Você está na página 1de 7

UNIVERSIDADE DA BEIRA INTERIOR

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DO DESPORTO
UC: HISTÓRIA E TEORIA DA EDUCAÇÃO

Análise e Reflexão do
capítulo 1 do livro “O Valor
de Educar” de Fernando
Savater

Discentes: M.º 12770, Cíntia Almeida


M.º12555, Tatiana Rocha
M.º 12604, Rosa Silva
M.º 12755, Ana Filipa Rodrigues

Docentes: Professora Maria Luísa Branco

Covilhã, 27 de outubro de 2022


ÍNDICE
SÍNTESE DO CAPÍTULO “A APRENDIZAGEM HUMANA” ................................................................ 3
REFLEXÃO ...................................................................................................................................... 6
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................ 7
SÍNTESE DO CAPÍTULO “A APRENDIZAGEM HUMANA”
No âmbito da unidade curricular História e Teoria da Educação, da Universidade da Beira
Interior, do mestrado em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, foi
solicitado a realização de uma ficha de leitura tendo como base o livro “O valor de educar”, de
Fernando Savater, (Savater, 1998).

Com base neste, foram feitas algumas reflexões sobre o capítulo 1 (A Aprendizagem
Humana), a qual se verificou que o seu tema geral é a educação, sendo que, de forma a chegar
a este tema, Savater teve em consideração a seguinte questão: “o que é a educação?”. Para
responder à questão, foi necessário esclarecer a natureza do Homem e da educação, uma vez
que, a essência deste é educar e ser educado. Neste sentido, o Homem é visto como “uma
espécie de ideal”, ou seja, não é só tida em conta a sua biologia, mas também a sua
complexidade e individualidade (a nível social, cognitivo, afetivo e emocional), sem esquecer a
sua integração numa sociedade. No sentido desta última ideia, podemos retirar do texto a
seguinte expressão: “É preciso nascer para ser humano, mas só chegamos a sê-lo plenamente
quando os outros contagiam com a sua humanidade deliberadamente…”. Desta forma e,
frisando a ideia do autor, pode-se considerar que os humanos passam por dois nascimentos, um
biológico/genético e outro social. Portanto, o ser humano não é um estado de inércia, mas sim,
um ser que se encontra num constante processo evolutivo e transformador, sendo que este só
é possível por meio da relação e aprendizagem com os outros (socialização), criando assim uma
identidade própria.

Algo que está diretamente relacionado com a ideia apresentada acima é a caraterística
humana de neotenia/plasticidade, que consiste na capacidade de aprendizagem constante de
novos conceitos e habilidades ao longo da vida, independentemente dos conhecimentos
adquiridos anteriormente e isto reflete-se na importância e necessidade de socialização com
outros indivíduos dentro de uma sociedade. Comparando um ser racional com um ser irracional,
este último já nasce a querer ser independente o mais rapidamente possível, enquanto o
primeiro nasce requerendo uma ligação orgânica com os outros. Assim, apesar desta
independência e autoaprendizagem do macaco (ser irracional), ao longo do tempo, a capacidade
de adquirir novos conhecimentos diminui drasticamente, ao contrário do ser humano que vai
adquirindo e aprendendo novos saberes. Neste seguimento, o autor realça a constatação da
ignorância que ocorre entre os humanos e afirma que “os membros da sociedade humana não
só sabem o que sabem, eles também percebem e perseguem corrigir a ignorância.” E, desta
forma, diferenciou o ser humano no sentido em que este busca a procura de novos
conhecimentos e questiona-se sobre o que pode aprender. É de salientar que se entende por
ignorância a impossibilidade de ter um conhecimento absoluto, ou seja, o Homem desde a sua
“1ª nascença” até à sua morte vai se tornando um pouco menos ignorante, mas nunca deixa de
o ser completamente. Ter a consciencialização da própria ignorância (assim como a do
semelhante) é um fator motivante para a busca de conhecimento e transmissão deste.

Virando o foco para a educação em si, no texto é referido que a pedagogia passa por
dois processos educacionais: o formal, realizado por profissionais com a função de educar e o
informal, que se refere a qualquer indivíduo pré disposto a passar ideais, sendo que o título de
ensinar só pode ser empregue aos veteranos que têm mais experiência de vida. É da opinião do
autor que a educação ou ato de ensinar não proveio da sociedade, mas sim da vontade de
educar e de criar laços sociais e afetivos para além do núcleo familiar, pois o vínculo afetivo não
é único fator no processo de ensino, mas sim a junção do “amor e pedagogia”.

Com a citação “o homem o é através do aprendizado”, Savater pretende fazer com que
o leitor reflita sobre o facto de o Homem poder aprender conhecimentos elementares através
da imitação, convivência e experiência, no entanto, afirma que ainda estaria a faltar o
conhecimento proveniente do processo educacional (todo o processo de aprendizagem, de
ensino, de avaliação e de pontos de vista por parte do agente educador) uma vez que, este é
que verdadeiramente define o homem como um todo.

Ao analisar as variáveis presentes na educação e no ato de educar, é inevitável falar da


cultura, pois é até talvez um dos pontos mais relevantes no processo de aprendizagem humana,
visto que o contexto em que uma pessoa está inserida tem bastante peso na maneira como esta
se comporta e é com base na cultura a que pertence que são atribuídos significados às coisas
que a rodeiam. Estes significados, só podem ser transmitidos pelos nossos semelhantes, pois
apesar de o ser humano aprender grande parte dos conhecimentos funcionais autonomamente,
é só a partir dos seus semelhantes que entende o verdadeiro significado das palavras e das
coisas, já que, para compreender o contexto e aquilo a que pertence, é necessário que haja um
prévio treinamento ou passagem de saberes. Pode-se então concluir que os símbolos e a
aprendizagem dos mesmos são a base da humanidade, aquilo que nos difere realmente dos
outros seres. De realçar ainda que, “processar informações não é a mesma coisa que
compreender significados”, pois é possível obter informação (através dos processos de
informação realizados pelo cérebro) e ainda assim não a entender, ou seja, não lhe atribuir
significados.

Segundo Kant, e tendo em conta as reflexões da educação, a essência da educação é


ensinar o Homem a ser Homem, e a única pessoa capaz de o fazer é o Homem, pois, mesmo que
este não tenha conhecimento sobre tudo e todos, e portanto existam falhas no processo
educacional, o Homem é o único capaz de ter conhecimento da sua própria natureza e se
houvesse a possibilidade de um ser superior e mais inteligente educar o ser humano (ex:
alienígena), a verdade é que nunca o iria conseguir fazer com sucesso, pois não tem a
característica de pertencer à mesma origem (raça).

Por último, e tocando ao de leve no ato de educar, Savater sublinha a importância de


nos colocarmos no lugar do outro; não ver os outros como objetos, mas sim como sujeitos, que
pensam, sentem e refletem. Para ensinar temos de ter em consideração o indivíduo que se
apresenta à nossa frente, sendo que este tem vontades próprias, personalidade única e pode
encontrar-se num estado mental diferente que o educador idealiza. Além disto, a realidade de
cada um é moldada consoante a realidade de quem passa a história (“(…) eles contam para nós,
contam-nos coisas (…) nós também vamos contando”), ou seja, a transmissão de informação de
geração em geração, verificando assim, a importância da socialização e da interação com os
outros no processo de ensino.

Em suma, o processo educacional é um pilar para a humanidade, visto que, é através


deste que se transmite a nossa essência enquanto humanos. Este processo é feito de pessoa
para pessoa e de geração para geração, seja de forma informal ou formal. Fatores como a
cultura, consciencialização da ignorância, necessidade de socializar com outros indivíduos
(aprender com eles e educá-los) e autoconhecimento, tanto individual como da espécie humana
(em termos cognitivos, afetivos, sociais e até mesmo físicos), são influenciadores na forma como
cada um ensina e como cada um aprende e são determinantes na eficácia da transmissão e
captação de conhecimentos, quer sejam científicos ou não.
REFLEXÃO
Após a análise do capítulo 1 (Aprendizado Humano) do livro “O valor de educar” de Fernando
Savater, o grupo pôde debater questões relacionadas com a educação que até então não tinha
aprofundado. Como podemos agora concluir, estas são fundamentais no processo de ensino-
aprendizagem e, sendo que o nosso objetivo com este mestrado é poder, um dia, ensinar
crianças e jovens de forma eficaz e positiva, a realização deste trabalho foi fundamental. A
influência da cultura no ensino pode influenciar na escolha de exercícios e variáveis; A noção de
ignorância presente em todos os seres humanos pode alterar a forma como são dados os
feedbacks, assim como o seu conteúdo; a ideia de individualidade de cada pessoa pode facilitar
a escolha do melhor método de ensino em cada caso específico. Isto são apenas exemplos
práticos de como a informação retirada e percebida neste texto podem ser utilizadas na nossa
futura profissão.
BIBLIOGRAFIA
Savater, F. (1998). O Valor de Educar. Lisboa: Universidade do Minho. Centro de Investigação
em Educação .

Você também pode gostar