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Caderno de Exercícios

SOCIOLOGIA
SOCIOLOGIA 2020/2021

Apresentação Prof.ª Ivanilda Rodrigues

Esta apostila, caro(a) aluno(a), tem a intenção de oferecer-lhe um roteiro didático do conteúdo
principal que desenvolveremos em sala de aula. O texto não deve ser entendido como algo terminado. É
apenas o pontapé inicial para um estudo mais amplo. O aluno poderá modificá-lo e, principalmente,
completá-lo. A pesquisa em outras fontes poderá acrescentar muito, o que, aliás, deverá ser intenção de
todos os alunos; buscar outras fontes bibliográficas para aprofundamento do tema.

Nossa intenção é trazer ao aluno um texto com linguagem de fácil entendimento. A idéia é de
fornecer alguns conceitos gerais, conhecimentos básicos que permitam a busca de outros mais complexos
e possibilitem a consulta de obras mais especializadas e complexas sobre o assunto. Pretende ser uma
motivação à leitura. Por isso, o texto deverá ser utilizado como ponto de partida, nunca como ponto de
chegada. Tal resulta de uma pesquisa a varias fontes, por isso pode ser ser discutido, questionado, talvez,
mudado e ampliado; não pretende estar acabado.

O ensino deve ser feito, obviamente, através das aulas da professora. Porém, a aula, por si só,
representa muito pouco. A aprendizagem é algo mais amplo. O mais importante é o processo que deve
acontecer no aluno que aprende. Existe uma lacuna extensa entre estes actores, que abrange de um lado o
ensino e de outro a aprendizagem.

Como diria Pedro Demo “... aprender significa algo no sujeito histórico, tomado como
indivíduo. Ou seja, o esforço é pessoal e não pode ser substituído por outra pessoa, a não ser secundado,
apoiado, orientado por outra pessoa, a quem chamamos, via de regra, de professor. Seria o caso recordar
aqui a noção proverbial de Sócrates de maiêutica... a maiêutica não só releva a participação importante de
um agente externo ou ambiência social, mas igualmente ou sobretudo o esforço do próprio aluno”.
(DEMO, Pedro, 1998b, p. 49)1

Existe um desejo e necessidade de renovação. Precisamos criar um jeito que motive a cada
aluno construir a sua ciência. No entanto, muitas vezes, é difícil encontrar o caminho ou mesmo vencer os
problemas de ordem prática com que a renovação esbarra. Não se pode pretender que os métodos
tradicionais não tenham mais nada de aproveitável. Tão pouco se pode querer aprendizagem sem algum
esforço. Convém que nos convençamos de que temos uma tarefa a realizar e que devemos contribuir a que
o estudo se torne menos árduo, mais inteligível e, porque não dizer, se torne mais prazeroso.

Para nossa maior segurança convém que nosso estudo renovado se faça por etapas sucessivas. O
primeiro passo, portanto, como dizíamos acima, é a leitura e o entendimento do texto. Vamos a ele.

1
Pedro Demo é PhD em Sociologia e professor na UnB, com diversas obras de Sociologia, Pesquisa e
Educação. Fomos discípulo dele, no verdadeiro sentido da palavra e, além do mais, temos nele uma
referência de professor que sabe orientar com eficiência os seus alunos.

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UNIDADE LETIVA I – SOCIOLOGIA E CONHECIMENTO DA REALIDADE

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TEXTO 1: Como a Sociologia pode ajudar em nossa vida pessoal?

Ao contrário do que muita gente pensa, a Sociologia tem implicações práticas as quais
podem ser instrumentalizadas pelas experiências individuais e sociais de modo tal que sua
compreensão pode ajudar a desenvolver algumas habilidades. O sociólogo Antony Giddens nos
ajuda a pensar em alguns pontos em que a Sociologia, aliada à imaginação sociológica, pode nos
aprimorar como sujeitos. É fato que pensamos a partir da nossa visão de mundo. Portanto, nosso
ponto de vista algumas vezes é passível que equívocos o quais naturalizam certas diferenças
sociais e amplia o preconceito e a intolerância.

A Sociologia pode nos proporcionar uma visão de mundo ampla e ajuda a


entender que nosso “mundo social” não é único. O que existe, na verdade, é um universo social
que é construído socialmente e por meio da Sociologia, temos a possibilidade de conhecer,
compreender e aprender a respeitar as diferenças.  

Giddens, em seu livro “Sociologia”, cita como exemplo “o fato de um assistente social
branco, operando numa comunidade predominante negra jamais ganhará a confiança dos
habitantes se não desenvolver uma sensibilidade às diferenças na experiência social, que amiúde,
separam brancos e negros” (Giddens, 2005, p.27). Além disto, a sociologia auxilia naquilo que
chamamos de exercício de alteridade, habilidade ou competência de se colocar no lugar do outro.
É o que foi apontado por Wright Mills: “Ver o similar como diferente e o diferente como
similar”. Ou ainda, o que DaMatta chama de “transformar o familiar em exótico e o exótico em
familiar”. Por tanto, a principal função da sociologia é proporcionar uma leitura do mundo social
para que o indivíduo possa compreender que vivemos numa teia de relações sociais, jogos de
poder impregnados por elementos simbólicos. Estamos mergulhados em elementos culturais que
carecem de leitura e releituras constantes e a Sociologia nos possibilita compreender tal
realidade, o que nos auxilia a jogar dentro das regras e possibilidades sociais a qual estamos
inseridos.

A Sociologia possibilita o confronto de diversos pontos de vista, proporcionando uma


abordagem crítica da vida social, o que ajuda o indivíduo a fazer conexões de eventos sociais que
viabilizam uma avaliação dos resultados da política. Como diz Bourdieu “Não há uma verdadeira
democracia sem espírito crítico”. Sujeitos mais informados e bem preparados a fazerem uma
leitura da realidade social tornam-se mais aptos a avaliar ações governamentais, por exemplo, que
dizem respeito a todo sistema social e que afeta a sua vida pessoal.

Vivemos numa sociedade em que há um turbilhão de informações. Lidar com o grande


fluxo de dados na “sociedade da informação” não é tarefa fácil. Nossa mente fica mais volátil e
se tais informações não forem relativizadas e passarem por um filtro crítico, as notícias podem
ser meramente reproduzidas e nos deixarão “perdidos” em relação a o que somos e qual nosso
papel na sociedade.

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O pensador Egdar Morin, usa a expressão made self para se referir a uma cegueira do
conhecimento que nos faz tomar para si um raciocínio que já vem pronto. Este equívoco, que é
provocado principalmente pelos meios de comunicação em massa, pode nos levar a termos uma
opinião vinculada a um “pensamento acabado”, de modo tal que as notícias sejam transmitidas de
maneira que já trazem um direcionamento de percepção e opinião.

A Sociologia nos auxilia a fazermos reflexões como sujeitos pertencentes a um mundo


social o qual nos constrói socialmente e ao mesmo tempo é construído por nós. Nos ajuda a
entender quem somos e para onde vamos. 

Esta ciência tem oferecido subsídios para movimentos sociais, grupos de autoajuda e
grupos reivindicatórios, por exemplo, dando-lhes condições para alcançar um entendimento mais
amplo da realidade a qual estão inseridos, podendo igualmente contribuir para as resoluções de
problemas.
Esta ciência social pode nos fazer uma pessoa melhor pelo fato de instigar no indivíduo
a compreensão que a sua história de vida está entrelaçada com a vida de outros indivíduos os
quais são influenciados por fenômenos sociais dentro de uma estrutura social. Tal padrão
condiciona boa parte das escolhas dos indivíduos criando teias sociais que vão “amarando o
indivíduo”. Como diria Weber “é um animal amarrado a teia de significados que ele mesmo
teceu”. Diante disto o indivíduo passa a ter noção das suas limitações e possibilidades, assim
como o que pode ser modificado por ele e o que pode ser transformado pela coletividade. Nesse
sentido, aprende a fazer melhor suas escolhas e tendo consciência das limitações impostas pela
estrutura social buscar caminho para minimiza-las. 
Finalizando, tomamos por exemplo comum: um indivíduo que tem uma visão
influenciada pela Sociologia entenderá que a sua atração pela compra de bens de consumo
oriundos de grifes famosas nada mais é que uma necessidade social que este tem pertencer a um
determinado grupo, grupo este que, por sua vez, tem seu padrão criado pela indústria da moda
que passa a lucrar a partir de uma necessidade canalizada para o consumo. Consciente pode optar
ou não por romper com tal atração. O que está em jogo não é a atração, mas a liberdade de
escolha diante a compreensão da realidade proporcionada pelo conhecimento sociológico.

Roniel Sampaio Silva in cafesociologia.blogspot.com.br

PROPOSTA DE TRABALHO

1 – Defina o conceito de sociologia.

2 – Cite duas características da sociologia dando exemplos.

3 – Partindo do que aprendemos aqui e unindo com o que você já sabia acerca de
sociedade e visões de mundo, discorra expondo suas ponderações.

--- A UNIDADE E A COMPLEXIDADE DO SOCIAL

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TEXTO 2 - A unidade do social

“A economia, a psicologia ou a sociologia distinguem-se, não porque na realidade haja fatos


exclusivamente económicos, psicológicos ou sociológicos, mas porque partem de perspetivas
teóricas distintas e constroem distintos objetos científicos (…).
É capital perceber que o económico, o politico ou simbólico não constituem compartimentos
estanques – são dimensões inerentes a toda a acção social, estão nela profundamente interligadas.
Se designarmos certas formas de conduta por económica, outras por politicas, outras por
simbólicas, não é porque umas sejam na realidade exclusivamente económicas, outras politicas
ou simbólicas – pelo contrario, a acção humana, tomada na sua intrínseca complexidade, é ao
mesmo tempo económico, politico e simbólico (…)”

Augusto Santos Silva e José Madureira Pinto, Metodologias das Ciências Sociais,
Edições Afrontamento, 1989, 3.ªedição.

PROPOSTA DE TRABALHO
1. A partir da leitura do texto 2, demonstra por que razão a realidade social é uma unidade
complexa.

--- Os FENOMENOS SOCIAIS TOTAIS

TEXTO 3 - O conceito de fenómeno social total

“Com o conceito de FST, Marcel Maus estabeleceu dois princípios. Qualquer fato, quer ocorra
em sociedades modernas quer em arcaicas, é sempre complexo e pluridimensional; pode, pois ser
apreendido a partir de ângulos distintos, acentuando cada um destes apenas certas dimensões.
Todo o comportamento remete para e só se torna compreensível dentro de uma totalidade, quer
dizer: constelações compostas de recursos, representações, acções e instituições sociais intervém
nas mais elementares relações entre pessoas.”
Augusto Santos Silva e José Madureira Pinto, op. cit.

Exemplo: O casamento

EXERCICIOS PARA REVISÃO E DISCUSSÃO

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1. Segundo Sedas Nunes (“Questões preliminares sobre as Ciências Sociais”, Editorial
Presença), “… desde Marcel Mauss, a unidade do objeto real das Ciências Sociais começou a
ser reconhecida com base na noção de fenómeno social total”.
1.1 – Indica o “objeto real das Ciências Sociais”.
1.2 – Explica por que motivo se afirma que o objeto real das Ciências Sociais constitui uma
unidade.
1.3 Fala-se muito hoje nessa unidade do social e na exigência do recurso a uma pluralidade de
ciências. Justifica esta afirmação, estabelecendo convenientemente o real significado de
cada uma das expressões destacadas.

2. “Se tomarmos um fenómeno como a emigração, com tantas e importantes repercussões para a
nossa sociedade, podemos ver alguns aspetos que as diversas ciências sociais podem assumir
como seus. Antes de mais, um demógrafo pode avaliar o volume de pessoas que atinge e os
efeitos de despovoamento que produz em determinadas regiões, além do envelhecimento da
população resulta do peso das categorias etárias mais idosas. Um economista pode interessar-
se, entre outros aspetos, pelos das remessas monetárias dos emigrantes e os seus reflexos na
balança de pagamentos ou pelas alterações introduzidas nos mercados de trabalho quer de
origem quer de destino (…). Ao lado do sociólogo, poderá o antropólogo centrar o seu
estudo em pequenas aldeias cuja economia de troca poderá revelar desajustamentos, cujas
relações comunitárias poderão acusar desintegração, etc. O psicólogo poderá desenvolver o
seu interesse pelo estudo do afluxo dos emigrantes aos hospitais psiquiátricos franceses (…).
O historiador, do seu lado, não se contentará com a afirmação corrente de que a emigração é
uma constante da nossa história, mas procurará estabelecer ciclos e a especificidade de cada
um deles”.
Como estudou e pode verificar pelo texto, cada uma das Ciências Sociais (Demografia,
Economia, Psicologia, Antropologia, História, etc.) apresenta uma “visão parcelar” sobre o
fenómeno da “emigração”.
2.1 – Falta no texto, propositadamente, a “visão parcelar” da Sociologia. No entender, quais os
aspetos desse fenómeno que deveriam merecer estudo e interesse por parte só sociólogo?
2.2 – Como verifica, a emigração é um fenómeno que, como muitos outros da realidade social,
tem grandes e importantíssimas repercussões na vida social. Somente depois de conhecidas
todas as “facetas” ou “visões parcelares”, será possível conhecer o fenómeno da emigração
na sua unidade-totalidade.

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Segundo Mauss, que nome dá a estes fenómenos? Explique-os convenientemente segundo
o conceito desse autor.
2.3 – Em face da introdução do referido conceito, levanta-se imediatamente o problema de saber
se as diversas Ciências Sociais são ou não complementares e interdependentes. Como
analisa esta questão?

3. “Não é, pois, suficiente que cada cientista social faça do seu ponto de vista o estudo do
fenómeno e o acrescente aos demais – abordagem pluridisciplinar. Torna-se imprescindível,
ao contrário, que todos eles trabalhem em conjunto desde a definição do fenómeno, passando
pela elaboração das hipóteses de trabalho até à elaboração do relatório final”.
3.1 – Distinga pluridisciplinaridade de interdisciplinaridade e diga se, nas Ciências Sociais, se
verificam ambas as situações.
3.2 – Em que tipo de questões inclui este pequeno texto? Qual é a finalidade desta proposta?
Explicite-a convenientemente.

4. Exprime a tua opinião fundamentada acerca da possibilidade de se considerar a escola um


exemplo de interdependência e pluralidade científica.
5. Distingue objeto real e objeto científico a propósito de um exemplo à tua escolha.
6. Enumera, exemplificando, as principais vantagens da interdisciplinaridade.
7. Simula, em conjunto com os teus colegas da turma, um debate sobre um problema da
atualidade em que cada um represente um cientista social de áreas distintas (sociólogo,
economista, historiador, etc). Regista as conclusões desse debate, dando especial atenção à
diversidade de perspetivas disciplinares que nele emergiram.
8. Com base naquilo que podes observar em tua casa, dá um exemplo de um fenómeno social
total e justifica a tua escolha.

– GÉNESE E OBJETO DA SOCIOLOGIA

TEXTO 4: A origem histórica da Sociologia

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A Revolução Francesa (França, 1789) e a Revolução Industrial (Inglaterra, 1780 a 1860)
são conhecidas como o cenário para o surgimento da Sociologia. A Europa estava sofrendo
grandes mudanças, transformando a vida social da população, dando ênfase no processo de
industrialização e urbanização da sociedade Capitalista que ali se implantava. Foram desfeitos
alguns costumes e tradições, como a família patriarcal, a servidão e o trabalho manufatureiro,
dando início à indústria capitalista.
Com a Revolução Industrial, as localidades devido a um crescimento demográfico
significativo, acabavam por não disponibilizar para seus habitantes uma boa infra-estrutura. Ao
que tange moradias e serviço de saúde, as civilizações deixavam a desejar para aqueles que saiam
do campo e vinham tentar a vida na cidade. Um importante crescimento que houve na época, sob
um ponto de vista, foi na área de técnicas produtivas e na introdução da máquina a vapor, que
proporcionava mais comodidade para os trabalhadores do ramo. Por outro lado, a substituição da
energia humana pela energia motriz, das ferramentas pelas máquinas, bem como a produção
doméstica pelo sistema fabril, trouxe alguns prejuízos para as famílias que começaram a se
encontrar desempregadas. As consequências da rápida industrialização não foram as melhores
possíveis, já que aumentos na criminalidade, alcoolismo, violência, prostituição e surtos de
epidemias de tifo e cólera foram rapidamente constatados. Estas interferências terminaram por
exterminar uma fatia considerável da população.
Já na Revolução Francesa, o objetivo era fazer triunfar os ideais seculares, como
liberdade e igualdade sobre a ordem social tradicional, fazendo com que essas ideias se
espalhassem pelo mundo. A antiga forma de sociedade (Ancien Regime) foi abolida,
promovendo muitas transformações na política, na vida cultural e na economia do país, não
havendo mais as instituições aristocráticas e tradicionais, possibilitando igualdade entre todos os
cidadãos perante a lei. Muitas das explicações baseadas na religião passaram a receber criticas e
serem suplantadas por pensamentos racionais e lógicos, radicalmente mudando do modelo
teocêntrico (Deus) para o antropocêntrico (Homem).

--- Os factos Sociais como objeto de estudo da Sociologia

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TEXTO 5 - O Suicídio como fato social

O suicídio é, antes de mais, um acontecimento humano, um ato pessoal e íntimo. O seu estudo
entra no campo da Psicologia na medida em que o suicídio está ligado à estrutura da
personalidade. Contudo, Durkheim constatou que o suicídio é um facto social ao estabelecer uma
relação entre esse facto e outros. Este constatou que, o suicídio é mais frequente nas pessoas
solteiras do que nas casadas, nos protestantes do que nos católicos, nas sociedades industriais
modernas do que nas sociedades tradicionais, em períodos de crise politica, económica, etc. deste
modo Durkheim que existem forças sociais externas aos indivíduos que influenciam as taxas de
suicídio, principalmente o grau de integração do indivíduo na sociedade
Segundo Durkheim há três tipos de suicídio, o suicídio egoísta, o suicídio anomico e, por fim, o
suicídio altruísta.
Suicídio egoísta: O suicídio será tando mais frequente, quando menor for o grau de integração
nos grupos sociais (família, politica e religião). O egoísmo: É um estado onde os laços entre o
indivíduo e os outros na sociedade são fracos. Uma vez que o indivíduo está fracamente ligado à
sociedade, para ele, terminar a sua vida terá pouco impacto no resto da sociedade.
Suicídio anómico: O suicídio será tanto mais frequente, quanto menores forem as estruturas de
integração social, como é o caso dos centros urbanos mais industrializados (em relação aos
centros rurais). A anomia: É um estado onde existe uma fraca regulação social entre as normas da
sociedade e o indivíduo, mais frequentemente trazidas por mudanças dramáticas nas
circunstancias económicas e/ou sociais. Uma vez que o indivíduo não se identifica com as
normas da sociedade, o suicídio passa a ser uma alternativa de escape.
Suicídio altruísta: O suicídio será tanto mais frequente, nos casos de transgressão às normas,
quanto maior for o grau de integração social, como é o caso das sociedades tradicionais (em
relação às modernas). O altruísmo: É o oposto do egoísmo, onde o individuo esta extremamente
ligado à sociedade, de forma que não tem vida própria. Acredita que a sua morte pode trazer uma
espécie de benefício para a sociedade.

PROPOSTA DE TRABALHO

1. Faz uma pesquisa na Internet sobre Émile Durkheim e redige uma breve biografia deste
sociólogo, bem como, as principiais características das suas linhas teóricas de intervenção

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referenciado o contributo dado à Sociologia. No final, reflete sobre se este seria um
procedimento que Durkheim adoptaria para estudar um fato social. Concordas com a posição
teórica deste autor.
2. Explica em que medida o suicídio pode ser considerado um fato social. Discute as tuas
reflexões com um/a colega.
3. Comenta a seguinte frase: “O homem, enquanto ser social, é um sujeito activo e dotado de
relativa autonomia, e não um sujeito passivo que se limita a reproduzir esquemas adquiridos.”
4. A partir da leitura de uma fonte a tua escolha, elabora uma pesquisa do fenómeno suicídio nas
sociedades contemporâneas. Em seguida, e após dividir a análise com um/a colega, cada um
ira debater esse assunto as perspectivas sociológicas de Durkheim e de Weber. Com qual dos
autores o grupo mais se identifica. Argumenta convenientemente.

EXERCICIOS PARA REVISÃO E PESQUISA

1.”A palavra Sociologia foi empregada pela primeira vez por Augusto Compte, em
1839. O seu primeiro curso intitulava-se “Física Social”. Mas o livro de Quetelet, que
apareceu ao mesmo tempo, trazia igualmente esse titulo, o que levou Augusto Compte a
alterar o seu. W o novo termo “Sociologia” prevaleceu”.

(Pol Virton, Os Dinamismos Sociais, Moraes Editores)

1.1 – No período formativo da Sociologia, esta apresentava as seguintes características:


era enciclopédia, evolucionista e concebida como uma ciência positiva. Explique
sinteticamente cada uma destas características.
1.2 – Como distingue a Sociologia Clássica da Sociologia Moderna?
1.3 - Qual é hoje, afinal, o objeto da Sociologia?
1.4 – Explicite um objetivo importante da Sociologia.

2.”É preocupação essencial do sociólogo (investigador de factos), ir ao encontro dos


factos sociais na sua objetividade e de nada afirmar que não se baseie em factos e não
possa ser provado pelos factos.”

2.1 – O que são factos sociais? Exemplifica.

2.2 – Enuncia os princípios a que o sociólogo se deve subordinar nas suas investigações
de factos sociais.

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2.3 – Social e Sociológico são termos que se referem a vida social. Como os distingue?

2.4 – Espaço e tempo constituem, à partida, as condicionantes de uma investigação


científica, positiva, dos factos sociais segundo Émile Durkheim. Explica essas
condicionantes em termos de unidade de medida.

UNIDADE LETIVA II – SOCIEDADE E INDIVIDUO

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MÓDULO II – CULTURA E SOCIALIZAÇÃO

TEXTO 6 - Conceito sociológico de cultura:

O ser humano é um ser social. A vida em grupo tem conduzido ao desenvolvimento de


regras e de procedimentos e, assim, tem suscitado crenças, criado normas, valores, etc. Desta forma, a
vida em grupo é uma vida em estado de cultura, pois cada sociedade exprime-se e realiza-se através de
uma cultura distinta. A cultura é um conjunto complexo e articulado de normas, valores práticas
sociais e crenças que condicionam os seres humanos, bem como as realizações técnicas do grupo,
conferindo a cada sociedade o seu aspeto original. É, portanto, a maneira de pensar, sentir e agir de
um grupo. Assim, numa determinada cultura todos os membros têm lugar, pois a cultura é algo
partilhado que concede a cada um características básicas que o distinguem dos membros de outro
grupo.

Cultura é diferente de herança biológica. Por exemplo, comer para sobreviver é algo
biológico, mas alimentar-se de acordo com um horário fixo, comer determinados alimentos e usar
determinados utensílios é algo que se aprende de acordo com a cultura em que estamos inseridos. O
significado popular do termo cultura está relacionado com o facto de a pessoa ser culta, isto é, de ter
conhecimentos em vários domínios do saber. O significado sociológico do termo cultura está
relacionado com o conjunto de maneiras de pensar, sentir e agir de um determinado grupo, isto é,
quando o indivíduo é portador de cultura, que varia de grupo social e quando cada grupo social se
integra na sua cultura, com maneiras específicas de pensar, sentir e agir.

Em sentido Sociológico a cultura traduz “Tudo aquilo que o Homem acrescenta à


natureza ou tudo aquilo que é apreendido e partilhado por todos os membros de uma comunidade”.
Por isso todas as sociedades humanas produzem-na e vivem-na (não há Homem nem sociedade com
cultura).

Todas as sociedades são portadoras de uma cultura que as distingue e as identifica porém, é possível
encontrar grupos numa determinada cultura que têm alguns traços distintos, por exemplo, os jovens
têm maneiras próprias de falar, vestir e pensar. Estas diferenças dentro de uma determinada cultura
são chamadas de subculturas, que embora tenham traços culturais diferentes da cultura principal não
põem em causa a cultura dominante, coexistindo com ela.

PROPOSTA DE TRABALHO

1. Analisa os vários conteúdos do conceito de “cultura” e tenta exprimir por


palavras tuas o seu significado, recorrendo a exemplos.

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2. Pesquisa (em jornais, em revistas e na Internet) padrões de cultura diferentes,
nomeadamente no que diz respeito:
--- à forma de cumprimentar

--- ao vestuário

--- à alimentação/culinária

--- aos hábitos de lazer

--- à celebração do casamento

--- aos rituais fúnebres

Os temas podem ser divididos por grupos e as pesquisas efetuadas podem ser
documentadas com imagens afixadas em cartolinas. Partilha-as com o resto da turma.

3. Dividir a turma em grupos. Cada grupo devera identificar exemplos de situações


em que:
--- os elementos espirituais da cultura condicionam os elementos materiais;
--- os elementos materiais da cultura condicionam os elementos espirituais;

Quadro 3 – Os elementos materiais e espirituais da cultura

Elementos materiais Elementos espirituais

Arte Valores

Construção Crenças

Tecnologia Normas

Vias e meios de comunicação Linguagem

Instrumentos de trabalho Ideias

Legislação Usos

Artefactos e objetos Costumes

TEXTO 7 – Amor e casamento

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Porque é que as pessoas se apaixonam e casam? A resposta parece obvia. O amor
expressa uma atracção física e pessoal que dois indivíduos sentem um pelo outro. Hoje
em dia podemos achar que o “amor é para sempre”-, mas pensamos que “apaixonar-se”
deriva de sentimentos e emoções humanas universais. Parece completamente natural
que um casal que se apaixona queira viver em conjunto e procure na sua relação uma
realização pessoal e sexual.

No entanto esta visão, que parece tao evidente, é na verdade pouco usual. Apaixonar-se
não é uma experiencia que a maioria das pessoas tenha, e está raramente associada ao
casamento. A ideia do amor romântico só se generalizou recentemente no mundo
ocidental, e nunca existiu na maioria das outras culturas. Só nos temos modernos o
amor, o casamento e a sexualidade se consideram como estando ligados uns aos outros.
Na idade média, e durante seculos depois, as pessoas se casavam sobretudo para
perpetuar a posse de um título de propriedade de família, ou para criar filhos para
trabalhar na propriedade da família. Uma vez casados, os indivíduos podem ter-se
tornado companheiros próximos; isto aconteceu depois do casamento e, não antes. (…)

O amor romântico surgiu nas cortes como uma característica das aventuras sexuais
extramaritais permitidas entre os membros da aristocracia. Ate há dois séculos atrás,
estava confinado a esses círculos, e claramente separado do casamento. As relações
entre marido e mulher entre grupos aristocráticos eram frias e distantes. (…)
Estre ricos e pobres, a decisão de casar era tomada pela família e parentes, e não pelos
indivíduos em questão, que tinham pouco ou nada a dizer sobre o assunto.
(isto ainda acontece em muitas culturas não ocidentais.)
Portanto, nem o amor romântico nem a sua associação ao casamento podem ser
entendidos como características “dadas” da vida humana, mas como moldadas por
influências sociais.
)
Anthony Giddens, Sociology, Polity Press, 1989 (adaptado)

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EXERCICIOS PARA REVISÃO E DISCUSSÃO

1.Observando a realidade à tua volta, que culturas consegues identificar para além da
tua? Em que medida é que elas são diferentes e/ou semelhantes relativamente à tua
cultura?

2 - Procura identificar motivos que estejam na origem de fenómenos como o racismo e a


xenofobia na nossa sociedade.

3 - Pesquise, reflita: O que é contracultura? Quem foram os hippies? Como se


desencadeou este movimento e que lição importante nos deixou?

4 - Cada uma das questões que se segue é composta por 4 itens. Indica, em cada uma
delas, o item que lhe parece correto:

4.1 – A cultura inclui: a) as ciências e as artes, a técnica e os monumentos; b) beleza e


natureza da divindade; c) as soluções para os dilemas morais; d) todos os itens.
4.2 – O etnocentrismo é: a) somente praticado por pessoas cultas; b) praticado por
pessoas analfabetas; c) tanto benéfico como prejudicial; d) indispensável a
sobrevivência.
4.3 – Um exemplo de relativismo cultural é: a) num desporto de hóquei no gelo lutar
com jogadores de equipa adversária por meio de empurrões – jogo duro e agressivo
assumem em todas as sociedades conotações positivas; b) a gravidez pré-matrimonial é
universalmente condenada; c) em certas sociedades onde se espera das mulheres que
provem a sua fertilidade tem sentido gravidez pré-matrimonial; d) os atletas envolvidos
em desportos profissionais tornam-se sempre mais agressivos.

5 – “O comportamento dos indivíduos é regulado, antes de mais, por normas que


precisam o que os indivíduos, nas suas diversas situações da vida e nos papéis, devem
fazer. Esta estrutura normativa encontra nos valores o seu centro, os quais apontam os
indivíduos e grupos da sociedade o que devem desejar, por forma a orientarem a escolha
nas situações concretas de acordo com a cultura da época”.
5.1 – Dê uma noção de valor e explica porque é que os valores são considerados como
quadros de referência da sociedade.
5.2 – Muitas vezes confunde-se valor com juízo de valor. De onde vem essa confusão?
Estabeleça a distinção entre valor e juízo de valor.
5.3 – Explica três características dos valores.

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6 – “(…) Os Gusii, do Quénia, não conhecem
qualquer horário de alimentação. A mãe amamenta
acriança todas as vezes que esta chora. De noite
dorme nua sob uma coberta, com a criança nos
braços. Na medida do possível, a criança tem acesso
ininterrupto e imediato do seio materno.
Quando a mãe trabalha, carrega a criança amarrada
às costas, ou então esta é encarregada por alguém que se mantém a seu lado. Também
nesta oportunidade, a criança, assim que começa a chorar, é alimentada o mais
rapidamente possível. De acordo com uma norma geral, a criança não deve chorar
mais do que cinco minutos antes de ser alimentada. Em comparação com a maior parte
dos padrões de alimentação prevalecentes nas sociedades ocidentais, esta prática
choca-nos por ser excessivamente – permissiva.
Mas existem outros aspetos das práticas alimentares dos Gusii que nos impressiona sob
um ângulo totalmente diverso. Poucos dias antes após o nascimento, a criança passa a
receber um mingau como complemento alimentar ao leite materno. Segundo indicam os
dados de que dispomos, a criança não demonstra muito entusiasmo por esse mingau.
Mas isso não lhe adianta nada, pois é alimentada à força. E a alimentação forçada é
realizada de uma maneira bastante desagradável: a mãe segura no nariz da criança.
Quando esta abre a boca para respirar, o mingau é empurrado para dentro da mesma.
Além disso, a mãe demonstra pouca afeição pela criança, e raramente a acaricia,
embora outras pessoas possam fazê-lo. Provavelmente procede assim no intuito de
evitar ciúmes das pessoas que poderiam assistir às suas demonstrações de afecto; de
qualquer maneira, na prática isso significa que a experiência da criança encontra
maiores demonstrações de afecto de outras pessoas do que da própria mãe. Vê-se que
mesmo sob outros aspectos a maneira pela qual os Gusii criam os filhos na fase inicial
da vida choca bastantes se a compararmos com os padrões ocidentais (…)
(Beger, A Socialização: como ser membro da Sociedade)

6.1 – Comenta o texto recorrendo às noções de: - valores / normas / comportamentos /


controlo social

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6.2 - As formas de comportamento social variam de sociedade para sociedade. Defina
comportamentos e caracterize os 3 tipos de comportamentos humanos.
6.3 – Exponha as razoes que determinam comportamentos diferentes de sociedade para
sociedade.

7– Explica o significado sociológico do termo “desvio” e cite, caracterizando-os, alguns tipos de


comportamentos desviantes que os sociólogos estudam.
7.2 – Caracteriza uma situação de anomia e explica como pode surgir.

8 – “Durante uma grande parte das suas vidas, os indivíduos não entram em contacto com outros
padrões comportamentais, provenientes de outras culturas. Caso alguma vez venham a entrar em
contacto, com toda a probabilidade preferirão não mudar o próprio modo de vida.”
(Bruce Cohem, Sociologia Geral)

8.1 – A que fenómeno sociológico se refere o texto? Defina-o convenientemente.


8.2 – Explica a razão por que se torna necessário que os indivíduos percebam os
comportamentos, noutras sociedades, sob o ponto de vista do relativismo cultural.
8.3 – Explica como é que a cultura promove o necessário ajustamento da sociedade ao seu
ambiente físico e social.

9 – “ A ideologia é, em parte, o fruto das alienações do nosso mundo; para isto, as ideologias, são
muitas vezes, visões antagónicas da vida social e, podem ser estudadas como fenómeno – chave
do conflito social”.
(S. Giner, Initiation à L´inteligence sociologique, P., Toulouse)
9.1 – Explica a acção das ideologias sobre as realidades sociais.
9.2 – “A ideologia não é mero elemento da cultura, mas o seu verdadeiro núcleo”.
9.2.1 – Comenta a frase, relacionando ideologia e cultura.
9.3 – Porque razão se diz que a ideologia é um elemento propulsor da evolução social?

10 – “É no seio da cultura que se manifestam os mais importantes fenómenos contraculturais. A


contracultura não se define exclusivamente, como a negação da cultura dominante (…)”
(Lapassade/Louran, Pra um conhecimento da Sociologia, Assirio & Alvim)

10.1 – Comenta o texto, definindo contracultura e exemplificando.


10.2 – No interior de cada sociedade global, podem coexistir verdadeiras subculturas. Mostre,
através de dois exemplos, a existência desses fenómenos sociais.
10.3 – Em que sentido se fala, em Sociologia, de contra-instituições?

A SOCIALIZAÇÃO

18
LEITURA COMPLEMENTAR II- Crianças Selvagens 

 "Será preciso admitir que os homens não são


homens fora do ambiente social, visto que aquilo
que consideramos ser próprio deles, como o riso
ou o sorriso, jamais ilumina o rosto das crianças
isoladas."

Lucien Malson, "Les Enfants Sauvages"

As crianças selvagens são crianças que cresceram com contacto humano mínimo, ou
mesmo nenhum. Podem ter sido criadas por animais (frequentemente lobos) ou, de
alguma maneira, terem sobrevivido sozinhas. Normalmente, são perdidas, roubadas ou
abandonadas na infância e, depois, anos mais tarde, descobertas, capturadas e
recolhidas  entre os humanos.

Os casos que se conhecem de crianças selvagens revestem-se de grande interesse


científico. Elas constituem uma espécie de grau zero do desenvolvimento humano,
ensinam-nos o que seríamos sem os outros, mostram de forma abrupta a fragilidade da
nossa animalidade, revelam a raíz precária da nossa vida humana.

Em termos de linguagem, as crianças selvagens só conhecem a mímica e os sons


animais, especialmente os das suas famílias de acolhimento. A sua capacidade para
aprender uma língua no seu regresso à sociedade humana é muito variada. Algumas
nunca aprendem a falar, outras aprendem algumas palavras, outras ainda aprenderam a
falar corretamente o que provavelmente indicia que tinham aprendido a falar antes do
isolamento.

Em termos de comportamento, as crianças selvagens exibem o comportamento social


das suas famílias adotivas.  Não gostam em geral de usar roupa e alimentam-se, bebem
e comem tal como um animal o faria. A maioria das crianças selvagens não gostam da
companhia humana e percorrem longas distâncias para a evitar. Algumas crianças
selvagens não mostram interesse algum noutras crianças da sua idade nem nos jogos
que estas jogam. Na medida em que não gostam da companhia humana, procuram a
companhia dos animais, particularmente dos animais semelhantes à espécie dos seus
pais adotivos. Ao mesmo tempo, também os animais reconhecem estas crianças,
aproximando-se delas como não o fariam em relação a outros humanos.

As crianças selvagens não se riem ou choram, apesar de eventualmente poderem


desenvolver alguma ligação afetiva. Manifestam pouco ou nenhum controlo emocional
e, muitas vezes, têm ataques de raiva podendo então exibir uma força particular e um
comportamento claramente selvagem. Algumas crianças têm ataques de ferocidade

19
ocasionais, mordendo ou arranhando outros ou até eles mesmo.

O ser humano quando nasce é um ser culturalmente vazio, somo apenas um ser
biológico geneticamente preparados para crescermos como seres culturais.

Contudo à medida que vamos crescendo em contacto com os grupos da nossa


cultura (família, escola e grupo de amigos) tornando-nos seres culturais/socializados.
Lentamente e de forma inconsciente assimilam valores, normas,
comportamentos, técnicas e práticas que nos tornam membros de uma cultura. É neste
sentido que dizemos que o ser humano é também um animal condicionado uma vez que
o seu comportamento é aprendido através do processo de socialização no seio dos
grupos que integra.

TEXTO 8 - O que se aprende na rua

“O que sabe a criança da sociedade em que vive? Como aprende o que significa viver
em sociedade?
Por um lado, há a sua vida de todos os dias no seio do seu núcleo ou grupo familiar,
lugar primeiro e decisivo da sua socialização e de construção de uma identidade; por
outro lado, há a escola e aquilo que se ensina à criança, conhecimento transmitido com
formalismo e que, no seu aspeto substantivo, esta frequentemente desligado das
realidades vividas pela criança fora da escola.
Estando a sua vida muito polarizada em torno destes dois contextos sociais, a presença
da criança na rua permite-lhe alargar o seu leque de conhecimento do mundo que a
rodeia e assim adquirir um complemento indispensável de experiencia e informação.
Quando esta na rua, brincando ou não, a criança posiciona-se como observadora
permanente das realidades que a cercam, observação que, alem da permanência, tem
ainda mais duas importantes características: é direta e é autónoma, ou seja, a criança vê ,
interpreta, julga e aprende sem a mediação de adultos.
Quando se pergunta, o que é que a criança que brinca na rua aprende, por essa via, sobre
a realidade e a cultura de que faz parte, pode-se dizer que ela começa por conhecer bem
a “parcela” que coincide com o território físico da sua comunidade ou, por outras
palavras, ela começa por conhecer essa sociedade e cultura tal como elas se manifestam
no seu meio local: o modo de vida das pessoas, os seus comportamentos, os pápeis
diferenciados que desempenham na vida local, a diversidade daqueles que aí vivem, as
regras de relacionamento com eles e entre eles, em suma, todo um conjunto de praticas
e relações sociais que fazem a vida quotidiana de uma sociedade.

Ana Benavente, António Firmino da costa, Fernando Luís Machado e Manuela G. Neves, Do
Outro lado da Escola, Teorema, 1993, 3.ª edição.

20
PROPOSTAS DE TRABALHO

De acordo com a tua experiencia individual, procura identificar:


1. Que agentes participaram na tua socialização primária e - que valores, regras
e modelos de comportamento te transmitiram.

2. Atualmente, na tua socialização secundária, quem são os teus principais


agentes socializadores; que novos valores, regras e modelos de
comportamento te apresentam.

3. Que continuidades e/ou descontinuidades encontras entre o que te


transmitiram ou transmitem os teus vários agentes socializadores.
4. Explica por palavras tuas em que consistem socialização primária e a
secundária, identificando os contextos em que ocorrem.

5. Em tua opinião, a partir do que você aprendeu até aqui, como se dá o poder
da média no mundo moderno?

6. Na tua opinião, a mídia exerce influência nos pensamentos e valores das


pessoas? Justifique sua resposta.

7. Quais seriam os tipos de manipulação operados pela televisão hoje na


sociedade cabo-verdiana?

21
– PAPÉIS E ESTATUTOS SOCIAIS

TEXTO 9 - Papéis sociais

Partindo do conceito de papel social poderíamos afirmar


que vivemos representando. Apropriando-nos da ideia de papel
teatral, onde ainda na Grécia Antiga se usavam máscaras para
representar um papel, torna-se mais fácil entender a questão em
pauta.

No teatro grego, para cada personagem, ou papel, era utilizada uma máscara diferente
(própria), a fim de levar a plateia a entender que trata-se de um outro personagem. Assim para
cada papel havia uma máscara diferente. Trazendo isso para a nossa vida cotidiana, torna-se
possível entender que nós desempenhamos papéis sociais, ou seja, para cada situação temos
máscaras diferentes, atuamos de forma diferenciada.

Os papéis sociais que iremos desempenhar dependerá do cenário e dos demais


personagens. Exemplificando, temos o caso do ambiente religioso (o cenário) onde as pessoas
ali presentes são fiéis devotos (demais personagens). Nesse contexto o meu comportamento será
motivado pelo ambiente e pelas pessoas que ali estão. O meu comportamento nesse lugar será
diferente àquele que apresento no trabalho.  Assim, para esse cenário e os personagens presentes
tenderei a utilizar uma máscara apropriada. Como no cotidiano nos deparamos com cenários e
personagens diferentes, agiremos de forma apropriada para cada situação. Desta forma, notamos
que desempenhamos vários papéis sociais no mesmo dia.

Voltando a comparação com o teatro, a diferença está no fato deste ser composto por
três partes: seu personagem, os outros personagens e a plateia. Na vida cotidiana, resume-se a
duas partes, uma vez que a plateia são os demais personagens - todos participam da
representação.

Podemos nos indagar: qual o papel que devo desempenhar? Geralmente buscamos conhecer os
outros, o que eles esperam de nós, assim como conhecer as regras e normas existentes para
projetar o personagem. Se estamos representando a todo instante, a pergunta mais difícil de
responder seria: quem realmente sou eu? Sou o professor? Sou o consumidor? O filho? ...  

É importante dizer que existem papéis sociais sinceros e cínicos. Os sinceros são
aqueles que representamos e acreditamos nessa representação. Os cínicos são aqueles que
representamos más temos consciência de sua falsidade. Este é apenas reflexo do que os outros
personagens espera de nós, assim vamos nos socializando e colaborando para a socialização do
outro.

Cristiano Bodart

22
-- ESTATUTO SOCIAL

LEITURA COMPLEMENTAR III – Status social

implica direitos, deveres, manifestações de prestígio e até privilégios, conforme o valor social
conferido a cada posição. Assim, os diretores de uma grande empresa gozam de certas regalias -
altos rendimentos, carro à disposição, sala bem decorada, secretárias, tratamento cerimonioso
por parte dos funcionários -, vantagens que os outros empregados não têm. Ou seja, o status dos
diretores é mais elevado. Seus deveres e responsabilidades estão ligados a esse status, e muitas
vezes eles precisam tomar decisões difíceis a favor da empresa, como demitir funcionários ou
cortar salários.

Numa sociedade, o indivíduo ocupa tantos status quantos são os grupos sociais a que pertence.
Vejamos o exemplo de uma pessoa que é chefe de família, ocupa o cargo de gerente de vendas
de uma empresa, é sócio de um clube, frequenta a igreja de seu bairro, pertence ao diretório
regional de um partido político. Essa pessoa tem um status no grupo familiar, um status
ocupacional, um status no grupo de recreação, outro no grupo religioso e outro ainda no partido
político.

Dependendo da maneira pela qual o indivíduo obtém seu status, este pode ser classificado em:

 status atribuído - não é escolhido voluntariamente


pelo indivíduo e não depende de suas ações ou qualidades.
Por exemplo, o status de "filho de operário" ou de "irmão
caçula". Os principais fatores atribuidores de status são:
idade, sexo, raça, laços de parentesco, classe social etc.;
 status adquirido - obtido em função das qualidades
pessoais do indivíduo, de sua capacidade e habilidade. Os
status que uma pessoa obtém ao longo da vida como
resultado de competição e trabalho são status adquiridos,
pois dependem de suas habilidades pessoais e supõem uma vitória sobre outros concorrentes e o
reconhecimento de tal êxito pelo grupo social.
Em algumas sociedades, como na Europa medieval, os status eram quase que exclusivamente
atribuídos (uma pessoa era nobre porque sua família pertencia à nobreza). Nas sociedades
modernas, predominam os status adquiridos. Um exemplo de sociedade em que ainda imperam
os status atribuídos é a índia, onde as pessoas já nascem dentro de uma categoria social- a casta
- e nela permanecem até a morte, sem possibilidade de mudança de status.

Em nossa sociedade, os indivíduos geralmente buscam status mais elevados. Isso explica a
insistência com que se procura "subir na vida". Quanto mais escassas as oportunidades para se
conquistar determinado status, mais intensa a competição entre os concorrentes em disputa por
ele.

Fonte: http://sociologiasenatore.blogspot.com/2015/03/sistema-de-status-e-papeis-
sociais.html

23
– REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

LEITURA COMPLEMENTAR III - Corto Maltese e a representação social da leitura

Segundo o sociólogo Serge Moscovici, "as representações sociais são o conjunto de


explicações, crenças e ideias que nos permitem evocar um dado acontecimento, pessoa ou
objeto. Estas representações são resultantes da interacção social, pelo que são comuns a um
determinado grupo de indivíduos".

Ou seja: uma representação social é uma ideia vulgarizada numa sociedade acerca de
um certo fenómeno social, é o modo como num certo momento da vida dessa sociedade a
maioria das pessoas encara esse fenómeno.

Corto Maltese é um herói, um homem de acção. Mas é também uma pessoa inquieta e
capaz de refletir acerca da vida e do sentido das suas acções. Uma imagem, em que surge a ler
um livro com manifesto prazer, está de acordo com a personalidade que Hugo Pratt (o autor da
BD) lhe foi conferindo ao longo de muitas histórias e aventuras.

Todavia, será essa a atual representação social da leitura? Na sociedade em que vivemos
existirá essa visão positiva da leitura? Seria possíveis os heróis dos filmes que atualmente têm
sucesso aparecerem a ler, em vez de surgirem a conduzir carros muito sofisticados ou a utilizar
os mais recentes telemóveis?

Dificilmente. Na sociedade em que vivemos a maioria dos alunos e até alguns


professores não lê livros, quanto mais os heróis dos filmes de acção. (De resto, é significativo
que a comparação com Corto Maltese não possa ser feita com um atual herói da literatura ou da
BD, mas apenas com heróis de filmes.) A atual representação social da leitura não é positiva.
Corto Maltese é um herói do passado.

Hugo Pratt, Corto Maltese

TEXTO 11 - O terror de engordar

A anorexia nervosa é uma doença conhecida há muitos anos pelos profissionais de


saúde, embora só agora comece a ser falada pelo grande público. O termo anorexia,
consagrado pelo uso, não é feliz: estes doentes não têm falta de apetite, muitas vezes
sentem até fome, mas recusam comer devido ao terror de engordar.
As características principais da doença são as seguintes:
I – Trata-se de uma mulher jovem (a doença é muito rara nos homens), muitas vezes
adolescente, que tem um receio mórbido de aumentar de peso e perdeu o controlo face à
quantidade de alimentos que ingere. (…)
As doenças do comportamento alimentar têm causas desconhecidas. Na sua génese
parecem coexistir prováveis fatores de vulnerabilidade biológica (disfunção

24
bipotalamica?), com fatores precipitantes que levam a insatisfação com a imagem
corporal (pressão sociocultural para ser magra) e fatores que perpetuam a doença
(desnutrição e reações dos familiares e amigos).”

Daniel Sampaio, Investem-se Novos Pais, Editorial Camiho, 1994

PROPOSTA DE TRABALHO

1. A publicidade é um agente privilegiado de difusão de inúmeras representações


sociais. Procura, nas suas mais variadas formas, informação sobre
representações associadas, por exemplo:
--- à criança

--- à juventude

--- ao lazer

--- ao trabalho

--- à mulher

1.1 – Procura identificar de que forma essas representações podem condicionar


comportamentos. Apresenta as conclusões à turma e discute-as em conjunto.

2. Identifica profissões que sejam alvo de representações sociais positivas e


negativas. Explica de que forma essas representações podem constituir
simbolicamente conflitos entre posições sociais distintas.

25
EXERCICIOS PARA REVISÃO E DISCUSSÃO

1.”A aprendizagem de papéis faz-se em função do sexo. Às meninas dá-se-lhes bonecas


e aos rapazes automóveis, simples, elétricos ou de cordas. Às vezes, quando se oferece,
por exemplo, uma boneca a certas meninas, acontece que arrancam os cabelos à boneca
ou tiram-lhes os olhos e abrem-na para verem o que tem lá dentro. O mesmo podemos
dizer acerca dos meninos que escangalham um automóvel de corda para verem como é
que funciona. Não fazemos o mesmo com lindas bonequinhas vivas que vêm alegrar os
nossos lares, mas o nosso movimento de curiosidade é o mesmo, levantando-se,
simultaneamente, inumeráveis perguntas sobre o berço do recém-nascido.”

1.1 – Comenta o pequeno texto recorrendo aos conceitos de: socialização / papel social;
1.2 – Explica, sinteticamente, os mecanismos de socialização.
1.3 – Refira-se a três dos mais importantes agentes responsáveis pela socialização.
1.4 – Diz-se, muitas vezes, que o homem é um “produto fabricado”.
1.4.1 – Porque se fará tal referência ao homem? Justifica.
1.4.2 – Muitas vezes esse “ produto fabricado” sai com deficiências. Porquê e sob que
formas?
1.4.3 – Como deverá a sociedade proceder tais “produtos” deficientes” explica
convenientemente.

2. Muito embora as expressões “Posição Social”, “Estatuto Social” e “Status” signifiquem, em


ternos genéricos, a mesma realidade, há sociólogos que apresentam, entre eles, diferenças
significativas.
2.1 – Estabeleça a distinção entre “Estatuto Social” e “Status”.
2.2 – Distinga “Estatuto adquirido” de “Estatuto atribuído”, exemplificando.
2.3 – Como classifica o “Estatuto da criança”. Justifica

3 – “É importante, para os indivíduos, assumir o papel de outro, porque é somente através desse
processo que os indivíduos podem imaginar como os outros membros da sociedade reagirão ao
seu comportamento”.
3.1 – Porque é que o acto de assumir o papel do “outro” é um estágio importante no processo de
socialização?
3.2 – Dê exemplos de tipos de papéis sociais nos quais os indivíduos são socializados.
3.3 – Embora a socialização possa ser diferente em várias sociedades, ela possui objetivos
comuns que estão presentes em todas as sociedades. Quais são esses objetivos?
3.4 – O que é, afinal, a socialização?

- INTERACÇÃO SOCIAL E LINGUAGEM

26
TEXTO 11 - O peso do público

“O Eu só se substancializa pela mediação do público. Os atores de teatro, por


melhor que saibam os seus papeis e por mais vezes que os tenham representado com
sucesso, têm sempre medo; o que não é mais do que reconhecer obscuramente o peso
decisivo de cada publico na substancialização do papel apresentado.”

Nicolas Herpin, A Sociologia Americana, Edições Afrontamento, 1982

LEITURA COMPLEMENTAR IV - Interacção social: O modelo dramatúrgico

Na sua qualidade de atuantes, os indivíduos preocupam-se em manter a impressão de


que cumprem as numerosas normas pelas quais são julgados os seus atos. Como essas
normas são inúmeras e omnipresentes, os atores vivem muito mais do que se poderia
pensar num universo moral (constrangidos pela sociedade). Mas como atuantes, os
indivíduos não estão preocupados com o problema moral de cumprir essas normas, mas
com o problema amoral de construir a impressão convincente (gestão de
impressões) de que satisfazem as ditas normas (...) Enquanto atuantes somos
comerciantes da moralidade, escondidos por trás das máscaras (Goffman). 

A Representação do Eu na Vida Quotidiana (The Presentation of Self in Everyday


Life, (1969), no original em inglês) é, talvez, o mais importante livro de
Erving Goffman (1922-1982). Suas pesquisas incidiram sobre as interacções face-a-
face da vida quotidiana, construindo de um modo muito característico os seus recursos
conceptuais, baseando-se em metáforas teatrais (palco, público, papel, bastidores, mise
en scène, etc.). 

Prioritariamente interessou-se pelos encontros correntes da vida quotidiana, por aquilo


a que chamou a ordem de interacção, apreendida como um domínio da vida social
analisável de forma autónoma. O conceito de papel social, por exemplo, tem origem
na cena teatral. Ser professor consiste em atuar de um modo específico em relação aos
alunos. Goffman concebe a vida social como se fosse algo que vai sendo representado

27
num palco por atores – ou em muitos palcos, já que os nossos atos dependem dos papéis
que desempenhamos em cada momento. Esta abordagem é por vezes apelidada
de modelo dramatúrgico. As pessoas são sensíveis à forma como são vistas pelos
outros, usando muitas formas de gestão de impressões para assegurar que os outros
reagem da forma desejada. Embora isto possa ser feito de forma consciente e
premeditada, está usualmente entre as coisas que fazemos sem disso termos consciência.
Por exemplo, no emprego as pessoas sentem-se obrigadas a vestir-se – ou são mesmo
obrigadas a vestir-se – mais formalmente do que quando se encontram com os amigos.

Goffman sugeriu que grande parte da vida pode ser divida em regiões da frente e da
retaguarda. As regiões da frente, ou fachada, são situações sociais ou encontros em
que os indivíduos desempenham papéis formais – são “atores em cena”. O trabalho, a
aula, o julgamento são situações onde mesmo que dois indivíduos se detestem
mutuamente, são obrigados a forjar uma imagem apresentável perante os outros.
 
As regiões da retaguarda ou bastidores são onde armazenamos os adereços e os
indivíduos se preparam para a interacção em contextos mais formais. Analogamente
com os bastidores de um teatro, as pessoas podem descansar e libertar as emoções e
estilos de comportamento que ocultam enquanto estão no palco. Os bastidores permitem
“profanidade, comentários livres de índole sexual, beliscões, uso de roupas informais,
posturas desengonçadas, utilização de dialetos e gírias, murmúrios e gritos, palavras
agressivas e gracejos, desconsideração pelos outros em atos menores mas
potencialmente simbólicos, sussurrar, assobiar, mastigar, mordiscar, vomitar e arrotar”
(Goffman, 1969). Uma empregada de mesa pode ser a imagem de serenidade quando
atende os clientes e ser agressiva e barulhenta para lá das portas da cozinha do
restaurante. Há provavelmente poucos clientes que aprovariam os restaurantes se
pudessem ver tudo o que se passa nas cozinhas.

28
LEITURA COMPLEMENTAR V - Interacção social a distância

Estudiosos do comportamento humano na vida moderna constatam que um dos males


de nossa época é a incomunicabilidade. Já foi tempo em que mesmo nas grandes
cidades, nos bairros residenciais, ao cair da tarde era costume os vizinhos se darem boa
noite, levarem as cadeiras de vime para as calçadas e ficar falando da vida, da própria e
da dos outros.

A densidade demográfica, os apartamentos, a violência urbana, o rádio e mais tarde a


TV ilharam cada indivíduo no casulo doméstico. Moro há 20 anos num prédio da
Lagoa, tirante os raros e inevitáveis cumprimentos de praxe no elevador ou na garagem,
não falo com eles nem eles comigo. Não sou exceção. Nesse lamentável departamento,
sou regra.

Daí que não entendo a pressão que volta e meia me fazem para navegar na Internet. Um
dos argumentos que me dão é que posso falar com pessoas na Indonésia, saber como
vão as colheitas de arroz na China e como estão os melões na Espanha.

Uma de minhas filhas vangloria-se de ser internauta. Tem amigos na Pensilvânia e


arranjou um admirador em Dublim, terra do Joyce, do Bernard Shaw e do Oscar Wilde.
Para convencê-la de seus méritos, o correspondente mandou uma foto em cor que foi
impressa em alta resolução. É um jovem simpático, de bigode, cara honesta. Pode ser
que tenha mandado a foto de um outro.

Lembro a correspondência sentimental das revistas de antanho. Havia sempre a


promessa: "Troco fotos na primeira carta". Nunca ouvir dizer que uma dessas trocas
tenha tido resultado aproveitável.

Para vencer a incomunicabilidade, acredito que o internauta deva primeiro aprender a se


comunicar com o vizinho de porta, de prédio, de rua. Passamos uns pelos outros com o
desdém de nosso silêncio, de nossa cara amarrada. Os suicidas se realizam porque, na
hora do desespero, falta o vizinho que lhe deseje sinceramente uma boa noite.

Extraído de
http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/cony_20000504.htm

PROPOSTAS DE TRABALHO

29
1. “Os brancos no sul dos Estados Unidos eram conhecidos no passado por fixar o olhar
nos negros em ambientes públicos, refletindo uma rejeição dos direitos dos negros de
participarem de certas formas ortodoxas da interacção quotidiana com brancos”.
(Goffman)

1.1 - Refere a importância da desatenção civil para que cada um consiga fazer a sua
vida.
2. Distingue a interacção focalizada da não focalizada e apresenta alguns exemplos.
3. Refere a importância do corpo:
a) num contexto normal (de norma) de interacção, explicitando o conceito de estigma;
4. Justifica a diferença quando se encontram no elevador estranhos vs. amigos.
5.Comenta a afirmação, tendo em conta o conceito de Outro Significativo: “Eu não sou
eu Sem o Outro”.

– COLETIVIDADES ESTRUTURADAS:

TEXTO 12 - Grupo social → conjunto de indivíduos que, dado partilharem


objetivos e interesses semelhantes, estabelecem entre si relações diretas, contínuas e
duradouras. Estas mesmas relações levam a que o grupo construa uma estrutura e uma
identidade próprias e a que os seus membros desenvolvam um sentimento de pertença
ao grupo.

Deste modo, os grupos sociais não são simples conjuntos de indivíduos que se
encontram por acaso, por exemplo, num autocarro ou num espetáculo.
Uma tendência natural do ser humano é a de procurar uma identificação em alguém ou
em alguma coisa. Quando uma pessoa se identifica com outra e passa a estabelecer um
vínculo social com ela, ocorre uma associação humana. Com o estabelecimento de
muitas associações humanas, o ser humano passou a estabelecer verdadeiros grupos
sociais.

Podemos definir que grupo social é uma forma básica de associação humana que se
considera como um todo, com tradições morais e materiais. Para que exista um grupo
social é necessário que haja uma interação entre seus participantes. Um grupo de
pessoas que só apresenta uma “serialidade” entre si, como em uma fila de cinema, por
exemplo, não pode ser considerado como grupo social, visto que estas pessoas não
interagem entre si.

Os grupos sociais possuem uma forma de organização, mesmo que subjetiva. Outra
característica é que estes grupos são superiores e exteriores ao indivíduo, assim, se uma
pessoa sair de um grupo, provavelmente ele não irá acabar. Os membros de um grupo

30
também possuem uma consciência grupal (“nós” ao invés do “eu”), certos valores,
princípios e objetivos em comum.

Os grupos sociais se diferem quanto ao grau de contato de seus membros. Os grupos


primários são aqueles em que os membros possuem contatos primários, mais íntimos.
Exemplos: família, grupos de amigos, vizinhos, etc.

Diferentemente dos grupos primários, os secundários são aqueles em que os membros


não possuem tamanho grau de proximidade. Exemplos: igrejas, partidos políticos, etc.
Outro tipo de grupos sociais são os intermediários, que apresentam as duas formas de
contato: primário e secundário. Exemplo: escola.

Fonte: http://www.mundoeducacao.com.br/sociologia

LEITURA COMPLEMENTAR - Grupo de Referência

As atitudes, os comportamentos e os valores do indivíduo são condicionados


pelo respetivo grupo de pertença (a família, o grupo de amigos, etc), que, desta
forma, assume-se também como grupo de referência (grupo-modelo). No
entanto, existem situações onde tal relação aparece “distorcida” — é o caso,
por exemplo, dos membros das classes altas com ideologias mais radicais.

Assim, é essencial recorrer ao grupo de referência do indivíduo (que pode ser


um grupo ou um indivíduo), que não só funciona como fonte de normas, de
valores e de atitudes (grupo de referência normativo, que pode ser positivo ou
negativo, de acordo com a sua (des)valorização), como também permite
estabelecer comparações (grupo de referência comparativo, perante o qual o
indivíduo percebe o seu grau de privação relativa).

O conflito entre o grupo de pertença e o grupo de referência revela-se, entre


outros, nas experiências de mobilidade social, onde o indivíduo, enquanto
mantém relações com o grupo de pertença, aceita, simultânea e
voluntariamente, as normas e os valores do grupo de referência (muitas vezes
em relativa oposição com os do grupo de pertença), adoptando-os como seus
através de um processo de socialização antecipada. De salientar que a selecção
de grupo de referência exige um conhecimento, entre outros, das normas e da
posição do mesmo por parte do indivíduo, cuja identificação, por ser percebida,
pode ser confusa ou errónea.

Silva, S. (2002). Grupo de referência. In Dicionário de Sociologia, Porto: Porto


Editora, p. 183

31
Outra forma de classificar grupos sociais:

LEITURA COMPLEMENTAR – Grupos primários e Grupos secundários

I - "Os sociólogos, sobretudo os americanos (Cooley e outros), chamam grupo primário


a um grupo geralmente espontâneo ou aceite, definido mais por motivações afetivas do
que por objetivos utilitários. O grupo familiar, o grupo de vizinhança, os grupos de ócio
ou de jogo, são grupos primários. Têm uma dimensão limitada; todos os elementos se
conhecem e estabelecem entre si relações diretas.

Distinguem-se geralmente duas categorias de grupos primários:

a) Os grupos naturais em que nos achamos sem o termos diretamente procurado ou


querido: está neste caso a família, as ligações de parentesco, a vizinhança;

b) Os grupos de associação a que se adere por afinidade ou comunidade de interesses:


clube, sociedade desportiva ou cultural.

Esta divisão não é absoluta, pois os grupos de ócio e de jogo, por exemplo, podem
considerar-se simultaneamente como fazendo parte das duas categorias. Consideramo-
los primários porque são os primeiros grupos em que a criança se encontra na
aprendizagem da vida social, diversamente dos grupos secundários. No entanto, como
os grupos do primeiro tipo subsistem durante toda a vida, seria mais correto designá-los
por «grupos de contacto direto». Um clube, um grupo de amigos, pertencem a esta
categoria. As pessoas reúnem-se por motivos de simpatia e para manterem entre si
relações imediatas e contactos recíprocos.

II - Os grupos secundários são grupos de grande dimensão, mais organizados, menos


espontâneos, que os grupos primários. Os contactos entre os membros não se fazem
sempre diretamente, mas através de uma organização central ou de chefes. O pessoal de
uma empresa, os alunos de uma escola, os membros de um sindicato, um regimento,
constituem exemplos de grupos secundários.

Além do simples motivo de contactos recíprocos, estes grupos constituem-se para fins
utilitários comuns aos membros, por necessidades estranhas à simpatia recíproca que
pode resultar desses contactos. Para o funcionamento correto da sociedade industrial,
estes grupos devem multiplicar-se, por vezes em detrimento dos grupos primários, mais
persistentes nas sociedades tradicionais. O conflito entre o meio de trabalho e a família
é um exemplo desta oposição possível entre grupos secundários e primários.

[Alain Birou - Dicionário de Ciências Sociais]

32
PROPOSTA DE TRABALHO
1. Os estilos, as imagens, a roupa (“o vestuário é comunicação”, diz Humberto
Eco), a linguagem, as formas de apresentação pública, os rituais distinguem os
grupos. Através do uso da “fotografia social” retrata alguns dos diferentes
grupos que coabitam na tua escola. Caracteriza-os em conjunto com os teus
colegas.
2. E tu? Fazes parte de um ou vários grupos? Quais? O que o(s) identifica e
distingue dos demais?
3. Um conjunto de alunos na fila da cantina é um grupo? Justifica a tua resposta
4. Identifica, juntamente com os teus colegas, os teus grupos de pertença e de
referência.
5. Quais desses grupos se situam no espaço escolar?
6. Quem determina mais as tuas aspirações, sonhos e desejos – os grupos de
pertença ou os de referência.

33
MÓDULO 4 – ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL E CLASSES SOCIAIS

TEXTO 13 – Estratificação social segundo Giddens


«Os sociólogos falam em estratificação social para descrever as desigualdades que existem entre
indivíduos e grupos nas sociedades humanas. Pensamos frequentemente em estratificação em
termos de riqueza ou propriedade, mas ela também pode ocorrer com base noutros atributos
como o género, a idade, a filiação religiosa ou a patente militar.
Os indivíduos e grupos gozam de um acesso (desigual) às recompensas, de acordo com a sua
posição no esquema de estratificação. Assim, a forma mais simples de definir a estratificação
consiste em vê-la como um sistema de desigualdades estruturadas entre diferentes agrupamentos
de pessoas. Pode ser útil pensar-se na estratificação como uma sobreposição geológica de
camadas de pedra sobre a superfície da terra. As sociedades podem ser vistas como constituindo
‘estratos’ hierarquizados, com os mais favorecidos no topo e os menos privilegiados perto do
fundo.»
«Podem distinguir-se quatro sistemas básicos de estratificação: a escravatura, as castas, os
estados e as classes. Estes encontram-se algumas vezes em conjugação uns com os outros. A
escravatura, por exemplo, coexistiu com as classes em Roma ou na Grécia Antiga, ou nos
estados do sul dos EUA, antes da Guerra Civil Americana.»

Fonte: Anthony Giddens, Sociologia, 5ª edição,


F. C. Gulbenkian, 2007, Lisboa, pág. 284;296.

LEITURA COMPLEMENTAR – Outras formas de estratificação social

- Etnia é a identificação de um grupo como distinto em termos da biologia superficial,


recursos, comportamento, cultura ou organização; e a estratificação étnica existe quando
alguns grupos étnicos conseguem mais recursos de valor em uma sociedade do que outros
grupos étnicos.

A estratificação étnica é criada e sustentada pela discriminação que é legitimada pelas


crenças preconceituosas. A discriminação e o preconceito são embasados pela ameaça
( econômica, política, social) apresentada de forma real ou imaginária por um grupo étnico-
alvo e são ainda sustentados pelos ciclos de reforço que giram em torno da identificação
étnica, ameaça, preconceito e discriminação.

34
- O gênero é a diferenciação entre homens e mulheres em termos de características
culturalmente definidas e status na sociedade. A estratificação de gênero existe quando os
homens e as mulheres em uma sociedade recebem efetivamente parcelas desiguais de
dinheiro, poder, prestígio e outros recursos.

A estratificação de gênero é sustentada pelos ciclos de socialização, que se reforçam


mutuamente pela identidade de gênero e por crenças relacionadas ao gênero, que, por sua
vez, se tornam a base para discriminação e crenças preconceituosas, frutos da ameaça
ressentida pelos homens.

As relações de gênero estão mudando nos Estados Unidos, visto que esses ciclos estão
sendo quebrados pela participação das mulheres no trabalho e na política e pelos ataques
às crenças que colocam as mulheres em desvantagem.

--- CLASSES SOCIAIS

LEITURA COMPLEMENTAR - MANIFESTO COMUNISTA

O Manifesto sugere um curso de ação para uma revolução socialista através da


tomada do poder pelos proletários.
O Manifesto Comunista faz uma dura crítica ao modo de produção capitalista e
na forma como a sociedade se estruturou através desse modo. Busca organizar o
proletário como classe social capaz de reverter sua precária situação e descreve os
vários tipos de pensamento comunista, assim como define o objetivo e os princípios do
socialismo científico.
Marx e Engels partem de uma análise histórica, distinguindo as várias formas de
opressão social durante os séculos e situa a burguesia moderna como nova classe
opressora. Não deixa, porém, de citar seu grande papel revolucionário, tendo destruído o
poder monárquico e religioso valorizando a liberdade econômica extremamente
competitiva e um aspeto monetário frio em detrimento das relações pessoais e sociais,
assim tratando o operário como uma simples peça de trabalho. Este aspeto juntamente
com os recursos de aceleração de produção (tecnologia e divisão do trabalho) destrói
todo atrativo para o trabalhador, deixando-o completamente desmotivado e contribuindo
para a sua miserabilidade e coisificação. Além disso, analisa o desenvolvimento de
novas necessidades tecnológicas na indústria e de novas necessidades de consumo
impostas ao mercado consumidor.

35
Afirmam sobre o proletariado: "Sua luta contra a burguesia começa com sua
própria existência". O operariado tomando consciência de sua situação tende a se
organizar e lutar contra a opressão e ao tomar conhecimento do contexto social e
histórico onde está inserido, especifica seu objetivo de luta. Sua organização é ainda
maior pois toma um caráter transnacional, já que a subjugação ao capital despojou-o de
qualquer nacionalismo. Outro ponto que legitima a justiça na vitória do proletariado
seria de que este, após vencida a luta de classes, não poderia legitimar seu poder sob
forma de opressão, pois defende exatamente o interesse da grande maioria: a abolição
da propriedade (“Os proletários nada têm de seu para salvaguardar”). A exclusividade
entre os proletários conscientes, portanto comunistas, segundo Marx e Engels, é de que
visam a abolição da propriedade privada e lutam embasados num conhecimento
histórico da organização social, são portanto revolucionários. Além disso, destaca que o
comunismo não priva o poder de apropriação dos produtos sociais; apenas elimina o
poder de subjugar o trabalho alheio por meio dessa apropriação. Com o
desenvolvimento do socialismo a divisão em classes sociais desapareceriam e o poder
público perderia seu caráter opressor, enfim seria instaurada uma sociedade comunista.
Analisam e criticam três tipos de socialismo. O socialismo reacionário, que seria
uma forma de a elite conquistar a simpatia do povo, e mesmo tendo analisado as
grandes contradições da sociedade, olhava-as do ponto de vista burguês e procurava
manter as relações de produção e de troca; o socialismo conservador, com seu caráter
reformador e anti-revolucionário; e o socialismo utópico, que apesar de fazer uma
análise crítica da situação operária não se apoia em luta política, tornando a sociedade
comunista inatingível. E fecham com as principais ideias do Manifesto, com destaque
na questão da propriedade privada e motivando a união entre os operários. Acentua a
união transnacional, em detrimento do nacionalismo esbanjado pelas nações, como
manifestado na célebre frase: “Proletários de todo o mundo, uni-vos!”
MARX, Karl e ENGELS, Friedrich, Manifesto do Partido Comunista – 1848
http://www.culturabrasil.pro.br/manifestocomunista.htm )

TEXTO 14 - O caso de Brasil

Nosso país também é marcado por uma grande desigualdade social: poucos tem muito, muitos
tem pouco.

Uma sociedade visivelmente heterogênea, onde nos vidros de carros importados, crianças
passando fome se refletem. Os problemas são muitos mas as soluções são quase inexistentes.

36
O desemprego no Brasil, uma das grandes causas dessa desigualdade vem aumentando. De
acordo com o IBGE o índice que em dezembro de 99 era de 6,3% começou o ano 2000 em 7,6% .
Muitos dos que já se encontram no mercado de trabalho se submetem a salários de verdadeira
miséria.

O salário mínimo que nesse ano de 2000 completa 60 anos é um dos mais baixos do Mercosul,
pois seus R$ 136,00 só ficam a frente dos salários do Uruguai e Bolívia. Vinte por cento dos
trabalhadores e sessenta por cento dos aposentados recebem somente um salário mínimo por mês.
Enquanto o governo estuda um irrisório aumento para o mínimo, o teto salarial dos funcionários
públicos chega às alturas, aumentando as diferenças sociais já existentes.

Somam-se a estes fatores o enorme descaso com as crianças que em grande número trocam as
salas de aula pelo subemprego, segundo o IBGE 92,18% destas crianças não recebem nenhum
rendimento. Só em Santa Catarina já são 99 mil menores entre 10 e 14 anos trabalhando na
produção de calçados, olarias e madeireiras. Sabendo que 2,9 milhões de crianças entre 9 e 14 em
todo o Brasil trabalham para ajudar a família o governo criou o PETI (Programa de Erradicação
do Trabalho Infantil) onde cada família que retirar sua criança da atividade e levar à escola
recebe R$40,00. Felizmente vem ocorrendo uma queda do anafalbetismo no país mas no
nordeste, onde as desigualdades são maiores, 40% dos adolescentes na faixa de 15 a 17 anos têm
menos de 4 anos de estudo.

Texto 15: Todos os homens são iguais

O grande debate que os padres dominicanos espanhóis travavam entre si, durante o século
XVI, era se os indígenas da América possuíam ou não alma. Rei Bartolomeo de las Casas,
apelidado de “defensor dos povos indígenas”, apoiava fervorosamente o princípio de
Direito Natural que afirmava “serem todos os homens iguais perante Deus”. Ora , este
princípio era uma declaração de importância fundamental para proteger os indígenas da
matança indiscriminada praticada pelos espanhóis e portugueses; reconhecia, assim, que os
povos indígenas pertenciam à espécie humana e eram, portanto, portadores de uma alma.
Nesse sentido, poderiam ser catequizados em nome da verdade divina e da fé cristã e eram
reconhecidos como humanos, contrariamente às teses de outros teólogos que não
reconheciam neles uma condição humana, não sendo pecado escravizá-los nem exterminá-
los.

O princípio da igualdade dos seres humanos, perante Deus, foi um importante passo para
que dois séculos após se declarasse como inalienável, inegociável e fundamental o

37
princípio da igualdade entre os homens. As revoluções norte-americanas ( 1778) e francesa (
1789) consagrariam esse princípio nos termos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos. Apenas substituíram o argumento de fundo, que dava suporte e legitimidade ao
princípio , isto é, humanizando a referência da igualdade, não mais em nome de Deus, mas
em nome da Lei ( “todos os homens são iguais perante a lei”). E esta lei deveria ser
garantida pelo Contrato Social que os homens selariam entre si, em sociedade, abdicando
parcialmente de sua liberdade, em nome da proteção e da segurança das instituições
públicas, ou seja, do Estado de Direito.

Devemos distinguir, portanto, dois aspectos ligados à questão da igualdade: o primeiro, de


caráter político-filosófico; o segundo, de natureza socioeconômica.

Não se pode deixar de mencionar uma dimensão histórica, como pano de fundo, em relação
a princípio de igualdade. Não se deve esquecer de que a emergência da sociedade
industrial foi impulsionada pelo surgimento de uma nova classe social, a burguesia,
defensora de valores e princípios, tais como:

• a liberdade de pensamento, de credo e de filiação política ( a filosofia iluminista e o


racionalismo eram os principais apoios);

• a liberdade de comercializar, de trabalhar, de vender e comprar a força de trabalho no


mercado;

• a liberdade de ir e vir;

• o direito à igualdade social, sem distinção de origem social, e à crítica ao privilégio


social que diferenciava os homens em função de pertencerem a uma elite.

Do ponto de vista socioeconômico, porém a sociedade de classes dificulta, concretamente, a


realização da igualdade entre os indivíduos de uma mesma sociedade que se rebelou,
justamente , contra a desigualdade social? Porque, do ponto de vista do acesso aos bens
materiais, há uma série de facilidades para alguns indivíduos ( dotados de capital, de poder
e de títulos escolares) e de dificuldades para outros alcançarem o topo do sistema ( uma
vez que não são detentores de capital, nem de poder e de títulos escolares).

A contradição entre a declaração teórica da desigualdade e as dificuldades práticas, de


realização para todos , está presente ainda nas atuais sociedades de classe. A frase de
George Orwell, em seu livro “A Revolução dos Bichos”, não é apenas válida para as
sociedades socialistas, mas igualmente para as capitalistas, a saber: “Todos são iguais, mas
alguns são mais iguais do que outros”.

(Dr Dimas Floriani é professor da UFPR)

38
PROPOSTAS DE TRABALHO

1. Explica, através de exemplos, de que forma a origem de classe influencia a visão do


mundo e os comportamentos dos sujeitos sociais.

2. Comenta as seguintes frases:

2.1 - O capital atrai capital, assim como a escassez de recursos acarreta maior escassez
de recursos;

2.2 - “Em Cabo Verde tudo vem em desvantagem às mulheres”.

3. Os estilos de vida e as classes sociais encontram-se fortemente associados. Concorda


com a afirmação? Justifica a tua resposta.

4. Comenta a seguinte frase de João Ferreira de Almeida, escrita a partir das pesquisas
de Pierre Bourdieu: “As zonas de residência e de convívio selecionadas e a endogamia
de classe nas escolhas matrimoniais, isto é, a tendência para as pessoas se casarem
dentro da mesma classe e não entre classes diferentes, são outros exemplos dos
constrangimentos sociais que a condição de classe impõe às práticas de cada indivíduo”.

5. Na localidade e/ou cidade onde vives, como em qualquer outro lugar, as diferenças e
desigualdades sociais inscrevem-se no próprio espaço e nos modos de habitar, com
zonas “nobres” ou “chiques” e áreas “degradadas” ou de habitação “social”. Discute na
turma esta questão partindo do levantamento da realidade circundante.

Fornece exemplos de práticas distintivas de classe (de distanciação e demarcação face


ao “vulgar”) nas práticas sociais estudantis na tua escola.

LEITURA COMPLEMENTAR - Desigualdades sociais: explicações teóricas

Em suma, a desigualdade em uma sociedade gira em torno da distribuição diferenciada


de recursos de valor às variadas categorias de indivíduos - sendo as de classe, étnica e
gênero as três mais importantes.

A estratificação de classe existe quando a renda , poder, prestígio e outros


recursos de valor são dados aos membros de uma sociedade desigualmente e
quando, com base nessa desigualdade, variados grupos tornam-se cultural,
comportamental e organizacionalmente distintos.

39
O grau de estratificação está relacionado ao nível de desigualdade, à
distinção entre as classes em nível de mobilidade entre as classes e à
durabilidade das classes.

Existem várias propostas para o estudo da estratificação:

a. Proposta marxista: enfatiza que a propriedade dos meios de produção é a causa


da estratificação de classe e mobilização para o conflito, com subseqüente
mudança nos padrões de estratificação;

b. Proposta weberiana : enfatiza a natureza multidimensional da estratificação ( que


gira em torno não apenas da classe, mas de partido e grupos de status também);

c. Proposta funcionalista: argumenta que a desigualdade reflete o sistema de


recompensa para encorajar os indivíduos a ocupar posições funcionalmente
importantes e difíceis de preencher;

d. Proposta evolucionista: argumenta que, a longo prazo, partindo das sociedades de


caça e coleta, as desigualdades aumentaram , como refletem as sociedades
modernas.

A estratificação nos Estados Unidos e no Brasil é marcada por altos níveis


de desigualdade com respeito a bem-estar material e prestígio. A desigualdade na
distribuição de poder é mais ambígua. Fronteiras obscuras entre as classes sociais
próximas existem nos Estados Unidos. A mobilidade é freqüente, mas a maioria
das pessoas não consegue grande mobilidade durante sua vida.

As sociedades não são homogéneas: em qualquer sociedade existem desigualdades


sociais, ou seja, existem grupos com maior ou menos poder económico, político ou
prestígio social.

De facto, apenas 25% da população portuguesa tem um estatuto socioprofissional


elevado, enquanto aproximadamente 65% desempenha funções de execução, associadas
aos rendimentos e níveis de escolaridade mais baixos (vendedores, agricultores,
operários e trabalhadores não qualificados).

40
– MOBILIDADE SOCIAL

A noção de mobilidade social refere-se à transição de indivíduos ou grupos de um


estrato ou de uma classe social para outra. Existem dois tipos de mobilidade social: a mobilidade
intrageracional, caso em que analisamos a situação dos indivíduos numa geração, isto é, a
posição por eles ocupada no início e no fim das suas carreiras; e a mobilidade intergeracional,
caso em que analisamos mais do que uma geração, procurando ver, por exemplo, se os
indivíduos pertencem à mesma classe social dos seus pais. Em termos de sentido, a mobilidade
social (intra ou intergeracional) pode ser ascendente, caso em que, por exemplo, determinados
indivíduos ou grupos passam de uma classe social mais baixa para uma classe social mais alta,
ou descendente, caso em que determinados indivíduos ou grupos passam de uma classe social
mais alta para uma classe social mais baixa.

A proporção de mobilidade social ascendente ou descendente é, habitualmente, tida


como um indicador do grau de "abertura" de uma sociedade e relaciona-se, portanto, com o
sistema de estratificação social que nela vigora. Neste sentido, as sociedades de classes parecem
ser aquelas em que a mobilidade social é mais evidente, embora a sua proporção real não seja tão
grande como geralmente se supõe, e atingindo privilegiadamente determinados estratos ou
classes sociais, em detrimento de outras. A mobilidade social tende a ser, maioritariamente, de
curto alcance, isto é, as pessoas tendem a mover-se entre estratos, fracções de classe ou classes
sociais próximos, sendo rara a mobilidade de longo alcance. Do mesmo modo, a mobilidade
ascendente parece também assumir maior dimensão do que a mobilidade descendente. Embora
seja possível referir estas tendências gerais, a sua extensão, todavia, difere de acordo com as
características da sociedade concreta que estejamos a analisar.

Fonte: http://www.infopedia.pt/$mobilidade-social 

41
EXERCICIOS PARA REVISÃO E DISCUSSÃO

1.”O facto de que um sistema de estratificação seja representado por um continuum


(serie continuada) de status individuais sem divisões determinadas ou por uma
hierarquia de categorias discretas e delimitadas, depende dos indicadores empregados.
Os critérios quantitativos produzirão um continuum e os critérios qualitativos uma
hierarquia escalonada. Uma combinação de quaisquer destes critérios produzira uma das
duas possibilidades, ao gosto do investigador”.

(R. Stavenhagen, Classes Sociales Y Estratificatión)

1.1 – Dê a noção de estrato social.

1.2 – Refira algumas características objetivas de estratos sociais.

1.3 – O texto refere dois critérios geralmente utilizados na definição de estrato social.
Identifica-os, estabelecendo a distinção entre eles, exemplificando.

1.4 – Explica de que modo os estratos sociais se podem transformar em classes sociais.

2 – “A maioria dos investigadores norte-americanos tem encontrado cinco ou seis


classes nos EUA; aos mais ortodoxos, e também a maior parte dos sociólogos latino-
americanos, contentam-se com o esquema aristotélico de três classes sociais”.

2.1 – Estabeleça a distinção entre classe social e estrato social, podendo recorrer, se o
desejar, ao corte vertical e horizontal de uma população.

3 – Um dos temos mais favoritos dos sociólogos é a mobilidade social.

3.1 – Explica em que consiste o estudo sociológico da mobilidade social.

3.2 – Descreva um factor de mobilidade social em países desenvolvidos e


subdesenvolvidos.

3.3 – Indica algumas técnicas de ascensão social.

3.4 – Como explica que a mobilidade social seja mais fácil nas sociedades modernas?
Quais os dois principais canais de mobilidade nessas sociedades?

4 – No sistema de estratificação social aberto, o status do indivíduo é conquistado.


Inversamente, no sistema de estratificação fechado, o status do indivíduo é atribuído.

42
4.1 – Qual a diferença, em termos de mobilidade, entre esses dois sistemas de
estratificação social?

4.2 – Como justifica a existência de austeros sistemas de estratificação fechados,


plenamente aceites por toda a população? Exemplifica.

5 – “O desenvolvimento de uma consciência social própria começa cedo na vida”.

5.1 – O que entende por socialização “antecipada”? Explica a ideia.

5.2 – Embora a socialização possa ser diferente em diferentes sociedades, ela possui
objetivos comuns que estão presentes em todas as sociedades. Quais são esses
objetivos?

5.3 – Explica como é que a socialização funciona como forma de controlo social
(explicite previamente a ideia de controlo social).

5.4 – Comenta a seguinte frase: “Sob muitos aspectos, a experiencia de vida de cada
pessoa é única”.

6. Faz o levantamento das profissões e níveis de escolaridade dos teus avós e pais.
Tendo em conta o nível de escolaridade que já atingiste ou pretendes atingir e os teus
projetos e possibilidades de futura inserção profissional, como classificarias a tua
trajectória de mobilidade social intergeracional.

7. Refere-te às principais tendências de evolução da estrutura de classes da sociedade


cabo-verdiana nas últimas décadas.
8. Essas hierarquias existem realmente ou são construções abstratas?
9. Quais os critérios utilizados para estabelecer a estratificação? Qual o peso de cada
critério? Quais estão relacionados com a estrutura da sociedade?
10. Qual a unidade de estratificação: o indivíduo ou o grupo?

43
MÓDULO III – O Processo de investigação em Sociologia

– Construção do conhecimento científico em Sociologia

--- Conhecimento científico e o conhecimento do Senso Comum


Todos os indivíduos estão inseridos num meio físico e social, sendo lhes por isso fácil
emitir uma opinião pessoal sobre os fenómenos que nele ocorrem. Essas opiniões pessoais dos
indivíduos que se baseiam em representações, noções e julgamentos individuais costumam
designar-se por senso comum. Contudo estas leituras da realidade social baseadas no senso
comum não são leituras científicas dessa mesma realidade...

Para construir o conhecimento científico é necessário em primeiro lugar, interrogar,


formular perguntas sobre a realidade social para obter as respostas. As interrogações colocadas
deverão ter uma resposta, o que só será possível se a disciplina (Sociologia), possuir conceitos e
teorias com a capacidade para as explicar. Por outro lado, para construir o conhecimento
científico é necessário também recorrer a métodos e técnicas para testar as hipóteses explicativas
que se formulam.
Deste modo, uma disciplina científica caracteriza-se pelas interrogações que formula, pelo
conjunto de teorias que constrói e pelos métodos que utiliza.

Mas afinal quais as características que distinguem o Senso Comum do Conhecimento


Científico?
O primeiro tipo de conhecimento caracterizava-se por ser:
 Subjetivo – é pessoal, ou seja, baseia-se em opiniões;
 Espontâneo – pois surge da informação obtida através dos nossos sentidos, do
aparente;
 Errático – na medida em que se constrói, aleatoriamente ao longo da vida de
cada indivíduo;
 Ingénuo – é assimilado sem sentido crítico;
 Dogmático – acreditamos nele como se, se tratassem de verdades
inquestionáveis.

Em oposição, o conhecimento cientifico é :


 Objetivo – procura ser universal, válido para todos;
 Sistemático – é construído de forma sistemática e consciente;
 Metódico – é obtido recorrendo a métodos e técnicas de investigação que
asseguram a sua validade;
 Crítico – procura questionar a realidade e questionar-se a si próprio;
 Comprovável/ verificável – pode ser testado a qualquer momento e assim
confirmado ou infirmado.

44
LEITURA COMPLEMENTAR – Dificuldades na Observação em Ciências Sociais

- A Observação modifica o comportamento de quem sabe que esta ser observado.

Esta dificuldade prende-se com a própria natureza do objeto de estudo das Ciências
Sociais. Os seres humanos são seres racionais, conscientes de si e do mundo. Se
perceberem que estão a ser observados os seus comportamentos podem alterar-se. Desse
modo, os observadores não captarão o modo como as pessoas habitualmente agem e
poderão formar ideias erradas sobre o assunto que estiverem a estudar.

Eis um exemplo célebre, ocorrido numa pesquisa feita no âmbito da Psicologia Social:

“Quando as pessoas sabem que estão a ser submetidas a uma experiência, assumem
comportamentos que julgam ser adequados à situação. Procuram reagir de acordo com o que
supõem ser o desejo do experimentador. Um exemplo possível diz respeito a uma experiência
orientada por Elton Mayo (1880-1949) numa fábrica de equipamentos telefónicos nos EUA. O
investigador pretendia determinar a correlação entre a produtividade e a iluminação do local de
trabalho. Para surpresa de Mayo, os operários reagiram de acordo com as suas suposições
pessoais: devia-se trabalhar mais quando a intensidade da luz fosse maior. Esta situação foi
comprovada quando os experimentadores trocaram as lâmpadas por outras da mesma potência,
fazendo crer que a intensidade da luz variava. Verificou-se um nível de rendimento proporcional
à intensidade da luz sob a qual os operários supunham trabalhar [trabalhavam mais quando
julgavam que a intensidade da luz tinha aumentado e trabalhavam menos quando julgavam que
tinha diminuído].”

- Os Cientistas Sociais são observadores e observados

Uma outra dificuldade com que o cientista social se depara na sua busca de
conhecimentos rigorosos e objetivos prende-se com o facto de ser ao mesmo tempo
observador e observado. Ou seja: é um ser humano a estudar seres humanos, é um
membro da sociedade a estudar a sociedade, estuda certos grupos sociais de que pode
fazer parte (um partido político ou uma Igreja, por exemplo) ou acerca dos quais tem
opiniões anteriores ao estudo (algumas delas provenientes do senso comum). Estuda
realidades com as quais está envolvido e de algum modo comprometido. Essa
proximidade em relação ao objeto de estudo pode eventualmente impedi-lo de ser
imparcial. Mesmo que não faça de propósito, pode inconscientemente “puxar a brasa à
sua sardinha”.

Por exemplo: Um sociólogo que seja religioso ao estudar a religião pode, mesmo sem
consciência disso, retratar a religião de um modo favorável, ainda que os factos
apurados não o justifiquem.

45
---- As dificuldades da produção do conhecimento científico em Sociologia

Obstáculos à produção do conhecimento científico:

--- Senso comum

As informações recolhidas com base em opiniões dos indivíduos – senso comum


são fundamentais para a construção do conhecimento sociológico, contudo é necessário
romper com esse conhecimento.
Com efeito, as opiniões dos indivíduos são mais vulneráveis a obstáculos ao
conhecimento, nomeadamente porque são condicionadas socialmente.
Deste modo, o sociólogo deve estar consciente dos condicionalismos que estão
associados às explicações do senso comum e para construir o conhecimento sociológico
tem de ultrapassar os obstáculos que essas explicações colocam.
Para superar essas dificuldades, o sociólogo poderá:
 caracterizar o contexto social, temporal e espacial em que a opinião foi
formulada;
 questionar a explicação dada, nomeadamente fazendo interrogações;
 encontrar uma relação entre a explicação e os fenómenos a que ela dá
origem, pois os factos sociais só podem ser explicados se houver uma
relação entre eles.

---- Familiaridade com o social

--- Ilusão de transparência social

--- Explicações do tipo naturalista

--- Individualistas

--- Etnocentricas

PROPOSTA DE TRABALHO
1. Identifica outros exemplos de explicações naturalistas, individualistas e
etnocentristas que utilizes ou vejas utilizar no teu quotidiano para explicar
fenómenos sociais.
2. Analisa de que forma esses exemplos podem constituir obstáculos à construção
do conhecimento cientifico em Sociologia.
3. Procura encontrar explicações sociais para os fenómenos que identificaste nesses
exemplos.
4. Elabora uma crítica ao etnocentrismo tendo em atenção a diversidade cultural.

46
– Estratégias de Investigação: Os Métodos mais utilizados em Sociologia
Para realizarmos um estudo é necessário definirmos uma estratégia de investigação, isto
é, definir um conjunto de procedimentos adequados ao estudo que vamos realizar e que nos
ajudem a completar esse estudo. Desta forma, as estratégias de investigação mais utilizadas são
a intensiva, a extensiva e a investigação-ação.

Estratégias de investigação

Intensiva Extensiva

Investigação-ação

É uma investigação em É uma investigação para


profundidade para grandes conjuntos
conjuntos populacionais populacionais.
mais restritos.
É uma investigação em
que se vão tomando
medidas no decorrer
dos trabalhos.

Procura saber-se o maior Procura-se encontrar


número de informações regularidades nos
sobre o fenómeno. comportamentos e,
assim, generalizar
situações semelhantes.

O investigador está
inserido no grupo que
vai estudar, procurando
soluções para o
problema.

47
Análise e observação de Obter o máximo de
situações reais e conhecimento de
informações obtidas opiniões comuns para
junto dos indivíduos que podermos prever
fazem parte da comportamentos em
investigação. situações comparáveis.

As soluções surgem a
partir da análise de
práticas quotidianas
durante o processo de
investigação.

Exige uma grande Exige uma observação


proximidade do por meio de perguntas
investigador ao diretas (Entrevista) ou
fenómeno. indiretas (Questionário).

-- As técnicas de investigação

As tecnicas de investigação sociologica podem ser agrupadas e classificadas da seguinte forma:

Quadro 1 – Técnicas de investigação em Sociologia

Documentais Análise estatística


Análise de conteúdo
De observação Observação participante
Observação direta
Sociologia visual
De inquirição Entrevistas

48
Histórias de vida
Inquérito por questionário

Quadro 2 – Etapas da elaboração de um inquérito por questionário

1 Definição do objetivo do inquérito e das hipóteses de trabalho (referencia obrigatória a

uma problemática teórica).

2 Determinação do universo e construção da amostra.

3 Elaboração do guião por questionário.

4 Aplicação de um pré-teste para detetar erros.

5 Formação dos inquiridores (caso não seja o próprio investigador a administrar o inquérito)

e aplicação concreta dos questionários.

6 Tratamento da informação recolhida (o que implica a codificação das perguntas e a

eventual aplicação de medidas e testes estatísticos).

7 Análise de informações

8 Redação do relatório final.

PROPOSTA DE TRABALHO

1.Elabora e aplica um pequeno inquérito aos teus colegas de turma e outros amigos
sobre os respetivos consumos culturais (incluindo, por exemplo, nas áreas de musica, da
televisão e do cinema), procurando identificar países de origem predominante desses
produtos culturais. Em seguida, apresenta os teus resultados à turma e debate-os.
2. Demonstra, recorrendo a exemplos teus conhecidos, a influência da televisão sobre os
processos de aculturação de dimensão mundial.
3. Elabora um guião de entrevista semidiretivas sobre as opiniões da mulher face ao
casamento. Tenta aplica-lo a uma mulher analfabeta e a uma outra possuidora de um
diploma superior. Retira as tuas conclusões e discute-as com a turma.

49
a) Técnicas de amostragem
Definição do público-alvo da investigação:

O público-alvo constitui o conjunto de indivíduos sobre os quais assenta a nossa


investigação. Por exemplo, se quiséssemos conhecer a origem social dos estudantes do
Ensino Superior, o nosso público-alvo seria o conjunto desses estudantes.

À totalidade dos indivíduos que constituem o nosso público-alvo chama-se


universo, ou seja, o conjunto da população com interesse para o estudo em causa. Desta
forma, o universo seria todos os estudantes do Ensino Superior. O universo é
constituído por um número muito elevado de indivíduos e, por isso, é necessário pegar
numa amostra desse universo de forma a concluir o nosso estudo.

A amostra é um subconjunto do universo, constituída por um número de


elementos que apresentam características semelhantes às que apresentam a totalidade do
universo. Por exemplo, se quiséssemos conhecer a origem social dos estudantes do
ensino superior, teríamos de selecionar apenas uma parte dos estudantes, uma amostra
que fosse representativa, ou seja, que apresentasse as mesmas características que o
universo, como por exemplo, a idade, o sexo, a natureza jurídica do estabelecimento de
ensino, a área científica e a localização geográfica da instituição.

Por exemplo, se tivéssemos a investigar a utilização da biblioteca de uma escola


teríamos de recolher dados de uma amostra do universo dessa mesma escolar.

Escola tem:
Logo, o universo da escola é de
1200 Alunos no ensino básico 2000 Alunos. A amostra será de
100 Alunos.
800 Alunos no ensino
Agora que já sabemos o universo e a amostra a ser estudada é necessário calcular
que percentagem representam os 100 alunos em relação à totalidade dos 2000 alunos
que a escola tem e que constituem o nosso universo.

50
𝑃=
100/2000×100

Agora é necessário saber quantos alunos do ensino básico e quantos alunos do


ensino secundário vamos inquirir.

Ensino Básico: Ensino Secundário:

1200 Alunos X 5% = 60 800 Alunos X 5% = 40 alunos


alunos
PROPOSTA DE TRABALHO

– Etapas de investigação

Princípios Básicos do Procedimento Científico:


O processo de investigação envolve um conjunto de fases – etapas de investigação –, as
quais devem respeitar «os princípios básicos do procedimento científico»:

1. Ruptura com os preconceitos e as falsas evidências que a realidade tão próxima


dos indivíduos proporciona;
2. Construção de um quadro teórico de referência, indispensável para se operar a
ruptura e validar a experimentação;

51
3. Verificação das explicações formuladas.
Fases/Etapas de Investigação
As etapas de investigação seguem normalmente um modelo padrão do qual se destacam
as seguintes fases:

Etapas de investigação

As etapas do procedimento

Etapa 1: A pergunta de partida

Etapa 2: A exploração
Rutura
Leituras Entrevistas

Etapa 3: A problemática

Etapa 4: A construção do modelo de análise Construção


/ A elaboração das hipóteses teóricas

Etapa 5: A observação

Etapa 6: A análise das informações Verificação

Etapa 7: As conclusões

EXERCICIOS PARA REVISÃO E PESQUISA

1 - “É preciso dizer algumas palavras sobre os métodos de investigação sociológica


ditos quantitativos (…) Os modelos matemáticos de raciocínio podem ajudar
consideravelmente o sociólogo a pôr em evidência relações entre diversos fenómenos, a
destacar estruturas, que a simples especulação não teria talvez aprendido. Sob este
aspeto, a utilização de matemáticas nas Ciências sociais (…) representa uma
contribuição muito vantajosa ao progresso da Sociologia.”

52
1.1 – Tanto os métodos quantitativos como os qualitativos são usados pelos sociólogos
no estudo do comportamento humano. Por que é desejável que o sociólogo utilize
igualmente a focagem quantitativa?
1.2 – Como diferem os métodos de investigação usadas pelas ciências sociais dos
métodos usados pelos cientistas naturais?
1.3 - Explica a importância do uso de conceitos, para o sociólogo, quando pretende
elaborar teorias.
1.4 – Explica as etapas que o sociólogo deve percorrer para realizar a pesquisa.
1.5 – Explica como é que a teoria e a pesquisa se complementam mutuamente.

2. “Se se definir ciência como método de estudo, então a Sociologia é uma ciência na medida
em que usa métodos científicos de estudo.”
2.1 – Quais os métodos de investigação mais utilizados pelas Ciências Sociais?
2.2 – Geralmente, os sociólogos acham difícil o recurso ao método experimental?
Porquê? Que problemas eles encontram normalmente?
2.3 – Por que razão consideram-se os sociólogos útil a utilização do método estatístico
para a apresentação e analise dos dados da pesquisa?
2.4 – Espera-se que os sociólogos sejam eticamente neutros. O que se pretende
significar com isso?

3 – “Ameaçada pela ideologia, a Sociologia é-o também pelo seu contrário, o espírito
doutrinário, sistema de pensamento que julga a sociedade de um lugar que lhe é
exterior”.

(Alain Touraine, Pela Sociologia, Publicações Dom Quixote)

1.1 Por que razão a ideologia e o espírito doutrinário constituem verdadeiras ameaças
para a Sociologia?

1.2 Leia com atenção os dois textos seguintes:

Texto A)
Passam apenas alguns minutos das 5 horas da manha. Nas águas calmas da barra de Lagos,
protegidas pelo molhe, o “Virgem te guie” deixa cair a âncora pela segunda vez nessa noite.
Horas antes, idêntico movimento tivera lugar em Sagres, no amparadouro do molhe. Então e
agora os movimentos de dezenas de pescadores, habituais e quase mecânicos, têm algo de
desespero impotente. Falta-lhes cansaço mas também lhes falta alegria. Não admira pois o
“Virgem te guie” voltava mais uma vez do mar sem ter lançado uma só vez as suas redes, do
seu convés não há sardinha nem carapau mas apenas meia dúzia de lulas fisgadas à linha, num

53
entretém. Noutros tempos, havia peixe com fartura. Nem eram precisas cordas, bastava lançar
as redes. Agora nada.

Era bem preciso que o governo olhasse para isto, que procedesse a uma fiscalização efectiva,
que os vapores de arrasto não dizimassem as “zonas maternidade”, que as traineiras não
cometessem os excessos de matar a criação e de destruir pastos e, finalmente, que os barcos
estrangeiros cumprissem as leis e os regulamentos que não cumprem. Pesca-se pouco e cada
vez se pescará menos, enquanto permitirem a anarquia, o egoísmo e a ganância dos homens.
Seria bom que o Governo impusesse, pelo menos, zonas e épocas vedadas à pesca de peixe
juvenil…

Texto B)

… No porto de Lagos, por exemplo, em 1981 das capturas totais foram de 1415 toneladas, em
1982 desceram para 1399 e este ano, até ao final de Agosto, eram 631 quando, para manter os
índices anteriores, já se deveria ter pescado perto de um milhão de quilos. Para esta quebra de
produtividade da faina marítima há razoes de ordem meramente conjunturais como, no caso
concreto da costa algarvia, a seca que tem marcado os últimos anos. Com efeito, os pesqueiros
dependem de boa parte dos nutrientes que lhes vem da terra nos aluviais. Ora, este notório
enfraquecimento de circulação dos nutrientes no meio aquático está intimamente relacionado
com o actual período de seca prolongada. A imagem do “mar Barrento” em frente à
embocadura de um rio na sequência de uma chuvada pode dar-nos uma ideia da importância
deste fenómeno na “alimentação” das zonas costeiras. Mas existe uma outra razão, talvez mais
profunda, que justifica esta queda generalizada das capturas. O que se passa sobretudo com o
carapau e com a pescada, é que os nossos stocks estão a ser sobreexplorados. No caso concreto
do carapau, pescam-se cada vez mais indivíduos, mas indivíduos cada vez mais pequenos, para
continuar a capturar quantidades significativas. Por lei, a malha de arrasto, que devia ser de
60 mm, raramente é maior do que 40 mm.

Também os arrastões, ao aproximarem-se excessivamente da costa, dizimam as “zona


maternidade” que aí existem.

(Textos adaptados com base em noticias do Jornal “Expresso”, de Setembro de 1983)

3.2.1– Ambos os textos que acabou de ler se referem a uma mesma realidade: a falta de
pescado. Todavia, ambos têm tratamentos diferentes. Em que tipo de atitudes inclui a
tomada em cada um desses textos? Justifica convenientemente.

3.2.2 – De qual desses dois tipos fundamentais de atitudes deriva o ramo das chamadas
Ciências Sociais?

54
3.2.3 – Qual dos dois textos lhe parece ser o mais correcto na tentativa de explicar esta
questão das pescas? Justifica.

Piada do Método Experimental

Verme na cerveja

Um professor de química queria ensinar aos seus alunos do Ensino Secundário os males
causados pelas bebidas alcoólicas e elaborou uma experiência que envolvia um copo com
água, outro com cerveja e dois vermes.

- 'Agora alunos, atenção'! Observem os 'vermes', disse o professor, colocando um deles dentro
da água.

A criatura nadou agilmente no copo, como se estivesse feliz brincando.

Depois, o mestre colocou o outro verme no segundo copo, contendo cerveja.

O bicho contorceu-se todo, desesperadamente, como se estivesse louco para sair do líquido e
depois afundou-se como uma pedra, absolutamente morto.

Satisfeito com os resultados, o professor perguntou aos alunos:

- 'E então, que lição podemos aprender desta experiência?'.

- Joãozinho levantou a mão, pedindo para falar, e sabiamente respondeu:

- 'Quem bebe cerveja... não tem vermes!'

Foi aplaudido de pé!!!

Fonte: http://sociologiaemaccao.blogspot.pt/

- Novos campos de investigação

Sociologias especializadas:

Sociologias especializadas são os ramos da Sociologia cujo objeto de estudo é uma área
específica da ação social estudada com maior profundidade.

Da Família Urbana

Da Politica Do Lazer

55
Do Trabalho Do Desvio

Sociologias
Da Educação especializadas

Exclusão

Da Religião Da Discriminação

Rural Do Quotidiano

Antropológica Da Comunidade

Da Comunicação Industrial

Por exemplo: A Sociologia Antropológica estuda as correlações que existem entre o


fator antropológico e as sociedades humanas, como por exemplo, a influência dos grupos
étnicos numa sociedade.

PROPOSTA DE TRABALHO
1 – O sociólogo é um especialista social desempenhando papéis muito diversificados.
1.1 – Identifica alguns desses papéis desempenhados pelos sociólogos.

MÓDULO 6 - INSTITUIÇÕES SOCIAIS E REPRODUÇÃO SOCIAL

Ordem social e controlo social

56
 "Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às
margens que o comprimem."
Bertolt Brecht, escritor/ poeta/dramaturgo alemão (1898-1956)

A expressão “controlo social” geralmente é caracterizada nos dicionários como


circunscrevendo uma temática relativamente autónoma de pesquisa, voltada para o
estudo do “conjunto dos recursos materiais e simbólicos de que uma sociedade dispõe
para assegurar a conformidade do comportamento de seus membros a um conjunto de
regras e princípios prescritos e sancionados” (Boudon; Bourricaud, in ALVAREZ,
2004:169).
Fonte:http://www.scielo.br/pdf/spp/v18n1/22239.pdf

TEXTO 16: Comportamentos desviantes

Toda a gente sabe, ou pensa que sabe, quem são os indivíduos desviantes - pessoas que
se recusam a viver de acordo, com as regras pelas quais se rege maioria da população.
São criminosos violentos, drogados ou marginais, gente que não se encaixa no que a
maior parte das pessoas define como padrões normais de comportamento aceitável.
Contudo, as coisas não são exactamente o que parecem – uma lição que se aprende com
frequência em Sociologia, porque esta nos incentiva a olhar para além do óbvio.

As nossas actividades desmoronar-se-iam se não cumpríssemos as regras que definem


certos tipos de comportamento como correctos em determinados contextos e outros
como inapropriados. Um comportamento civilizado na estrada, por exemplo, seria
impossível se os condutores não respeitassem a regra de conduzir à direita. Poderá
pensar-se que aqui não há desviantes, a não ser em caso de condução negligente ou sob
influência do álcool. Contudo, se pensa desta forma está enganado. A maioria dos
condutores é constituída não apenas por indivíduos desviantes mas por criminosos
também, na medida em que a maioria das pessoas, sempre que a polícia de trânsito não
está à vista, conduz bem acima dos limites de velocidade.

Todos nós tanto desrespeitamos regras como as seguimos; todos somos também
criadores de regras.  Os condutores podem não circular a 120 km/h nas autoestradas
nem a 100 km/h nas vias rápidas, mas a maioria dos condutores não ultrapassa os 140
km/h nas primeiras, nem os 120 km/h nas segundas, e tem tendência a reduzir a
velocidade sempre que atravessam áreas urbanas. 

Ninguém quebra todas as regras, assim como ninguém as respeita todas. Mesmo

57
indivíduos que estão totalmente à margem da sociedade respeitável, como os assaltantes
de bancos, seguirão as regras dos grupos a que pertencem.

EXERCICIOS PARA REVISÃO E DISCUSSÃO

1.Explica porque não é óbvio se um dado comportamento seja padrão ou desviante em


Sociologia, apesar de aos nossos olhos nos parecer uma classificação elementar. 

2.Mostra com dois exemplos do teu quotidiano que “todos nós tanto desrespeitamos
regras como as seguimos, assim como também todos somos criadores de regras”. 

3. Relaciona a conformidade das mulheres com o papel que lhes foi atribuído pelo poder
social dominante (masculino) com a sua literacia. 

4. Mostra que indivíduos habitualmente conformistas, podem assumir comportamentos


tidos por desviantes em situações extremas. 

5. Justifica porque o código moral é aquele que mais frequentemente nos impõe normas
de conduta, relativamente às sanções impostas pelos grupos.

 6. Comenta a importância relativa dos grupos apresentados no controlo social em meios


rurais relativamente aos centros urbanos.

7. Dá dois exemplos de:
a) Sanções físicas positivas;
b) Sanções físicas negativas;
c) Sanções económicas positivas;
d) Sanções económicas negativas;
e) Sanções religiosas positivas;
f) Sanções religiosas negativas;
g) Sanções formais;
h) Sanções informais.

- As Instituições Sociais

58
Todas as instituições devem ter função e estrutura. 

Função é a meta ou propósito do grupo, cujo objectivo seria regular as necessidades.


A Estrutura é composta de pessoal (elementos humanos); equipamentos (aparelhagem
material ou imaterial);

Organização (disposição do pessoal e do equipamento, observando-se uma hierarquia-


autoridade e subordinação);

Comportamento (normas que regulam a conduta dos indivíduos).

Veja-se como exemplo a empresa industrial. Possui função, produz bens e serviços


para gerar lucros; e estrutura, que se subdivide em pessoal (direcção, funcionários
administrativos e operários), equipamento ((1) imóveis, máquinas e equipamentos
materiais, e (2) marca e reputação (imateriais)), organização(democrática ou
autocrática, centralizada ou descentralizada) ecomportamentos, normas para a
constituição e funcionamento, direitos e deveres regulados pelas leis vigentes e pelos
estatutos.

TEXTO 17 - O casamento como instituição social

“Todo o grupo concreto, a família X ou a empresa Y, por exemplo, tem AS SUAS


instituições, isto é, uma maneira de agir consentida pelos membros do grupo.
Aparentemente, são os membros que as estabelecem, ou pelo menos um dentre eles
agindo com autoridade em nome de todos. Pareceria, por isso, que a maior diversidade
pode reinar na maneira como os grupos se constituem e se comportam.

Ora a observação social mostra-nos o contrario. Grupos concretos, mas desligados, que
são simplesmente semelhantes quanto á sua função social, tem uma maneira de se
estabelecer e de funcionar de tal modo semelhante que devemos perguntar se obedecem
a qualquer autoridade superior. Em certos casos, essa autoridade existe. Pode ser a lei
ou uma autoridade religiosa. Mas esta semelhança excede o quadro das leis ou das
regras formuladas por essas autoridades. Devemos, pois, verificar que os grupos agem,
numa sociedade global (determinada, como se tivessem obrigação de seguir “modelos
institucionais”, quer na maneira de se estabelecerem, quer na maneira de agirem e de se
comportarem.

Consideramos, por exemplo, uma família que se funda e se estabelece. O Senhor X e a


senhora Y vão casar-se. Em certas sociedades globais fazem-no porque assim o
decidiram. Noutras, são os pais ou os intermediários mais ou menos profissionais que
tomaram a decisão e prepararam o casamento. E isto não é apenas valido para o senhor
X e a senhora Y, mas para todos os X e Y da sociedade global em questão.

59
Da mesma maneira, os preâmbulos de casamentos, as formalidades do pedido, as
condições de dote, de pagamento, etc. ainda do mesmo modo, os ritos de celebração,
tribal, civil ou religiosa, as festividades de acompanhamento. Interessa, neste exemplo,
fazer sentir de que modo uma questão como o casamento, ato essencialmente contratual
e consensual, se situa num quadro profundamente determinado, sancionado não somente
pelo direito (nas sociedades ocidentais a bigamia é um crime, noutros lados uma
instituição normal), mas ainda por costumes independentes de sanções jurídicas (como a
viagem de núpcias).”

P. Virton, Os Dinamismos Sociais, Moraes Editores, 1968 (adaptado).

PROPOSTAS DE TRABALHO

1. A partir da leitura do texto 18, explica a razão de se considerar o casamento uma


instituição social.

2. Justifique a perda de importância da Igreja enquanto instituição, na atualidade,


referindo:
a) A globalização;
b) A escolarização; e
c) A urbanização.

3. Verifique se o namoro é uma instituição:


a) Na perspectiva Weber;

Sugestão de Leitura sobre o namoro

Qual é a função do namoro? A resposta parece variar em função das gerações


inquiridas. Para as avós qualquer contacto era interdito até à noite do casamento.  Hoje
os parceiros conhecem-se antes. Não será esta a finalidade/função do namoro?

Nas gerações mais velhas, sobretudo para as avós (...) os namoros são descritos como
amizades onde a aproximação entre os protagonistas repousa sobre um compromisso
pouco rígido, e onde não parece haver lugar para grandes experimentações ou contactos
físicos; (...)

Enquanto nas gerações mais velhas prevalece uma moral sexual mais conservadora,
institucionalizadora e defensora do puritanismo sexual, os jovens transportam uma
nova ética, mais experimentalista e fragmentada, “onde há lugar para ligações
fugazes e românticas; experiências pré-matrimoniais e coabitacionais; iniciações sexuais
precoces e relações heterogâmicas; sendo, finalmente, observável uma relativa

60
tolerância a diversas formas de sexualidade socialmente ou ideologicamente
consideradas mais ‘periféricas’”.

Fonte: http://www.aps.pt/vicongresso/pdfs/438.pdf

MÓDULO 6.2 - Produção e Reprodução Social

A articulação entre a estrutura social e a acção social

“Na produção das práticas sociais, os agentes humanos não agem no vazio. A estrutura social
impõe-lhes constrangidos e, ao mesmo tempo, fornecem-lhes possibilidades de acção. No
decurso dos processos sociais, as estruturas surgem, numa ciclicidade dinâmica. Como meios
condicionadores e propiciadores da acção social como resultados dessa acção.

Os agentes sociais atuam em condições que os precedem e ultrapassam. Mas são agentes
reflexivos, com capacidade de seguir diferentes cursos de acção – dentro de limites e
possibilidades variadas (…). A sociedade é vista, assim, como o resultado, continuamente refeito,
de consequências voluntárias e involuntárias de acção social.”

LEITURA COMPLEMENTAR - uma definição de reprodução social

Embora se fale da democratização do acesso e se diga que as portas da universidade estão abertas
a todos, um inquérito revela que continuam a ser os filhos das classes "melhor providas de
recursos" os que têm mais facilidade em entrar e escolher as licenciaturas com melhores saídas
profissionais, como Ciências Médicas. (...) De uma maneira geral, o recrutamento dos alunos
concentra-se nas classes com maiores recursos e mais influência. Paralelamente, verifica-se um
menor acesso dos filhos de famílias com menos recursos. Os investigadores construíram um
"índice de recrutamento escolar" onde jogam com dois factores: a família de origem e a
população nacional. Concluíram que os indivíduos oriundos das famílias que não ultrapassam o
1º ciclo do básico "têm nove a 20 vezes menos probabilidades de aceder à universidade do que os

61
que são provenientes de grupos domésticos que atingiram o mais alto nível de escolaridade". No
cenário do ensino superior português, os filhos de pais com o secundário ou um curso superior
estão portanto sobrerepresentados, porque têm mais hipóteses de aceder à universidade. 
Fonte: PÚBLICO, Filhos das "Elites" Têm Maiores Probabilidades de Entrar para Cursos com
Boas Saídas, por BÁRBARA WONG, Sexta-feira, 29 de Março de 2002.

Vejamos agora, a partir do fenómeno das telenovelas oriundas do Brasil, como podemos
demonstrar o que acabamos de ler.

TEXTO 18 - As telenovelas brasileiras

“Em que medida as telenovelas brasileiras vieram alterar os quadros de referência, os


valores e os comportamentos sociais dos portugueses? Uma investigação realizada em meados
dos anos 80, apos cerca de dez anos de telenovelas em Portugal, fornece um conjunto de
contributos para a elucidação da questão. Diferentemente das teses que pretendem estar a assistir-
se a uma pura e simples homogeneização cultural das sociedades contemporâneas, impostas pelas
indústrias culturais de massas e pelos aparelhos mediáticos modernos, verifica-se que a recepção
das telenovelas é filtrada e retrabalhada, de formas distintas, pelos diferentes padrões culturais de
qua são portadores os diversos segmentos sociais em que se desdobra a população que a vê e
comenta. No entanto, verifica-se igualmente uma certa capacidade de os meios de comunicação
“produzirem realidade”, estabelecendo novos horizontes de visibilidade social, propondo
modelos de referência, alterando praticas de sociabilidade quotidiana. Está-se, pois, perante uma
dinâmica sociocultural em que se entrecruzam, de forma bastante complexa, vetores de
continuidade e de mudança, de homogeneização e de diferenciação, de inclucação das mensagens
mediáticas e de rejeição ou reelaboração dessas mensagens pelas pessoas que as recebem”.
António Firmino da Costa, op. cit

EXERCICIOS PARA REVISÃO E DISCUSSÃO

62
1 – “Numa sociedade de classes, a produção material, e sobretudo cultural, das crianças
e dos adultos é um alvo social”.

(D. Bertaux, Destinos pessoais estrutura de classe, Moraes)

1.1 – Comenta o texto tendo em conta as noções de produção material, biológica e


cultural.

1.2 – Procura definir reprodução social, relacionando-a com o desenvolvimento das


instituições.

2 – “Esta diversidade das instituições e das explicações ideológicas e, sobretudo, esta


correspondência que tende a estabelecer-se entre os dois, permitem compreender que é
possível jugar, serenamente, instituições de um povo ou de uma época, sem se referir,
ao mesmo tempo, às ideologias então dominantes: as ordálias, os autos-de-fé, as orgias
sagradas, os bacanais, etc devem ser postos nos contextos da época e de mentalidade”.

(Pol Virton, Os dinamismos sociais)

2.1 – Procura dar uma noção de instituição social, distinguindo-a de associação.

2.2 – Comenta o texto, procurando relacionar ideologias com instituições.

2.3 – Sintetize os grandes objetivos das instituições sociais básicas, identificando


previamente as instituições sociais básicas.

2.4 – Enumera os aparelhos ideológicos do Estado e comenta a frase “a família é a


célula do Estado”.

MÓDULO 6.3 - A MUDANÇA SOCIAL

63
A mudança social é uma alteração na organização social da sociedade, nas suas
instituições ou na sua estrutura. Esta pressupõe alterações na estrutura socioeconómica,
nas instituições, nas relações entre as instituições e nas atitudes, valores e
comportamentos.

LEITURA COMPLEMENTAR – A mudança social através da Historia

“Os seres humanos habitam a Terra há cerca de meio milhão de anos. A agricultura, a
base necessária à fixação de aglomerados, tem apenas doze mil anos. As civilizações
remontam no máximo a seis mil anos atras. Se se comparar a complexa existência
humana a um dia, a agricultura teria surgido às 23:56 e as civilizações às 23:57. O
desenvolvimento das sociedades modernas dar-se-ia apenas às 23:59 e 30 segundos! No
entanto, é possível que se tenham dado tantas mudanças nos últimos trinta segundos
deste “dia da história humana” como no tempo precedente restante.

(…) No espaço de apenas dois ou três seculos – um período curtíssimo no contexto da


Historia humana – a vida social dos Homens afastou radicalmente do tipo de ordem
social em que as pessoas viveram durante milhares de anos.

Anthony Giddens, Sociologia, Fundação Calouste

EXERCICIOS PARA REVISÃO E DISCUSSÃO

1. “Mudanças sociais incluem, por exemplo, as mudanças no número de jovens que


entram na universidade; as variações na taxa de mortalidade ou esperança de vida de
uma população e as transformações do papel de esposa na família americana moderna.
Mudanças sociais incluem, por exemplo, a invenção da televisão ou introdução de novas
palavras ou formas artísticas.”

(Bruce Cohen, Sociologia Geral, McGraw-Hill)

1.1 – Distinga mudança social de mudança cultural.


1.2 – Explica se a mudança social significa uma mudança vivenciada por grande
número de pessoas ou por pequenos grupos de pessoas.
1.3 – Qual o interesse do estudo da mudança social para os sociólogos?

64
1.4 – Que outros tipos ou situações de mudança conhece?
1.5 – Também se fala de mudança funcional ou mudança estrutural. Como as distingue?

2 – “Os cientistas sociais levantaram muitas questões relativas aos vários níveis de
mudança social e cultural ocorridas em diferentes sociedades. A tarefa básica do
sociólogo é identificar os principais factores causais dessas mudanças”.

2.1 – Cita três factores endógenos e três exógenos de mudança social.

2.2 – Caracteriza:

2.2.1 – Um dos factores endógenos que referiu.

2.2.2 – Um dos factores exógenos referidos.

2.3 – Em que contexto se pode falar de assimilação? Em que consiste?

2.4 – A tecnologia de informação está a mudar o mundo? Que comentário pode fazer
sobre esta questão?

3 – “O ritmo da mudança social pode ser extremamente lento ou rápido, numa


sociedade”.

3.1 – Que efeitos pode produzir uma mudança social rápida?

3.2 – Em que diferem as mudanças sociais evolutivas das mudanças sociais impostas?

3.3 – Das várias teorias evolutivas que estudou, escolha uma e explica sinteticamente o
que ela afirma e relação à evolução da sociedade.

3.4 – Indica alguns factores de mudança admitidos pela Sociologia Contemporânea.

3.5 – Hoje, acerca das mudanças sociais impostas, é muito defendida a “teoria do
grande homem”. Porquê?

4 – São várias as causas que levam a sociedade em geral a aceitar mais ou menos
rapidamente as mudanças sociais. Todavia, podem ser-lhe criadas séries resistências.

4.1 – Explica três razoes que levam a sociedade:

a) A aceitar mais ou menos rapidamente as mudanças sociais; b) a resistir à mudança;

UNIDADE LETIVA III – PROCESSOS DE REPRODUÇÃO E


MUDANÇA NAS SOCIEDADES ATUAIS

65
PROPOSTA DE TRABALHO
1. Procura na Internet informação sobre uma empresa multinacional à tua
escolha e descreve, nomeadamente, o tipo de atividade que exerce, os
países onde esta implantada, o numero de trabalhadores que emprega e o
seu volume de negócios.
2. Explora o portal da União Europeia na Internet:
http://europa.eu.int/index_pt.htm. Em seguida, dá exemplos que ilustrem
a forma como a União Europeia pode ser considerada um fator
impulsionador da globalização.

TEXTO 19 - A atração dos novos média

“As novas tecnologias são o símbolo da liberdade e da capacidade para dominar o


tempo e o espaço, um pouco como o automóvel nos anos 30. Existem três conceitos
fundamentais para compreender o sucesso das novas tecnologias: autonomia, domínio e
rapidez. Cada um pode agir, sem intermediário, quando quiser, sem filtro nem
hierarquia e, o que é mais importante, em tempo real. Não se tem que esperar, age-se e o
resultado é imediato. Isto confere um sentimento de liberdade absoluta, e mesmo de
poder, que se manifesta na expressão “surfar na Net”. Este tempo real que desarruma as
escalas habituais do tempo e da comunicação é provavelmente um fator de sedução
fundamental. A prova do tempo foi vencida, sem necessidade de presença de mais
ninguém. E podemos assim navegar ate o infinito, com uma mobilidade extrema. Pela
sua prodigiosidade, os sistemas de informação parecem um pouco os hipermercados,
são o “grande festim” da informação e da comunicação. A abundancia é oferecida a
todos, sem hierarquia nem competências exclusivas, com a ideia de que se trata de um
espaço transparente.”

PROPOSTA DE TRABALHO

1.Seleciona um acontecimento relevante da atualidade internacional. Depois, consulta


os sítios na Internet de órgãos de comunicação social diferentes regiões do mundo e
compara a forma como esse mesmo acontecimento é noticiado.
Eis algumas sugestões:
www.reuters.com; www.folha.ud.com.br; www.guardian.co.uk; www.lemonde.fr;
www.elpais.es; www.publico.pt; www.asemana.cv.

2.O que significa a expressão “aldeia global”?

66
CONSUMO E ESTILOS DE VIDA

TEXTO COMPLEMENTAR - “Tatuagens e piercings – Sinais de tempos”

Desde tempos remotos que o homem grava símbolos da cultura na pele. Para os índios
Sioux, e já para os Egípcios também era assim, tatuar o corpo servia como meio de
expressão religiosa ou mágica. (…) para algumas comunidades primitivas das ilhas do
Pacifico, ato de pintar o corpo marcava a passagem da infância para a maioridade. E
funcionava também como sinal de ascensão social: quanto mais tatuado fosse o
indígena, mais elevado era o seu estatuto na tribo.

Já no Japão feudal, diz-se, as coisas eram diferentes. Neste caso, as tatuagens era
usadas, ao que parece como forma de punição. Dai talvez a conotação, ainda hoje
presente nas sociedades ocidentais, das tatuagens com determinados movimentos
marginais e grupos específicos, tais como marinheiros, soldados e prisioneiros. (…)
Mas apesar das contraindicações – a dor, o caracter permanente, o risco para a saúde, os
preconceitos -, o uso de tatuagens e piercings deixou de ser apenas uma pratica
simbólica de grupos marginais ou movimentos contestatários da sociedade. Passou a ser
apropriado pela cultura de consumo, explorado pelo fascínio de diferente e pelo
“exótico”. “ser diferente” ao que parece, é uma das motivações mais frequentemente
apontadas para a realização de tatuages e piercings.
Diferente, nota-se tanto pode significar em relação a sociedade …

TEXTO COMPLEMENTAR: McDonald’s, fenómeno global no espaço local

A McDonald’s, com os seus famosos “Arcos


Dourados”, é mais que uma cadeia de restaurantes e
que uma experiência gastronómica. Estando associada
a uma série de significados e práticas sociais, conduz-
nos, aum mundo de fantasia e divertimento, expresso nos sorrisos dos funcionários,
na figura de Ronald McDonald, nas próprias cores típicas da companhia (vermelho e
amarelo), no ambiente que encontramos nos restaurantes e em diversas actividades
destinadas ao seu público-alvo, as crianças e as famílias, tais como as festas de anos e as
próprias promoções relacionadas com o Happy Meal.

67
Devemos, no entanto, questionar quer o modo como estes símbolos mundialmente
reconhecidos se tornaram parte integrante da cadeia quer os próprios símbolos. Todos
aqueles critérios, a partir dos quais nos habituámos a pensar na McDonald´s, são
construções culturais, como nos lembra John Law (apud Star: 1996), devendo ser
analisados sob este ponto de vista. 
Sendo a McDonald’s um símbolo da globalização, da “americanização” e da
“McDonaldização”, suscita o debate que opõe os que defendem que a globalização e os
objectos culturais globais destroem o particular e único, contribuindo para o seu
desaparecimento, aos que, por outro lado, acreditam no carácter mutuamente
constitutivo do local e do global. Entendendo-se a globalização como a intensificação
de trocas sociais, políticas, económicas e culturais a nível mundial, devemos, a nosso
ver, compreender este conceito e os fenómenos a ele associados, particularmente no
campo da alimentação, como estando numa tensão entre a tendência para a
homogeneização e a impulsão do aumento da diversidade e heterogeneidade,
permitindo o acréscimo do poder de escolha e o contacto com outras realidades. 
É verdade que a McDonald’s está espalhada um pouco por todo o mundo, sendo
responsável pela introdução de um tipo de alimentação homogénea e padronizada em
várias partes do planeta. No entanto, o impacto da sua implantação depende do país em
causa. Não podemos generalizar as consequências da introdução da McDonald’s, pois
estaríamos a correr o risco de considerar o próprio mundo e os consumidores como
estandardizados.
O facto de pertencermos a uma dada cultura dá-nos acesso a determinados significados
que utilizamos quotidianamente para atribuir sentido ao mundo em que vivemos.

Assim, o contexto cultural tem consequências no modo como o local absorve as


formas culturais globais, as transforma e adapta à sua realidade, originando
fenómenos globais híbridos recontextualizados. 
No campo alimentar, devemos ter em conta que aquilo que comemos depende da
sociedade em que vivemos e está sujeito a alterações ao longo do tempo, que estão
associadas à criação de novas necessidades. Como nos lembra Margaret Visser
(1998:117-130), quando uma sociedade aceita um novo alimento, fá-lo porque este pode
preencher um determinado papel, mesmo que este esteja relacionado com fenómenos de
moda. A McDonald’s deve ser compreendida como uma cadeia que produz um tipo de
alimentação estandardizada que é introduzida nas diversas sociedades locais que, por
sua vez, e até certo ponto, a transformam, combinando-a com as suas práticas
alimentares locais, em associações únicas que contribuem para a diversificação
alimentar.

A Cadeia, enquanto fenómeno cultural, deve ser apreendida do ponto de vista da


produção, do marketing, do consumo e do uso, uma vez que devemos ter em
atenção a criatividade da companhia e dos consumidores, o que nos remete para a
noção de consumo de McCracken (1988), o processo pelo qual os bens de consumo e os
serviços são criados, comprados e usados. 
Compreender o processo de produção é mais do que tomar conhecimento do modo

68
como são confeccionados os hambúrgueres e as batatas, uma vez que isso, por si só, não
nos permite saber como é construído o significado social conotado com a McDonald´s.
A apreensão do modo como os significados e práticas que associamos à McDonald’s se
tornaram emblemáticos implica a análise dos processos de difusão utilizados pela cadeia
para transmitir mundialmente a sua mensagem, da sua história e cultura, o que está
directamente associado à identidade da mesma e ao perfil dos funcionários e dos
franqueados que encontramos na McDonald´s.

http://www.aps.pt/cms/docs_prv/docs/DPR4628d6b350935_1.pdf

MIGRAÇÕES, IDENTIDADES CULTURAIS E ETNACIDADE

69
TEXTO COMPLEMENTAR: Mais de 150 mil migrantes cruzaram o Mediterrâneo desde o início de 2015

Dados são da Organização Internacional para as Migrações (OIM).


Mais de 1,9 mil pessoas morreram na perigosa travessia.
Mais de 150.000 migrantes chegaram à Europa pelo Mediterrâneo desde o início do ano, afirmou a
Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Mais de 1.900 pessoas morreram durante a perigosa travessia do Mediterrâneo, segundo a OIM, que
pediu "uma resposta coletiva e consequente da Europa".
Quase 77.000 migrantes alcançaram as costas gregas desde janeiro - contra 34.442 em 2014 - e 75.000
chegaram à Itália.
"Na média, mil pessoas desembarcam a cada dia nas ilhas gregas, a maioria em fuga da guerra na
Síria", disse William Spindler, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados
(ACNUR).
"O número de chegadas é tão grande que, apesar de todos os esforços, as autoridades e as
comunidades locais não conseguem mais enfrentá-las", completou Spindler.
"A Grécia precisa de ajuda de forma urgente por parte da Europa", destacou.
Macedônia e Sérvia, por onde costumam passar os migrantes que chegam à Grécia em sua viagem
para o norte da Europa, também precisam de ajuda, segundo o porta-voz do ACNUR.
Na Itália, a Guarda Costeira anunciou nesta sexta-feira que resgatou 823 migrantes e recuperou 12
corpos na quinta-feira em oito operações de salvamento em alto-mar.
Alemanha e França anunciaram na quinta-feira que receberão quase um terço dos 60.000 migrantes a
que a União Europeia prevê conceder asilo, com o objetivo de ajudar Itália e Grécia, os dois países que
estão na linha de frente da onda migratória.

Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/08/mais-de-300-mil-migrantes-tentaram-atravessar-o-
mediterraneo-em-2015.html

---- Minorias Étnicas e Etnicidade

Texto complementar: Travessia do Mediterrâneo

70
Mais de 300 mil imigrantes atravessaram o Mediterrâneo em 2015.
O número de migrantes que arriscaram a vida tentando cruzar o Mediterrâneo em 2015
supera 300 mil, segundo estimativa do Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados (Acnur) divulgada nesta sexta-feira (28). Mais de 2.500 morreram na travessia.

Quase 200.000 pessoas chegaram à Grécia desde janeiro, enquanto outras 110.000
desembarcaram na Itália, contra um total de 219.000 que cruzaram o Mediterrâneo no ano
passado, afirmou a porta-voz do Acnur, Melissa Fleming.
O organismo calcula que este ano mais de 2.500 pessoas morreram na viagem, segundo
Fleming. Ela disse que o número não inclui os mortos e as pessoas desaparecidas após o
naufrágio de um barco na quinta-feira na costa da Líbia com quase 200 pessoas a bordo.
No ano passado, quase 3.500 pessoas morreram ou foram consideradas desaparecidas no
Mediterrâneo, segundo o Acnur.

Um vídeo mostra um barco de madeira depois que ele foi interceptado por guardas da
marinha sueca no Mediterrâneo. Integrantes de instituições que prestam auxílio aos
migrantes, como Médicos Sem Fronteira, ajudam os sobreviventes. No porão, foram
encontrados 52 corpos na quarta-feira (26). De acordo com sobreviventes, eles morreram
após inalar a fumaça produzida pelo motor da embarcação. Apenas na quarta-feira, três mil
migrantes foram resgatados.
 Mais de 2.500 morreram na travessia, segundo a ONU.
Quase 200 mil chegaram à Grécia e 110 mil chegaram à Itália.
Fonte: http://g1.globo.com/mundo/index.htmlDa France Presse

PROPOSTA DE TRABALHO
1.Comenta a seguinte frase do escritor francês Saint-Exupéry: “O Outro, ao ser diferente
de mim, longe de me prejudicar aumenta-me”.
2. Relaciona a diversidade étnica existente na sociedade cabo-verdiana com o processo
de globalização.
3. Traz para as aulas recortes de jornais sobre conflitos entre culturas e/ou religiões,
bem como relatos de atos de xenofobia e/ou racismo. Discute-os com os teus colegas.
4. Se tens colegas oriundos de outros países, convida-os a falar sobre a sua experiencia
de vida em Cabo Verde.

GÉNERO E IDENTIDADES SOCIAIS

71
Comportamentos
As diferenças de comportamento entre homens e mulheres não se devem
exclusivamente a fatores naturais pois são influenciados socialmente.
Sexo VS Género
Para clarificar as influências dos aspetos naturais (fisiologia e biologia) e sociais nas
diferenças entre homens e mulheres, os sociólogos costumas distinguir sexo – termo
utilizado para designar a identidade biológica que define o corpo masculino e o corpo
feminino – de género – termo que designa as caraterísticas psicológicas, sociais e
culturais associadas aos indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino.

Com efeito, o fato de um indivíduo nascer, biologicamente, homem ou mulher não lhe
impõe os papéis que, numa determinada sociedade, estão atribuídos aos homens e às
mulheres. Estes papéis são aprendidos pelos indivíduos no decurso da sua vivência em
sociedade. Quer isto dizer que cada sociedade constrói os seus próprios conceitos de
masculino e de feminino, isto é, das caraterísticas consideradas masculinas ou
femininas, e os indivíduos interiorizam essas caraterísticas através do processo de
socialização – socialização de género.

Assim, os indivíduos, desde crianças, aprendem progressivamente, por via dos


diferentes agentes de socialização, os comportamentos e as expetativas associados ao
seu sexo, isto é, os diferentes papéis sociais que a sociedade atribui ao masculino e ao
feminino.

Formas de Discriminação Associadas ao Género


Atualmente, na sociedade ocidental, as mulheres já desempenham papéis anteriormente
atribuídos de forma exclusiva aos homens e, no plano dos direitos formais, existe
igualdade entre homens e mulheres.

As diferenças entre homens e mulheres começaram a ser postas em causa pelos


movimentos feministas. Desta forma, as mulheres foram mostrando, na prática, a sua
capacidade para o desempenho dos mais variados papéis.

A partir da década de 70 do século passado, a luta pela conquista da igualdade de


direitos dá um passo decisivo quando as mulheres entram em força no mercado de
trabalho, em quase todos os países ocidentais, incluindo Portugal.

Isto contribui para a independência económica feminina. Contudo, o facto de existir, no


plano formal, igualdade de direitos não significa que não continuem a persistir
desigualdades entre homens
e mulheres:
 A nível económico,
pode constatar-se que
os trabalhos
desempenhados pelas

72
mulheres são mais mal pagos do que os dos homens, porque os seus empregos
são mais precários ou porque, no desempenho da mesma função, os salários dos
homens são superiores aos auferidos pelas mulheres. As mulheres também
sentem maiores dificuldades em aceder a cargos de chefia, ainda que tenham a
mesma formação e qualificação que os homens;
 As mulheres também participam pouco ativamente na atividade política, isto
porque o mundo da política continua a ser considerado como um «território
masculino por excelência». Isto evidencia-se pelo facto de apenas cerca de 23%
dos deputados dos países da UE serem mulheres;
 Continuam a ter a seu cargo a maior parte do trabalho doméstico, embora este
padrão esteja lentamente a ser alterado, principalmente entre os casais mais
jovens, nos estratos sociais mais elevados ou quando as mulheres trabalham a
tempo inteiro.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=zdW39oE-6xY (assistir vídeo completo)

PROPOSTA DE TRABALHO
1. Relê o texto ACIMA e identifica os estereótipos de género aí presentes.
2. Observa e comenta o quotidiano escolar tendo em conta as diferenças de género.
3. Reflete, por exemplo, na forma de apresentação dos rapazes e das raparigas, nos
territórios e espaços que ocupam dentro da escola, no seu comportamento na sala de
aula, nas conversas e gostos predominantes. Partilha as conclusões com os teus colegas
e afere da importância da socialização de género no moldar de condutas “femininas” e
“masculinas”.
4. Relê o texto … e responde à pergunta final que a autora lança.
5. Organiza um debate na sala de aula, dividindo-a em dois grupos: um defendera as
medidas de discriminação positiva, como as “quotas”; o outro desenvolvera uma
argumentação no sentido contrário.
6. Encena uma interacção quotidiana no espaço público: por exemplo, duas raparigas
falando na rua e dois rapazes na mesma situação. Propõe uma troca de papéis. Tira
conclusões sobre a construção de papéis sociais de género.

POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL

“Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia. Se o ensinares a pescar,
vais alimentá-lo toda a vida.”

73
TEXTO COMPLEMENTAR - Panorama Económico de Cabo Verde

Em Dezembro de 2007, Cabo Verde saiu da lista das Nações Unidas de Países Menos
Desenvolvidos. A boa governação, uma gestão macroeconómica sólida, a abertura
comercial e a maior integração na economia global bem como a adopção de políticas de
desenvolvimento social eficazes sustentaram uma notável trajetória de
desenvolvimento. O crescimento per capita do produto interno bruto (PIB) real situou-
se numa média de 7,1% entre 2005 e 2008, valor bastante acima da média da África
Subsariana e dos pequenos estados insulares.

Contudo, a crise financeira global não deixou Cabo Verde incólume. Os


desenvolvimentos económicos em Cabo Verde acompanham de perto os
desenvolvimentos da Zona Euro. Da mesma forma, o país experimentou uma recessão
em 2009, teve uma modesta recuperação registando um crescimento real de 4% em
2011 e, de novo, abrandou desde então. O crescimento do PIB foi estimado em 0,5%
para 2013 e em 1% para 2014.

O governo tem-se empenhado em apoiar o crescimento através de um programa


ambicioso de investimento público. Contudo, o programa tem um elevado conteúdo de
importações e o seu efeito no crescimento, até à data, tem sido limitado. O programa de
investimento público é, na sua maioria, financiado por fontes externa e em termos
concessionais. O elevado nível de endividamento resultou em persistentes défices
fiscais na ordem dos dois dígitos e uma dívida pública que ultrapassa os 100% do PIB.

De 2003 a 2008, a taxa de pobreza nacional per capita baixou de 37% para 27%,
enquanto a taxa de pobreza extrema descia de 21% para 12% (utilizando as definições
nacionais). O sector do turismo de Cabo Verde, o motor de crescimento do país, tem
sido um dos principais responsáveis por estas reduções significativas. De registar o
enorme progresso no aumento da prosperidade partilhada. O coeficiente de Gini caiu de
0,55 em 2003 para 0,48 em 2008, enquanto o rendimento dos 40% mais pobres, como
uma percentagem do rendimento total, aumentou de 9,9% no mesmo período. Acresce
que a percentagem de despesas dos 40% mais pobres no total das despesas aumentou de
7% para 19%, demonstrando que o bem-estar dos 40% mais pobres melhorou
consideravelmente.   

74
Perspectivas de Médio Prazo

Está previsto um crescimento modesto em 2015. Isto pressupõe uma economia um


pouco mais forte na Europa, o principal parceiro comercial e maior fonte de IDE de
Cabo Verde. No passado, o IDE foi o principal motor do crescimento de Cabo Verde e,
embora ainda haja algumas reservas quanto ao retorno do IDE, é de prever que, mais
uma vez, imprima um novo ímpeto ao crescimento. Para além disto, um sector
financeiro reforçado estaria em melhores condições de responder a incentivos de
política monetária e de acelerar o crescimento do crédito ao sector privado. Face ao
exposto, o crescimento real para 2015 está actualmente estimado em 3%.

Contexto Social

Cabo Verde ocupa o 123º lugar entre 187 países no Índice de Desenvolvimento
Humano do PNUD em 2014. A esperança média de vida de Cabo Verde está estimada
em 71 anos, a mais alta na África Subsariana. A taxa de mortalidade infantil caiu de 26
por 1000 nados-vivos em 2007, para 15 em 2011. A taxa de mortalidade materna baixou
de 36 por 100 000 nados-vivos em 2006 para 26 em 2011. Em 2011, 94% das crianças
com menos de um ano de idade estavam totalmente imunizadas e a percentagem da
população total a viver a menos de meia hora de distância de um centro de saúde era de
86%. Na mesma linha, os resultados da educação puseram Cabo Verde no topo da
África Subsariana. A taxa de literacia adulta está estimada em 87%, embora continuem
a persistir disparidades entre homens e mulheres. Cabo Verde está no caminho certo
para alcançar todos os ODM, à excepção de um (saúde materna) até ao fim de 2015.

Desafios ao Desenvolvimento

A consolidação das conquistas como um país de rendimento médio e o reforço adicional


das condições para redução da pobreza e para incremento da prosperidade partilhada
serão os grandes desafios para Cabo Verde. Uma pequena economia aberta, como Cabo
Verde, é vulnerável às contingências dos desenvolvimentos económicos globais.
Perante uma taxa de câmbio fixa, será vital para o país reconstituir almofadas fiscais
para absorver choques futuros. A diversificação dentro do sector do turismo, e para
além dele, e mercados de trabalho mais flexíveis podem ajudar a absorver os choques.

75
Do ponto de vista estrutural, Cabo Verde tem de enfrentar a fragmentação resultante de
uma população distribuída por nove ilhas e a distância entre as ilhas traduz-se em custos
de transporte mais altos. A pequena dimensão do país reduz a possibilidade de retornos
crescentes em função da escala. Os custos unitários do trabalho são elevados. Ainda
existem constrangimentos de infraestruturas e a prestação de serviços públicos,
incluindo energia, pode ser melhorada. O clima árido reduz o potencial agrícola embora
comecem a produzir resultados os esforços consideráveis destinados a aumentar a
mobilização de água. Por último, o país é vulnerável a alterações climáticas, à subida
dos níveis do mar e aos desastres naturais.

Maio de 2015 - Fonte: http://www.worldbank.org/pt/country/caboverde/overview

PROPOSTA DE TRABALHO

1- Informa-te (na Internet, nos meios de comunicação social, na tua


autarquia ou na Segurança Social) sobre as instituiçoes que desenvolvem
planos de combate à pobreza na ilha do Sal e/ou Cabo Verde. Analisa o
tipo de medidas adoptado e debate-o na turma.
2- Recolhe informação sobre as categorias vulneraveis à pobreza ou que
vivem em situação de pobreza existentes na tua área de resistencia.
3- Analisa, em conjunto com os teus colegas, de que forma um grupo de
voluntariado pode intervir no combate à pobreza na tua area de
residencia. Se tiverem disponiveis, implementem as vossas ideias.

BIBLIOGRAFIA

O presente documento consiste numa articulação de várias fontes sociológicas que se


traduz num material didáctico pedagógico com uma diversidade de propostas de estudo
cujo objetivo consiste em enriquecer e dinamizar as aulas de Sociologia ministradas na
Escola Secundária Olavo Moniz.

76
É importante ressaltar que o uso dos trabalhos aqui compilados respeita as suas fontes e,
que não há pretensão de fazer uso dos direitos autorais das respetivas fontes.

Para além das fontes já citadas ao longo deste trabalho foram utilizados outros, a saber:

Manuais:

POMBO e tal, Sociologia em acção – Sociologia 12.º ano, Porto Editora, ISBN – 978-
972-0-41171-6

BRAVO, Orlando, Sociologia 12.º ano, Porto Editora, Porto, 1995

Sites:

http://sociologiaemaccao.blogspot.com

http://www.colegioconsolata.com.br/downloads/sociologia.htm

http://duvida-metodica.blogspot.com/search/label/Fichas%20de%20Trabalho%20%28C

ÍNDICE GERAL
Apresentação …………………………………………………………………………………... 2

TEMA I – INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA SOCIOLOGIA


PARTE 1 - Sociologia e conhecimento sobre a realidade social ………………………....… 3
Texto 1: Como a Sociologia pode ajudar em nossa vida pessoal? ……………………….…….. 3
Proposta de Trabalho …………………………………..………………………………………. 4
A unidade e complexidade do Social ………………………………..…………………………. 5
Texto 2 - A unidade do social ………………….………………………………………………. 5

77
Proposta de Trabalho …….……………………………………………...…………………….. 5
Os Fenómenos Sociais Totais …………………………………..………………………………. 5
Texto 3 - O conceito de fenómeno social total …………………..…………………………….. 5
Exercícios de Revisão e Pesquisa …….………………………………...……………………… 6
Génese e Objeto da Sociologia ……………………………………………………………….... 8
Texto 4: A origem histórica da Sociologia ………………………………………………..……. 8
Os factos Sociais como objeto de estudo da Sociologia ……………………………….………. 9
Texto 5 - O Suicídio como fato social ………………….…………………………………….... 9
Proposta de Trabalho …... ……………………………………………………………..……… 10

TEMA III – O FUNCIONAMENTO DAS SOCIEDADES


PARTE 2 – Cultura e Socialização ………………………………………………………… 12
Cultura ……………………..…………………………………………………………………. 12
Texto 6 - Conceito sociológico de cultura …………………………………………………….. 12
Proposta de Trabalho ……..………………………………………………………...………… 13
Os elementos materiais e espirituais da cultura …………………………………………….…. 13
Texto 7 – Amor e casamento ………………………………………….……………………… 14
Exercícios para Revisão e Discussão ………………………..……………………………… 15
Socialização ………….………………………………………………………………….……. 18
Leitura Complementar – Crianças Selvagens …………………………………………….…… 18
Texto 8 – O que se aprende na rua ……………………………………………………………. 19
Proposta de Trabalho ………………………………………….…………………………….. 20

PARTE 3 – Os Elementos Primários da Vida Social ……………...…………………….… 21


Papéis Sociais e Estatuto Social …………………………………………………………….… 21
Texto 9 - Papéis sociais ……………………………………………………………………….. 21
Leitura Complementar – Estatuto Social ………….……………………..……………………. 22
Representações Sociais ……………………………………………………………………..… 23
Leitura Complementar - Corto Maltese e a representação social da leitura ………….……….. 23
Texto 10 - O terror de engordar ……………………………………………………………… 23
Proposta de Trabalho – ……………………………….…………………………………..…… 24
Exercícios para Revisão e Discussão …….………………………………….……………… 25
Interacção Social e Linguagem ………………………………………..……………………… 26
Texto 11 - O peso do público …………………………………………….…………………… 26
Leitura Complementar - Interacção social: O modelo dramatúrgico …….………………...… 26
Leitura Complementar - Interacção social a distância …………...…………………………… 28
Proposta de Trabalho …...………………………………………………………..…………… 29

78
Coletividades Estruturadas ………….…………………..……………………………………. 29
Texto 12 - Grupo social ………………………………………………………………………. 29
Leitura Complementar - Grupo de Referência …………………………………………….….. 30
Leitura Complementar – Grupos primários e Grupos secundários ……………………….….. 31
Proposta de Trabalho - ……………………………………………………………………… 32

PARTE 4 – Estrutura Social e Acção Social …………………………………..…….. 33


Texto 13 – Estratificação social segundo Giddens ………………………………...…. 33
Leitura Complementar – Outras formas de estratificação social …………………...… 33
Classes Sociais ……………………………………………………………………….. 34
Leitura Complementar - Manifesto Comunista ……………………………………… 34
Texto 14 - O caso de Brasil ………………………………………………………….. 35
Texto 15 - Todos os homens são iguais ………………………………………..…. 36
Proposta de Trabalho ……………………………………………………………….. 38
Leitura Complementar - Desigualdades sociais: explicações teóricas ……………. 38
Mobilidade Social …………………………………………………………………….. 40
Exercícios para Revisão e Discussão …………………………………………………. 41

PARTE 5 – Metodologia de Pesquisa Sociológica ……………………………………….... 43


Construção do conhecimento científico em Sociologia ………………………………………. 43
Conhecimento científico e o conhecimento do Senso Comum ……………………………...... 43
Leitura Complementar – Dificuldades na Observação em Ciências Sociais ………….……... 44
Alguns Problemas Epistemológicos ……………...........................................................……. 45
Proposta de Trabalho ……………………………………………….………………………… 45
Estratégias de Investigação ………………………………………………….………………… 46
As técnicas de investigação ………………………………………………………………...…. 47
Etapas da elaboração de um inquérito por questionário …………………………………….… 47
Proposta de Trabalho …...……………………………………………………...……………… 48
Técnica Amostragem ………………………………………………………………………….. 48
Proposta de Trabalho ………………………………………………………………….……… 49
Etapas de investigação ………………………………………………………………………… 50
Exercícios de Revisão e Pesquisa ……………………………………………………….…… 51
Novos campos de investigação …………………………………..……………………..……. 54
Proposta de Trabalho ……...……………………………………………………………...…… 54

79
TEMA III – PROCESSOS DE REPRODUÇÃO E MUDANÇA NAS
SOCIEDADES ATUAIS
PARTE 6 – As Instituições Sociais e Reprodução Social ………………………… 55
As Instituições Sociais e Reprodução Social ………………………………………… 55
Texto 16 - Comportamentos desviantes ……………………………………………... 55
Exercícios para Revisão e Discussão …………………………………………………. 56
Instituições Sociais …………………………………………………………………... 57
Texto 17 - O casamento como instituição social ……………………………………... 57
Propostas de Trabalho ………………………………………………………………... 58
Produção e Reprodução Social ……………………………………………………….. 59
Leitura Complementar - Uma definição de reprodução social …………….……..…. 59
Texto 18 - As telenovelas brasileiras ………………………………………...……….. 60
Exercícios para Revisão e Discussão ………………………………………………… 61

PARTE 7 – Mudança Social ………………………………………………………. 62


Leitura Complementar – A mudança social através da Historia ……………………. 62
Exercícios para Revisão e Discussão …………………………………………………. 62
Proposta de trabalho ………………………………………………………………….. 63

PARTE 8 – Globalização …………………………………………………………… 63


Texto 19 - A atração dos novos média ……………………………………………….. 63
Proposta de Trabalho …………………………………………………………………. 64
Consumo e Estilos de Vida …………………………………………………………… 65
Texto Complementar - “Tatuagens e piercings – Sinais de tempos” ………………… 65
Texto Complementar - McDonald’s, fenómeno global no espaço local 65

PARTE 9 – Migrações, Identidades Culturais e Etnicidade ……………………. 67


Texto Complementar: Mais de 150 mil migrantes cruzaram o Mediterrâneo desde o
início de 2015 ………………………………………………………………………… 67
Minorias Étnicas e Etnicidade ………………………………………………………... 68
Texto complementar: Travessia do Mediterrâneo ……………………………………. 68
Proposta de Trabalho …………...…………………………………………………...... 69

PARTE 10 - Género e Identidades Sociais …………………………………...……. 70

80
Proposta de Trabalho …………………………………………………………………. 71

PARTE 11 - Pobreza e Exclusão Social ………………………………………….... 72


Texto Complementar - Panorama Económico de Cabo Verde ………………………. 72
Proposta de Trabalho …………………………………………………………………. 74
Bibliografia …………………………………………………………………………… 75

81

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