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RAPHAEL RAIMUNDO OLIVEIRA RIBEIRO

A SOCIOLOGIA E A CONTEMPORRANEIDADE

FOZ DO IGUAÇÚ
2022
RAPHAEL RAIMUNDO OLIVEIRA RIBEIRO

Introdução

As sociedades, em todos lugares, têm passado por uma série


complexa de testes e desafios nas últimas décadas. Alguns
observadores, em termos mais específicos, argumentam que estamos
passando por uma 'policrise', que inclui a crise econômico-financeira
global iniciada em 2007, a subsequente crise migratória, o aumento do
terrorismo e, nos últimos dois anos, , a pandemia mundial. O que essas
várias crises têm em comum é que elas colocam as sociedades à prova
em termos de revelar a incerteza radical subjacente à "normalidade" e
dos arranjos sociais existentes. À medida que a legitimidade do
conhecimento estabelecido é questionada e desafiada, a natureza
contingente do mundo social torna-se evidente. O tempo presente pode
ser entendido como uma espécie de laboratório societário. Com certeza,

Na era contemporânea, isso é particularmente evidente em relação


aos fundamentos políticos e sociais da democracia. A atenção
generalizada ao populismo pode ser excessiva, mas sua centralidade
nos debates atuais comprova a incerteza que muitos experimentam
em relação ao funcionamento de nossas sociedades democráticas. De
forma relacionada, nos últimos anos temos visto uma reação cada vez
mais proeminente à aceleração da sociedade e rápida mudança na
forma de manifestações do que alguns chamam de 'sociedade não
civil', 'movimentos de reação' ou, mais geralmente, mobilização social
em torno de valores políticos conservadores. Tais fenômenos podem,
pelo menos em parte, ser lidos como tentativas de recriar a suposta
certeza de comunidades etnoculturais confinadas e uma crítica aos
caprichos e à natureza desenraizada do mundo globalizado,
interconectado e cosmopolita.

1.1 Educação
Existe uma relação complexa entre a sociedade e uma instituição
educativa, pois a sociedade é o resultado da escola que nos permitimos ter e a
escola é o que a sociedade quis que fosse. Além de proporcionar
conhecimento e aprendizado; a educação enriquece a cultura, o espírito, os
valores e tudo o que nos caracteriza como seres humanos. Em tal sentido
Micelli ( 2002, p.09) alude que no campo social a educação é necessária em
todos os aspectos para alcançar melhores níveis de bem-estar social e
crescimento econômico; nivelar as desigualdades econômicas e
sociais; promover a mobilidade social das pessoas; ter acesso a melhores
níveis de emprego; elevar as condições culturais da população; ampliar as
oportunidades para os jovens; revigorar os valores cívicos que fortalecem as
relações das sociedades; para o progresso democrático e o fortalecimento do
Estado de direito. Destas abordagens, deve-se notar então que a educação é o
motor que impulsiona o nível de desenvolvimento de um país, é a força de seus
sistemas educacionais e de pesquisa científica e tecnológica; além de fator que
acelera o desenvolvimento das tecnologias de mídia e informação, é aí que
reside a importância da educação para uma sociedade, tornando-se um
elemento vital e essencial.
Em virtude do exposto, deve-se afirmar que no nascimento deste novo
século, observa-se uma demanda sem precedentes pela educação,
acompanhada de uma grande transformação da mesma, e uma maior
consciência da importância fundamental da educação. desenvolvimento e para
a construção do futuro, para o qual as novas gerações devem estar preparadas
com novas competências e novos conhecimentos e ideais. Nesse sentido, de
acordo com Castells (1997, p. 136), a importância da educação em uma
sociedade em transformação está no rejuvenescimento e incremento que ela
traz aos direitos humanos e à dignidade das pessoas que a compõem, a
extinção das desigualdades, o fortalecimento do desenvolvimento sustentável.
desenvolvimentos criativos e emocionais, mudanças de valores. A partir dessas
abordagens, todo indivíduo, profissional ou sujeito que, portanto, compõe uma
sociedade, deve considerar dar uma visão ampla à grande importância da
educação no social; uma vez que é o canal para transformar e promover a
mudança e o progresso da sociedade. Dada a sua abrangência, os
profissionais da educação devem refletir sobre ela de forma ambiciosa e
formular uma visão a este respeito numa sociedade em mudança. Para isso,
devemos debater e dialogar em todos os níveis de forma ambiciosa e
inspiradora, a fim de nos dirigirmos às pessoas que vivem nesta nova era
social.

1.2 As relações de trabalho

Estamos vivendo cada vez mais no que tem sido chamado de era
da tecnologia da informação (ou apenas era da informação ), já que a
tecnologia sem fio compete com máquinas e fábricas como base de nossa
economia. Em comparação com as economias industriais, agora temos muito
mais empregos na área de serviços, desde faxina doméstica até trabalho de
secretariado e conserto de computadores. As sociedades nas quais essa
transição está acontecendo estão passando de uma fase de desenvolvimento
industrial para uma pós-industrial. Nas sociedades pós-industriais, então, a
tecnologia da informação e os empregos de serviços substituíram as máquinas
e os empregos de manufatura como a dimensão primária da economia (Bell,
1999). Se o carro era o sinal dos tempos econômicos e sociais na década de
1920, então o smartphone ou netbook/laptop é o sinal do futuro econômico e
social nos primeiros anos do século XXI. Se a fábrica era o local de trabalho
dominante no início do século 20, com trabalhadores em suas posições por
correias transportadoras, então as empresas de telefonia celular, computador e
software são indústrias dominantes no início do século 21, com trabalhadores,
quase todos deles muito mais instruídos do que seus colegas de fábrica
anteriores, amontoados sobre sua tecnologia sem fio em casa, no trabalho ou
na estrada. Em suma, a Revolução Industrial foi substituída pela Revolução da
Informação,sociedade da informação (Hassan, 2008).

Como parte da pós-industrialização nos Estados Unidos, muitas empresas


manufatureiras mudaram suas operações de cidades norte-americanas para
locais no exterior. Desde a década de 1980, esse processo aumentou o
desemprego nas cidades, muitos dos quais moradores não têm a educação
universitária e outros treinamentos necessários no setor de informação. Em
parte por esse motivo, alguns estudiosos temem que a era da informação
agrave as disparidades que já temos entre os “que têm” e os que não têm” da
sociedade, pois as pessoas sem educação universitária terão ainda mais
dificuldade em encontrar um emprego remunerado do que eles. agora (WJ
Wilson, 2009). Na arena internacional, as sociedades pós-industriais também
podem ter uma vantagem sobre as sociedades industriais ou, especialmente,
agrícolas, à medida que o mundo avança cada vez mais para a era da
informação.

1.3 As relações interpessoais

Por relação social deve-se entender a realidade imaterial (que está no


espaço-tempo) do inter-humano, ou seja, aquilo que está entre os sujeitos
agentes. Como tal, constitui a sua orientação e interação, distinguindo-se do
que há nos atores singulares —individuais ou coletivos— considerados como
polos ou termos da relação. De acordo com Donati ( 2016, p.96) essa
realidade, composta conjuntamente por elementos objetivos (independentes
dos sujeitos: propriedades do sistema de interação como tal) e elementos
subjetivos (dependentes da subjetividade: condições e características da
comunicação intersubjetiva), é a esfera na qual se definem tanto a distância
quanto a integração dos indivíduos em relação à sociedade: depende dela se,
de que forma, medida e qualidade o indivíduo pode distanciar-se ou envolver-
se em relação a outros sujeitos, ao instituições e, em geral, sobre a dinâmica
da vida social.
As sociedades humanas são feitas da interação conflituosa entre os
seres humanos organizados dentro e em torno de uma dada estrutura social.
Como afirma Giddens (1997, p.128), essa estrutura social é formada pela
interação entre relações produção/consumo; relações de experiência e
relações de poder. O significado é constantemente produzido e reproduzido por
meio da interação simbólica de atores enquadrados por esta estrutura social e
que eles estão ao mesmo tempo agindo para alterá-lo ou reproduzi-lo. A nova
literatura social chama de significado, a identificação simbólica de um ator do
propósito de sua ação. A consolidação do sentido compartilhado por
cristalizações práticas em configurações espaço-temporais cria culturas, ou
seja, sistemas de valores e crenças que informam códigos de comportamento,
não há dominância sistêmica nesta matriz de relacionamentos.
A nossa é uma sociedade em rede, ou seja, uma sociedade construída
em torno de redes pessoais e corporativas operadas por redes digitais que se
comunicam pela Internet. E como as redes são globais e não conhecem limites,
a sociedade em rede é uma sociedade de redes globais. Essa estrutura social
típica desse momento histórico é resultado da interação entre o paradigma
tecnológico emergente baseado na revolução digital e certas mudanças
socioculturais de longo alcance. Uma primeira dimensão dessas mudanças é o
surgimento do que chamamos de sociedade egocêntrica, ou, em termos
sociológicos, o processo de individualização, o declínio da comunidade
entendida em termos de espaço, trabalho, família e filiação em geral. Não se
trata do fim da comunidade, nem da interação localizada em um lugar.

O processo de individualização não é atribuído exclusivamente à


evolução cultural, mas ao resultado material das novas formas de organização
da atividade econômica, política e vida social, como já analisei em minha
trilogia sobre a era da informação (Castells, 1996-2003). Baseia-se na
transformação do espaço (vida metropolitana), do trabalho e da atividade
econômica (aparecimento da empresa em rede e dos processos de trabalho
em rede) e da cultura e das comunicações (transição da comunicação de
massa baseada na mídia para a autocomunicação de massa baseada na
internet); na crise do modelo de família patriarcal, com crescente autonomia de
seus diferentes membros; na substituição da política midiática pela política
partidária de massas; mas a individualização não significa isolamento nem,
claro, o fim da comunidade. A sociabilidade é reconstruída sob a forma de
individualismo e comunidade em rede através da busca por pessoas afins, em
um processo que combina interação virtual (online) com interação real (offline),
ciberespaço com espaço físico e local.

1.4 Considerações finais

Como observado, sociologia estuda as sociedades humanas,


considerando-as como uma estrutura de sentido, um conjunto de relações e um
lugar onde ocorrem os fatos sociais, ou seja, eventos de uma natureza social
específica. Nesse sentido, diversas abordagens do social interessam à
sociologia, a descoberta da sociedade, a nova reflexão sociológica, parte
precisamente da observação das novas práticas de ação e das novas relações
sociais que se estabelecem entre os indivíduos. A relação social é o elemento
característico e peculiar que distingue a aventura sociológica da reflexão sobre
o social que a precede. Acreditamos que essa aventura e essa "imaginação"
ainda devem ser ampliadas, e que novas áreas de ordem e mudança social
contemporâneas a nós devem ser exploradas. Por um paradigma que tenha
como fundamento um equilíbrio mais completo entre os princípios que
nortearam a revoluções sociais, prestando finalmente a devida atenção ao
"relacionamento fraterno".
De fato, se a reflexão sociológica contemporânea atribui um papel
fundamental à desigualdade e o mesmo é feito para o princípio da liberdade útil
na análise dos regimes democráticos, o uso do conceito de fraternidade ainda
aguarda uma sistematização teórica e seu uso na análise empírica.
Em suma, nossos tempos parecem trazer a necessidade de um novo
"paradigma" do social.

2.0 Referências

CASTELLS, M. (1997). A era da informação. Economia, sociedade e cultura,


Vol. I: A sociedade em rede. Madrid: Aliança Editorial.

DONATI, P. & Solci, R. (2016). Bens relacionais: o que são e que efeitos
produzem. Turim, Itália: Bollati Boringhieri.

GIDDENS, A: Modernidade e identidade de si, Barcelona, Península, 1997

MICELLI, Sergio (org.). O que ler na ciência social brasileira 1970 – 2002. São
Paulo: Editora Sumaré, ANPOCS, CAPES; 2002.

NOGUEIRA, Oracy (Coordenador) A Sociologia no Brasil: História e Situação


Atual. São Paulo: Datilografado, 1982.

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