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Avaliação HL245A - Prof.

Thiago Motta Sampaio

Maria Vitória Gomes Cardoso, 184347


Luiza Bertagna Mello, 237325
Rafaela Daroz Mondelli, 237394

2. Descreva o conceito de memória transativa (ou memória externa) e o porquê de


sua importância ao estudar sistemas de escrita.
O conceito de memória transativa, também conhecido como memória externa,
refere-se à capacidade de uma sociedade ou cultura de armazenar informações fora da
mente individual dos membros, utilizando meios externos, como sistemas de escrita.
Essa ideia destaca a capacidade de uma comunidade de compartilhar conhecimento e
informações ao longo do tempo, independentemente da memória individual dos
membros. Assim, instrumentos exteriores (como o cuneiforme, o papiro, o pergaminho,
o papel, etc) são utilizados como registro da memória de uma comunidade. A
importância da memória transativa ao estudar sistemas de escrita está relacionada à
função essencial que esses sistemas desempenham na preservação e transmissão do
conhecimento.

4. A escrita surgiu apenas uma vez? Disserte.


A escrita não surgiu apenas uma vez na história da humanidade, em vez disso,
seu desenvolvimento foi um processo gradual e ocorreu de forma independente em
várias civilizações ao longo do tempo. Há pelo menos 4 origens diferentes no mundo: a
cuneiforme na Suméria, os logogramas chineses, os hieróglifos egípcios e a escrita
maia. Cada uma dessas civilizações desenvolveu sua própria forma de escrita para
atender às suas necessidades específicas.
Vale ressaltar que a escrita não é uma língua, e sim uma tecnologia, inventada
pelo ser humano. Nesse sentido, depois de inventada, ela pode evoluir conforme as
culturas que a utilizam.
Existem, ainda, outros sistemas com outras origens, mas inventados mais
recentemente por culturas que já escreviam. Um exemplo é o alfabeto coreano,
conhecido como hangul ou hangeul na Coreia do Sul.
A escrita, portanto, não foi um evento isolado, mas um fenômeno que ocorreu
em várias culturas ao longo do tempo.

5. Por que dizemos que a história começou junto com a escrita?


Porque a história, enquanto área do conhecimento, é a ciência responsável por
analisar registros acerca do passado da humanidade. O ser humano passou a registrar
sua própria história, de fato, a partir da escrita: fosse esta em pedras, papiros, bambus,
etc. Um dos objetos históricos mais relevantes para nossos estudos acerca da história
humana e da história da escrita foi a Pedra de Roseta, a qual discutimos a respeito em
sala de aula.
É importante enfatizar que registros relacionados ao período que chamamos de
Pré-História (ou seja, anterior a escrita) desempenham um papel fundamental na
compreensão da trajetória humana ao longo do tempo. As pinturas rupestres são,
provavelmente, um dos registros mais antigos que temos.
No entanto, ao considerarmos as pinturas rupestres, concluímos que elas
permitem uma livre interpretação, ou seja, podem ser interpretadas de diversas maneiras
pelos historiadores. A partir do momento em que há um sistema `fixo` de símbolos e
letras, uma análise mais atenta do que foi escrito/descrito é possibilitada e pode ser
realizada com maior precisão.

6. Descreva Oralidade Primária e Secundária?


No texto “Oralidade e escrita”, de Galvão & Batista (2006), faz-se a
diferenciação entre oralidade primária e oralidade secundária. A oralidade primária
pode ser definida pelas melodias, cantos, epopéias, danças, exibições e músicas, que são
transmitidas de forma oral desde as sociedades tribais. De acordo com Ong, citada por
Galvão & Batista, essa oralidade não é influenciada pelo letramento ou por qualquer
forma de escrita. Para participar dessas práticas não é necessário o conhecimento da
escrita. Além disso, como elas não possuem registro físico, associam-se a ocorrências
no presente.
A oralidade secundária, por outro lado, trata-se da cultura de alta tecnologia
atual, em que a cultura oral, como programas de TV, rádio, streaming de músicas ou
filmes dependem da escrita para serem acessados. Por exemplo, para escutar o seu
artista favorito no Spotify, é necessário identificar qual aplicativo permite seu download,
que botão apertar para realizar esse download. Depois, é necessário abrir uma conta,
logo, é necessário escrever um e-mail e uma senha, para então encontrar a ferramenta de
busca e digitar o nome de tal artista. Como se pode observar, existem várias etapas que
envolvem, inclusive, um acesso prévio à escrita (como o e-mail).

7. Por que um sistema de escrita não pode ser comparado a uma língua?
Um sistema de escrita e uma língua são conceitos distintos, afinal,
desempenham papéis diferentes na comunicação. Nesse sentido, um sistema de escrita
pressupõe uma língua, já que se trata de uma representação visual ou gráfica da
linguagem falada. Esse sistema serve para registrar e transmitir informações de forma
visual e, além disso,pode ser usado para representar uma ou várias línguas.
Enquanto a língua depende de um suporte físico e biológico que é o ser humano
que produz e interpreta, com todo seu aparato anatômico (aparelho fonador, sistema
visual, sistema auditivo, cérebro), o sistema de escrita depende, além do humano que o
produz e interpreta, de um suporte externo que serve como uma extensão de sua
memória.
Embora a escrita seja frequentemente associada a uma língua específica, é
importante reconhecer que diferentes línguas podem compartilhar o mesmo sistema de
escrita. Da mesma forma, uma língua pode ser escrita em diferentes sistemas de escrita
ao longo do tempo e em diferentes regiões.

9. Qual a diferença entre ícones e símbolos?


De acordo com Charles S. Peirce, que cunhou os termos, ícones e símbolos são
dois tipos de relação que o signo estabelece com o objeto que ele representa. Quando o
signo representa o objeto por ter uma semelhança com ele, então o signo é um ícone.
Por outro lado, o signo é um símbolo quando representa o objeto a partir de uma
convenção entre os que utilizam um determinado tipo de escrita.

10. O que são Rebus? Dê exemplos.


Os rébus são figuras que representam determinados sons e que, a partir do
momento que são combinados, formam uma espécie de `quebra-cabeça` a ser
desvendado pelo leitor.
Um rebu muito popular pela internet, por exemplo, é o eye (desenho de um
olho) + (desenho de um coração) + letra U: neste caso, há a questão da sonoridade
similar da palavra eu (I) e olho (Eye) em inglês e também a pronúncia da letra U ser a
mesma da palavra você (You). Já a respeito do coração, é possível inferir a partir do uso
do pronome I (ou seja, um sujeito que pratica ação) e pela simbologia por trás desse
símbolo que se trata da palavra amar (em inglês, Love). Em suma, os rebus são recursos
linguísticos interessantes que abordam, simultaneamente, a sonoridade, a escrita e o
imagético.
Interessante mencionar que, mesmo sendo usados com objetivos lúdicos em
muitos casos, os rebus desempenham um importante papel na compreensão da
linguagem e seus usos ao longo da história. Um dos rebus famosos, o qual vimos na sala
de aula, é a bandeira do México, que combina palavras e sonoridades derivadas do
Império Asteca.
12. A alfabetização sempre foi popular?
A alfabetização nem sempre foi popular. No Egito antigo, por exemplo, a
habilidade de ler e escrever estava restrita aos escribas, os quais compunham uma
notória e prestigiada classe social da sociedade egípcia. Ao considerarmos a trajetória
da alfabetização na Europa, podemos mencionar a relevância do clero em atividades
relacionadas à leitura e escrita: estas atividades ficavam restritas a membros da elite (ou
seja, homens, branco e ricos) ou do clero. A Igreja Católica, inclusive, proibia que os
fiéis católicos interpretassem a Bíblia, tarefa esta que só poderia ser feita por clérigos.
Ou seja, fica claro para nós que, durante muito tempo, as habilidades de ler e escrever
ficaram restritas a grupos privilegiados e eram utilizadas como ferramentas de poder e
controle da população.
É importante mencionar que, no caso brasileiro, mesmo com um progresso
significativo acerca deste aspecto, o analfabetismo permanece sendo um desafio a ser
enfrentado. Mesmo sendo um fenômeno tão antigo quanto os próprios sistemas de
escrita (Martins; Carvalho; Dangió 2018 apud Cagliari 2009, p. 14), a questão do
analfabetismo continua sendo alvo de discussões entre educadores, linguistas e figuras
políticas.

14. Disserte sobre a importância da impressão para a difusão de textos escritos.


A invenção da impressão foi importante para a difusão de textos escritos pois,
em primeiro lugar, ela permitiu que fossem feitas várias cópias de um mesmo livro, de
forma idêntica. Com isso, também era possível que uma editora produzisse diversos
títulos diferentes. O preço dos livros também diminuiu com isso, já que não era mais
necessário o processo trabalhoso e manual de redigir uma única cópia de um livro à
mão. Logo, as chances de um título estar disponível em grande quantidade eram
maiores e, também, as chances de pessoas que não eram extremamente ricas tivessem
acesso a esse título eram maiores.
A de chamar atenção a possibilidade de padronização. O trabalho manual de
escrita de uma cópia de um livro é pessoal e artesanal, a pessoa que faz pode inserir algo
que outro não inseriu. A impressão permite que todas as cópias sejam idênticas e todos
que lerem têm acesso às mesmas informações. Se for identificado um erro, ele pode ser
corrigido uma única vez na próxima leva de produção do título. Além disso, são
padronizados índices, números de páginas, páginas de rosto, etc.
Por fim, a imprensa permitiu o acesso a informações contemporâneas também,
através da produção de jornais. Com ela, era possível saber o que acontecia além do
local – acessando o nacional e continental. Por essa razão, inclusive, os meios
jornalísticos recebem o nome “imprensa”.

15. Por que a invenção do papel foi importante para a invenção da impressão?
Sabe-se que o papel não é a única forma de registrar a escrita: existe a escrita
cuneiforme, as tábuas, escrita em paredes e assim vai. No entanto, nenhuma dessas
formas é tão fisicamente prática como o papel.
Frank (1998) atribui a China como a inventora do papel para escrita e onde um
tipo de imprensa cresceu primeiro, com a popularização do material. Posteriormente,
com a invenção da imprensa, apenas o papel, que é leve, fino e fácil de carimbar,
permite uma produção industrial de livros. Além disso, é fácil de transportar e é barato.

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