Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A reflexividade da vida social moderna consiste no fato de que as práticas sociais são
constantemente examinadas e reformadas à luz de informação renovada sobre estas próprias
práticas, alterando assim constitutivamente seu caráter. Temos que elucidar a natureza deste
fenômeno. Todas as formas de vida social são parcialmente constituídas pelo conhecimento que
os atores têm delas. (GIDDENS, A.)
Discutimos nos módulos anteriores que a sociedade moderna surge a partir dos ideais
cientificistas e iluministas fundamentados na razão e no homem como protagonista do
seu destino. Posteriormente estudamos que a pós-modernidade, ou modernidade tardia
como Giddens define, se tratava de uma sociedade que passa por transformações
constantes e muito rápidas. Uma sociedade onde as certezas e os valores sociais estão
fragmentados, instáveis, seja em razão da diversidade do mundo social ou em relação à
complexidade do conhecimento científico, que abandona a explicação linear de causa e
efeito.
Marx identificou que na sociedade capitalista tudo se transforma em mercadoria para ser
vendida ou comprada, desde o trabalho até a produção industrial. Não perdemos essa
característica no mundo atual, porém essa dinâmica adquire uma característica
acentuada na sociedade da informação. A informação possui valor porque a partir dela
se organiza a produção e organizamos a sua comercialização. Ao falarmos de
conhecimento e teorias científicas, falamos de uma dimensão do mundo social que está
intimamente relacionada à realidade.
Segundo Giddens:
Como viemos discutindo no curso, essa percepção sociológica do mundo nos permite
compreender os movimentos fundamentalista e extremistas, uma vez que eles buscam
na crítica a ciência e na resposta do passado uma certeza para defender uma plataforma
política. A desconfiança em relação ao conhecimento científico ou a insegurança sobre
como devemos viver os relacionamentos afetivos, a vida profissional e familiar faz com
que busquemos no passado um porto seguro, uma terra firme.
Saiba Mais
Nessa realidade virtual e veloz, não consolidamos relações profundas e nos adaptamos
constantemente à mudança.
Bauman usa a analogia de um lago congelado por uma fina camada de gelo. Para um
patinador poder deslizar sem que o peso force o gelo a se romper, ele precisa correr.
Quanto maior a velocidade do patinador menos pressão sobre o gelo ele realiza e
consegue percorrer o trajeto. A demanda por produtividade, por qualificação
profissional, por compromissos sociais alimenta uma velocidade frenética na vida
contemporânea.
Na sua perspectiva, a tecnologia permite o controle da vida, mas não pode ser
controlada pelo Estado., assim como a livre circulação do capital não pode ser regulada
pelo poder político. Os governos tentam regular a economia ou o comportamento social.
Os Estados possuem alguma capacidade de tributar ou legislar sobre esses temas, mas as
dinâmicas sociais e de mercado são mais rápidas. Podemos ver isso quando durante o
século XX tivemos a instituição do divórcio, do casamento homoafetivo, a emancipação
da mulher e outras demandas que forçaram a mudança na legislação ou na
jurisprudência. Os Estados cobram impostos das atividades econômicas, mas a depender
das taxas as empresas podem migrar para outros países.
Essa realidade traz para o serviço social novas expressões da questão social. A mudança
da organização econômica, volatilidade dos valores sociais e instabilidade das relações
sociais afetam a vida das pessoas que são afetadas por essa realidade, mas elas não têm
consciência disso e, por consequência, não dominam a própria vida. Como se vivessem
fluindo nesse sistema sem ter autocontrole.
Saiba Mais
Zygmunt Bauman nos apresenta no vídeo abaixo, a sua visão sobre o mundo
globalizado e tecnológico que ele denominou de modernidade líquida. A sociologia é
uma ferramenta que nos permite ver além dos fatos sociais, buscando as lógicas do
mundo social. Essa percepção do mundo nos permite entender em que contexto estamos
inseridos, as oportunidades e os desafios que teremos de enfrentar e como os impactos
dessas dinâmicas sociais estarão presentes no cotidiano profissional
Pós-modernidade, cultura e identidade
A cultura é uma construção humana e ao mesmo tempo nos identificamos com ela.
Reflete as práticas sociais, crenças, valores do grupo social no qual o indivíduo se
identifica. Na pós-modernidade a produção e circulação de cultura permite a difusão da
diversidade cultural quando os indivíduos resgatam suas origens ou se reconhecem nos
movimentos sociais ou nas características e modos de vida de um grupo ou das tribos
modernas que conhecemos.
Enquanto construção humana, ela é o resultado do seu tempo e do seu espaço. Então, se
nascemos no ocidente, provavelmente, nossas crenças e valores estarão associados à
cultura ocidental. Somos herdeiros de uma cultura machista, racista e preconceituosa do
mundo. Muitas crenças e valores que, no passado, nem passavam pela cabeça das
pessoas, hoje, são aceitas. A dissolução do matrimônio era uma realidade que não
passava na cabeça das pessoas em razão da sua importância na religião. As mulheres
passaram a questionar essa situação e começaram a lutar pelo direito de divórcio.
Certamente, enfrentaram muitas críticas, mas hoje é algo comum na sociedade.
Nesse contexto, a construção da identidade moderna pode ser feita através de colagens e
da justaposição de histórias, notícias ou material que o sujeito tenha acesso ao longo da
vida. O fato de ser inglês, homem ou mulher tinha um significado no passado, mas,
atualmente, esse significado pode ser produzido por pedaços de história. Em outras
palavras, ser mulher pode significar ser uma pessoa forte, ao mesmo tempo meiga,
politizada, religiosa, em uma combinação infinita de adjetivos.
Estabelecendo uma relação da matéria com o serviço social, podemos pensar que o
público atendido provém de diferentes realidades, são influenciados por diferentes
informações. Os movimentos sociais podem ajudar a estabelecer redes de
relacionamento que empoderam seus participantes. O indivíduo pode encontrar nos
diferentes grupos sociais, as respostas que melhor atendem às suas angústias. Além
disso, devemos entender que uma sociedade democrática precisa ser capaz de conviver
com a diversidade.
A questão identitária é cada vez mais relevante no mundo hoje. Identificar-se com um
grupo do ponto de vista do gênero, origem ética ou pelo estilo de vida parece ser
necessário para a busca da felicidade enquanto indivíduo. Além disso, pertencer a um
grupo permite a inserção em um ambiente de proteção onde se encontra pessoas iguais.
A pós-modernidade permite a convivência da diversidade ainda que se encontre
resistências tanto pessoais quanto sociais. Possui, também, uma relevância política na
busca da afirmação de políticas inclusivas para os diversos segmentos sociais. Você
encontra mais informações sobre o assunto no livro A Sociologia de Anthony Giddens,
de Jean Nizet, nas páginas 100 e 101.
Marx oferece uma explicação sobre a sociedade capitalista e sua organização, mas sua
preocupação se concentra na mudança. Ele quer entender a mudança. Mais do que isso,
ele quer promover essa mudança, essa revolução. Por isso, sua teoria se concentra nos
conflitos sociais que surgem das contradições do capitalismo. Nessa perspectiva, ele
também parte de um todo social para compreender o comportamento social, o sujeito.
Isso se deve ao fato de que crença na ciência como verdade absoluta foi questionada.
Giddens diz que grande parte desse questionamento surgiu depois da Segunda Grande
Guerra Mundial, quando a ciência não foi usada para a construção de um mundo
melhor, mas para sua destruição com o uso da bomba atômica. Existe uma dimensão
ética e política que pode comprometer tanto o resultado da pesquisa quanto o uso do
conhecimento produzido.
Essa crítica sobre uma verdade absoluta permite uma abertura sobre padrões de
sociedade e de estilo de vida. Surge a questão da diversidade em relação ao gênero, à
raça e à definição de família. O conceito de certo e errado que, no passado, era definido
pela religião, e, depois, pela ciência, hoje, encontra-se fragmentado.
Isso não é um problema para a sociologia ou para a sociedade em si. Porque isso seria
um julgamento de valor que compete ao mundo político e ao indivíduo decidir. O que se
vê de fato é uma pluralidade de realidades, uma pluralidade de culturas, uma pluralidade
de sentimentos, preferências e estilos de vida. Nesse contexto, os movimentos sociais
encontram espaço para crescer e se consolidar como agentes legítimos na sociedade.
Grande parte dessa diversidade é proporcionada pelo próprio avanço tecnológico, tanto
no campo da produção, quanto na informação.
No passado, o lema do fordismo era: “todo mundo tem direito a ter um carro desde que
na cor preta e no modelo T”. Em outras palavras, faça o que quiser, mas não fuja do
padrão.
Para Giddens, ainda que o mundo atual seja bem diferente daquele que deu origem à
sociedade moderna, ainda operamos em última instância dentro dos padrões da
modernidade. Se o capitalismo, hoje, não se resume às relações de produção na fábrica,
ou está concentrado em uma classe ou país, ainda assim estamos dentro dos contornos
de uma sociedade científica e capitalista. Para ele, nós podemos falar em pós-
modernidade, mas ela não se resumiria a essa crítica dos valores sociais, veremos esse
ponto ao longo do nosso estudo.
Queremos chamar atenção aqui para essa compreensão sobre a diferença entre
modernidade, pós-modernidade e pós-colonialismo, pois, cada vez mais, esse debate
teórico está no cotidiano.
A análise sociológica requer a compreensão das mudanças que ocorrem nas sociedades
humanas. Essas mudanças ocorrem somente na organização política e econômica, ela
afeta a vida das pessoas, as práticas sociais do cotidiano. Envolvem a história das ideias
do pensamento humano. A identificação de continuidades e mudanças é importante para
entender o contexto em que vivemos. Leia da página 11 a 14 do livro Cultura e pós-
modernidade, de Talita Nascimento, para podermos complementar a compreensão das
mudanças que caracterizam nosso tempo.
A ideia de modernidade, na sua forma mais ambiciosa, foi a afirmação de que o homem
é o que ele faz, e que, portanto, deve existir uma correspondência cada vez mais estreita
entre a produção, tornada mais eficaz pela ciência, a tecnologia ou a administração, a
organização da sociedade, regulada pela lei e a vida pessoal, animada pelo interesse,
mas também pela vontade de se liberar de todas as opressões. Sobre o que repousa essa
correspondência de uma cultura científica, de uma sociedade ordenada e de indivíduos
livres, senão sobre o triunfo da razão? Somente ela estabelece uma correspondência
entre a ação humana e a ordem do mundo, o que já buscavam pensadores religiosos,
mas que foram paralisados pelo finalismo próprio às religiões monoteístas baseadas
numa revelação. É a razão que anima a ciência e suas aplicações; é ela também que
comanda a adaptação da vida social às necessidades individuais ou coletivas; é ela,
finalmente, que substitui a arbitrariedade e a violência pelo Estado de direito e pelo
mercado. A humanidade, agindo segundo suas leis, avança simultaneamente em direção
à abundância, à liberdade e à felicidade. (ALAIN TOURAINE)
A tradição está vinculada a uma forma de estar no mundo dada pela superstição. Um
pensamento mágico no qual o indivíduo deve se adaptar porque se explica no costume
ou na religião. Nesse sentido, o comportamento humano seguirá rituais predefinidos que
são importantes na preservação de uma memória comum e de verdades compartilhadas
por uma comunidade.
A modernidade quebra com essa tradição, mas ao mesmo tempo constrói novas
tradições e novas metanarrativas. A ciência é colocada como único conhecimento
verdadeiro sobre o mundo e o cientista como o guardião e o produtor desse
conhecimento. Uma nova crença se coloca sobre as crenças anteriores, acreditando que
a razão humana bastaria para definir a ética e os valores da modernidade.
As tradições do passado que envolviam o rei, o sacerdote ou uma figura de poder, bem
como os cerimoniais religiosos ou políticos são reinventados. A formatura na escola, a
nomeação de um funcionário público ou um simples procedimento de identificação
pessoal são novas práticas sociais, necessárias em uma sociedade de massa quando
precisamos reconhecer quem é a autoridade ou qual sua qualificação.
A sociedade, ao contrário, pode ser composta por várias comunidades e pessoas que se
relacionam entre si de maneira mais impessoal e formal. Ela abrange vários espaços
geográficos e é utilizada para representar, de forma mais abstrata, o interesse de todos
que fazem parte dela. As relações sociais entre as pessoas e as comunidades são
mediadas pelas instituições sociais e políticas. Por exemplo, na escola, recebemos
pessoas de diferentes lugares, e sua organização permite a convivência delas de acordo
com suas regras.
Essa ideia de liberdade é extraordinária, porém ela significa que estamos sozinhos. Que
dificilmente podemos contar com o apoio da comunidade. Podemos ter o suporte de
políticas sociais, mas eles não suprem todas as necessidades. A família pode ser esse
espaço de acolhimento, mas não de proteção integral. Quando olhamos para o passado,
o filho seguia a profissão do pai e o seu lugar no mundo estava estabelecido. Não existe
esse compromisso do indivíduo com a família, assim como a família é composta por
outros indivíduos comprometidos com suas respectivas vidas. Certamente, existe um
senso comunitário na família, mas ela própria vem se modificando no mundo
contemporâneo.
Segundo Zigmunt Bauman, vivemos em uma modernidade líquida, na qual tudo muda e
se dissolve muito rapidamente. Conforme a sociedade se globaliza e as relações afetivo-
sociais se virtualizam por meio das redes sociais, os padrões éticos e morais são
dissolvidos e mudam de uma hora para outra. Em outras palavras, os comportamentos
que eram aceitáveis até um momento se tornam politicamente incorretos em outro.
Vemos, ainda, as pessoas escolhendo ou justificando seus comportamentos a partir das
suas crenças e preferências; o autor equipara esse fato às vontade de um consumidor,
alguém que consome pessoas, relacionamentos e valores sociais sem conseguir
consolidar parâmetros suficientemente sólidos para orientar a sociedade.
Na Idade Média, ou na Antiguidade Clássica, viveríamos uma vida inteira sem qualquer
mudança. Muitos sequer saiam da sua vila ou do seu feudo. A guerra, talvez, fosse um
dos eventos mais radicais no período. Mesmo assim, por exemplo, os romanos se
limitavam a cobrar impostos das regiões conquistadas sem interferir na religião ou nos
costumes dos povos dominados.
A segunda dimensão dessa descontinuidade está na sua abrangência, no seu escopo. Ela
não atinge apenas um país, ou uma geração, mas todos os países e povos. O
desenvolvimento tecnológico e a globalização diminuíram as distancias geográficas.
Isso configurou o que a sociologia chamou de produção flexível, de capitalismo
flexível.
Grande parte do desenvolvimento que vemos na China reflete essa realidade. Produzir
lá é mais barato e transportar a mercadoria de lá para outros países não é difícil e caro.
A divisão internacional do trabalho reorganiza a relação entre os países. Empresas como
Amazon, Aliexpress são exemplos de como comprar, vender e produzir adquirem uma
dimensão mundial. O grande capital circula pelos países buscando a melhor forma de
reduzir custos e aumentar lucros. Isso afeta os países e as pessoas.
Quando nos deparamos com o trabalhador que busca a assistência social ou quando
estamos em uma comunidade carente, percebemos os impactos que essas mudanças
acarretam à vida das pessoas. As estratégias de enfrentamento da questão social se
tornam um desafio maior que nos obriga a entender cada vez mais essa realidade e criar
estratégias de intervenção mais poderosas. Um grande desafio!
A simples constatação de que a vida, hoje, passa muito mais rapidamente do que no
passado, parece uma observação menos importante. Porém, nesse intervalo, observamos
uma mudança significativa nas profissões, no conhecimento humano, nos valores
sociais, no comportamento entre tantos aspectos da vida moderna. Para Giddens, essa é
uma forma de perceber as descontinuidades entre a vida nas sociedades pré-modernas e
na modernidade tardia. Podemos compreender seu pensamento por meio da leitura do
artigo de Antonio Ozai da Silva, na página 3.
Saiba Mais
Nesse contexto, o tempo é controlado pelo homem que determina quando devemos
fazer algo ou quando podemos descansar. Na medida em que o mundo se globaliza,
cada vez mais há uma necessidade de articular os horários entre os diferentes países
(espaço). Cada vez mais a sociedade funciona num único ritmo ditado pelo capital. O
Natal, as datas comemorativas implicam na mobilização da indústria para o consumo
que é impulsionado pela mídia gerando uma percepção de urgência. Nossas vidas ficam
mais corridas para conseguir fazer tudo dentro desse tempo e não trabalhamos para um
espaço específico porque a produção pode estar sendo vendida em qualquer lugar.
O desencaixe entre espaço e tempo é tão grande que não precisamos estar presentes.
Giddens chama de tempo de “ausência”. Imagine um curso on line que você faça de
qualquer lugar, em qualquer tempo. Quem ensina não está ali e ao mesmo tempo você
precisa fazer o curso porque é a forma de entrar ou se manter no mercado de trabalho. O
mundo cada vez mais virtual amplia essa desconexão entre produção e consumo em um
espaço cada vez mais vazio.
Saiba Mais
A teoria sociológica de Giddens nos permite entender a dinâmica entre a estrutural
social e o comportamento do indivíduo. Se conseguimos entender a dinâmica entre o
indivíduo e a sociedade, podemos identificar os elementos que poderemos fazer uso se
quisermos uma intervenção social efetiva. Podemos identificar como o indivíduo
interage com a estrutura social para provocarmos um estímulo positivo na conduta das
pessoas assistindo o vídeo abaixo:
Existe uma cópia da Estátua da Liberdade em frente ao New York City Center, um
shopping no Rio de Janeiro. Essa, talvez, seja uma imagem de como as coisas, a
imagem, o tempo sai do lugar, se desloca para outras regiões e cria novas formas de
identidade. Isso porque algumas pessoas, ao passar no local, se identificam com o estilo
americano de ser, assim como outros, sendo ocidentais, se identificam com uma religião
oriental.
Giddens explica como essa dinâmica de desencaixe e encaixe ocorre através do sistema
de fichas simbólicas e dos sistemas peritos. Nas suas palavras:
O dinheiro produz, também, um desencaixe em relação ao próprio valor que ele possui,
como vimos em Marx. Compramos uma mercadoria por um determinado valor e este
não tem relação com o tempo trabalhado, custo de produção ou outro critério qualquer.
A marca, o marketing, vai além da necessidade e induz a compra por um valor sem
nenhuma conexão com o mundo real. O valor é o valor percebido pelo consumidor.
Quanto ele está disposto ou foi convencido a pagar.
O assistente social se depara no seu cotidiano com histórias de vidas onde essas
“doenças”, como depressão, violência doméstica e síndrome de pânico ocorrem com
frequência. Ele se depara com pessoas que possuem dificuldade de socialização.
Pessoas com dificuldade de se localizarem na vida, na profissão, nas relações afetivas e,
muitas vezes, isso ocorre porque, ao começarem a estudar ou se relacionar com alguém,
o mundo muda, e a pessoa tem de começar tudo de novo. Essa fluidez é o que Bauman
chama de modernidade líquida. Sempre que achamos que estamos em terra firme, algo
vira lama, e a sensação é de que vamos afundar. A existência de políticas públicas e
redes de proteção social podem ser um apoio importante no empoderamento e na
construção de estratégias de enfrentamento dessas questões.
Fique por dentro
Em outras palavras, a família de ontem, não é a mesma de hoje, assim como a forma
como nos relacionamos com os membros dela. Compreender essa descontinuidade
significa compreender a diferença das sociedades pré-modernas da sociedade moderna.
Desencaixar a família, na forma como ela se estruturava 2000 anos atrás, e entender
como ela se encaixa hoje é o objetivo de Giddens. Podemos estudar um pouco mais os
conceitos de Giddens sobre encaixe e desencaixe no artigo de Antonio Ozai da Silva,
entre as páginas 3 e 5.
Saiba Mais
A partir dessa visão global, podemos pensar a situação particular, ao passo que nossa
intervenção local impacta no contexto global no qual ela está situada. Obviamente,
existe um limite entre a conservação e a mudança de uma ordem social. E para nos
ajudar a compreender melhor sobre, assista ao vídeo abaixo sobre Globalization and
Communication.
Sistemas peritos e o reordenamento social na modernidade tardia
Como pudemos ver, para o autor, grande parte da vida no mundo contemporâneo existe
por causa dos sistemas peritos. Sistemas que nos ajudam a interagir com situações bem
complexas, apesar de aparentemente serem simples. Diz ele que o simples ato de morar
em uma casa requer que confiemos em um conjunto de sistemas peritos como os
arquitetos, engenheiro, eletricista e outros serviços que me fazem confiar que aquele
espaço está seguro para uso.
Giddens argumentar que confiamos nos sistemas peritos mesmo que nós não tenhamos
conhecimento suficiente. Isso significa que precisamos ter “fé” nele. Porém, a “fé” não
está propriamente na pessoa, mas no conhecimento produzido no sistema. Nós
acreditamos que o cotidiano do hospital ou do aeroporto seguem uma rotina que vai
além do profissional que está nos atendendo. E, a nossa experiência com tratamentos
médicos reafirma nossa “fé” no sistema.
Outro aspecto dos sistemas peritos é a sua natureza. O conhecimento perito é mutável,
quando ele faz novas descobertas e aprimora suas práticas. O conhecimento novo, em
geral, impacta na mudança de comportamento tanto do técnico quando das pessoas
comuns.
Pode parecer um pouco abstrato, porém, as Fake News questionam os sistemas peritos
quando contestam sua legitimidade e o conhecimento produzido. Isso só é possível
quando depositamos mais confiança na pessoa do que no sistema perito; ou quando
acreditamos que uma decisão pode gerar um resultado mágico oposto ao fato científico.