Você está na página 1de 40

ESCOLA DE GUERRA NAVAL

C-EMOS 2023

III-C-5-T1 – TRABALHO DE ANÁLISE GEOPOLÍTICA

DISCIPLINA: III-C-5 – GEOPOLÍTICA E OCEANOPOLÍTICA

INSTRUTOR: CMG (RM1) LEONARDO MATTOS

ANÁLISE GEOPOLÍTICA DO CONFLITO ENTRE A RÚSSIA E A UCRÂNIA

DIRIGENTE: 062 - CC EDUARDO QUARESMA


RELATOR: 125 - CC (IM) M. CARDOSO

GRUPO ECHO
002 - CF FABIANO
018 - CC (MA) VALVERDE
020 - CC REZENDE
022 - CC (IM) FABIANA
033 - CC (FN) EDUARDO LUZ
041 - CC EDUARDO GOMES
051 - CC SHENANDOA
069 - CC (FN) PEDRO JÚNIOR
086 - CC RODOLFO
108 - CC GUEDES DE CASTRO
113 - CC ROQUE SANTOS

Rio de Janeiro
2023
GRUPO ECHO

ANÁLISE GEOPOLÍTICA DO CONFLITO ENTRE A RÚSSIA E A UCRÂNIA

Trabalho da disciplina Geopolítica e Oceanopolítica,


apresentado à Escola de Guerra Naval, como requisito
parcial para conclusão do Curso de Estado-Maior para
Oficiais Superiores.

Rio de Janeiro
Escola de Guerra Naval
2023
SUMÁRIO

1 CONSTATAÇÃO DA SITUAÇÃO CONTEMPORÂNEA............................................................. 4


2 ANÁLISE GEOPOLÍTICA ...................................................................................................... 4
3 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 8
ANEXO A ................................................................................................................................ 11
ANEXO B ................................................................................................................................ 14
ANEXO C ................................................................................................................................ 19
ANEXO D................................................................................................................................ 20
4

1 CONSTATAÇÃO DA SITUAÇÃO CONTEMPORÂNEA


A guerra na Ucrânia começou oficialmente na madrugada de 24 de fevereiro de 2022,
mas a decisão do líder russo Vladimir Putin de invadir o país parece ter ocorrido muito tempo atrás.
No discurso em que confirmou o envio de “tropas de paz” para Donetsk e Luhansk, na região do
Donbass, já se percebia uma vontade do mandatário russo de impedir a existência de uma Ucrânia
independente. Entretanto, a sentença da Ucrânia foi determinada há mais de 10 anos, em meados
de 2013, quando eclodiu na capital ucraniana, Kiev, um forte movimento pela democracia liderado
por estudantes pró-Europa. Mais de 200 mil pessoas foram às ruas depois que o então presidente
Viktor Yanukovych recusou-se a assinar um acordo de cooperação com a União Europeia. O protesto
logo ficou conhecido como “EuroMaidan”.
Urge lembrar que a escolha política de se aproximar da Europa e se afastar da Rússia
não era unanimidade. Depois de noventa e três dias de forte repressão do governo, a manifestação
popular fez o Parlamento ucraniano agir. Em fevereiro de 2014, o presidente Viktor Ianukovytch foi
considerado inapto para prosseguir com suas funções e, assim, foram marcadas novas eleições,
onde o eleito foi um presidente pró-ocidente, Petro Poroshenko.
Na sequência à destituição do presidente Yanukovych, protestos pró-Rússia e
antirrevolução começaram a eclodir na Crimeia. Estes foram seguidos por manifestações em várias
cidades do leste e do sul da Ucrânia, incluindo Donetsk, Luhansk, Kharkiv e Odessa.
Em virtude do desequilíbrio político e social na Ucrânia, o novo governo ucraniano fez
um referendo, com resultado discutível entre observadores internacionais, onde identificou que a
vontade da população local era ser russa, assim, a Rússia anexou a Crimeia.
Ao final de 2021, observando a movimentação russa em direção a sua fronteira, a
Ucrânia, que já possuía um processo de entrada na OTAN, solicitou celeridade no trâmite.
Paralelamente, a Rússia condicionou sua retirada da fronteira ucraniana a não candidatura da
Ucrânia à OTAN.
Em fevereiro de 2022, o governo russo reconheceu formalmente as autoproclamadas
Repúblicas Populares de Luhansk e Donetsk como países independentes e informou que qualquer
ataque ucraniano a essas regiões seria severamente respondido militarmente. Em 24 de fevereiro
de 2022, a ameaça tornou-se realidade com a ordem de invasão da Ucrânia.

2 ANÁLISE GEOPOLÍTICA
Considerando como atores internos a Rússia e a Ucrânia por estarem diretamente
5

ligados ao conflito, foi elaborado o Diagrama de Relações dos Atores (Anexo C) e, por meio da Matriz
de Decisão dos Atores (Anexo D), foram definidos como atores externos mais relevantes para a
análise os EUA, a China e a Alemanha. Desta forma, serão abordados os principais fatores onde cada
Estado se relaciona com a situação apresentada.
A Rússia é o maior país do mundo com extensão de cerca de 17 milhões de km², situada
nos continentes europeu e asiático, e a capital Moscou situa-se na Europa. A Federação Russa é
fronteiriça a treze Estados, incluindo a Ucrânia, sendo cinco deles pertencentes à Organização do
Atlântico Norte (OTAN) - Estônia, Finlândia, Lituânia, Noruega e Polônia.
Quanto ao relevo na parte ocidental encontra-se a Planície da Rússia, que se estende do
Rio Ural, no limite entre os continentes, até os Montes Cárpatos, na Europa Central. A leste dos
Urais, encontra-se o Planalto Siberiano, formado por cadeias montanhosas e clima frio. No sul da
Rússia, encontra-se a Cordilheira do Cáucaso, uma cadeia montanhosa que se estende ao longo da
fronteira com a Geórgia e o Azerbaijão. O avanço da OTAN para leste, angariando novos estados
membros, gera um sentimento perene de insegurança no Estado russo. A Rússia também possui
um vasto litoral, com acesso aos oceanos Atlântico, Ártico e Pacífico, além do Mar Negro e do Mar
Cáspio, o que evidencia sua necessidade de acesso a Criméia. Sua principal via de acesso ao mar é
pelo Norte, que se encontra bloqueado pelo gelo ártico durante vários meses do ano. A costa do
Mar Negro é uma região turística e portuária importante, enquanto a região do Ártico é uma região
de crescente importância estratégica e econômica, devido às reservas de petróleo, gás e minerais
presentes na região. A Rússia é rica em recursos naturais, incluindo petróleo, gás natural, carvão,
minérios e madeira.
Seu idioma oficial, o russo, ainda encontra-se presente em diversos países da Ásia
Central, ex- satélites soviéticos. Sua população composta por cerca de 145 milhões de habitantes,
representa um fator de força regional. A diversificada economia é fundamentalmente baseada nos
setores de energia, agricultura, manufatura, tecnologia e serviços. A Rússia é uma grande potência
econômica, com um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de US$ 1,7 trilhão, o que a coloca como a
11ª maior economia do mundo. Entretanto, enfrenta desafios de infraestrutura desatualizada,
corrupção e necessidade de modernização em vários setores. O país é o segundo maior produtor de
petróleo do mundo e maior exportador de gás natural.
A alta dependência de exportações energéticas, corrupção endêmica, invasão ucraniana
e falta de infraestrutura verde limitam investimentos e levaram à sanções. A Rússia é o quarto maior
produtor mundial de aço e possui uma indústria de construção naval desenvolvida. O setor agrícola
6

é outro setor importante da economia russa, com destaque para a produção de trigo, fertilizantes,
cevada, beterraba e outras safras.
Em contrapartida, a Ucrânia é um país da Europa Oriental. É o segundo maior país em
área da Europa depois da Rússia, com quem faz fronteira a leste e nordeste. Também faz fronteira
com a Bielorrússia ao norte; Polônia, Eslováquia e Hungria a oeste; Romênia e Moldávia ao sul; e
tem um litoral ao longo do mar de Azov e do mar Negro. Abrange uma área de 600 mil km², sendo
o 44º país do mundo em território, em 2021 tinha cerca de 44 milhões de habitantes, o oitavo país
mais populoso da Europa. A capital e a maior cidade do país é Kiev. A língua falada é a ucraniana,
que morfologicamente assemelha-se à língua russa, embora também apresente semelhanças
fonéticas com a língua servo-croata e partilhe muito do seu vocabulário com o polonês.
A paisagem da Ucrânia consiste principalmente de planícies férteis (ou estepes) e
planaltos, atravessados por rios como o Dniepre (Dnipro), Donets, Dniestre e o Buh Meridional, à
medida que fluem para o sul no Mar Negro e no Mar de Azov. O rio Dniepre é o principal curso
d’água da Ucrânia, o qual percorre 980 km dentro do território ucraniano e é de extrema
importância para o abastecimento e geração de energia elétrica.
Recursos naturais na Ucrânia incluem minério de ferro, carvão, gás natural, petróleo e
uma grande abundância de terras aráveis. Apesar disso, o país enfrenta uma série de questões
ambientais, tais como suprimentos inadequados de água potável, poluição do ar e da água e
desmatamento, bem como a contaminação por radiação no nordeste do país, por conta do acidente
nuclear de Chernobyl, em 1986.
Pela ótica militar, temos de um lado a Rússia demonstrando grande dificuldade em
combater num nível de intensidade alto devido as dificuldades logísticas, de pessoal, da própria
indústria de defesa, mas acima de tudo ao grande conservadorismo e centralização da sua estrutura
de comando. O Estado russo tem aplicado o conceito de guerra de atrito, aumentando as suas
possibilidades de sucesso através de um conflito prolongado de baixa intensidade. As sanções
econômicas impostas pelo Ocidente têm demostrado alguma eficácia, principalmente na indústria
de defesa.
Após a dissolução da antiga União Soviética em 1992, a Ucrânia tomou medidas para a
redução de armas, tendo assinado o Tratado sobre Forças Armadas Convencionais na Europa, o qual
exigia a redução de tanques, artilharia e veículos blindados. O país planejou, então, converter o
atual exército baseado em recrutas em um exército voluntário profissional, sendo válido ressaltar
que a Ucrânia já possuiu o terceiro maior arsenal de armas nucleares do mundo, mas após a
7

assinatura do Protocolo de Lisboa (Tratado de não-proliferação nuclear), concordou em ceder todo


o arsenal nuclear para a Rússia. Em 1996, o país já não possuía armas nucleares. Dessa forma, fazer
uma comparação de poderes combatentes seria incoerente, uma vez que se não fosse o apoio dos
países do ocidente, a Ucrânia não teria tido condições de se manter combatendo.
Hoje, o maior doador de recursos para Kiev é o governo dos EUA. De acordo com o
instituto alemão Kiel, US$ 78 bilhões foram destinados pelos americanos aos ucranianos, em apenas
um ano. Juntos, os países europeus destinaram cerca de US$ 35 bilhões de euros para os ucranianos.
Os sites apontam que a maior ajuda vem do Reino Unido, com US$ 8,8 bilhões.
Quanto à análise dos atores externos, a China é a segunda maior economia do mundo e
uma grande influência global e encontra-se buscando ampliar sua presença no cenário geopolítico
mundial e sua influência nas dimensões política e econômica, especialmente por meio da iniciativa
Belt and Road, que visa a construção de infraestrutura em todo o mundo, além de se esforçar para
aumentar sua presença na Europa, através de investimentos em tecnologia.
Embora a China tenha sido um importante parceiro comercial dos EUA por muito tempo,
a relação entre os dois países se deteriorou nos últimos anos. Com relação à Rússia, a China tem
cooperado cada vez mais, especialmente no âmbito militar, e tem sido um importante parceiro
comercial e econômico. Por outro lado, a China tem desenvolvido relações comerciais com a Ucrânia
importando seus grãos, no entanto, a relação é complexa, já que a China apoia a soberania territorial
da Ucrânia, mas também mantém boas relações com a Rússia, o que causa tensões entre os países
desde a anexação da Crimeia em 2014.
Quanto aos Estados Unidos da América, destacamos seu histórico de rivalidade com a
Rússia desde a Guerra Fria. São muito relevantes no cenário mundial, membro permanente no
Conselho de Segurança da ONU – assim como a China e a própria Rússia – e um participante com
grande peso da OTAN, por seu poderio econômico e militar. Os Estados Unidos e a Ucrânia estão
trabalhando em conjunto para acelerar os esforços de reconstrução na Ucrânia, com a ajuda da
comunidade internacional. Os EUA passaram a exportar grande parte do seu petróleo bruto para a
União Europeia, e em contrapartida parou de importar da Rússia.
Por fim, o outro ator externo é a Alemanha devido à sua posição de liderança e influência
na União Europeia, uma vez que é considerada como o motor da economia do bloco e lidera um
grupo de países que buscam resolver o conflito por meio de negociações e é um dos principais
fornecedores de ajuda humanitária à Ucrânia. No entanto, a posição da Alemanha é delicada, pois
precisa equilibrar seu relacionamento com a Rússia, tendo em vista sua necessidade de gás natural,
8

seu compromisso com os valores democráticos e de direitos humanos dentro da União Europeia e
da Organização das Nações Unidas.

3 CONCLUSÃO
Apesar das assimetrias de informações e narrativas discutíveis divulgadas na imprensa,
diante dos aspectos apresentados, acreditamos que, nos próximos cinco anos, haverá uma grande
ofensiva ucraniana, com a continuidade do apoio econômico e militar dos EUA e demais membros
da OTAN. Neste sentido, o resultado do conflito dependerá muito do impacto desta investida sobre
as linhas de contato russas.
Se essa ação não tiver o poder de alterar as linhas de contato russas, o conflito tornar-
se-á uma guerra de baixa intensidade, até se estabilizar. Isso teria um impacto benéfico para a
Rússia, pois, ao se prolongar o conflito, haveria um aumento do custo do apoio ocidental à Ucrânia,
levando a uma vantagem estratégica russa. Inferimos que, consciente disso, o presidente ucraniano
realiza uma série de visitas a outros Estados, com o objetivo de manter viva a consciência situacional
dos países amigos.
Caso a ofensiva seja rápida, quebrando a linha de contato russa, acreditamos que a
Rússia poderá se sentir ameaçada e responder, no pior cenário, utilizando armas nucleares táticas,
representando uma escalada do conflito, com projeções catastróficas. Se a ofensiva for lenta, mas
alterar as linhas de contato russas, pode levar o conflito para a mesa de negociação, a fim de evitar
a perda de territórios ocupados no início do conflito.
O envio de carros de combate modernos da Alemanha, os caças F-16 dos Estados
Unidos, entre tantos outros equipamentos militares e subsídios financeiros, dos demais membros
da OTAN tem ajudado, significativamente, o esforço de guerra ucraniano. Por outro lado, o apoio
chinês à Rússia, via parceria comercial, mantém o financiamento do esforço de guerra russo.
Dessa forma, há maior probabilidade de ocorrer uma guerra de baixa intensidade, com
vantagem estratégica para a Rússia e aumento do custo do apoio ocidental à Ucrânia. Neste viés,
todos esses fatores apontam para uma manutenção prolongada do esforço de guerra dos atores
principais, fato este que, eventualmente, pode ser descontinuado devido às crescentes taxas de
inflação previstas na Europa e nos EUA, que são os grandes financiadores da guerra. Trata-se de um
conflito que envolve interesses geopolíticos, passível de alterar o tabuleiro de poder entre os EUA
e a China.
9

REFERÊNCIAS

EUROSTAT. Electricity prices for household consumers. Disponível em:


<https://ec.europa.eu/eurostat/databrowser/view/NRG_PC_204/default/table?lang=en>. Acesso
em: 5 maio. 2023.

FEDERAL FOREIGN OFFICE. Germany and the Russian Federation: Bilateral relations. Disponível em:
<https://www.auswaertiges-amt.de/en/aussenpolitik/russianfederation/218616>. Acesso em: 5
maio. 2023.

FEDERAL FOREIGN OFFICE. For as long as it takes: Germany’s support for Ukraine. Disponível em:
<https://www.auswaertiges-amt.de/en/aussenpolitik/laenderinformationen/ukraine-
node/ukraine-solidarity/2513994>. Acesso em: maio. 3DC.

FEDERAL MINISTRY FOR ECONOMIC AFFAIRS AND CLIMATE ACTION. Electricity Market of the Future
- Facts and Figures. Disponível em:
<https://www.bmwk.de/Redaktion/EN/Artikel/Energy/electricity-market-of-the-future-facts-and-
figures.html>. Acesso em: 5 de maio de 2023.

THE MILITARY BALANCE 2023. Oxfordshire: IISS, 2023. Anual. ISSN: 0459-7222.

MARQUES, Francisco. Forças russas da CSTO iniciam retirada do Cazaquistão após estabilização da
revolta. Euronews, -, 7 Mar. 2022. Disponível em <https://pt.euronews.com/2022/01/13/forcas-
russas-da-csto-iniciam-retirada-do-cazaquistao-apos-estabilizacao-da-revolta>. Acesso em: 28 de
abril.de 2023.

Political and Peacebuilding Affairs. Shanghai Cooperation Organization. Disponível em:


<https://dppa.un.org/en/shanghai-cooperation-organization>. Acesso em: 28 abr. 2023.

RUSSIAN GENERAL OFFICER GUIDE. Institute for the Study of War, 2022. Disponível em: < Russian
General Officer Guide - May 11 | Institute for the Study of War (understandingwar.org)>. Acesso em:
29 abr.de 2023.

KAPLAN, ROBERT D. A vingança da Geografia, 2013.

The World Fact book – CIA. Russia. Disponível em: <https://www.cia.gov/the-world-


factbook/countries/russia/>. Acesso em 03 de maio de. 2023."

Veja mais sobre "Rússia”. Disponível em: < https://brasilescola.uol.com.br/geografia/russia.htm >


Acesso em 03 de maio de 2023.

What is NATO? Disponível em: < https://www.nato.int/nato-welcome/index.html > Acesso em 03


de maio de 2023.

Putin's Wars: The Rise of Russia's New Imperialism, de Marcel H. Van Herpen.
10

BIOGRAPHY. Vladimir Putin. Biography, 2021. Disponível em:


<https://www.biography.com/political-figures/vladimir-putin>. Acesso em: 06 de maio de 2023.

BIOGRAPHY ON. Valery Gerasimov Bio, Wiki, Wife, Height & Net Worth. Biography on, -. Disponível
em: <https://biographyon.com/valery-gerasimov/>. Acesso em: 06 de maio de 2023.

CLARK, Mason. Russian General Officer Guide. -. Institute for the Study of War, 2022. 30 p. Relatório.
EHRMAN, John. Intelligence in Public Literature: Two Biographies of Vladimir Putin. CIA, 2012.
Disponível em: <https://www.cia.gov/static/e530e07b076ddbdf52c095ff7b58ad2f/Mr-Putin.pdf>.
Acesso em: 06 mai. 2023.

THE EDITORS OF ENCYCLOPAEDIA BRITANNICA. Vladimir Putin: President of Russia. Encyclopaedia


Britannica, 2023. <https://www.britannica.com/biography/Vladimir-Putin>. Acesso em: 06 mai.
2023.

ISTO É. https://istoe.com.br/guerra-na-ucrania-comecou-com-os-protestos-euromaidan-em-
2013/.

Comparison of Russia and Ukraine Military Strengths (2022). Disponível em:


<https://www.globalfirepower.com/countries-comparison-
detail.php?country1=Russia&country2=Ukraine>. Acesso em: 29 de maio 2023.

KYIV POST. NATO Confirms Readiness for Ukraine’s Joining Organization. Disponível em:
<https://web.archive.org/web/20100419050336/http:/www.kyivpost.com/news/nation/detail/63
797/>. Acesso em: 29 de maio de 2023.

MINISTRY OF DEFENCE OF UKRAINE. White Book 2006: Defence Policy of Ukraine. Disponível em:
<https://web.archive.org/web/20071108143812/http:/www.mil.gov.ua/files/white_book_eng200
6.pdf>. Acesso em: 30 de maio 2023.

UNITED STATES DEPARTMENT OF STATE. Protocol to the Treaty between the United States of
America and the Union of Soviet Socialist Republics on the Reduction and Limitation of Strategic
Offensive Arms. [s.l: s.n.]. Disponível em: <https://2009-
2017.state.gov/documents/organization/27389.pdf>. Acesso em: 29 de maio de. 2023.
11

ANEXO A
MAPAS e ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Divisão Administrativa

Figura 2 – Fisiografia
12

Figura 3 – Malha de Transportes

Figura X – Fronteira Terrestre da Rússia com os países da OTAN


Fonte: Sputnik
13

30° dia da Invasão


180° dia da Invasão
(https://www.poder360.com.br/internacional
/apos-1-ano-russia-e-ucrania-vivem-guerra-de-atrito/)

Um ano de guerra
(https://www.poder360.com.br/internacional/apos-1- ano-
russia-e-ucrania-vivem-guerra-de-atrito/-cronologia
-ucrania-site-18-fev-2023-1-01-1.
14

ANEXO B
LINHA DO TEMPO
DATA ACONTECIMENTO
1986 - Desastre nuclear de Chernobyl.
- A antiga União Soviética começa a retirar suas tropas da Europa Oriental,
1989
incluindo a Ucrânia.
- A antiga União Soviética colapsa e a Ucrânia declara independência.
01/DEZ/91
- A Rússia declara independência após o colapso da União Soviética.
- Assinatura do Memorando de Budapeste. Ucrânia entrega todas as armas
05/DEZ/94 nucleares à Rússia. O Memorando também é assinado pelos EUA, Reino Unido e
Rússia que se comprometem a proteger a integridade territorial da Ucrânia.
1999 - A Rússia e a Ucrânia assinam um tratado de amizade e cooperação.
MAI/2000 - Pedido formal da Ucrânia para aderir à OTAN.
- Revolução Laranja. Eleições para a presidência da Ucrânia entre Viktor
Yushchenko (pró-ocidente) e Viktor Yanukovych (pró-russo). Yushchenko sofre um
envenenamento antes das eleições, mas recupera. Yanukovych vence, mas as
DEZ/2004
eleições são consideradas fraudulentas. Revoltas nas ruas com a cor laranja (cores
da campanha de Yushchenko). Os protestos levam a nova eleição, em dezembro,
com a vitória de Yushchenko.
- Rússia contra a entrada da Ucrânia para a OTAN. Cimeira da OTAN para preparar
a extensão da aliança dando à Ucrânia o estatuto de Membership Action Plan
03/ABR/08 (MAP). Rússia demonstra-se contra esta intenção. Putin refere que a Ucrânia “não
existe como um verdadeiro estado-nação”. A OTAN não dá o estatuto de MAP à
Ucrânia.
- A Rússia invade a Geórgia em resposta a um conflito separatista na região da
2008
Ossétia do Sul.
2009 - Conflitos no Norte do Cáucaso.
2010 - Eleição de Yanukovych como Presidente da Ucrânia.
- A Ucrânia estava a cumprir um rumo de aproximação à EU, no entanto,
Yanukovych inicia uma política de aproximação à Rússia terminando com o
processo de integração no bloco europeu. Inicia-se uma forte discussão política na
Ucrânia, com Yulia Tymoshenko como principal opositora do presidente. Violentos
NOV13-
protestos concentrados na Praça da Independência (Maidan) em Kiev, resultam
FEV14
em pelo menos 130 mortos.
- Forte polarização da sociedade ucraniana.
- Yanukovych é afastado do poder e asila-se na Rússia e a oposição toma o poder
e reinicia a aproximação à UE.
- Rússia anexa a Crimeia. Tropas russas envergando uniformes sem insígnias
(Homenzinhos Verdes) ocupam a Crimeia, região de etnia predominantemente
russa.
FEV14-
- A ocupação é condenada pela ONU e pela EU.
MAR14
- A invasão permitiu à Rússia evitar a integração da Ucrânia na OTAN e na UE.
- “Nascimento” do Grupo Wagner.
- A Rússia é expulsa do G8.
15

DATA ACONTECIMENTO
- Grupos armados pró-Rússia tomam partes das províncias de Donetsk e Luhansk,
ABR14 que formam a região de Donbas, no leste da Ucrânia.
- Ucrânia responde com meios militares.
- Reunião do Quarteto da Normandia (Ucrânia, França, Alemanha e Rússia) para
JUN14
tentar pôr termo à guerra.
- Rússia atua na Guerra Civil da Síria.
2015
- O Acordo de Minsk é assinado para pôr fim ao conflito no leste da Ucrânia.
2017 - Ucrânia ratifica um acordo de associação com a EU.
- Putin inaugura a Ponte Rodoviária e Ferroviária do Estreito de Kerch (quatro anos
depois da Rússia anexar a Crimeia).
2018 - A Rússia apreende três navios de guerra ucranianos e seus tripulantes no Estreito
de Kerch.
- Rússia atua na Guerra Civil na República Centro-Africana.
- Volodymir Zelenskyy é eleito Presidente da Ucrânia. Zelenskyy promete terminar
21ABR19
a guerra com a Rússia e no Donbass e terminar com a corrupção.
- A Rússia e a Ucrânia realizam uma troca de prisioneiros, incluindo o cineasta
2019
ucraniano Oleg Sentsov.
- Joe Biden, numa entrevista, considera Putin um assassino.
MAR21
- Rússia, retira temporariamente o seu embaixador nos EUA, Anatoly Antonov.
- A Rússia disparou tiros de advertência contra um navio britânico no Mar Negro,
23JUN21 perto da península da Crimeia, dias antes dos exercícios navais da OTAN no mesmo
local.
- Rússia concentra 100 mil soldados junto à fronteira com a Ucrânia. Ucrânia, a
Europa e EUA falam numa invasão iminente em larga escala. Rússia nega
respondendo que se trata de exercícios militares.
NOV21
- EUA impõem sanções à Rússia devido a interferência nas eleições americanas
deportando dez funcionários de sua embaixada em Washington. A Rússia
responde com a deportação de dez funcionários americanos.
- Durante o ano de 2021, Zelenskyy avança com uma forte perseguição a oligarcas
ucranianos pró-russos. Viktor Medvedchuk, um amigo próximo de Putin, é um
deles.
DEZ21 - Putin afirma que russos e ucranianos são um só povo.
- A Rússia aumenta para 175.000 militares junto à fronteira com a Ucrânia e exige
à OTAN e aos EUA que a Ucrânia nunca seja admitida na OTAN. A proposta é
rejeitada.
- EUA iniciam o repatriamento dos familiares do seu pessoal diplomático e
aconselha a que os americanos abandonem a Ucrânia.
- 24 de janeiro, EUA e OTAN anunciam o reforço de militares no flanco leste.
- Tropas russas começam a chegar à Bielorrússia, aliada da Rússia, ostensivamente
"para exercícios militares".
JAN22
- EUA dão à Ucrânia US$ 200 milhões em ajuda de segurança.
- Joe Biden afirma em entrevista coletiva: "A Rússia será responsabilizada se
invadir. Independentemente do que fizer."
- Exercícios russos envolvendo 6.000 soldados e 60 caças ocorrem na Rússia, perto
da Ucrânia e da Crimeia.
16

DATA ACONTECIMENTO
- A 07FEV Macron (na presidência rotativa da EU) reúne-se com Putin. Três dias
depois a Rússia inicia exercícios em larga escala na Bielorrússia.
- EUA, UE, entre outros, avisam Putin para não invadir a Ucrânia. A Rússia acusa os
EUA e a Europa de histeria.
- EUA transfere a embaixada de Kiev para Lviv (oeste da Ucrânia).
- Rússia inicia a retirada de tropas que se encontram junto à fronteira.
FEV22
- A Ucrânia inicia a escavação de trincheiras na fronteira.
- A 21FEV a Rússia reconhece a independência das regiões de Donetsk e Luhansk
e envia militares para uma missão de manutenção da paz.
- OTAN anuncia primeira rodada de sanções econômicas contra a Rússia.
- 23FEV reunião de emergência do Conselho de Segurança (CSNU) para pedir que
a Rússia não atacasse a Ucrânia.
- A Rússia inicia uma invasão à Ucrânia em larga escala.
- Zelenskyy declara lei marcial e termina as relações diplomáticas com a Rússia.
- Os EUA, a UE, o Reino Unido e o Canadá congelaram os bens de autoridades
24FEV22 russas e impuseram proibição de viagens.
- Bloqueio do Mar de Azov.
- Tomada russa da Ilha das Cobras.
- Ucrânia fecha todos os seus portos.
- Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse que a UE
financiaria, compraria e forneceria armas à Ucrânia. UE fecha o espaço aéreo dos
27 estado a aviões russos.
25FEV22 - Vladimir Putin ordenou que as forças de dissuasão nuclear russas fossem
colocadas em alerta máximo.
- Olaf Scholz, Chanceler da Alemanha, anunciou que o país vai aumentar os gastos
com defesa acima dos 2% do PIB.
- Primeira reunião entre delegações ucranianas e russas. No mesmo dia a Rússia
intensifica os ataques em Kharkiv e Mariupol.
- França convoca uma reunião de emergência do CSNU, para aprovar uma
resolução que permita o acesso da ajuda humanitária.
28FEV22 - Início da reunião de emergência da AGNU.
- Ucrânia enviou um pedido oficial à UE, solicitando a admissão imediata. Bulgária,
República da Tcheca, Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, Eslováquia e Eslovênia
respondem de imediato que sim.
- Turquia fecha os estreitos do Bósforo e de Dardanelos para navios militares.
02MAR22 - Fim da reunião de emergência da AGUN.
03MAR22 - Conquista russa de Kherson e cerco militar a Mariopol.
08MAR22 - Forças russas conquistam a usina nuclear de Zaporizhzhia.
25MAR22 - Retirada das forças russas dos arredores de Kiev.
27MAR22 - Determinação da abertura do corredor marítimo pela IMO.
- Rússia é acusada de atrocidades humanitárias na cidade de Bucha.
01ABR22 - Ucrânia passa a receber tanques e veículos da Bulgária indiretamente (via Polônia
e Romênia).
- O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, encontrou-se com o
09ABR22
presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Kiev.
14ABR22 - O Cruzador russo Moskva é afundado no Mar Negro.
17

DATA ACONTECIMENTO
O secretário-geral da ONU, António Guterres, visitou a Ucrânia. Ele se encontrou
28ABR22 com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e visitou áreas próximas a Kiev
onde os ucranianos acusam os russos por um massacre de civis.
- Conquista russa de Mariupol e de todo o Mar de Azov.
20MAI22 - Soldados que resistiam ao implacável bombardeio russo na Usina Siderúrgica
Azovstal em Mariupol se rendem.
- O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, o presidente da França, Emmanuel
16JUN22 Macron, e o primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, que representam as três
maiores economias da UE, visitam a Ucrânia.
23JUN22 - A Ucrânia e a Moldávia são declaradas candidatas a ingressar na União Europeia.
24-27JUN22 - Retirada ucraniana de Severodonetsk.
30JUN22 - Retirada russa da ilha das Cobras.
03JUL22 - Tomada russa de Lysychansk e de toda a região de Lugansk.
05JUL22 - A Finlândia e a Suécia assinam um protocolo de adesão à OTAN.
22JUL22 - Rússia e Ucrânia assinam acordo para a exportação de grãos.
24AGO22 - 6 meses de conflito e 31 anos da independência da Ucrânia (Dia da Bandeira).
- Ucrânia lança uma contraofensiva em Kharkiv e Kherson até ao dia 8 de
30AGO22
setembro.
- Depois de ter sido invadida e ter perdido imenso território, a Ucrânia já
recuperou milhares de quilómetros quadrados, fazendo as forças russas perderem
11SET22
Kharkiv. A Rússia responde com ataques a infraestruturas, deixando milhares de
pessoas sem eletricidade e água.
- A Rússia inicia a mobilização de 300.000 reservistas. Fuga do país de milhares de
21SET22
jovens em idade de conscrição.
- Putin assina documentos que finalizam a anexação de quatro regiões ucranianas:
01OUT22 Donetsk, Luhansk, Kerson e Zaporizhzhia. Estas anexações são realizadas após a
realização de referendos. A Europa e os EUA não reconhecem estes referendos.
- Ataque e destruição parcial da Ponte da Crimeia. A Rússia atribuiu os ataques a
08OUT22 forças terroristas ucranianas tendo retaliado com vários ataques com misseis por
toda a Ucrânia.
29OUT22 - Ucrânia ataca Base de Savastopol com drones marítimos.
- Forças russas se retiram de Kherson. Após oito meses de ocupação russa, a cidade
de Kherson foi libertada. A retirada apressada da Rússia da margem oeste do rio
Dnipro foi outro momento sombrio para Moscou, já que Kherson era a única
11NOV22
capital regional ucraniana capturada pelas forças russas. O próprio Putin declarou
formalmente Kherson como território russo apenas algumas semanas antes da
retirada de suas tropas.
- Zelensky visita a Casa Branca. Os EUA anunciam ajuda militar no valor de 2 biliões
21DEZ22 de dólares, incluindo o sistema de misseis Patriot.
- Discurso de Zelensky no Congresso dos EUA.
13JAN23 - Conquista russa de Soledar.
25JAN23 - Alemanha anuncia a entrega de Carros de Combate Leopard 2 para a Ucrânia.
26JAN23 - EUA anuncia o envio de M1 Abrams para a Ucrânia.
FEV23 - A Rússia aparenta estar a preparar uma ofensiva em larga escala sobre a Ucrânia.
03FEV23 - Cúpula União Europeia – Ucrânia é realizada em Kiev.
18

DATA ACONTECIMENTO
09FEV23 - Zelensky encontra-se com Macron e Scholz em Paris.
- Os EUA pedem que os americanos que estão na Rússia, deixem o país
12FEV23
imediatamente.
- Biden faz visita surpresa a Kiev e anuncia uma assistência adicional de 500
20FEV23
milhões de dólares.
- Tribunal Penal Internacional emite um mandado de prisão contra Putin por
17MAR23
crimes de guerra.
20MAR23 - Xi Jiping visita Moscou.
25MAR23 - Putin anuncia que a Rússia vai posicionar armas nucleares táticas na Bielorrússia.
26MAR23 - Kiev pede reunião urgente da ONU para travar “chantagem nuclear” russa.
31MAR23 - O novo conceito de política externa da Rússia.
- Vladlen Tatarsky, blogger militar russo, morre após explosão em café em São
02ABR23
Petersburgo.
- Noticiado em todo o Ocidente a fuga de informações do Pentágono
relativamente aos planos de uma grande ofensiva da Ucrânia às posições russas,
07ABR23 orquestrada pelos EUA, NATO e Ucrânia.
- Os documentos apareceram online em 31 de março na plataforma de rede social
Discord.
- Lula da Silva, Presidente do Brasil, em visita oficial à China referiu que os EUA e a
15ABR23
UE estão envolvidos diretamente na Guerra na Ucrânia.
- Coreia do Sul afirmou que vai disponibilizar apoio militar – armas – à Ucrânia caso
19ABR23
a Rússia continue a atingir alvos civis.
O Presidente chinês Xi Jinping conversou por telefone com Zelensky, se
posicionando como um potencial intermediário para uma solução de paz. Ele
apresentou uma declaração de 12 pontos, propondo uma solução política para a
26ABR23
crise. A Rússia se manifestou enfatizando sua prontidão para negociar, porém, o
governo de Kiev descartou qualquer negociação enquanto Vladimir Putin
continuar como presidente da Rússia.
A Rússia culpou os Estados Unidos pelo suposto ataque de drones ao Kremlin,
reforçando a acusação do envolvimento de Washington no conflito da Ucrânia e
afirmando que o ataque foi uma tentativa direta de matar o presidente Putin. A
03MAI23 Casa Branca rejeitou as acusações. Analistas dos Estados Unidos afirmaram que o
suposto ataque com drones visando atingir o Kremlin foi provavelmente encenado
pela Rússia, como ato de propaganda a fim de mobilizar a população a favor do
conflito na Ucrânia.
A Alemanha anunciou o fornecimento de ajuda militar adicional à Ucrânia no valor
14MAI23
de três bilhões de dólares, incluindo tanques, sistemas antiaéreos e munições.
O Reino Unido anunciou o envio de mísseis de cruzeiro Storm Shadow, com
15MAI23 alcance de mais de 250 km, mísseis de curto alcance e tanques Challenger, além
do treinamento de 15.000 soldados ucranianos em solo britânico.
O presidente turco, Tayyip Erdogan, anunciou que o acordo sobre grãos entre
17MAI23
Rússia e Ucrânia foi prorrogado por dois meses.
19
ANEXO C
DIAGRAMA DE RELAÇÕES
20

ANEXO D
MATRIZES DE DECISÃO DOS ATORES

1 - ATORES INTERNOS

Os atores internos, Rússia e Ucrânia, estão claramente definidos. Os rebeldes


separatistas de Donbass, que atuam ao lado da Rússia, e a OTAN, que fornece armamento para a
Ucrânia, não são atores estatais. Desta maneira, não foram classificados como atores internos.

2 - ATORES EXTERNOS

Após realização do brainstorming, materializado no Diagrama de Relações de Atores


(Anexo C), foram selecionados seis atores externos com maiores PIB e relevância no conflito para
compor a matriz de decisão de atores externos, objetivando a escolha dos três atores externos mais
importantes para o conflito. Os critérios que auxiliaram nessa escolha constam na tabela 4. Esses
aspectos estão relacionados com fatores absolutos dos Estados e com aspectos referentes aos seus
relacionamentos com os atores internos. Abaixo constam as tabelas 1 e 2 com as pontuações
atribuídas aos possíveis atores externos. Na tabela 3 consta o somatório das graduações das
anteriores.
Os que tiveram maior grau foram os EUA, China e Alemanha.

POLÍTICO ECONÔMICO MILITAR GEOGRÁFICO HISTÓRICO TOTAL


EUA 10 10 10 5 0 35
CHINA 8 10 5 0 0 23
FRANÇA 5 5 5 5 0 20
ALEMANHA 3 10 5 5 5 28
POLÔNIA 3 5 5 10 0 23
REINO 8 5 5 0 0 18
UNIDO
Tabela 1 – Atores Externos x Ucrânia
21

POLÍTICO ECONÔMICO MILITAR GEOGRÁFICO HISTÓRICO TOTAL


EUA 10 10 5 5 10 40
CHINA 10 10 10 10 10 50
FRANÇA 5 5 5 5 5 25
ALEMANHA 3 10 0 5 10 28
POLÔNIA 3 5 0 10 10 28
REINO 8 5 5 0 5 23
UNIDO
Tabela 2 – Atores Externos x Rússia

TOTAL
EUA 75
CHINA 73
ALEMANHA 56
POLÔNIA 51
FRANÇA 45
REINO 41
UNIDO
Tabela 3 - Pontuação Total dos Atores Externos

Não – 0 pts
I – Membro Permanente do CS
Sim – 5 pts
POLÍTICO Ausência de relações políticas – 0 pts
II – Relações Políticas (Pos. ou Neg) Relações políticas fracas ou médias – 3 pts
Relações políticas intensas – 5 pts
Nenhuma ou baixa – 0 pts
ECONÔMICO PIB/Intensidade das Relações Econômicas Média – 5 pts
Alta – 10 pts
I - Potencial Militar (orçamento e armas Baixo – 0 pts
nucleares) Alto – 5 pts
MILITAR
Não – 0 pts
II – Acordos de Cooperação Militar
Sim – 5 pts
Não há – 0 pts
GEOGRÁFICO Proximidade Geográfica Regional – 5 pts
Faz fronteira – 10 pts
Não há – 0 Pts
HISTÓRICO Relações históricas Possuem baixo relacionamento - 5 pts
Possuem alto relacionamento – 10 pts
Tabela 4 - Critérios

Algumas considerações sobre o ator interno RÚSSIA:


1) Fator Histórico
Em 1994 a Ucrânia transferiu todo o seu arsenal nuclear à Rússia, em troca da promessa
de sua integridade territorial ser respeitada. Entretanto, foi violado em 2014, por ocasião da
anexação da Crimeia. Além disso, Moscou forneceu apoio militar e logístico a rebeldes da região de
Donbas (províncias de Donetsk e Luhansk). Para pôr fim à guerra no leste da Ucrânia foi assinado o
22

tratado de Minsk (2014).


Em 2021 à Rússia concentra tropas na fronteira com a Ucrânia. Putin reclama da
expansão da OTAN na direção do leste da Europa e ressalta o que considera como laços históricos
entre Rússia e Ucrânia. A Rússia reconhece, em 21/02/2022, a independência das Repúblicas de
Donetsk e Luhansk. Em 24/02/2022 a Rússia invade a Ucrânia.
A invasão a Ucrânia constituiu uma violação ao Direito Internacional, contrariando o
artigo 51 da Carta da ONU. A Assembleia Geral da ONU, por meio de uma Resolução, condena a
agressão russa contra a Ucrânia. Como represália, a Rússia foi também excluída do Conselho da
Europa e suspensa do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
Em julho/2022 foi firmado o acordo sobre grãos da Ucrânia, que permite que navios
carregados com grãos ucranianos transitem com segurança do Mar Negro até a Turquia. Este acordo
foi prorrogado até 16 de julho de 2023.
Em 30/09/2022 Putin assina anexação de quatro territórios ucranianos (Donetsk,
Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia) à Rússia. Posterior a anexação o Kremlin disse que qualquer
ataque aos territórios anexados será considerado agressão contra a própria Rússia, acrescentando
que a Rússia lutará para tomar a totalidade do território ucraniano da região leste de Donbass.

2) Fator Sociopolítico
Putin, que já havia sido primeiro-ministro da Rússia durante o último ano do governo de
Yeltsin, venceu as eleições presidenciais de 2000, sendo reeleito em 2004. Durante o mandato de
Medvedev (2008-2012), Putin foi o primeiro-ministro, voltando a ser presidente em 2012, agora por
um período de seis anos. Em 2018, Putin foi reeleito novamente. Em 2020, mudanças na
Constituição permitem que Putin fique na Presidência até 2036.
A Assembleia Federal da Rússia é composta por 616 membros e que consiste em duas
câmaras. A Duma Estatal, a câmara baixa, possui 450 membros e o Conselho Federal da Rússia, a
câmara alta, possui 166 membros. O partido Rússia Unida, com maioria absoluta na Duma, lidera
diversos governos regionais, e ideologicamente defende um papel preponderante do Estado na
economia, a defesa dos valores tradicionais e da identidade nacional russa e, por fim, o retorno da
Rússia como superpotência.
Putin aumentou seu controle sobre instituições estatais e a mídia. Jornalistas que
criticam as autoridades correm o risco de sofrer represálias, incluindo violência física e perseguição
jurídica. Veículos de mídia críticos do Kremlin sofrem pressão econômica. O número e o alcance da
23

mídia independente foram significativamente reduzidos.


Em 31/03/2023, é lançada a nova doutrina diplomática de Moscou. Nela aponta os EUA
como fonte dos maiores riscos à segurança russa e à paz mundial e promete buscar o fim do domínio
ocidental. A Rússia tem buscado fortalecer os laços políticos e econômicos com países da África e
da Ásia, como a China e a Índia, que adotaram uma postura mais neutra em relação à ofensiva russa
na Ucrânia. A Rússia aumentou o fornecimento de energia para China e Índia após ter sido quase
totalmente cortada de seus mercados europeus tradicionais.

3) Fator Militar:
A Rússia demonstra grande dificuldade em combater num nível de intensidade alto
devido a dificuldades logísticas, de pessoal, da própria indústria de defesa, mas acima de tudo
devido ao grande conservadorismo e falta de flexibilidade da sua estrutura de comando. Procurará
desenvolver a guerra através de um combate de atrição aumentando as suas possibilidades de
sucesso através de uma guerra prolongada de baixa intensidade. As sansões econômicas impostas
pelo Ocidente têm demostrado alguma eficácia principalmente na indústria de defesa.

4) Fator Econômico:
A Rússia é o terceiro maior produtor e segundo maior exportador de petróleo do mundo.
Sendo a maior fornecedora de gás natural para a Europa, é responsável por cerca de 35% da oferta
ao continente. As sanções econômicas, impostas pela UE e os EUA, tem impactado a economia
russa, gerando instabilidade financeira no país.
Herpen (2014) aborda a corrupção dentro das forças armadas da Rússia e os chamados
"soldados fantasmas", com impacto no orçamento de defesa nacional. Ele explica que os militares
russos aproveitaram a guerra na Ucrânia, em 2014, para enriquecimento pessoal, através de
contratos de fornecimento de equipamento militar, corrupção no pagamento de salários e roubo
de recursos.
Neste sentido, acredita-se que a corrupção afeta as compras públicas e a eficiência do
armamento para a guerra entre Rússia e Ucrânia, atualmente, já que os recursos destinados às
forças armadas podem ser desviados por funcionários públicos corruptos, antes de chegar às
compras de equipamentos e armas para a defesa nacional.
No que tange a infraestrutura existente, analistas indicam que algumas obras estruturais
e de infraestrutura foram interrompidas por causa da guerra, causando impactos graves a longo
24

prazo nas economias da Rússia. Entre elas, podemos incluir:


- Conclusão da ponte da Crimeia (que teve que ser retomada após a anexação da Crimeia
pela Rússia em 2014);
- Construção de uma usina termelétrica em Ust-Luga;
- Expansão do porto de Ust-Luga; e
- Expansão do metrô de Moscou.

5) Fator Físico:
A Rússia é o maior país do mundo com extensão de 17.098.246 km² situada nos
continentes europeu e asiático, a atual capital Moscou está situada na Europa. Na parte ocidental,
encontra-se a Planície da Rússia, que se estende do Rio Ural, no limite entre os continentes, até os
Montes Cárpatos, na Europa Central. A leste dos Urais, encontra-se o Planalto Siberiano, formado
por cadeias montanhosas e clima frio. No sul da Rússia, encontra-se a Cordilheira do Cáucaso, uma
cadeia montanhosa que se estende ao longo da fronteira com a Geórgia e o Azerbaijão. Tais
montanhas constituem a barreira que os russos têm de dominar a fim de se protegerem das
invasões políticas e religiosas do grande Oriente Médio.
A própria planura da Rússia, quase destituída de qualquer fronteira natural e a tendência
a configurar-se mais em povoados dispersos induziu a um sentimento nacional de insegurança. A
Rússia possui um vasto litoral, com acesso aos oceanos Atlântico, Ártico e Pacífico, além do Mar
Negro e do Mar Cáspio. Sua principal via de acesso ao mar é pelo Norte, que, porém, encontra-se
bloqueado pelo gelo ártico durante vários meses do ano. A costa do Mar Negro é uma região
turística e portuária importante, enquanto a região do Ártico é uma região de crescente importância
estratégica e econômica, devido às reservas de petróleo, gás e minerais presentes na região. A
Rússia possui um clima variado, polar no extremo norte e subtropical no sul. A maior parte do país
tem um clima continental, com invernos frios e secos e verões quentes e úmidos.
A Rússia tem muitos rios importantes, incluindo o Volga, o mais longo da Europa, e o Ob
e Yenisei, situados no Planalto Siberiano, os dois maiores rios da Ásia. O país também tem muitos
lagos, incluindo o Lago Baikal, o maior e mais profundo lago de água doce do mundo. A Rússia é rica
em recursos naturais, incluindo petróleo, gás natural, carvão, minérios e madeira.

6) Fator Humano:
25

O idioma russo, oficial e falado por quase toda a população composta por 145.934.000
habitantes, a religião ortodoxa russa praticada por cerca da metade da população, a cultura russa,
rica em arte, música e tradições folclóricas, a literatura russa, famosa e influente em todo o mundo
e o sistema educacional desenvolvido e gratuito. A diversificada economia da Rússia é
fundamentalmente baseada nos setores de energia, agricultura, manufatura, tecnologia e serviços.
A Rússia é uma grande potência econômica, com um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de US$
1,7 trilhão, o que a coloca como a 11ª maior economia do mundo. Entretanto, enfrenta desafios de
infraestrutura desatualizada, corrupção e necessidade de modernização em vários setores.
O país é o segundo maior produtor de petróleo do mundo, maior exportador de gás
natural e possui recursos significativos de carvão e minerais, incluindo ouro, diamantes e metais
preciosos. O setor industrial também é importante para a economia russa, com destaque para a
indústria de base, aeroespacial, de defesa e de tecnologia da informação. A Rússia é o quarto maior
produtor mundial de aço e possui uma indústria de construção naval desenvolvida. O setor agrícola
é outro setor importante da economia russa, com destaque para a produção de trigo, fertilizantes,
cevada, beterraba e outras safras.
A população russa tem uma taxa de envelhecimento crescente e uma taxa de natalidade
baixa, o que pode ter implicações significativas para a sociedade e a economia russas no futuro. A
política russa é exercida através do sistema presidencialista, com parlamento bicameral. A
sociedade russa valoriza a estabilidade e a segurança nacional.

7) Personalidades dos Líderes da RÚSSIA:


Presidente da RÚSSIA: VLADIMIR PUTIN

Vladimir Putin nasceu em 7 de outubro de 1952, Leningrado, atual São Petersburgo.


Estudou direito na Universidade Estatal de Leningrado tendo Anatoly Sobchak como seu tutor, um
26

dos principais reformistas da perestroika. Personalidade fria e calculista, é considerado um


"Estadista", "Homem da História", "Sobrevivente", "outsider", "Free Marketer" e "Case Officer".
Serviu 15 anos como oficial de inteligência estrangeira para o KGB, foi pró-reitor da Universidade
Estatal de Leninegrado, conselheiro de Sobchak (prefeito de São Petersburgo). Enquanto político
em 1994 ascende a primeiro vice-prefeito, em 1996 foi nomeado adjunto de Pavel Borodin
(administrador-chefe do Kremlin), em 1998 Yeltsin nomeou-o diretor do Serviço Federal de
Segurança (FSB) e pouco depois secretário do Conselho de Segurança. Em 1999 é nomeado
primeiro-ministro por Yeltsin, em 2000 é eleito presidente da Rússia, reeleito em março de 2004.
Em maio de 2008 assume o cargo de primeiro-ministro. Em 2012 foi eleito para um terceiro mandato
de presidente da Rússia.
Quanto ao seu modelo de liderança, o silenciamento dos críticos ao seu regime através
de assassinatos, tal como a intervenção em atos eleitorais no Ocidente, tornou-se o modus operandi
do regime russo para consolidar a liderança de Putin. Relativamente à sua situação familiar Putin se
casou com Lyudmila em 1983 e teve duas filhas. Divorciou-se em 2013. É cristão ortodoxo e
frequenta regularmente os cultos religiosos. Putin revela uma grande frieza e determinação na hora
de agir, sob qualquer tipo de pressão.

Chefe do Estado-Maior: GENERAL DO EXÉRCITO VALERY VASILYEVICH GERASIMOV

Valery Gerasimov nasceu em 8 de setembro de 1955, em Kazan, Rússia. Em 1973


recebeu o diploma de bacharel da Escola Militar Kazan Suvorov, estudou na Escola Superior de
Comando de Tanques de Kazan e na Academia das Forças Blindadas Militares de Malinovsky e na
Academia Militar do Estado-Maior General das Forças Armadas da Rússia. Figura-chave no
desenvolvimento da estratégia militar da Rússia. Demonstra ter uma postura fria e muito assertiva.
A carreira militar de Gerasimov é recheada de serviços e comandos operacionais. No entanto
27

destaca-se os mais recentes, nomeadamente, o comando do Distrito Militar de Moscovo de 2009 a


2010, vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas russas de 2010 a 2012, comandou o
Distrito Militar Central em 2012, nomeado por Putin como chefe do Estado-Maior em novembro de
2012, cargo que ocupa desde então. Valery Gerasimov é casado com Olga Gerasimova.

Relações dos atores externos com o ator interno Rússia:

EUA:
Os EUA têm histórico de rivalidade com a Rússia desde a Guerra Fria com a então União
Soviética. Em 2021 e 2022 antes do início da Guerra, o presidente Joe Biden alertou quanto a
possibilidade de invasão da Rússia e ameaçou fortes sanções caso isso ocorresse. Durante o período
da Guerra, os EUA foram um dos maiores críticos da Rússia e defensor de grandes sanções
econômicas à Rússia. Em janeiro de 2023 os EUA prometem a Ucrânia o envio de 31 blindados M1
Abrams.
Os EUA são muito relevantes no cenário mundial, com destaque como membro
permanente no Conselho de Segurança da ONU e um participante com grande peso da OTAN por
seu poderio econômico e militar. Seu líder é do partido democrata, tem a política de mudança de
postura externa diferente de seu antecessor. Além disso, foi muito criticado pela saída das tropas
estadunidenses do Afeganistão, com baixa popularidade de seu eleitorado e seu partido perdeu a
maioria na eleição dos congressistas.
Apesar da rivalidade histórica, os países mantinham relações comerciais regulares e os
EUA eram o terceiro maior parceiro de Moscou, que detinha, até o início do conflito, o status de
nação mais favorecida, significando que os dois países concordaram em negociar sob os melhores
termos possíveis – tarifas baixas, poucas barreiras ao comércio e maiores importações possíveis
permitidas. Desde o início do conflito essas relações perderam força, e os EUA acabaram por
preencher uma pequena parte da demanda energética da UE, após diversos países do organismo
interromperem seu comércio com a Rússia. Ambos pertencem ao Grupo dos 20 países com maiores
economias do mundo (G20) e (G8), Grupo dos oito dos países mais desenvolvidos e influentes do
mundo.
Os Estados Unidos são a maior economia do mundo e possuem um regime capitalista
liberal. Em janeiro de 2023, as exportações dos Estados Unidos para a Rússia diminuíram
significativamente em relação ao ano anterior, principalmente devido à diminuição nas importações
28

de produtos em petróleo refinado, petróleo bruto e alumínio bruto. Em relação ao banco Mundial,
o presidente atual é americano. David R. Malpass foi escolhido como 13º Presidente do Grupo
Banco Mundial por sua Diretoria Executiva em 5 de abril de 2019. Em relação ao Banco Mundial,
existem 9 projetos ativos relacionados a Ucrânia enquanto todos os programas com a Rússia foram
interrompidos após a invasão da Ucrânia.
Outra organização importante é o FMI que desempenha um papel crucial no apoio a
ambos os objetivos fundamentais dos EUA. E este é um dos países com maior poder de voto no FMI.
Com o início da guerra, os EUA proibiram a importação de petróleo e gás natural russos. As
importações de gás natural liquefeito dos EUA para a Europa aumentaram, Em outubro de 2022, os
EUA registraram recorde na exportação de petróleo e se tornaram o maior fornecedor de petróleo
bruto para a UE. Em relação a sanções a Rússia, foi divulgado em fevereiro de 2023 que os EUA irão
impor novas sanções à Rússia por invasão da Ucrânia.
Em termos militares, possui a tríade nuclear e o maior poder militar do planeta, porém
não contribuiu com a Rússia durante o conflito e nem participou diretamente das hostilidades.
Por fim, os países não possuem fronteiras físicas, porém se aproximam pelo Alasca e pelo interesse
no Ártico, apesar dos EUA não estarem próximos à região do conflito.

CHINA:
A relação da China com a Rússia se intensificou pela motivação ideológica comunista
adotada por ambos durante boa parte do século XX, onde os soviéticos prestaram assessoramento
técnico, científico e financeiro ao regime implantado por Mao Tsé Tung. Além disso, ambos são
membros permanentes do CSNU, onde, por diversas vezes, possuem alinhamento entre suas
posturas. Além disso, integram a Organização para Cooperação de Xangai, uma entidade
intergovernamental permanente, com o objetivo de lidar multilateralmente com questões
securitárias da região.
Os países mantêm relações comerciais fortes em diversos setores, com foco no
energético, sendo a China o maior parceiro da Rússia, tendo as trocas comerciais se incrementado
no decorrer do conflito. No mais, ambos pertencem ao Grupo dos 20 países com maiores economias
do mundo (G20) e dos BRICS, um mecanismo internacional de cooperação econômica e
desenvolvimento formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Em termos militares, possui a tríade nuclear, porém não contribuiu com a Rússia durante
o conflito e nem participou diretamente das hostilidades.
29

A China tem desempenhado um papel fundamental no conflito entre a Rússia e a


Ucrânia, principalmente pelo interesse do país em ser um protagonista não só economicamente,
mas como uma potência mundial decisiva no cenário internacional. A aliança estratégica entre a
Rússia e a China remonta desde a dissolução da União Soviética reforçado por uma série de acordos
econômicos e militares. Apesar de antigas disputas territoriais na área da Manchúria, a China e
Rússia possuem interesses comuns em várias questões internacionais, incluindo a oposição à
interferência ocidental em países como a Síria e a Venezuela, e a defesa da soberania nacional e dos
direitos de veto na ONU. Sendo assim o aprofundamento dos laços com a Rússia será guiado por
um cauteloso interesse próprio, à medida que a China explora a guerra na Ucrânia para acelerar o
que vê como o inevitável declínio dos Estados Unidos. O foco em todos os momentos é seu próprio
sonho de estabelecer uma alternativa à ordem mundial ocidental e liberal.
Apesar de amplamente divulgado pelo próprio líder chinês, oficialmente, não há
fornecimento de armas chinesas a nenhum dos países envolvidos na guerra, porém a China pode
estar fornecendo inteligência militar às tropas russas na Ucrânia. O jornal Político, de origem
alemão, afirmou que foram fornecidas espingardas e drones, por meio da China North Industries,
sendo esse último o item de maior interesse dos Russos. As eleições em Taiwan representam um
fator de força para as perspectivas dos próximos 5 anos, pois a oposição ao governo atual está
alinhada com Xi Jinping.
Com a segunda maior economia do mundo e com uma grande influência global, a China
tem buscado ampliar sua presença no cenário geopolítico mundial e ampliar sua influência e poder
político e econômico, especialmente por meio da iniciativa Belt and Road, que visa a construção de
infraestrutura em todo o mundo.
A China também tem buscado aumentar sua presença na Europa, com investimentos
em tecnologia e empresas de alta tecnologia, bem como em infraestrutura. As relações com os EUA
e a Rússia são complexas, com tensões em áreas como comércio e segurança.
Embora a China tenha sido um importante parceiro comercial dos EUA por muito tempo,
a relação entre os dois países se deteriorou nos últimos anos. Com relação à Rússia, a China tem
cooperado cada vez mais, especialmente no âmbito militar, e tem sido um importante parceiro
comercial e econômico.
Hoje as FFAA chinesas já são, em número, maiores que as Forças Armadas americanas,
porém quanto ao poder militar, ainda é incerto o momento em que a China superará os americanos.
30

ALEMANHA:
A relação da Alemanha com a Rússia remete às duas grandes guerras mundiais, onde
estiveram em lados opostos. Além disso, compartilham presença em organismos internacionais
como a ONU. Cabe ressaltar que a Alemanha não é membro do Conselho de Segurança.
Os países mantêm relações comerciais expressivas em diversos setores, com foco no
energético, com destaque para o gasoduto NODSTREAM 2, que, apesar de ter custado 9,5 bilhões
de euros, não chegou a entrar em operação por consequência do conflito. A Alemanha era o
segundo maior parceiro de Moscou, porém suas trocas comerciais caíram vertiginosamente. No
mais, ambos pertencem ao Grupo dos 20 países com maiores economias do mundo (G20) e (G8),
Grupo dos oito países mais desenvolvidos e influentes do mundo.
Em termos militares, não possui tríade nuclear, não contribuiu com a Rússia durante o
conflito e nem participou diretamente das hostilidades. Destaca-se que apesar de atualmente ser o
quarto maior PIB do mundo, aparece apenas em 25º em termos de poder militar. Estes países não
possuem fronteiras físicas, porém estão relativamente próximos à região do conflito.
A Alemanha desempenha um papel importante no conflito Rússia-Ucrânia devido à sua
posição de liderança e influência na região da União Europeia, liderando um grupo de países que
buscam resolver o conflito por meio de negociações. No entanto, sua posição é delicada, pois
precisa equilibrar seu relacionamento com a Rússia (um importante fornecedor de energia) com seu
compromisso com os valores democráticos e de direitos humanos da UE e ONU.
Adicionalmente, por ser uma potência econômica na Europa, tem importância
econômica significativa no conflito comportando-se como um relevante parceiro comercial da
Rússia importando cerca de um terço de suas necessidades de gás natural. No entanto, a Alemanha
também é um importante parceiro comercial da Ucrânia, além de fornecer apoio financeiro.
Assim, a Alemanha está em uma posição delicada em relação ao conflito, já que mantém
importantes laços econômicos com ambos os países, por isso tem procurado desempenhar um
papel de mediador diplomático, pressionando a Rússia a cumprir os acordos de paz de Minsk e
apoiando a integridade territorial da Ucrânia.
Entretanto, a Alemanha tem desempenhado um papel limitado no conflito. Por ser um
membro importante da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) tem se resumido a
contribuir com recursos de forma cautelosa para a Ucrânia, a fim de evitar uma escalada. O
alinhamento com seus parceiros em alianças militares se dá em buscar uma solução diplomática,
juntamente com seus aliados europeus e com os Estados Unidos.
31

Por fim, a Alemanha possui uma posição estratégica como um hub de transporte e
comércio com uma posição privilegiada para influenciar as relações econômicas entre os países. O
histórico de relações da Alemanha com a Rússia e a Ucrânia é facilitado tendo em vista já ter
pertencido aos dois lados do mundo durante o período da Guerra Fria, a Alemanha Ocidental fazia
parte da OTAN, enquanto a Alemanha Oriental fazia parte do Pacto de Varsóvia liderado pela União
Soviética, e desde a reunificação alemã em 1990, a Alemanha tem buscado manter relações com a
Rússia e a Ucrânia, incluindo esforços para mediar conflitos.

Algumas considerações sobre o ator interno UCRÂNIA:


1) Fator Histórico
A Revolução Ucraniana de 2014 também chamada Revolução da Dignidade teve iniciou
em Kiev entre 18 e 23 de fevereiro e foi uma tentativa de implantação do comunismo
libertário na Ucrânia. No entanto, o país tem uma longa relação com o regime.
No início do século passado a conversão da Rússia ao socialismo foi seguida pela criação
de uma liga de Estados que também aderiram ao modelo político, resultando na União Soviética
(URSS), a grande rival mundial dos EUA, representantes do sistema capitalista, durante todo o século
XX.
Nesse cenário do Leste europeu ao final da segunda década do século XX que ocorreram
as manifestações ucranianas em prol do comunismo. A primeira tentativa de instalação do novo
regime na Ucrânia aconteceu ainda durante o processo da chamada Revolução Russa e com
influência do anarquismo. O anarquista Nestor Makhno assumiu o regime, expropriando as
propriedades e as dividindo-as entre os camponeses mais pobres. Formou-se uma milícia para a
defesa do regime e instalando medidas como a pena de morte para atos antissemitas e a criação de
um sistema de trocas livres entre o campo e a cidade.
Só que a calmaria chegou ao fim em 1919, quando o Exército Vermelho enviou
representantes para o IV Congresso Regional de Guiai-Pole. A medida desafiou a hierarquia do
comando comunista que não era baseado em uma democracia direta. O regime de Makhno foi
colocado na ilegalidade e tropas comunistas invadiram a região para dissolver as comunas. A
situação abriu espaço para Denikin, general do Império Russo, avançar pela região. Só que Makhno
surpreendeu Denikin e o forçou a bater em retirada.
A Revolução Ucraniana mostrou-se no auge após a nova vitória de Makhno. Este passou
a comandar centros urbanos onde teria a oportunidade de estabelecer sua ideia de regime
32

anarquista. Iniciou suas ações anunciando a liberdade do povo para agir da maneira que quisessem,
concedendo-os liberdade de imprensa, palavra e reunião.
Os operários urbanos declararam ilegal o regime de Makhno, reação oposta aos
camponeses. A perseguição feita pelo Exército Vermelho causou várias baixas. Em 1920, uma aliança
foi firmada entre os dois exércitos para conquistar territórios do Norte para a Rússia. Com o fim da
guerra civil na região também terminou a aliança e os russos aprisionaram e mataram os homens
do exército de Makhno, que conseguiu fugir para se exilar na França. Trotsky ordenou prender ou
executar todos os partidários de Makhno. Assim, chegava ao fim a Revolução Ucraniana e nascia
efetivamente a União Soviética. Resumindo a história, saltamos para a década de 1990 quando o
mundo testemunhou o fim da União Soviética, onde várias regiões se tornaram independentes, e
assim, dando origem aos conflitos.
A guerra na Ucrânia começou oficialmente na madrugada de 24 de fevereiro, mas a
decisão do líder russo Vladimir Putin de invadir o país foi tomada muito tempo atrás. No discurso
em que confirmou o envio de “tropas de paz” para Donestk e Luhansk, na região do Donbass, viu-
se claramente seu desprezo pela própria existência de uma Ucrânia independente da Rússia, o que
revela que a guerra sempre esteve presente em sua estratégia de expansão geopolítica. Entretanto,
talvez, a sentença da Ucrânia tenha sido determinada há mais de 10 anos atrás, em meados de 2013
e 2014, quando eclodiu na capital ucraniana, Kiev, um forte movimento pela democracia liderado
por estudantes pró-Europa.
Mais de 200 mil pessoas foram às ruas depois que o então presidente Viktor Yanukovych
recusou-se a assinar um acordo de cooperação com a União Europeia – o que seria um passo para
seu país entrar na OTAN, a Organização do Atlântico Norte, aliança militar liderada pelos EUA. O
protesto logo ficou conhecido como “EuroMaidan”, junção das palavras “Europa” e “Maidan”, que
significa “Independência” em ucraniano, nome da praça no centro de Kiev onde os manifestantes
se reuniam. É bom ressaltar que a escolha política de se aproximar da Europa e se afastar da Rússia
não era unanimidade, longe disso: as pesquisas da época revelam que o país estava dividido.

2) Fator Sociopolítico
O governo tentou reprimir a revolução com violência – matando pelo menos cem
pessoas e ferindo milhares –, a pressão popular fez o Parlamento ucraniano agir. No dia 22 de
fevereiro de 2014, o presidente Viktor Yanukovich foi considerado constitucionalmente inábil para
prosseguir em suas funções, e foram marcadas novas eleições para o dia 25 de maio de 2014. A
33

decisão foi tomada após o presidente deixar Kiev e seguir para o interior do país. Uma junta
pluripartidária tomou o poder, até que a nova eleição levou à Presidência o pró-ocidente Petro
Poroshenko.
O Parlamento depois votou pela nomeação de novas autoridades, do procurador-geral,
do ministro da Defesa e do chefe dos serviços de segurança do Estado. A votação foi realizada na
presença do representante da União Europeia na Ucrânia, Jan Tombinski.
O presidente deposto disse estar sendo vítima de um golpe de Estado. O presidente
ainda comparou a situação na Ucrânia com a tomada do poder pelos nazistas na Alemanha na
década de 1930. O ministro das relações exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorski, que acompanha
de perto a crise na Ucrânia, disse que a destituição do presidente não foi um golpe de Estado, visto
que prédios do governo foram abandonados, e que o presidente do Parlamento foi eleito de
maneira legal.
Putin, então, aproveitou a situação de desiquilíbrio político e social na Ucrânia e iniciou
seu plano ao anexar quase imediatamente a região da Criméia, sob o pretexto de que “ela era parte
da Rússia”. À medida que os protestos aumentavam na Crimeia, homens armados pró-russos
gradualmente começaram a tomar o poder sobre a península. A Rússia afirmou inicialmente que
esses militantes uniformizados, chamados de "Homenzinhos verdes” na Ucrânia, eram "forças de
autodefesa locais". No entanto, eles mais tarde admitiriam que estes eram, de fato, soldados russos
sem insígnias, confirmando os relatos de uma incursão russa na Ucrânia. Em 27 de fevereiro, o
edifício do parlamento da Crimeia foi tomado pelas forças russas. Bandeiras russas foram hasteadas
sobre estes edifícios, e um governo pró-russo autodeclarado afirmou que iria realizar um referendo
sobre a independência da Ucrânia. Na sequência deste referendo não reconhecido
internacionalmente, que foi realizado em 16 de março, a Rússia anexou Crimeia em 18 de março.
Desde então, Putin vinha exigindo que a OTAN assinasse um documento garantindo que
a Ucrânia nunca entraria para a aliança ocidental, mas os EUA e Europa sempre se recusaram a
pressionar o país alegando que entrar ou não na OTAN “era uma decisão soberana” da Ucrânia. A
resposta de Putin culminou com a invasão em 24/02/2022.

3) Fator Militar
Após a dissolução da antiga URSS, a Ucrânia se encontrava com o 3º maior arsenal de
armas nucleares do mundo. Em 1992, o país assinou o Protocolo de Lisboa, no qual concordou em
ceder todo o arsenal nuclear para a Rússia para destinação, juntando-se ao Tratado de não-
34

proliferação nuclear. Em 1996, o país já não possuía quaisquer armas nucleares.


A Ucrânia tomou medidas consistentes para a redução de armas convencionais. Ela
assinou o Tratado sobre Forças Armadas Convencionais na Europa, que exigia a redução de tanques,
artilharia e veículos blindados (as forças do exército foram reduzidas para 300.000). O país planejou
converter o atual exército baseado em recrutas em um exército voluntário profissional.
A Parceria para a Paz é um programa da Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN) que visa a criar confiança entre os estados-membros da OTAN e outros estados,
principalmente na Europa, incluindo os estados pós-soviéticos; 19 estados são membros. A Ucrânia
faz parte desde 1994.
A Indústria de Defesa Ucraniana é uma associação de empresas multiprodutos
(conglomerado) em vários setores da indústria de defesa da Ucrânia. De forma extremamente
resumida, os membros da Indústria de Defesa ucraniana tiveram uma razoável produção de material
bélico (mísseis, carros de combate, helicópteros), todos de modelos russos, com alguns pequenos
aprimoramentos nacionais.

4) Econômico
A Ucrânia é uma das principais economias do Leste Europeu, com um PIB de 203,93
bilhões de dólares e um PIB per capita de 4.960 dólares. O país é um grande produtor e exportador
de commodities agrícolas, como trigo, milho e óleo de girassol. A Ucrânia também tem importantes
indústrias de carvão mineral, energia elétrica, metais ferrosos e não ferrosos, máquinas e
equipamentos de transporte, produtos químicos e processamento de alimentos.
No entanto, a economia da Ucrânia enfrenta vários desafios, como a instabilidade
política, a corrupção, a dependência energética da Rússia, a inflação elevada e a guerra no leste do
país. Esses fatores afetam negativamente o crescimento econômico, o comércio exterior, o
investimento estrangeiro e a confiança dos consumidores na Ucrânia. Além disso, a crise na Ucrânia
pode ter impactos indiretos na economia global e em países como o Brasil, que podem ser afetados
pela alta dos preços do petróleo, do gás natural e dos grãos.
Na Ucrânia, é necessário investir em infraestrutura, como estradas e ferrovias, para
melhorar a competitividade da indústria. Além disso, é importante continuar atraindo
investimentos estrangeiros e a promover reformas fiscais que possam melhorar a situação fiscal do
país. Para recuperar sua economia, a Ucrânia precisa de políticas econômicas que estimulem o
crescimento.
35

No que tange a infraestrutura existente, analistas indicam que algumas obras estruturais
e de infraestrutura foram interrompidas por causa da guerra, causando impactos graves a longo
prazo nas economias da Ucrânia. Entre elas, podemos incluir:
- Construção da hidrelétrica de Dnipro-1;
- Conclusão da barragem de Kakhovka; e
- Expansão e modernização da rede ferroviária.

5) Fator Físico
A Ucrânia é um país da Europa Oriental. É o segundo maior país em área da Europa
depois da Rússia, que faz fronteira a leste e nordeste. Também faz fronteira com a Bielorrússia ao
norte; Polônia, Eslováquia e Hungria a oeste; Romênia e Moldávia ao sul; e tem um litoral ao longo
do mar de Azov e do mar Negro. Abrange uma área de 603 628 km², um pouco maior que o estado
brasileiro de Minas Gerais ou que a soma das áreas da Espanha e de Portugal. Em 2021 tinha cerca
de 43,7 milhões habitantes, o oitavo país mais populoso da Europa. A capital e a maior cidade do
país é Kiev.
A paisagem da Ucrânia consiste principalmente de planícies férteis (ou estepes) e
planaltos, atravessados por rios como o Dniepre (Dnipro), Donets, Dniestre e o Buh Meridional, à
medida que fluem para o sul no Mar Negro e no Mar de Azov. O rio Dniepre é o principal curso
d’água da Ucrânia. Ele percorre 980 km dentro do território ucraniano e é de extrema importância
para o abastecimento e geração de energia elétrica, embora não seja essa a fonte principal de
geração de energia no país. A sudoeste, o delta do Danúbio forma a fronteira com a Romênia. As
várias regiões da Ucrânia têm diversas características geográficas que vão desde as terras altas até
as terras baixas. As únicas montanhas do país são as montanhas dos Cárpatos no oeste, das quais a
mais alta é a Hora Hoverla com 2.061 metros, e os Montes da Crimeia na Crimeia, no extremo sul
ao longo da costa.
Recursos naturais significativos na Ucrânia incluem minério de ferro, carvão, manganês,
gás natural, petróleo, sal, enxofre, grafite, titânio, magnésio, caulim, níquel, mercúrio, madeira e
uma grande abundância de terras aráveis. Apesar disso, o país enfrenta uma série de importantes
questões ambientais, tais como suprimentos inadequados de água potável, poluição do ar e da água
e desmatamento, bem como a contaminação por radiação no nordeste do país, por conta do
acidente nuclear de Chernobil, em 1986. A reciclagem de lixo doméstico tóxico ainda está em
processos iniciais na Ucrânia.
36

A Ucrânia tem um clima predominantemente continental, com exceção da costa sul da


Crimeia, que tem um clima subtropical. O clima é influenciado pelo ar moderadamente quente e
úmido proveniente do Oceano Atlântico. As temperaturas médias anuais variam de 5,5 e 7 °C no
norte, e entre 11 e 13 °C no sul. A precipitação é desproporcionalmente distribuída. É mais alto no
oeste e norte e mais baixo no leste e sudeste. A Ucrânia Ocidental, particularmente nas montanhas
dos Cárpatos, recebe cerca de 1.200 milímetros de precipitação anualmente, enquanto a Crimeia e
as áreas costeiras do Mar Negro recebem cerca de 400 milímetros.
A vegetação da Ucrânia se divide entre florestas mistas (chamadas de polissya), que
compreendem um terço da superfície ucraniana; zona de transição entre as florestas e o estepe,
onde se encontra boa parte das terras agricultáveis do país e estepes.

6) Fator Humano
A língua falada é a ucraniana, que é uma língua oriunda de um ramo de línguas eslavas
que evoluiu do antigo eslavônico. Morfologicamente, assemelha-se à língua russa, embora também
apresente semelhanças fonéticas com a língua servo-croata e partilhe muito do seu vocabulário com
o polonês. A religião é predominantemente Ortodoxo Oriental com uma minoria notável de
Católicos Gregos e protestantes, sendo os eslavos, a etnia principal.
A Ucrânia é um país de médio desenvolvimento humano, segundo o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) de 2020, que mede indicadores como renda, saúde e educação. O
país ocupa a 74ª posição no ranking mundial, com um IDH de 0,779. A expectativa de vida ao nascer
é de 72 anos, a média de anos de estudo é de 12,1 anos e a renda nacional bruta per capita é de
US$ 9.569. A educação na Ucrânia é obrigatória dos 6 aos 15 anos e gratuita em todos os níveis. O
sistema educacional é composto por educação pré-escolar, educação básica (primária e secundária),
educação profissional e técnica e educação superior. O país tem mais de 800 instituições de ensino
superior, públicas e privadas, que oferecem cursos em diversas áreas do conhecimento. A taxa de
alfabetização da população adulta é de 99,8%.
A cultura da Ucrânia é rica e diversa, refletindo a influência de vários povos que
habitaram ou dominaram o território ao longo da história. A língua oficial é o ucraniano, mas o russo
também é amplamente falado, especialmente nas regiões orientais. A religião predominante é o
cristianismo ortodoxo, mas há minorias católicas, protestantes, muçulmanas e judaicas. A arte
ucraniana se destaca pela pintura de ícones, pela literatura, pela música e pela dança folclórica.
A infraestrutura e o saneamento básico da Ucrânia são insuficientes e precários,
37

especialmente nas áreas rurais e nas regiões afetadas pelo conflito com a Rússia. Segundo dados do
Banco Mundial, em 2019, apenas 94% da população tinha acesso a água potável e 87% a
saneamento adequado. Além disso, a rede de transporte, energia e comunicação é obsoleta e
necessita de modernização.
A falta de infraestrutura e saneamento básico afeta negativamente a saúde, a educação,
o meio ambiente e o desenvolvimento econômico do país. A população está exposta a doenças
como cólera, hepatite A, febre tifoide e diarreia. As crianças sofrem com a falta de escolas
adequadas e o abandono escolar. A poluição dos rios e lagos prejudica a biodiversidade e os recursos
hídricos. A baixa produtividade e competitividade das empresas dificulta o crescimento econômico
e a geração de empregos.
A situação se agrava ainda mais com a invasão russa, que destruiu parte da
infraestrutura básica da Ucrânia, como sistemas de saneamento, redes elétricas, pontes, estradas e
edifícios públicos. A Comissão Europeia expressou sua preocupação com os impactos humanitários
e ambientais dessa destruição, especialmente com a chegada do inverno. A União Europeia
ofereceu apoio financeiro e técnico para a reabilitação de infraestruturas essenciais, como escolas,
hospitais e abrigos.

7) Personalidade do líder da UCRÂNIA


Presidente da Ucrânia: VOLODYMYR ZELENSKY

Antes de ser eleito presidente da Ucrânia em 2019, Volodymyr Zelensky trabalhou como
ator, comediante e produtor de televisão. Ele ficou conhecido no país como um dos principais
comediantes da televisão ucraniana, tendo criado e estrelado vários programas de comédia
populares, incluindo o "Servo do Povo", que posteriormente se tornou o nome de seu partido
político. Além de sua carreira na televisão, Zelensky também atuou em vários filmes ucranianos e
38

russos.
A história de Volodymyr Zelensky começa em 1978, quando ele nasceu em Kryvyi Rih, na
Ucrânia. Ele cresceu em uma família judia de classe média e estudou direito na Universidade de
Kyiv-Mohyla Academy, mas acabou se formando em produção de cinema na Escola Internacional de
Cinema e Televisão de Kiev.
Zelensky começou sua carreira de comediante em 2003, quando participou de um
concurso de talentos de comédia chamado "Kvartal 95". Ele ganhou o concurso e foi contratado
para trabalhar na televisão ucraniana como roteirista e ator de comédia. Nos anos seguintes, ele se
tornou uma das principais estrelas da televisão ucraniana, criando e estrelando em vários
programas de comédia, incluindo "Servo do Povo", que se tornou um grande sucesso nacional em
2010.
Em 2005, Zelensky fundou sua própria empresa de produção, também chamada "Kvartal
95", que produzia programas de televisão de comédia e outros conteúdos para a televisão
ucraniana. A empresa se tornou uma das mais bem-sucedidas da Ucrânia, produzindo programas
populares de comédia e programas de entretenimento para a televisão.
Ao longo dos anos, Zelensky também atuou em vários filmes ucranianos e russos,
incluindo o filme de comédia "Love in the Big City" (2009), que se tornou um grande sucesso na
Rússia e na Ucrânia. Ele também se apresentou como comediante em vários shows ao vivo e eventos
de comédia em toda a Ucrânia.
Em 2018, Zelensky anunciou sua candidatura à presidência da Ucrânia, concorrendo
como um outsider político e defendendo a luta contra a corrupção e a melhoria da economia do
país. Ele venceu a eleição presidencial de 2019 em uma vitória surpreendente, derrotando o então
presidente Petro Poroshenko e se tornando o presidente mais jovem da Ucrânia. Desde então, ele
tem enfrentado vários desafios políticos, incluindo a crise com a Rússia e a luta contra a corrupção
no país. Ele também defendeu uma política externa mais pró-Ocidente e a integração da Ucrânia na
União Europeia e na OTAN.
Sua campanha presidencial foi inovadora, com um foco forte na mídia social e na
comunicação com os eleitores através de vídeos online e eventos ao vivo. Zelensky também
participou de debates presidenciais, onde enfrentou o então presidente Petro Poroshenko e outros
candidatos.

Relações dos atores externos com o ator interno Ucrânia:


39

EUA:
A relação deste ator com a Ucrânia se deu a partir da década de 1990, pois com a
independência do país, Washington vislumbrava uma possibilidade de cooptá-lo para a OTAN, e
mediou a negociação do Memorando de Budapeste, quando o país renunciou ao seu arsenal nuclear
herdado da União Soviética. Esse processo arrefeceu um pouco no início dos anos 2000, porém a
partir de 2008 tem caminhado a passos largos, apesar das objeções de Moscou. Durante o conflito
posicionou-se durante todo tempo firmemente ao lado dos ucranianos.
A população ucraniana nos EUA ultrapassou um milhão e há uma luta para trazer
parentes em fuga para o país. O governo Biden está enviando ajuda humanitária e de segurança
para a Ucrânia. Recentemente, houve uma queda acentuada na disposição do público em pagar um
custo pelo apoio à Ucrânia.
Os países mantêm boas relações comerciais, com foco no setor de commodities, sendo
os EUA o oitavo maior parceiro de Kiev. Em termos militares, possui a tríade nuclear e o maior poder
militar do planeta, e contribuiu fortemente com a Ucrânia durante o conflito, fornecendo
equipamentos militares, com destaque para sistemas antiaéreos, munições e treinamento para as
tropas ucranianas, totalizando 47 bilhões de dólares.
Durante o período da Guerra, os EUA foram um dos maiores críticos da Rússia e defensor
de grandes sanções econômicas à Rússia. Em janeiro de 2023 os EUA prometem a Ucrânia o envio
de 31 blindados M1 Abrams. Tais países não possuem fronteiras físicas, e os EUA não estão próximos
à região do conflito.

CHINA:
Os atores não possuem um histórico relevante de relações políticas. No que diz respeito
ao conflito, a China se manteve imparcial, apoiando uma solução pacífica para a crise e afirmando
que os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas devem ser totalmente respeitados,
especialmente no concernente a soberania e a integridade territorial de todos os países.
A China tem desenvolvido relações comerciais com a Ucrânia, importando seus grãos,
no entanto, a relação é complexa, já que a China apoia a soberania territorial da Ucrânia, mas
também mantém boas relações com a Rússia, o que causa tensões entre os países devido à
anexação da Crimeia em 2014. Tais países não possuem fronteiras físicas, porém estão
relativamente próximos à região do conflito.
40

ALEMANHA:
Alemanha e Ucrânia não possuem um histórico relevante de relações políticas. No início
do conflito, a Alemanha se mostrou vacilante em apoiar a Ucrânia devido a dependência da energia
russa. No entanto, no seu decorrer, o recém empossado Primeiro-Ministro Olaf Scholz viu a
possibilidade de conferir um protagonismo militar da Alemanha na UE, aumentando seus gastos
com defesa e apoiando politicamente a Ucrânia, posição bem diferente da França, que até então
detinha a liderança militar do bloco.
Os países mantêm relações comerciais expressivas, sendo a Alemanha o quarto maior
parceiro de Kiev, focando suas exportações em commodities e alimentos e importando
equipamentos industriais.
Em termos militares, apesar da demora para prestar apoio em virtude da preocupação
da escalada do conflito e da possibilidade da ameaça de ataques nucleares, tem contribuído com a
Ucrânia com carros de combate, munições e equipamento de artilharia, totalizando cerca de US$
18,36 bilhões de dólares. Estes dois países não possuem fronteiras físicas, porém estão
relativamente próximos à região do conflito

Você também pode gostar