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TRABALHO DA DISCIPLINA
DE DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO II:
ADOLESCÊNCIA
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RESUMO:
Uma em cada quatro das violações dos direitos da criança e do adolescente é de cunho
da violência sexual. Entendemos-a como uma violência estrutural, de caráter culposo
exclusivo do abusador e ressaltamos a existência das questões estruturais sociais, históricas e
governamentais por trás desta violência. Com isso, evidenciaremos diante da temática
abordada, a importância da disseminação do tema Violência Sexual em todos os espaços
públicos e privados, da operação de diversas redes de apoio que devem, indispensavelmente,
ir além das famílias e das políticas públicas que são, por vezes, disfuncionais e ineficazes.
Avaliamos diversos pontos fundamentais para entender a problemática da violência
sexual, como os tipos de violência, as diferenças entre a exploração e o abuso, a
transgeracionalidade, as famílias disfuncionais, os sinais e as repercussões que a criança e o
adolescente apresentam (sendo essas questoes subjetivas), os canais de escutas, as políticas
públicas e como nós, enquanto sociedade e futuros profissionais de psicologia, podemos agir
diante destas situações.
Este trabalho tem como objetivo ressaltar os principais aspectos da violência sexual,
sendo ela abordada em uma dimensão intrafamiliar e extrafamiliar, por conseguinte dando
enfoque as questões sexuais, libidinosas, subjetivas e comportamentais da criança e do
adolescente, vítimas do abuso e também as principais pautas do individuo agressor.
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SUMÁRIO:
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1.0 INTRODUÇÃO:
É muito frequente a ideia de que a violência sexual ocorre apenas quando existe a
penetração, mas na verdade, há dentro dessa pauta uma dimensão muito mais ampla. A
penetração é apenas um aspecto que dá amplitude a toda uma problemática.
Essa violência transpassa desde atos libidinosos – como um toque não apenas de
carinho, mas que carrega uma intenção mais incestuosa, mais sexualizada – até atos que não
necessitam do toque em si. O voyeurismo, por exemplo, é o olhar invasor por parte do adulto
que demonstra desejo e é recebido com incômodo pela criança e/ou adolescente. Permitir o
acesso de filmes ou cenas de sexo explícito, com a intenção de tornar a criança mais
susceptível a aquele tipo de ato, é outro exemplo de abuso sexual sem toque ou penetração.
Ou seja, não é necessário o toque físico para que alguém seja vítima de abuso.
Diante disso, entendemos que a violência sexual é qualquer ação ou intenção que não
carregue um ato de ternura, cuidado e respeito para com a sexualidade da criança e/ou do
adolescente e os coloquem em um lugar de coisificação, onde esses pequenos serão usados
como objetos dos quais o adulto irá usurfruir e desmerecer os méritos do infanto e do purbere
para satisfazer seu prazer.
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2.0 DESENVOLVIMENTO:
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acontece a partir das omissões dos responsáveis em sua responsabilidade e obrigação de
prover os cuidados básicos do cotidiano da criança e do adolescente, como alimentação,
higiene, educação, cuidados médicos, vacinas, falta de apoio emocional e psicológico, entre
outras privações dos direitos que têm as crianças e adolescentes assegurados pelo ECA. O
abandono é uma forma de violência parecida com a negligência, também é caracterizada pela
ausência do responsável pelos jovens no que se tange à educação e cuidados básicos
obrigatórios, e existem duas definições para o abandono: parcial e total. O abandono parcial
define-se pela ausência dos pais ou responsáveis, colocando a criança ou adolescente em
situação de risco; enquanto o abandono total é o distanciamento da família ou do grupo
responsável, deixando os de menores desamparados, expostos a diversas formas de perigo.
Por fim, a violência sexual, como o prisma principal deste trabalho, aborda diversas
variantes. É fundamental iniciar esta pauta ressaltando que a violência sexual não consiste
apenas numa violação à liberdade sexual, abarca acima de tudo a violação dos direitos
humanos. De acordo com as leis brasileiras, a ocorrência de violência é presumida em
qualquer ato ou intenção sexual praticado por adultos contra jovens cuja idade seja inferior a
de 14 (quatorze) anos. Entretanto, diversas outras práticas sexuais entre adultos e jovens
acima de 14 anos também são consideradas violências sexuais, conforme varie o contexto:
grau de parentesco ou status de responsabilidade entre o adulto e o de menor, dos meios
aproveitados e usufruídos para o alcance do ato sexual e da existência ou não de
consentimento, ainda que toda autorização vinda do menor, seja, perante a lei, invalidada.
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alegando que essa instituição social irá, de antemão, assegurar proteção, modelos
identificatórios, transmissão de valores; é nesse campo familiar primário onde o indivíduo
espera sentir-se protegido, acolhido e respeitado.
Em contraponto, o que acontece na realidade é uma grande incidência de abusos
dentro da estrutura familiar, onde aquele que deveria proteger, dar à criança o limite que
castra a interdição do édipo e respeitar a lei da proibição do incesto, é exatamente aquele que
realiza o abuso sexual. A partir disso, tem-se em questão uma estrutura familiar disfuncional
fruto de um abuso sexual intrafamiliar.
O abuso sexual extrafamiliar é um tipo de abuso que ocorre fora do âmbito familiar.
Porém, de modo geral, o abusador também é alguém que a criança ou o adolescente conhece,
como, por exemplo, os vizinhos, amigos da família, educadores, líderes religiosos, médicos,
entre outras diversas possibilidades. Raramente o autor desse abuso é uma pessoa totalmente
desconhecida, estes seriam exemplos de estupros em locais públicos.
Diferentemente dos exemplos de abusos supracitados, a exploração sexual se
conceitua a partir da mercantilização do sexo, ou seja, o adulto oferece algo em troca por
sexo com a criança ou adolescente. O oferecido pode ser qualquer coisa que chame atenção
do jovem, como dinheiro, comida, direito à moradia, ou algum tipo de favor ou coação. A
exploração sexual também é caracterizada por tráficos de menores com fins sexuais,
pornografia e exploração sexual agenciada ou não agenciada, tirando. a necessidade de que
exista um intermediário.
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Outros sinais revelados pela criança ou adoslencente são os sintomas físicos, caso o
indivíduo seja tocado – não necessariamente por um toque com intenção sexual – e essa ação
lhe causar medo, sensação de suor, dor de estômago ou angústias, tornando-se um sinal de
que algo está errado. Ou, ainda, quando o jovem é violento/agressivo em excesso, isso pode
indicar que ele capture esse exemplo em casa e esteja reproduzindo o comportamento
apreendido.
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podem se cometer erros inalteráveis na vida de uma vítima que se culpada – além das
sequelas geradas no psiquismo desse jovem.
O adolescente, por sua vez, não consegue lidar com a culpa, sente-se com baixa
autoestima e se dá conta de que aquele outro, o agressor, não o tratou com respeito, como
filho, mas sim como objeto, reafirmando a ideia de que violência sexual é uma coisificação
do ser humano. Há casos da culpa sentida pelo adolescente ser tamanha que o leva a cometer
atos contra si mesmo, chegando muitas vezes ao suicídio.
Para mais, existem vítimas que entram numa hipersexualidade ou sexualidade
precoce, outras entram num quadro de degradação, prostituição. Há também os casos de
repetições, nos quais, mais na frente, os abusados escolhem parceiros abusivos e, quando tem
seus filhos, não são capazes de perceber a violência sofrida por eles – pois aquela foi sua
realidade. Outras vezes, brincadeiras de cunho sexual de forma constante e repetitiva podem
ser também sinais de abusos e repercussões na vida daquela vítima.
Todos os integrantes de uma sociedade podem e devem ser um canal de escuta, então
saber ouvir e agir corretamente é essencial. Os adultos devem estar atentos e, se possível, tentar
adentrar no universo simbólico da criança, proporcionando a ela um ambiente de confiança e
segurança no qual ela possa se expressar, seja por meio da fala ou de brincadeiras, sentindo-se
confortável para compartilhar suas experiências e vivências. Quando há uma queixa, deve-se
realizar o procedimento padrão indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS):
encaminhar o caso para uma equipe multiprofissional, formada por médicos, psicólogos,
assistentes sociais e, a depender do caso, recorrer à justiça.
No contexto clínico, quando chegam essas demandas, é preciso analisar com cautela a
situação, pois cada caso envolve aspectos únicos e, por consequência, procedimentos
específicos a serem seguidos. De acordo com o Código de Ética da Psicologia, o psicólogo,
em casos de serem informados de infrações da lei, pode decidir pela quebra de sigilo
profissional e realizar a denúncia.
No entanto, quando se trata de violência contra crianças e adolescentes, se o abuso for
revelado durante o processo por meio da vítima, não é indicado fazer imediatamente a
denúncia, pois iria fragilizar o paciente já vulnerável e, juntamente, a relação terapêutica. O
mais apropriado é que durante o processo terapêutico, o profissional forneça o fortalecimento
do cliente, amparo psicológico e preparo emocional para que ele procure alguém de confiança
na família capaz de protegê-lo, relate o ocorrido e parta dessa pessoa a denúncia. Dessa
forma, a criança ou adolescente não se encontra mais vulnerável e continua com o processo
terapêutico inalterado. No entanto, caso esta pessoa receba a informação e continue a manter
o silêncio e proteger o abusador, ou nos casos em que não exista ninguém com que a criança
possa se amparar, o psicólogo, agora, deve intervir e realizar a denúncia. Mas a decisão do
profissional, ainda assim, é precedida pela conversa com a criança, preparando-a para as
consequências daquela situação.
É importante, ademais, compreender a escola como um canal primordial de escuta,
além de possuir um potencial papel de proteção. Entendendo que a escola é o local onde a
criança passa a maior parte do seu tempo, criando vínculos e desenvolvendo as mais diversas
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habilidades, a escola torna-se, muitas vezes, lugar de acolhimento, onde os profissionais
precisam estar atentos aos sinais dados, principalmente porque pode ser onde a vítima fale
sobre a violência sofrida. Pode acontecer através de uma aula, numa conversa com os
colegas, ou uma professora, num contexto em que se sinta confortável e conte o que está
passando.
Dessa forma, torna-se essencial que a escola faça um trabalho de prevenção, num
processo conjunto com às famílias e os diversos profissionais, abrangendo e abordando o
tema da educação sexual, de maneira adequada e séria, que varie de acordo com o
desenvolvimento psíquico e etário da criança e do adolescente. É imprescindível trabalhar
com as crianças questões relativas a gêneros, as identidades sexuais, a relacionamentos
interpessoais, ao conhecimento do próprio corpo, já que com as informações necessárias,
vários acontecimentos relacionados a este tema podem ser evitados; ensinando e mostrando
que existem diferentes formas de toques, que existem os carinhos ternos e os carinhos
sexualizados. O abuso se encontra no silêncio, na falta de informação e formação.
7.0 TRANSGERACIONALIDADE:
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passe a reproduzir a violência sofrida ou assistida, seja ela qual for. Em muitos desses casos
em que a violência é intrafamiliar, o adulto violentado na infância venha a se tornar cúmplice,
omita ou, em muitos casos, sequer consiga enxergar a situação. Uma das explicações para
esses eventos de obnubilação é que o adulto em questão não tenha elaborado a violência
sofrida na infância.
Algo que não é bem compreendido, elaborado e simbolizado na infância poderá
retornar nas novas gerações, uma vez que o que foi recalcado mantém-se no inconsciente,
gerando impulsos a partir de tais questões. Dessa forma, o adulto pode criar situações
favoráveis para que as violências aconteçam com os seus próprios filhos ou indivíduos de seu
ciclo familiar. Algo curioso nesse processo de transgeracionalidade é que existe, a partir da
violência de seus filhos ou pessoas próximas, uma oportunidade do adulto reviver os traumas
ou reelaborar o que foi vivido.
Podemos presumir com segurança que nenhuma
geração pode ocultar à geração que a sucede nada de seus
processos mentais mais importantes, pois a psicanálise nos
mostrou que todos possuem, na atividade mental
inconsciente, um apparatus que os capacita a interpretar as
reações de outras pessoas, isto é, a desfazer as deformações
que os outros impuseram à expressão de seus próprios
sentimentos (Freud, 1974c, p. 188).
Tudo isso envolve uma herança psíquica, que não foi bem simbolizada e interpretada
pelo sujeito, assim apresentando vazio e lacunas na transmissão, de modo que o fator
psíquico inconsciente atravesse diversas gerações, como foi dito acima. Essas transmissões
envolvem tanto o dito quanto o não dito e acabam por trazer um impacto enorme no
desenvolvimento das gerações seguintes, caso não sejam bem elaboradas e significadas no
passado. Ainda há, além disso, casos nos quais a vítima só toma consciência da violência
vivida na vida adulta, a partir de alguma situação em sua vida afetiva, nos seus
relacionamentos ou até no processo terapêutico. Podendo identificar, aí, situações mal
elaboradas e trabalhadas da infância que trazem repercussões irreversíveis na vida do sujeito.
A herança arcaica é importante para investigação dos sofrimentos psíquicos, resultante
do processo de transmissão psíquica, que obtêm conteúdos intergeracionais e transgeracionais
que se mostram por meio de manifestações sintomáticas. O processo de transmissão tem
participação fundamental na composição da subjetividade – a transmissão de culturas, por
exemplo –, porém, por outra via, também são transmitidos o sentimento de culpa, fantasias,
desejos recalcados, lutos não elaborados, condições narcísicas, entre outros.
Com isso, infere-se a suma necessidade de abordar esse assunto, trabalhá-lo ainda na
fase da infância e adolescência, apesar de todos os obstáculos – sabendo que em 60% dos
casos, as crianças não revelam –, para a elaboração e simbolização de tais questões no
psiquismo de indivíduos ainda vulneráveis, mas que serão os futuros adultos possuidores da
decisão de perpetuar a violência ou mitigá-la, proporcionando proteção, autonomia e
liberdade.
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8.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS:
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9.0 REFERÊNCIAS:
FUTURA, Canal. Que Abuso é Esse? e Que Exploração é essa?. 2014. Disponivel em:
<https://youtu.be/4v7lCEMlFyo e https://youtu.be/NVOcwEN8Hng>
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