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APOSTILA DE HUMANIDADES E CIÊNCIAS SOCIAIS – 2° ANO – 2° BIMESTRE

POBREZA E ACESSO A RENDA

SEMANA 1 E 2 - MOBILIDADE SOCIAL, PERSISTÊNCIA DE RENDA E PERSISTÊNCIA DA POBREZA

1 – Mobilidade Social
Conforme a definição do sociólogo Anthony Giddens, mobilidade
social é o “deslocamento de indivíduos e grupos entre posições
socioeconômicas diferentes”. Esse movimento de indivíduos ou
famílias dá-se dentro do sistema de classes sociais, estruturado
conforme as categorias socioprofissionais.
A mobilidade social pode ocorrer entre indivíduos de uma
mesma geração (intrageracional) ou entre indivíduos de
gerações diferentes (intergeracional), pode ser ascendente, ou
seja, ser uma mudança positiva de posição na hierarquia, ou ser
descendente, produzir perda de posição e status. A possibilidade
de mover-se na estrutura social reafirma os ideais da revolução burguesa: igualdade, fraternidade e
liberdade.
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A estratificação social é estruturada com base em múltiplas variáveis. As principais são renda e ocupação,
mas, como apontou Max Weber, além do fator econômico, o status (prestígio) e o poder (capacidade de
influência) também compõem esse arranjo e contribuem na hierarquização das posições. Outros fatores que
incidem no rendimento afetam a mobilidade social, tais como gênero, idade, etnia, escolaridade. A
desigualdade é o grande empecilho para a mobilidade social. Conforme pesquisa de Wilkinson e Pickett
(2009), quanto maior for a desigualdade social em um país, menor será a mobilidade social.
Conforme relatório do Fórum Econômico Mundial, a promoção da mobilidade social requer o esforço
conjunto de governos e empresas. Os governos têm uma função equalizadora de oferecer acesso a
oportunidades a todos os cidadãos:
● desenvolver um modelo justo de arrecadação tributária que seja progressivo, incidindo sobre a
renda, e não sobre a produção e o consumo;
● implementar políticas de ênfase social, ampliando o acesso à educação e aprendizagem ao longo da
vida, e não somente nos primeiros anos, e à proteção social de trabalhadores num contexto de
intensas mudanças tecnológicas.
Conforme esse relatório, as empresas que colocam um propósito definido acima do objetivo do lucro têm
um melhor desempenho no longo prazo. Qualificar funcionários, pagar salários justos e combater
disparidades salariais entre homens e mulheres contribuem para ambientes econômicos mais estáveis e
maior confiança entre empreendedores e clientes, bases crescentes de consumidores.
O relatório conclui que a atualização das práticas empresariais e da atuação estatal é necessária para
ampliar-se a mobilidade social e diminuir-se as desigualdades, promovendo um crescimento econômico
sustentável e equitativo.

Contexto histórico e mobilidade social

A sociedade feudal precedeu a sociedade moderna. No feudalismo medieval, as sociedades eram


estamentais, isto é, estruturadas em estamentos:
● rei
● nobres
● clero
● povo
Cada grupo tinha direitos e deveres específicos, sendo que os três primeiros gozavam de privilégios materiais
e honrarias simbólicas de que o último não dispunha. Nessas sociedades, a mobilidade social era
extremamente reduzida, para não dizer nula, ou seja, quem nascia nobre morreria nobre, quem nascia
plebeu morreria plebeu.
A hierarquia social era considerada natural e fruto da vontade divina, portanto, imutável. Os reis
concediam terras aos nobres, que, por sua vez, ofereciam trabalho no campo aos camponeses em troca de
proteção e comida. O clero era a autoridade religiosa, o rei a autoridade política e a nobreza a autoridade
militar.
Na Baixa Idade Média, ocorreram mudanças que prepararam as bases para a construção de uma nova
estrutura de sociedade. O renascentismo, o humanismo, a descoberta de novas rotas marítimas, a
intensificação do comércio e a utilização da moeda como valor de troca provocaram mudanças de
mentalidade e comportamento, além de terem permitido o surgimento de um novo grupo social: a
burguesia.
Essa era formada por comerciantes bem como por ex-servos que deixaram a vida campesina e foram para
os burgos em busca de melhores condições de subsistência. Esse é o processo de mobilidade social que,
entre outros fatores, criou condições para a emergência das sociedades modernas.
As sociedades modernas, que se desenvolveram com o capitalismo industrial e a formação dos Estados
burocráticos, são estruturadas em estratos, isto é, classes sociais. Nelas a mudança de posição
socioeconômica é possível. A hierarquia social existe e é rígida, porém, não é imutável.
A mudança de status dentro dessa estrutura definida dá-se
principalmente pela ampliação do tempo de estudo, pela mudança
profissional, pela modificação no padrão de renda. Essa mudança é
possível, principalmente, quando há políticas governamentais que
promovam essas oportunidades aos cidadãos.
A mobilidade social é menor em países com maior desigualdade social.

Tipos de mobilidade social

Existem dois tipos de mobilidade social: horizontal e vertical.

● Mobilidade social horizontal


Implica mudança de ocupação sem que haja mudança de classe social, é como mudar de emprego e
continuar na mesma faixa de renda. Também abrange a mudança de posição dentro de um grupo que
confere autoridade e prestígio no campo simbólico, mas não muda a condição econômica.
Um exemplo disso ocorre em uma comunidade eclesial, em que os membros mais dedicados tornam-se
auxiliares voluntários do líder religioso e, por isso, recebem uma honraria por meio de um título que os
diferencia dos demais, como os diáconos nas comunidades cristãs.
● Mobilidade social vertical
Por sua vez, implica mudança de posição socioeconômica, portanto, envolve não só a dimensão simbólica
e social, mas também o poder aquisitivo. Numa sociedade industrial moderna, estratificada conforme as
profissões e com classes sociais definidas conforme a renda, a mobilidade vertical ocorre quando, por meio
da ascensão profissional, o indivíduo consegue mover-se de uma faixa de renda para outra.
Por exemplo, o indivíduo da classe C que ingressa no Ensino Superior forma-se, torna-se um profissional
liberal e migra para a classe B. O principal caminho para galgar mobilidade social vertical é a educação formal.
A mobilidade social vertical pode ser classificada em ascendente e descendente. A mobilidade ascendente
ocorre quando uma pessoa desloca-se para uma posição superior na pirâmide socioeconômica. Já a
mobilidade descendente ocorre quando alguém perde posições e desloca-se para uma posição social
inferior.
Fatores que influenciam a mobilidade social
O principal fator de mensuração da mobilidade social é a renda. A ampliação ou destituição de riqueza é o
principal desencadeador da mudança de classe para cima ou para baixo. O segundo fator, atrelado ao
primeiro, é a ocupação. Sociedades modernas são caracterizadas pela complexidade. Para Durkheim, quanto
mais complexa uma sociedade é, mais funções de trabalho ela terá. O surgimento de novos ofícios no
processo produtivo é uma constante nessas sociedades.
Além disso, a estruturação do mundo do trabalho é a base para a configuração social como um todo, desde
as relações humanas, a ação do Estado e até a divisão do espaço territorial, a disposição de bairros, e o
acesso aos centros econômicos e aos serviços. Portanto, a profissão ocupa um lugar central na
estratificação dessas sociedades, sendo que as profissões mais valorizadas geralmente são mais bem
remuneradas e estão no topo da hierarquia.
O terceiro fator que influencia a mobilidade social é a educação formal. Quanto maior a escolaridade, maior
a chance de profissionalizar-se nas atividades de maior prestígio social e com melhores salários.
As desigualdades racial e de gênero interferem nas possibilidades de
renda, ocupação e escolaridade, logo, também incidem sobre a
mobilidade social.
Mobilidade social no Brasil
O Brasil é o segundo país mais desigual do mundo. Quanto mais
desigual é um país, menor é a sua mobilidade social, portanto, a
mobilidade social no Brasil é baixa. Na sociologia brasileira, Celi Scalon
é uma referência no estudo da mobilidade intergeracional e
estratificação social no Brasil e como ela se distribui territorialmente
(segregação espacial) e é justificada e reconhecida.
Um estudo, realizado nos anos 2000, que analisou a mobilidade no
Brasil entre 1988 e 1996, sinalizou um pequeno crescimento da mobilidade intergeracional nesse período
em razão, principalmente, da migração para áreas urbanas. Todavia, foi uma mobilidade de curta distância,
isto é, não alterou o padrão de estratificação social do país, posto que o mercado de trabalho no Brasil é
caracterizado por uma alta rigidez e as chances de progressão por meio da trajetória profissional são
limitadas.
Os estratos ricos sustentaram sua posição ao longo do tempo, já para estratos assalariados houve uma piora
nas carreiras profissionais e redução das possibilidades de progresso, especialmente para mulheres. A
conclusão é que não houve mudança significativa nos padrões de mobilidade intra e intergeracional e na
desigualdade no Brasil nesse período.
Conforme relatório do Fórum Econômico Mundial de 2020, num ranking de mobilidade social, entre 82
países, o Brasil está na 60ª posição. A nota do Brasil foi 52,1 numa escala de 0 a 100, sendo que o pior índice
do país está na variável “distribuição justa de salários”. O Índice Global de Mobilidade Social considera
fatores como:
● oportunidades de trabalho
● condições de trabalho
● distribuição justa de salários
● proteção social
● acesso à saúde e educação
● acesso à tecnologia e aprendizado ao longo da vida
● qualidade e equidade da educação
● instituições inclusivas
Esse relatório também mensura a mobilidade social ao calcular quantas gerações são necessárias para uma
família de baixa renda atingir a renda média do país. Na Dinamarca, um dos países que lideram o ranking
de mobilidade social, as famílias de baixa renda levam duas gerações para atingir a renda média. No Brasil,
são nove gerações. O relatório aponta a má elaboração de políticas públicas como responsável pela
permanência da desigualdade e da baixa mobilidade social.
(Disponível em : https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/mobilidade-social.htm)

ATIVIDADES
Questão 1
“A maioria dos que se encontram abaixo da linha de pobreza, nos países não-desenvolvidos, é constituída
por famílias que subsistem em microunidades agrícolas, em atividades artesanais, no comércio ambulante,
através de trabalho sazonal ou uma combinação de atividades desta natureza. Estas famílias não se
beneficiam do salário-mínimo nem de outras medidas de proteção do trabalhador formal. Para ajudá-las,
torna-se necessário capitalizá-las e dar aos seus membros treinamento básico em tecnologia produtiva e em
procedimentos contábeis e financeiros” Paul Singer. Perspectivas de Desenvolvimento da América Latina.
In: Novos Estudos CEBRAP, n. 44, mar. 1996, p. 163.
Partindo da análise do texto transcrito acima, assinale a alternativa INCORRETA.

a) As políticas de renda mínima buscam criar condições básicas de sobrevivência para uma parcela da
população que não possui acesso a nenhuma forma de proteção trabalhista.
b) Os trabalhadores informais e aqueles inseridos na pequena agricultura familiar encontram-se entre a
parcela da população economicamente mais vulnerável, necessitando de políticas públicas específicas.
c) A qualificação do trabalhador, que garante o domínio tecnológico e dos procedimentos contábeis
necessários para o controle da renda familiar, são fundamentais no processo de melhoria das condições de
vida dos trabalhadores que se encontram fora do mercado formal.
d) As rápidas transformações na economia e na organização do mundo do trabalho exige da população
economicamente ativa uma constante adaptação às novas configurações do mercado.
e) Os trabalhadores excluídos do mercado de trabalho formal e carentes de uma rede de proteção social são
derivados da falta de educação pessoal e do excesso de comodismo, não possuindo nenhuma relação com
as configurações adquiridas pelo mercado no seu processo de expansão.

Questão 2
Entre os fenômenos sociais estudados pela Sociologia, a mobilidade social é um indicador do nível de
desigualdade e de mudança social. Sabendo disso, ao falarmos em mobilidade social, estamos nos referindo:

a) à frequência com a qual as famílias de uma sociedade deslocam-se ou mudam suas residências em um
determinado período de tempo.
b) ao número de migrantes e imigrantes que passam pelo território de um país em determinado tempo.
Assim, quanto maior for o número de migrantes e imigrantes, mais “movimentada” uma sociedade será.
c) ao índice de pessoas que conseguem ascender ou que caem na escala socioeconômica de uma sociedade,
observando os meios e os mecanismos que os indivíduos dispõem para tanto.
d) ao desenvolvimento dos meios de transporte públicos responsáveis pela movimentação das pessoas em
uma sociedade justa e desenvolvida.
e) à quantidade de carros ou veículos que circulam em uma cidade, tendo em mente que, quanto maior for
a quantidade de veículos em uma cidade, mais móvel ela se tornará.

Questão 3
Entre os fatores que influenciam a mobilidade social estão:

a) A vontade de trabalhar, a preguiça e o nível educacional.


b) O nível econômico familiar, o nível educacional familiar e as políticas que asseguram igual acesso aos
meios de formação educacional.
c) A comodidade, o nível educacional e a vontade de trabalhar
d) O nível econômico familiar, a comodidade e as políticas que asseguram igual acesso aos meios de
formação educacional.

Questão 4
A estratificação social é uma realidade em todas as sociedades do mundo. Dentro do conceito de
estratificação, a mobilidade social existe quando:

a) o indivíduo muda-se de um bairro ou região.


b) uma família ou indivíduo migra para outra região do país.
c) um grupo ou um indivíduo ascende ou descende na escala social.
d) um grupo social imigra para outro país.
e) uma grande quantidade de famílias desloca-se do campo para o meio urbano.

Questão 5

Questão 6

2 – Persistência de Renda e Persistência da Pobreza


A pobreza no Brasil é uma realidade que vem crescendo
amplamente nos últimos anos. A situação econômica e
política e os fatores históricos são algumas causas desse
problema.
A pobreza no Brasil é um fenômeno histórico que vem
crescendo de forma significativa nos últimos anos. Os
dados do IBGE apontam que em 2021, cerca de 62,5
milhões de brasileiros eram considerados pobres. As
causas da pobreza no país envolvem fatores históricos,
políticos e econômicos, e as regiões com o maior número
de pobres no Brasil são Norte e Nordeste. São exemplos
de consequências da pobreza o aumento da violência e da vulnerabilidade social.

Resumo sobre a pobreza no Brasil


● A pobreza é um conceito que envolve variáveis quantitativas e qualitativas que refletem a falta de
acesso a serviços básicos para a população.
● O IBGE aponta que as pessoas que recebem menos de US$ 5,50 por dia são classificadas como pobres.
● O Banco Mundial define extrema pobreza como uma renda média por pessoa inferior a US$ 1,90 por
dia.
● A linha de pobreza e o índice de pobreza no Brasil são definidos por meio de estudos do IBGE.
● A pobreza no Brasil envolve diversas causas, com destaque para a acentuada desigualdade social
presente no país.
● As regiões Norte e Nordeste do Brasil possuem a maior porcentagem de população pobre e
extremamente pobre no país.
● Os prejuízos ao desenvolvimento humano e à qualidade de vida das populações são consequências
da pobreza.

O que é a pobreza?
Há diversas definições para o que é a pobreza dadas por diferentes organismos internacionais, dentre eles
a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Banco Mundial (BM). Essas instituições usam índices
quantitativos, especialmente empregados em pesquisas econômicas, para avaliar o grau de pobreza de uma
população.
No caso da ONU, uma pessoa é classificada como pobre quando possui uma renda inferior a US$ 1,25 por
dia. Já o BM define extrema pobreza como um valor para uma pessoa inferior a US$ 1,90 por dia. Esse último
valor é comumente adotado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é o principal
responsável pela medição da pobreza no Brasil.
Cabe ressaltar que o conceito de pobreza não é unânime e também possui um viés qualitativo.
Tradicionalmente, a pobreza é apontada como a ausência de condições adequadas de vida de uma
população. Ela está ligada à inacessibilidade aos serviços básicos para a sobrevivência humana, como
alimentação e saúde.
Esse cenário impacta negativamente o cotidiano das populações, implicando graves consequências para o
desenvolvimento humano, assim como o registro de indicadores deteriorados de qualidade de vida, como
baixa expectativa de vida e alta mortalidade total e infantil dos agrupamentos humanos.
Principais causas da pobreza no Brasil
A pobreza no Brasil envolve diversos condicionantes, relacionados principalmente às questões históricas,
políticas e econômicas. Sendo assim, a principal causa da pobreza no Brasil é o fato de o território ter sido,
no passado, uma colônia de exploração, cenário que marcou sua estratificação social, especialmente
caracterizada pela elevada desigualdade social.
Dessa forma, a pobreza presente no território brasileiro é abrangente e envolve ainda diferentes
especificidades do país, como:
● acentuada concentração fundiária;
● acelerado processo de urbanização;
● êxodo rural das populações do campo;
● falta de investimento em educação;
● grande número de trabalhadores informais;
● grande concentração de renda;
● insuficiência de políticas de combate à pobreza.
O êxodo rural e o crescimento urbano acelerados contribuíram para a pobreza no Brasil.
Índice de pobreza no Brasil
No Brasil, o índice de pobreza é delimitado pelo IBGE, com base em indicadores oferecidos pelo Banco
Mundial.
● Extrema pobreza: quando uma pessoa possui uma renda inferior a US$ 1,90 por dia. Esse valor, no
câmbio atual, é próximo de R$ 168,00 por mês.
● Pobreza: quando uma pessoa possui renda diária inferior a US$ 5,50 por dia, ou seja,
aproximadamente US$ 486,00 por mês em valores atualizados.
Linha da pobreza no Brasil
A linha da pobreza vem aumentando de forma significativa no Brasil. Os últimos dados apresentados pelo
IBGE, referentes ao ano de 2021, apontam que há cerca de 62,5 milhões de pessoas na pobreza, e 17,9
milhões de indivíduos desse grupo são classificados como pessoas em extrema pobreza. O levantamento
chama a atenção ainda para o elevado número de crianças em situação de pobreza e para o crescimento da
desigualdade social no país.
Extrema pobreza no Brasil
A extrema pobreza é classificada no Brasil pelo IBGE como uma renda diária inferior a US$ 1,90 por dia. Esse
valor, em reais, é próximo de R$ 168,00 por mês. Conforme os dados elencados pelo instituto, no ano de
2021, no Brasil, havia 17,9 milhões de pessoas em extrema pobreza.
Esses números estão concentrados especialmente na região Norte e na região Nordeste do país. A extrema
pobreza é o estágio mais baixo na classificação de pobreza, portanto representa o índice mínimo de renda
de um indivíduo, que resulta em graves problemas em termos de saúde humana e qualidade de vida.
Locais mais pobres do Brasil
As localidades mais pobres do Brasil estão concentradas especialmente na região Norte e na região
Nordeste do país. Os estados dessas regiões, especialmente os nordestinos, possuem índices de pobreza e
extrema pobreza consideráveis, inclusive próximos à metade da população local.
Por sua vez, a região Sul e a região Centro-Oeste possuem os menores níveis de pobreza do Brasil. Já a
região Sudeste, apesar dos números significativos de pobreza, ocupa uma posição intermediária em
comparação às demais regiões brasileiras.
O gráfico abaixo, elaborado com dados do IBGE, aponta os dados de pobreza e pobreza extrema no Brasil,
por regiões, em 2021:
Gráficos produzidos com dados do IBGE. [2]
Quais as consequências da pobreza no Brasil?
A pobreza resulta em graves consequências para uma população, com destaque para os prejuízos ao
desenvolvimento humano e à qualidade de vida:
● falta de alimentação adequada;
● dificuldade de utilização dos serviços de saúde;
● inadequação de moradias;
● ausência de saneamento básico;
● aumento da violência e da vulnerabilidade social;
● crescimento da população em situação de rua e da informalidade;
● aparecimento de doenças causadas pela falta de alimentação adequada;
● preconceito e exclusão social em relação às pessoas pobres;
● impacto no desenvolvimento econômico e social de um país.
(disponível em: https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/a-pobreza-no-brasil.htm)

ATIVIDADES
Questão 1
O conceito de pobreza não é unânime e envolve diferentes apontamentos. No que toca o viés qualitativo
desse conceito, a pobreza pode ser definida como a:
a) retração do volume de produtos adquiridos pelos indivíduos.
b) frequência diminuta de acesso apenas a formas de alimentação.
c) ocorrência de doenças frequentemente associadas à renda local.
d) ausência de condições de vida adequadas para uma população.
e) diminuição do poder de compra de uma classe mais abastada.

Questão 2
As alternativas abaixo apontam causas para a pobreza no Brasil, com exceção da:
a) porcentagem elevada de trabalhadores informais.
b) insuficiência de políticas de geração de renda.
c) acentuação da concentração fundiária no país.
d) implementação de programas de renda mínima.
e) ausência de investimentos em ações educacionais.

Questão 3
Historicamente, a pobreza no Brasil deriva de vários fatores, como a acelerada urbanização do país,
marcada pelo(a)
a) planejamento regional das zonas urbanas.
b) crescimento desordenado das periferias.
c) concretização do pleno emprego urbano.
d) desenvolvimento de programas sociais.
e) emprego de políticas de cunho ambiental.

Questão 4
Uma característica que perdura até a atualidade marca a pobreza entre a população brasileira. Trata-se
da
a) ausência de salário-mínimo.
b) baixa expectativa de vida.
c) alta mortalidade infantil.
d) diminuta longevidade local.
e) elevada desigualdade social.

Questão 5
O meio rural brasileiro, em especial com o processo de modernização agrícola, vivenciou um fenômeno
de empobrecimento ao longo do século XX, marcado pelo
a) estabelecimento de ações de reforma agrária.
b) desenvolvimento de projetos de renda.
c) uso de métodos arcaicos de cultivo agrícola.
d) emprego de agrotóxicos nas plantações.
e) crescimento do êxodo rural das populações.

Questão 6
As consequências da pobreza presente entre a população brasileira estão listadas nas alternativas abaixo.
NÃO é uma consequência da pobreza no país:
a) a elevação da informalidade.
b) a ocorrência de doenças.
c) a maior expectativa de vida.
d) o aumento da violência.
e) o crescimento da desigualdade.

Questão 7
Qual das regiões brasileiras, dentre as listadas abaixo, apresenta o maior volume de indivíduos
considerados pobres?
a) Norte. b) Nordeste. c) Centro-Oeste. d) Sudeste. e) Sul.

Questão 8
Assinale, dentre os estados listados abaixo, a unidade federativa brasileira que apresenta números
significativos de população em extrema pobreza:
a) Rondônia. b) Santa Catarina. c) Maranhão. d) Mato Grosso. e)
Tocantins.

Questão 9
(Cesmac 2019) Em algumas cidades, a arquitetura urbana moderna contrasta com a arquitetura antiga.
Convivem, numa mesma paisagem, momentos históricos diferentes. Sobretudo em cidades dos países
subdesenvolvidos, o moderno, sinônimo de riqueza, contrasta com a pobreza (falta de infraestrutura,
cortiços etc.).
Adaptado de TERRA, Lygia e COELHO, Marcos de Amorim. Geografia Geral. São Paulo, Editora Moderna.
Esse fenômeno referido no texto é corretamente denominado de:
a) Segregação espacial
b) Megalopolização.
c) Especulação urbana.
d) Geoecologização urbana.
e) Segregação étnica.

Questão 10
(Unemat 2017) “Existe um tipo de experiência vital — experiência de tempo e espaço, de si mesmo e dos
outros, das possibilidades e perigos da vida — que é compartilhada por homens e mulheres em todo o
mundo, hoje. Designarei esse conjunto de experiências como ‘modernidade’. Ser moderno é encontrar-se
em um ambiente que promete aventura, poder, alegria, crescimento, autotransformação e transformação
das coisas em redor — mas ao mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos,
tudo o que somos.”
BERMAN, Marshall. Tudo o que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo:
Companhia das Letras, 1986.
Com base na afirmação acima, assinale a alternativa em que a ideia de modernidade encontra-se
materializada no Brasil.
a) A migração é um fenômeno cultural da modernidade brasileira que ganhou força nos últimos anos em
função dos investimentos do agronegócio e do ecoturismo nas regiões Norte e Centro-Oeste. Em função
disso, os protagonistas desses fluxos garantiram para si melhores expectativas de vida e ascensão social.
b) As pesquisas científicas e as inovações tecnológicas compõem um conjunto de condições modernas que
tem produzido a satisfação da vida humana, tornando acessíveis a todos os bens de consumo para produção
da riqueza social e cultural, sobretudo com a recente popularização da tecnologia digital.
c) O tempo moderno transformou profundamente as relações entre as pessoas e o mundo ao qual
pertencem quando a industrialização e a economia de consumo oportunizaram uma relativa ascensão social
das populações periféricas, mas produziu os bolsões de pobreza típicos dos grandes centros urbanos
brasileiros.
d) No tempo presente, o urbanismo confere às cidades brasileiras, sobretudo as de médio e grande porte,
uma arquitetura capaz de acomodar espaços públicos e privados, nos quais as pessoas usufruem igualmente
do acesso aos bens materiais e culturais indispensáveis à condição humana.
e) No Brasil, o progresso das ciências médicas teve como suporte os saberes populares das comunidades
tradicionais, e, por isso, os profissionais de saúde não se opõem aos trabalhos de cooperação mútua nos
tratamentos de várias doenças.

Questão 11
(Unicentro 2011) Os recursos naturais do Brasil são bastante diversificados. Atualmente, um dos que mais
se destaca é o petróleo existente na camada pré-sal. Sobre essa riqueza natural, pode-se afirmar que a
a) exploração desse petróleo tornará o país a primeira potência energética do planeta.
b) reserva do pré-sal está localizada a dois mil metros de profundidade, no oceano, seu potencial é
gigantesco e os custos de exploração plenamente compensáveis.
c) experiência da estatal Petrobras na exploração de petróleo em águas profundas garante ao país um grande
desenvolvimento econômico sustentável.
d) distribuição dos royalties do petróleo do pré-sal não garante a eliminação da pobreza no país.
e) Petrobras, por ser uma empresa exclusivamente de capital estatal, obriga o Governo Federal a beneficiar
igualmente todos os estados brasileiros com os lucros da exploração do petróleo da camada pré-sal.
Questão 12
(Unir 2008) Sobre globalização e pobreza, assinale a afirmativa INCORRETA.
a) Para garantir o mínimo de condições de sobrevivência aos indivíduos, os países ricos difundiram os
princípios do estado de bem-estar social.
b) A ampliação da exclusão social pode estar vinculada aos princípios neoliberais que foram incorporados
em várias partes do mundo.
c) O processo de globalização econômica e financeira ampliou a diferença entre ricos e pobres, além de
provocar empobrecimento da população, mesmo em países desenvolvidos.
d) IDH, PIB, PNB, renda per capita, mortalidade infantil, expectativa de vida, escolaridade são índices
utilizados para a classificação dos países em ricos e pobres, desenvolvidos e subdesenvolvidos.
e) A desconcentração espacial da riqueza na economia internacional tem aumentado a equidade social entre
os países desenvolvidos e subdesenvolvidos.

SEMANA 3 – SISTEMAS DE PROTEÇÃO SOCIAL E PROGRAMAS E POLÍTICAS DE ERRADICAÇÃO DA


POBREZA EXTREMA E PROTEÇÃO À VULNERABILIDADE

Leia as reportagens a seguir:


Famílias mais ricas de Florença são as mesmas em 1427 e 2011
Dois pesquisadores analisaram registros dos pagadores de impostos e viram que as dinastias no topo
da pirâmide eram as mesmas de seis séculos atrás

Protegidos pelo tempo: o interior da gruta de Bernardo Buontalenti nos jardins de Boboli em Florença,
na Itália (Richardfabi/Wikimedia Commons)
E em termos de mobilidade social, talvez não tenham acontecido mesmo, de acordo com um estudo
publicado recentemente no VoxEU, portal do centro de pesquisa de políticas públicas da União Europeia.
Guglielmo Barone e Sauro Mocetti, dois pesquisadores do Banco Central do país, partiram dos registros
dos pagadores de impostos na cidade em 1427, que estão disponíveis online e incluem sobrenomes,
profissões, rendimentos e riqueza.
Depois, compararam com os mesmos tipos de dados para 2011 e viram que as dinastias no topo da
pirâmide eram as mesmas de seis séculos atrás.
"Estes resultados são ainda mais surpreendentes considerando as enormes reviravoltas políticas,
demográficas e econômicas que ocorreram através de um período tão longo", diz o texto.
Eles notam que a probabilidade de pertencer hoje a certas profissões (como médicos e advogados) é
maior quando seus ancestrais já eram parte deste grupo, o que sugere um potencial forma de transmissão
dessa riqueza.
Outros estudos
Os estudos da chamada "mobilidade intergeracional" sempre identificaram uma relação forte na
transmissão de status social entre pais e filhos, mas concluíam que o efeito era dissipado através de várias
gerações.
Recentemente, isso vem sendo questionado. Também usando sobrenomes como base, os
pesquisadores Gregory Clark e Neil Cummins encontraram uma persistência forte no status social de
famílias inglesas através de 28 gerações entre 1170 e 2012.
"O status social é mais fortemente herdado do que até a altura. Esta correlação é constante através dos
séculos, sugerindo uma física social de fundo que é surpreendentemente imune à intervenção
governamental", diz o estudo.
Clark depois publicaria o livro "The Son Also Rises", no qual expande o método para vários países e
encontra resultados semelhantes até em lugares como a China, que passou pela Revolução Cultural de Mao
Tsé-Tung e décadas de socialismo.
Ele arrisca uma tese polêmica para o fenômeno: o sucesso econômico pode estar relacionado com a
transmissão de certas características genéticas.
"Pode ser uma combinação de genes, ou um gene único, mas não há nada que exclua a possibilidade de
que os bem-sucedidos economicamente do mundo moderno são geneticamente diferentes de quem não é
membro desse grupo", diz ele em entrevista para a PBS.
O raciocínio entra em um território determinista perigoso, mas Clark não diz que a falta de mobilidade
justifica o status quo.
Pelo contrário: já que os "mais capazes" ascenderiam de qualquer forma, políticas redistributivas
poderiam ser feitas sem grandes perdas econômicas.
Um ponto importante: o estudo de Barone e Mocetti destaca que a mobilidade em Florença era
praticamente zero no século XVI e só começou a se mexer um pouco no século XX.
Talvez o futuro mostre não que a desigualdade atual já foi selada por nossos ancestrais, e sim que apenas
demoramos demais para começar a enfrentá-la.

Olhando para o abismo


1 (Guillaume Bonn/Woods/Galimberti/Guillaume Herbaut)
São Paulo - A desigualdade foi por muito tempo relegada às margens do debate econômico, mas isso
está mudando. Um dos motivos é o próprio aumento do fosso entre ricos e pobres, especialmente no mundo
desenvolvido, detalhado no improvável best-seller "Capital no Século XXI", de Thomas Piketty. Também
ganhou força a hipótese de que a desigualdade excessiva prejudica a economia e o crescimento como um
todo, sustentada por novos trabalhos acadêmicos. Myles Little, um editor de fotografia em Nova York,
entrou para o debate reunindo fotografias que lançaram seu flash sobre o problema. Disso saiu uma
exposição que já passou por China, Dubai, Alemanha, Nigéria, Guatemala, Bósnia e Herzegovina e Chicago e
agora segue para Austrália, País de Gales e Etiópia. O livro, realizado com financiamento coletivo, conta
com uma contribuição de Joseph Stiglitz, vencedor do prêmio Nobel da Economia. Em agosto do ano
passado, EXAME.com fez uma primeira série com 15 fotografias, estudos e declarações sobre o assunto.
2 (Guillaume Bonn/INSTITUTE)
O 1% mais rico da população já acumula metade de toda a riqueza global, segundo o Credit Suisse. Eles
estimam que 3,4 bilhões de pessoas (71% da população) tem menos de US$ 10 mil em riqueza cada.
Combinada, essa maioria absoluta tem em suas mãos apenas US$ 7,4 trilhões, uma fração (3%) do total de
riqueza global. Nos países desenvolvidos, apenas 1 em cada 5 indivíduos está na categoria mais baixa, e
muitas vezes de forma transitória. Na Índia e na África, são 90%.
3 (Zed Nelson)
“A desigualdade não é uma consequência fatalista de leis econômicas. O entrelaçamento dos sistemas
políticos e econômicos determina a distribuição de riqueza e renda. Uma agenda real iria simultaneamente
aumentar a eficiência econômica, a justiça e a oportunidade. Os governos deveriam começar reduzindo os
excessos no topo, implementando leis mais fortes de competição e criando um sistema mais progressista de
renda, riqueza e do sistema tributário corporativo”. - Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia em 2001,
em texto de apresentação do livro.
4 (Paolo Woods/Gabriele Galimberti/INSTITUTE)
De acordo com o Credit Suisse, há 33,6 milhões de indivíduos com riqueza entre US$ 1 milhão e US$ 50
milhões - só que a imensa maioria está bem mais perto da base do que do topo desta faixa. Quanto mais
para cima, mais estreita vai ficando a pirâmide. O 1% no topo tem metade de toda a riqueza global e há
apenas 123.800 indivíduos "ultra ricos" no mundo, com mais de US$ 50 milhões em riqueza. "Enquanto a
base da pirâmide é ocupada por pessoas de todos os países em vários estágios de seus ciclos de vida, os
indivíduos muito ricos estão altamente concentrados em países e regiões específicos e tendem a
compartilhar estilos de vida mais similares", diz o relatório.
5 (Guillaume Bonn/INSTITUTE)
"Não dá para separar pobreza e desigualdade. Se você quer reduzir a pobreza, precisa pensar na
distribuição dos resultados, porque eles estão interconectados. Cito uma frase do [economista inglês]
Richard Tawney: "O que os ricos ponderados chamam de problema da pobreza, os pobres ponderados
chamam de problema da riqueza". Segundo porque quando falamos de bem-estar, a maioria pensa em
algum tipo de igualdade de oportunidade e chance de desenvolver seus talentos. E é impossível ter igualdade
de oportunidade com desigualdade excessiva de resultados. A desigualdade de renda e riqueza significa que
não temos um campo de atuação equitativo. As pessoas podem ir para a mesma escola, mas ir com ou sem
café da manhã faz a diferença se elas vão se beneficiar daquela educação." - Anthony Atkinson, professor da
Universidade de Oxford e um dos maiores especialistas em desigualdade no mundo, em entrevista para
EXAME.com.
6 (Guillaume Herbaut/INSTITUTE)
Atualmente, um terço da riqueza da China está nas mãos do 1% mais rico enquanto os 25% na base da
pirâmide tem apenas 1% da riqueza. As conclusões são de uma pesquisa anual em 15 mil domicílios de 250
cidades feita pela Peking University e financiada pelo governo. O coeficiente de Gini do país saltou de 0,3 em
1980 para 0,49 em 2012, com queda para 0,45 em 2015 (nesta medida, 0 representa igualdade perfeita e 1
representa desigualdade total).
7 (Mikhael Subotzky / Goodman Gallery)
Em países como Suazilândia, Georgia e Colômbia, o patrimônio de um único bilionário local seria capaz
de erradicar a pobreza entre seus habitantes. Na África do Sul, o efeito seria relativamente pequeno. A tese
foi defendida pelos pesquisadores Laurence Chandy, Lorenz Noe and Christine Zhang em um post recente
no Brookings Institution. Nas Filipinas e no Brasil, uma transferência do tipo levaria a pobreza para um quarto
do patamar atual (considerando uma renda mínima de US$ 1,90 por dia por pessoa em dólares de paridade
de poder de compra).
8 (Jacqueline Hassink)
"A forma como o Estado trata os ricos é mais importante do que como trata os pobres”, diz Marcelo
Medeiros, pesquisador do Ipea e um dos principais especialistas em desigualdade do Brasil, em entrevista
para EXAME.com. "É porque eles detêm uma quantidade gigantesca de recursos: o 1% mais rico tem cerca
de um quarto de toda a renda do Brasil e uma capacidade de alavancar a desigualdade muito maior do que
a de qualquer pessoa na parte de baixo. É quase uma aritmética simples: importa muito mais a desigualdade
entre esses ricos e o resto da população do que entre os pobres e quem está perto da pobreza", diz Medeiros.
9 (Jorg Brueggemann/OSTKREUZ)
"Por que deveríamos estar acorrentados ao lugar onde nascemos? Não deveríamos todos ter o direito
de se mover pelo planeta? Por qual teoria moral é ok ameaçar pessoas com violência só porque elas
procuram uma oportunidade econômica? Quando olhamos a questão dessa forma, fica difícil negar que
nossas fronteiras são um sistema de apartheid global. Quem consegue defender isso? No final das contas,
acho que vamos evoluir para um ponto onde o direito de ir para onde quiser será considerado um direito
humano universal" - Alex Tabarrok, PhD pela George Mason University e autor do blog Marginal Revolution,
em entrevista para EXAME.com.
10 (Simon Norfolk/INSTITUTE)
A desigualdade entre diferentes países é um dos grandes motores da imigração global, mas "nenhum
economista notável acredita que imigração seja um "enorme" problema" em si, diz Tabarrok. Uma pesquisa
da Universidade de Chicago com economistas consagrados confirma sua posição. Estudos diversos mostram
que os imigrantes criam mais empregos do que tomam e que em uma Europa envelhecida, eles podem ser
parte da solução. "Na média, imigração tende a aumentar os salários dos nativos. Ironicamente, são os
países que mais aceitam imigrantes que geralmente se dão melhor", diz Tabarrok.
11 (Henk Wildschut)
Menos de 1% das obras do mercado de arte são vendidas por mais de US$ 1 milhão, mas elas respondem
por 57% do valor de vendas em leilões, segundo um relatório recente. Este segmento cresceu 400% na
última década, taxa quatro vezes maior do que o resto. É nesta categoria que está a obra da foto: Ushering
in Banality, do artista americano Jeff Koons. Dentro deste universo, o nicho de obras acima de US$ 10 milhões
cresceu ainda mais rápido: 1.000% no mesmo período. No ano passado, trabalhos de Modigliani e Picasso
estabeleceram novos recordes com valores acima de US$ 170 milhões cada.
(Disponível em: https://exame.com/economia/familias-mais-ricas-de-florenca-sao-as-mesmas-em-1427-e-2011/)

Brasil é o segundo pior em mobilidade social em ranking de 30 países


Desempenho do Brasil só é pior que o da Colômbia em estudo sobre mobilidade social da OCDE
A chance de uma criança de baixa renda de ter um futuro melhor que a realidade em que nasceu está,
em maior ou menor grau, relacionada à escolaridade e ao nível de renda de seus pais. Nos países ricos, o
"elevador social" anda mais rápido. Nos emergentes, mais devagar - no Brasil, ainda mais lentamente.
O país ocupa a segunda pior posição em um estudo sobre mobilidade social feito pela OCDE
(Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) com dados de 30 países e divulgado nesta
sexta-feira.
De acordo com o estudo O elevador social está quebrado? Como promover mobilidade social, seriam
necessárias nove gerações para que os descendentes de um brasileiro entre os 10% mais pobres atingissem
o nível médio de rendimento do país. A estimativa é a mesma para a África do Sul e só perde para a Colômbia,
onde o período de ascensão levaria 11 gerações.
● Brasil tem 6,9 milhões de famílias sem casa e 6 milhões de imóveis vazios, diz urbanista
● Salas lotadas e pouca valorização: ranking global mostra desgaste dos professores no Brasil
O indicador da OCDE foi construído levando em consideração a "elasticidade intergeracional de renda".
Ou seja, quanto o nível de rendimento dos filhos é determinado pelo dos pais. A instituição ressalta no
estudo que a simulação tem finalidade ilustrativa - para dar dimensão da dificuldade de ascensão social - e
que não deve ser interpretada como o tempo preciso para que um domicílio de baixa renda atinja a renda
média.
Na média entre os países membros da OCDE, a chamada "persistência" da renda intergeracional é de
40%. Isso significa que, se uma família tem rendimento duas vezes maior o que de outra, o filho terá, em
média, renda 40% mais alta que a da criança que veio da família de menor renda.
Nos países nórdicos, a persistência é de 20%. No Brasil, de 70%, conforme a pesquisa.
Mais de um terço daqueles que nascem entre os 20% mais pobres no Brasil permanece na base da
pirâmide, enquanto apenas 7% consegue chegar aos 20% mais ricos. Na média da OCDE, 31% dos filhos que
crescem entre 20% mais pobres permanecem nesse grupo e 17% ascendem ao topo da pirâmide.
Pai pobre, filho pobre
Isso é o que o estudo chama de "chão pegajoso" (sticky floor): a dificuldade das famílias de baixa renda
de sair da pobreza.
Filhos de pais na base da pirâmide têm dificuldade de acesso à saúde e maior probabilidade de
frequentar uma escola com ensino de baixa qualidade.
A educação precária, em geral, limita as opções para esses jovens no mercado de trabalho. Sobram-lhes
empregos de baixa remuneração, em que a possibilidade de crescimento salarial para quem tem pouca
qualificação é pequena - e a chance de perpetuação do ciclo de pobreza, grande.
'O Brasil fez um bom trabalho tirando milhões de famílias da extrema pobreza, com o Bolsa Família, por
exemplo. Falta agora fazer a 'segunda geração' de políticas', diz diretor da OCDE
Nesse sentido, a desigualdade social e de renda, destaca o levantamento, é definidora do acesso às
oportunidades que podem fazer com que alguém consiga ascender socialmente.
"Além do chão pegajoso, países como o Brasil têm também tetos pegajosos (sticky ceilings)", acrescenta
Stefano Scarpetta, diretor de emprego, trabalho e assuntos sociais da OCDE, referindo-se às famílias de alta
renda.
O nível elevado de desigualdade também se manifesta sobre a mobilidade no topo da pirâmide. Aqui, é
pequena a probabilidade de que as crianças mais abastadas eventualmente se tornem adultos de classes
sociais mais baixas que a dos pais.
Scarpetta pondera que, ao contrário da tendência global de aumento da desigualdade, o Brasil
conseguiu reduzir suas disparidades na última década, até o início da recessão. O país fez pouco, entretanto,
para corrigir os problemas estruturais que mantêm em movimento o ciclo da pobreza - a qualidade precária
da educação e da saúde e a falta de treinamento para os milhões de trabalhadores de baixa qualificação.
"O Brasil fez um bom trabalho tirando milhões de famílias da extrema pobreza, com o Bolsa Família, por
exemplo. Falta agora fazer a 'segunda geração' de políticas", disse o economista à BBC News Brasil.
A classe média
Quando se analisa a mobilidade apenas do indivíduo, e não de uma geração a outra, o estudo da OCDE
verifica que, de forma geral, a classe média é o estamento com maior flexibilidade - para cima e para baixo.
No Brasil, a mobilidade da base da pirâmide para a classe média é maior do que em vários emergentes.
Essa ascensão, contudo, é frágil.
A estrutura do mercado de trabalho, com uma participação elevada do emprego informal, intensifica os
efeitos negativos das crises sobre a população mais vulnerável. Como aconteceu com parte da "nova classe
média" durante a última recessão, o desemprego pode ser um caminho de retorno à pobreza.
Mobilidade social e crescimento econômico
O nível baixo de mobilidade social tem implicações negativas sobre o crescimento da economia como
um todo, diz o estudo da OCDE. Talentos em potencial podem ser perdidos ou subaproveitados, com menos
iniciativas na área de negócios e menos investimentos.
Desigualdade social e de renda é definidora do acesso às oportunidades que podem fazer com que
alguém consiga ascender socialmente, diz estudo
"Isso debilita a produtividade e crescimento econômico potencial em nível nacional", ressalta o texto.
Um elevador social "quebrado" também se manifesta sobre o bem-estar social.
A percepção de que a oportunidade de ascensão depende de fatores que estão fora do alcance - como
a renda dos pais ou o acesso a educação - gera desesperança e sentimento de exclusão. Isso aumenta a
probabilidade de conflitos sociais, diz a pesquisa.
Tendência global
O problema não é exclusivo dos países emergentes. Mesmo países ricos, com desempenho
expressivamente superiores ao do Brasil nos indicadores de educação - França, Alemanha - estão acima da
média da OCDE entre as estimativas do número de gerações necessário para que os 10% mais pobres atinjam
a renda média.
"Por mais que esses países tenham bom desempenho no PISA (avaliação global do desempenho
escolar), esses índices são uma média. Países como a França, por exemplo, são bastante heterogêneos",
ressalta Scarpetta.

ATIVIDADES
1- Conceitue algumas das teorias científicas pelos temas das reportagens:
a) Capital social e a importância das redes de conexões sociais para a mobilidade social
b) O conceito de castas ainda existentes em alguns países
c) O problema da meritocracia como algo real
d) A relação entre mobilidade social/persistência de renda e a geografia
2 – Em grupos pesquisem e apresentem a turma programas de proteção social e políticas de erradicação da
pobreza.
● Grupo 1: programas e políticas no Brasil e em outros países.
● Grupo 2: Programas de apoio à saúde, insegurança alimentar, seguro desemprego (exemplos de
proteção social).
● Grupo 3: Programas como Natal Sem Fome, Bolsa-Família, Auxílio-Brasil (apresentados em seu
contexto: o que é, quem tem direito a eles, importância, críticas, pontos de melhorias)

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