que o professor e os alunos — com base na
subornar os funcionários em troca da agilidade na libe- própria experiência e nos estudos que a cada dia
ração dos negócios. Além do paralelo que pode ser vêm sendo desenvolvidos — podem elucidar muitas
feito com o Brasil e outros países, onde a corrupção é das questões lacunares deste capítulo.
um problema grave, o professor pode trabalhar com a Os principais objetivos para o estudo do capítu-
idéia de ética no mundo dos negócios e da política e lo são os seguintes:
de como devem se comportar as pessoas e o Estado • Apontar as principais mudanças políticas e
diante dos abusos do poder público. institucionais ocorridas no Brasil durante o governo
de José Sarney.
Atividades p. 184 • Explicar o quadro de crise econômica que le-
As questões 8 e 9 têm especial interesse neste vou aos planos Cruzado, Collor e Real.
momento em que, conforme a versão de alguns inte- • Conhecer e discutir o programa de privatizações
lectuais, vivemos em um mundo sem ideologia (pelo dos governos que sucederam o de José Sarney.
menos no que se refere às ideologias que marcaram os • Interpretar cartaz de filme brasileiro recente,
anos da Guerra Fria). O objetivo é estimular o debate identificando nele as mudanças ocorridas no Brasil
e avaliar se de fato as ideologias deixaram de existir. depois da queda do regime militar.
PARTE II — O VOLUME 3 35
FARIA, Maria Alice. Como usar o jornal na sala de conflitos com o MST (Movimento dos Trabalhado-
aula. São Paulo, Contexto, 1996. res Rurais sem Terra), especialmente o caso de
Eldorado dos Carajás. Em relação às privatizações,
O governo Fernando Collor proponha um estudo de caso, como recomendamos
de Mello (1990-1992) p. 192 na sugestão de atividade a seguir. O problema da
Para abordar o processo de impeachment que terra no Brasil é uma questão antiga e complexa,
sofreu o presidente Collor e a atuação dos jo- que precisa ser analisada buscando suas origens his-
vens no movimento dos “caras-pintadas”, o pro- tóricas e os diferentes segmentos que se posicionam
fessor pode estabelecer comparações com outros contra ou a favor da reforma agrária. Nesse sentido,
acontecimentos em que a atuação dos jovens foi o professor pode propor a investigação em fontes
crucial ao processo de mudança, como em maio diversas com vista a produzir uma matéria jornalística
de 1968. É importante os alunos perceberem que relatando o ocorrido e analisando a situação.
a cidadania é sempre uma conquista e que a am-
Sugestão de atividade
pliação dos direitos do cidadão é resultado de luta,
de manifestações, de pressão; daí a necessidade Desde o governo de Fernando Collor, várias
de uma postura ativa e crítica diante dos aconte- empresas estatais foram privatizadas no país. Uma
cimentos do mundo. forma de conhecer melhor o processo de priva-
A atuação da mídia é sempre controversa. Se- tizações e o seu resultado é realizar um estudo
gundo vários analistas, a mesma mídia que fez cam- de caso. Em pequenos grupos, os alunos vão ele-
panha para eleger o presidente Collor fez, mais ger uma das empresas privatizadas até o momen-
tarde, campanha pelo impeachment. A partir dessa to. Em seguida, eles vão realizar uma pesquisa pro-
constatação, o professor pode elaborar um plano curando informações sobre a atual situação da
de discussão que permita apurar quais são os fa- empresa, comparando-a com a situação antiga. Cri-
tores determinantes do comportamento dos gru- térios de comparação possíveis:
pos formadores de opinião, ou seja, quais são as • número de funcionários hoje e antes da
razões que levam a grande imprensa a adotar de- privatização;
terminada posição, apoiando este ou aquele can- • qualidade dos serviços oferecidos à população;
didato político. • lucratividade da empresa;
• ações realizadas pela empresa na área social,
O governo Itamar Franco (1992-1994) p. 194 cultural e ambiental.
Ao final os alunos devem produzir um qua-
O governo Itamar Franco ficou marcado pela
dro comparativo da situação da empresa antes e
crise econômica e as tentativas de superá-la, che-
depois da privatização.
gando ao famoso Plano Real, que colocou sob as ➜
PARTE II — O VOLUME 3 37
CAPÍTULO 1
144. CONFLITOS INTERNACIONAIS
Sugestão de atividade
Programa de inclusão social Conteúdos e objetivos
“A [...] fome segue matando a cada dia, pro- O capítulo apresenta um panorama do mundo atual,
duzindo desagregação social e familiar, doenças, mostra os vários pontos de conflito no planeta e as
desespero e violência crescentes. Para combater contradições de uma ordem mundial instável e ainda
a fome, não podemos nos limitar às doações, bol- indefinida, muito diferente do mundo polarizado e divi-
sas e caridade. É possível erradicar a fome por dido de vinte anos atrás. O estudo dos conteúdos des-
meio de ações integradas que aliviem as condi- te capítulo possibilita não só entender a origem dos
ções de miséria. Articuladas com uma política eco- principais conflitos que assolam o planeta, mas tam-
nômica que garanta uma expansão do Produto bém visualizar as tendências que estão colocadas para
Interno Bruto de, pelo menos, 4% ao ano, esse o futuro, caso os governos e os habitantes de cada país
objetivo pode ser conseguido em até uma gera- não busquem formas de vida baseadas na tolerância e
ção. Os instrumentos que colocaremos em ação no respeito à autodeterminação dos povos.
permitirão promover o desenvolvimento, gerar Os principais objetivos colocados para o estudo
emprego e distribuir renda. O combate à fome se deste capítulo são os seguintes:
integra, assim, à concepção de um novo tipo de • Esboçar algumas características do quadro
desenvolvimento econômico. geopolítico nascido do fim da Guerra Fria.
O projeto Fome Zero inclui, além de medidas • Explicar o conceito de fundamentalismo.
estruturais, uma política de apoio efetivo à agricul- • Analisar, com base na leitura de texto, o pro-
tura familiar; o direito à Previdência Social para to- cesso de expansão do fundamentalismo islâmico nos
dos os trabalhadores familiares, da economia rural países asiáticos.
ou da economia informal urbana, garantindo a uni- • Produzir texto sobre o regime do apartheid na
versalidade prevista na Constituição; o direito à África do Sul, da sua implantação até a eleição de
complementação de renda para que todas as cri- Nelson Mandela para a presidência da República.
anças das famílias pobres possam ter formação edu- • Conhecer e discutir a Questão Palestina.
cacional adequada; a ampliação da merenda esco- • Analisar, a partir de leitura de imagens, o signi-
lar, atingindo todas as crianças que freqüentam es- ficado e os efeitos do ataque terrorista às Torres
colas públicas, inclusive creches; e, finalmente, o Gêmeas de Nova York, em 2001.
apoio aos inúmeros programas criados por gover- • Valorizar a diversidade cultural que caracteriza
➜ as sociedades humanas.
países. O professor poderá acompanhar o trabalho crise do petróleo de 1973. Outro acontecimento que
de cada grupo esclarecendo eventuais dúvidas. precisa ser destacado é a Intifada, também chamada
revolução das pedras, movimento espontâneo da ju-
ventude palestina contra as forças israelenses, fora
Afeganistão p. 209
do controle das organizações palestinas constituídas.
Para analisar cada um desses diferentes países O professor pode analisar o mapa da página 214
na sua especificidade é importante chamar a aten- para mostrar a localização dos territórios ocupados
ção para algumas questões que o professor poderá por Israel. A Questão Palestina e a política do Estado
esclarecer na sua exposição: de Israel também podem ser vinculadas à política ex-
1) o papel dos Estados Unidos na década de 1980, terna dos Estados Unidos no contexto do pós-aten-
fornecendo armas e treinamento à resistência (da tado de 11 de setembro. Para o governo norte-ame-
qual fazia parte Osama Bin Laden); ricano, o fortalecimento do Estado israelense faz par-
2) o Talebã no poder e a introdução da “versão te da política de criar um escudo de defesa no Orien-
ortodoxa do islamismo”; te Médio contra os grupos terroristas. Para finalizar o
3) os atentados de 11 de setembro; trabalho com esse tema, é importante destacar que a
4) a ofensiva dos Estados Unidos. criação do Estado palestino, determinado pelas Na-
Veja o trecho a seguir referente ao atentado de ções Unidas, não saiu do papel, o que explica, em par-
11 setembro e às mudanças significativas nas rela- te, o acirramento dos conflitos naquela região.
ções internacionais. No que se refere aos principais momentos na
cronologia da paz, o professor pode solicitar um
Nova doutrina exercício de investigação e síntese que complemente
“Em resposta aos atentados, Bush conduz a as informações sobre as tentativas de estabelecer a
maior mudança da política externa dos EUA dos paz nessa região a partir do ano de 2002, comple-
últimos 50 anos, por meio de uma série de princí- mentando o relato da página 215.
pios — reunidos no que seria uma ‘Doutrina Bush’
— que colocaram de cabeça para baixo suas pro- As guerras contra o Iraque p. 217
postas iniciais nos campos militar e de política Neste item, recomendamos destacar a seguinte
externa. [...] relação: as guerras de 1991 e 2003, que atingiram o
Depois dos atentados, Bush definiu o terro- equilíbrio mundial como um todo, sobretudo em
rismo como principal inimigo da humanidade e razão do petróleo. Nesse sentido, o professor pode
condicionou qualquer apoio financeiro e diplomá- programar uma atividade interdisciplinar com a área
tico dos EUA ao engajamento de outros países à de Geografia que envolva o tema do petróleo no
guerra contra o terror. Oriente Médio e a sua importância como fonte de
➜ energia para o mundo globalizado.
PARTE II — O VOLUME 3 39
comparando a época atual com a da Guerra Fria, O texto do livro aponta algumas características
pois, em alguns casos, os fatores desencadeadores essenciais da teoria neoliberal. Se for conveniente, o
desses movimentos não desapareceram, como é o professor pode retomar a explicação sobre o con-
caso, por exemplo, dos bascos e de sua organização ceito de liberalismo e, assim, apontar o que há de
paramilitar ETA. Além de uma atualização histórica, novo no que se refere ao neoliberalismo. No caso
perceber as possíveis mudanças e relacioná-las ao das privatizações brasileiras, exemplo da aplicação
novo contexto existente possibilita aos educandos desse receituário econômico no país, vale analisar
a oportunidade de perceberem como a cada fase da os gráficos da página 234, observando a percenta-
história de uma organização, povo ou país é possível gem das privatizações realizadas por ramo de ativi-
reinterpretar velhas questões a partir dos novos dade. No caso da energia elétrica e das telecomuni-
pontos de vista que surgem com a dinâmica trans- cações, por exemplo, pode-se sugerir que os alunos
formação social e cultural. investiguem as mudanças na prestação do serviço
PARTE II — O VOLUME 3 41
“[...] Para além da violência que empregou durante o período autoritário, “O centro de nossa
a ‘Revolução de 64’ moldou uma outra forma extremamente eficaz de garantir
duradouramente a dominação dos ricos e privilegiados. Forma até muito
indústria cultural
prazerosa, disfarçada de entretenimento, ou forma muito séria, revestida de tornou-se, como em
informação objetiva: a indústria cultural americanizada. [...] todo o mundo, a
O centro de nossa indústria cultural tornou-se, como em todo o mundo, a televisão.”
televisão. A televisão veio para o Brasil em 1950, por iniciativa de Assis
Chateaubriand, proprietário do conglomerado jornalístico Diários Associados.
Mas seu raio de ação era limitado, não só pelo número de telespectadores — a
classe média de renda superior — mas, também, pela frágil organização empre-
Reprodução proibida. Art.184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sarial e pelas limitações tecnológicas, quer do país, quer das próprias empresas.
Estes obstáculos foram sendo vencidos. O aparelho de TV vai se difundindo
rapidamente para a base da sociedade, com o auxílio valioso do crédito ao consu-
mo. Bastaram vinte anos para que 75% dos domicílios urbanos o possuíssem: em
1960, havia em uso apenas 598 mil televisores; dez anos depois, 4 584 000; em
1979, nada menos do que 16 737 000, sendo 4 534 000 televisores em cores.
Por outro lado, o Estado montou uma infra-estrutura de telecomunica-
ções que possibilitou, já em 1970, a instalação de rede nacional. Simultanea-
mente, o negócio se organiza como uma grande máquina capitalista, que utiliza
os processos tecnológicos mais avançados, voltada para a produção da merca-
doria entretenimento, que, consumida, dá suporte aos anúncios das grandes
empresas. Os aspectos educativos e culturais da televisão ficam restritos —
sem grande sucesso — às fundações paraestatais.
E o que é mais importante: a ‘Revolução de 1964’ permitiu — mas muitos “Os aspectos
acham que até estimulou — que a Rede Globo de Televisão se transformasse
educativos e culturais
numa empresa praticamente monopolista, que pode opor barreiras quase
intransponíveis à entrada de novos concorrentes ou ao crescimento dos que da televisão ficam
já estavam estabelecidos. [...] restritos — sem
Para além da censura imposta pelo autoritarismo, a preeminência, na TV, grande sucesso — às
do entretenimento sobre a educação, de um lado, e, de outro, a liquidação do fundações
embrião de opinião pública associado ao triunfo da empresa jornalística gigan-
te levaram a um esvaecimento dos valores substantivos: a verdade cede o
paraestatais.”
passo à credibilidade, isto é, ao que aparece como verdade; o bem comum
subordina-se inteiramente aos grandes interesses privados; a objetividade abre
espaço à opinião, isto é, à opinião dos formadores de opinião, em geral mem-
bros da elite ligados direta ou indiretamente aos grandes interesses.
O domínio da grande empresa da indústria cultural, estabelecido à sombra
do autoritarismo plutocrático, caracteriza um monopólio tecnológica e
organizacionalmente avançado, o dos novos meios de comunicação social, que
escapa inteiramente ao controle público. Mas não é um monopólio qualquer:
difunde valores — morais, estéticos e políticos — que acabam por determinar
atitudes e comportamentos dos indivíduos e da coletividade. [...]”
(MELLO, J. M. Cardoso de; NOVAIS, Fernando A. Capitalismo tardio e sociabilidade
moderna. In: SCWARCZ, L. M. (org.). História da vida privada no Brasil: contrastes da
intimidade contemporânea. São Paulo, Companhia das Letras, 1998, v. 4.)
PARTE II — O VOLUME 3 43
“Em 1970, os brasileiros viveram uma grande alegria no mundo do espor- “[...] o futebol
te: a conquista do tricampeonato mundial de futebol. A seleção brasileira, com brasileiro alegre e
craques do porte de Pelé, Rivelino, Jairzinho, Gérson e Clodoaldo, fez uma bonito das quatro
campanha brilhante. Venceu as seis partidas que disputou, marcou 19 gols e
levou apenas sete. Ao derrotar a Itália por 4 x 1, na partida final, os jogadores
linhas do gramado não
conseguiram apagar o fiasco que fora a participação brasileira na copa de deixava de sofrer as
1966, quando o Brasil se desclassificou no início da competição. Era também a limitações impostas
consagração de Pelé, eleito o melhor jogador do mundo e o único a ganhar pela ditadura militar.”
três das quatro Copas do Mundo que disputou. E, o mais importante, era o
primeiro país do mundo a conquistar a Taça Jules Rimet. [...]
No Brasil, onde pela primeira vez a copa era vista pela TV, a festa explodiu
nas ruas. A música tema — 90 milhões em ação, pra frente Brasil, salve a
seleção — invadiu lares, ruas, bares e praias, cantada em ritmo de samba.
PARTE II — O VOLUME 3 45
na como superior, a quem deveriam prestar servi- jetos industriais voltados para a siderurgia (CSN).
ços todas as outras. Os judeus, que Hitler tentava 6. a) O sistema federativo da Primeira República es-
caracterizar como “raça” e não como grupo religi- tabeleceu um pacto entre as oligarquias locais,
oso, deveriam ser particularmente combatidos. pelo qual as elites agrárias de São Paulo e Minas
b)Os nazistas consideravam parte de um único im- Gerais se revezariam na presidência do país e
pério ariano todos os territórios em que havia facilitariam a perpetuação das oligarquias locais
falantes da língua alemã de origem ariana. As- no governo de seus estados. A tentativa paulista
sim, o regime nazista procurou em primeiro lu- de desrespeitar o rodízio no governo com Minas
gar ocupar os territórios em que estes grupos es- Gerais e os interesses da oligarquia gaúcha e da
tavam presentes, para isso invadindo territórios Paraíba no poder federal compõem o quadro po-
de povos de origem eslava e outras etnias. lítico às vésperas de 1930.
5. a) A República de Weimar foi o regime que subs- b)Depois da tomada do poder por Getúlio Vargas,
tituiu, na Alemanha, o poder imperial do kaiser, São Paulo organizou um movimento para a derru-
derrotado na Primeira Guerra Mundial. O cará- bada do presidente, em 1932. Derrotado, o estado
ter democrático de sua Constituição, aliado à de São Paulo ficou alijado dos grupos políticos li-
fraqueza do Estado alemão, permitiu o gados ao poder central, mesmo porque o regime
surgimento de diversos movimentos à direita e federativo tornou-se cada vez mais centralizado.
à esquerda, que tentavam propor soluções tota- 7. a) A criação do DIP, a censura dos meios de comu-
litárias à crise social e econômica, num contex- nicação, o fechamento dos partidos políticos e
to de radicalização política. a subordinação dos sindicatos ao Estado.
b)O Tratado de Versalhes foi o acordo diplomáti- b)O torpedeamento de navios brasileiros pelos ale-
co que pôs fim à Primeira Guerra Mundial, pelo mães, que levou à indignação popular e à entra-
qual a Alemanha foi obrigada a ceder sua prin- da do Brasil na guerra contra países politicamen-
cipal área industrial (o Ruhr), as províncias da te assemelhados ao Estado Novo.
Alsácia e Lorena (obtidas na guerra franco-
prussiana de 1871) e teve estabelecidas limita- 8. c 9. c 10. a 11. b 12. e
ções ao tamanho das forças militares de que po- 13. Na Constituição de 1934 a participação sindical
deria dispor. A rigidez dessas condições tornou foi contemplada com cadeiras na Assembléia
a paz politicamente inaceitável para o povo ale- Constituinte, fato que consagrava a aliança entre
mão e foi uma das causas da ascensão do nazis- Estado e sindicatos. Apesar dos direitos trabalhis-
mo. tas, a atuação política dos trabalhadores continu-
6. c 7. c 8. c 9. a ava controlada pelo Estado.
10. Durante o período em questão a Espanha foi o te- 14. d
atro de operações em que as principais tendências
CAPÍTULO 7 A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
políticas da época defrontaram-se, inclusive com
o apoio militar de nações estrangeiras. Assim, os 1. d 2. a 3. c
falangistas eram apoiados por Alemanha e Itália, 4. a) O uso da bomba atômica revelou um poder de
os comunistas, pela URSS, e os grupos republica- destruição nunca antes visto, suficiente para ex-
PARTE II — O VOLUME 3 47
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