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PSICOLOGIA GERAL - PSIC0063 - (2023.

1 – T01)
Professor: Doutor Alexandre Jabert
Discente: José Carlos Santos de Santana – 202200118823

ABUSO SEXUAL NA INFÂNCIA E SUAS REPERCUSSÕES NA VIDA ADULTA

O abuso sexual infantil é um problema de extrema gravidade que afeta milhões de


crianças em todo o mundo. Nesse exato momento está ocorrendo alguma forma de exploração
sexual de menores de idade, seja com toques inapropriados, com exposição a conteúdo sexual,
coerção, estupro deliberado e/ou outros atos sexualmente abusivos. Trata-se de uma violação
dos direitos fundamentais das crianças e de uma forma de violência que deixa cicatrizes
profundas, frequentemente duradouras, em suas vítimas. Pela leitura dos textos indicados e
das reflexões das aulas expositivas é sabido que se trata de um fenômeno complexo e
multifacetado, além de que muitos desses casos passam despercebidos, dificultando a
obtenção de estatísticas mais precisas. As consequências desse tipo de violência não se limitam
ao período da infância; elas se estendem até a vida adulta, impactando o desenvolvimento
físico, emocional, psicológico e social das vítimas. Daí a relevância de se compreender e
abordar esse questão a fim de se mitigar suas consequências a longo prazo. Essa violência é
uma questão antiga que afeta não apenas as vítimas diretas, mas também a sociedade como
um todo e é de extrema necessidade estudar e aprofundar tema tão espinhoso em suas
dimensões de proteção da infância, de saúde pública, do bem-estar social e, por fim, da
prevenção e da intervenção. A compreensão das causas e consequências da violência contra a
infância é crucial para que se possa proteger as crianças e garantir um ambiente seguro e
saudável para o seu desenvolvimento, prevenindo o surgimento de implicações outras para a
saúde mental e emocional das vítimas, diminuindo assim os custos elevados para sistema
público de saúde e serviços sociais. Na legislação brasileira, o Código Penal tipifica, em seu Art.
217-A, o abuso sexual infantil (intrafamiliar ou extrafamiliar) como estupro de vulnerável,
tipificadas também outras práticas de violência sexual contra crianças e adolescentes, como o
favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança/adolescente
(art. 218-B), o tráfico sexual (art. 231 e 231-A) e a pornografia infantil (art.240).
Trata-se de uma violação extrema dos direitos fundamentais das crianças e uma das
formas mais graves de abuso, pois envolve a exploração sexual de crianças por adultos ou
outros indivíduos mais velhos em posições de poder. As consequências do abuso sexual infantil
são devastadoras, afetando a saúde mental, emocional e física das vítimas indefesas. Além do
mais, há que se falar nas experiências traumáticas e que, frequentemente, lançam sombras
sobre a vida adulta dos sobreviventes, resultando em uma série de danos psicológicos a longo
prazo. Muitos sobreviventes desenvolvem Transtornos de Estresse Pós-Traumático (TEPT),
depressão, ansiedade e distúrbios de personalidade. O trauma do abuso pode causar
sentimentos de desamparo, raiva, culpa e vergonha, que podem persistir na idade adulta. Esses
problemas emocionais podem afetar o relacionamento com os outros, prejudicar a autoestima
e dificultar o funcionamento diário. As vítimas de abuso sexual infantil podem experimentar
dificuldades significativas em estabelecer e manter relacionamentos saudáveis na vida adulta.
Isso pode se manifestar como dificuldades de confiança, dificuldades em expressar emoções
ou em estabelecer limites saudáveis. Os sobreviventes dessas prática execráveis podem ainda
sentir-se hiperativos em relação a possíveis ameaças, o que pode levar a relações interpessoais
problemáticas. Isso sem contar os impactos duradouros na sexualidade, onde muitas vítimas
enfrentam problemas com a intimidade sexual, como disfunção sexual, falta de desejo ou
dificuldade em estabelecer relações sexuais saudáveis e consensuais. O trauma sexual infantil
é gigantesco e pode levar a comportamentos sexuais de risco ou disfunções sexuais,
complicando ainda mais a vida adulta dos sobreviventes.
Desde 1960, a pedofilia está entre as doenças classificadas pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) como transtornos da preferência sexual (fantasias, desejos e atos sexuais) e
de acordo com o código F65.4 da CID (Classificação Internacional de Doenças), trata-se da
“preferência sexual por crianças, quer se trate de meninos, meninas ou de crianças de um ou
de outro sexo, geralmente pré-púberes”, que ainda não atingiram a puberdade. Cabe aqui
destacar que nem todo abusador sexual de criança e adolescente é ou pode vir a ser
diagnosticado como pedófilo, assim como nem todo pedófilo coloca em prática a agressão
sexual. Em nosso Código Penal, diga-se de passagem, o que se caracteriza como crime não é a
pedofilia em si, mas o ato de estuprar ou explorar sexualmente uma criança ou adolescente.
Nesse aspecto, tanto o Código Penal como o Estatuto da Criança e do Adolescente não
preveem redução de pena ou da gravidade do delito se for comprovado que o abusador é
pedófilo. Qualquer cidadão que tiver conhecimento ou presencie uma violência contra criança
ou adolescente, incluindo situações de violência sexual, tem o dever de comunicar o fato
imediatamente ao Conselho Tutelar do município onde reside, conforme aponta o artigo 13
do Estatuto da Criança e do Adolescente e, além disso, registrar uma denúncia nas delegacias
de polícia, comuns ou especializadas no atendimento à criança e ao adolescente, ou no Disque
100. No Brasil, toda vítima de estupro tem direito ao atendimento imediato, emergencial
(prioritário) e multidisciplinar no Sistema Único de Saúde (SUS), e não há necessidade do
boletim de ocorrência para ter acesso aos serviços, conforme dispõe a Lei 12.845/2013, mais
conhecida como Lei do Minuto Seguinte. O atendimento médico emergencial envolve o
diagnóstico e tratamento das lesões físicas, a prevenção tanto das infecções sexualmente
transmissíveis como da gravidez caso a vítima não esteja usando método contraceptivo e, no
caso de vítimas com menos de 14 anos, reportamos ao Conselho Tutelar. Posteriormente, a
vítima é encaminhada para o serviço social e à psicologia, visando uma redução de danos, e
criando a rede de apoio e refúgio.
A intervenção psicológica desempenha um papel crucial na mitigação dessas sequelas
do abuso sexual infantil e terapeutas especializados em trauma infantil podem ajudar os
sobreviventes a desenvolver estratégias de enfrentamento saudáveis, reduzir a intensidade
dos sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e outros transtornos
relacionados ao trauma e promover o processo de recuperação. A terapia cognitivo-
comportamental (TCC), a terapia de exposição e a terapia de apoio são abordagens comuns
para o tratamento do abuso sexual infantil. A terapia visa ajudar os sobreviventes a processar
as experiências traumáticas, reestruturar pensamentos disfuncionais e propiciar um ambiente
seguro para a expressão de emoções reprimidas. As sequelas psicológicas, problemas de
relacionamento e desafios sexuais na vida adulta são apenas algumas das maneiras pelas quais
o abuso sexual infantil continua a impactar as vítimas muito tempo depois do incidente. No
entanto, é importante reconhecer que a recuperação é possível, e a intervenção psicológica
desempenha um papel fundamental na ajuda aos sobreviventes a reconstruir suas vidas. É
crucial que os profissionais de saúde mental, legisladores e a sociedade em geral estejam
cientes da magnitude do problema e o Estado forneça recursos e apoio adequados para as
vítimas. A prevenção do abuso sexual infantil e a conscientização sobre o tema são passos
fundamentais na redução das ocorrências desse tipo de violência e, em última análise, a
abordagem holística para apoiar os sobreviventes do abuso sexual infantil deve ser uma
prioridade, reconhecendo que o trauma é uma ferida que pode ser curada com o tempo,
tratamento e apoio adequados.
Diante do exposto, destaca-se que a importância do combate ao abuso infantil não
pode ser subestimada e proteger a infância é fundamental para garantir seu bem-estar e
desenvolvimento saudável. O abuso sexual infantil é uma questão extremamente delicada e
perturbadora que tem um impacto profundo e duradouro na vida das vítimas, afetando seu
desenvolvimento físico, emocional e psicológico ao longo da vida. A pesquisa documental e a
literatura revisada neste texto revelam a complexidade das consequências desse tipo de
trauma na vida adulta, mostrando que as vítimas de abuso sexual infantil enfrentam desafios
significativos em sua jornada para a recuperação e a cura. Esses desafios abrangem uma ampla
gama de aspectos da vida adulta, incluindo a saúde mental, os relacionamentos interpessoais,
o funcionamento social e a qualidade de vida. É crucial que a sociedade e os profissionais de
saúde compreendam a natureza dessas consequências para fornecer o apoio e a assistência
necessários às vítimas, de modo a ajudá-las a superar os traumas e reconstruir suas vidas.
Muitas vítimas enfrentam desafios significativos em termos de educação, emprego e
estabilidade financeira. O trauma sofrido na infância pode levar a dificuldades na escola e no
trabalho, resultando em um ciclo de pobreza e falta de oportunidades. Portanto, é imperativo
que a sociedade trabalhe ativamente para fornecer recursos e apoio às vítimas, de modo a
ajudá-las a superar esses obstáculos e a alcançar um nível adequado de bem-estar econômico
e social. Em resumo, o abuso sexual infantil é uma questão que transcende a infância e deixa
um impacto duradouro na vida adulta das vítimas. A compreensão das consequências desse
trauma é fundamental para fornecer o apoio e os recursos necessários às vítimas, à medida
que buscam a cura e a recuperação. A pesquisa apresentada neste texto destaca a
complexidade dessas consequências, abrangendo áreas que vão desde a saúde mental até o
funcionamento social e econômico. Portanto, é responsabilidade da sociedade e dos
profissionais de saúde trabalhar em conjunto para criar um ambiente seguro e compreensivo,
onde as vítimas de abuso sexual infantil possam encontrar o suporte necessário para
reconstruir suas vidas e superar os desafios que enfrentam.

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