Você está na página 1de 3

Reflexões sobre o Jovem do século

XXI
   
  

O século XXI nasceu em meio de uma série de transformações significativas na


sociedade que trouxeram uma nova forma de “estar” no mundo. Estamos diante de
um período da história marcado pela tecnologia, pela informação e pela busca
interminável de conhecimento, pela interdependência entre as nações, de
reestruturação das hierarquias empresariais e etc. Vivemos em um momento em
que tudo é rápido e de certa forma efêmero.
Como nos mostra Bauman (2007, p.13), os tempos são “líquidos” porque tudo
muda tão rapidamente. Nada é feito para durar, para ser “sólido”. As relações
sociais - pessoais, trabalho, a comunidade - não são mais estáveis, concretas
duráveis. Tudo é transitório.
Ao analisarmos a sociedade ao nosso redor verificamos que uma parte significativa
da população tem acesso ao conhecimento e estão inseridas na “Era da
informação” e na “Era da tecnologia”.
Estamos em uma época em que todo o processo de comunicação foi alterado com a
explosão da informática e da computação ao mesmo tempo ocorreu um aumento
significativo na expectativa de qualidade de vida. A palavra de ordem deste século
é a mudança, pois a rapidez com que tudo se transforma nunca foi tão
acentuada. Os alunos com os quais iremos trabalhar no ensino médio, são fruto
dessa sociedade em mudança, portanto, aprenderam a ser e a pensar dentro da
lógica presente no mundo atual, são filhos da tecnologia, da informática e da
informação.
Portanto, a forma deles pensarem e agirem está em sintonia com a racionalidade
presente no século XXI. Século caracterizado pelo aumento da expectativa de vida,
pelo crescimento acelerado dos meios de comunicação, pela sociedade da
tecnologia e do conhecimento, pela sociedade organizada em redes, pela
reconfiguração da família e pelas mudanças dos papeis sociais de seus membros,
enfim o século XXI é o século da diversidade.
Não podemos esquecer que se o século XXI trouxe mudanças profundas nas
estruturas da sociedade, ele traz profundos desafios aos seus membros.
O jovem inserido nessa nova realidade, precisa compreender o que essa “nova era”
significa e mais do que isso, compreender que não há uma única cultura juvenil,
uma única juventude, mas conforme nos explica Esteves (2005, p32) “...não há
somente uma juventude, mas juventudes que se constituem em um conjunto social
diversificado com diferentes parcelas de oportunidades, dificuldades, facilidades e
poder na nossa sociedade”.
De acordo com BRASLAVSKY (2005) os jovens atuais possuem 5 características
essenciais para serem usadas nessa “nova era”, vamos ver em suas palavras.
Os jovens parecem possuir 5 características imprescindíveis para usar nesse novo cenário
global em benefício próprio e dos outros são elas: a possibilidade de explicar sua própria
vida e o mundo; a autoestima e a estima pelos outros, a possibilidade de realizar um
projeto; o domínio das capacidades necessárias para concluí-lo, e estratégias para
relacionar-se com os demais de maneira saudável.
(BRASLAVSKY (2005, p.18-19))

Precisamos lembrar que a sociologia busca compreender a juventude a partir de


duas visões teóricas principais. A corrente geracional, que busca compreender a
juventude a partir do fator biológico, é dá ao olhar sociológico o olhar das ciências
que procuraram naturalizar a juventude, como a biologia e a psicologia. Nesta
visão entende-se a juventude como um período cronológico da vida do indivíduo e
desconsidera os fatores de ordem social e histórica como relevantes para se
compreende-la.
Pactuamos com Groppo (2008) ao afirmar que é necessário se desvencilhar o olhar
sociológico sobre a juventude do olhar das ciências que procuram naturalizar a
juventude. Pois, estas consideram a juventude como uma transformação
unicamente físico-mental universal e compulsória a todos os indivíduos,
independente da cultural e do ambiente social.
A outra corrente é a classista, está questiona a unicidade do conceito de juventude
propondo um tratamento diferenciado deste fenômeno e leva em conta as
trajetórias individuais relacionadas à estratificação social. Essa corrente muda o
foco de análise e concentra-se na teoria da reprodução cultural e de classes e tem
em Bourdieu um de seus representantes, pois ele acredita que se reproduz na
cultura juvenil a luta de classes da sociedade moderna.
Groppo (2008, 235) no explica que a:
Juventude é uma categoria social usada para classificar indivíduos, normalizar
comportamentos, definir direitos e deveres. É tanto uma categoria que opera no âmbito do
imaginário social, quanto um dos elementos ‘estruturantes’ das redes de sociabilidade. De
modo análogo à estruturação da sociedade em classes, a modernização também criou
‘grupos etários homogêneos’, categorias que orientam o comportamento social, entre elas,
a juventude.
(GROPPO (2008,235))
Essa categoria social vive hoje na sociedade “pós-moderna” e, portanto, traz na sua
forma de ser e pensar as marcas de seu tempo. Tempos que como já mencionamos
acima, marcados pela transitoriedade, pela crise dos sentidos, assim a juventude
que nos deparamos hoje é marcada por um estilo de vida, uma forma de ser e
pensar que supervaloriza o ter.
Vivemos em uma sociedade de consumo e nossos jovens sonham com essa
sociedade que cultua o capital e os induz a uma vida onde tudo é objeto de
consumo.
Enquanto educadores precisamos entender que o jovem contemporâneo, tão imerso
em uma cultura que busca desviar o seu olhar que coisas que o farão ter uma
postura de mudança frente ao mundo, precisa de uma educação que através do
diálogo o leve a repensar seus valores, uma educação que traga para o interior da
sala de aula a discussão do mundo em que vivemos para juntos desconstruirmos
essa visão de que o jovem não quer nada. Precisamos, faze-los compreender que
são um tesouro a descobrir e que precisam se libertar dessa sociedade de consumo
que os tornam objetos e serem sujeitos de suas histórias.

Você também pode gostar