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LIBRAS IV

A GRAMATICALIDADE
DA LIBRAS EM
CONTEXTOS INFORMAIS
RÚBIA CARLA DA SILVA
Caros alunos,

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Boa leitura!
Sumário
APRESENTAÇÃO

1. DIFERENTES LÍNGUAS DE SINAIS? COMO ASSIM?

1.1 As línguas sinalizadas no mundo

1.2 As línguas de sinais nacionais e locais

1.3 Libras – língua de herança

2. OS SINAIS E SUA GRAMATICALIDADE

2.1 Sequencialidade e simultaneidade morfológica das LS

2.2 Sintaxe – as 3 ordens básicas mais comuns na sintaxe das LS

2.3 As construções frasais e as particularidades sintáticas

3. SE O MUNDO FOSSE SURDO, EU ME EXPRESSARIA ASSIM...

3.1 Eu moro aqui, e você?

3.2 Vamos fazer compras?

3.3 Estou com fome!

REFERÊNCIAS
APRESENTAÇÃO
Caro estudante

Sou a professora Rúbia Carla da Silva, meu sinal é a CM (confi-


guração de mão) em R, com PA (ponto de articulação) ao lado do
olho e M (movimento) retilíneo duplicado, como você pode ver na
imagem no final deste texto. Esse sinal foi-me dado pela comunida-
de surda de minha cidade, da qual faço parte como SODA. Sabem
o que significa isso? SODA é a sigla da expressão em inglês Sibling
Of Deaf Adults, que em português significa irmãos de pessoa surda.
Há também os CODAs Children Of Deaf Adults, correspondendo aos
filhos ouvintes de pais surdos. Foi assim que tudo começou... isso
mesmo, meu irmão caçula é surdo e foi assim que aprendi Libras!

Quando estava me preparando para elaborar este livro, fiquei


pensando quais seriam as melhores estratégias e organização di-
dática para abordar temas tão complexos como os que compõem
a disciplina de Libras IV. Assim, apresentei cada assunto teórico de
maneira prazerosa, porém com a cientificidade necessária para o
seu aprimoramento profissional. O intuito, enquanto equipe peda-
gógica, é proporcionar a você, em cada nova disciplina, um aprofun-
damento gradativo sobre os estudos das línguas de sinais (LS), em
especial a Libras, com o objetivo de que sua forma de comunicação
sinalizada, por meio da expressividade córporo-facial, aliada a uma
língua de modalidade visual-espacial, seja efetiva e eficaz.

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Em vista disso, a disciplina Libras IV aborda as diferentes línguas
de sinais no mundo e no Brasil, consideradas como artefatos linguísti-
co-culturais de maior reconhecimento das comunidades surdas. Nos
estudos gramaticais, são apresentados aspectos de sequencialida-
de e simultaneidade morfológica e o entendimento das construções
frasais e suas particularidades de ordenação, relacionados a fatores
semânticos e pragmáticos, que influenciam nessas construções.

Além dessa parte teórica, considerada importante, referente à


organização interna das LS, conhecerão novos sinais, comumente
usados em contextos informais e cotidianos. Eles foram escolhidos
a partir de uma contextualização, que ora é organizada por meio de
uma narrativa, ora por diálogos comuns nas conversações diárias.
Espero que goste, pois foi elaborado com muito carinho, pensando
em você que quer aprender mais sobre esse universo surdo e de
sinalização!

Diante disso, compreender aspectos gramaticais morfossintá-


ticos e semântico-pragmáticos da Libras, reconhecer as diferentes
funções linguísticas das expressões córporo-faciais e aprimorar a
competência comunicacional sinalizada em contextos informais e
cotidianos são os objetivos a serem alcançados por você, ao final
dos estudos. Estamos juntos nessa trajetória!

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A vontade de conhecer e aprender algo novo, trará o sucesso
esperado e, quem sabe, surgem novos desejos, não é mesmo? Que
tal se tornar um Tradutor e Intérprete de Língua de Sinais (TILS) ou
um professor bilíngue em português/Libras? Ou desenvolver uma
pesquisa inovadora na área?

Acredito que, ao final da disciplina, você alcançará mais um de-


grau de fluência em Libras! Para isso, conto com sua determinação
e estudos diários! São eles que farão você alcançar os objetivos pro-
postos e ter a satisfação de que cumpriu e atingiu o propósito!

Então, vamos aos estudos e leituras! Juntos nessa nova cami-


nhada! Contem comigo, pois estou à disposição para ajudar e auxi-
liar no que for preciso.

Abraços sinalizados!

Prof.ª Rúbia Carla da Silva

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1. DIFERENTES LÍNGUAS DE SINAIS? COMO
ASSIM?
Na história dos surdos no mundo, há um marco considerado di-
visor de águas, no que se refere à educação desses sujeitos. Desde a
Idade Antiga até o ano de 1880 (séc. XIX), os surdos se comunicavam
por meio de gestos e expressões corporais, consideradas as línguas
sinalizadas da época, apesar de não se ter muitos registros ou es-
tudos que comprovem uma organização linguística interna. Porém
os relatos que mais tratam sobre as pessoas surdas têm origem nos
filósofos greco-romanos.

Foi o filósofo Sócrates (469


a.C.) quem mencionou sobre Imagem 1- Sócrates
a comunicação dos surdos, ao
questionar um de seus discípu-
los, “Suponha que nós não tenha-
mos voz ou língua, e queiramos
indicar objetos um ao outro. Não
deveríamos nós, como os surdos,
Fonte: Estácio - Filosofia da Educação
fazer sinais com as mãos, a cabe- Aula 2 - Sócrates, Platão e Aristóteles.
ça e o resto do corpo? (VELOSO;
MAIA, 2009, p. 28), comprovando
a existência de uma comunica-
ção por meio de sinais.

7
Em contrapartida, Aristóteles de-
clarou que “[...] a audição é o senti-
do do som, e o som é o veículo do Imagem 2 - Aristóteles
pensamento; portanto, os cegos são
mais inteligentes que os surdos-mu-
dos.” (VELOSO; MAIA, 2009, p. 28),
afirmação absurda que prevaleceu
por séculos, ganhando força com os
pensamentos da Igreja Católica, con-
firmando que os surdos não podiam Fonte: Estácio - Filosofia da Educação
Aula 2 - Sócrates, Platão e Aristóteles.
receber os sacramentos, por não ou-
virem, também não podiam rece-
ber educação (VELOSO; MAIA, 2009;
LADD, 2011).

Esses fatos históricos são fascinantes e representam apenas uma


parte da história, mas que contribui com a compreensão de três as-
pectos importantes:

1. As pessoas surdas eram suficientemente numerosas para se-


rem tratadas como tema de filósofos e de legisladores;
2. A leitura e a escrita eram restritas às classes dominantes e mo-
násticas, na Idade Média, sendo assim, era vital para a conser-
vação da posição sociopolítica de uma família que seu primo-
gênito surdo as dominasse;

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3. As famílias nobres negavam a surdez dos filhos, a fim de que
pudessem receber instrução, considerando sua aparição tardia-
mente, para que comprovassem a inteligência, uma vez que as
ideias aristotélicas ainda prevaleciam. Isso evidencia que tanto
as línguas sinalizadas como as orais eram utilizadas em todos
os espaços sociais, sem que houvesse alguma restrição.
Porém é a partir do Congresso de Milão, em 1880, com a proibi-
ção do uso das línguas de sinais, que esses estudos e registros foram
ficando escassos, ainda que os surdos continuassem a se comunicar
em sinais de maneira escondida. Uma das maiores consequências
foi a demissão de professores surdos, atuantes no meio educacional,
para que não tivessem força de organização e resistência, podendo
o método oralista ser imposto a toda a Europa. Ainda é possível en-
contrar escolas que preferem o oralismo como método de ensino
para surdos, mesmo sendo apresentados documentos que defen-
dam o bilinguismo.

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SAIBA MAIS!!!
Imagem 3 - Obra AGB da Artista Plástica surda Hinda Kasher

Fonte: Kasher De’VIA Studio.

Obra remonta à 1880, fatídico ano em que a abordagem


oralista se consagrou no Tratado de Milão. À frente da
imagem, Alexander Graham Bell segura um coração (que
simboliza o Ser Surdo – Deafhood), em um ambiente clí-
nico cheio de orelhas, bocas e correntes, indicando a série
de opressões perpetradas pelo audismo (ouvintismo).

Kasher De’VIA Studio

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Imagem 4 – William Stokoe

É somente a partir do ano de 1960, que


Willian Stokoe retoma as pesquisas sobre as
línguas de sinais, estudando extensivamen-
te a American Sign Language - ASL (Língua
Americana de Sinais), elevando o prestígio
da língua nos círculos acadêmicos e peda-
gógicos. Somente em 1971, no Congresso Fonte: Start ASL.
Mundial de Surdos, em Paris, que as línguas
de sinais foram novamente valorizadas. Pes-
quisas surgem e os estudos de Bouvet, em
1981, é que introduzem o enfoque bilíngue
na educação de pessoas surdas (VELOSO;
MAIA, 2009; LADD, 2011; FERNANDES, 2012).

A vida em Libras – História do Surdo

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1.1 As línguas sinalizadas no mundo
Imagem 5 - LS mundo

Fonte: Slideshare.

Um erro muito comum sobre a língua de sinais é ser ela con-


siderada única, onde quer que se vá. Entretanto, segundo Brooks
(2018), existem entre 138 e 300 línguas de sinais utilizadas no mundo
inteiro. Por exemplo, a British Sign Language (BSL) ou Língua Britâ-
nica de Sinais é utilizada por mais de 150.000 pessoas no Reino Uni-
do, sendo difundida para a Austrália e Nova Zelândia. Isso significa
que a Auslan (Língua de Sinais Australiana) e a língua de sinais da
Nova Zelândia (BANZSL) são muito semelhantes. Usam o mesmo
alfabeto, têm muitos vocábulos parecidos, além de mesma grama-
ticalidade.

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A Língua Francesa de Sinais (LSF) é outro exemplo de língua
sinalizada com aproximadamente 100.000 nativos sinalizantes na
França e a língua de sinais de maior influência na Europa e Estados
Unidos, como a American Sign Language - ASL, Irish Sign Langua-
ge – ISL Língua de Sinais Irlandesa e a Russian Sign Language – RSL
Língua de Sinais Russa.

A língua Chinesa de Sinais (CSL ou ZGS) tem entre 1 e 20 mi-


lhões de surdos chineses que a usam para se comunicar. Entretanto
o sistema educacional da China não aceita a língua de sinais, tendo
o oralismo rígido como método de ensino aos surdos, que são aten-
didos em centros de reabilitação.

A língua de sinais indo-paquistanesa é nativa do sul da Ásia, po-


rém ainda não é reconhecida como língua. Não é utilizada nas es-
colas para o ensino de surdos, sendo apenas utilizada por algumas
ONGs, em cursos de capacitação profissional e acadêmica. A maior
carência é a falta de intérpretes, podendo ser constatada na Índia,
onde há cerca de 250 profissionais certificados para atender entre
1,8 milhão e 7 milhões de pessoas surdas (BROOKS, 2018).

Em se tratando da América Latina, podem ser apresentadas a


Lengua de Señas Mexicana - LSM, reconhecida oficialmente em
2011, a Lengua de Señas Maya - LSMy, a primeira usada em todo
o território nacional e a segunda, na região de Yucatán. Devido à
política e ao planejamento linguístico, a língua espanhola é consi-
derada a língua nacional, porém não é a língua materna que são as

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63 diferentes línguas indígenas e dialetos. Isso reflete também nas
línguas de sinais, que procuram seu reconhecimento, como as lín-
guas indígenas. O debate pelo status sociolinguístico e cultural, traz
consequências para o contexto educacional, que ainda objetiva um
modelo bilíngue (língua materna/espanhol) para o ensino, enquanto
línguas orais e não para as línguas sinalizadas (L.-DELLAMARY, 2017;
CRUZ-ALDRETE; CRUZ, 2017).

Em Porto Rico, a comunicação dos surdos é dita Lenguaje de


Señas Puertorriqueño - Linguagem de Sinais Porto-riquenha, po-
rém sem reconhecimento de sua representação linguística e cultu-
ral. É muito comum apenas ser tratada como linguagem dos surdos
sem a adjetivação pátria, justamente por não se ter o entendimento
e reconhecimento como língua, sem uma explicação da gramatica-
lidade (DÍAZ, 2017).

Na Costa Rica, foi entre 2011 e 2013 que surgiram a primeira gra-
mática e primeiro dicionário sobre a Lengua de Señas Costarricense
LESCO, denominada também como Lenguaje. Porém, foram regis-
tradas quatro línguas de sinais distintas no país. Duas são usadas em
pequenas comunidades indígenas, os Bribri e os Brunca. E em cen-
tros urbanos, são conhecidas a LESCO e a New LESCO. A primeira
desenvolvida na primeira metade do século XX e a segunda surgida
ao final da década de 1970, por influência da American Sign Lan-
guage - ASL. É esta segunda língua a usada por intérpretes e ensi-
nada como segunda língua para ouvintes (OVIEDO; VALERIO, 2017).

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Na Venezuela, é a partir de 1987 que se iniciam os estudos acer-
ca da Lengua de Señas Venezolana - LSV, por um grupo de pesqui-
sadores da Universidade dos Andes - ULA, liderado por Lourdes Pie-
trosemoli. O objetivo era apontar argumentos que sustentassem o
status linguístico da LSV, considerando que a língua de sinais vene-
zuelana é um sistema desenvolvido de maneira natural pela comu-
nidade de surdos do país. Como nas demais línguas de sinais, a LSV
também utiliza o canal visuoespacial para a transmissão e recep-
ção das mensagens. Reúne todas as características de uma língua
natural, como a arbitrariedade e a dupla articulação, apresentando
aspectos descritivos linguísticos em todos os níveis fonológico, mor-
fológico, sintático e semântico (LUQUE; PÉREZ, 2017).

Diante desse contexto, não há como negar que as línguas de


sinais existem e apresentam o status de língua. Não podem ser con-
fundidas com a linguagem, uma vez que apresenta uma complexi-
dade entendida pelas suas regras gramaticais, léxicos, infinidade de
sentenças produzidas, e expressão de conceitos abstratos.

Como afirma Saussure (1993)

A língua é diferente. Ela é uma parte bem definida e


essencial da faculdade da linguagem. Ela é um produto
social da faculdade da linguagem e um conjunto de
convenções necessárias, estabelecidas e adotadas por um
grupo social para o exercício da faculdade de linguagem.
A língua é uma unidade por si só. (p. 17).

15
A Linguagem é um termo que faz referência às diversas ma-
nifestações de comunicação dos seres humanos, sendo as línguas
uma dessas formas (SOUSA, 2010).

A vida em Libras – Línguas Estrangeiras

Língua de sinais usadas em diferentes países do


mundo

1.2 As línguas de sinais nacionais e locais


Outra abordagem interessante de se conhecer é quanto à clas-
sificação das línguas de sinais em nacionais e locais. Consideram-se
como línguas nacionais as línguas de sinais usadas por diferentes
comunidades surdas de um país, tendo uma abrangência geral. As
línguas de sinais locais são as usadas por apenas um determinado
grupo de surdos em espaço geográfico específico dentro de um
mesmo país. Dessa forma, entende-se que a Libras é uma língua
nacional, enquanto a Língua de Sinais Urubu Kaapor é uma língua
local, por ser usada apenas na região do Maranhão, na tribo indíge-
na Urubu-Kaapor.

As línguas de sinais locais variam ainda em desligadas (isola-


das), rurais e de vilas (estas incluindo as línguas indígenas por terem

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essa característica geográfica específica e de isolamento). Os sur-
dos usuários desses tipos de línguas geralmente nascem em famí-
lias ouvintes, com quem desenvolvem essa forma de comunicação
que apresenta estrutura linguística e todos fazem uso dela, surdos
e ouvintes. É recriada a cada geração e é dependente de recursos
pantomímicos, gestuais e indexicais. Esses surdos têm pouco ou ne-
nhum contato com surdos de outras comunidades, e migram para
centros urbanos maiores, no intuito de ingressar na escola e, assim,
têm contato com a Libras, no caso do Brasil. No Brasil já foram ca-
talogadas 13 línguas de sinais distintas, como mostra a imagem a
seguir.
Imagem 6 - Mapeamento das línguas de sinais brasileiras

Surdos Urubu-Kaapor (FERREIRA-BRITO, 1995)


Surdos de Caiçara (TIMÓTEO, 2008)
Surdos de Kaingang (GIROLETTI, 2008)
Surdos da Ilha do Marajó (MARTINOD, 2012; FORMIGOSA, 2013; FUSELLIER, 2016)
Surdos de Guarani-Kaiowá (COELHO, 2011; VILHALVA, 2012; LIMA, 2013)
Surdos de Várzea Queimada (PEREIRA, 2013)
Surdos Terena (VILHALVA, 2012; SUMAIO, 2014)
Surdos Sateré-Mawé (AZEVEDO, 2015)
Surdos de Porto de Galinhas (PE) (CARLIEZ, FORMIGOSA & CRUZ, 2016)
Surdos de Fortalezinha (PA) (CAELIEZ, FORMIGOSA & CRUZ, 2016)
Surdos de Cruzeiro do Sul (AC) (CERQUEIRA & TEIXEIRA, 2016)
Surdos Pataxó (DAMASCENO, 2017)

Fonte: A autora (Damasceno, 2017, p. 158).

17
Enquanto centros urbanos:

• Libras – Língua Brasileira de Sinais, em todo o território nacional.

Enquanto línguas locais (aldeias) cita-se:

• Língua de Sinais Urubu-Kaapor, aldeia Urubu-Kaapor, no Mara-


nhão;
• Língua de Sinais Sateré-Mawé, aldeia dos índios Sateré-Mawé,
em Parintins, Manaus;
• Língua de Sinais Kaingang, dos índios Kaingang, em Xanxerê,
Santa Catarina;
• Língua de Sinais Terena, dos índios Terena, em Mato Grosso do Sul;
• Língua de Sinais Guarani-Kaiowá, dos índios Guarani-Kaiowá,
em Mato Grosso do Sul;
• Língua de Sinais Pataxó; dos índios Pataxó, na aldeia Coroa Ver-
melha, na Bahia.

Enquanto línguas rurais e de vilas em comunidades isoladas ci-


ta-se as línguas sinalizadas:

• Cena, em Várzea Queimada, Jaicós, no Piauí;


• Acenos, em Cruzeiro do Sul, Acre;
• Língua de Sinais da Fortalezinha, no Pará;

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• Língua de Sinais da Ilha do Marajó, na Ilha de Soure, Pará;
• Língua de Sinais de Porto de Galinha, Ipojuca, Pernambuco;
• Linha de Sinais de Caiçara, Sítio Caiçara, em Várzea Alegre, Ceará.
Apesar dessas diferentes línguas, autores consideram o grande
risco de extinção, uma vez que a concentração de surdos usuários
dessas línguas é muito pequena. Como exemplo, a língua de sinais
Cena, da região de Jaicós, no Piauí, tem aproximadamente 32 surdos,
em uma população de 900 habitantes. Todas estão em processo de
extinção, porque as escolas difundem a Libras, e quando as crianças
surdas entram nas escolas, têm contato com a língua de sinais ur-
bana (Libras) deixando de usar a língua de sinais local, fazendo com
que a Libras substitua a outra.

Portanto, o que é urgente e necessário é a criação de políticas


linguísticas das línguas de sinais brasileiras. É indispensável ter um
outro olhar sobre essas línguas de sinais emergentes. O intuito de
que sejam catalogadas, estudadas e registradas, para o reconheci-
mento de seus valores e riquezas das especificidades linguísticas e
culturais nelas incutidas, torna-as parte do Patrimônio Imaterial da
Cultura Surda Brasileira (QUADROS; SILVA, 2017; SILVA; SOUSA, 2018;
SILVA; QUADROS, 2019; QUADROS, 2019).

Mapeamento das línguas de sinais emergentes e


de comunidades isoladas encontradas no Brasil

19
1.3 Libras – língua de herança
A palavra herança apresenta três significados distintos. É enten-
dida como patrimônio, fortuna ou riqueza deixado após falecimento
de um familiar; como um legado ou transmissão de conhecimento
transmitido por gerações anteriores; ou como hereditariedade. Des-
sa forma, as línguas que uma pessoa adquire com os pais, que sejam
diferentes da língua usada no país, configuram línguas de herança.

Isso significa que os pais que preservam a língua nativa e a usam


no ambiente familiar, passam aos filhos uma língua com característi-
cas linguísticas e culturais usadas por um grupo social específico que
vive dentro de um grupo social maior. Não é a mesma língua usada
pelo grupo dominante (entendido aqui como maior número de pes-
soas usuárias de uma língua) e pode, em muitos casos, ser conside-
rada como língua secundária, ainda que seja a primeira língua (L1).

Língua primária é entendida como a língua mais usada no dia a


dia e a língua secundária é aquela empregada em situações espe-
cíficas ou em contextos restritos. Assim sendo, a língua de herança
pode tanto ser uma língua primária como secundária e a forma de
transmissão é muito variável. Pode-se considerar a quantidade de
exposição às línguas, níveis de interação nas línguas, e as políticas
linguísticas de um país como fatores importantes na determinação
de considerar uma pessoa bilíngue nativa em duas L1, ou para con-
siderar o nível de proficiência em cada uma das línguas.

20
Para melhor compreensão, o português é a língua falada em di-
ferentes mídias e considerada a língua oficial no Brasil. Contudo, as
línguas de fronteiras, as línguas de imigrantes, as línguas indígenas
e as línguas de sinais são usadas em comunidades locais, em um
meio social de uso intenso do português. Seus falantes ou sinalizan-
tes fazem parte de uma sociedade que usa uma língua diferente
da língua usada em casa ou grupo local. Isso significa que essas
línguas são consideradas de herança, por não terem relação com
o português, configurando uma situação bilíngue. De igual manei-
ra, são considerados contextos bilíngues quando as línguas dos imi-
grantes, dos indígenas e as línguas de sinais enquanto línguas de
herança forem usadas onde o inglês é a língua majoritária.

Outro fator importante a ser considerado é sobre a variação de


proficiência nos falantes e sinalizantes bilíngues. Por pertencerem a
grupos considerados minoritários, usuários de línguas minoritárias,
como nas comunidades indígenas, de fronteiras, grupos étnicos e
nas comunidades de surdos, apresentam fluências muito adversas
nas línguas. Alguns apresentam uma fluência de falantes e sinalizan-
tes nativos e outros, uma fluência que permite apenas compreender
a língua, porém não conseguem produzi-la.

Isso é o chamado bilinguismo assimétrico, observado nos con-


textos em que a pessoa é exposta às línguas. Todos os falantes e
sinalizantes seguem caminhos variados, direcionados geralmente
pelos pais, que determinam o grau de fluência da língua adquirida

21
em casa. Se essa exposição à língua de herança ocorre no contexto
familiar somente, quando o falante ou sinalizante frequenta o espa-
ço educacional, no qual a língua majoritária é usada, a tendência é
que a língua de herança fique adormecida, ocorrendo essa assime-
tria bilíngue.

Por tais características peculiares é que os estudos linguísticos


focam as pesquisas nos grupos minoritários de falantes e sinalizan-
tes de línguas de herança. Eles são distintos dos grupos de pessoas
bilíngues com duas L1, uma vez que esses são os bilíngues simul-
tâneos, adquirindo as duas línguas ao mesmo tempo com compe-
tência nativa nas duas línguas. Também não se enquadram nos fa-
lantes de uma L2, porque estes aprendem a L2 posteriormente a L1,
em contextos formais, geralmente em sala de aula.

Dessa maneira, as comunidades de línguas de herança são re-


presentadas, segundo Quadros (2017), por: “1) uma família em um
país que não é seu país de origem; 2) uma comunidade que envolve
um grupo de famílias e seus descendentes, ou; 3) uma comunidade
que abrange diferentes famílias com línguas diferentes, mas com-
partilhando uma língua comum.” (p. 17). Por conseguinte, também
devem ser analisadas as cinco dimensões que envolvem o contexto
de sinalização de herança. Em se tratando de CODAS especifica-
mente, as dimensões histórica, linguística, educacional, afetiva e cul-
tural compõem a competência dos sinalizantes de herança.

22
A respeito da dimensão histórica, há que se considerar os efeitos
da transmissão da língua, por ser usada em comunidade minoritá-
ria. Levando em consideração que 5% dos surdos nascem em famí-
lias com pais surdos e 80% dos filhos de pais surdos são ouvintes,
tem-se uma representação de sinalizantes de herança típica restrita
pois, historicamente, o contato com a língua de herança é perdido
de geração em geração por não se ter mais o contato direto com os
surdos sinalizantes que a usam língua.

Quanto à dimensão linguística, considera-se três fatores, a partir


da idade de aquisição da língua de herança: (a) aquisição de duas
línguas concomitantes como L1; (b) aquisição precoce da segunda
língua (L2), até os 4 anos de idade; (c) aquisição tardia da L2, depois
dos 4 anos. Porém, nos casos em que as duas L1 são adquiridas em
mesmo contexto e época, a língua dominante (aquela de maior uti-
lização social no país) pode se sobrepor à L1. Em casos de bilíngues
balanceados, pode haver ainda uma assimetria de contato, ficando
a língua de sinais (L1) como secundária e a língua dominante como
primária. Por fim, as línguas de sinais não são consideradas línguas
de prestígio, impactando diretamente no papel desempenhado pela
língua de herança.

Sobre a dimensão educacional, há várias formas dos usos aca-


dêmicos quanto às línguas de herança, sendo uma delas a escrita.
Considerando-se que as línguas de sinais não têm a sua escrita di-
fundida, como o SignWriting por exemplo, os sinalizantes de heran-

23
ça vão aprender sobre a gramática se tiverem acesso e oportunida-
de para isso, o que evidencia a necessidade de se inserir a disciplina
de Libras nos currículos escolares, não apenas por uma obediência
legal, mas para promover o conhecimento de mais uma língua na-
cional, como língua de herança para muitas pessoas, ao invés de
considerá-la como segunda língua ou outra língua estrangeira mais
distante da realidade sociocultural dos alunos.

Na dimensão afetiva, o que se analisa são as atitudes diante das


línguas de herança, indicando uma como mais afetiva ou mais pres-
tígio, em relação a outra língua ainda estigmatizada, influenciando
no nível de competência e fluência dos sinalizantes de herança.

E por fim, na dimensão cultural, observa-se a relação direta com


a identidade surda, a internalização de questões culturais e identitá-
rias em surdos e ouvintes, o que é analisado nas reuniões das asso-
ciações de surdos, entre famílias de surdos, em que filhos ou paren-
tes próximos ouvintes têm como referência esse encontro identitário,
além de encontro familiar. Essa relação um a um influencia a cons-
tituição da identidade surda e, por conseguinte, influencia os sinali-
zantes de herança.

24
A Libras, uma língua visuoespacial, representando por si só to-
das as experiências e vivências surdas, traduz o que o surdo vê no
outro por meio do olhar, mãos e expressões córporo-faciais, como
algo de valor inestimável para os surdos e para os que convivem nas
comunidades surdas. Ultrapassar fronteiras nacionais é algo próprio
do surdo, no reconhecimento e identificação do outro, por meio do
contato visual, sendo possível interação, ainda que sejam sinalizan-
tes de línguas diferentes, identificando-se como “Eu sou surdo de...
e meu sinal é ...” (QUADROS, 2017).

Língua de herança privação da linguagem -


Prof.ª Ronice Müller

ABRALIN entrevista: Ronice Quadros

25
2. OS SINAIS E SUA GRAMATICALIDADE
Antes de iniciar os estudos acerca de outros aspectos grama-
ticais, complementando o que já foi estudado em módulos ante-
riores, cabe relembrar algumas características que reforçam o seu
status de língua.

Em um primeiro momento, lembra-se que a Libras se apresenta


em uma modalidade específica – visual-espacial -, o que significa que
para compreender melhor seu funcionamento e estruturação, requer
distancia-se do uso do português, que se manifesta na modalidade
oral-auditiva. Essa diferença de modalidade é determinante para os
mecanismos sintáticos, como será apresentado posteriormente.

Outro ponto é que a Libras é uma língua natural interna e exter-


namente, uma vez que reflete a capacidade biopsicológica dos seres
humanos para a linguagem. Também por surgirem naturalmente
como as línguas orais, como manifestação própria dos humanos em
usar um sistema linguístico capaz de expressar as ideias, sentimen-
tos e ações e passada de geração em geração de pessoas surdas.

Pesquisas nas diversas áreas da linguística comprovam que as


línguas de sinais, como a Libras, não são somente uma representa-
ção mimética ou exclusivamente icônica, sem organização interna.
São sistemas linguísticos abstratos com regras gramaticais, compro-
vadas nas construções sintáticas espaciais, que evidenciam a sua re-
cursividade e complexidade.

26
Outro aspecto a ser citado é quanto à iconicidade nas línguas de
sinais. Dados históricos confirmam a evolução das línguas e a modi-
ficação de sinais que perdem a motivação inicial da representação,
como nos sinais de pessoas. Por exemplo, um rapaz que usava bar-
ba e teve seu sinal relacionado a esta característica física. Deixando
de usá-la, o seu sinal perde a motivação, porém não há mudança do
sinal, continuando a representá-lo.

Os sinais PAI e MÃE, também evidenciam isso. Esses sinais fo-


ram motivados porque antigamente era costume nas famílias os fi-
lhos pedirem a benção aos pais, o que hoje é raro acontecer. Dessa
forma, as crianças surdas que aprendem os sinais hoje não conse-
guem relacionar com a iconicidade da época, passando a ser enten-
dida por uma convencionalidade.

Imagem 7 – SINAIS PAI E MÃE EM LIBRAS

Fonte: (SPREAD THE SIGN, 2018).

27
A iconicidade é convencionalizada, como esclarece Ferreira Brito
(1997). Veja-se o exemplo do sinal ÁRVORE. Apesar de icônico, sua si-
nalização é diferente nos países Brasil, Reino Unido e Itália. Apesar de
os sinais (significante) representarem iconicamente o objeto real (sig-
nificado), cada país determinou uma forma para sua representação.

Como mostram as imagens abaixo, todos os sinais são icôni-


cos, porém com escolhas diferentes de representação. No caso da
Libras, a árvore é representada no todo, com o tronco (antebraço) e
copa (mão); na British Sign Language – BSL, apenas a copa (as duas
mãos) de uma árvore é utilizada na sinalização; e na Língua Italia-
na de Sinais - LIS a sinalização é realizada demonstrando apenas o
tronco (as duas mãos em L) de uma árvore. Isso evidencia a arbitra-
riedade da língua, mesmo que se trate de representação icônica.
Imagem 8 – SINAL DE ÁRVORE EM LIBRAS – BSL – ISL

Fonte: (SPREAD THE SIGN, 2018).

28
Nas línguas de sinais observa-se que há uma relação espacial
que é muito complexa e é nesse espaço ocorrem as construções
frasais. Essa área, conhecida por campo de sinalização, é determina-
da à frente e nas laterais do sinalizante pelo comprimento de seus
braços; na parte superior, um pouco acima da cabeça (um a dois
palmos); e na parte inferior, na altura dos quadris.

Porque as línguas de sinais se realizam na modalidade visual-


-espacial, o processamento da informação gramatical não é prejudi-
cado, sendo observado pela sua simultaneidade, que engloba dois
aspectos: um correspondente aos cinco (5) parâmetros linguísticos,
que é a produção de sinais em si e outro pelo uso de componentes
não-manuais. Como isso já foi abordado em outros módulos, essa
breve retomada de aspectos importantes das línguas de sinais, aju-
da a compreender os próximos estudos gramaticais.

2.1 Sequencialidade e simultaneidade morfológica


das LS
Para iniciar os estudos dos aspectos morfológicos tratados nessa
unidade, relembra-se o objeto de estudo da morfologia – estrutura
interna das palavras/sinais e suas formas de apresentação e forma-
ção, quanto à categoria de número, gênero, tempo e pessoa. Isso
significa que os estudos morfológicos, verificam as unidades que
formam uma palavra/sinal por meio de combinações, chamadas de
morfemas.

29
Nas línguas de sinais a raiz de um sinal é frequentemente modi-
ficado pelos movimentos e contornos no espaço de sinalização. Qua-
dros (2019) esclarece, a partir dos estudos de Aronoff, Meir e Sandler
(2005) que há dois tipos de morfologia nas línguas de sinais, uma
simultânea e outra sequencial. Esses dois tipos refletem aspectos já
analisados em estudos sobre as línguas de sinais, de um modo ge-
ral. Veja-se as características de cada tipo.
Quadro 1 – CARACTERÍSTICAS DA MORFOLOGIA

MORFOLOGIA SIMULTÂNEA MORFOLOGIA SEQUENCIAL

Morfologia flexional complexa – vários Morfologia simples afixal, linear


elementos combinados
Morfemas concatenados
Morfemas sobrepostos uns aos outros, Produtividade frequentemente limi-
produzidos ao mesmo tempo tada

Construções com maior produtividade Mais variáveis entre os sinalizantes

Variação individual considerável


Mais estáveis entre os sinalizantes
Morfologia semanticamente menos
Morfologia semanticamente coerente coerente

Fonte: QUADROS, 2019, p. 70.

30
A autora explica que a morfologia sequencial é facilmente ve-
rificada em línguas de sinais que se assemelham às línguas orais
mais jovens ou crioulas, pois envolvem processos de gramaticaliza-
ção similares. Os fatores que determinam a gramaticalização estão
relacionados à origem da língua, à idade da língua, e às condições
sociolinguísticas de aquisição. No caso da Libras, é bem provável
que tenha ocorrido esse processo de crioulização dos sinais que já
existiam no Brasil, quando do contato com a Língua Francesa de Si-
nais- LFS, a partir de 1855, pela criação da primeira escola de surdos
no país, hoje o atual Instituto Nacional de Integração e Educação de
Surdos - INES.

Na morfologia simultânea, no âmbito flexional, é analisada a mo-


dalidade de transmissão visual-espacial da motivação icônica. É con-
siderada de grande complexidade e estruturada a partir da própria
modalidade. A gramaticalidade é analisada pela alteração dos movi-
mentos, do ritmo ou da forma do percurso do sinal, principalmente na
classe dos verbos de concordância, na marcação de número nos subs-
tantivos e em classificadores. Como exemplo, as imagens a seguir de-
monstram isso. Em todas as ocorrências há um movimento sobrepos-
to que determina as marcações de concordância, aspecto ou número.

31
Flexão - verbo de concordância

Nos verbos de concordância o movimento é direcionado do SU-


JEITO ao OBJETO, como no exemplo com o verbo ENTREGAR. Os
números 1, 2 e 3 correspondem à primeira, segunda e terceira pessoa.
Imagem 9 – (a) 1 ENTREGAR 2 – EU ENTREGAR VOCÊ

Fonte: A autora.

32
Imagem 10 – (b) 3a ENTREGAR 3b – EL@ ENTREGAR EL@

Fonte: A autora.
Imagem 11 – (c) 2 ENTREGAR 1 – VOCÊ ENTREGAR EU

Fonte: A Autora.

33
FLEXÃO ASPECTUAL
Imagem 12 – 1 ENTREGAR 2-3a-3b-3c...
(DISTRIBUTIVAMENTE)

Fonte: A autora.

Imagem 13 – ASPECTUALIDADE – REPETIÇÃO/INTENSIDADE

1 IR 3b++ (VÁRIAS-VEZES) 1 GASTAR (duas mãos)++ (INTENSAMENTE)

Fonte: A autora.

34
FLEXÃO DE NÚMERO
Imagem 14 – FLEXÃO DE NÚMERO – 2 CASAS

CASA (uma casa) CASA+ (duas casas)


Fonte: A autora.

Imagem 15 – FLEXÃO DE NÚMERO – MUITAS CASAS

CASA++ (muitas casas)


Fonte: A autora.

35
Na morfologia sequencial, no âmbito derivacional, ligam-se
elementos conectados como afixos aos sinais. Os sinais se tornam
morfemas, uma vez que perdem o próprio movimento para compor
um novo sinal conectando-se a outro morfema. São morfemas pela
perda do movimento e pela ordem na qual se apresentam. Veja-se
os exemplos, IGREJA = CASA + CRUZ; ESCOLA = CASA + ESTUDAR;
MENINA= MULHER + CRIANÇA
Imagem 16 – MORFOLOGIA SEQUENCIAL - IGREJA

IGREJA (CASA + CRUZ)


Fonte: A autora.

36
Imagem 16 – MORFOLOGIA SEQUENCIAL - ESCOLA

ESCOLA (CASA + ESTUDAR)


Fonte: A autora.
Imagem 17 – MORFOLOGIA SEQUENCIAL - MENINA

MENINA (MULHER + CRIANÇA)


Fonte: A autora.

37
CLASSIFICADORES

Com relação aos classificadores, uma categoria de sinais poli-


morfêmica, a combinação de morfemas é altamente complexa, ve-
rificada em 3 tipos distintos de ocorrência: tamanho e forma; enti-
dade; manipulação. A gramaticalização ocorre devido à modalidade
visuo-espacial, na qual as línguas de sinais se manifestam. São re-
presentações com motivação icônica, percebidas pela utilização do
corpo (mãos, braços, tronco e face) durante a produção dos sinais. As
configurações utilizadas são associadas a outros morfemas de mo-
vimento, que indicam outras flexões já vistas anteriormente (grau,
aspecto, concordância, modo).

TAMANHO E FORMA
Imagem 18 – CLASSIFICADOR - FINO

FIO-DENTAL-FINO (fino)
Fonte: A autora.

38
Imagem 19 – CLASSIFICADOR - PLANO

MESA-PLANA (plano)

Fonte: A autora.
Imagem 20 – CLASSIFICADOR - FORMA

VASO (arredondado)

Fonte: A autora.

39
Imagem 21 – CLASSIFICADOR – FORMA/LOCAL

FAIXA-TESTA (retângulo)

Fonte: A autora.

Imagem 23 – QUADRO Imagem 24 – CARRINHO

QUADRO-PAREDE (quadrado) CARRINHO (pequeno)

Fonte: A autora. Fonte: A autora.

40
ENTIDADE
Imagem 25– MOVIMENTAÇÃO DE OBJETO/SER

PEIXE-NADAR

Fonte: A autora.

Imagem 26 – POSIÇÃO 2 RODAS Imagem 27 – POSIÇÃO 4 RODAS

VEÍCULO 2 RODAS → EM LOCOMOÇÃO ← VEÍCULO 4 RODAS

Fonte: A autora.

41
MANIPULAÇÃO
Imagem 28 – CLASSIFICADOR – ROUPA VARAL

ESTENDER-ROUPA

Fonte: A autora.
Imagem 29 – USO DE OBJETOS

PINTAR-COM-ROLO

Fonte: A autora.

42
Imagem 30 – PEGAR OBJETO

PEGAR-LIVRO

Fonte: A autora.

Os classificadores, também conhecidos como descritivos visuais


ou imagéticos, apresentam 3 tipos distintos de manifestação:

(a) representação de parte ou do todo de um objeto;

(b) representação de atividade manual com contato em


objeto;

(c) representação do aspecto geométrico de um objeto.

43
Imagem 31 – EXEMPLO (A)

(a) SEGURAR-VOLANTE

Fonte: A autora.
Imagem 32 – EXEMPLO (B)

(b) PASSAR-ROUPA

Fonte: A autora.

44
Imagem 33 – EXEMPLO (C)

(c) ESPESSURA-TV

Fonte: A autora.

Ainda sobre a morfologia sequencial, nas línguas de sinais há


morfemas presos e morfemas livres, também muito comuns nas
línguas orais. O morfema terminológico sinalizado, torna-se morfe-
ma preso (ou base) para a derivação de novas unidades terminoló-
gicas pertencentes ao mesmo campo de significação.

Veja-se o exemplo de gramaticalização morfológica, a partir do


sinal MORFOLOGIA, derivando nos sinais MORFEMA, COMPOSIÇÃO,
FLEXÃO. Mesmo com essa sobreposição visual-espacial de um mor-
fema em outro, observa-se a ordenação entre eles. O movimento
sobreposto é simultâneo, mas identifica-se o morfema preso.

45
Imagem 34 – MORFOLOGIA

Fonte: A autora.
Imagem 35 – MORFEMA

Fonte: A autora.

46
Imagem 36 – COMPOSIÇÃO

Fonte: A autora.
Imagem 37 – FLEXÃO

Fonte: A autora.

47
Também algumas configurações que sozinhas não tem significa-
ção, passam a ser morfemas quando na construção de um sinal, por
constituírem uma significação. Por exemplo, a configuração em S.

Imagem 38 – FARMÁCIA Imagem 39 - DIRIGIR-CARRO

Fonte: A autora. Fonte: A autora

Imagem 40 – VARRER

Fonte: A autora.

48
Quanto aos morfemas presos, ocorrem quando determinada
configuração assume um significado na constituição de diferentes
sinais. Por exemplo, o morfema L (tela); 5 fechado (papel); 5 aberto
(língua de sinais)
Imagem 41 – MORFEMA PRESO EM L (tela) – VIDEOCONFERÊNCIA

Fonte: A autora.
Imagem 42 – MORFEMA PRESO EM 5 (fechado) (papel) – LEI

Fonte: A autora.

49
Imagem 43 – MORFEMA PRESO EM 5 (aberto) (LS) – OPINIÃO

Fonte: A autora.

Observa-se a complexidade da morfologia existente nas línguas


de sinais e a necessidade de mais estudos sobre os diferentes as-
pectos morfológicos, contribuindo para os estudos linguísticos das
línguas sinalizadas, principalmente no que se refere à Libras – Lín-
gua Brasileira de Sinais.

Em continuidade com o aprofundamento, passa-se à sintaxe,


área da Linguística responsável pelo estudo estrutural das frases,
das funções dos termos no discurso.

2.2 Sintaxe – as 3 ordens básicas mais comuns na


sintaxe das LS

Unicentro – Pós-Libras – Gramaticalidade Libras

50
Os estudos sobre a sintaxe das línguas de sinais estão relaciona-
dos à análise da ordem dos sinais na frase, às diferentes estruturas
de negação, à distribuição dos modais, dos verbos, dos determinan-
tes, entre vários outros fatores de influência na organização de uma
frase sinalizada.

A Libras apresenta uma ordem básica idêntica à ordem do por-


tuguês. É constituída por um SUJEITO (S), um VERBO (V) e um OB-
JETO (O), sem marcações adicionais ou específicas. Isso significa di-
zer que um verbo, com um argumento interno e outro externo, sem
demais marcas, pode ser observada a ordem SVO.

Porém, quando há algum tipo de marcação sintática adicional,


pode haver mudança na estruturação da frase. Por exemplo, adi-
cionar uma marca aspecto de frequência a um verbo, tornando a
estrutura SOV.

MENINO COMER BANANA (trecho: 0:00 – 00:06)


SVO
MENINA ENCONTRAR MENINO (trecho: 00:08 – 00:14)

MENINO BANANA COMER-COMER++ (trecho: 00:15 – 00:21)


(iterativo – mãos alternadas)
SOV
MENINA MENINO ENCONTRAR+++ (trecho: 00:22 – 00:30)
(continuamente – repetição do sinal)

51
Dessa forma, dependendo do tipo de verbo, elabora-se frases
em Libras com ordens distintas. Os verbos simples, aqueles sem
marca de concordância, requerem uma ordem básica SVO. Como
no exemplo a seguir, mudando a ordem, muda também o signifi-
cado: MULHER AMAR HOMEM não tem o mesmo significado que
HOMEM AMAR MULHER.

Os verbos de concordância, aqueles marcados pelo movimen-


to direcional (locativo, número e pessoa), já permitem ordenações
mais variadas, sendo possível indicar os referentes previamente an-
tes da movimentação do verbo. O exemplo a seguir, indica as dife-
rentes possibilidades de sinalização, consideradas de ordem básica.
Por apresentar um verbo com concordância, há a incorporação da
localização do referente, por meio do deslocamento (movimento) do
verbo.

Verbos simples

HOMEM AMAR MULHER (SVO) (Trecho: 00:33 – 00:39)

MULHER AMAR HOMEM (SVO) (Trecho: 00:39 – 00:45)

Verbos com concordância

MULHERa aIR FESTAb (SVO) Ttrecho: 00:49 – 00:54)

MULHERa FESTAb aIR (SOV) (Trecho: 00:55 – 00:59)

FESTAb MULHERa aIR (OSV) (Trecho: 00:59 – 01:04)

52
Argumentos nulos
Outra forma de construção frasal é com argumentos nulos, em
que S ou O não aparecem explicitamente, mas são compreendidos
pelo contexto, recuperados no discurso por já terem sido citados.
No exemplo, todos os verbos são simples, porém todos têm MARIA
como sujeito.

MARIAa IXa GOSTAR BRINCAR SONHAR PENSAR PODER


IR FRANÇA (Trecho: 01:07 – 01:22)

2.3 As construções frasais e as particularidades


sintáticas
Construções topicalizadas

Essa é a ordem OSV utilizada em frases que apresentam um tó-


pico. Normalmente, nesses casos, o objeto é associado a uma marca
não manual, representada pela elevação das sobrancelhas. Tanto o
sujeito, como o objeto podem aparecer topicalizados, aparecendo a
ordem OSV ou SOV.

BOLA (top) MENINA (top) JOGAR (Trecho: 01:25 – 01:32)

MENINA (top) BOLA (top) JOGAR (Trecho: 01:33 – 01:39)

LIVRO (top) HOMEM (top) ESCREVER (Trecho: 01:41 – 01:48)

HOMEM (top) LIVRO (top) ESCREVER (Trecho: 01:49 – 01:55)

53
Construções com foco duplo

Essas construções estão relacionadas à ênfase que se quer dar,


de acordo com o tipo de estrutura duplicada. Geralmente, estão re-
lacionadas à marcação de movimento de cabeça afirmativa, quando
há a duplicação da ação. Quando há um elemento de negação du-
plicado, a marcação não manual será também de negação. Quando
se referir a elemento interrogativo, a marcação não manual será in-
terrogativa.

IX1 IRa PORTO-ALEGREa [IRa]mc++ (Trecho: 01:58 – 02:07)

IX1 [NUNCA IRb PRAIAb NUNCA]neg++ (Trecho: 02:08 – 02:17)

[QUEM GOSTAR VIAJAR]qu QUEM]qu

Construções interrogativas

Há dois tipos de construções interrogativas: as QUEM, O-QUE,


COMO, ONDE, POR QUE, QUAL; e as polares SIM, NÃO. As interro-
gativas QU podem aparecer em diferentes posições na sentença,
evidenciando a complexidade sintática.

Interrogativas QU(sujeito)

[QUEM COMPRAR CARRO]qu (Trecho: 02:28 – 02:33)

[QUEM COMPRAR CARRO QUEM]qu (Trecho: 02:34 – 02:39)

54
Interrogativas QU(objeto)

[MULHER COMPRAR O-QUE]qu (Trecho: 02:40 – 02:44)

[O-QUE MULHER COMPRAR]qu (Trecho: 02:45 – 02:49)

[O-QUE MULHER COMPRAR O-QUE]qu (Trecho: 02:50 – 02:55)

Interrogativa QU(adjunto)

[ONDE MULHER COMPRAR CARRO]qu

[MULHER COMPRAR CARRO ONDE]qu

[ONDE MULHER COMPRAR CARRO ONDE]qu

Interrogativas polares SIM/NÃO

Essas construções sempre esperam respostas SIM ou NÃO e es-


tão associadas à marcação não manual de pergunta polar, pois há
o abaixamento da cabeça com leve movimento tenso para cima e
para baixo e sobrancelhas levantadas na parte interna.

[JOÃO GOSTAR FUTEBOL]s/n

[FUTEBOL JOÃO GOSTAR]s/n

[JOÃO FUTEBOL GOSTAR]s/n

55
Construções negativas

As construções negativas sempre vêm pela marcação não ma-


nual de negação, que é pelo movimento da cabeça para os lados
(obrigatória), ou acompanhada com a boca rígida para baixo.

IX1 [CONHECER IXa]neg+mc

IX JOÃOa IX MARIAb aDARb LIVRO [NÃO]neg

Construções com estruturas subordinadas

As construções complexas com subordinação apresentam res-


trições na distribuição dos constituintes SVO. Não há flexibilidade na
ordem frasal, afirmando a ordem básica. Apenas quando há a mar-
cação não manual afirmativa no fim, coloca-se a subordinação na
parte inicial da construção frasal, seguida da parte principal.

[IX1 PENSAR [IXa MARIAa aIR-EMBORA]direção-olhar]

[IXa MARIAa aIR-EMBORA]direção-olhar] [IX1 PENSAR]mc

56
3. SE O MUNDO FOSSE SURDO, EU ME
EXPRESSARIA ASSIM...
Nessa unidade há diferentes práticas de conversação em con-
textos informais. Aproveite para explorar sua expressividade corporal
e facial, durante os estudos e treinamento em Libras. Uma sugestão,
sinalize na frente do espelho, ou filme sua sinalização para fazer uma
autoavaliação. Isso é muito importante e você percebe quais pontos
há que explorar mais suas habilidades!

Vídeo: Unicentro – Pós-Libras – Unidade 3


Diálogos

57
3.1 Eu moro aqui, e você?
OI! MEU NOME É RÚBIA E MEU SINAL É...

A CASA ONDE EU MORO É GRANDE, TEM 3 ANDARES, É


UM SOBRADO.

A CASA É NA COR BEGE, E OS MUROS, NA COR MAR-


ROM CLARO.

TEM TAMBÉM UM JARDIM LINDO!

NO TÉRREO TEM 2 SALAS, 1 COZINHA, 1 LAVANDERIA E


UM BANHEIRO PEQUENO, O LAVABO.

NO PRIMEIRO, TEM 2 QUARTOS, 1 BANHEIRO, 1 SUÍTE.

NO SEGUNDO, O SÓTÃO, TEM SALA TV E LUGAR ESTUDO.

A SALA ESTAR, TEM UMA MESA DE CENTRO, UM SOFÁ E


NA PAREDE TEM UM QUADRO.

NA SALA JANTAR TEM UMA MESA COM 8 CADEIRAS E


UM BALCÃO E ACIMA UM ESPELHO GRANDE.

58
NA COZINHA TEM UMA MESA MENOR COM 4 CADEIRAS
E EM FRENTE UMA TV NA PAREDE. DEPOIS A GELADEIRA,
FREEZER, ARMÁRIOS EM CIMA. UM FOGÃO, MICRO-ON-
DAS, PIA DA COZINHA E UMA MÁQUINA DE LAVAR LOUÇA.

NA LAVANDERIA, TEM UM TANQUE, UMA MÁQUINA DE


LAVAR ROUPA AO LADO. EM CIMA, UMA SECADORA DE
ROUPA E AO LADO UM ÁRMÁRIO PARA GUARDAR VÁ-
RIOS MATERIAS DE LIMPEZA.

TEM TAMBÉM UM LAVABO, PERTO DA SALA DE JANTAR.

NO PRIMEIRO ANDAR, TEM O ESPAÇO DE 2 QUARTOS,


UM BANHEIRO E 1 SUÍTE. NOS QUARTOS TÊM CAMAS E
GUARDA-ROUPAS. NOS BANHEIROS TÊM UMA PIA E O
CHUVEIRO.

NO SEGUNDO ANDAR, FICA O SÓTÃO, UMA SALA DE TV


BEM LEGAL!

TAMBÉM É ONDE FICA MINHA MESA DE TRABALHO.


AQUI É O LUGAR QUE MAIS AMO!!!

E VOCÊ ONDE MORA??? COMO É SUA CASA???

59
3.2 Vamos fazer compras?
OI, CARLA! TUDO BEM?

OI, TUDO SIM. E VC, COMO ESTÁ?

QUERO TE CONVIDAR. VAMOS PASSEAR? PRECISO COM-


PRAR ALGUMAS COISAS...

VAMOS SIM. ONDE QUER IR?

HUUUMMM... PENSEI EM IRMOS AO SHOPPING!

ÓTIMO! JÁ APROVEITO PARA COMPRAR PERFUMES,


BRINCOS E UM ÓCULOS DE SOL...

EU PRECISO COMPRAR ALGUMAS ROUPAS PARA MIM,


VESTIDO, CAMISA, CALÇA, BERMUDA E LINGERIE. DE-
POIS PODEMOS FAZER UM LANCHE!

PERFEITO! ÀS 4H DA TARDE, PASSO EM SUA CASA, OK?

OK! ATÉ DEPOIS!

BEIJO! TCHAU!

60
3.3 Estou com fome!
OI, MÃE! TUDO BEM?

HOJE EU TIVE CONSULTA COM MÉDICO. ELE ME FALOU


QUE PRECISO EMAGRECER!

ME ENSINOU SOBRE A PIRÂMIDE ALIMENTAR E EXPLI-


COU O QUE POSSO OU NÃO COMER.

POSSO COMER QUALQUER SALADA, ALFACE, TOMATE E


AS FRUTAS MORANGO, KIWI, UVA, MAÇÃ E MELÃO.

BANANA, LARANJA E ABACAXI, PRECISO CUIDAR!

NÃO DEVO COMER MUITO PÃO, PIZZA, ARROZ, BATATA!


MAS POSSO COMER FEIJÃO, CARNE, PEIXE E OVOS.

PRECISO PARAR DE COMER DOCES, CHOCOLATE E SOR-


VETE!

O QUE ACHA DISSO, MÃE?...

61
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MãoSinais, 2009.

63
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE DO PARANÁ
UNICENTRO

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD


UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB

Prof.ª Me.ª Elenir Guerra


Coordenador Geral Curso

Profª. Drª. Maria Aparecida Crissi Knuppel


Coordenadora Geral NEAD / Coordenadora Administrativa do Curso

Prof.ª Msª. Marta Clediane Rodrigues Anciutti


Coordenadora de Programas e Projetos / Coordenadora Pedagógica

Fabíola de Medeiros
Apoio Pedagógico

Ruth Rieth Leonhardt


Revisora

Murilo Holubovski
Designer Gráfico

Cottonbro/Pexels
Foto

Abr/2021

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