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Meta
Objetivos
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Linguística V
Introdução
Figura 10.1: Quais as três primeiras noções de arquivo que você lembrou?
Figura 10.2: Quais as três primeiras noções de memória que você lembrou?
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Aula 10 • Leitura, arquivo e memória
Aula 10 •
Aula 10 •
Figura 10.3: O sigilo da ditadura: não ver, não ouvir, não falar.
Fonte: http://brasil.indymedia.org/images/2010/12/482084.gif.
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Linguística V
Atividade 1
Atende ao objetivo 1
Resposta comentada
A partir do documentário 15 filhos e da música cantada por Elis Regina,
você pode observar os vários sentidos de palavras como pais e guerri-
lheiros, inseridos no imenso arquivo disponível sobre a ditadura. Perce-
ba que a palavra guerrilheiros, para o governo militar, apresenta sentido
diverso daquele depreendido dos depoimentos dos 15 filhos.
A cultura literária
A cultura literária pode ser definida pelo trabalho de leitura dos pro-
fissionais autorizados à interpretação. Entre esses, estariam os historia-
dores, os filósofos e as pessoas de Letras, ou seja, aqueles “que têm o há-
bito de contornar a própria questão da leitura regulando-a num ímpeto,
porque praticam cada um deles sua própria leitura (singular e solitária)
construindo o seu mundo de arquivos” (PÊCHEUX, 2010, p. 50). Essas
leituras singulares levam, geralmente, o nome próprio dos autores.
Um exemplo prático sobre os profissionais autorizados a ler e inter-
pretar pode ser encontrado nas diferentes leituras da Bíblia. Durante os
séculos XV e XVI, a Reforma Protestante e a Contrarreforma católica
ocorreram, justamente, em função dos diferentes gestos de interpreta-
ção da obra, ou seja, a produção de sentidos para o texto sagrado foi um
dos motivos geradores de confrontos e guerras.
Ainda como exemplo dessas práticas individualizadas, temos as
grandes autoridades religiosas ou intelectuais que, ao longo do tempo,
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Linguística V
Figura 10.4
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Aula 10 • Leitura, arquivo e memória
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Aproveitamos para sugerir que você leia O nome da rosa, livro es-
crito por Umberto Eco. É um belíssimo romance, que tanto retra-
ta o ambiente medieval religioso como trata da censura, ou seja,
do gerenciamento das leituras a que os jovens monges podiam ou
não ter acesso nos mosteiros.
A cultura científica
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Linguística V
O jornal na contemporaneidade
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Aula 10 • Leitura, arquivo e memória
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Clara Gomes
Figura 10.5: Clareza cotidiana.
Fonte: http://bichinhosdejardim.com/renovacao-pirotecnica/.
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Linguística V
Quando fez a leitura da letra dessa música, você pensou nos sentidos
da(s) palavra(s) “cálice/cale-se”, no imenso arquivo da ditadura? O que
significa essa palavra de ordem nos dias de hoje e o que significou, por
exemplo, nos cartazes das manifestações de junho e julho de 2013?
O enunciado “Cale-se”, na letra de Chico Buarque, era dirigido ao
governo da ditadura militar, que, com a censura, vetava manifestações
musicais, literárias e artísticas que demonstrassem resistência ao regi-
me. Nas recentes manifestações de junho e julho de 2013, “cale-se” es-
crito em cartazes não significa o mesmo que significava nas condições
de produção do período da ditadura militar. Como você já compreen-
deu, para a Análise do Discurso, as palavras e expressões não têm sen-
tido em si mesmas. É sempre fundamental, em um trabalho de leitura,
considerar que as condições de produção fazem parte dos processos de
produção de sentidos: língua e história se interpenetram.
Vamos definir arquivo? Segundo Lucília Romão, Maria Cristina Le-
andro-Ferreira e Silmara Dela-Silva,
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Atividade 2
Atende ao objetivo 1
Clara Gomes
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Linguística V
Resposta comentada
Considerando os exemplos de trabalho de leitura do arquivo pela
perspectiva discursiva, esperamos que você proceda a uma desautoma-
tização dos sentidos postos como evidentes (literais) sobre a palavra
ditadura, com a finalidade de compreender os efeitos de sentido que
ela pode ter, determinando outros temas polêmicos cotidianos, como
a imposição de modelos de conduta em relação ao corpo, à política,
à opção sexual, à religião, entre outros possíveis de serem imagina-
dos. Para isso, você deve trabalhar com os sentidos em relação a ou-
tros sentidos, percorrendo relações com o tema proposto (a ditadura)
em diferentes documentos (falados, escritos ou audiovisuais), cons-
truindo, assim, um espaço polêmico das maneiras de ler.
Clara Gomes
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Memória institucionalizada
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Memória discursiva
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Linguística V
Clara Gomes
Figura 10.9:Redes sociais hoje.
Fonte: http://bichinhosdejardim.com/o-espelho-da-verdade/.
Memória metálica
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Linguística V
(ORLANDI, 1996). Por exemplo, nessa lógica, o homem não pode ser
casado e solteiro. Apesar disso, na sociedade contemporânea, há algu-
mas pessoas que têm o estado civil registrado como solteiro, mas são
casadas perante a sociedade e a lei; há ainda aquelas cujo estado civil
é casado, mas que já vivem separadas, com novos companheiros.Esses
exemplos facilitam a compreensão do funcionamento da memória me-
tálica, que está relacionado à leitura de dados e códigos. Essa memória é
a digital, a memória da informação de massa (ORLANDI, 2013).
Atualmente, é muito importante compreendermos o funcionamento
dessas memórias (institucional, discursiva e metálica) pois, segundo Or-
landi (2013), uma é frequentemente tomada pela outra em um jogo em
que se alimenta o poder da memória. Como diz Pêcheux (2010, p. 55),
citando Milan Kundera, “quando se quer liquidar os povos, se começa a
lhes roubar a memória”, ou seja, começa-se a impossibilitar a capacidade
dos homens de significar, de interpretar, de produzir diferentes sentidos.
Atividade 2
Atende ao objetivo 2
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Resposta comentada
(MD) A memória discursiva se estrutura pelo esquecimento.
(MI) A memória institucionalizada ou memória de arquivo é aquela em
que os sentidos estão instituídos, congelados, cristalizados e demandam
gestos de leitura do arquivo.
(MD) A memória discursiva é um espaço móvel de divisões, disjunções,
deslocamentos e retomadas.
(MM) A memória metálica é a das novas tecnologias, advindas da infor-
matização, com a finalidade de “facilitar” a circulação e a massificação
da informação no espaço digital, na atualidade.
(MD) Pela memória discursiva produz-se um espaço polêmico de lei-
turas do arquivo em que se dão rupturas, desdobramentos e abre-se a
possibilidade de um sentido vir a ser outro.
Conclusão
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Linguística V
Atividade final
Resposta comentada
Em sua resposta, você deve considerar que a noção tradicional de ar-
quivo é a de campo de documentos disponíveis sobre uma questão. Em
nossa aula, pela perspectiva discursiva, debatemos sobre o arquivo en-
quanto discurso documental, posto em análise em relação com a me-
mória discursiva. A partir disso, compreendemos que o trabalho de lei-
tura do arquivo deve se dar pela construção de um espaço polêmico de
leituras, de uma relação do arquivo consigo mesmo, em que as leituras
de um documento se confrontam com as de outros. A análise discursiva
do arquivo deve promover rupturas em relação às evidências ideológi-
cas que produzem o efeito de univocidade do sentido, abrindo-o, desse
modo, para a interpretação.
Resumo
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Leituras recomendadas
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