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● Antecedentes
A crise entre Ucrânia e Rússia se tornou uma das mais graves em solo europeu nas
últimas duas décadas, e partiu de antigas divergências estratégicas entre Moscou e os países da
Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A Rússia e a ex-república soviética da Ucrânia vivem uma relação turbulenta desde a
primeira década deste século, com a alternância em Kiev de presidentes favoráveis ao Ocidente
e aliados de Moscou. Em 2013, por pressão da Rússia, o governo ucraniano desistiu de um
acordo que poderia pavimentar a entrada do país na União Europeia. Isso levou a uma revolta
nas ruas e à queda de Viktor Yanukovich, alinhado ao Kremlin.
Os anos seguintes foram marcados pela anexação pela Rússia da Península da Crimeia,
sede da frota russa no Mar Negro e que havia sido cedida à Ucrânia na era soviética; pelo
conflito entre separatistas pró-Moscou e o Exército local no Leste ucraniano; e pela retomada da
candidatura de Kiev a uma vaga na Otan. Sob críticas de Moscou, o país estreitou seus laços
com a aliança, e Vladimir Putin apontou que a adesão seria uma “linha vermelha”. A Rússia
também estava incomodada com as recentes aquisições de armas por Kiev, incluindo drones de
ataque turcos, e com seu possível uso contra os separatistas no Leste do país.
Em novembro de 2021, percebendo uma oportunidade nas dificuldades enfrentadas
pelo governo de Joe Biden e suas divergências com os aliados europeus sobre como lidar com
Moscou, Putin concentrou mais de 100 mil soldados na fronteira da Ucrânia, soando alarmes
em Kiev, em Washington e na Europa de que estaria prestes a uma invasão, finalmente
concretizada neste final de fevereiro.
● Motivo
Porque a Rússia decidiu invadir a Ucrânia?
Entre as principais razões apontadas, estão: a expansão da Otan pelo Leste Europeu, a
possibilidade de adesão da Ucrânia à aliança militar, a contestação ao direito da Ucrânia à
soberania independente da Rússia e o desejo de Vladimir Putin de restabelecer a zona de
influência da União Soviética.
Por um lado, a Rússia diz querer impedir o que classifica de cerco à sua fronteira com a
possível adesão da Ucrânia à Otan, aliança militar de 30 países, que se expandiu pelo Leste
Europeu, incluindo hoje 14 países do ex-bloco comunista.
Putin acusa ainda, sem provas, o governo ucraniano de genocídio contra ucranianos de
origem étnica russa que vivem nas regiões separatistas de Donetsk e Luhansk. Ele alega que a
invasão tenta "desmilitarizar e desnazificar" a Ucrânia, o que pode servir de justificativa para
uma eventual deposição do atual governo ucraniano.
Por outro lado, a Ucrânia e outros observadores veem na guerra uma tentativa da
Rússia restabelecer a zona de controle e influência da antiga União Soviética, algo visto como
desrespeito à soberania da Ucrânia, que deveria ter o direito de decidir seu destino e suas
alianças.
As autoridades locais relatam que somente durante o mês de maio, houve 130
bombardeios incluindo artilharia, drones e operações dos sistemas de defesa antimísseis. Para
efeito de comparação, até setembro de 2022, o número de relatos de bombardeios por mês não
havia ultrapassado nove episódios.