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À ERA DIGITAL:
A EVOLUÇÃO DA ESCRITA”
PROJETO DE PESQUISA
SOBRE A EVOLUÇÃO DA
ESCRITA E LETRAMENTO
NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Bruna Rosa Henrique1
Miriam Simone Wingert Weber2
RESUMO
1 Bacharel em Quiropraxia pela Universidade FEEVALE, Estudante do Curso de Pedagogia pelo Centro Universitário Unifacvest.
E-mail: bruna.quiro@gmail.com. Estagiária de apoio à inclusão da Rede Municipal de Ensino, EMEI Joaninha. Novo Hamburgo, Rio
Grande do Sul, Brasil.
2 Especialista em Neurociências com enfoque na Educação Inclusiva pela FAMEPLAN e Especialista em Educação Inclusiva pela
Universidade FEEVALE. E-mail: miriamweber@terra.com.br. Coordenadora pedagógica da Rede Municipal de Ensino, EMEF Martha
Wartenberg. Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, Brasil.
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Bruna Rosa Henrique e Miriam Simone Wingert Weber
INTRODUÇÃO
Foi na turma da Faixa Etária de cinco anos da EMEF Martha Wartenberg, que
durante os momentos de brincadeira livre no pátio, surgiu o interesse pela origem do
fogo. A brincadeira consistia em esfregar britas no chão para sentir o “cheiro de fogo”,
que as crianças acreditavam que apareceria após a fricção. Elas tinham a expectativa
de produzir faísca e fogo. Alguns diálogos chamaram a atenção, pois os alunos
demonstravam certo conhecimento sobre o assunto, adquirido através do acesso às
novas tecnologias no seu contexto familiar. No entanto, observou-se também, o grande
interesse da turma pelo conhecimento das letras e de sua origem. Por isso, a partir
da roda de conversa sobre os hábitos e o estilo de vida do homem no período da Pré-
História, levantou-se a seguinte dúvida: como surgiu a escrita e como as letras foram
parar nos teclados dos smartphones e notebooks? Definimos este questionamento como
o nosso problema de pesquisa.
Desde a Pré-História, podemos observar a necessidade do homem em se
comunicar, seja através de gestos, expressões ou até mesmo da fala. No entanto,
ao longo da história a comunicação humana evoluiu à medida que o homem foi
construindo o conhecimento. Da mesma forma, a escrita evoluiu deixando de ser
apenas uma representação de uma ideia ou a transcrição da oralidade, restrita a
pequenos grupos, tornando-se acessível e ilimitada, principalmente, através da
influência das novas tecnologias. A escrita permeia o tempo desde as cavernas,
passando pelo papel e atualmente é possível escrever através de um teclado virtual
do smartphone, por exemplo, compartilhando mensagens com milhares de pessoas
simultaneamente.
E é a partir da necessidade natural do homem de se comunicar que a escrita exerce
um papel fundamental na sociedade, estando presente de diversas formas no cotidiano
das pessoas. Dessa maneira, as crianças recebem informações e conhecimentos sobre
o mundo letrado muito antes de entrarem na escola, através de livros, rótulos, placas,
revistas, outdoors, aparelhos eletrônicos, entre outros.
Nesse contexto, objetivou-se, com a turma de Faixa Etária de cinco anos,
aproveitar as experiências e conhecimentos de letramento trazidos pelas crianças e
incentivar novas descobertas, além de valorizar as primeiras tentativas de escritas
espontâneas comuns nesta idade. Desse modo, iniciou-se uma trajetória a fim de
proporcionar vivências e brincadeiras que remetessem ao processo de evolução
da escrita. Diferentes materiais foram explorados, identificando o mundo letrado e
oportunizando a participação das famílias na construção do projeto realizado em sala
de aula.
A EVOLUÇÃO DA ESCRITA
De acordo com Barbosa (2013, p. 34), através dos tempos, o homem vem buscando
desenvolver a sua comunicação seja com gestos, expressões e/ou fala. É comum da
natureza humana a necessidade de se comunicar e expressar seus pensamentos. A
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escrita tem sua origem no instante em que o homem comunica seus pensamentos e
sentimentos por meio de signos. E esses signos passam a ser compreendidos por outros
homens que possuem uma ideia de como funciona esse sistema de comunicação. No
entanto, Cagliari (1988, p. 13) aponta que:
Quem inventou a escrita foi a leitura: um dia numa caverna, o homem começou a desenhar
e encheu as paredes com figuras, representando animais, pessoas, objetos e cenas do
cotidiano.. A humanidade descobria assim que quando uma forma gráfica representa o
mundo, é apenas um desenho, quando representa uma palavra, passa a ser uma forma
de escrita.
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A ERA DIGITAL
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A descoberta da escrita, pela criança, acontece muito antes do ingresso escolar, pois ela
desenvolve noções de letramento da mesma forma que desenvolve outras aprendizagens
significativas. Aprende a significar por escrito o idioma falado. À medida que a criança
interage com eventos de letramento de sua cultura, ela elabora hipóteses sobre a função da
escrita a partir do conhecimento que tem da língua oral.
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Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cultura escrita: ao ouvir e
acompanhar a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto familiar,
comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo
diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil,
a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades
que deixam transparecer. As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador,
mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela
leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo. Além disso,
o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a familiaridade
com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a
aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros. Nesse
convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se
revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo letras, em
escritas espontâneas, não convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita
como sistema de representação da língua.
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METODOLOGIA
O projeto de pesquisa foi realizado em uma turma com 19 crianças da Faixa Etária
de cinco anos, na Escola Municipal de Ensino Fundamental Martha Wartenberg. Após
as observações e conversas com as crianças, decidimos pesquisar sobre a evolução
da escrita, na intenção de buscar conhecimento para responder ao nosso problema
de pesquisa (Como surgiu a escrita e como as letras foram parar nos teclados dos
smartphones e notebooks?). Para isso, utilizamos:
- Pesquisa bibliográfica: pesquisa realizada em sites, livros, revistas, jornais que
tratavam sobre a evolução da escrita e o letramento.
- Pesquisa documental: pesquisa realizada nos documentos legais relativos
à Educação, como as contribuições da Base Nacional Curricular Comum (2017), do
Referencial Curricular Gaúcho (2018) e dos Fundamentos e Concepções da Rede
Municipal de Ensino de Novo Hamburgo – Documento Orientador – Caderno 1. SMED,
2019.
- Pesquisa quantitativa e qualitativa: coleta de dados com as crianças sobre
os conhecimentos prévios a respeito do surgimento da escrita e do uso de aparelhos
eletrônicos, como smartphones. Realização de registros de pesquisas e elaboração de
gráficos, com suas respostas.
No entanto, inicialmente, a professora estabeleceu os objetivos a serem atingidos
através da pesquisa com a turma.
Objetivo geral
Aproveitar as experiências e conhecimentos de letramento trazidos pelas crianças
e valorizar as primeiras tentativas de escritas espontâneas comuns nesta faixa etária.
Objetivos específicos
- Conhecer as fases da evolução da escrita.
- Proporcionar vivências e brincadeiras que remetam ao processo de evolução
da escrita.
- Identificar a origem do nome e formato de algumas letras.
- Oportunizar o contato com diferentes materiais de escrita, como jornais, revistas,
livros, documentos, cartas, etc.
- Conhecer a evolução dos aparelhos tecnológicos utilizados para a comunicação
através da escrita atualmente (máquina de escrever, computadores, tablets, notebooks e
smartphones).
- Oportunizar a participação da família na construção do conhecimento sobre a
evolução da escrita.
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Essa brincadeira se tornou constante e foi envolvendo a maior parte da turma. Ao mesmo
tempo, em sala de aula, também observamos o interesse das crianças pelas letras que
estavam sendo descobertas através de associações com a escrita dos seus nomes.
Levando em consideração esses dois assuntos e as observações realizadas, foi proposta
uma roda de conversa onde a professora questionou a turma sobre as brincadeiras de
esfregar as pedrinhas e o fogo. As crianças trouxeram seus conhecimentos sobre o
assunto, descrevendo situações da Pré-História aprendidas através de documentários
e desenhos assistidos em casa. A partir destas contribuições, discutimos a respeito do
modo de vida dos homens Pré-históricos (porque faziam fogo, onde moravam, como
se alimentavam e como se comunicavam). A discussão sobre como era realizada a
comunicação falada e escrita, através da comparação dos tempos antigos e atuais, foi o
que gerou o nosso problema de pesquisa.
Após a definição do problema de pesquisa (Como surgiu a escrita e como as
letras foram parar nos teclados dos smartphones e notebooks?), em outra roda de
conversa, realizamos o levantamento de hipóteses da turma. À medida que as crianças
foram trazendo suas hipóteses, no quadro da sala de aula, foi sendo construído um
gráfico com as respostas. Foi possível observar que para 69% das crianças a resposta
foi não sei, porém 16% acreditavam que a escrita foi criada por Deus, enquanto que para
5% alguém criou uma fábrica de letras e lápis; outros 5% pensavam que algum artista
criou o lápis e as letras e os últimos 5% afirmaram que a escrita sempre existiu da forma
que conhecemos.
Gráfico 1: Levantamento de hipóteses da turma acerca do surgimento da escrita
Fonte: autoras.
Para a pesquisa sobre o início e a evolução da escrita, foi utilizado como fonte
de pesquisa, em sala de aula, O livro da escrita, dos autores Ruth Rocha e Otávio Roth,
da coleção “O homem e a comunicação”. Através das ilustrações do livro, as próprias
crianças identificaram os desenhos (a pintura rupestre) nas cavernas. Após realizar
a roda de conversa sobre o assunto, foi proposto para as crianças vivenciarem essa
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“Das cavernas à era digital: a evolução da escrita” projeto de pesquisa sobre a evolução da escrita e letramento na Ed. Inf.
experiência. No entanto, observou-se que a tinta usada naquele tempo era produzida a
base de pigmentos naturais, por isso, produzimos uma tinta natural a partir da mistura de
cola branca, água e argila. Para a construção da caverna foi utilizada uma caixa grande
desmontada, onde todas as crianças puderam fazer os seus desenhos, com pincel e a
tinta natural ao mesmo tempo. Em outro momento, após a secagem da pintura, a caverna
montada foi disponibilizada para as crianças brincarem em sala. Eles puderam entrar
na caverna e observaram atentamente os desenhos feitos pelos colegas no interior da
mesma.
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Fonte: autoras.
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“Das cavernas à era digital: a evolução da escrita” projeto de pesquisa sobre a evolução da escrita e letramento na Ed. Inf.
sobre o teclado QWERTY, contamos com a ajuda das famílias na confecção de tablets,
smartphones e notebooks, que são ferramentas utilizadas pela maioria dos pais e pelas
crianças. Todos os objetos que fizeram parte da pesquisa e os eletrônicos construídos
pelas famílias com materiais recicláveis foram expostos na sala e tornaram-se parte das
brincadeiras durante as aulas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio do projeto “Das cavernas à era digital: a evolução da escrita” foi possível
perceber que, mesmo sem haver a obrigatoriedade de trabalhar a alfabetização na
Educação Infantil, o letramento e, por consequência, a leitura de mundo podem ser
apresentados de forma lúdica e prazerosa, aproveitando as vivências, as experiências
e os conhecimentos trazidos pelas próprias crianças. O professor com um olhar atento
às brincadeiras dos pequenos consegue perceber o foco de interesse dos mesmos,
organizando um trabalho pedagógico significativo e contextualizado com a cultura
vivenciada pela geração atual.
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Bruna Rosa Henrique e Miriam Simone Wingert Weber
REFERÊNCIAS
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o bá-bé-bi-bó-bu. São Paulo: Scipione, 1998.
PETRY, A. A revolução do pós-papel. Revista Veja. Ed. 2300, p. 151-159, 19 dez 2012.
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