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Estatuto da Criança e do

Adolescente.
Apresentar o Estatuto da Criança e do Adolescente e compreender as diferentes
formas de violência tratadas pelo documento, assim como conhecer as
características dos alunos que são vitimas de maus-tratos, violência e
negligência.   
  

No cotidiano escolar, iremos trabalhar com crianças e adolescente de diferentes


classes sociais, condições econômicas e famílias, enfim uma diversidade de alunos
estará em nossas salas de aulas para exercemos uma ação docente coerente e, para
cumprirmos de forma plena nossa função educativa, precisamos estar atentos ao
comportamento de nossos alunos e procurar ajudá-los a superar os diferentes
obstáculos presentes em suas vidas.
A sociedade em que vivemos é permeada de violência e as crianças e os
adolescentes são vitimas de toda a espécie de violência e nem sempre tem como se
defender frente aos abusos cometidos contra elas. Frente a esse contexto de
violência, no final dos anos 1980, diferentes setores da sociedade passaram a
questionar e a discutir a situação da criança e do adolescente em nosso país, dessa
discussão nasce, de certa forma, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O Estatuto da Criança e do Adolescente é de uma codificação que trata do universo
mais específico vinculado ao tratamento legal e social que deve ser oferecido às
crianças e aos adolescentes no Brasil. Ele foi estabelecido no em 13 de julho de
1990, por intermédio da Lei nº 8.069, após ter sido aprovado pelo Congresso
Nacional e sancionado pelo então Presidente Itamar Franco.
 O ECA, foi instituido para proteger nossas crianças e nossos adolescentes lhes
garantindo todas as oportunidades e as facilidades a fim de facultar-lhes o
desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de
liberdade e de dignidade.
Para o ECA são menores de idade: Crianças de 0 a 12 anos incompletos.·
Adolescentes de 12 anos a 18 anos incompletos.
Em seu artigo 4, estabelece como dever da família, da comunidade, da sociedade
em geral e do público, priorizar a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde,
à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
É importante observarmos que nesse artigo fica claro que a vida das crianças e dos
adolescentes é responsabilidade da sociedade como um todo, portanto, a sociedade
civil deve zelar pelo desenvolvimento da criança e do adolescente e encontrar
mecanismos para fazer valer os direitos dessa parcela da população de ter sua
dignidade humana respeitada.
Outro artigo fundamental para análise e compreensão de todo o docente é o artigo
5, pois este explicita que: “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus
direitos fundamentais”.
Nesse tópico, iremos destaca a palavra violência de acordo com o dicionário
Michaelis, que nos traz como significado: “qualquer força empregada contra a
vontade, liberdade ou resistência de pessoa ou coisa”,ou ainda: “constrangimento,
físico ou moral, exercido sobre alguma pessoa para obriga-la a submeter-se à
vontade de outrem; coação”.
É necessário compreendermos que a violência contra a criança e o adolescente se
apresenta em diferentes faces: violência física, sexual e psicológica. Cada uma
dessas formas de violência impede, de algum modo, o pleno desenvolvimento das
crianças e dos adolescentes trazendo diferentes transtornos de comportamento. O
professor deve estar sempre atento às atitudes do aluno para poder verificar se ele
não apresenta algum sinal de violência.
Enquanto docentes, temos que ter consciência de nossa responsabilidade social e
estarmos sempre atentos ao comportamento dos nossos alunos para podermos
verificar se eles não estão sofrendo alguma forma de negligência, exploração,
violência ou opressão. Para isso, temos que ter competência humana e percepção
aguçada. É necessário o docente compreender que seu papel vai muito além da
“transmissão de conteúdo”.
Outro artigo que merece ser mencionado é o artigo 7, o qual estabelece que a
criança e o adolescente têm direito à proteção, à vida e à saúde deixando claro que
esses direitos devem ser garantidos por políticas sociais e públicas que permitam o
nascimento e o desenvolvimento harmonioso e sadio em condições de existência
dignas.
O artigo 56 esclarece que os dirigentes das escolas, ao observarem qualquer tipo de
violência e maus-tratos envolvendo seus alunos dentro do âmbito escolar, assim
como faltas injustificadas, evasão escolares e elevados níveis de repetência, deve
comunicar o Conselho Tutelar.
O professor deve estar atento ao seu aluno para perceber se o mesmo não sofre
algum tipo de violência, se constatado ser o educando vítima da violência, o
professor deve comunicar a direção da escola, a qual deverá tomar as medidas
determinadas pelo ECA.
É importante que o professor esteja preparado para detectar se o aluno é vítima de
violência; para isso, ele deve conhecer os diferentes tipos de violência assim como,
o comportamento de alunos que são violentados de alguma forma.
A violência mais fácil de perceber é a violência física, pois ela acaba causando
hematomas, feridas, fraturas, queimaduras etc. Os alunos vítimas desse tipo de
violência costumam apresentar baixa autoestima, tristeza, temor, agressividade,
hiperatividade, além de problemas no aprendizado e faltas frequentes. O professor
deve ser um observador atento e perceber se a mudança de comportamento de seu
aluno não está relacionada a esse tipo de violência.
Outro tipo de violência a qual nossos alunos estão sujeitos é a violência sexual, ela
deixa sequelas nas crianças e nos adolescentes de diferentes tipos, inclusive física,
pois um aluno que foi vítima desse tipo de violência pode apresentar infecções
urinárias, lesões e sangramentos, doenças sexualmente transmissíveis além de uma
série de enfermidades psicossomáticas. A criança ou o adolescente que são
violentados sexualmente costumam não ter confiança no adulto e apresentam um
comportamento de autoflagelação, timidez ou vergonha excessiva. Muitos acordam
no meio da noite chorando, tentam suicídio e têm um comportamento sexual
inadequado para idade.
Há ainda a violência psicológica, que pode ocorre em casa ou na escola, esse tipo
de violência é tão perverso quanto os demais e tem consequências sérias para o
desenvolvimento emocional da criança e do adolescente. Essa violência é
consubstanciada em atitudes em que se rejeita a criança, a desmerecendo e
enfatizando o quanto ela é ruim ou quando a ignora não estimulando seu
crescimento emocional e cognitivo e ainda quando, por meio de palavras, se
aterroriza o menor instaurando um clima de insegurança e medo.
O docente tem que tomar muito cuidado com a forma que irá encaminha sua
prática, pois a violência psicológica se faz presente na escola justamente pela ação
do docente, quando o professor humilha o aluno o desqualificando perante os
colegas ou mesmo se negando a ouvir as dúvidas dele por desacreditar na
capacidade cognitiva do aluno.
Uma criança ou um adolescente que sofre violência psicológica apresenta as
seguintes características em seu comportamento: isolamento social, autoestima
baixa, tristeza, ideias e tentativas de suicídios, medo e agressividade.
Outro ponto destacado pelo artigo 5 do ECA é a negligência; de acordo com o
dicionário Michaelis,negligência pode ser definida como “falta de diligência;
descuido, desleixo.” Portanto, ela ocorre quando a criança deixa de ser cuidada de
forma adequada pelas instituições sociais a que está inserida.
Uma criança ou um adolescente vítima de negligência apresenta fadiga constante,
desatenção e crescimento fora dos padrões para sua idade; além de se se
apresentarem mal vestidos e sujos.
A negligência pode ocorrer tanto na família como na escola, porém de formas
diferentes. Quando ocorre na família é mais fácil de ser detectada, uma vez que é
visível que o pai ou responsável não se preocupam com a criança não a
alimentando direito e/ou não zelando pela sua formação escolar.
Na escola, ela se dá por intermédio da forma com que o professor trata a
aprendizagem do aluno, quando o professor o menospreza em sala de aula, não
tendo uma prática pedagógica que se preocupa em colaborar para que todos os
alunos aprendam. O professor é responsável por buscar formas de ensino que
atinjam todos os educandos.
Outro caso em que a negligência se faz na escola é quando o professor deixa de
orientar os alunos que não fazem seus deveres e não levam o processo de ensino-
aprendizagem de forma adequada.
De acordo com ECA, a violência e a negligência contra crianças e adolescente são
passíveis de punições no Código Penal Brasileiro.
Enquanto professores e cidadãos, temos que estar atentos para não sermos
negligentes com nossa função social e buscar ter uma ação docente que inclua
todos os alunos em nossas aulas e procurar ler o comportamento de nossos alunos
para verificar se eles não são vítimas de alguma forma de violência.
O Estatuto da Criança e do Adolescente deixa claro que cabe aos pais o dever de
sustento, de guarda e de educação dos filhos. Assim como enfatiza que a criança e
o adolescente têm direito à educação, visando seu pleno desenvolvimento e preparo
para o trabalho e para vida cidadã. Enfatiza o dever do Estado de assegurar à
criança e ao adolescente o acesso ao ensino fundamental, obrigatório e gratuito,
estabelecendo, ainda, o atendimento educacional especializado aos portadores de
necessidades especiais e a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao
ensino médio.
 Conhecer o ECA é fundamental para uma prática docente consciente, é necessário
conhecer e refletir sobre os direitos de nossos alunos e estarmos sempre atentos
para verificarmos se eles não são vitimas de alguma forma de violência ou
negligência, pois, enquanto trabalhadores sociais, temos responsabilidade pelo
processo de transformação de nossos alunos e pelo respeito a sua dignidade. O
trabalhador social deve saber como intervir em situações em que há suspeita que
ocorre algum tipo de violência contra seu aluno, isso significa manter-se sempre
atento a comportamentos suspeitos, questionar o aluno sobre hematoma ou
comportamentos incomuns, mas sempre com cautela, levar o caso para a
coordenação e discutir com ela o encaminhamento a ser feito, buscar ouvir os pais
ou responsáveis para sondar o que está ocorrendo, e, se a dúvida permanecer ou for
confirmada a suspeita, encaminhar para os órgãos competentes da comunidade para
desenvolverem o trabalho de proteção à infância e à juventude.
Visando garantir o bem estar e a proteção das crianças e dos adolescentes, o ECA
trouxe artigos que estabelecem os direitos e deveres da escola, dos professores e
também dos alunos. Dessa forma, procura-se colaborar para a construção de uma
escola mais harmoniosa e mais justa e a formação de cidadãos capazes de exercer a
cidadania.
Iniciaremos com os Direitos e Dever da Escola e, nesse aspecto, destaca-se o artigo
70, que estabelece que os dirigentes, professores e funcionários de instituições de
ensino têm como dever assegurar que os direitos fundamentais da população
infanto-juvenil sejam cumpridos. Isso significa que as escolas devem zelar pela
vida e formação da criança e do adolescente e pela sua dignidade.  Entre os deveres
da escola está o de comunicar as autoridades competentes quando ocorrerem casos
de constantes faltas injustificadas, evasão escolar e repetência.
Conforme verificamos na aula anterior, o artigo 56 do ECA impõe como dever da
escola informar ao Conselho Tutelar os casos de maus tratos com seus alunos. O
artigo 245 do documento esclarece que a omissão do professor ou dos gestores em
comunicar os casos envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos configura
infração administrativa.
O ECA além de estabelecer os direitos das crianças e dos adolescentes irá também
abordar os seus deveres. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (9394/97), cada unidade escolar deve ter um regimento interno,
documento que tem como função principal normatizar o funcionamento de cada
estabelecimento de ensino, regulamentado todo o trabalho institucional,
administrativo e pedagógico com base nas “regras” ou disposições implementadas
para o cumprimento de toda a comunidade escolar. Podemos dizer que o regimento
escolar é um tipo de “lei interna” que funciona em sintonia com a lei pública.
Ao pensarmos sobre os deveres dos menores nas unidades escolares, eles irão ser
determinados pelo regimento escolar, portanto, será esse documento que originará
qualquer tipo de penalidade que o aluno sofrerá se infrigir o que foi estabelecido.
Sendo assim, o regimento escolar deve ser um documento que de forma clara
estabeleça a conduta do aluno explicitando o que será caracterizado como infração
disciplinar.
É importante lembrarmos que é dever do aluno respeitar aos dirigentes escolares,
professores, funcionários e seus colegas. A conduta desrespeitosa poderá
configurar ato infracional, que corresponde a crime ou contravenção penal. Neste
caso, o adolescente fica sujeito a responder a processo e pode ser submetido a
medidas socioeducativas.
Além de mencionar os direitos e deveres da escola e dos menores, o ECA traz
ainda os dos professores, em que reafirma a ideia da necessidade de zelar pelos
direitos fundamentais dos menores e em seu artigo 53, segundo parágrafo,
estabelece o direito do aluno ser respeitado por seus educadores. Esse direito se
relaciona com o artigo 227 da Constituição Federal que afirma que nenhum aluno
pode sofrer castigo físico.
O artigo 231 do ECA, mostra a preocupação em preservar a integridade física e
moral das crianças e dos adolescentes, deixando claro que o professor não pode
desrespeitar o aluno, submetendo-o a vexame ou constrangimento, chamando-o de
“burro”, “retardado” ou dizer que não possui a mínima capacidade, sob pena de
responder a processo criminal.
Por outro lado o professor deve ser respeitado pelo aluno em sala de aula e, caso
seja desrespeitado, a conduta correta é não discutir com o jovem e sim levar o fato
à direção da escolar, que deverá aplicar a punição administrativa. Se o caso de
desrespeito for muito grave, pode comunicar a Delegacia da Criança e do
Adolescente, objetivando a instauração de processo na Vara da Infância e da
Juventude, para que sejam aplicadas às medidas cabíveis.
ATENÇÃO!
Enquanto educador, o professor deve sempre estar atento ao comportamento do
aluno e procurar ajudar no processo de seu desenvolvimento, pois zelar pelo
desenvolvimento do aluno é cuidar para que ele aprenda de forma significativa e se
transforme em um sujeito capaz de compreender a si e ao outro.

Temos que ter consciência de que os educadores são os adultos responsáveis (sem
ser os pais) pela formação das crianças e dos adolescentes e aqueles que têm
possibilidade de perceber se está ocorrendo algo de estranho com seus alunos, pois
diariamente mantêm contato com seus alunos. O professor deve ter uma atitude de
responsabilidade para com a formação de seu educando e ao mesmo tempo de
proteção e buscar formas legais de colaborar para a proteção e desenvolvimento
dos seus alunos.
Portanto, vimos que o ECA busca proteger a crianças e os adolescentes dos abusos
de todas as espécies que historicamente vêm sofrendo. Ao tomarmos conhecimento
deste estatuto, temos que ter uma atitude responsável e não nos calarmos frente a
suspeita de maus-tratos. A qualquer suspeita de violência ou negligencia, os
profissionais da educação têm o dever moral de notificar os órgãos competentes
para verificar a veracidade dos fatos.
Proteger integralmente nosso aluno é cuidar para que seus direitos sejam
cumpridos, pois somos responsáveis pela sua formação e é necessário de fato
oportunizar uma educação que o transforme em cidadão, temos que respeita-lo na
sua diversidade e buscar formas de proteção integral desse aluno.

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