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A Novíssima Ordem Mundial: Ucrânia X Rússia.

A herança partilhada dos dois países remonta a mais de mil anos, a um período em que Kiev,

atualmente capital da Ucrânia, ocupava uma posição central no primeiro Estado eslavo, a

Rússia de Kiev, berço tanto da Ucrânia como da Rússia.

Em 988, Vladimir I, o monarca pagão de Novgorod e grão-príncipe de Kiev, abraçou a fé cristã

ortodoxa e foi batizado na cidade de Quersoneso, na Crimeia. Referindo-se a esse momento

histórico, o líder russo Vladimir Putin declarou recentemente: "Russos e ucranianos são um

povo só, um único todo".

No ano de 1793, a porção ocidental da Ucrânia, conhecida como Margem Direita (ocidental),

foi anexada pelo Império Russo. Nos anos subsequentes, uma política conhecida como

russificação proibiu o uso e o estudo da língua ucraniana, e os habitantes foram coagidos a se

converter à fé ortodoxa russa.

A Ucrânia enfrentou alguns dos seus maiores desafios durante o século XX. Após a revolução

comunista de 1917, o país, assim como muitos outros, passou por uma guerra civil brutal

antes de ser completamente absorvido pela União Soviética em 1922.

Devido ao fato de a parte oriental da Ucrânia ter sido subjugada pelo domínio russo muito

antes do que a parte ocidental, os habitantes do leste têm vínculos mais estreitos com a

Rússia e tendem a apoiar líderes russos. Por outro lado, a Ucrânia Ocidental passou séculos

sob o controle de potências europeias como a Polônia e o Império Austro-Húngaro, sendo

essa uma das razões pelas quais os ucranianos do oeste tendem a apoiar mais políticos

ocidentais.

Após o colapso da União Soviética em 1991, a Ucrânia conquistou sua independência como

nação. No entanto, a tarefa de unificar o país revelou-se difícil. A transição para a democracia

e o capitalismo foi dolorosa e caótica, e muitos ucranianos, especialmente no leste, ansiavam

pela relativa estabilidade das eras anteriores. A primeira grande crise diplomática entre os dois

lados surgiu com a ascensão de Putin ao poder. Em 2003, a Rússia iniciou, de forma

inesperada, a construção de uma barragem no estreito de Kerch, próxima à ilha ucraniana de

Tulza, entre o território russo e a Península da Crimeia.

Durante a Revolução Laranja, ocorrida entre 2004 e 2005, milhares de ucranianos protestaram
em várias partes do país em resposta a alegações generalizadas de corrupção, intimidação

eleitoral e fraude direta durante as eleições presidenciais de 2004. Observadores locais e

estrangeiros apresentaram dados numéricos amplamente divulgados, indicando que os

resultados da votação de 21 de novembro de 2004 entre os principais candidatos, Viktor

Yushchenko e Viktor Yanukovych, foram manipulados em favor do último, que tinha uma

posição pró-Rússia. A eleição foi considerada fraudulenta e o candidato pró-Ocidente Viktor

Yushchenko tornou-se presidente. Essa revolução revelou as divisões existentes na sociedade

ucraniana.

Em 2008, o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pressionou pelo início do

processo de adesão da Ucrânia e da Geórgia à OTAN, apesar dos protestos de Putin, cujo

governo não reconhece completamente a independência da Ucrânia. Em 2014, a Rússia

ocupou e anexou a Crimeia, seguida por uma revolta separatista na região oriental da Ucrânia,

conhecida como Donbass. Isso levou à declaração das Repúblicas Populares de Lugansk e

Donetsk, que foram apoiadas e posteriormente reconhecidas pela Rússia. Desde então, a

região tem sido palco de uma guerra exaustiva que continua até os dias atuais. No início de

2015, os separatistas lançaram uma nova ofensiva, supostamente apoiada por tropas russas

que, antes dos combates, removeram suas identificações dos uniformes, o que é negado por

Moscou.

CONANT, EVE. Rússia e Ucrânia: a complicada história que conecta (e divide) os dois países.
National

Geographic, 2023. (Adaptado)

Geografia 2° ano

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