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Mestre em Comunicação, Doutoranda em Geografia e professora do Curso de Biblioteconomia da
UFG. Email: andreabiblio@gmail.com
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Doutora em Ciência da Informação. Professora efetiva do curso de Biblioteconomia da UFG. E-mail:
jajafialho@gmail.com.
Figura 2. Escrita Minemônica. Um Quipu Inca, do Museu Larco em Lima, Peru. Foto de Claus
Ableiter, 29 de Outubro de 2007.
Por fim, foi criado pela civilização Egéia o Alfabeto (figura 7). Com o
alfabeto, foi possível dar som, ideias e estabelecer regras e melodias para a escrita
Figura 7. Alfabeto Egeu. Ostrakon chamado Temístocles, cerca de 460 a 490-480 a.C. Museu da
Ágora de Atenas. Foto de Marsyas, 24 de Dezembro de 2005.
Figura 10. Pergaminho relatado em 1308. “Chinon, dezessete a vinte de agosto de 1308”
Figura 11. Rolo de Pergaminho de Torá e Yad - exposto no Museu da Grande Sinagoga de Wlodawa,
Polônia.
A BIBLIOTECA ESCOLAR
A biblioteca escolar nasce junto com a escola. Apesar de ainda não ser
realidade em todas as escolas, sejam públicas ou privadas, sua história no Brasil
não é recente. Surge, praticamente, junto com o descobrimento do país. Silva (2011)
afirma “que a história das bibliotecas escolares no Brasil tem seus primórdios nas
escolas religiosas (jesuítas) (figura 13) por volta de 1549”. Segundo ele, elas foram
instaladas na Bahia e serviam como ponto de apoio pedagógico ao ensinamento
feito nas escolas de então.
Silva (2011) afirma ainda que no “início entre os séculos XVI e XIX a
biblioteca escolar mais parecia uma instituição especializada pois, servia para
estudos religiosos e científicos visando aprimorar a educação religiosa dos próprios
catequizadores” (p. 494 ).
As bibliotecas escolares, nos seus primórdios, eram restritas aos colégios
Jesuítas. Com o passar dos tempos “a Biblioteca escolar ganha uma nova
configuração no final do século XIX e início do século XX. Todavia, são as
bibliotecas de escolas particulares que se destacam (SILVA, 2011, p. 494). Como
naquela época os livros eram ainda caros e o sistema de ensino público precário,
somente as escolas tradicionais e particulares possuíam bibliotecas. “A partir da
década de 70 do século XIX que a biblioteca escolar, principalmente nas
grandes escolas privadas com ênfase religiosa nas doutrinas católica e
protestante, começa a adquirir a noção que tem hoje”. (CASTRO apud SILVA,
2011, p.494 ).
Não há muitos registros sobre a história das bibliotecas escolares no
Brasil. O sabemos é da sua existência nas grandes escolas, principalmente as
religiosas, ou em grandes colégios particulares ou alguns poucos colégios públicos
tradicionais.
Nem sempre houve tanto interesse em valorizar a biblioteca na escola no
decorrer da história. Ela sempre esteve relegada a um espaço que sobrou e a ser
lotação de pessoas com problemas físicos, psicológicos ou que estavam à beira da
aposentadoria. Há uma necessidade de mudança dessa visão. É o que veremos a
seguir.
para suas pesquisas escolares. Com o passar do tempo, a ideia é que eles possam
ser cada vez mais independentes.
O bibliotecário escolar é essencial na equipe da abordagem orientada. Os
bibliotecários fornecem acesso a uma variedade de recursos necessários para a
aprendizagem através da investigação. Como especialistas de recursos
informacionais, eles fornecem uma coleção organizada de materiais no interior da
biblioteca da escola e coordenam outros recursos fora da escola, incluindo materiais
on-line e os disponíveis na comunidade, tais como em bibliotecas públicas e
museus. Um ambiente rico de informações é estabelecido por bibliotecários e é a
sua contribuição para a aprendizagem do aluno na escola (KUHLTHAU, MANIOTES,
CASPARI, 2007).
O bibliotecário escolar, segundo as autoras citadas, ganham novas
denominações visto as novas tecnologias existentes no âmbito informacional.
Tornam-se assim, especialistas em mídias, professor bibliotecário. No entanto, o
termo bibliotecário escolar é o que mais se adequa ao fazer desse profissional
(KUHLTHAU, MANIOTES, CASPARI, 2007).
É preciso que a universidade prepare melhor os professores, informando
a eles sobre a função pedagógica da biblioteca escolar. Tanto o professor quanto o
bibliotecário devem estar atentos a Lei 12.244 de maio de 2010 que universaliza a
biblioteca escolar e conhecer os programas, normas e critérios para criação e
manutenção desses espaços.
Tanto o bibliotecário deve fazer parte da equipe pedagógica quanto o
professor deve planejar junto com o bibliotecário das atividades e da aquisição de
fontes para a biblioteca. O bibliotecário é responsável em informar à escola e ao
professor o papel dele e da biblioteca.
E bibliotecários e professores devem desenvolver atividades para os
estudantes dentro das bibliotecas para que eles conheçam as potencialidades de
produtos e serviços ofertados por ela. “Eles precisam aprender que uma busca
completa vai além da coleção geral e inclui obras de referência, base de dados,
periódicos, material de arquivo, fontes biográficas, material audiovisual, software e,
ocasionalmente, livros de ficção” (KUHLTHAU, 2010, p. 159).
A pesquisadora norte americana Carol Kuhlthau desenvolveu um modelo
de busca de informação intitulado Modelo ISP – Processo de Busca de Informação,
muito interessante para se avaliar o processo de busca por diversos usuários da
INÍCIO DA PESQUISA
ATIVIDADE Preparar para a decisão de selecionar o assunto.
PENSAMENTOS Enfrentar o trabalho; compreender a atividade; relacionar
experiências e aprendizagens prévias; considerar
possíveis assuntos.
SENTIMENTOS Apreensão em relação ao trabalho que vai enfrentar,
incerteza.
AÇÕES Conversar com outros; passar os olhos nas fontes de
informação, escrever e anotar questões sobre possíveis
assuntos.
ESTRATÉGIAS Discussões; ponderar sobre possíveis assuntos; tolerar
incertezas.
Fonte: Kuhlthau (2010)
SELEÇÃO DE ASSUNTO
ATIVIDADE Decidir sobre o assunto de pesquisa.
PENSAMENTOS Avaliar assuntos de acordo com critérios de interesse
pessoal, exigências do trabalho, informações disponíveis e
prazo estipulado pelo professor; antecipar resultados de
possíveis escolhas; escolher assuntos com potencial para
êxito.
SENTIMENTOS Confusão; algumas vezes ansiedade; breve contentamento
após a seleção; antecipação da tarefa à frente.
AÇÕES Discutir com outras pessoas; fazer busca preliminar nas
fontes de informação; usar enciclopédias para obter uma
visão geral do assunto.
ESTRATÉGIAS Discutir possíveis assuntos; antecipar o resultado das
escolhas; usar fontes gerais para obter visão ampla de
possíveis assuntos.
Fonte: Kuhlthau (2010)
FORMULAÇÃO DO FOCO
ATIVIDADE Definir o foco, usando as informações encontradas.
PENSAMENTOS Conjeturar sobre o resultado de possíveis focos; usar
critérios de interesse pessoal, exigências do trabalho,
disponibilidade de material e tempo estabelecido;
identificar ideias das quais seja possível extrair um foco;
algumas vezes ocorre um momento repentino de insight.
SENTIMENTOS Otimismo, confiança na capacidade de completar a
atividade.
AÇÕES Ler lista para identificar possíveis focos.
ESTRATÉGIAS Fazer levantamento nas listas; anotar possíveis focos e
descartar outros.
Fonte: Kuhlthau (2010)
critérios para definir o foco: O foco é interessante? O foco está de acordo com as
exigências estabelecidas pelo professor? As informações podem ser reunidas e
organizadas para apresentação no tempo disponível? Existem informações
suficientes sobre o foco?
É o momento decisivo do processo, em que o sentimento de incerteza
diminui e há um aumento de confiança (KUHLTHAU, 2004). A atividade principal é
formar um foco a partir da informação encontrada. Obviamente, KUHLTHAU (2004)
sugere o estabelecimento do foco após algumas ações preliminares como
identificação e seleção do tópico a ser pesquisado e busca preliminar de
informações. Uma clareza do foco para o tópico de pesquisa capacita o estudante a
se mover para o próximo estágio de busca, direcionando-o para a coleta de
informação (KUHLTHAU, 2004).
COLETA DE INFORMAÇÕES
ATIVIDADE Reunir informações que definam, ampliem e apoiem o
foco.
PENSAMENTOS Procurar informações para apoiar o foco; definir e ampliar o
foco; reunir informações pertinentes; organizar as
anotações.
SENTIMENTOS Percepção da extensão do trabalho a ser feito; confiança
na habilidade de realizar a tarefa; aumento de interesse.
AÇÕES Usar a biblioteca para coletar informações pertinentes;
solicitar fontes específicas ao bibliotecário; tomar notas
detalhadas, incluindo referências e citações bibliográficas.
ESTRATÉGIAS Usar termos de busca adequados para encontrar
informações pertinentes; fazer busca em vários tipos de
material, por exemplo: livros de referência, revistas,
biografias, índices; procurar ajuda do bibliotecário.
Fonte: Kuhlthau (2010)
AVALIAÇÃO DO PROCESSO
ATIVIDADE Avaliar o processo de pesquisa.
PENSAMENTOS Aumentar o autoconhecimento; identificar problemas e
êxitos; planejar estratégias de pesquisa para trabalhos
futuros.
SENTIMENTOS Sentimento de realização ou de desapontamento.
AÇÕES Procurar evidência do foco: avaliar o uso do tempo; avaliar
o uso das fontes de informação; refletir sobre a ajuda do
bibliotecário.
ESTRATÉGIAS Esboçar linha do tempo; fazer fluxograma; discutir com o
professor e com o bibliotecário; redigir síntese.
Fonte: Kuhlthau (2010)
REFERÊNCIAS
DUMONT, Lígia Maria Moreira. A opção pela literatura de massa: simples lazer, ou
alienação? Investigacion Bibliotecológica, v. 04, n. 28, p. 166-177, jan./jun., 2000.
EDGAR MORIN. Apresentação Edgard de Assis Carvalho. São Paulo: ATTA Mídia e
Educação: Paulus, 2006. (55 min.). DVD.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 19. ed. Rio de Janeiro: Paz
e Terra, 1991. 150 p.
KUHLTHAU, Carol C.; MANIOTES, Leslie K.; CASPARI, Ann K. Guided inquiry:
learning in the 21st century. London: Libraries Unlimited, 2007.
MACEDO Neusa Dias de. Biblioteca Escolar Brasileira em debate. São Paulo:
SENAC, 2005.
MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras,
1997.
MARTINS, Maria Helena Pires. O que é leitura. 3. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1997.
MELO, Ana Virgínia Chaves de; ARAÚJO, Eliany Alvarenga de. Competência
informacional e gestão do conhecimento: uma relação necessária no contexto da
sociedade da informação. Perspectiva em Ciência da Informação, v. 12, n. 2, p.
185-201, maio/ago. 2007.
SILVA, Waldeck Carneiro da. Miséria da biblioteca escolar. 3.ed. São Paulo:
Cortez, 2003.