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VIOLÊNCIA DOMESTICA, QUAL O PAPEL DA ESCOLA ?

Autor: Maria Cinthya dos Santos Silva1


Tutor externo: Adlandia do Nascimento Dias2
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Curso (FLC3882PED) – Estágio
06/10/2023

RESUMO

A violência domestica infantil é uma realidade preocupante no país, resultando em


milhares de denuncias e registro de casos anualmente, tornando o que antes era um
lar, em um lugar hostil. Diante disto a escola tem um papel importante, e esse papel
precisa ser exercido conforme a demanda, todavia saber que precisa intervir e não
saber como prejudica a eficácia da ação. Os profissionais necessitam de uma
capacitação e de um olhar sensível perante a suspeita de violência, é necessário uma
aptidão, pois além de se tratar de um assunto delicado, a criança pode negar as
acusações por medo das consequências, por conta disso o educador precisa ter
conhecimento dos direitos das crianças e adolescentes, analisar, coletar provas e
juntamente com os demais profissionais da gestão escolar, planejarem as próximas
ações.

Palavras-chave: Violência. capacitação. Escola.

1 INTRODUÇÃO

O principal objetivo deste documento é buscar conhecimentos sobre o


papel da escola em casos de violência domestica, enfatizando a relevância da
escola nas relações familiares e possível intervenção em caso de suspeitas de
violação dos direitos de crianças e adolescentes.

Ao decorrer deste artigo que tem por área de concentração Educação,


escola e políticas públicas e tema norteador violência domestica, qual o papel
da escola ? . Iremos abranger com mais profundidade acerca do conceito de
violência e suas facetas, juntamente com as medias necessária para combater
esses casos. O Paper foi organizado em algumas partes, que podem ser
resumidas em; “Introdução”, que apresenta a proposta da investigação que

1
Acadêmico do Curso de Licenciatura em pedagogia; E-mail:
2886143@aluno.uniasselvi.com.br
2
Tutor Externo do Curso de Licenciatura em pedagogia – Polo XXXXXXXXX; E-mail:
100147418@tutor.uniasselvi.com.br
será discorrida ao longo deste estudo. “Fundamentação teórica”, que
estabelece relação dos argumentos próprios com falas de personalidades
relevantes, embasando assim as teorias aplicadas do decorrer deste artigo,
respaldando assim o mesmo. “vivência do estágio”, utilizado para relatar
procedimentos vivenciados, atividades e observações do decorrer do estágio,
dentre outros.

2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA


Falar sobre violência domestica infantil, ainda é um assunto com
descorçoes limitadas, entretanto esse cenário necessita ser reformulado, pois
quanto mais visibilidade e conhecimento das leis, mais a irradiação de atitudes
contrarias ao bem estar infantil será possível . Desta forma, concordamos com
Brino e Souza (2016):
Em virtude disso, é de extrema importância desmistificar a violência e
quebrar crenças como a de que o lar será sempre um lugar seguro e
protetor para a família, que intrusos não devem violar este espaço
sagrado e nem se meter nos problemas familiares. No entanto, na
grande maioria das vezes os agressores fazem parte deste lar
sagrado, e para as vítimas estar em casa é similar a uma tortura, é
vivenciar a dor e o medo. (p.1253).

Conhecer sobre o assunto é o passo primordial para se identificar se a


criança está ou não sofrendo de violência em casa. Pois para algumas pessoas
só pode ser tratado como tal se houver algum tipo de agressão física. Toda via
sabemos que não se restringe a isso. Segundo Azevedo a violência doméstica
pode ser definida como:

todo ato ou omissão, praticado por pais, parentes ou responsáveis


contra crianças e/ou adolescentes que, sendo capaz de causar dano
físico, sexual e/ou psicológico à vítima, implica numa transgressão do
poder/dever de proteção do adulto e, por outro lado, numa
coisificação da infância, isto é, numa negação do direito que crianças
e adolescentes têm de ser tratados como sujeitos e pessoas em
condição peculiar de desenvolvimento (AZEVEDO E GUERRA, 2001,
p.33).

Existe uma relação muito grande entre escola e sociedade que abrange
diversas áreas. E uma delas são os casos de violência contra as crianças,
aparentemente se pressupõe que cuidar dessas situações são somente
responsabilidade das autoridades e membros da família. Todavia a instituição
escolar também é fundamental no processo, principalmente na fase observar
os comportamentos dos alunos, e buscar evidencias que apontem para uma
possível agressão.

Segundo a organização de desenvolvimento social Geralmente, os


educadores e cuidadores de creche são os responsáveis por denunciar esses
casos anonimamente no ‘Disque 100’ ou nos Conselhos Tutelares. As
denúncias são em sua maioria de negligência, além dos casos de violência
física, psicológica e sexual.

Conforme os dados do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos


Humanos, foram 26.416 denúncias no número de denúncia, entre março e
junho. No mesmo período do ano passado, foram 29,965.

Dados de 2019, divulgados pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)


em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Ministério da
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, mostram que, diariamente, são
notificadas no Brasil uma média de 233 agressões de diferentes tipos (física,
psicológica e tortura) contra crianças e adolescentes com idade até 19 anos.

Muraro (2008) nos diz que as conversas com os pais e responsáveis é


muito importante, porém é necessário que os profissionais tenham uma escuta
acolhedora, que haja negociação, tendo um diálogo aberto e honesto. Construir
juntamente com a família, alternativas de mudanças, para que ela encontre
reais possibilidades de introduzir novas formas de relacionamento e de
educação. Dessa forma, as escolas e seus profissionais precisam estar
atentos, tendo em vista sua responsabilidade como instituição protetora dos
direitos de crianças, proporcionando um ambiente com escuta acolhedora e
compreensiva.

O educador enquanto mediador entre aluno e família, por conta dos


conhecimentos sobre a criança adquiridos derivados da convivência em sala de
aula pode mais facilmente identificar se estiver acontecendo algo de errado.
Dessa forma, é importante que o professor esteja atento para tais situações:

Mas, a maioria dos educadores percebe o que está acontecendo,


mas não sabe como proceder, agindo, muitas vezes, de modo
inadequado. Ainda, sente-se impotente ou não consegue identificar
as crianças que sofrem ou sofreram algum tipo de violência, em razão
do número elevado de alunos em sala de aula, não conseguindo dar
atenção necessária para detectar situações que demonstrem que a
criança está em situação de violência (ARAÚJO et al, 2014, p. 130).

Por conta disto, uma das soluções é a capacitação adequada, pois um


profissional com conhecimento suficiente do assunto, sabendo qual a postura
adequada e os direitos das crianças e adolescente, tende a administrar com
mais eficácia a situação.

Este preparo pode ser alcançado por meio de cursos de capacitação


na problemática da violência, que podem ser oferecidos pelas
secretarias de educação em parceria com pesquisadores das
universidades que se dedicam ao estudo desse fenômeno. O professor
é fundamental na medida em que é ele que está em maior contato com
o aluno e deve ser capaz de identificar comportamentos e indícios de
violação dos direitos. Não se está responsabilizando os professores
pela identificação e enfrentamento das situações de violação dos
direitos da criança e do adolescente, visto que é preciso que todos na
rede de atendimento devem estar atuando nessa problemática. Ao
conhecer com propriedade os direitos das crianças, a escola poderá,
inclusive, reivindicar a atuação dos demais órgãos responsáveis e
contribuir efetivamente para a garantia dos direitos da criança e do
adolescente (SIQUEIRA et al, 2012, p. 377)

É no seio familiar que o caráter normalmente é moldado, e o vivido em


casa reflete em comportamentos semelhantes em qualquer outro ambiente,
então se uma crianças recebe estímulos negativos, ela os imita muita vezes até
involuntariamente. Acreditamos que se a criança, ainda em sua infância,
presencia ou sofre violência, principalmente aquela dentro de seu ambiente
familiar, isso colabora para toda uma trajetória de vida corrompida:

As consequências da violência doméstica podem ser muito sérias,


pois crianças e adolescentes aprendem com cada situação que
vivenciam, seu psicológico condicionado pelo social e o primeiro
grupo social que a criança e adolescente tem contato é a família. O
meio familiar ainda é considerado um espaço privilegiado para o
desenvolvimento físico, mental e psicológico de seus membros um
lugar “sagrado” e desprovido de conflitos. (ROSAS; CIOONEK, 2006,
p.10)

Sofrer qualquer modo de agressão deixa sequelas, independentemente


da idade, e trazendo para o olhar infantil pedisse maximizar as consequências,
prejudicando diversas áreas da sua vida e gerando um traço de personalidade
revolto. Sobre isso, Shnit (2002, p. 143) aponta que:
Muitos estudos demostram que as crianças expostas à punição física
tornam-se mais violentas; seu funcionamento comportamental e
desempenho de aprendizagem são prejudicados e elas sofrem de
baixa autoestima. Além disso, existem descobertas que indicam que
crianças que vivenciam a violência oriunda de seus pais desenvolvem
distúrbios de personalidade caracterizados por comportamento
destrutivo em relação a si mesmo e a outros.

Como dito a personalidade da criança pode mudar se estiver sofrendo


violência domestica, esse é o ponto mais visível, que desperta um olhar mais
cautelosos dos profissionais da escola em que o aluno estuda. Contudo em
alguns casos, apenas notar uma diferença no comportamento do estudante
não se torna suficiente, pois por conta de ameaças e medo a criança se nega a
admitir e acaba até repassando uma historio ilusória para encobrir os fatos.
Concordamos com Garbin et al (2012) que “o diagnóstico dos maus-tratos na
infância é difícil; as crianças tendem a esconder a real causa das lesões, quer
por medo, quer por afeto, uma vez que os agressores geralmente são os pais
ou responsáveis” (GARBIN, et al, 2012, p. 109).

É preciso que a equipe escolar tenha consciência de que sempre


poderá ajudar diante da suspeita ou de caso confirmado de
maustratos contra uma criança ou um adolescente. No entanto, os
profissionais envolvidos precisam estar seguros antes de tomar
qualquer atitude. Ou seja, ao suspeitar ou descobrir que uma criança
está sendo abusada, o caso não deve se tornar uma emergência a se
resolvida imediatamente, sem planejamento adequado (LYRA,
CONSTANTINO & FERREIRA, 2010, p. 166).

Os docentes precisam estar capacitados e amparados pelo gestor e


demais profissionais da instituição, e em caso de quaisquer suspeita, não
hesitar em intervir. Pois o bem estar infantil faz parte dos direitos das crianças
e a escola deve cooperar para que isso realmente aconteça.

3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO

O período de observação durou seis dias, e foram divididos para 3


profissionais diferentes . Durante esse período, chegava à escola e já me
dirigia a secretária, sempre anotando tudo que acreditava ser interessante e
proveitoso, no final do dia juntava todas essas informações e as resumia em
relatórios diários.
Durante o período das entrevistas, pedia para o profissional, fosse ele o
Gestora, Orientadora pedagógico ou coordenadora, que me cedessem um
pouco do seu tempo e respondesse algumas perguntas.

Um ponto que gostaria de ressaltar, é o fato de ter me deparado com


uma realidade distinta da que tive nos demais estágios. Dessa vez atuei em
uma escola publica diferente das outras que estagiei em escolas da rede
particular. As diferenças foram evidentes, em muito se distingue de uma
privada, desde a estrutura, participação familiar, alimentação e até mesmo a
mentalidade dos estudantes.

4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO (CONSIDERAÇÕES FINAIS)

Estagiar é uma parte imprescindível na vida de qualquer profissional, e


na pedagogia não é diferente. É durante essa vivencia que se emerge
verdadeiramente no que é ser um pedagogo.

Resumidamente poderia descrever o estágio em acompanhar a rotina


dos alunos, viver na pratica como exercer a função de gestor,coordenador, e
orientador pedagógico, observar e aprender de profissionais com experiências
e conhecimentos valiosos.

Mesmo ás teorias sendo de suma importância no processo de formação


do pedagogo, é preciso admitir que a parte prática habilita o acadêmico para o
que virá pela frente em sua jornada como profissional da educação.Em
concordância com as falas de FÁVERO, (1992) Não é apenas frequentando um
curso de graduação que uma pessoa se torna profissional. É, principalmente,
envolvendo-se intensamente como construtor de uma práxis que o profissional
se forma (FÁVERO, 1992).

Para se concluir o presente artigo é possível afirmar que sim, o estágio


teve seus objetivos alcançados e foi de suma importância para evolução
acadêmica e que o ganho de aprendizados adquiridos durante o estágio serão
levados por toda uma vida.
REFERÊNCIAS

ARAÚJO et al. Espaço escolar: O professor frente à problemática da


criança em situação de violência. Revista Soc. Bras. Enferm. Ped. v 14, nº2,
p 129-37. 2014. Disponível em: Acesso em: 01 ago 2018.

BRINO, Rachel Faria; SOUZA, Mayra Aparecida de Oliveira. Concepções


sobre Violência Intrafamiliar na Área Educacional. Educ. Real. Porto Alegre,
v.41, n. 4, p. 1251-1273, Dez. 2016. Disponível em: . Acesso em: 28 Mai 2018.

FÁVERO, Leonor Lopes. A Dissertação. São Paulo: USP/VITAE, 1992. 104 p

GARBIN, S. A; et al. A violência familiar sofrida na infância: uma


investigação com adolescentes. Psicologia em Revista, nº 01, vol. 18. Belo
Horizonte, 2012.

LYRA, G. F. CONSTANTINO, P. & FERREIRA, A. L. Quando a Violência


Familiar Chega até a Escola. In: Assis, S. G. & Constantino, P. Impactos da
Violência na Escola Rio de Janeiro: Ministério da Educação: Editora FIOCRUZ.
2010.

MURARO, H.M.S. (Org.). Protocolo da Rede de Proteção à Criança e ao


Adolescente em Situação de Risco para Violência. 3. Ed. Curitiba:
Secretaria Municipal de Saúde, (2008).

SIQUEIRA et al. Enfrentando a violência: a percepção de profissionais da


educação sobre a violação dos direitos de crianças e adolescentes.
Educação, Santa Maria, UFSM v. 37, n. 2, p. 365-380, maio/ago. 2012.

SHNIT, D. WESTPHAL, Marcia Faria (Org.). Violência e Criança Proteção de


Crianças contra a Violência: Aspectos Legais. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo (2002).

ROSAS, F.K; CIONEK, M.I.G. O Impacto da Violência Doméstica Contra


Crianças e Adolescentes na Vida e na Aprendizagem. Conhecimento
Interativo, São Jose dos Pinhais, PR v. 2, n.1, p. 10-15, Jan/Jun. (2006).
ANEXO
REGISTRO DE FREQUÊNCIA

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