Você está na página 1de 2

Disciplina: Sociologia I

TEXTO DE APOIO
“Este é um material pedagógico organizado por servidor do IFRJ. Seu uso, cópia, edição e/ou divulgação, em
parte ou no todo, por quaisquer meios existentes ou que vierem a ser desenvolvidos, somente poderão ser feitos
mediante autorização expressa de seu autor e do IFRJ. Caso contrário, poderão ser aplicadas as penalidades
legais vigentes”.

Pensar sociologicamente (Anthony Giddens, Sociologia, 5ª edição, F.C. Gulbenkian, Lisboa, 2007, pág. 2.)

A Sociologia é o estudo da vida social humana, grupos e sociedades. É o estudo de


nosso próprio comportamento enquanto seres sociais. A esfera de ação do estudo sociológico
é muito abrangente, podendo ir da análise de encontros casuais entre indivíduos que se
cruzam na rua até à investigação de processos sociais globais [como, por exemplo, as
migrações e as novas tecnologias de comunicação].
A maior parte de nós vê o mundo em termos das características das nossas próprias
vidas, com as quais estamos familiarizados. A Sociologia mostra que é necessário adotar uma
perspectiva mais abrangente do modo como somos e das razões pelas quais agimos. Ensina-
nos que o que consideramos natural, inevitável, bom ou verdadeiro pode não o ser, e que o
que tomamos como 'dado' é fortemente influenciado por forças históricas e sociais.
Compreender as maneiras sutis, complexas e profundas pelas quais nossas vidas individuais
refletem os contextos da nossa experiência social é essencial à perspectiva sociológica.
Aprender a pensar sociologicamente - olhar mais além - significa cultivar a imaginação.
Estudar Sociologia não é um processo rotineiro de acumulação de conhecimentos. Um
sociólogo é alguém capaz de se libertar do quadro das suas circunstâncias pessoais e pensar
as coisas num contexto mais abrangente. O trabalho sociológico depende do que o autor
americano C. Wright Mills, numa frase famosa, denominou de “imaginação sociológica”.

Imaginação sociológica (Richard T. Schaefer, Sociologia, 6ª edição, McGraw-Hill, São Paulo, 2006, pp. 3 e 6.)

Na tentativa de entender o comportamento social, os sociólogos se baseiam em um tipo


incomum de pensamento criativo. Um importante sociólogo, C. Wright Mills, descreve tal
pensamento como a imaginação sociológica – uma consciência da relação entre o indivíduo e
a sociedade mais ampla. Essa consciência permite que todos nós (não apenas os sociólogos)
compreendamos as ligações existentes entre o nosso ambiente social pessoal imediato e o
mundo social impessoal que nos circunda e que colabora para nos moldar. (...)
Um elemento-chave da imaginação sociológica é a capacidade de uma pessoa poder
ver a sua própria sociedade como uma pessoa de fora o faria, em vez de fazê-lo apenas da
perspectiva das experiências pessoais e dos preconceitos culturais. No Brasil, centenas de
milhares de pessoas de todos os níveis sociais vão semanalmente aos estádios torcer por seus
times de futebol e gastam milhares de reais em apostas. Em Bali, Indonésia, dezenas de
espectadores se juntam ao redor de um ringue para apostar em animais bem-treinados que
participam das rinhas de galos. Em ambos os exemplos os espectadores exaltam os méritos
dos seus favoritos e apostam nos melhores resultados das competições que são consideradas
normais em uma parte do mundo, mas pouco comuns em outra.
A imaginação sociológica nos permite ir além das experiências e observações pessoais
para compreender temas públicos de maior amplitude. O divórcio, por exemplo, é um fato
pessoal inquestionavelmente difícil para o marido e para a esposa que se separam. Entretanto,
(...) o uso da imaginação sociológica [permite ver] o divórcio não apenas como problema
pessoal do indivíduo, mas sim como uma preocupação da sociedade. Usando essa
perspectiva, podemos notar que um aumento da taxa de divórcio na verdade redefine uma
instituição fundamental – a família. Os lares hoje com frequência incluem padrastos, madrastas
e meios-irmãos cujos pais se divorciaram e casaram novamente.
A imaginação sociológica é uma ferramenta que nos proporciona poder, olhando além
de uma compreensão limitada do comportamento humano, ver o mundo e as pessoas de uma
forma nova, através de uma lente mais potente que o nosso olhar habitual. Pode ser algo tão
simples como entender por que um colega de quarto prefere música sertaneja ao hip-hop, ou
essa outra forma de olhar as coisas poderá revelar uma maneira completamente diferente de
entender as outras populações do mundo.

Você também pode gostar