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FORMAÇÃO ESPECÍFICA
VERSÃO DO ALUNO
2018/1
UNIDADE 1
1
Questão 1
Questão 1¹
A relação entre estímulo-resposta-consequência, chamada de
contingência tríplice ou tríplice relação de contingência, é considerada a
unidade mínima de análise dos comportamentos operantes. Com base no
modelo de contingência tríplice, avalie as afirmações a seguir.
I. Não é suficiente identificar os estímulos ou as respostas isoladamente,
mas sim, a relação mútua entre esses eventos.
II. O comportamento operante de um organismo depende tanto dos
estímulos antecedentes quanto das consequências imediatas que produz. III.
Um estímulo antecedente sinaliza a ocasião em que dada resposta, se
emitida, poderá ter como consequência um estímulo reforçador.
IV. Um estímulo antecedente acarreta, automaticamente, uma resposta e
sua consequência, de tal modo que, em ocasiões futuras, essa resposta
precisará daquele estímulo antecedente para ser emitida.
V. Um estímulo consequente é chamado de aversivo quando diminui a
probabilidade de emissão futura da resposta que o produziu, o que gera
variabilidade comportamental.
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¹ Questão 24 – Enade 2012.
denotam que nenhum deles pode ser considerado isoladamente, pois os três
constituem uma única unidade ; (3) a relação estabelecida entre estímulo,
resposta e consequência não é uma relação qualquer: é uma relação de
contingência , ou seja, de probabilidade de ocorrência e (4) a contingência
entre os três elementos obedece a uma ordem cronológica, ou seja, dado um
estímulo é provável que ocorra determinada resposta e, por fim, é provável
que haja uma consequência.
2. Introdução Teórica
Fundamentos epistemológicos, teórico-metodológicos e históricos das
principais vertentes do pensamento em Psicologia
3
relação reforçadora, a consequência não mais ocorre, ou seja, o
comportamento entra em processo de extinção: retorna a níveis próximos dos
anteriores à situação de condicionamento. Durante o processo de extinção do
comportamento observa-se a ocorrência de um aumento inicial da frequência
da resposta, um aumento da variabilidade comportamental (variação nas
formas da resposta) e uma eliciação de respostas reflexas compatíveis com
raiva e frustração. Por fim, ocorre a redução de frequência até a extinção
completa da resposta.
Além de exercer controle por meio das consequências, reforçadoras ou
punitivas, o ambiente exerce controle também sobre comportamentos
operantes por meio dos estímulos antecedentes (discriminativos). Os estímulos
discriminativos sinalizam a oportunidade e a disponibilidade do reforço e o
organismo passa a responder de forma discriminada na presença de tais
estímulos. A relação de controle que os estímulos discriminativos exercem
sobre o comportamento deve-se ao fato de eles terem estado presentes por
ocasião do reforçamento ocorrido no passado.
Um mesmo estímulo antecedente pode exercer função reflexa e
discriminativa (operante): o sinal vermelho pode eliciar taquicardia em um
indivíduo que está com pressa e, simultaneamente, indicar a possibilidade de
multa caso ele avance o sinal vermelho.
Os estímulos discriminativos completam a unidade mínima de análise do
comportamento contingência tríplice que, conforme afirmado, compõe-se de
estímulo-resposta-consequência.
A denominação contingência expressa uma relação do tipo “se... então”:
se na presença do estímulo ocorrer determinada resposta, então haverá uma
certa consequência. Trata-se, pois, de uma relação de dependência entre
eventos ambientais e eventos comportamentais, dependência essa, expressa
em termos de probabilidade de ocorrência e não em termos deterministas
absolutos.
4
HOLLAND, J. G.; SKINNER, B. F. A análise do comportamento. São Paulo:
EPU, 1975.
MOREIRA, M. B; MEDEIROS, C. A. Princípios básicos de análise do
comportamento . Porto Alegre: Artmed, 2007.
SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins
Fontes, 2003.
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Questão 2
Questão 2²
O processo de consolidação da Psicologia como ciência autônoma no
Brasil já estava em pleno desenvolvimento na segunda metade do século XX.
Com a aprovação da Lei nº 4.119, de 27 de agosto de 1962, foi reconhecida
e regulamentada como profissão e área de conhecimento, o que possibilitou a
criação de cursos acadêmicos regulares. (ANTUNES, M. A. M. Psicologia no Brasil no
século XX. In: MASSIMI, M.; GUEDES, M. C.(Org.). História da Psicologia do Brasil: novos
estudos. São Paulo: Educ/Cortez, 2004 . Adaptado).
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² Questão 9 – Enade 2012.
1. Reformulando o enunciado para melhor compreendê-lo
2. Introdução teórica
Fundamentos epistemológicos, teórico-metodológicos e históricos das
principais vertentes do pensamento em Psicologia
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demandavam recursos para a compreensão e a solução de
problemas humanos.
Durante o período que antecedeu a aprovação da Lei nº 4.119
já havia intensa produção de conhecimento científico nas faculdades
de Medicina e de Educação de outros países. Na Medicina, estudos sobre
a fisiologia do cérebro, o tempo de reação a estímulos, o manejo de quadros
psicopatológicos e, nas faculdades de Educação, estudos sobre o
sistema de ensino brasileiro e a formação de uma sociedade culta, entre
outros. Parte desses conhecimentos viria a subsidiar os estudos e pesquisas
realizados no campo da Psicologia.
8
Questão 3
Questão 3³
A segunda metade do século XIX foi caracterizada pela utilização de
métodos das ciências naturais em pesquisas de fenômenos mentais.
Técnicas foram elaboradas, livros foram escritos e aparelhagens,
desenvolvidas. Alguns filósofos enfatizavam a importância dos sentidos,
enquanto cientistas buscavam descrever seu funcionamento. Entretanto,
faltava quem propusesse unir, sintetizar essas duas posições e, assim,
constituir o marco do começo do reconhecimento da Psicologia como uma
ciência, à luz do paradigma científico do período. (SCHULTZ D.; SCHULTZ,
S. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
Adaptado).
A partir da descrição acima, avalie as afirmações seguintes.
I. A Psicofísica, desenvolvida sobretudo por Fechner, foi responsável
por apresentar a síntese mencionada no texto e, assim, contribuiu para o
reconhecimento da Psicologia como ciência.
II. O estudo da experiência consciente realizado por Wilhelm Wundt no
laboratório de Leipzig atendeu ao Zeitgeist do período e marcou o efetivo
ingresso da Psicologia no campo das ciências.
III. As alterações efetuadas por Titchener no sistema teórico wundtiano
foram responsáveis pelo atendimento pleno das exigências acadêmicas e
culturais da época.
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³ Questão 10 – Enade 2012.
2. Introdução teórica
Fundamentos epistemológicos, teórico-metodológicos e históricos das
principais vertentes do pensamento em Psicologia
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ao importante trabalho desenvolvido por Fechner (1801– 1887), cujas
pesquisas na área da Psicofísica favoreceram o estudo das relações
entre processos físicos, como por exemplo, a estimulação ambiental, e
processos psicológicos, como por exemplo, as sensações e a experiência
consciente. Apesar da importância de seu trabalho, Fechner não foi
reconhecido pelos historiadores como o fundador da Psicologia. Por
quê? Historiadores da Psicologia, entre os quais Schultz, afirmam que o
reconhecimento de uma área de estudos como independente das demais
demanda um processo de formalização.
Cabe inegavelmente a Wundt o mérito da instalação do primeiro
laboratório em Leipzig (Alemanha) e do lançamento da primeira revista
especializada. Era sua intenção deliberada “demarcar um novo
domínio da ciência”. (WUNDT, W. Principles of Physiological
Psychology (1873-1874) apud SCHULTZ e SCHULTZ, 2007, p. 78).
Para Wundt, compete à Psicologia o estudo da experiência imediata, isto
é, da experiência tal como ela se dá aos sujeitos, antes que eles
façam qualquer esforço para compreendê-la. Como o relato de uma
experiência somente pode ser realizado pelo sujeito, foi identificada a
necessidade de desenvolver um rigoroso método de auto-observação, que
permitisse ao cientista reunir dados sobre experiências. A partir da
constatação dessa necessidade Wundt adotou o método da introspecção.
Estabelecidos então o objeto (experiência imediata) e o método
(introspecção) da nova ciência, Wundt passou a realizar experimentos
com o objetivo de analisar como os diferentes elementos
constitutivos da experiência imediata se organizavam nos
processos conscientes. Diferentemente dos associacionistas, que
consideravam a percepção como resultante da soma de partes
elementares da experiência, Wundt defendeu a ideia de que a
mente humana é capaz de organizar os elementos da experiência por meio de
processos cognitivos superiores e de realizar uma síntese criativa. Wundt
denominou essa capacidade humana de apercepção .
O laboratório instalado em Leipzig atraiu pesquisadores de diversos
países. Titchener (1867– 1927) foi um deles. Inglês de nascimento, foi
responsável pela divulgação dos trabalhos de Wundt nos EUA. Porém, aos
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poucos os estudos de Titchener foram se distanciando da proposta
original de seu mestre e suas pesquisas passaram a ter por foco as
unidades elementares da consciência. Assim, o objeto de estudo de Titchener
deixou de ser a experiência imediata e sua abordagem da mente
humana aproximou-se gradativamente de uma psicologia puramente
fisiológica, sendo os sujeitos compreendidos como meros organismos e não
mais como integrantes de sociedades e de grupos culturais, como pretendia
Wundt. O sistema criado por Titchener, o Estruturalismo, teve pouca
repercussão no Zeitgeist americano, cada vez mais favorável ao
desenvolvimento de uma Psicologia aplicada à solução dos problemas
humanos.
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Questão 4
Questão 44
Acerca da investigação e da compreensão das relações de apego
estabelecidas entre pais e bebê, verifica -se que
A. a perspectiva mais aceita até hoje, desde os estudos de John Bowlby
sobre o tema, prioriza o desenvolvimento unidirecional das relações de
apego e o papel central que as atitudes dos pais exercem nessas
relações.
B. a proximidade física e emocional entre a mãe e o bebê, conforme
proposto nos estudos de Bowlby, influenciados pela Etologia e
Psicanálise, tem como origem evolucionária a sobrevivência do bebê e
sua futura adaptação às demandas do ambiente.
C. o vínculo de apego estabelecido inicialmente entre o bebê e a figura
materna funciona, como propõe Bowlby e Ainstworth, de maneira singular,
pouco vinculada às relações sociais estabelecidas pela criança ao longo
de sua vida.
D. o “procedimento da situação estranha”, como ficou conhecido o
procedimento que muitos estudos empíricos sobre o apego utilizaram,
permitiu que os pesquisadores concluíssem que não há como identificar
padrões de apego que possam classificar as relações entre mãe e bebê.
E. os estudos empíricos, de acordo com perspectivas mais recentes na
investigação do apego, são pouco relevantes, e se enfatiza o
comportamento da mãe como primordial para favorecer o
desenvolvimento de um estilo de apego seguro do bebê.
2. Introdução Teórica
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4 Questão 18 – Enade 2012.
Fundamentos epistemológicos, teórico-metodológicos e históricos das
principais vertentes do pensamento em Psicologia
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perturbação antes da mãe sair e hesita entre aproximar-se ou afastar-se dela
quando retorna) e (4) inseguro desorganizado/desorientado (o bebê se
comporta de modo inconsistente: oscila entre manifestações de alegria e de
temor, quando a mãe regressa).
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Questão 5
Questão 55
O movimento denominado Psicologia Positiva teve início em 1998,
quando o psicólogo Martin Seligman assumiu a presidência da American
Psychological Association (APA). Segundo ele, a Ciência Psicológica vinha
negligenciando o estudo dos aspectos virtuosos da natureza humana, o que
poderia ser confirmado por uma simples pesquisa no banco de dados da
PsycInfo. Ao se utilizar a palavra-chave “depressão”, são encontrados 110.382
artigos entre os anos de 1970 e 2006; ao passo que, na busca com a palavra-
chave “felicidade”, sã o encontrados apenas 4.711 artigos publicados no
mesmo período.
A negligência ao estudo dos aspectos positivos e virtuosos dos seres
humanos pela Ciência Psicológica, de acordo com Seligman (2002), baseou-
se, historicamente, no pensamento dominante na Psicologia, direcionado ao
estudo dos aspectos “anormais”. Parece que o fator mais intrigante no estudo
do comportamento humano não era representado pela média da população,
mas pelo improvável e pelo diferente. (PALUDO S. S.; KOELLER, S.H.
Psicologia Positiva: uma nova abordagem para antigas questões. Paideia, v.
17, n. 36, p. 9- 20, 2007. Adaptado).
Avalie as seguintes afirmações acerca da Psicologia Positiva,
movimento mencionado no texto acima.
I. O foco em aspectos positivos do desenvolvimento humano já era presente
nos trabalhos de teóricos humanistas, tais como Maslow e Rogers.
II. A ênfase em contribuir para o fortalecimento de dimensões saudáveis e
positivas das pessoas leva esse movimento da Psicologia a afastar-se de
métodos científicos rigorosos em suas investigações e teorizações.
III. Esse movimento buscou modificar o foco dos estudos da Psicologia, que
eixaria de atuar na reparação do que está errado ou ruim, para (re) construir
qualidades positivas, fortalecendo-se, assim, o que existe de mais saudável
nos indivíduos.
IV. Um dos desafios atuais da Psicologia Positiva é a operacionalização de
instrumentos para avaliar e classificar as virtudes e as forças pessoais.
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5 Questão 20 – Enade 2012.
V. A Psicologia Positiva reconhece que a ênfase atribuída, nos últimos 50
nos, às patologias ou àquilo que é desviante trouxe importantes contribuições
científicas para a Psicologia e para a capacidade de intervenção em tais
problemas.
2. Introdução teórica
Fundamentos epistemológicos, teórico-metodológicos e históricos das
principais vertentes do pensamento em Psicologia
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sobre os aspectos positivos e virtuosos da natureza humana. Destacou a
necessidade de realização de pesquisas e, utilizando uma abordagem
científica, retomou o estudo desses aspectos, anteriormente abordados pelos
psicólogos humanistas Carl Rogers e Abraham Maslow.
Para Seligman, é preciso que a Psicologia identifique e fortaleça o que é
saudável. Seu objetivo não deve ser o de negar as patologias e o sofrimento
humano, mas, onde incentivar o emergir de forças associadas aos estados de
felicidade, ao altruísmo e à resiliência. Nesse sentido, busca ampliar o campo e
modificar o foco do s estudos psicológicos, valorizando aspectos até então
considerados secundários.
A Psicologia Positiva propõe-se a enfatizar os aspectos positivos do ser
humano já presentes na Psicologia Humanista, por meio de uma abordagem
científica que investe no desenvolvimento de conceitos teóricos, de
metodologias e de estudos empíricos imbricados em procedimentos como, por
exemplo, o da realização de inquéritos sistemáticos.
Os autores da Psicologia Positiva dedicaram-se à criação de
instrumentos de avaliação e classificação de virtudes e forças pessoais
(PALUDO e KOELLER, 2007). Exemplos de tais iniciativas são o sistema de
classificação values in action (valores em ação), que enfatiza a importância de
forças pessoais e do caráter.
Tais iniciativas redundaram em propostas terapêuticas, entre as quais a terapia
positiva, a psicoterapia positiva e a terapia de esperança.
18
antigas questões. Paidéia (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v. 17, n. 36, abr.
2007.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
863X2007000100002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 08 out. 2013.
SCHULTZ, D. P. & SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. 8 ed.
São Paulo: Thomson Learning, 2007.
YUNES, M. A. M. Psicologia positiva e resiliência: o foco no indivíduo e na
família. Psicol. estud., Maringá, v. 8, n. spe, 2003. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
73722003000300010&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 08 out. 2013.
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UNIDADE 2
20
Questão 6
Questão 66
2. Introdução teórica
Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de
informações para investigações científicas e avaliação de fenômenos
psicológicos
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6 Questão 18 – Enade 2006.
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Correlação entre variáveis
Correlação entre variáveis é a medida padronizada da relação entre
elas. Trata-se de um índice que identifica se duas variáveis estão relacionadas,
e em que medida. A correlação não permite afirmar se uma das variáveis
causa ou se causada pela outra, mas permite verificar se elas variam
juntas, ou seja, se há uma relação de interdependência entre elas.
Uma correlação positiva indica que as duas variáveis movem-se juntas e
no mesmo sentido, e uma correlação negativa indica que as duas variáveis
movem-se juntas, porém em sentidos opostos. Um coeficiente de correlação
igual a zero indica não haver correlação entre as variáveis: na ausência de
correlação fica claro que as variáveis consideradas não estabelecem entre
si nenhuma relação de dependência.
22
Questão 7
Questão 77
2. Introdução teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais,
processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do
desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e
psicopatológica, personalidade e inteligência.
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7 Questão 19 – Enade 2006.
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Memória
A memória, processo psicológico envolvido na maioria das atividades
humanas, ocorre em três etapas: codificação, armazenamento e recuperação.
A codificação envolve a transformação de um estímulo físico (como um som ou
uma imagem) em um código, que pode ser armazenado. O armazenamento
refere-se à retenção desse código por períodos curtos ou longos. A
recuperação diz respeito ao resgate e ao uso dessa informação. As etapas de
codificação, armazenamento e recuperação ocorrem pelas intermediações
bioquímicas, via neurotransmissores, e pela intermediação elétrica, via
neurônios.
Evidências empíricas e experimentais apontam para o fato de haver
relação entre as emoções e a memória. Toda memória é adquirida num certo
estado emocional. As emoções estimulam a liberação de certas substâncias
no cérebro, como a noradrenalina, a dopamina, a serotonina, a acetilcolina ou a
beta-endorfina, que agem como moduladores da atividade cerebral,
aumentando ou diminuindo a capacidade de resposta de certas ligações
nervosas (sinapses), inclusive das responsáveis pela memória.
Em que pese a diversidade de enfoques teóricos e metodológicos dos
inúmeros estudos clínicos e experimentais sobre a relação entre estados
emocionais e memória, com resultados ainda insatisfatórios em alguns
aspectos, de maneira geral é possível afirmar que a memória é mais
favorecida por certos níveis de emoção do que pela repetição dos eventos
e frequência de evocação.
Para o neurocientista Ivan Izquierdo (2004), armazenamos mais e
melhor as informações e temos mais facilidade para recuperar memórias de
alto conteúdo emocional.
Além disso, há um fenômeno denominado “dependência de estado”, em
função do qual a memória é melhor quando o contexto, no momento da
recuperação de dados, equivale ao contexto existente no momento da
codificação (BOWER, 1981). Em termos neuro-humorais essa relação pode ser
explicada pela repetição, no momento da evocação, do “ambiente” neuro-
humoral específico presente no momento da formação da memória.
Estudos recentes demonstram que o hipocampo é o principal elemento
do sistema nervoso envolvido nos processos da memória, tanto na etapa de
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formação como na etapa de evocação. Como tendemos a relembrar situações
emocionalmente desagradáveis, poderíamos supor que a memória dessas
situações prevalece. No entanto, não é isso o que as pesquisas têm
demonstrado: situações emocionalmente carregadas, sejam agradáveis ou
desagradáveis, são igualmente lembradas e sua memória prevalece sobre a
de situações emocionalmente neutras. Pesquisas apontam para o fato de
que observam-se mais falsas memórias quando as situações lembradas são
desagradáveis, embora não haja uma relação causal entre a memória de
situações desagradáveis e a produção de falsas memórias.
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Questão 8
Questão 88
2. Introdução teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais,
processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do
desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica,
personalidade e inteligência
Adolescência e Puberdade
Adolescência e puberdade são conceitos que, embora intimamente
relacionados, não são sinônimos. A puberdade é um fenômeno biológico e
universal, em grande parte independente de cultura. Trata-se de um período
no qual os seres humanos sofrem modificações físicas, resultantes
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8 Questão 20 – Enade 2006.
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de mudanças hormonais, como o desenvolvimento das mamas e o início
da menstruação nas meninas e o aumento do pênis e dos testículos nos
meninos. Tais modificações hormonais, geneticamente determinadas, definirão
as características físicas da pessoa adulta.
O conceito de adolescência, por sua vez, também identifica o processo
de transição entre a infância e a vida adulta, mas é uma produção social e
é historicamente construído. O que se denomina adolescência é um período
psicossocial determinado culturalmente; ela não é universal e, portanto, nem
toda as sociedades a reconhecem.
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Questão 9
Questão 99
2. Introdução teórica
Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências,
Sociologia, Antropologia, Filosofia)
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9 Questão 31 – Enade 2006.
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Fatores hereditários e ambientais da inteligência
Um dos debates tradicionais da Psicologia diz respeito aos
determinantes de características individuais. Historicamente, diferentes
autores têm defendido posições favoráveis à prevalência de variáveis
genéticas, ou de variáveis ambientais, na gênese e no desenvolvimento das
diversas capacidades humanas.
Um delineamento de pesquisa bastante utilizado nas investigações que
objetivam verificar o peso de variáveis genéticas nas habilidades
cognitivas é aquele que avalia essas habilidades em gêmeos monozigóticos.
Visto que os gêmeos monozigóticos possuem a mesma constituição
genética, resultante da divisão de um óvulo fecundado por um único
espermatozoide, espera-se que todas as características humanas
resultantes da herança genética devam se apresentar em níveis iguais
nos dois indivíduos.
Gêmeos dizigóticos ou fraternos, resultantes por sua vez, da fecundação de
óvulos diferentes por espermatozoides diferentes, são geneticamente tão
semelhantes (e tão distintos) entre si, quanto qualquer par de irmãos nascidos
de gestações independentes.
Muitos estudos que relacionam medidas de inteligência em gêmeos
buscam identificar se os coeficientes de correlação entre gêmeos
monozigóticos são claramente mais elevados do que entre os gêmeos
dizigóticos. Os índices de correlação positiva em gêmeos monozigóticos
indicariam a participação da hereditariedade no desenvolvimento da
inteligência, fato que seria corroborado pelos índices de correlação menores
em gêmeos dizigóticos.
29
Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141
4-98932004000100011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 18 de fev. 2011.
MENDOZA, C. F. Introdução à psicologia das diferenças individuais. 2. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2006.
MORAIS, P. Estatística para psicólogos (que não gostam de números). São
Paulo: ESETEC, 2008.
MOTTA, P. A. Genética Humana: aplicada à Psicologia e toda a área
biomédica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
30
Questão 10
Questão 10 10
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10 Questão 28 – Enade 2006.
31
1. Reformulando o enunciado para melhor compreendê-lo
Nesta questão é descrita a condição de um profissional contratado por
uma organização para trabalhar em sua área de formação. Nessa organização
há um discurso sobre multifuncionalidade da gestão organizacional, que o
obriga a realizar atividades para as quais não está preparado. Cria-se uma
situação de conflito porque o profissional discorda da condição que lhe é
imposta, mas não reclama. Se por um lado reconhece que poderá cometer
erros e falhas cruciais, por outro lado, necessita do emprego. Solicita-se que
seja assinalada a afirmativa que contém uma explicação adequada para essa
situação.
2. Introdução teórica
Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências,
Sociologia, Antropologia, Filosofia)
32
No entanto, o discurso vigente sobre multifuncionalidade - inserção do
trabalhador nos diversos segmentos que compõem a organização visando
à sua participação em todo o processo de controle da produção - rompe
com identidades e papéis profissionais definidos, produzindo desalojamentos e
gerando inseguranças. Processos de exclusão são favorecidos por uma dupla
demanda: ao mesmo tempo em que se exige uma capacitação específica
associada a uma formação generalista, exigem-se habilidades e competências
até então não desenvolvidas.
33
Questão 11
Questão 1111
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seja assinalada a afirmativa correta, entre cinco referentes a aspectos
neuropsicológicos da doença considerada.
2. Introdução teórica
Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências,
Sociologia, Antropologia, Filosofia)
35
PINTO, J. A. et al. Manifestações otorrinolaringológicas na Síndrome de
Urbach-Wiethe (lipoproteinose). Brazilian Journal of Othorrinolaryngology
(BJORL), v. 54, p. 57-59, abr.-jun. 2011. Disponível em: <http://www.
bjorl.org/conteudo/acervo/acervo.asp?id=1627>. Acesso em: 23 de jan. de
2011.
PÔRTO, W. G. (Org.) et al. Emoção e Memória. São Paulo: Artes Médicas,
2006.
PÔRTO, W. G. et al. The paradox of age: an analysis of responses by
aging Brazilians to International Affective Pictures System (IAPS). Revista
Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 33, p. 10-15, 2011.
36
Questão 12
Questão 1212
_____________________
12 Questão 30 – Enade 2009.
37
E. o sistema dorsal controla o comportamento por meio de suas
conexões com as aferências sensoriais, enquanto o sistema ventral
suporta sua atividade.
2. Introdução teórica
Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências, Sociologia,
Antropologia, Filosofia).
38
Assim, a porção subcalosa do giro do cíngulo parece estar relacionada à
tristeza e a amídala parece estar envolvida no processamento do medo.
Pesquisas recentes têm procurado detalhar os diferentes elementos do
processamento emocional, investigando as várias etapas desse processo: o
reconhecimento do significado emocional de um estímulo, a emergência
do estado afetivo propriamente dito, as alterações neurovegetativas
associadas a esse significado e, por fim, a modulação da resposta
comportamental apropriada. Os resultados apontam para a ocorrência de
conexões recíprocas entre dois sistemas – o ventral e o dorsal. O sistema
ventral, constituído por amídala, ínsula, corpo estriado ventral, regiões
ventrais do cíngulo anterior e córtex órbito-frontal, é responsável pela
identificação dos estímulos recebidos através das vias aferentes das áreas
sensoriais.
O sistema dorsal, constituído por hipocampo, regiões dorsais do cíngulo
anterior e córtex pré-frontal, regula os estados afetivos e gera respostas
comportamentais adequadas ao contexto. A significativa massa de
conhecimentos acumulados sobre o assunto mostra que uma intrincada rede
de sistemas neurais, ativada em processos de modulação mútua, gera
comportamentos, mecanismos cognitivos e emoções.
39
Questão 13
Questão 1313
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2. Introdução teórica
Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências, Sociologia,
Antropologia, Filosofia)
Esquizofrenia em gêmeos – hereditariedade X ambiente
Pesquisadores e estudiosos têm defendido posições favoráveis à
prevalência de variáveis ou genéticas ou ambientais na gênese e no
desenvolvimento das capacidades humanas e nos desvios da normalidade.
Pesquisas realizadas com gêmeos monozigóticos e dizigóticos têm se
mostrado úteis quando o objetivo é verificar o peso de variáveis genéticas e
ambientais na constituição de uma habilidade ou de um comportamento
desviante.
Visto que os gêmeos monozigóticos possuem a mesma constituição
genética, resultante da divisão de um óvulo fecundado por um único
espermatozoide, espera-se que todas as características humanas
resultantes da herança genética devam se apresentar em níveis iguais
nos dois indivíduos. Gêmeos dizigóticos ou fraternos, resultantes por sua
vez da fecundação de óvulos diferentes por espermatozoides diferentes,
são geneticamente tão semelhantes (e tão distintos) entre si quanto
qualquer par de irmãos nascidos de gestações independentes.
Muitos estudos que comparam gêmeos buscam identificar se os
coeficientes de correlação entre gêmeos monozigóticos são claramente mais
elevados do que entre os gêmeos dizigóticos. Os índices de correlação
positiva em gêmeos monozigóticos indicariam a participação da
hereditariedade no desenvolvimento da inteligência, fato que seria
corroborado pelos índices de correlação menores em gêmeos dizigóticos.
Como a esquizofrenia é considerada resultante de herança multifatorial,
ou seja, determinada simultaneamente por fatores genéticos e ambientais,
as pesquisas que possibilitam comparar taxas de concordância e de
correlação entre gêmeos monozigóticos e dizigóticos ajudam a determinar
a extensão da influência genética sobre esse quadro psicopatológico.
41
UNIDADE 3
42
Questão 14
Questão 1414
43
O texto discute conceitos da psicometria e suas implicações na validade ao
serem usados diferentes tipos de métodos de avaliação (autor relato,
testes de performance/projetivos). Os autores argumentam que
A. correlações entre testes do mesmo tipo que medem construtos
relacionados deveriam ser interpretadas como evidências de validade
convergente e aconselham a inclusão de um método projetivo na bateria
de testes.
B. correlações entre testes de tipos diferentes que medem construtos
similares deveriam ser interpretadas como evidências de validade
convergente e aconselham o uso de, pelo menos, uma entrevista em qualquer
avaliação.
C. correlações baixas entre testes cujos métodos sejam
distintos são evidências negativas de validade, e correlações altas entre
testes de tipos similares são evidências de validade convergente.
D. correlações entre testes do mesmo tipo que medem
construtos semelhantes deveriam ser interpretadas como
evidências de precisão teste-reteste e aconselham o uso de testes
similares (do mesmo tipo de método), para serem obtidos índices de
congruência entre os resultados.
E. correlações entre testes do mesmo tipo que medem
construtos semelhantes deveriam ser interpretadas como
evidências de precisão, e não de validade, e desaconselham o
uso de um só tipo de método de avaliação, como, por exemplo, o
de entrevistas.
44
que se evite a utilização de métodos muito semelhantes: o uso de um único
método ou de métodos semelhantes pode conduzir a resultados incongruentes.
Quanto aos conceitos psicométricos utilizados, neste enunciado debate-
se o tema das discrepâncias intramétodos e entremétodos de
avaliação e são retomadas as noções de fidedignidade/precisão e
validade. Considerando as discrepâncias intramétodos mais
preocupantes do que as discrepâncias entremétodos, os autores
chamam atenção ao fato de que a concordância intramétodo, ou
seja, concordância interna no uso de determinado método, não implica que
haja validade convergente, embora esse fato evidencie haver
fidedignidade/precisão intramétodo. Ou seja, esse fato evidencia haver
consistência nas informações obtidas por distintos meios em um mesmo
contexto de método. A técnica teste-reteste, um dos procedimentos
experimentais utilizados para avaliar o grau de fidedignidade de um teste,
consiste na análise dos dados de duas aplicações de um único teste, em uma
mesma amostra, em duas oportunidades distintas.
Os autores referem-se, ainda, à possível indução a erros quando um
clínico confia apenas nas informações advindas de um único método
(duas respostas separadas do Rorschach, por exemplo) ou de métodos
muito semelhantes (autorrelato, questionários e entrevistas, por exemplo). Esse
clínico corre o risco de tomar decisões com base em variância de erro
associada à especificidade do(s) método(s) por ele utilizado(s).
Considerando que as informações reunidas nesse enunciado possibilitam
o reconhecimento de conceitos da psicometria que possuem implicações
para a validade, no caso de serem utilizados distintos métodos de avaliação
(autorrelato e testes de performance/projetivos, por exemplo) é solicitado o
reconhecimento da afirmação correta entre cinco alternativas possíveis.
Nessas alternativas são considerados os seguintes fatores: (1) tipo de
correlações estabelecidas entre testes (mesmo tipo ou tipos diferentes); (2) tipo
de construtos (relacionados ou semelhantes); (3) interpretação relativa à
validade e precisão e (4) recomendações para uso clínico.
Da combinação desses elementos resultam algumas possibilidades. A
tabela apresentada a seguir reúne as cinco combinações propostas nas
45
alternativas, sendo quatro incorretas e uma única correta, a ser identificada.
1. Introdução teórica
Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações
para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos
46
quer seja utilizado para medi-los com mais de um teste em uma mesma
ocasião. A fidedignidade é avaliada por meio de análise da consistência interna
dos itens que compõem o teste, da correlação entre as distribuições de dois
testes paralelos ou de duas formas de um mesmo teste, assim como pela
análise da correlação dos dados obtidos em momentos diferentes numa
mesma amostra.
O parâmetro validade , por sua vez, informa se o instrumento mede realmente
aquilo que se propõe medir. Um teste é válido quando há concordância entre o
que ele pretende avaliar e o que avalia de fato. Bunchaft (2002, p. 69) afirma
que “não se pode falar de uma validade em geral, mas de uma validade relativa
ao tipo de decisão e uso específico para o teste em questão”. Assim sendo, a
validade de um teste é determinada por vários processos relacionados à
especificidade de sua utilização. Um teste apresenta validade convergente
quando estabelece correlação alta com outro teste que mede o mesmo traço,
ou seja, a validade convergente refere-se à conformidade dos resultados entre
dois métodos distintos utilizados para medir construtos relacionados. Assim,
quando diante de uma concordância entre testes de mesmo tipo (intramétodo)
não podemos falar em validade convergente. Somente em evidência de
fidedignidade/precisão.
Os graus de precisão e de validade de um teste são tanto mais altos
quanto maiores forem os índices de correlação. A correlação, fator que
determina o grau de precisão (fidedignidade) e de validade de um teste,
expressa o nível de relação ou correspondência existente entre dois eventos. O
coeficiente de correlação varia entre menos um (-01) e mais um (+01),
conforme esquema abaixo.
-1 ___ -0,75___-0,5___-0,25____0____+0,25___+0,5___+0,75___+1
Perfeita Alta Média Baixa Ausente Baixa Média Alta Perfeita
Negativa Positiva
48
Questão 15
Questão 15 15
49
Por exemplo, em tarefas que envolvem processamento visual, ele chega a ter
desempenho classificado entre as 10% melhores notas obtidas por crianças da
mesma faixa etária.
II. Paulinho apresenta desempenhos muito baixos, em relação a
crianças de sua idade, em tarefas de processamento auditivo e conhecimento
de palavras. I sso poderá ajudar a compreender melhor as dificuldades de
comunicação relatadas. Esses resultados alertam para possíveis dificuldades
na aquisição de leitura e escrita.
III. Considerando a capacidade global (combinando -se todos os
subtestes), Paulinho tem desempenho superior à média, entre os 2% de notas
mais altas. Esse resultado elimina a hipótese de explicações cognitivas para as
dificuldades de comunicação relatadas pela professora.
50
solicitadas; na quarta, os resultados padronizados e na quinta e última coluna
estão reunidos dados relativos aos percentis. Uma vez apresentados esses
dados é solicitada a avaliação de três afirmações sobre o desempenho de
Paulinho , duas das quais referem -se também à queixa apresentada por pais e
professores.
Ao sermos convidados a escolher a alternativa correta nos vemos diante da
necessidade de realizar uma leitura correta da tabela, interpretar seus dados à
luz de conhecimentos de psicometria e de estatística e analisá-los com
referência à queixa.
2. Introdução Teórica
Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações para
investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos
51
3. Referências e indicação de leituras
BUNCHAFT, G.; CAVAS, C. S. T. Sob Medida: um guia sobre a elaboração de
medidas do comportamento e suas aplicações. São Paulo: Vetor, 2002.
ERTHAL, T. C. Manual de Psicometria. Rio de Janeiro: Zahar, 2003.
PASQUALI, L., Psicometria: teoria dos testes na Psicologia e na Educação.
São Paulo: Vozes, 2009.
URBINA, S. Fundamentos da Testagem Psicológica. Porto Alegre: Artmed,
2006.
52
Questão 16
Questão 1616
53
Estudo 3 - Buscando analisar possíveis fatores associados ao
desempenho de estudantes universitários, um pesquisador aplicou um
questionário, que continha várias escalas validadas, a uma amostra ampla e
representativa de alunos de diferentes cursos de uma universidade de grande
porte. Foram avaliados, entre outros aspectos, a satisfação com a qualidade do
ensino, a integração social com os colegas, a satisfação com a escolha
profissional, o investimento relativo a horas dedicadas ao estudo
semanalmente, além de variáveis socioeconômicas e demográficas. Os
resultados permitiram identificar que maiores níveis de satisfação com a
escolha profissional associavam-se mais fortemente com maior investimento do
aluno no curso e com desempenhos superiores, relativos a notas obtidas nas
disciplinas cursadas.
Estudo 4 - Buscando compreender crenças e significados relacionados
a cuidados com a saúde de um grupo de habitantes de uma comunidade
bastante isolada geograficamente de centro urbano, pesquisadores fizeram
várias visitas ao local e, à medida que se aproximaram dos moradores,
puderam conversar sobre o cotidiano, ouvir histórias sobre o passado da
comunidade, observar interações, rotinas de trabalho, comemorações festivas
e práticas de cuidado com a saúde, tendo sido gerada quantidade razoável de
informações sobre padrões culturais dominantes no grupo. Tais informações
forneceram base para hipóteses iniciais de como as práticas de cuidado com a
saúde eram elementos constituintes de padrões culturais bem distintos dos que
se observam nas grandes cidades do país.
54
1. Reformulando o enunciado para melhor compreendê-lo
No enunciado da questão são descritas quatro pesquisas da área de
Psicologia. Cada uma delas foi realizada em conformidade com um
determinado tipo de pesquisa. Uma delas é de tipo exploratório, outra, de tipo
descritivo, outra, de tipo correlacional e outra ainda, de tipo explicativo. Esses
tipos são definidos em função do objetivo específico do pesquisador, d a
natureza da questão em pauta e do conhecimento já acumulado sobre o tema.
As estratégias de coleta de dados e a avaliação das relações entre os
fenômenos implicados são específicas de cada tipo de investigação.
Ao aluno é solicitado que verifique como deve ser classificada cada uma das
quatro pesquisas descritas.
2. Introdução teórica
Fundamentos, métodos e técnicas de coleta e análise de informações
para investigações científicas e avaliação de fenômenos psicológicos
55
3. Referências e indicação de leituras
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: Atlas,
1999.
LEVIN, J. Estatística aplicada a ciências h umanas. 2. ed. São Paulo: Harbra,
1987.
56
Questão 17
Questão 1717
Kantowitz, Roediger III e Elmes (2006) afirmam que:
“Se uma teoria precisa de uma proposição distinta para cada resultado
que deve explicar, evidentemente ela não permitiu praticidade. As teorias
ganham solidez quando podem explicar muitos resultados com poucos
conceitos explicativos. Portanto, se duas teorias possuem o mesmo
número de conceitos, a que puder explicar mais resultados é uma teoria
melhor. Se duas teorias podem explicar o mesmo número de resultados,
a com menor n úmero de conceitos explicativos é a preferida”.
(KANTOWITZ, B. H.; ROEDIGER III, H. L.; ELMES, D. G. Psicologia experimental:
psicologia para compreender a pesquisa em Psicologia. (R. Galman, trad. ). São Paulo:
57
Teorias científicas: critérios para obtenção de solidez teórica
Teorias científicas não são consideradas verdades absolutas nem
eternas. Os cientistas formulam e utilizam teorias como hipóteses, ou seja,
como tentativas de explicar ou representar fenômenos da natureza. Com certa
frequência os cientistas precisam decidir sobre qual é a teoria mais adequada a
sua investigação. Alguns critérios para a avaliação de teorias científicas são:
parcimônia, precisão, testabilidade, pragmatismo e refutabilidade.
As teorias científicas ganham solidez quando podem explicar diversos
resultados com poucos conceitos explanatórios. Aqui temos a parcimônia
como critério: quanto menos conceitos explicativos houver em uma teoria,
melhor ela será. Se uma teoria precisa de um novo conceito explicativo para
cada resultado ou fenômeno, ela não é econômica. Segundo o filósofo inglês
Ockam, do século XVII, parcimônia pode ser expressa da seguinte forma: se
existe mais de uma explicação para uma dada observação, devemos adotar a
mais simples.
Dizemos que houve precisão teórica quando foi possível “acertar o alvo”
ao realizar previsões sobre o fenômeno estudado.
Há teorias que possibilitam realizar diversos testes para comprovar sua
correção. Aqui temos a testabilidade como critério.
O pragmatismo estabelece que as questões que não fazem diferença
prática para nossa experiência são inúteis, sem sentido. Segundo esse critério,
é recomendável buscar compreender as nossas experiências. Não buscamos
verdades absolutas, mas sim, afirmações de caráter prático, que permitam
articular, organizar e compreender nossas experiências.
A refutabilidade acha-se bem expressa na seguinte oração: “é
verdadeiro até que se prove o contrário”. Critério proposto por Karl Popper na
década de 30, a refutabilidade acha-se diretamente relacionada ao caráter
transitório da validade de uma teoria científica: ela é válida até o momento em
que seja refutada.
58
KANTOWITZ, B. H.; ROEDIGER III, H. L.; ELMES, D. G. Psicologia
experimental: psicologia para compreender a pesquisa em Psicologia. São
Paulo: Thomson Learning, 2006.
LAKATOS, E. M. & MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica .
São Paulo: Atlas, 2007.
SERIO, T. M. A. P. O behaviorismo radical e a psicologia como ciência. Rev.
Bras. Ter. Comport. Cogn., São Paulo, v. 7, n. 2, dez. 2005. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
55452005000200009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 13 set . 2013.
59
Unidade 4
Práticas Profissionais
60
Questão 18
Questão 1818
A saúde no Brasil é organizada em níveis de atenção primária,
secundária e terciária. O nível de atenção primária diz respeito à atenção
básica ou a unidades e programas de saúde que atendem à população em um
nível básico de complexidade tecnológica e de mão de obra. Estão
enquadrados na atenção primária os postos de saúde; o Programa de Saúde
da Família (PSF); os centros de referência que oferecem suporte à saúde da
mulher, da criança, do idoso, do adolescente; os programas antitabagismo e os
de apoio a pessoas com HIV, entre outros. O nível de atenção secundária diz
respeito à complexidade tecnológica e de mão de obra intermediária, como é o
caso dos hospitais gerais. O nível de atenção terciária diz respeito à alta
complexidade tecnológica e de recursos humanos, como é o caso dos hospitais
especializados, como o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e a Rede SARAH.
O trabalho do psicólogo da área da saúde que atue no nível de atenção
primária deve estar focado na prevenção de doenças e na promoção de saúde,
o que exige que o psicólogo
A. colabore em equipe interdisciplinar formada para a avaliação e o
tratamento de pacientes com câncer hospitalizados e projete programas de
reabilitação psicológica de pacientes internados.
B. projete programas para ajudar as pessoas a parar de fumar e perder peso,
os quais minimizam outros fatores de risco à saúde, e promova
comportamentos saudáveis, tais como a prática de exercícios físicos e a
alimentação balanceada.
C. facilite o trabalho do médico no serviço de atendimento de emergências
dos hospitais, atuando no acolhimento dos pacientes, e identifique
dificuldades psicológicas que contribuam para a compreensão da doença no
atendimento de emergência hospitalar.
D. promova a educação ambiental, para que as pessoas desperdicem menos
e produzam menos lixo, e crie programas de treinamento e capacitação que
permitam aos médicos lidar melhor com as questões psicológicas dos
pacientes internados em estado grave em unidades de saúde.
______________________
61
18 Questão 31 – Enade 2012.
E. capacite outros profissionais da área de saúde, para que possam realizar
visitas domiciliares e avaliar as condições psicológicas de determinada
população, e promova reuniões de equipe para avaliar os pacientes em
tratamento e reabilitação neurológica em unidade hospitalar.
2. Introdução Teórica
Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do psicólogo
priorizando as intervenções nos processos educativos, de gestão, de
promoção de saúde, clínicos e de avaliação
62
nível, os consultórios especializados e pequenos hospitais (tecnologia
intermediária) e no terceiro nível, os grandes hospitais gerais e especializados
(alta tecnologia), que servem de referência aos demais serviços.
Os psicólogos ocupam um lugar relevante nessa conjuntura.
Primeiramente, por poderem participar do processo de mudança de
paradigmas em saúde, questionando o modelo biomédico, de caráter curativo e
histórico e propondo uma abordagem que privilegie o indivíduo em sua
dimensão biopsicossocial e cultural. Além disso, suas intervenções
profissionais permitem privilegiar o trabalho em grupo para abordagem de
questões da saúde, como o atendimento a hipertensos, diabéticos e gestantes,
entre outros. Podem contribuir, ainda, para a prevenção e promoção da saúde
mental de indivíduos e coletivos. Nos três níveis de atenção à saúde, o
psicólogo encontra inserção em equipes interdisciplinares, realizando, entre
outras ações, estudos de casos, inter consultas, supervisão continuada,
orientação e capacitação no acolhimento e no cuidado assistencial.
63
Questão 19
Questão 1919
64
Em um país marcado por profunda desigualdade social, a pobreza figura
como um dos traços mais pungentes. Apesar da significativa melhora do
quadro de pobreza nos últimos anos, 16% da população brasileira vive em
condições de extrema pobreza e 38% , em condições de pobreza. ( DANTAS, C.
M. B.; OLIVEIRA, I. F.; YAMAMOTO, O. H. Psicologia e pobreza no Brasil: produção de
conhecimento e atuação do psicólogo. Psicologia e Sociedade , n. 22(1), 2010, p. 104 - 111 .
Adaptado. Disponível em: <http://grafar.blogspot.com.br/2010/02/charge -joel - almeida.html>.
Acesso em: 26 ago. 2012).
2 . Introdução Teórica
Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências, Sociologia,
Antropologia, Filosofia)
66
do desenvolvimento humano: renda, educação e saúde. Criado com o objetivo
de oferecer contraponto a outro indicador muito utilizado , o Produto Interno
Bruto (PIB), que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento,
pretende -se que o IDH seja uma medida geral e sintética que amplia a
perspectiva de desenvolvimento humano, embora não abranja todos os seus
aspectos.
Tendo por premissa que as pessoas são a verdadeira riqueza das
nações, o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH ) é reconhecido pelas
Nações Unidas como um exercício intelectual independente e uma importante
ferramenta para aumentar a conscientização sobre o desenvolvimento humano
em todo o mundo. Os RDHs incluem o IDH e apresentam dados e análises
relevantes para organizar a agenda global. Também abordam questões e
políticas públicas que situam as pessoas no centro das estratégias de
enfrentamento de desafios do desenvolvimento.
O PNUD publica anualmente um RDH Global, com temas transversais e
de interesse internacional, bem como o cálculo do IDH de grande parte dos
países do mundo. Publica, também, periodicamente, centenas de RDHs
nacionais, incluindo os do Brasil. Até hoje, o PNUD Brasil já publicou três
Relatórios e dois Atlas de Desenvolvimento Humano nacionais, ferramentas
importantes tanto para os governos quanto para os cidadãos, pois, com mais
informação podemos estar mais conscientes e atuar mais e melhor,
cooperando para a solução dos problemas abordados nos relatórios.
Como vimos, os dados reunidos nesta questão e submetidos à crítica,
foram obtidos em 2005 e constam do RDH d e 2007.
67
QUESTÃO 20
Questão 2020
Os fenômenos organizacionais revelam-se complexos para aqueles que
querem investigar seus determinantes, tanto quanto para aqueles que buscam
intervir na solução de problemas comuns no dia a dia de qualquer organização,
independentemente de tamanho, setor ou segmento produtivo. É comum, na
literatura, a compreensão de que tais fenômenos devem ser considerados
como resultados da interação entre fatores que se estruturam em, pelo menos,
quatro níveis de ocorrência: individual, grupal, organizacional propriamente dito
e contextual ou ambiental.
Considerando essas informações, avalie as seguintes afirmações, que
relacionam os níveis de ocorrência dos fenômenos organizacionais com
possíveis explicações de alguns temas organizacionais clássicos.
I. Quando o absenteísmo é considerado o produto de fatores culturais e de
políticas de gestão de pessoas, trabalha-se no nível organizacional.
II. Quando a permanência do trabalhador na organização é explicada pela
intensidade do seu comprometimento organizacional, trabalha-se no nível
individual.
III. Quando a perda do emprego não mais é atribuída à falta de habilidade
do trabalhador, mas, sim, a mudanças tecnológicas que demandam novo
perfil de qualificação, trabalha-se no nível contextual.
IV. Quando a qualidade do desempenho no trabalho é explicada como
resultado de processos motivacionais ligados a valores e metas pessoais,
trabalha-se no nível grupal.
V. Quando o estresse é explicado pelos conflitos, pela falta de comunicação
e pelas relações entre gestores e seus subordinados, trabalha-se no nível
individual.
68
D. II, III e IV.
E. II, IV e V.
2. Introdução teórica
Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do psicólogo
priorizando as intervenções nos processos educativos, de gestão, de
promoção de saúde, clínicos e de avaliação
69
âmbito das dinâmicas grupais, no âmbito das organizações ou em contexto
social mais abrangente.
Em meio à multiplicidade de fenômenos passíveis de estudo e de
intervenção, pode-se recortar os relativos ao absenteísmo, à permanência do
trabalhador na organização, às mudanças tecnológicas, a processos
motivacionais, a desempenho profissional, a conflitos nas relações
interpessoais, à comunicação deficiente, às relações entre gestores e
subordinados, entre outros tantos.
O absenteísmo tem múltiplas causas possíveis. Pode ser produzido por
causas predominantemente pessoais ou predominantemente organizacionais.
Ou seja, a ausência do trabalhador pode estar sendo motivada por motivos
predominantemente pessoais, como por exemplo, estar tendo dificuldade de
relacionar-se com outras pessoas ou dificuldade de chegar ou permanecer na
empresa por razões familiares. Mas o absenteísmo pode derivar de outras
causas – pode decorrer, por exemplo, de fatores culturais ou de uma gestão
mal conduzida, o que extrapola o âmbito individual.
O comprometimento com o trabalho, segundo Bastos et al (2008), deve
-se a fatores afetivos, normativos e calculativos, todos próprios do nível
individual, porém sujeitos a influências externas ao indivíduo e também à
organização. Assim, grande parte do grau de comprometimento do trabalhador
com a organização deve -se a fatores psicológicos . Seja por razões afetivas ,
gostar de trabalhar onde trabalha, seja por compartilhar dos mesmos valores
da organização, seja pela necessidade de preservar seu salário.
A qualidade do desempenho no trabalho resulta de processos
motivacionais ligados a valores e metas pessoais. Tais processos, embora
sujeitos a determinações grupais, organizacionais e contextuais, ocorrem em
nível individual.
Para a tão temida perda do emprego há múltiplas causas possíveis:
alterações no panorama político e econômico do país, avanços tecnológicos,
políticas organizacionais e tantas outras variáveis às quais estão sujeitos os
organismos institucionais, por serem sistemas abertos. Pode ocorrer, por
exemplo, que o contexto geral obrigue uma organização a contratar
trabalhadores que exibam perfis de qualificação mais adequados à sua
necessidade, decorrendo disso demissões e contratações.
70
O estresse ocupacional, resposta do organismo às demandas da
organização e do trabalho, muito frequente na contemporaneidade, deve-se a
múltiplos fatores: políticas e práticas de recursos humanos, sobrecarga de
trabalho, cultura organizacional e qualidade das relações interpessoais, entre
outros. Além desses determinantes grupais, há outros, de caráter individual,
pois o trabalhador atribui sentidos às circunstâncias e à própria capacidade de
lidar com elas.
O quadro apresentado a seguir favorece a compreensão dos três
conjuntos de fatores relacionados.
3. Indicações de Leitura
BASTOS, A. V. B.; SIQUEIRA, M. M. M.; MEDEIROS, C. A. F.; MENEZES, I.
G. Comprometimento organizacional. In SIQUEIRA, M. M. M. e col. Medidas
do comportamento organizacional: ferramentas de diagnóstico e gestão. Porto
Alegre: Artmed, 2008.
LOIOLA, E.; BASTOS, J. V. B.; QUEIROZ, N.; SILVA, T. D. Dimensões básicas
de análise das organizações. In ZANELLI, J. C; BORGES -ANDRADE, J. E;
BASTOS, A.
71
V. B. (org.). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto Alegre:
Artmed , 2004.
ROBBINS, S. Comportamento organizacional. Trad. Reynaldo Marcondes. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
72
QUESTÃO 21
Questão 2121
João e Francisca, casados há 13 anos, têm dois filhos: Marcos, com 9
anos de idade, e Antônio, com 6. Marcos frequenta o 4.º ano do ensino
fundamental de uma escola pública e, há algum tempo, vem manifestando
comportamento agressivo com os colegas e mostrando - se desinteressado
pelas atividades escolares, o que prejudicou seu desempenho escolar. A
professora relata que Marcos passou a agir dessa maneira depois de ter-se
envolvido em uma briga com alguns alunos mais velhos. O outro filho do casal,
Antônio, está matriculado no 1.º ano dessa mesma escola e, no início do ano
letivo, apresentou dificuldade de adaptação à escola e tem reclamado, com
frequência, que é excluído das brincadeiras por estar acima do peso.
Francisca dedica-se aos cuidados da família e da casa e, sempre que
pode, auxilia os filhos nas tarefas da escola. João trabalha em uma empresa
que foi comprada recentemente por um importante grupo empresarial e, devido
a mudanças na gestão da empresa e à redução na quantidade de
colaboradores, está dedicando mais tempo ao trabalho, para conseguir cumprir
as metas estabelecidas; mostra - se apreensivo e insatisfeito com a empresa,
assim como outros colegas de trabalho.
Tendo como base essas informações, escolha o contexto escolar ou o
organizacional e redija uma proposta de intervenção para uma das situações
relatadas, justificando o plano descrito com conceitos que fundamentam a
escolha realizada. (valor: 10,0 pontos)
________________________________
21 Questão Discursiva 3 – Enade 2012
73
1. Reformulando o enunciado para melhor compreendê-lo
Esta questão faz referência à necessidade de oferecer cuidados a duas
crianças – Marcos e Antônio. Antônio (6 anos), aluno do 1º ano, apresentou
dificuldade de adaptação à escola por ocasião de seu ingresso e, atualmente,
reclama que é excluído das brincadeiras por ser gordinho. Marcos (9 anos),
aluno do 4º ano, tem demonstrado desinteresse pelas atividades escolares e
está agressivo com os colegas desde que envolveu-se em uma briga com
colegas mais velhos. Os pais desses meninos - João e Francisca - estão
casados há 13 anos.
Enquanto Francisca cuida da casa, João sai para trabalhar. Francisca ajuda os
filhos nas tarefas da escola sempre que pode, mas João não tem tido tempo
para dar-lhes atenção, pois seu trabalho exige muitos esforços: há metas a
serem cumpridas em prazos exíguos e poucos trabalhadores. Isso o deixa
apreensivo e insatisfeito com a empresa e com os colegas.
Podem ser propostas a essa família intervenções psicológicas em distintos
contextos, por exemplo, no escolar ou no organizacional. Solicita-se que, uma
vez priorizado um desses contextos, seja elaborada uma proposta de
intervenção que esteja apoiada em conceitos da Psicologia.
2. Introdução teórica
Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do psicólogo
priorizando as intervenções nos processos educativos, de gestão, de
promoção de saúde, clínicos e de avaliação.
74
Intervenção psicológica no contexto escolar e organizacional
1. Intervenção no contexto escolar
Muitos psicólogos atuantes no âmbito educacional atribuem as causas
das dificuldades escolares à própria criança ou, quando muito, a seus pais e/ou
professores, desconsiderando variáveis do sistema educacional e do sistema
sócio-político-econômico vigentes. No entanto, tem sido bastante difundidos
resultados de pesquisas que alertam para o fato de ser indispensável
considerar tais estruturas para um adequado entendimento da queixa escolar.
Quando Angelucci (2004) examina a produção de teses e dissertações
do Instituto de Psicologia e da Faculdade de Educação da USP, constata que
alguns estudos consideram a queixa escolar “resultante de problemas
psíquicos ou emocionais” dos alunos ou da “ineficiência dos professores para
ensinar”. A responsabilidade pelo fracasso migra do aprendiz, que não aprende
por alguma razão de ordem biopsicológica, que espelha muitas vezes uma
dinâmica familiar pouco sadia, para o professor, de formação considerada
deficiente. Segundo essa autora, explicações psicobiológicas do fracasso
escola continuam recebendo grande aceitação e soma-se a isso a ideia
amplamente aceita da falta de preparo dos professores.
Dificuldades escolares recebem atenção de distintos enfoques da
Psicologia, alguns dos quais privilegiam, ainda hoje, o psicodiagnóstico e a
psicoterapia individuais. Freller (2001) lembra que os processos e as práticas
escolares produzem e mantêm dificuldades apresentadas pelas crianças nas
escolas. Considera que tais dificuldades são geradas por uma “rede de
relações que inclui a escola, a família e a própria criança, em um contexto
socioeconômico que engendra uma política educacional específica”.
(FRELLER et al. 2001, p. 130)
Embora não haja um modelo padrão de atuação do psicólogo, ele deve
considerar sempre os diversos fatores interativos e propiciadores da situação
apresentada como problemática. Seu atendimento exige reflexão pessoal,
busca de contextualização e de encaminhamentos para a solução.
Indispensáveis ao procedimento psicológico devem ser as seguintes ações:
escutar todos os envolvidos; facilitar a comunicação entre eles; estimular
crianças, seus pais e agentes da educação escolar a refletirem; criar
oportunidades para que as crianças se expressem e atribuam significado à
75
dificuldade experimentada; apresentar ideias e implicar a escola na
problemática; participar da definição de recursos a serem utilizados pela
instituição em sua relação com a criança e da definição de mudanças a serem
introduzidas em âmbito familiar e escolar com o objetivo de melhorar a
dinâmica de relações e a qualidade de ensino.
3. Indicação de Leituras
ANGELUCCI , C. B., & cols. O estado da arte da pesquisa sobre o fracasso
escolar (1991-2002): um estudo introdutório. Educação e Pesquisa USP, 30, 52
-72, 2004.
A NDRADA, E. G. C. Novos paradigmas na prática do psicólogo escolar.
Psicologia: Reflexão e Crítica, 18 (2), 196 -199, 2005.
BASTOS, A. V. B.; SIQUEIRA, M. M. M.; MEDEIROS, C. A. F.; MENEZES, I.
G. Comprometimento organizacional. In SIQUEIRA, M. M. M. e col. Medidas
do comportamento organizacional: ferramentas de diagnóstico e gestão. Porto
76
Alegre: Artmed, 2008.
FRELLER, C. C. et al. Orientação à queixa escolar. Psicologia em Estudo,
Maringá, v. 6, n. 2, p.129-135, 07 dez. 2001. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/pe/v6n2/v6n2a18.pdf>. Acesso em: 25 de ago. 2010.
LOIOLA, E.; BASTOS, J. V. B.; QUEIROZ, N.; SILVA, T. D. Dimensões básicas
de análise das organizações. In ZANELLI, J. C; BORGES -ANDRADE, J. E;
BASTOS, A. V. B. (org.). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. Porto
Alegre: Artmed, 2004.
MACHADO, A. M. Formas de pensar e agir nos acontecimentos escolares:
abrindo brechas com a psicologia. In FACCI, M.; MEIRA, M.; TULESKI, S.
(orgs.). A exclusão dos “incluídos”: uma crítica da psicologia da educação à
patologização e medicalização dos processos educativos. Santa Catarina:
Editora da Universidade de Maringá, 2011.
MACHADO, A. M. e SOUZA, M. P. R. S. Psicologia Escolar: em busca de
novos rumos. 4 . ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.
ROBBINS, S. Comportamento organizacional. Trad. Reynaldo Marcondes. São
Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.
SOUZA, M. P. R. Prontuários revelando os bastidores do atendimento
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18, jun2005. Disponível em:<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_art
text&pid=S1415-71282005000100008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 01 de
out. 2010.
77
QUESTÃO 22
Questão 2222
A Psicologia do Esporte, como área emergente de aplicação, faz parte
das Ciências do Esporte, juntamente com a Antropologia, Filosofia e Sociologia
do Esporte. No que se refere ao trabalho com atletas de esportes coletivos, a
caracterização do trabalho do psicólogo do esporte ainda está consolidando-se
e, cada vez mais, esse profissional é requisitado a
I. desenvolver programas de auxílio, como, por exemplo, por meio de
psicoterapia individual, a atletas que estejam vivenciando sobrecargas
emocionais devido às altas exigências que os esportes de competição
demandam.
II. identificar características de ansiedade-traço e ansiedade -estado,
direcionando atividades específicas que visem auxiliar os indivíduos a
manejar o estresse em situações de preparação para competições e
durante competições.
III. promover, junto a atletas, técnicos e treinadores, modos de manejo e
enfrentamento de estresse em competições, controle da concentração,
ampliação das habilidades de comunicação e de coesão de equipe,
padrões de resiliência diante de situações de derrota em competições,
desenvolvimento da noção de esporte como promoção de saúde e bem-
estar individual e coletivo.
É correto o que se afirma em
A. I, apenas.
B. III, apenas.
C. I e II, apenas.
D. II e III, apenas.
E. I, II e III.
78
demandas, entre as quais trabalhar junto a atletas de esportes coletivos.
Embora a caracterização do trabalho do psicólogo do esporte ainda esteja em
processo de consolidação, ele é cada vez mais requisitado.
Nesta questão pede-se que seja identificado, entre múltiplas alternativas,
que tipo de demanda é feita ao psicólogo do esporte: compete a esse
profissional desenvolver programas de auxílio a atletas que estejam
vivenciando sobrecargas (por meio de psicoterapia, por exemplo)? Cabe a ele
identificar características de ansiedade-traço e ansiedade-estado para propor
atividades que ajudem a manejar o estresse? Compete ao psicólogo promover
ações junto a atletas, técnicos e treinadores para auxiliá-los a alcançar vitórias
nas competições e a enfrentar possíveis derrotas?
2. Introdução Teórica
Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do
psicólogo priorizando as intervenções nos processos educativos, de
gestão, de promoção de saúde, clínicos e de avaliação
79
Resiliência, capacidade de resistir em meio a situações extremas e de
poder recuperar-se bem, é um fator importante no universo das competições
esportivas. Durante as disputas são frequentes as situações adversas -
esgotamento físico, intensa pressão, placar desfavorável, contextos pessoais e
afetivos desfavoráveis.
Atletas resilientes resiste m a tais fatores adversos e conseguem superá-
los. Segundo Brandão (2007), compete ao psicólogo do esporte contribuir para
o desenvolvimento de habilidades psicológicas básicas por meio de uma ação
educativa-preventiva; favorecer a comunicação e a coesão da equipe de
atletas; fomentar a compreensão do esporte como atividade promotora de
saúde e bem-estar individual e coletivo; preparar psicologicamente indivíduos e
equipes para que ampliem suas possibilidades de autocontrole emocional em
condições de estresse competitivo e em momentos difíceis do treinamento.
Também é de sua competência oferecer assessoria à comissão técnica.
3. Indicações de Leitura
BRANDÃO, M. R. F. Aspectos Biopsicológicos no Esporte. In: MOREIRA, W.
W.; SIMÕES, R. (org.). Fenômeno esportivo no início de um novo milênio.
Piracicaba: UNIMEP, 2000.
BRANDÃO, M. R. F.; VALDÉS CASAL, H. M. Modelos de prática profissional
na Psicologia do Esporte. Coleção Psicologia do Esporte e do Exercício, v. 1,
São Paulo: Atheneu, 2007.
GOULD, D., WEINBERG, R. S. Fundamentos da Psicologia do Esporte e do
Exercício. 4 ed. Porto Alegre: ARTMED, 2008.
SAMULSKI, D. Psicologia do Esporte. São Paulo: Manole, 2002.
80
Questão 23
Questão 2323
A seguinte queixa foi encaminhada ao Conselho Regional de Psicologia:
Uma adolescente, atendida no setor de orientação vocacional, queixou-se de
que o psicólogo influenciava a paciente a participar de cultos, relacionando
acontecimentos à vontade de Deus; utilizava-se de mapa astral em suas
orientações e realizava atendimento a diferentes pessoas de uma mesma
família propiciando a troca de informações entre elas. Foi constatado o uso de
mapas astrológicos em sessões de orientação vocacional como ferramenta
complementar de análise. Verificou-se, ainda, que houve indução a convicções
morais e religiosas e que foi realizado atendimento individual a diversos
membros da família. Em sua defesa, o psicólogo negou ter abordado a questão
religiosa e devassado o sigilo, destacando ser relativa a inviolabilidade, já que
a atendida era menor de idade. Afirmou utilizar-se somente de instrumentos
científicos e, eventualmente, da técnica de mapa astral para melhor
compreender os pacientes e abreviar os processos psicoterápicos. ( Psi Jornal de
Psicologia CRP SP, n. 168, mar./abr./2011. Disponível em:
<http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao >. Acesso em: 06 jul de 2012. Adaptado).
_________________________________
23 Questão 35 – Enade 2012.
81
É correto o que se afirma em:
A. I, apenas.
B. II, apenas.
C. I e III, apenas.
D. II e III, apenas.
E. I, II e III.
2. Introdução teórica
Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do psicólogo
priorizando as intervenções nos processos educativos, de gestão, de
promoção de saúde, clínicos e de avaliação
82
Psicologia: ética no exercício da profissão
Ao definir um corpo de práticas para o atendimento de demandas
sociais, o Código de Ética Profissional do Psicólogo busca garantir a adequada
relação de cada profissional com seus pares e com a sociedade em geral.
Em seu Artigo 1º estabelece os deveres fundamentais dos psicólogos, entre os
quais inclui-se o dever de utilizar somente princípios, conhecimentos e técnicas
reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na
legislação profissional.
Em seu Artigo 2º veda ao psicólogo em exercício de suas funções
profissionais, entre outros procedimentos, o de induzir a convicções filosóficas
e religiosas, bem como o de prestar serviços de atendimento psicológico cujos
procedimentos, técnicas e meios não estejam regulamentados ou reconhecidos
pela profissão.
O Artigo 9º desse Código aborda a questão do sigilo profissional,
estabelece como dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional para proteger
a intimidade das pessoas, grupos e organizações. Estabelece, ainda, que em
caso de ser preciso quebrar esse sigilo, o psicólogo deverá restringir-se a
prestar as informações estritamente necessárias.
O Artigo 13º estabelece que no atendimento à criança, ao adolescente
ou ao interdito, deve ser comunicado aos responsáveis o estritamente
essencial para que sejam promovidas medidas em seu benefício.
O Artigo 21º trata das transgressões dos preceitos desse Código: as
infrações disciplinares ficam sujeitas à aplicação de penalidades –
advertências, multas, censuras públicas, suspensão temporária do exercício
profissional e cassação do exercício profissional.
83
Questão 24
Questão 2424
As instituições de longa permanência para idosos (ILPI) apresentam
altas prevalências de internados em uso de psicofármacos para o controle de
distúrbios comportamentais. A associação deles com a polifarmácia e a
depressão é significativa, e os portadores de demência foram os que mais
fizeram uso dos neurolépticos. Fatores como idade e sexo, normalmente
relevantes em pacientes ambulatoriais, não apresentaram associação em
pacientes institucionalizados.
Foi realizado estudo transversal e retrospectivo por meio de análise de
prontuários de todos os idosos (60 anos de idade ou mais) internados em uma
ILPI, independentemente das doenças apresentadas. Aplicou-se a regressão
logística para verificar os fatores associados ao uso de psicofármacos na
instituição, obtendo -se os resultados a seguir.
84
de seu uso corriqueiro em quadros demenciais, depressões e distúrbios
comportamentais.
II. O uso de medicamentos psicoativos no contexto das IPLI deve ser
justificado pelas características clínicas dos pacientes, mas não
necessariamente pela etiologia em si, apresentando, em muitos casos,
um mau uso medicamentoso.
III. Apesar dos conhecidos riscos e efeitos colaterais que os
benzodiazepínicos provocam em idosos, torna-se, muitas vezes, difícil
sua retirada em quadros de ansiedade e distúrbios do sono — em razão
da própria institucionalização — , provocando seu consumo em
percentual significativo de asilados.
IV. O quadro depressivo é comum nas ILPI devido, geralmente, a fatores
como as limitações físicas e a dependência funcional, associados ao
isolamento e à negação, no intuito de diminuir a percepção de um
ambiente desconhecido.
85
permanente e simultâneo de cinco ou mais medicamentos) e uma associação
entre prescrição de neurolépticos e quadros demenciais.
Outro resultado de pesquisa é também fornecido no enunciado da
questão: “Fatores como idade e sexo, normalmente relevantes em pacientes
ambulatoriais, não apresentaram associação em pacientes institucionalizados”.
Este é um dado bastante relevante por apontar o fato de não haver
discriminação no uso de medicamentos nas ILPI.
Em seguida, é descrita a metodologia utilizada na pesquisa: “Foi
realizado estudo transversal e retrospectivo por meio de análise de prontuários
de todos os idosos (60 anos de idade ou mais) internados em uma ILPI,
independentemente das doenças apresentadas. Aplicou-se a regressão
logística para verificar os fatores associados ao uso de psicofármacos na
instituição (...).”
Por fim, são reunidos os resultados obtidos em uma tabela de dupla
entrada que cruza dados relativo s à porcentagem de uso das diferentes
classes de psicofármacos (benzodiazepínicos, antidepressivos, neurolépticos e
psicoativos) com dados relativos aos subgrupos portadores de distintos
quadros (demência, sequela de AVC/TCE, depressão, doenças psiquiátric as),
bem como de pacientes sem indicações óbvias do uso de psicofármacos. A
última linha de dados da tabela informa a porcentagem total de uso de
psicofármacos no hospital estudado.
2. Introdução teórica
Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do psicólogo
priorizando as intervenções nos processos educativos, de gestão, de
promoção de saúde, clínicos e de avaliação
86
Nessas instituições é comum a ocorrência de casos de demência senil,
de acidente vascular cefálico (AVC, derrame cerebral), de traumatismo
cranioencefálico (TCE , produzido por agressão ao sistema nervoso advinda
de um trauma externo ), de depressão e de doenças psiquiátricas. A demência
senil é caracterizada pela perda progressiva e irreversível de funções
intelectuais (memória, raciocínio, linguagem) e pela perda da capacidade de
realizar movimentos e de reconhecer ou identificar objetos. O AVC e o TCE
produzem alterações cerebrais momentâneas ou permanentes, de natureza
cognitiva ou física. Ambos deixam sequelas. A depressão é um estado de
humor que determina a vivência intensa de sentimentos de tristeza e de
desesperança. As doenças psiquiátricas, bastante diversificadas e em grande
número afetam substancialmente a auto e a heteropercepção. Nas instituições
que reúnem idosos há, via de regra, pessoas portadoras de todos esses tipos
de distúrbio. Esse fato vem justificando o uso, por vezes abusivo, de
psicofármacos.
Psicofármacos são fármacos que agem sobre funções psíquicas
(atenção, orientação, consciência, afetos, pensamentos, vontades, percepção).
Os medicamentos utilizados no tratamento de transtornos psiquiátricos são
incluídos nas seguintes classes: psicoativos, neurolépticos, benzodiazepínicos
e antidepressivos. Os psicoativos agem principalmente no sistema nervoso
central , determinando alterações da função cerebral , da percepção, do
humor , do comportamento e da consciência. A s principais indicações
terapêuticas dos neurolépticos são as síndromes psicóticas - esquizofrenia,
transtorno delirante persistente, transtorno psicótico breve e transtorno
esquizoafetivo. As principais indicações terapêuticas dos benzodiazepínicos
são: insônia, transtornos de ansiedade, transtorno de ansiedade generalizada,
transtorno de pânico, fobia social, transtornos misto de ansiedade e depressão
e transtornos bipolares. Os antidepressivos são indicados em casos de
depressão, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno de ansiedade
generalizada, transtornos de ansiedade, transtornos de alimentação.
87
asilados. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. v. 32(2), 2010, p. 38 -43
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rprs/v32n2/v32n2a03.pdf>. Acesso
em: 28 ago. 2013.
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. CASA CIVIL. Lei 10.741, de 1° outubro de
2003.
Dispõe sobre o estatuto do idoso e dá providência. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>. Acesso em: 28
ago. 2013.
88
Questão 25
Questão 2525
Avalie as afirmações abaixo, relativas a processos organizacionais e
gestão de pessoas, em especial com referência às características que definem
novas tendências de inserção ampliada do psicólogo em face dos problemas
organizacionais.
I. Tem havido crescente especialização em algumas atividades de RH
que requerem profundo conhecimento técnico e científico, de forma a
possibilitar a atuação do psicólogo como consultor interno.
II. O trabalho em equipes multiprofissionais diversificadas obriga o
psicólogo a lidar com linguagens e estratégias de solução de problemas
oriundas de diferentes domínios de conhecimento.
III. É crescente a participação do psicólogo em programas cujo objetivo é
preservar a saúde do trabalhador e garantir - lhe condições apropriadas
de trabalho.
IV. Cada vez mais, o psicólogo participa como elemento externo à
organização, quer como consultor, quer como mão de obra terceirizada.
É correto apenas o que se afirma em
A. I.
B. II.
C. III.
D. I e IV.
E. II, III e IV.
__________________________________
25 Questão 28 – Enade 2012.
89
ampliada do psicólogo, quando diante de problemas organizacionais. A
primeira afirmação diz respeito à atuação do psicólogo como consultor interno;
a segunda, refere -se à participação do psicólogo em equipes multiprofissionais
diversificadas; a terceira, à sua participação em programas criados para
beneficiar os trabalhadores e a quarta afirmação diz respeito à atuação do
psicólogo na condição de elemento externo à organização – consultor ou mão
de obra terceirizada.
2. Introdução Teórica
Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do
psicólogo priorizando as intervenções nos processos educativos, de
gestão, de promoção de saúde, clínicos e de avaliação
90
preciso, para isso, que empresas -satélites realizem tarefas acessórias do
processo de produção.
Nesse panorama geral, onde fica situado o psicólogo? As autoras
mencionadas afirmam que os psicólogos, ao oferecerem consultoria externa,
posicionam -se no contexto da crescente terceirização de serviços.
Oliveira (1999, p. 21) define consultoria empresarial como
(...) processo interativo de um agente de mudanças externo à
empresa, que assume a responsabilidade de auxiliar os executivos e
profissionais da referida empresa nas tomadas de decisão, não
tendo, entretanto, controle direto da situação.
91
UNIDADE 5
92
Questão 26
Questão 2626
O modo como a Psicologia tenta dar conta das relações sociais
apresenta dupla característica. Uma consiste em focalizar as dimensões ideais
e simbólicas e os processos psicológicos e cognitivos que se articulam aos
fundamentos materiais dessas relações. A outra aborda essas dimensões e
esses processos considerando o espaço d e interação entre pessoas ou
grupos, no seio do qual elas se constroem e funcionam. (JODELET, D. Os
processos psicossociais da exclusão. In : SAWAIA, B. As artimanhas da exclusão: análise
psicossocial e ética da desigualdade social. 5 ed. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 54. Adaptado ).
93
26 Questão 32 – Enade 2012.
Para tornar compreensível o enunciado desta questão, convém não
perder de vista o título do capítulo citado – Os processos psicossociais da
exclusão (JODELET, D.), bem como o título do livro em que se encontra esse
capítulo - As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da
desigualdade social (SAWAIA, B.). Esses títulos mostram que, no âmbito da
Psicologia Social, Jodelet prioriza o tema “exclusões socialmente produzidas”.
Segundo essa autora, as relações sociais incluem-se entre os objetos de
estudo da Psicologia. Ao abordar esse objeto de estudo, a Psicologia focaliza
as dimensões (ideais e simbólicas) e os processos psicológicos (entre os quais,
os cognitivos). Uma segunda característica dessa abordagem é a importância
atribuída ao espaço de interação interpessoal e intergrupal, dado o fato de que
pessoas e grupos são construídos nesse espaço e é nele que realizam suas
ações. Uma vez apresentada essa perspectiva teórica, é solicitada a avaliação
de duas asserções e pede-se que seja verificado o tipo de relação estabelecida
entre elas.
Em (I) é afirmado que ao estudar fenômenos como preconceito,
estereótipo, crenças e valores, a Psicologia Social adota uma perspectiva
prioritariamente sociologizante.
Em (II) é afirmado que a compreensão do modo pelo qual pessoas e
grupos constituem-se como tal, no interior de relações socioculturais mais
amplas, a Psicologia Social considera duas características: dimensões e
processos.
2. Introdução Teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais,
processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos
do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e
psicopatológica, personalidade e inteligência
94
democráticos a conviver com injustiças e discriminações. Jodelet debate o
tema da exclusão social a partir de categorias de análise da Psicologia Social,
entre os quais incluem-se os processos psicossociais da exclusão e o
enfraquecimento e ruptura de vínculos sociais, fatores fundamentais nos
processos de desqualificação social.
Segundo Jodelet, o estudo dos processos psicossociais da exclusão é
inspirado pela pergunta:
O que faz com que em sociedades que cultuam valores democráticos
e igualitários, as pessoas sejam levadas a aceitar a injustiça, a adotar
ou tolerar frente àqueles que não são seus pares ou como eles,
práticas de discriminação que os excluem? (p. 54).
95
preconceitos e estereótipos são alimentados pelo discurso social e cumprem o
papel de forças reguladoras das relações entre grupos que se confrontam em
situações sociais e políticas concretas.
96
Questão 27
Questão 2727
A figura abaixo sintetiza resultados de três estudos de neuroimagem, por
meio dos quais se busca investigar a relação entre a inteligência e a ativação
de regiões cerebrais específicas.
97
III. Os resultados sugerem que os altos índices de herdabilidade da
inteligência geral podem, em parte, ser explicados por diferenças
neuroanatômicas estruturais.
IV. Os achados permitem visualizar-se que as áreas que contêm os axônios
são as que sofrem mais influência genética.
98
2. Introdução Teórica
Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências,
Sociologia, Antropologia, Filosofia)
99
disponíveis possibilita concluir que as influências genéticas são responsáveis
por 50% das diferenças individuais observadas.
Quanto às correlações entre zonas cerebrais e inteligência, estudos
comprovam que embora a inteligência não esteja localizada em área específica
do cérebro, correlações são estabelecidas, havendo diferenças relativas às
áreas de substância branca, que contêm fibras nervosas mielínicas (axônios),
que lhe conferem aspecto esbranquiçado, e áreas de substância cinzenta, que
contêm corpos dos neurônios, fibras amielínicas e neuroglia, que lhe conferem
aspecto acinzentado. O córtex, camada fina da superfície do cérebro e do
cerebelo, também é composto por substância cinzenta (MACHADO, 2006).
100
SCHELINI, P. W. Teoria das inteligências fluida e cristalizada: início e evolução
Estud. psicol. Natal, v. 11, n. 3, 2006. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
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Acesso em: 9 abr . 2014.
URBINA, S. Fundamentos da testagem psicológica. Porto Alegre: Artmed.
2007.
101
Questão 28
Questão 2828
Para a maioria dos grupos sociais, a brincadeira é consagrada como
atividade essencial ao desenvolvimento infantil. Com o advento de pesquisas
sobre o desenvolvimento humano, observou-se que o ato de brincar conquistou
mais espaço. No âmbito educacional, a brincadeira está colocada como uma
ação fundamental, defendida como um direito, uma forma particular de
expressão, pensamento, interação e comunicação entre as crianças. Assim, a
brincadeira é, cada vez mais, entendida como atividade que, além de promover
o desenvolvimento global das crianças, incentiva a interação entre os pares, a
resolução construtiva de conflitos, a formação de um cidadão crítico e reflexivo.
(QUEIROZ, N. L. N.; MACIEL, D. A.; BRANCO, A. U. Brincadeira e desenvolvimento infantil:
um olhar sociocultural construtivista. Paideia. Ribeirão Preto, v.16, n.34, mai/ago 2006, pp.169 -
179. Adaptado).
Com base nas informações do texto, faça o que se pede nos itens a seguir.
A. Identifique, no texto, um fenômeno psicológico. (valor: 1,0 ponto)
B. Elabore um problema de pesquisa relacionado com o fenômeno
psicológico identificado no item anterior. (valor: 3,0 pontos)
C. Descreva as etapas essenciais de uma pesquisa que investigue o
problema proposto anteriormente. (valor: 6,0 pontos)
102
1. Reformulando o enunciado para melhor compreendê-lo
O brincar inclui-se entre as principais atividades do desenvolvimento infantil.
Observa -se isso nas mais diversas sociedades. Incluído entre as pesquisas
sobre desenvolvimento humano, o ato de brincar é estudado em seus distintos
âmbitos de ocorrência. No âmbito educacional, a brincadeira é considerada
uma ação fundamental, sendo por isso defendida como um direito. Ela é
reconhecida como uma forma de expressão, de pensamento, de interação e de
comunicação entre crianças. Em outras palavras, a brincadeira é considerada
uma atividade promotora do desenvolvimento global das crianças, pois, além
de favorecer a resolução de conflitos e contribuir para a formação de cidadãos
críticos e reflexivos, também incentiva a interação interpessoal.
2. Introdução Teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais,
processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do
desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica,
personalidade e inteligência
103
contexto pedagógico de instituições de educação infantil e discorrem sobre o
papel do professor no desenvolvimento de crianças.
104
Questão 29
Questão 2929
Em relação ao estudo das emoções, há vários modelos teóricos
conflitantes. Os modelos teóricos científicos se distanciam da forma como o
senso comum entende as relações entre eventos, as emoções e as reações
das pessoas. Observe as figuras abaixo, que sintetizam a ideia central de
quatro modelos explicativos da emoção.
105
sistema nervoso autônomo e para o córtex cerebral, o que produz
simultaneamente a experiência da emoção e as alterações corporais.
IV. A figura 4 representa a teoria dos dois fatores de Shachter, segundo a
qual a experiência da emoção depende da estimulação autônoma e da
interpretação cognitiva dessa estimulação.
V. É coerente com a teoria expressa na figura 4 a seguinte proposição:
Sente-se medo porque as sugestões situacionais (animal ameaçador, por
exemplo) sugerem que seja essa a razão de alguém estar tremendo.
2. Introdução teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais,
processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do
desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e
psicopatológica, personalidade e inteligência
106
A emoção pode ser definida como uma condição que surge em resposta
a determinadas experiências que envolvem estados afetivos ou sentimentos
(ATKINSON et al., 2002). Funcionalmente, as emoções podem se r entendidas
como mecanismos adaptativos que regulam os objetivos de mais alto nível do
cérebro, mobilizando a mente e o corpo para enfrentar determinados desafios
(PINKER, 1998). Dessa forma, a emoção, como mecanismo orquestrador de
subprogramas de resolução de problemas, combinaria, no mínimo, três
componentes: ativação fisiológica, expressão de comportamento e
experiência consciente (MYERS, 2006).
Há diversos modelos teórico -metodológicos da Psicologia que explicam
o fenômeno emocional pela ativação e sequência dos componentes que o
envolvem. A seguir, são apresentados os modelos clássicos mais divulgados.
O senso comum, isto é, o conhecimento oriundo de experiências e
observações subjetivas, descreve a emoção como um estado intermediário,
associado ao sentimento, situado entre o estímulo que o eliciou e a reação
corporal. Sendo assim, um estímulo amedrontador, como um grande felino, por
exemplo, pode disparar a emoção de medo e, consequentemente, um tremor
(como ilustrado na Figura 1 do enunciado desta questão).
Contestando o senso comum, em 1890, William James defendeu que a
ordem desses dois últimos fatores estaria invertida. A mesma interpretação foi
defendida por Carl Lange, na mesma época, resultando em um modelo
conhecido como James -Lange. Esse modelo propõe que, após a estimulação,
a resposta fisiológica ou excitação corporal antecede o reconhecimento da
emoção, ou seja, a emoção é experienciada depois da resposta física, de
acordo com um processo causal e linear, conforme ilustra a Figura 2 do
enunciado desta questão.
Nas décadas de 20 e 30, Walter Cannon e Philip Bard desenvolveram
uma teoria defendendo que a estimulação da emoção e de seus
correspondentes corporais ocorre simultaneamente. Ou seja, enquanto o
modelo de James -Lange defende que a excitação fisiológica não causa a
emoção, o modelo Cannon-Bard defende que a estimulação ocorre em nível
subcortical do cérebro, acionando concomitantemente os processos fisiológicos
e a experiência consciente da emoção conforme ilustra a Figura 3 do enuncia
do desta questão.
107
Por fim, nas décadas de 60 e 70, Stanley Schachter propôs a teoria dos
dois fatores que, reconhecendo a importância de um componente cognitivo
fundamental no processo emocional, concilia os modelos de James -Lange e
de Cannon-Bard. Para Schachter, um estímulo pode disparar imediatamente
certas reações fisiológicas, mas o sentimento consciente da emoção ocorre
somente após a avaliação cognitiva dessa ativação corporal e da situação (ou
do ambiente) em si, conforme ilustra a Figura 4 do enunciado desta questão.
108
Questão 30
Questão 3030
Henry (19 anos de idade) terminou seu trabalho na cozinha e foi para o
convés. Havia u m velho marinheiro sentado em uma escotilha, trançando um
longo cabo. Cada um de seus dedos parecia uma inteligência ágil enquanto
trabalhava, pois seu dono não os olhava. Em vez de olhá-los, tinha os olhinhos
azuis fixos, ao estilo dos marinheiros, cravados além dos confins da costa.
— Então, queres conhecer o segredo das cordas? disse -lhe, sem
afastar o olhar do horizonte. — Pois só tens que prestar atenção. Faço há
tanto tempo que minha velha cabeça se esqueceu de como se faz; só meus
dedos se lembram. Se penso no que estou fazendo, me confundo. (STEIBECK, J.
A taça de ouro. In: POZO, J. I. Aprendizes e mestres. Porto Alegre: Artmed, 2002, p. 227.
Adaptado).
____________________________
30 Questão 14 – Enade 2012.
109
1. Reformulando o enunciado para melhor compreendê-lo
O texto inicial da questão descreve um encontro entre Henry, jovem de
19 anos que trabalha na cozinha de uma embarcação, e um velho marinheiro
que, sentado em uma escotilha, realiza uma atividade motora - trança um
longo cabo - sem prestar atenção no que faz (“Cada um de seus dedos
parecia uma inteligência ágil enquanto trabalhava, pois seu dono não os
olhava”). O marinheiro diz a Henry que se ele deseja conhecer o segredo (da
confecção) de cordas, deve observá-lo enquanto tece, pois sente-se incapaz
de descrever verbalmente esse processo artesanal.
Essa narrativa ilustra o fato de ser possível desempenhar uma ação
motora anteriormente aprendida, sem o exame consciente de estar realizando
isso (“minha velha cabeça se esqueceu de como se faz; só meus dedos se
lembram”). O marinheiro envelheceu, mas preserva em sua memória de longo
prazo procedimentos aprendidos durante sua juventude. A narrativa ilustra
também o fato de poder ocorrer uma possível (e indesejável) interferência da
deliberação consciente sobre conhecimentos implícitos, ou seja, sobre formas
de proceder (“Se penso no que estou fazendo, me confundo”).
A questão aqui proposta é a seguinte: pede -se a avaliação de duas
asserções e a verificação de uma possível relação entre ambas. Isto é, pede-se
que seja verificado se as afirmações são verdadeiras ou falsas e, em seguida,
se verifique se a primeira é causa da segunda.
A primeira afirmação propõe que “a aprendizagem motora se diferencia
do conhecimento verbal, pois implica saber fazer algo, sem, necessariamente,
saber dizer o que faz”, ou seja, é afirmado que uma habilidade manual
aprendida (saber fazer algo) pode ser realizada desvinculada da capacidade de
descrevê-la verbalmente (saber dizer o que faz).
A segunda afirmação defende a ideia de que há diferentes tipos de
memória. Estruturada em distintos sistemas, há a memória de “saber como”
(memória processual) e a memória de “saber que” (memória episódica e
memória semântica).
2. Introdução teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais,
processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do
110
desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica,
personalidade e inteligência.
Memória
A memória pode ser definida de diversas maneiras. Em sua acepção
topográfica ela pode ser considerada como uma instância da mente, na qual
são depositadas e mantidas as informações advindas de eventos vividos.
Enquanto um processo pode ser considerada como a capacidade de um
organismo de alterar seu comportamento devido a experiências prévias. Ou
também como uma série de atividades cognitivas que permitem que tais
acontecimentos passados possam ser resgatados em momentos futuros,
envolvendo, em sua concepção clássica, três estágios: codificação,
armazenamento e recuperação.
A primeira etapa refere-se à transformação da informação ambiental em
um código capaz de ser alocado e condicionado a uma determinada instância.
A segunda etapa, armazenamento, trata da retenção e manutenção
propriamente dita dessa informação. E a recuperação alude ao acesso a essa
informação armazenada e ao seu resgate (ATKINSON et al., 2002; MYERS,
2006). Metaforicamente, o funcionamento adequado das diferentes etapas de
memória garantiria a tradução da experiência em arquivo, em uma linguagem
passível de ser processada como dado de entrada no sistema mnemônico de
processamento de informações, assim como a capacidade de salvá-lo e
arquivá-lo e, posteriormente, carregá-lo e atualizá-lo como processo de saída.
Evidências experimentais e clínicas indicam que, subjacente ao
processo de armazenamento, a memória de longo prazo funciona de maneira
complexa e compartimentada. Isto é, diferente de um sistema unificado, o tipo
de longa duração parece possuir subsistemas paralelos específicos voltados
para determinadas qualidades de informações. Por exemplo, em casos de
amnésia por lesão cerebral devido ao abuso de bebida alcoólica, é possível
que um indivíduo não consiga recordar o nome de pessoas que acabou de
conhecer, mas possa aprender e realizar novas atividades (SACKS, 1997).
Acontecimentos como o descrito sugerem que a memória de longo prazo pode
ser subdividida em explícita (o indivíduo é capaz de declarar verbalmente seu
conteúdo, com recordação consciente ) e implícita ou processual, sem
111
recordação consciente. A primeira, declarativa, abarca conteúdos
autobiográficos de eventos específicos (subtipo episódico) e também de
aspectos mais gerais (subtipo semântico). Além disso, refere-se a
conhecimentos verbais, ou seja, eventos que podem ser descritos pela fala
(“saber que”). A segunda está envolvida, primordialmente, na aquisição e
retenção de processos de condicionamento clássico (também conhecido como
condicionamento respondente, pavloviano ou de aprendizagem associativa) e
atividades cognitivas e motoras simples, tal como trançar um cabo com as
mãos.
112
Questão 31
Questão 3131
Esquecemos da maior parte das informações que chegam até nós, e
várias teorias já foram propostas para esclarecer por que isso acontece. Entre
elas, as mais conhecidas são a teoria da interferência e a teoria da
deterioração. A interferência ocorre quando informações concorrentes fazem
com que esqueçamos de algo, e a deterioração acontece quando a simples
passagem do tempo faz com que esqueçamos. (STERNBERG, R. J. Psicologia
Cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. Adaptado).
113
esqueçamos de algo”). Segundo a teoria da deterioração, “a simples passagem
do tempo faz com que esqueçamos”, ou seja, as informações podem ser
perdidas em determinado período crítico de tempo.
2. Introdução teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais,
processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos
do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e
psicopatológica, personalidade e inteligência.
Memória e esquecimento
O esquecimento pode ser atribuído a diversas causas. Uma dessas
causas pode ser a ocorrência de uma falha em alguma etapa do processo de
memorização. De acordo com a concepção clássica, a memória é constituída
graças à sucessão organizada das seguintes etapas: codificação,
armazenamento e recuperação.
O esquecimento decorre de falha ocorrida em alguma dessas etapas:
por deficiente atenção às informações ambientais ou ausência de esforço
voluntário para retê-las; por transitoriedade da informação, o que, acarreta o
declínio do armazenamento de informações não utilizadas ou não
reprocessadas, favorece sua deterioração, seu decaimento.
As informações são passíveis de alteração e de descarte. Por exemplo,
memórias mais recentes são mais lembradas do que as mais antigas. Ou seja,
os últimos eventos são mais facilmente lembrados, o que caracteriza o efeito
de recenticidade. No entanto, de uma lista de informações, as primeiras podem
ser reprocessadas ou repetidas com maior frequência e essa diferença
caracterizará o efeito de primazia, também denominado efeito de preferência.
Isso explica porque os primeiros itens de uma série são potencialmente menos
esquecidos dos que outros, especialmente, os intermediários.
Nos casos de interferência , embora a experiência tenha sido codificada
e armazenada adequadamente, não pode ser acessada e recuperada. A
incapacidade de relembrar algo pode estar associada a um acúmulo de
informações, que chega a comprometer o resgate de um aprendizado
específico.
114
Falamos de interferência proativa quando informações anteriores interferem
sobre outras, adquiridas posteriormente e falamos de interferência retroativa
quando novas informações comprometem a recordação de algo memorizado
em momento anterior.
115
Questão 32
Questão 3232
Em O preço da perfeição , Ellen (Crystal Bernard), corredora de longas
distâncias, descobre uma ótima maneira de comer à vontade e não engordar
nada: vomitar. Ótima, obviamente, se não considerarmos sua saúde física e
mental. Quando seu treinador sugere que ela perca quatro quilos para melhorar
seu desempenho, ela intensifica a prática de provocar o vômito após as
refeições, o que já fazia desde a infância. (LANDEIRA -FERNANDEZ, J.; CHENIAUX,
E. Cinema e loucura : conhecendo os transtornos mentais através dos filmes. Porto Alegre:
Artmed, 2010).
116
descrito como a prática de comer à vontade sem engordar graças ao recurso
de induzir vômitos. Ellen é corredora de longas distâncias e frente à solicitação
de emagrecimento, vinda de seu treinador, ela retoma o hábito, já instituído
desde a infância, de vomitar depois das refeições.
2. Introdução teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais,
processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos
do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e
psicopatológica, personalidade e inteligência.
Comportamento Alimentar
Além de sua dimensão fisiológica (nutrir o organismo), o comportamento
alimentar compreende também uma dimensão psicodinâmica e uma dimensão
relacional. Do ponto de vista fisiológico, alimentar-se é satisfazer necessidades
nutricionais; do ponto de vista psicodinâmico, alimentar-se inclui a dimensão do
prazer e do desejo que ultrapassa e, por vezes, subverte tais necessidades.
No Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM -IV)
encontramos a inclusão de dois diagnósticos específicos e bem definidos com
relação ao comportamento alimentar: a anorexia nervosa e a bulimia nervosa.
Esse Manual, organizado pela Associação de Psiquiatria Americana (APA),
apresenta desde a sua terceira revisão (DSM-III) uma descrição empírica dos
transtornos mentais. O esforço metodológico de produzir uma descrição do
transtorno mental sem nenhum embasamento teórico levou à adoção do termo
“transtorno mental” ao invés de doença ou enfermidade. A conceituação de
transtorno mental não inclui a análise de causas prováveis, ou seja, não
discorre sobre sua etiopatogenia. Essa conceituação tem por único objetivo
orientar quanto a essa síndrome, clinicamente importante, que se associa a
sofrimentos, independentemente de quais sejam as suas causas.
A anorexia nervosa caracteriza-se por (1) perda de peso auto induzida;
(2) recusa de manter o peso corporal no intervalo da normalidade, ainda que
em seu limite inferior, por meio de abstenção de alimentos que engordam e (3)
adoção de comportamentos que favorecem o emagrecimento. Neste quadro
clínico os grandes motivadores são a busca implacável de magreza e o medo
117
intenso e mórbido de parecer ou ficar gordo(a). De um modo geral, durante a
anorexia nervosa o( a) paciente mantém o peso corporal 15% abaixo do
esperado. Do ponto de vista psicopatológico, o que caracteriza a anorexia
nervosa é a distorção da própria imagem corporal, pois a pessoa percebe a si
mesma como gorda, apesar de estar muito emagrecida. São reconhecidos dois
subtipos de anorexia nervosa: o restritivo, caracterizado por restrição alimentar
e o purgativo, no qual, além da restrição alimentar a pessoa adota
comportamentos ativos na perda de calorias - vômitos auto -induzidos, abusos
na atividade física, uso de laxantes (DALGALARRONDO, 2008).
A bulimia nervosa consiste em compulsão periódica para alimentar-se e
adoção de métodos compensatórios inadequados para evitar ganhos de peso.
Trata-se de um quadro caracterizado por uma preocupação persistente com a
ingestão d e alimentos e um desejo irresistível de comida, o que leva a pessoa
a repetir episódios de hiperfagia. Igualmente presente é a preocupação
excessiva com o peso corporal, que conduz à adoção de medidas
compensatórias (DALGALARRONDO, 2008). De modo geral, nos indivíduos
com bulimia nervosa há um forte sentimento de falta de controle, o que os leva
a sentirem vergonha e a ocultarem o sintoma.
118
Questão 33
Questão 3333
Os teóricos da personalidade divergem sobre as questões básicas da
natureza humana: livre arbítrio versus determinismo, natureza versus criação,
importância do passado versus presente, peculiaridade versus universalidade,
equilíbrio versus crescimento e otimismo versus pessimismo. (SCHULTZ, D. P. &
SCHULTZ, S. E. Teorias da Personalidade. São Paulo: Pioneira Thompson, 2002, p. 36 )
Considerando as diferentes questões implícitas nas teorias da personalidade,
avalie as afirmações abaixo.
I. Diferenças culturais afetam o desenvolvimento da personalidade e, portanto,
a natureza humana.
II. As teorias da personalidade diferenciam-se porque partem de diferentes
concepções da natureza humana.
III. Personalidade, conceito que envolve as características pessoais, mais
permanentes e estáveis, pode variar de acordo com as circunstâncias de seu
desenvolvimento.
IV. Aspectos internos influenciam o comportamento das pessoas em diferentes
situações e definem sua personalidade.
É correto apenas o que se afirma em
A. I e III.
B. I e IV.
C. II e IV.
D. I, II e III.
E. II, III e IV.
119
passado-importância do presente; peculiaridade -universalidade; equilíbrio-
crescimento; otimismo-pessimismo. Pede-se que, uma vez considerados esses
binômios e com base em questões implícitas das teorias de personalidade,
sejam assinaladas as três afirmações corretas de um conjunto de quatro
afirmações .
2. Introdução teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais,
processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do
desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica,
personalidade e inteligência
120
do passado devem ser enfatizados ao considerarmos questões da
personalidade ou sua relevância é equivalente à dos fatos do presente? Esta
questão é relativa ao binômio importância do passado/importância do presente.
A despeito de sua singularidade, as pessoas compartilham características que
definem seu pertencimento a coletivos humanos? Esta questão é relativa ao
binômio peculiaridade/universalidade.
121
Questão 34
Questão 3434
Considerando as associações das teorias da inteligência com seus
autores, avalie as afirmações abaixo.
I. No modelo de Guilford, a inteligência é representada por três dimensões:
operações, conteúdo e produtos.
II. Na teoria de Spearman, afirma-se que o fator g é o fator geral que
permeia o desempenho em todos os testes de capacidade mental.
III. Na teoria triárquica, Stern Berg considera que a inteligência possui três
aspectos: analítico, criativo e prático.
IV. O modelo de Gardner apresenta sete fatores referentes a capacidades
mentais primárias: compreensão verbal, fluência verbal, raciocínio indutivo,
visualização espacial, números, memória, velocidade perceptual.
V. A teoria de Cattell propõe o modelo de inteligências múltiplas: linguística,
lógico -matemática, espacial, musical, corporal cinestesia, interpessoal,
intrapessoal, naturalista.
Estão corretas apenas as associações feitas em
A. I e V.
B. I, II e III.
C. I, III e IV.
D. II, IV e V.
E. II, III, IV e V .
122
Somente depois dessa identificação será possível verificar se a correlação
estabelecida é correta ou não.
2. Introdução Teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais,
processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do
desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica,
personalidade e inteligência
Teorias da Inteligência
Entre os teóricos da inteligência, Guilford (1967, 1988) propôs o modelo
da Estrutura do Intelecto (EI), que considera três dimensões de traços
intelectuais: operações, conteúdos e produtos. A dimensão “operações” refere -
se ao processo cognitivo implicado na tarefa (aquilo que a pessoa faz); a
dimensão “conteúdo” refere -se ao processo cognitivo implicado no tipo de
informação veiculada (natureza dos materiais) e a dimensão “produto” refere-se
ao processo cognitivo implicado no resultado obtido pela atividade mental de
processamento da informação.
O psicólogo americano James McKeen Cattell, ao escrever em 1980 um
artigo sobre testes de inteligência, incluiu, entre outras competências a serem
medidas, as seguintes: força muscular, velocidade do movimento, sensibilidade
à dor, acuidade visual e auditiva, discriminação de peso, tempo de reação e
memória. (URBINA, 2000, p. 44).
O psicólogo britânico Charles Spearman (1904, 1907), cujo trabalho é
marcado por forte influência da Estatística, desenvolveu uma teoria da
organização dos traços, denominada teoria dos dois fatores ou modelo
bifatorial de Spearman. Segundo ele, todas as atividades intelectuais, além de
fatores que lhe são específicos, compartilham um fator geral ( g). Esse
componente geral (g) do modelo bifatorial de Spearman, presente nos escores
de todos os testes de capacidade mental, representa a gênese do pensamento
humano. (URBINA, 2000, p. 259 -260).
Stern Berg (1985), outro pesquisador importante, utilizou a expressão
"teoria triárquica da inteligência humana", por considerar a inteligência
constituída por três aspectos: o criativo, que possibilita solucionar problemas
123
novos; o analítico, que possibilita solucionar problemas já conhecidos e
favorece a tomada de decisões e o prático, que possibilita recorrer a teorias
para responder a demandas de ordem prática.
Os estudos de Gardner (1994) substituíram o paradigma unidimensional
da inteligência pelo multidimensional, a partir do reconhecimento de que a
inteligência é composta de diversas “inteligências” interdependentes
(GARDNER, 1995, p. 29). As primeiras inteligências mapeadas por ele foram
as seguintes: lógico-matemática, linguística, naturalista, interpessoal,
intrapessoal, espacial, corporal-cinestésica, musical e existencialista.
124
Questão 35
Questão 3535
125
a alternativa B, a um conceito de institucionalização sob uma perspectiva
sociológica (Berger e Luckmann); a alternativa C, a um conceito de
desenvolvimento humano, sob a perspectiva bioecológica (Bronfenbrenner); a
alternativa D, a u m conceito de desenvolvimento da linguagem (Luria) e a
alternativa E, a um conceito de desenvolvimento da personalidade segundo a
perspectiva psicodinâmica (Melanie Klein).
2. Introdução teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais,
processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos
do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e
psicopatológica, personalidade e inteligência
126
todos os significados socialmente objetivados e subjetivamente reais, é
construído ao longo do tempo. Cada novo indivíduo, de cada nova geração,
deve necessariamente submeter-se ao lento e trabalhoso processo de
apreensão do universo simbólico em que se insere ao nascer.
Ao teorizar sobre o desenvolvimento humano, Urie Bronfenbrenner
enfatiza aspectos bioecológicos. Sua abordagem - ecológica - enfatiza a
importância do ambiente natural e busca apreender a realidade tal como é
vivenciada e percebida pelo indivíduo em seu contexto. Posteriormente,
associado a Morris (1998), Bronfenbrenner reformula sua teoria e passa a
atribuir maior ênfase às interações da pessoa com outras pessoas, objetos e
símbolos. O novo modelo – bioecológicos – reforça a importância das
características biopsicológicas.
Alexander Romanovich Luria teorizou sobre desenvolvimento da
linguagem escrita. Ele é um dos fundadores de psicologia cultural-histórica.
Reconhece que a produção coletiva de construção da escrita (sociogênese)
ocorre há milhares de anos e que, cada criança, ao adquirir essa capacidade,
reproduz o processo em âmbito individual.
Melanie Klein, que teorizou sobre desenvolvimento psíquico nas
primeiras etapas de vida, atribui enorme importância ao ambiente representado
pela mãe nessas etapas da vida para a sobrevivência psíquica e para o
posterior desenvolvimento da criança.
127
< http://www.regeusp.com.br/arquivos/942.pdf>. Acesso em 26 ago. 2013.
LERNER, R. M. (Orgs.). Handbook of child psychology, Vol. 1: Theoretical
models of human development. New York: John Wiley, 1998. p. 993 -1028.
LURIA, A. R. O desenvolvimento da escrita na criança. In: NEVES, F. J. L. A
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Acesso em: 30 ago. 2013.
VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. Linguagem, desenvolvimento
e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1988.
128
Questão 36
Questão 3636
A realidade dos movimentos sociais é bastante dinâmica e, nem
sempre, as teorizações têm acompanhado esse dinamismo. Com a
globalização e a informatização da sociedade, os movimentos sociais, em
muitos países, inclusive no Brasil e em outros países da América Latina,
tenderam a se diversificar e complexificar. Por isso, muitas explicações
paradigmáticas ou hegemônicas nos estudos da segunda metade do século XX
necessitam de revisões ou atualizações ante a emergência de novos sujeitos
sociais ou cenários políticos. (SCHERER-WARREN, I. Das mobilizações às redes de
movimentos sociais. Sociedade e Estado . Brasília, v. 21, n. 1, jan./abr., 2006, p. 109-130 )
129
1. Reformulando o enunciado para melhor compreendê-lo
A globalização e a informatização da sociedade determinaram uma
crescente complexidade dos movimentos sociais, que foram diversificando-se
cada vez mais. No Brasil e em outros países da América Latina também
ocorreu esse fenômeno. Tais transformações exigem que as teorias
construídas durante a segunda metade do século XX sejam revistas e
atualizada s, pois, novos sujeitos sociais e novos cenários políticos emergem
continuamente. Com base na constatação dessa realidade, é solicitada a
verificação de possíveis relações entre a Psicologia e as demandas da
sociedade civil por meio da análise de duas asserções. Em I é afirmado que à
Psicologia compete compreender os novos sujeitos sociais em seus cenários
políticos e, a partir disso, construir um arcabouço teórico que possibilite atender
às demandas de fortalecimento de indivíduos e redes sociais. Em II é afirmado
que a sociedade civil também é marcada por conflitos de poder e por disputas
internas, embora seu foco seja a defesa da cidadania e dos interesses
públicos, com base em valores de solidariedade.
2. Introdução Teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais,
processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos
do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e
psicopatológica, personalidade e inteligência
130
lógica do poder, da regulação e da economia. No entanto, a sociedade civil
também contém em si relações e conflitos de poder, disputas por hegemonia,
representações sociais e políticas diversificadas e antagônicas.
A sociedade civil inclui organizações do terceiro setor, mas sua ação
cidadã é mais abrangente, pois inclui também diversas outras formas de
organização de interesses e de valores da cidadania para encaminhamento de
ações em prol de políticas sociais e públicas, protestos sociais, manifestações
simbólicas e pressões políticas.
No texto que serve de base a este debate, a autora não faz referência a
uma possível ação de psicólogos para empoderamento de indivíduos e de
redes sociais. Mas, certamente, a Psicologia, reconhecendo os novos sujeitos
sociais, sua atuação em distintos cenários políticos, sua diversidade identitária,
suas demandas por direitos e seus estilos de ativismo, já dispõe de arcabouço
teórico suficiente para responder a demandas de fortalecimento individual e
coletivo. Os estudos psicológicos sobre representações sociais relativas ao
ativismo político, como os desenvolvidos por Guareschi, Hernandez e C
ardenas (2010), por exemplo, contribuem de modo expressivo para o debate
em questão. Esses autores realizam uma revisão da teoria das representações
sociais na contemporaneidade e tratam do paradoxo entre ciência e política.
Reconhecendo que os processos de ativismo político foram negligenciados
pela Psicologia Social, os retomam em sua dimensão teórica e prática. Com o
propósito de debater a importância do processo de representar na atual
conjuntura, caracterizada pela emergência de movimentos sociais, eles utilizam
o conhecimento científico e a 'voz' dos movimentos para compreender as
dinâmicas de conflito no campo político, as orientações culturais da época e os
processos psicossociais inerentes nestas relações.
131
SCHERER-WARREN, I. Das mobilizações às redes de movimentos sociais.
Scielo Brasil, Dossiê: Movimentos Sociais Soc. Estado. vol. 21 n.1 Brasília
Jan./Apr. 2006.
Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?s cript=sci_arttext&pid=S0102 -
69922006000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt . Acesso em: 12 abr . 2014.
120
132
Questão 37
Questão 3737
Fabiana, 45 anos de idade, casada, 2 filhos, procura um psicólogo em
razão de sintomas que a acometem há cerca de 10 anos. No contato inicial,
descreve sua situação familiar atual como de muito sofrimento, pois ninguém a
entende nem a ajuda a resolver seus problemas, inclusive seu marido, que,
segundo ela, já não lhe dá muita atenção. Recusa-se a alimentar-se
normalmente “por não sentir fome” e revela que os familiares tentam motivá-la,
sem muito sucesso. Reporta a perda do pai precocemente, aos 12 anos de
idade, e da mãe, há dois anos, e o fato de ter sofrido tentativa de abuso sexual
na adolescência. Sempre foi tratada com muito mimo pela família nuclear (pai,
mãe e irmãos), pois era a única filha.
Culpa-se por não ter podido cuidar da mãe doente, já que também se
sentia enferma. Na juventude, era muito alegre, gostava de sair, de dançar e de
beber com os amigos. Após o nascimento do segundo filho, cuja gravidez,
inicialmente, não aceitou, tendo, inclusive, fantasias de aborto, começou a
sentir tonturas, que pioraram com o tempo. Passou, então, a apresentar
taquicardia, dores no peito, respiração ofegante, tremores, transpiração
excessiva e medo de morrer e de ficar louca. Começou a ficar mais em casa e
a não sair sozinha, com medo de ter alguma crise na rua. Descuidou-se dos
seus afazeres e distanciou-se das pessoas. É excessivamente apegada ao
segundo filho e não admite a hipótese de que ele, algum dia, fique longe dela.
Com base na situação descrita acima, elabore, a partir de uma abordagem
psicoterápica escolhida e justificada, um texto dissertativo, contemplando os
seguintes aspectos:
a) diagnóstico do caso apresentado; (valor: 3,0 pontos)
b) hipóteses sobre o desenvolvimento do transtorno; (valor: 3,0 pontos)
c) técnicas de intervenção. (valor: 4,0 pontos)
______________________________
37 Questão Discursiva 5 – Enade 2012
133
1. Reformulando o enunciado para melhor compreendê-lo
Trata-se do relato do caso de uma mulher adulta, que apresenta
sintomas de fobia, depressão e ansiedade, iniciados há 10 anos, e que,
agravados ultimamente, determinaram uma série de restrições em sua rotina
pessoal e em seu convívio familiar e social. É solicitado que, a partir de uma
perspectiva teórica de livre escolha, seja apresentado o modo pelo qual esse
quadro pode ser compreendido para, com base nisso, diagnosticá-lo, levantar
hipóteses e propor uma intervenção terapêutica, com base na abordagem
teórica escolhida.
Quanto ao diagnóstico do caso apresentado, cabe identificar e
descrever, com base na queixa apresentada, os principais sintomas, seu início
e duração, suas condições de ocorrência, as perdas ou consequências
nefastas na rotina individual, familiar e social da queixante. Para levantar,
conforme solicitado, hipóteses relativas ao surgimento e desenvolvimento do
transtorno é preciso identificar a forma de manifestação dos sintomas, a função
por eles desempenhada, como e quando se manifestam e o que revelam do
sofrimento emocional da pessoa.
Quanto aos recursos de intervenção terapêutica, solicita que sejam sugeridos
procedimentos que, em conformidade com a abordagem teórica escolhida,
contribuam para amenizar o quadro de sofrimento relatado.
134
2. Introdução teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais,
processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do
desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica,
personalidade e inteligência.
135
um paciente com TP tem sete vezes mais chance de desenvolver o mesmo
quadro . Estudos com gêmeos monozigóticos mostraram uma influência
genética bastante consistente.
Frequentemente associa-se ao TP um quadro de agorafobia, definida no DSM-
IV (APA, 1994) como a ansiedade por estar em lugares ou situações onde a
fuga é difícil ou não haja ajuda disponível na eventualidade de ocorrer um
ataque de pânico ou de surgirem sintomas isolados. Esse quadro de ansiedade
conduz à evitação sistemática (agorafóbica) de situações como o ficar sozinho
fora de casa ou mesmo dentro de casa, permanecer em meio a grande número
de pessoas ou em lugares fechados, fazer compras em lojas e supermercados,
utilizar meios de transporte público, atravessar pontes e túneis, estar em
elevadores, ficar preso no trânsito. Sendo tais estímulos aversivos, o indivíduo
com agorafobia procura fugir ou esquivar-se deles.
Implicações do TP no cotidiano das pessoas afetadas por esse
transtorno - A esquiva agorafóbica pode levar a prejuízos profissionais e
domésticos, havendo muitas vezes a necessidade de um acompanhante
confiável para que o indivíduo afetado possa sentir segurança. Estudos
epidemiológicos americanos identificaram que entre as pessoas sujeitas ao TP
há altos índices de desemprego, ausência no trabalho e uso de serviços
médicos e de saúde da comunidade em uma frequência até sete vezes maior
do que a da população em geral (Rappaport & Cantor, 1997, apud YANO;
MEYER e TUNG, 2003).
Terapias recomendadas - Segundo a abordagem comportamental, isto
é, aquela que se reporta ao Behaviorismo Radical de Skinner, todo e qualquer
comportamento (inclusive os relacionados à linguagem, ao pensamento e à
cognição) deve ser compreendido a partir das relações funcionais que
estabelece com eventos ambientais. Segundo essa concepção teórica, o TP é
compreendido como um conjunto de respostas psicofisiológicas associadas a
certas condições ambientais. Como outros transtornos de ansiedade, o TP
envolve a relação entre eventos ambientais com funções de estímulo e
respostas organísmicas. Assim, diante de uma queixa de TP, o psicoterapeuta
comportamental realiza uma análise funcional do comportamento para
identificar as variáveis ambientais a serem manipuladas com o objetivo de
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eliminar ou reduzir a frequência do comportamento alvo, no caso das crises de
pânico.
Yano; Meyer e Tung (2003) sugerem a adoção da terapia cognitivo-
comportamental (TCC) dada a evidência consistente de efetividade na
associação de duas modalidades de tratamento - farmacoterapia e TCC:
ambas propiciadoras de efeitos satisfatórios em curto prazo (BARLOW, et al.,
2000; UHLENHUTH, et al ., 1998, apud YANO; MEYER e TUNG, 2003). Foi
constatada uma pequena diferença na manutenção de ganhos em tratamentos
prolongados, nos casos de descontinuidade no tratamento medicamentoso
(WHITTAL et al. , 2001, apud YANO; MEYER e TUNG, 2003). Embora seja
preciso realizar mais pesquisas de seguimento (follow-up), nesses casos a
TCC parece haver favorecido a manutenção dos ganhos ao longo do tempo
(OTTO, POLLACK, & SABATINO, 1996, apud YANO; MEYER e TUNG, 2003).
3. Indicação de Leituras
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual
of Mental Disorders (4th ed.). Washington, DC: American Psychiatric Press,
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LOPES, E. J.; LOPES, R. F. F.; LOBATO, G. R. Algumas considerações sobre
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