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Internet e Geração de Valor no Capitalismo Espetacular

Autor: Marcos Dantas

A utilização da internet extrapola o mero divertimento descomprometido, passa ser um


espaço que possibilita a atuação em prol de interesses políticos e econômico. Tal fato
pode se confirmado, quando o Estado precisa intervir, estabelecendo leis que ficaram
conhecidas como “lei Dieckmann”, “PL Azeredo” e “Marco Civil”, por exemplo.
Grandes corporações como Apple, Google, Facebook, Microsoft, Samsung, capitalizam
cada vez mais os acessos, por meio de tecnologias, serviços e produtos que permitem a
experiência do usuário nas redes, potencializando o seu valor de uso. O ato de usar tais
tecnologias é a forma do individuo expressar a sua consciência, além disso esse uso
deixa rastros e registros individuais. As grandes corporações que disponibilizam esses
recursos possuem um poder imensurável e um conhecimento amplo sobre a consciência
dos seus usuários, antecipando assim, os desejos latentes de uma cultura. Esse, talvez
seja o grande “capital”, a cultura manifestada pelos registros e rastros dos usuários na
rede, que assume um caráter quantificável e monetizável.

Trabalho semiótico
O conceito de mercadoria abarca elementos que envolvem o abstrato e o concreto, à
medida que pode ser quantificável materialmente assumindo o seu valor de uso de
forma palpável. A mercadoria também pode assumir uma existência imaterial, tão
intangível como uma informação ou uma destreza intelectual. Nesse ponto, o autor
argumenta que algumas pessoas reúnem determinadas habilidades que foram
determinadas por suas condições e contextos sociais, físicos, psicológicos e todos os
outros que envolvem a personalidade da pessoa. O autor completa argumentando que
para certos tipos de trabalho, portanto exigem que a pessoa seja “dotada de um amplo
conjunto de condições que, mais do que técnicas (aprendizado, treinamento), são
psicológicas, são inerentes a certos tipos de personalidade, próprios de certas pessoas e
não de outras” (p.88). Essa questão abre margem para o surgimento, do que me parece
uma hierarquização do trabalho, uma divisão onde o trabalho intelectual possui maior
valor de uso e de troca em detrimento ao que seria o trabalho redundante.

Sociedade do espetáculo
A sociedade é retratada por Marx como a responsável da produção do seu próprio
consumo. Em uma dinâmica que “a produção é imediatamente consumo, o consumo é
imediatamente produção”. Ao passo que as mercadorias só acumulam valor de troca
porque existem pessoas dispostas a trocar seu dinheiro pela satisfação de suas
necessidades, sejam elas do “estômago ou da fantasia”. Nesse processo de produção e
consume o que relaciona milhões de pessoas é o espetáculo, ou seja a relação das
pessoas mediadas por imagens.

Interatividade e “prossumidores”
A tensão existente na diferença entre “produtores” e “consumidores” já foi anunciada
antes mesmo da criação da internet. Porém com o rápido progresso dos meios de
comunicação e a abrangência quase totalizante do seu poder de impor padrões de
produção e consumo. Dessa forma a “distancia espaço-temporal entre o momento da
produção e o momento do consumo” tende a reduzir, dando margem ao surgimento de
nova categoria de consumidor e produtor, o “prossumidor” (p.100). Essa dinâmica
produção-circulação-consumo-produção está presente em todas as dimensões sociais,
perpetuando o esquema em que a “produção consome os elementos a ela necessários, e
o consumo produz a necessidade de consumir e o objeto a produzir” (p.100).

Internet
A internet mantem o seu valor na ação linguística, configurando um espaço sócio-
cultural, fortemente influenciada, em seu surgimento, por uma ideologia baseada em
“colaboração, mas respeitando as individualidades; construção de consensos pela livre,
mas positivista, troca de idéias; crença na objetividade da razão e na neutralidade ou
distanciamento político dos atores” (p. 107). Rapidamente a internet tornou-se palco
para o espetáculo da sociedade, adquirindo assim um imensurável valor comercial.

Nesse emaranhado conceitual e político, a exclusão digital se mostrou inicialmente um


entrave nos rumos do capitalismo. Até encontrar uma solução na aplicação de politicas
públicas, apoiadas por grandes corporações do ramo das comunicações e fabricantes de
equipamentos eletrônicos. A internet assume um caráter tão revolucionário no sistema
produtivo quanto a indústria representou no século XIX.

capítulo Por uma Pedagogia Social da Tecnologia (pág. 401-436)

O texto se desenvolve a partir de quatro questões fundantes: 1) O uso de computadores,


internet, lousas digitais e softwares educativos, como meios de comunicação de novas
linguagens, melhoraria a qualidade do ensino? 2) Como a tecnologia ajudaria o processo
de ensino? 3) As novidades digitais seriam eficazes para transmitir e/ou produzir o
conhecimento? 4) Até que ponto a ausência de recursos tecnológicos poderia afetar o
aprendizado e o desenvolvimento educacional de crianças, jovens e adultos? Para
contextualizar a discussão a autora recorre aos pressupostos da Escola de Frankfurt,
momento de intenso agito intelectual na Alemanha da década de 1920. A teoria crítica,
elaborada nos estudos sociais e filosóficos da Escola de Frankfurt permite uma análise
das práticas sociais a partir da ideologia, ou seja, a possibilidade de manipulação nas
relações de poder favorecendo determinada camada social, estabelecendo assim um
condição de dominação. A tecnologia sendo tida como uma linguagem, portanto
pressupõe uma relação próxima com poder, conforme Bakhtin (1992). Sendo assim, não
podemos imaginar a linguagem como neutra. Paralelo a isso, a capacidade econômica
de pequena parte da sociedade viabiliza um controle dos recursos técnicos que permitem
o uso da tecnologia. O que contrapõe uma corrente que defende a utilização da didática
em orientada pelos interesses das classes populares. Na configuração atual da sociedade
não encontramos um distribuição justa de possibilidades para o acesso a determinados
bens e serviços, essa exclusão aparece também quando se fala em acesso á internet e a
equipamentos tecnológicos que permitem disfrutar do “privilégio” das tecnologias da
informação e comunicação. Nesse cenário apresenta-se a contradição social e política da
tecnologia no campo da educação, a razão instrumental e emancipadora. Por um lado, a
tecnologia pode ser um instrumento de emancipação sujeito, por outro lado, pode atuar
como agente distanciador, segregador contribuindo para o processo de produção escolar.
Tendo fortes influencias toyotista, a produção escolar reproduz um sistema de
aprimoramento da sociedade, preparando os cidadãos para lidar de forma mais
naturalizada com o avanço da tecnologia. Com um discurso de progresso globalizante, o
capitalismo vem se apropriando das tecnologias de informação e comunicação,
manipulando, inclusive a educação, por um controle social.

Por uma Pedagogia Social da Tecnologia


Rosilene Horta Tavares

A análise crítica de algumas questões nos campos da educação e das tecnologias e na


formação de professores, trazem a tona, por Tavares(2014) as seguintes questões, tão
presentes em nosso cotidiano de escola quando o assunto é tecnologia:
a) se o uso de computadores, internet, lousas digitais e softwares educativos, como
meios de comunicação de novas linguagens, melhoraria a qualidade do ensino;
b) como a tecnologia ajudaria na hora de ensinar;
c) se as novidades digitais seriam eficazes para transmitir e/ou produzir o conhecimento;
e,
d) até que ponto a ausência de recursos tecnológicos poderia afetar o aprendizado e o
desenvolvimento educacional de crianças, jovens e adultos.
Ao ler tal proposta absorvi algumas ponderações que mereço destacar, acrescentaram a
minha formação conceitos importantes, dos quais discorro e chamo a atenção.
Para a autora a discussão destas questões estão pautadas num cenário político e
econômico que subjazem a pauta desta discussão.
A Tecnologia da Informação e Comunicação é vista como linguagem, de poder político
e ideológico, cujo aprimoramento histórico a constitui como consciência do próprio
sujeito. Por isso deve ser percebida como um instrumento de poder (Bakhtin-1992).
A Tecnologia consegui definir a própria sociedade e o momento em que vivemos.
Apresenta-se com perspectivas pessimistas e otimistas. Mas não é neutra.
Mas em se tratando de educação é uma concepção de que as TIC´s possam democratizar
o acesso ao ensino, através do alcance e da oferta de uma didática que adorne formas
mais acessíveis ao ensino. Mas os mesmos fatores que a aproximam dos atores da
escola também podem afastá-los.
O artigo pauta-se por uma abordagem dialética da realidade da sociedade atual, numa
visão pragmática condicionadas a economia e a política imersa na realidade
contemporânea das formas de gestão da escola voltadas para a tendência do Toyotismo.
Mostra as diferenças entre o Fordismo, Taylorismo e o Toyotismo e pontualmente o
processo de constituição e características que o separam, o constituem e, o interessante,
o aprimoram.
Consegue fazer um xerox da situação atual da educação e permite entender os efeitos,
positivos e negativos, e as perspectivas relacionadas a tendência contemporânea
relacionadas as demandas relacionadas a competências demandas pelo mercado de
trabalho. Indistintamente cunha o objetivo de integração das pessoas ao mercado
capitalista de trabalho
Citando Teixeira (2005), explica o comprometimento da mediação docente, pelas
demandas das políticas públicas focadas na qualificação de mão de obra, que chamarei
por “fenômeno” chamado “Eclipse Didático”, segundo autor se submete ao papel do
livro didático. Que na minha opinião, tal valor, poderia ser deslocado para qualquer
material com esta função.
Me chama a atenção, a alcunha, dos conceitos decorrentes do Toyotismo impregnados
na legislação e por conseguinte, perseguidos, nas ações docentes em nosso país. E como
as formas de resistências, dito meu, acabam sendo marcadas pela alienação que leva a
incapacidade da ação.
A própria manutenção da pesquisa se vê fragilizada, mediante seu custeio que direciona
a formação dos docentes de acordo com os interesses capitalistas.
O próprio sistema de avaliação está atrelado a interesses externos que direta ou
indiretamente mantém o sistema condicionando conteúdos e programas de ensino
voltados para a manutenção de um padrão, que segundo Tavares, citando Santos (2004)
regeriam princípios que definiriam a nova pedagogia capitalista.
De forma indireta se prevê o Volvismo, forma de sistemas de produção que valoriza os
seres envolvidos no processo de produção, quando é falado que os professores na real
situação de desvalorização imposta pela nossa sociedade dificilmente apresentarão
condições para criar e ou mudar sua forma de produção.
A tecnologia da informação e comunicação, apesar de ser usado como instrumento de
alienação e entorpecimento das massas, nos permite visualizar ações de resistência
dentro de seu ecossistema, no estreito da contradição entre o consumo e ensino, em
meio a questões que convergem da prática a teoria ainda se encontram uma diversidade
de objetivos que se quer encontrar. Prevalecendo a maneira de utilizá-las em
decorrência da formatação de seu potencial e resultados que poderão impulsionar a
qualidade da educação. Ainda nos resta a capacidade de criar e interagir com o
conhecimento, e esta capacidade de decisão, é que nos trará resultados e não
simplesmente o uso de recursos tecnológicos.
O uso da tecnologia, simplesmente, não confere sucesso ao trabalho do professor. As
condições valorativas da carreira atualmente não justificam um empenho voltado para o
sucesso pedagógico. Nesse aspecto, digo, nem a ilusão de fazer parte do processo de
construção do trabalho consegue o deslocamento para um engajamento. Sem condições
para se atualizarem os profissionais se deparam com situações aviltantes onde os
estudantes apresentam maior envolvimento com as mídias e redes sociais. Chegando a
ser ..... “melhores educados que os professores” ....
Ainda se tem o risco de entender que todas as coisas podem ser transferidas para
internet e de fato não compreender que o uso da tecnologia requer mudanças da prática
e não dos objetivos. A ruptura é inevitável e a insistência em escolarizar toda estrutura
tecnológica é um risco que reintegra formação e pesquisa.
Mas profundamente gostaria de entender o princípio da “parada” para resolver o
problema assim que eles surgem na escola. Que seria o quinto ponto do Toyotismo -
Construir uma cultura de parar e resolver os problemas assim que eles surgem para
obter a qualidade desejada logo na primeira tentativa. Numa cultura escola onde o
problema reitera lida constante diária seria por deverás gratificante.
Entender esses sistemas como formas de aprimoramento de um para com outro nos
coloca numa situação de ambivalência pois nos impulsiona a pensar formas de melhorar
nossas práticas e construções pedagógicas, ou simplesmente, não as corresponder em
parte ou na sua totalidade.

TAVARES, Rosilene Horta. Por uma Pedagogia Social da Tecnologia. In: TAVARES,
Rosilene Horta. GOMES, Suzana dos Santos. (org.) Sociedade, Educação e Redes:
desafios à formação crítica. 1ª ed. Junqueira e Martins, Araraquara, SP, 2014.

Análise do capítulo:

O artigo faz uma análise crítica da relação entre a educação e as tecnologias de


informação e comunicação. Como perguntas norteadoras traz: a inclusão das TICs
na educação aumenta/melhora a qualidade do ensino? As TICs têm o potencial de
ajudar no processo de ensino? As TICs permitem que a transmissão e produção de
conhecimentos sejam ampliadas? A ausência das TICs nos processos de ensino-
aprendizatem alteram o desenvolvimento educacional dos estudantes?
Algumas considerações sobre as TICs trazidas ainda no início do capítulo, permitem
ao leitor, desvelar alguns pontos, que pouco se discute quando se trata da relação
educação e tecnologia: o primeiro diz resposto que as TICs são uma linguagem,
imbricada com o poder, logo, ela não está para todos disponível, acessível e
compreensível de forma igualitária, por ela, como por outros mecanismo, promove-
se a manutenção das classes sociais; o segundo diz da não neutralidade desta e de
outras linguagens, ela está atravessada pelos sentidos econômicos e políticos,
favorecendo uns e desfavorecendo muitos; nem sempre, embora se diga o
contrário, as massas são beneficiadas pelos progressos tecnólógicos, sob o discurso
da inclusão digital, o sistema capitalista se organiza para maximizar lucros e
minimizar os descontentamentos provenientes da tomada de consciência de uma
inclusão seletiva e hierarquizada daquilo que as massas podem ou não ter acesso.
A construção social da tecnologia compromete-se, no meu entendimento, com o
desmistificar do desenvolvimento tecnológico como mera ciência aplicada e como
marcha para o progresso, pois não se trata apenas de aplicação técnica, mas de
uma apropriação crítica, criativa e comprometida com a emancipação dos sujeitos,
da mesma forma que reconhece que o progresso, não é para todos, e mesmo para
todos que dele desfrutam, é possível encontrar diferentes níveis de “desfrute”.
Neste sentido, em especial no campo educacional, a depender do posicionamento
do sujeito frente ao uso e ao desenvolvimento das TICs, elas poderão tanto
estabelecer meios de cooperação entre os membros da comunidade escolar, como
isolar as pessoas e intensificar os processos de produção escolar.
O cuidado com a linguagem das TICs passa também pelo cuidado que devemos ter
com a introdução de outros vocábulos e processos no interior das instituições
escolares. Importados do mundo empresarial e também protegidos pelo discurso
da neutralidade e da objetividade, fala-se e defende-se, com pouca ou nenhuma
crítica sobre: flexibilidade, capacidade de adaptação, qualidade total na educação,
avaliação de desempenho, índices e indicadores. Nossas políticas públicas, sob
forte influência dos organismo internacionais, incorporam esses discursos e
transformam-os em uma linguagem do bem comum. No entanto, esses processos,
sendo validados por organismos externos à instituição escolar promovem o
ranqueamento das instituições e a competição e a responsabilização dos sujeitos,
atrelando aos resultados, bonificações que não modificam a estrutura da carreira
docente, mas que se convertem em prêmios por produtividade.
Penso que as contribuições trazidas pelo artigo passam pelo alerta de “esmiuçar” o
discurso, a linguagem, procurando trazer à luz aquilo que foi construído de forma a
ser ocultado e que impacta de maneira diferente às diferentes classes sociais.

A discussão educação tecnologia ou o uso de novas tecnologias na educação


sempre foi para mim uma espécie de terreno minado e o texto de Rosilene
forneceu mais elementos a esta impressão. Ter um bom parque tecnológico na
escola por exemplo é muito importante para mim que sou adepta ao seu uso mas
no geral não muda a prática de um grande numero de professores.
Estudantes que tem acesso a tecnologias como computadores e smartphones dão
respostas mais adequadas a algumas das minhas propostas de trabalho, mas no
geral, a posse de gadgets em sala de aula é repudiada por causa do compromisso à
atenção.
Os professores ideologicamente avessos ao uso da tecnologia dentro da minha
escola são aqueles que estão próximos de se aposentar, não buscam qualificação e
não tem nenhum compromisso como a emancipação dos estudantes. É frustrante,
por exemplo, propor a alguém o trabalho com o Duolingo nos tablets da escola e
perceber que o profissional não está interessado em empreender o esforço. Não
faço críticas, entendo que trabalhar em um terreno seguro é muito mais
confortável. Mas também me incomoda pensar que o estudante que foi exposto a
seis meses de estudo de língua em um aplicativo poderia ter maiores chances no
futuro. Acho que é isso que Tavares está falando quando destaca a temática da
ideologia X tecnologia
Gosto muito da discussão que a autora faz acerca de tecnologia e linguagem ,
relacionando com Bakhtin (1992), a linguagem tem relação com poder, interações
sociais, economia e política. Linguagens constituem os sujeitos.
Estou com Rosilene em suas propostas. Desmistificar dinâmicas produtivas por trás
do fordismo, do taylorismo e do toyotismo, as dinâmicas da mais-valia, da
apropriação do tempo são muito importantes para compreendermos o uso da
tecnologia na educação.
Fico com Tavares em: .

“Aquele que se propõe a tarefa de instituir um povo deve sentir-se capaz de


transformar, por assim dizê-lo, a natureza humana, de transformar cada indivíduo,
que é por si mesmo um todo perfeito, solitário, parte de um todo maior, do qual o
indivíduo recebe até certo ponto sua vida e seu ser, de substituir a existência física
e independente por uma existência parcial e moral. Deve despojar o homem de
suas próprias forças, com o fim de entregar-lhe outras que lhe são estranhas, e das
a auto-emancipação e a autocriação individual os pré-condicionantes para que a
humanidade se torne livre e racional. (TAVARES, 2010).
Em processo...
Síntese do capítulo "Por uma pedagogia social da tecnologia" de Rosilene Horta

O capítulo se propõe a discutir quatro questões relacionadas ao uso de tecnologias da


informação e comunicação no ensino: a) se o uso de computadores e outros artefatos
melhoraria o ensino; "b) como a tecnologia ajudaria na hora de ensinar; c) se as
novidades digitais seriam eficazes para transmitir e/ou produzir o conhecimento; e, d)
até que ponto a ausência de recursos tecnológicos poderia afetar o aprendizado e o
desenvolvimento educacional de crianças, jovens e adultos" (p.401).
Para fazer essa análise, a autora utiliza-se da teoria crítica, tendo por base as premissas
da Escola de Frankfurt, que se preocupa com a crítica da ideologia, "explicações da
realidade sistematicamente distorcidas que procuram ocultar e legitimar relações
assimétricas de poder" (p.402). Propõe-se pensarmos as TIC como linguagem, na
perspectiva de Bakhtin, sendo necessariamente ligada ao poder, e não neutra. A autora
cita as contribuições do campo da Ciência, Tecnologia e Sociedade, e cita o autor
Langdon Winner, com o seu conceito de construção social da tecnologia. Para ele, "o
desenvolvimento tecnológico não deve ser visto nem como mera ciência aplicada nem
como marcha do progresso" (p.404). A autora também traz a concepção crítica de
didática, que tem um compromisso com interesses das classes populares. Outra
discussão importante trazida pela autora é sobre o mito da 'sociedade do conhecimento'
para todos. O acesso aos recursos tecnológico não é democratizado. Além disso, cerca
de 27% da população é analfabeta funcional, e isso acaba sendo um obstáculo para a
inclusão digital no Brasil. Em seguida o texto apresenta as contradições ou
ambiguidades das tecnologias. Se por um lado, a tecnologia pode ser emancipatória, se
tornando meio para a cooperação entre alunos e professores, por outro, pode servir para
isolar as pessoas e intensificar os processos de produção escolar. Apresenta-se, depois, o
toyotismo, modo de produção capitalista criado no Japão, e que substitui o fordismo.
Para João Bernardo, há o "abandono de um sistema que explorava, predominantemente,
o trabalho manual por outro que explora, cada vez mais, a componente intelectual do
trabalho" (p.410). O toyotismo afeta o mundo do trabalho e também o sistema escolar.
Referindo-se novamente à contradição entre a racionalidade técnica e o poder
emancipatório das TIC, o texto que o acesso as TIC, "compreendido também como
inclusão digital, tem sido um dos mecanismos importantes de produção e propagação da
mercantilização da educação escolar" (p.417). Para a construção de uma pedagogia
social da tecnologia, um desafio que se coloca aos professores é de entenderem o
sentido da tecnologia e seu papel político e econômico mais amplo, "ao mesmo tempo
em que pudessem se apoderar das tecnologias digitais na educação, realizando
atividades criativas que, na prática, sejam críticas à concepção da pedagogia tecnicista"
(p.419). O texto apresenta que computadores, lousas digitais e softwares devem ser
complementares ao que é essencial no processo de ensino-aprendizagem: a capacidade
ou competência do ser humano, no caso o professor, de transmitir o conhecimento, e
conseguir ativar o empenho dos alunos. Assim, mesmo com o uso das tecnologias, num
ambiente tradicional de transmissão de conhecimentos e passividade dos alunos, não
haveria ganho no processo de ensino-aprendizagem. O ideal seria o dialogismo
defendido por Paulo Freire, de tornar o aluno protagonista do seu próprio aprendizado, e
o professor ir munindo esse aluno de ferramentas para adquirir conhecimento. Só assim
essa contradição pode ser vencida.

Síntese/comentários sobre o capitulo "Por uma Pedagogia Social da Tecnologia" de


autoria de Rosilene Horta
A autora propõe uma reflexão crítica sobre a relação entre a educação e as
tecnologias da informação e comunicação (TIC). Para nortear a reflexão, somos
desafiados a pensar em algumas questões: o uso de computadores, softwares e
lousas digitais melhoram a qualidade do ensino? O uso de tecnologia ajuda na hora
de ensinar? As novidades digitais são eficientes na produção do conhecimento? A
ausência do aparato tecnológico prejudica o aprendizado?
O artigo traz também uma importante contribuição para o entendimento sobre
Toyotismo, Fordismo e Taylorismo. A meu ver, O Toyotismo tem uma relação direta
com a formação dos profissionais da educação, voltada a atender aos interesses do
capital e fundamentando-se na ruptura entre pensamento e ação. O Fordismo
direciona para a qualificação do trabalho. O Taylorismo, oriundo do processo
industrial das fábricas e caracterizado pela racionalização, planejamento trouxe
para a gestão educacional as normatizações de leis, que na sua prática, muitas
vezes v ficam inviáveis
Percebemos que o uso das tecnologias digitais se faz presente no contexto
educacional brasileiro e se faz necessário , para alunos e professores, um maior
conhecimento sobre o uso e função da tecnologia. Os conhecimentos vão para
além do aspecto puramente instrumental. As Tics desempenham um papel
importante no espaço escolar mas é necessário estar atento afim de evitar que
sejam utilizadas para intensificar ainda mais as desigualdades sociais.Os
educadores necessitam então um conjunto de conhecimentos teórico, político,
social e econômico.
Vive-se em uma epoca de crescente mecanização do ensino, onde os alunos,
muitas das vezes, são levados a atingirem metas planejadas pelo governo.
Presencia-se ainda influencias ainda do modelo taylorista-fordista que são a
desumanização do ensino, presente nas relações frias entre professor e aluno.

Análise do capítulo Por uma Pedagogia Social da Tecnologia (pág. 401-436),


apontando o que de novo este capítulo trouxe para sua formação.

O capítulo traz reflexões sobre o impacto das tecnologias educacionais nos


processos de ensino e aprendizagem e o papel do professor no uso de tecnologias
educacionais e a formação de cidadãos críticos e reflexivos.
Nos últimos dois anos teve um aumento no uso das tecnologias da informação e
comunicação em vários setores e fortemente na educação, devido a pandemia da
covid 19. Esse aumento trouxe, além das incertezas e medos vividos por questões
de saúde pública, angústias, receios pelos professores devido a falta de capacitação
e preparo para as atividades remotas na docência.
A lógica da educação mercantilista ressalta que há uma relação direta do
desenvolvimento tecnológico e o desenvolvimento educacional. Mantém-se a ideia
de que as tecnologias educacionais genuinamente trazem melhoria para a
qualidade do ensino. O texto desmistifica essa relação por dois pontos. primeiro
não há como ter desenvolvimento na educação sem que os professores tenham
domínio e sejam reconhecidos e acolhidos em suas necessidades humanas e
profissionais. Além desse ponto, o contexto brasileiro é pautado por desigualdade
e invariavelmente nem todos podem ter acesso a condições de acesso à internet e
aos aparatos tecnológicos.
No decorrer da minha formação profissional atuando na área técnica administrativa
da educação superior, ainda não havia me deparado com a questão da formação
de docentes para uso das tecnologias educacionais. Um dado relevante é que no
processo de avaliação do reconhecimento dos cursos da educação superior há um
indicador específico para avaliação das tecnologias citado abaixo. No entanto não
há qualquer relação direta no desenvolvimento e preparação dos docentes para
uso de tais tecnologias.
Indicador 1.16 Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) no processo
ensino-aprendizagem
As tecnologias de informação e comunicação adotadas no processo de
ensinoaprendizagem permitem a execução do projeto pedagógico do curso,
garantem a acessibilidade digital e comunicacional, promovem a interatividade
entre docentes, discentes e tutores (estes últimos, quando for o caso), asseguram o
acesso a materiais ou recursos didáticos a qualquer hora e lugar e possibilitam
experiências diferenciadas de aprendizagem baseadas em seu uso

A meu ver essa perspectiva vai de encontro afirmativa do texto. A leitura refletiu em
um questionamento sobre as práticas de avaliação externa. Qual a extensão da
exploração do trabalho ao avaliar as Tecnologias de Informação e comunicação na
execução do projeto pedagógico proposto em cada curso, retirando a relação
professor aluno como elemento central do processo de ensino e aprendizagem?

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