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MEMBROS DA OTAN DOAM ARMAS PESADAS PARA A

UCRÂNIA

Armamento pesado como tanques e baterias


antiaéreas embora sejam insuficientes podem
provocar Moscou.

Após semanas de cobrança por armamento pesado


para enfrentar uma nova fase de ocupação russa ao seu
território, a Ucrânia passou a receber parte do prometido
pela OTAN, a aliança militar ocidental. Suprimento que não
é suficiente para mudar a dinâmica de forças entre a
Ucrânia e a Rússia, mas que pode ser entendido como uma
provocação pelo Kremlin.

No dia 8 de abril, correram relatos de que Kiev estaria


recebendo sistemas antiaéreos de longa distância,
blindados, peças de artilharia, lançadores de foguetes e até
tanques de pelo menos dois de seus vizinhos.

Esta doação, ironicamente, do antigo material bélico


da ex-URSS que teria repassado aos países do Pacto de
Varsóvia com o objetivo de servir de proteção às fronteiras
do maior país do mundo, podendo ser considerado como
um legado do final da Guerra Fria.

O premiê da Eslováquia, Eduard Heger, afirmou que


seu país doou os sistemas antiaéreos de origem russa S-
300 para o país vizinho. “Não significa que a República
Eslovaca está tomando parte do conflito”, disse.
Em 1989, na desagregação da URSS, a então aliada
Tchecoslováquia recebeu de Moscou um regimento de S-
300 na sua versão PMU, de exportação, com quatro
lançadores. Quando as repúblicas Tcheca e Eslovaca se
separaram, em 1993, a segunda herdou o sistema.

Modelo obsoleto, pode atingir aeronaves a até 90 km.


Os russos operam versões que podem derrubar alvos a até
400 km, mas no contexto da destruição das seis baterias
que os ucranianos tinham até o começo da guerra é melhor
que nada. A OTAN, da qual a Eslováquia faz parte, irá
instalar sistemas americanos Patriot para suprir a carência
de defesa aérea do país.

Já a agência de notícias Reuters divulgou sem dar


nome à fonte da informação, que a República Tcheca
embarcou ao menos cinco tanques T-72, cinco blindados de
infantaria BMP-1, morteiros pesados e lançadores múltiplos
de foguetes nas últimas semanas para a Ucrânia.

O país opera 30 versões antigas do T-72 soviético e


tinha 89 em estoque. A Ucrânia acabou sendo usada como
local de despejo de material bélico antiquado.

Nada disso poderá mudar o rumo da guerra,


obviamente, dada a destruição ampla de blindados dos dois
lados, mas mostra algum comprometimento do Ocidente
que poderá gerar ruído no Kremlin, que até aqui fazia vista
mais ou menos grossa às armas leves mais letais enviadas
a Kiev.
No dia 7 de abril, o secretário-geral da OTAN, Jeans
Stoltenberg, disse genericamente que os membros da
aliança estavam fornecendo material pesado para os
ucranianos, após reclamação do governo de Kiev.

O temor expresso pelo chanceler ucraniano, Dmitro


Kuleba, diz respeito à esperada ofensiva russa para
capturar o restante da região histórica do Donbass, no leste
do país. Atualmente, os separatistas que dominavam a
porção mais oriental do território desde 2014 expandiram
seu controle com apoio russo para quase toda a província
de Lugansk e talvez 60% da de Donetsk. Fica nesta última,
na porção ucraniana, a cidade de Kramatorsk, alvo do
polêmico ataque a uma estação de trem no dia 8 de abril.

Desde que sua ofensiva inicial esmoreceu por erros de


planejamento e resistência ucraniana, Moscou alterou os
planos e retirou o grosso de suas forças da região nordeste
do país, em torno de Kiev. Anunciou que iria focar, na nova
fase da guerra, o controle do Donbass – de resto, o motivo
alegado para a ocupação. (Ver Blog do Maffei
https://radiomaffei.blogspot.com/2022/04/a-guerra-das-
setas-grandes-uma-cartilha.html).

Desde inícios de abril, a Ucrânia pede equipamento


mais pesado, pois a batalha em Donbass demandará o uso
de forças mecanizadas, além do previsível apoio aéreo que
os russos usarão – daí a necessidade do S-300 e de
sistemas de menor alcance, como o Strela que os tchecos
também doaram, segundo a Reuters.

Kuleba desenhou isso ao falar com Stoltenberg e


outros ministros de países da OTAN. A questão até aqui é
que o Ocidente vinha se limitando a fornecer eficazes
sistemas portáteis antitanque e antiaéreos, que
funcionaram muito bem para segurar avanços de blindados
russos em emboscadas.

Mas uma ação concentrada, com barragens de


artilharia, apoio aéreo e intrusão de blindados e infantaria
precisa encontrar algo semelhante à sua frente. Exceto que
as quantidades de material sejam muito maiores do que as
divulgadas, o que é possível, a Ucrânia terá um problema
grande no Donbass.

A questão é que a OTAN teme melindrar a Rússia, cujo


presidente Vladimir Putin sugeriu que usaria armas
nucleares para lidar com quem tentasse se envolver no
conflito.

Por isso, a sugestão polonesa de enviar caças Mig-29


para o vizinho foi vetada pelos EUA, os líderes da aliança,
assim como o pedido para que os ocidentais tentassem
implantar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia – o
que poderia equivaler à declaração da Terceira Guerra
Mundial.
(Texto adaptado a partir de Igor Gielow, Folha de São
Paulo, disponível em:
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2022/04/otan-
comeca-a-doar-armas-pesadas-para-ucrania-enfrentar-os-
russos.shtml).

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