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Como disse Marcuschi, um dos maiores linguistas do Brasil, o homem fala desde seu surgimento e seu
nascimento, mas a escrita existe a “apenas” cinco mil anos aproximadamente e, certamente passamos
mais tempo de nosso dia falando que escrevendo. Então, por que escrever é algo tão importante? O que é
a escrita? Quais suas características? Existe uma forma certa de escrever? Vamos agora conhecer um
pouco mais sobre esse universo que é a escrita... (por Fco EDMAR CIALDINE Arruda)
ditado, apesar de ter uns dois mil anos, retrata muito sociedade grafocêntrica
o que vemos hoje em dia sobre a escrita. Vivemos em A ideia de uma sociedade
uma sociedade grafocêntrica, que supervaloriza a grafocêntrica se opõe a de uma
sociedade ágrafa, isto é, de uma
palavra escrita. Mas isso não é à toa. Sem entrar na
sociedade cuja língua não possui
discussão agora sobre a relação entre fala e escrita, nenhum registro escrito. Acreditamos
podemos dizer que a escrita foi a maior revolução que apenas 10% de todas as línguas
tecnológica que existiu na história da humanidade. A do mundo possuem uma forma de
registo escrito. A exemplo disso,
partir dela nós dividimos a história e a pré-história, por
poderíamos citar as várias línguas
muito tempo ela foi a única forma de registrar a língua indígenas no Brasil. Então, uma
para a posteridade. Se considerarmos as pinturas sociedade grafocêntrica é uma
rupestres uma forma de escrita, poderíamos dizer que sociedade que valoriza a escrita
acima da oralidade (sendo até mesmo
a escrita foi a primeira forma de registro da linguagem uma condição de ascensão social o
e, ainda hoje, ela é a principal. domínio da norma padrão da escrita).
Assim, sua importância é inegável. No
relação entre fala e escrita
A fala e a escrita são duas formas diferentes entanto, não basta apenas escrever, ou
de representação da língua. Não sendo formas melhor, colocar uma série de letras
opostas, elas se inter-relacionam em um formando palavras e estas formando frases.
continuum do mais oral para o mais escrito.
É preciso saber escrever bem. É preciso
Por exemplo, uma conversa de Whatsapp,
apesar de escrita, possui muitas influências da saber escrever de acordo com o contexto, o
oralidade. Por outro lado, um discurso de um objetivo e quem vai ler. E é aí que mora o
político, ainda que ele esteja falando, é um problema. Ainda que a escrita esteja cada
texto com fortes características escritas. Para
vez mais universalizada, a qualidade e
mais informações sugerimos a leitura de “Da
fala para a escrita: atividades de adequação do que se escreve muitas vezes
retextualização”, de Luiz Antônio deixa a desejar. Isso é um reflexo dos
Marcuschi. problemas sociais, educacionais e políticos
que existem no Brasil. Infelizmente, não será com esse texto que
iremos resolver isso – quem dera fosse possível – mas, quem sabe,
podemos dar uma contribuição e estimular a cada um fazer sua parte.
Desse modo, iremos apresentar aqui uma visão geral sobre a
escrita e suas características. Boa Leitura!
MAS, AFINAL, O QUE É A ESCRITA?
Notemos que a definição da escrita está muito relacionada com sua função de
representação gráfica de uma língua. Sigamos adiante e vejamos o que diz o
Dicionário de Linguística de Jean Dubois e outros na página 222:
Nível 1 Pré-silábico Durante esse período a criança começa desenhando, com uma escrita
pictórica, chegando a usar símbolos (pseudoletras). Aos pouco ela
começa a diferenciar letras, números e desenhos.
Nível 2 Intermediário 1/ Essa é uma fase de questionamento da criança. Ela começa a perceber a
Pré-silábico 2 relação entre letra e fonema e cria a ideia de que para escrever é preciso
muitas e diferentes letras.
Nível 3 Silábico Durante este período a criança associa cada som a uma sílaba e a esta
uma letra, ou seja, ela busca dar um valor sonoro para cada símbolo
escrito.
Nível 4 Intermediário 2/ Novamente a criança se questiona sobre o que entenderam na fase
Silábico-alfabético anterior. Então ela começa a ir para além da sílaba. Há um conflito
entre a sílaba e a quantidade de palavras.
Nível 5 Alfabético Por fim a criança passa a começar a entender a lógica da escrita
alfabética. Ela diferencia letra, sílaba, palavra e frase. Mas sua escrita é
fonética, logo, a partir de então, ela vai apenas se adequar à ortografia
da sua língua.
É impossível falar sobre escrita, leitura, oralidade, textos etc sem levar em conta
alguns conceitos fundamentais da Linguística Textual. Na verdade, uma boa educação
linguística passa, necessariamente pelos trabalhos com os mais diversos textos.
Devemos cuidar para que nossos alunos tenham acesso a esses textos diferentes,
possam compreendê-los e produzi-los. A esses textos diferentes, nós os chamamos de
gêneros textuais.
Quando utilizamos a língua, sempre fazemos isso através de um texto, ou
melhor, de um gênero textual. Quando damos aulas, produzimos slides de uma
apresentação, fazemos a lista de compras... sempre há um gênero textual envolvido. E
esse gênero textual tem um formato que é mais ou menos fixo – um formato que é
comum, mas que possui uma certa flexibilidade; e, claro, esse formato tem o objetivo
de cumprir uma função comunicativa. Forma e função são, assim, as duas palavras
chaves para se entender o que é um gênero textual.
Geralmente, quando falamos em gêneros textuais, nós nos referimos a eles
como “tipos”. Porém, na verdade, “tipos textuais” é um outro conceito. Ao falarmos de
tipos textuais estamos nos referido a sequências estruturais de um texto.
Exemplificando, se pegamos uma carta pessoal – isto é um gênero – e, nessa carta
começamos a descrever o dia de hoje, logo temos um tipo textual descritivo, cheio de
adjetivos e substantivos etc. Mas então, no parágrafo seguinte, afirmamos que isso nos
lembra uma história e começamos a contar, na ordem cronológica, usando advérbios
de tempo para isso e as formas verbais... temos um tipo textual narrativo. No meio da
história, que envolve um prato, explicaamos passo a passo como se cozinha esse
prato, tipo textual injuntivo, com seus verbos no imperativo. Então, com isso,
podemos perceber o que são gêneros textuais e que eles e tipos textuais não são a
mesma coisa. Até porque os tipos textuais são fixos, mais ou menos meia dúzia,
enquanto que é humanamente impossível enumerar todos os gêneros textuais que
existem ou que existiram e também, em um texto há vários tipos textuais sendo um tipo
o predominante.
Um último detalhe aqui. Os textos eles se realizam em determinadas situações.
Em um ambiente de trabalho jurídico, por exemplo, teremos vários textos dentro desse
universo como petição, contratos, protocolos etc. Já em um contexto religioso
poderemos encontrar textos como parábolas, sermões, orações, mantras, confissões,
cantos etc. Observemos, assim, que existem muitos contextos e dentro deles alguns
gêneros são mais facilmente encontrados. A esses contextos diferentes chamamos
domínios discursivos
Em nosso curso iremos tratar de alguns gêneros textuais específicos do
domínio discursivo acadêmico (artigo, monografia, resumo, resenha etc)
que são próprios de ambientes universitários e de pesquisa. Porém,
como já mencionamos, não seria possível tratar de TODOS os gêneros
acadêmicos.
MENTE SÃ, CORPO SÃO: ESCREVER TEXTOS COMO EXERCÍCIO
ATIVIDADE:
Siga a seguinte sequência para escrever um texto. Só siga para o passo seguinte
quando terminar o anterior, não pule etapas e
nem se adiante.
Quando você pensa em escrever, o que
vem na sua cabeça? Faça uma lista de dez
itens com aquilo que primeiro vier na sua
cabeça.
Separe aqueles que tratam da
importância da escrita. Caso sobrem menos de
cinco itens, complete com outros que se
aproximam dessa ideia. É importante ter ao
menos cinco.
Organize esses itens em ordem de
importância, do menos para o mais importante.
Transforme esses itens em uma ou, no
máximo duas frases.
Reveja a ordem e, caso você ache
necessário reorganize de modo a seguir uma
sequência que lhe pareça lógica.
Utilizando os conectivos adequados,
desenvolva de modo que cada item (agora frase
ou frases) se torne um parágrafo.
Faça um revisão, se necessário uma reescrita de modo que seu texto fique coeso.
Peça para que um colega leia e aponte possíveis falhas e sugestões.
Faça uma nova reescrita para seu texto com o foco no tema: A importância da
escrita. Escolha um gênero textual, um público-alvo.