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RIO DE JANEIRO
15 DE JULHO DE 2002
AGRADECIMENTOS
DEDICATÓRIA
EPÍGRAFE
Paulo Freire.
RESUMO
Este trabalho destina-se a mostrar e deixar claro o que foi tentado explicar ao longo do tempo
sobre a questão dos superdotados.Muitos autores e pesquisadores interessados no assunto contrapõem-se ao
falar da superdotação. Nada mais normal, levando-se em conta o ponto-de-vista de cada um deles. Dentro
dessa pesquisa tentou-se colocar as idéias de cada autor de maneira interrelacionada, ou seja, para a
realização do trabalho, procurou-se separar os pensamentos comuns a todos os autores estudados. É
obviamente, esses pensamentos referem-se ao fato de que o superdotado apesar de apresentar-se superior
em um certo aspecto,é um ser humano que precisa de amor, carinho, compreensão,…o que realmente
espera-se dentro dessa perspectiva humanista, é deixar claro, para a sociedade, que não adianta investir
somente no lado produtivo do indivíduo bem-dotado, mas também deixá-lo descobrir o seu lado emocional,
fazer com que ele se interesse e se integre ao meio onde vive, como qualquer pessoa, respeitando e sendo
respeitado.
SUMÁRIO
Página
Capítulo I – Introdução 05
Cap´tulo V-Conclusão 35
Referencias Bibliográficas 38
Anexos 39
Capítulo I
INTRODUÇÃO
O presente estudo tem como objetivo explicitar diversos dados relacionados com a
CONCEITUAÇÃO , CARACTERIZAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO do indivíduo superdotado, tendo em
vista a sua importância para a sociedade, preconizando o direito de oportunidades adequadas às suas
diferenças individuais e suas necessidades pessoais.
Dentro dessa pesquisa tentou-se coloca as idéias de cada autor de maneira interrelacionada, ou
seja , para realização do trabalho, procurou-se separar os pensamentos comuns a todos os autores
estudados. E obviamente, esses pensamentos referem-se ao fato de que o superdotado apesar de apresentar-
se superior em um certo aspecto, éum ser humano que precisa de amor, carinho e compreensão, … O que
esara-se dessa perspectiva humanista, é deixar claro, para a sociedade, que não adianta investir somente no
lado produtivo do indivíduo bem dotado, mas também deixá-lo descobrir o seu lado emocional, fazer com
que ele se interesse e se integre ao meio onde vive, como qualquer pessoa, respeitando e sendo respeitado
Face aos objetivos que a literatura apresenta sobre o assunto, a pesquisa terá como objetivo:
discutir questões relacionadas as conceito e à caracterização do superdotado, na tentativa de esclarecer e
desmistificar que não é pelo fato de ser superdotado que este indivíduo não precisa de um atendimento
especial. Esta problemática, muito embora venha suscitando interesse e inúmeros estudos, ainda está longe
de apresentar soluções.
Busca-se ressaltar que, quanto mais precocemente o indivíduo portador de altas habilidades for
devidamente identificado, poderá ser encaminhado tão logo, a determinadas alternativas de atendimentos
educacionais, relativas ao enriquecimento; aceleração; programas de atendimento para o desenvolvimento
de habilidades e talentos específicos; aprendizagem especializada entre outras, evitando que tais talentos
sejam desperdiçados.
Por outro lado, percebem-se certas dificuldades e problemas que são encontrados com maior
frequência em estratégias e métodos educacionais e processos de identificação dos indivíduos
superdotados,já que os programas de atendimentos especializados destinados a esses educandos, na maioria
das vezes, são ineficientes e/ ou escassos, devido, principalmente, a indisponibilidade de criação de
recursos humanos e financeiros, e a uma má formação e qualificação dos profissionais e professores que
irão atuar na área.
Com isso, as questões levantadas através de pesquisas e leituras para o estudo em questão, têm a
intenção de demonstrar a necessidade de uma maior reflexão sobre esses indivíduos portadores de altas
habilidades, fazendo-se perceber que não é pelo fato deste indivíduo possuir aptidões e talentos acima da
média, que ele não precise receber um atendimento especializado e adequado para sua realização pessoal e
sua integração na sociedade. O aproveitamento e a maximização das potencialidades humanas devem,
então, constituir uma meta de fundamental importância para o progresso de uma nação.
Num momento em que as mudanças ocorrem de maneira muito rápida, cetamente a mais rápida
em toda a história da humanidade ; num momento em que adquirimos conhecimentos espantosos sobre o
mundo físico, biológico, psicológico ( Morin, 1998, p. 13 ) é preciso ( re ) pensar intensa e profundamente
o papel da escola, no seu atendimento, de forma igualitária, não só ao estudante que nela se matricula, mas
ao ser humano, que independentemente de sua idade cronológica, sexo, idade menta, condições emocionais
e antecedentes culturais, nível social e credo a que pertença ( MEC,1995 ) possui um valor inerente a sua
própria natureza e as suas potencialidades.
Embora esteja explícito na Declaração Universal dos Direitos do Homem que todo ser humano
tem direito de reivindicar condições de aprendizagem e ação para desempenhar-se como pessoa e como
membro atuante de uma comunidade, tais condições nem sempre têm sido oferecidas. Neste sentido, pode-
se observar um processo de exclusão em relação ao portador de necessidades especiais. Este tem ficado,por
discaso, preconceito, vergonha, falta de conscientização , e até mesmo despreparo, à margem da sociedade.
A Lei no. 9394 de 20 de dezembro de 1996 diz, no seu capítulo V. art. 58:
Entende-se por educação especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar
oferecida, principalmente, na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais (
p;196 ).
Acreditamos ser pertinente apresentar os conceitos mais usualmente empregados para designar os
portadores de necessidades especiais para que , a partir deles, possamos dimensionar os problemas
pedagógicos advindos de sua não compreensão e entendimento quando nos reportamos ao campo da
aprendizagem. Assim vejamos
* Diante de um alunato que apresente essas características, o professor não pode desconhecer
o quanto é necessário valorizar as diferenças indivíduais para que o aluno as tenha
respeitadas, quando considerado em relação ao seu ritmo e às suas características pessoais.
Somente visualizando a criança portadora de necessidades especiais dentro do parâmetro de
individualização, é que se poderá contribuir, com ações concretas, para que a criança tenha
assegurada a sua aprendizagem, no âmbito de suas possibilidades.
As ações não discriminadoras vêm sendo, desde então, a mola propulsora que orienta a Educação
Especial no País. Dessa forma, a individualização, a normalização e a integração são princípios que
fundamentam essa modalidade de ensino.
No entanto, mesmo com todo esse suporte técnico oferecido aos professores, o processo de
integração vem ocorreendo de forma desigual, face às dimensões territoriais do Brasil e à diversidade de
suas condições socioeconômicas e culturais.
A prática da integração impõe a reestruturação das instituições especializadas para que passem,
gradativamente, a dar suporte ao sistema de ensino regular como fornecedoras de serviços complementares
que assegurem, aos portadores de necessidades especiais a permanência bem sucedida na escola.
Capítulo II
Superdotados: Conceituação
1. Anoxia no nascimento
É comprovado que a anoxia gera indivíduos d´rbbeis mentais, mas uma hípotese, não muito precisa, em
seus resultados não pode afirmar que a superdotação se origina somente de uma anoxia.
2. Influência do Meio
A criança superdotada nascida ou criada em um meio ambiente sadio tem condições de desenvolver melhor
toda sua potencialidade.
3. Inconsciente Coletivo
Bagagem, ou seja, conhecimentos adquiridos hereditariamente que dão continuidade na vida atual.
4 Teorias Patológicas
.
Há uma certa preferência de dados colegidos que mostram que entre gênios e homens supernomais
ocorrem anomalias mais que entre os normais
Kretschmer, psiquiatra alemão, já notava certas anomalias psíquicas que correspondiam a certos tipos
físicos: a psicose maníaco-depressiva era mais comum em tipos baixos, ataracados; os tipos pícnos e a
esquizofrenia ocorria mais em tipos leptossômicos. Os pesquisadores esudaram o assunto e notaram a
frequênca maior de problemas ou anomalias nesses indivíduos.
Como essa anomalia ? Primeiro: havendo uma certa diferenciação, a pessoa muda de estilo de
vida para se adaptar, concentra-se em certos tipos de respostas. Não é a patologia em si que provoca a
superdotação, mas a mudança de comportamento decorrente da anomalia. Outra condição: em face da
situação de inferioridade que a pessoa pode sentir com a patologia, esta desenvolve uma motivação
acentuada para superar sua deficiência. Essa motivação leva à superdotação e não deixa de ter certa verdade
a afirmação de que o gênio tem 5% de inteligência e 90% de persistência. A continuidade, a persisteência
são fatos comuns a todo superdotado. Não há dados científicos que possam justifica a prevalência das
teorias patológicas na explicação da superdotação, ainda que a população, o homem comum, tenda a aceitar
essa tese, com o perigo de cair no determinismo.
Conceituar a pessoa superdotada é uma tarefa muito difícil, pois, segundo Taylor (1976), os
talentos, além de complexos, são múltiplos. Por isso diversos autores divergem em seus estudos sobre
conceitos de superdotados Alencar (1986) ressalta que certos autores fazem distinçao entre superdotado e
talentoso, onde o primeiro faz referência a indivíduos com habilidade excepcional nas artes, música ou
teatro. Outros, propõem que a superdotação é um conceito relativo ou situacional, ou seja, o indivíduo
poderia ser considerado superdotado em uma determinada situação e não em uma outra. Outros, ainda,
defendem o ponto de vista de que a superdotação é uma condição que pode ser desenvolvida em algumas
pessoas, se houver interação entre a pessoa, seu ambiente e uma área particular de conhecimento ou
desempenho.
Independentemente dos autores e seus estudos com pontos de vista diferentes, como é que a
maioria das pessoas imagina o indivídou superdotado? Geralmente, ou quase sempre, as pessoas dizem
tratar-se de alguém que sempre está estudando, que vive com livros nas mãos e que,na maioria das vezes,
tem aspecto franzino, usa óculos, entre outras coisas. Pensa-se ainda, questão pessoas que resolvem
inúmeros e dificílimos problemas matemáticos, de física ou que têm sempre uma solução pronta para tudo,
em todos os campos e áreas, podendo responder tudo de forma muito rápída. Porém, o que estas pessoas
consideram é o aspecto acadêmico ou cintífico, baseando-se, erroneamente, em representações sociais que
têm sobre determinados assuntos sem nunca terem lido um livro de psicologia escolar ou de educação,ou
seja, pensam e operam enfaticamente quando ouvem falar daquele determinado assunto, embora seu
conhecimento tenha sido adquirido no convívio do dia-a-dia, com as pessoas especializadas que compõem
o senso comum.
Por essas e outras razões, a conceituação do superdotado é extremamente importante para que este
indivídou possa ser encaminhado à programas de enriquecimento na Educação Especial, a fim de evitar que
tal talento seja desperdiçado.
Outro fato que deve ser destacado é que sempre que se fala em superdotado as pessoas fazem uma
associação direta com algo chamado coeficiente de inteligência – Q. I. O teste para medir o Q. I. De uma
pessoa, resulta do fator 100 multiplicado pela divisão da idade mental de uma pessoa ( conseguida através
de uma bateria de testes ) pela idade cronológica da mesma. Ou seja, corresponde a uma fôrmula
matemática assim expressa: número de pontos obtidos no teste (correspondendo a idade mental ) dividido
pela idade real, e este resultado é multiplicado por 100. Esta é a definição feita por Mettrau (1995) que
acaba por criticar, resultando: o resultado numérico jamais expressará tudo que um ser humano é capaz. (p.
16 )
Porém, estes testes tradicionais de inteligência, testes de Q. I.., medem apenas uma parcela, uma
amostra muito limitada do que poderia se considerar como inteligência humana. Por esta razão, é possível
que determinado indivíduo apresente certos fatores ou habilidades intelectuais mais desenvolvidas e, no
entanto, tenha um resultado em teste de inteligência que não reflete suas habilidades superiores, em função
da natureza dos itens incluídos no instrumento utilizado para avaliar sua inteligência. A inteligência é a
soma de várias capacidades, tais como: aprendizagem, raciocínio, memorização, adaptação ao meio,
motivação e esforço, aliado aos outros aspectos culturais e às influências fortíssimas de todos que
compõem o meio social, de acordo com Mettrau (1995 )e, com isso, a visão que diz respeito à inteligência
passou de unidimensional para multidimensional, englobando diferentes fatores ou dimensões, com
desenvolvimento que varia de indivíduo para indivíduo. Quer dizer que a inteligência deixou de ser
conciderada como conceito unitário e a idéia de que existem muitos tipos de inteligência passou a ser
enfatizada. Nesse sentido, Renzulli (1984 ) afirma: Não existe nenhum modo ideal de se medir
conhecimentos o Q. I. de uma pessoa, nós também conhecemos a sua inteligência. (p. 7 )
Desta forma, algumas proposições sobre conceito e formas de apurar a superdotação devem ser
destacadas:
Talento acadêmico – tipo acadêmico: evidencia aptidão acadêmica específica, de atenção, de concentração,
rapidez de aprendizagem, boa memória, interesse, habilidade para avaliar, sintetizar e organizar o
conhecimento, capacidade de produção acadêmica:
Habilidade de pensamento criativo e produtivo - tipo criativo : apresenta idéias originais, imaginação,
capacidade para resolver problemas de forma direta e inovadora, sensibilidades para as situações
ambientais, podendo reagir e produzir diferentemente e, até de modo extravagante, sentimento de desafio
diante da desordem de fatos, facilidade de auto-expressão, fluência e flexibilidade;
Liderança – tipo social: revela capacidade de liderança e caracteriaza-se por demonstrar capacidade
expressiva, habilidade de trato com pessoas diversa e grupos para estabelecer relações sociais, percepção
acurada das situações de grupo, capacidade para resolver situações sociais complexas, alto poder de
persuação e de influência no grupo:
Artes visuais e críticas – tipo psicomotor: destaca-se por apresentar hailidade e interesse pelas atividades
psicomotoras, evidenciando habilidades e desempenho necessária, fora do comum, relativos â velocidade,
agilidade de movimentos, força e resistência, controle e coordenação motora.
Pressupõem-se que pode haver várias combinações entre tais tipos de superdotação e, inclusive, o
aparecimento de outros tipos relativos a demais características.
Alguns problemas, porém, têm sido levantados com relação a esta classificação de conceito de
superdotação. Renzulli ( 1984 ) vem ressaltar que, apesar de a mesma destacar uma variedade maior de
habilidades a serem incluídas em uma definição de superdotados, um de seus problemas é o fato de não
incluir ou considerar fatores não-intelectuais, como fatores motivacionais, os quais têm se mostrado
importantes em todos os estudos com amostras de pessoas proeminentes. Também observa um problema
que diz respeito à natureza não paralela das seis categorias incluídas na definição. Afirma o autor:
Duas entre as seis categorias (aptidão acadêmica e artes ) chamam atenção para os campos de atividade
humana ou áreas de desempenho nas quais os talentos e habilidades se manifestam. As quatro categorias
restantes aproximam-se mais de processos que podem se manifestar em áreas de desempenho. Por
exemplo, uma pessoa pode utilizar o prosesso de
criatividade com relação a uma aptidão específica
( como química ) ou arte visual ( como fotografia ). De forma similar,os processos de liderança e
inteligência geral podem ser aplicados em uma área de desempenho como coreografia… De fato, pode ser
dito que processos como criatividade e liderança não existem à parte de uma área de desempenho a que
podem ser aplicados. (p. 22 )
Na verdade, o ponto de vista desenvolvido por Renzulli ( 1984 ) é que um indivíduo poderia ser
considerado superdotado em uma determinada situação e não em outra e, a partir de uma análise de
pesquisas com amostras de indivíduos criativos/produtivos, constatou que aqueles que se destacam por suas
contribuições apresentam um conjunto de três conglomerados de traços, especificados a seguir: habilidade
acima da média; criatividade e envolvimento com a tarefa.
Salienta, ainda, que é a interação entre três conglomerados que, leva a uma realização superior.
A habilidade acima da média é destacada por comportamentos superiores, em relação a uma média em
qualquer campo do saber ou do fazer. Entende-se por traços que aparecem de forma consistente àqueles que
permanecem com frequência e duração no repertório dos inúmeros comportamentos de uma pessoa, de tal
forma que possa ser registrado em repetidas situações e períodos de tempo, atrasvés de observações e de
sua história de vida relatada pela família, pelos próprio ou por seus companheiros.
Foi, então, a partir desses três traços marcantes para o conceito do indivíduo superdotado que Renzulli (
1984 ) organizou o chamado “Modelo dos Anéis” (p. 70 ).
FAZER FIG. 1 Nesse gráfico percebe-se que o autor não dava destaque ao contexto
social, pois existem situações relativas somente ao indivíduo.
Posteriormente, este modelo evoluiu e uma conceituação ampliada e modificada, já inclui os mardos sociais
e se apresenta em um novo modelo, proposto pelo mesmo autor ( 1985 , p. 83 )
FAZER FIG. 2 De acordo com gráfico os superdotos seriam aqueles que estivessem
na interseção dos três círculos. Aqueles outros que compõem a interseção de dois círculos, apresentariam
inteligência superior; traço criativo; talento ou capacidade acima da média em algumas áreas que mesmo
combinadas duas a duas, não conceituariam um superdotado.
Hoje em dia, não se tem um conceito pré-estabelecido sobre a superdotação, pois, segundo Mettrau ( 1995
), existem várias formas de expressão da inteligência humana, já que cada indivíduo é um ser único e
diferente, possuindo potencialidades e limitações. Com isso, a inteligência humana é uma característica
humana resultante de fatores genéticos, experiências e contextuais, levando em consideração os dados
referentes à personalidade e ao contexto social no qual o idivíduo interage, sendo entendida como um
processo dinâmico. Isto vem demonstrar, então, uma nova preocupação- não o quanto inteligente o
indivíduo é, e sim o modo como ele usa a sua inteligência, conforme destaca Resnick ( 1976 ). Por outro
lado, a inteligência ainda é um conceito muito genérico, ambíguo e de difícil definição, até porque trata-se
de uma conceituaçaõ vinculada à capacidade e ao desenvolvimento. Sternberg ( 1981 ), ressalta:
De acordo com o senso comum, inteligência significa algo que qualifica uma pessoa para resolver
problemas corretamente; para se adaptar a situações novas e para aprender. Observações sistemáticas têm
confirmado que nós atribuímos inteligência às pessoas, com base numa ampla gama de sinais ou critérios
como,por exemplo, as habilidades aparentes, a esperteza, boa auto-apresentação e disscurso fluente. (p. 37 )
Segundo Mettrau ( 1995 ), a Psicologia Pedagógica de Vygotsky ( 1989 ) é de grande importância para o
entendimento de duas questões ligadas à inteligência, que são a aprendizagem e o desenvolvimento,
Vygotsky( 1989 ), então, vem ressaltar a importância da chamada “zona de desenvolvimento proximal” ,
cuja definição é:
…a distância entre o nível de desenvolvimento real que se costuma determinar através da solução
independente de problemass, e o nível de desenvolvimento potencial determinado através da solução de
problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. ( p. 96 )
Com isso, considera que quanto mais se investir na zona de desenvolvimento proximal mais se ampliará o
desenvolvimento e a aprendizagem do indivíduo.
Por fim, o que deve ficar esclarecido é que não necessariamente o individuo superdotado precisa andar,
falar, ler, escrever, entre outras coisas, mais cedo do que os outros individuos. Esse fato pode ou não
ocorrer, já que os níveis e etapas de desenvolvimento de cada indivíduo são diferentes, por serem
relacionados com as oportunidades que estes recebem na interação nos grupos sociais e no meio social ( seu
meio ). Quer dizer que o superdotado é aquele que pode e deve estar em nosso convívio diário,
apresentando apenas algumas diferenciações, como: um certo amadurecimento na elaboração de suas
respostas e uma flexibilidade de iéias muito grande, o interesse por situações complexas de forma a criar e
experimentar respostas novas através de situações de desafios e apresentam imaginações e curiosidades
aguçadas sobre tudo em sua volta.
Para aprofundar um pouco mais este assunto, no Capítulo III, serão enfatizados as características e os meios
de identificação do superdotado.
Capítulo III
Vários autores reconhecem traços tipicamente apresentados por superdotados, entre elas: sinais de
precocidade, como andar, falar, memorizar, aprender a ler cedo e manter o interesse pela leitura ou
interessar-se por assuntos abstratos muito precocemente; realização de muitas tarefas com interesse e
perfeição, demonstrando habilidade superior ao seu grupo etário; a necessidade de ter passatempos
interessantes e centros de interesse fora da escola; apresentação de produções originais em qualquer campo
de atividades; a demonstração de rapidez de compreensão e interesse no processo de aprendizagem, ou seja,
curiosidade global e constante por tudo que o rodeia, seja acadêmico ou não; o fato de serem extremamente
sensíveis, sendo, às vezes, afetados por situações que, usualmente, passam desapercebidas aos outros,
procurando sempre os aspectos sociais que os rodeiam; a demonstração de rapidez de raciocínio, que
extrapola, em muito, as expectativas e o próprio vocabulário usual de seu grupo social e etário;
apresentação de acentuado senso crítico, boas observações e soluções acerca de variadas situações suas e de
outras pessoas; o fato de expressarem maturidade social e emocional em seus dizeres ou na produção de seu
trabalho, quando isto lhes é oportunizado e valorizado como tal, ou demonstram o contrário, trabalhos de
grande produção e conteúdo e pouca maturidade social ou pouca maturidade emocional em relação ao seu
desenvolvimento intelectual ou sua faixa de idade real; demonstração de talento e liderança em diferentes
áreas, seja na forma socialmente aceita ou não, isto é, tanto essa pessoa pode auxiliar como atrapalhar o
grupo onde ela está realizando algo.
Machado e Almeida ( 1989 ) também ressalta algumas características típicas do superdotados, são
elas: apresenta grande curiosidade a respeito de objetos, situações ou eventos, envolvendo-se em muitos
tipos de atividades exploratórias; é um aluno auto-iniciado, principia sozinho e persegue interesses
individuais, procurando sua própria direção; revela originalidade na sua expressão oral e escrita,
constantemente dá respostas diferentes e tem idéias não esteriotipadas; tem talento incomum para
expressar-se nas artes, como música, dança, drama, desenho e demais expressões artísticas; é hábil ao
apresentar alternativas de soluções, sendo flexível o seu pensamento; está sempre aberto à realidade,
procurando estar a par do que o cerca, sendo observador, sagaz e aberto; enriquece-se com situações
problema, seleciona respostas, procura soluções para problemas difíceis ou complexos; tem capacidade
para usar o conhecimento e as informações, procurando novas associações, combinando e procurando
respostas lógicas, percebe implicações e consequências, decide facilmente; produz variedade de idéias e
respostas, gosta de aperfeiçoá-las e ampliá-las; gosta de correr risco em várias atividades; tem habilidade de
perceber relações entre fatos, informações ou conceitos, aparentemente não relacionados; aprende rápido,
fácil e eficientemente no campo de sua dotação e interesse.
Não quer dizer que para o indivíduo ser considerado superdotado precise apresentar todas essas
características combinadas entre si, pois enquanto um deles pode apresentar uma competência elevada em
uma grande diversidade de áreas aliada a uma liderança superior, outro pode mostrar-se
extraordinariamente competente em apenas uma área, sendo, porém, imaturo emocionalmente; ainda outro
poderá ser fisicamente menos desenvolvido e apresentar contudo, uma habilidade significativamente
superior. Ou seja, já que existem diferenças indivíduais entre todos os indivíduos, não há. Então, um
“superdotado padrão” ou um só tipo de superdotação.
Desta forma, percebe-se a diversidade de características que podem ser apresentadas pelo
superdotado, o que implica na necessidade da utilização dos mais diversos recursus para identificação do
mesmo, para não se correr o risco de deixar de identificar um indivíduo que possua características de
superdotação, por não se enquadrar neste ou naquele modelo já estabelecido de superdotação.
Segundo Raposo ( 1989 ), a opinião do professor de classe é muito importante e pode ser
registrada numa ficha na qual deve constar, entre outros dados, àqueles referente a: o melhor aluno, o que
tem melhor vocabulário, o mais criativo e original o mais bem orientado cientificamente, o que tem melhor
pensamento crítico, o que perturba mais, o mais motivado a participar, o que está adiantado nos estudos
acadêmicos, o que se destaca na classe, o aluno o qual as demais crianças gostam e o aluno cujos pais
estejam mais preocupados com seu rendimento e progresso educacional.
Geralmente, são usados testes psicológicos para medir pensamento divergente, o nível intelectual
,aptidões diferenciadas, criatividade, além de questionários, escalas de avaliação do ajustamento social e
emocional, bem como entrevistas e técnicas projetivas para diagnóstico das características de
personalidade. Vários tipos de questionários podem ser elaborados e adaptados na escola, para avaliar
desempenho físico, intelectual, capacidade de liderança e criadora, habilidades mecânicas e artísticas.
Por outro lado, no que se refere a identificação do indivíduo superdotado na área artística, o que
se ressaltou até agora é pouco relevante. Autores como Kreitner e Engin ( 1981 ) defendem a idéia de que a
identificação de talentos na área das artes plástica, musicais, dramáticas, deve ser feita utilizando-se
critérios específicos. Por exemplo, deve-se considerar cinco aspectos do talento musical no processo de
identificação, que são: percepção, habilidade em distinguir diferenças em quantidades físicas, como
frequência, amplitude, duração, etc; memória, habilidade para lembrar ritmoos e discriminações sonoras;
reprodução, habilidade para recriar os sons lembrados, cantando ou tocando um instrumento; gosto,
habilidade em distinguir entre “bons” e “maus” sons; aptidão artística, habilidade incluindo criatividade
para colocar as próprias emoções na música.
Com isso, após serem colhidos e apresentados dados que caracterizem e, consequentemente
identifiquem as crianças, os indivíduos superdotados, estes devem, então, ser encaminhados aos programas
de atendimentos especiais que terão como objetivo o desenvolvimento e o aproveitamento do talento desses
indivíduos portadores de altas habilidades.
CAPÍTULO IV
A preservação de recursos humanos , de talentos na área intelectual artística e criativa, não tem recebido
a atenção merecida. Muito pouco tem sido feito no sentido de identificar os mais capazes e favorecer o seu
desenvolvimento. Não percebem que a preservação do meio de vida, o avanço da tecnologia e o
desenvolvimento do país , dependem também da extensão em que as habilidades intelectuais e criativas
forem implementadas, desde os primeiros anos de escola. Articular recursos de comunidade, sensibilizando
escola , família , empresas, comunidade em geral , é fundamental para propiciar oportunidades de satisfazer
o interesse do indivíduo superdotado e desenvolver suas aptidões e talentos. É importante ressaltar que as
possibilidades de atendimento educacional ao superdotado estão relacionadas à problemática da educação
brasileira e aos problemas sociais. O Brasil, então, deveria investir mais em seus recursos humanos,
reconhecendo o talento de um indivíduo superdotado, sem desperdiçá-lo, pois de acordo com Netto ( 1979 )
É fácil, (…), imaginar os beneficios que advirão para o país com o desenvolvimento de planos
sistemáticos, inteligentes, de longo alcance, para a detecção precoce e a educação dos nossos superdotados.
Entre as crianças superdotadas de hoje encontram-se aquelas que , com seus potenciais diretamente
avaliados e adequadamente desenvolvidos, serão os cientistas, os políticos, os empresários, os militares, os
governadores os líderes sociais, os escritores, os artistas, os atletas de renome no Brasil de amanhã. Mal
encaminhados, cortado o seu desenvolvimento psicossocial e educacional, abandonados à própria sorte,
muitos desses superdotados produzirão somente uma pequena parcela de contribuição para o
desenvolvimento do país, que suas capacidades excepcionais permitiriam prever (…). (p. 26)
De acordo com as alternativas de atendimento, existem diretrizes básicas, traçadas pelo MEC, onde os
alunos superdotados, a não ser em casos extraordinários, serão atendidos em escolas comuns, recebendo
atendimento especial adequado. Este atendimento vai visar o desenvolvimento das potencialidades dos
superdotados, considerando as demais condições do aluno, permitindo sua formação global como pessoas e
como cidadãos, sem que haja uma preocupação exclusiva com o atendimento especial aos superdotados,
deve compreender, conforme o caso e as condições da escola, programação de enriquecimento curricular,
de aceleração de estudos ou as duas modalidades conjugadas.
Os superdotados devem, então, frequentar classes comuns sempre que o professor da classe tenha
condições de trabalhar com programas ou atividades diversificadas em grupos diferentes e disponha de
orientação e de materiais adequados, que lhe possibilitem oferecer tratamento especial a esses alunos. Caso
não exista condições, os superdotados poderão frequentar classes especiais de escolas comuns, onde
deverão ser promovidas atividades conjuntas desses alunos com os demais alunos da escola, para que haja
sua integração. Devem, também, estar sendo reavaliados periodicamente, de modo que possa ser objetivado
o ajustamento constante sobre o tratamento especial que recebem.
Segundo Machado ( 1989 ) e Raposo ( 1989 ) o atendimento ao aluno superdotado no meio educacional
pode ser feito através de algumas alternativas propostas, tais como: a modificação do ambiente escolar,
com o objetivo de aumentar o nível de auto-estimulação, facilitar o trabalho do professor e propiciar o
enriquecimento das atividades escolares ou aceleração dos estudos; a modificação da postura e do
comportamento do professor, levando-o à compreensão da natureza dos problemas de tal atendimento, a
agilizar a sua capacidade intelectual, a utilizar sua imaginação e uma capacidade de especulação na
avaliação das situações normalmente encontradas no dia-a-dia da escola, tal como das dificuldades no
atendimento ao aluno superdotado; e a modificação do conteúdo curricular ensinado, focalizando novas
idéias, propiciando ensino melhor qualificado.repassando a matéria em períodos mais curtos, estudando
outros ângulos e implicações dos assuntos, aprimorando temas já estudados e acrescentando outros mais
novos.
Na programação escolar específica para superdotados, alguns aspectos são de grande imprtância, como
o de ter objetivos definidos na seleção de programas a estes alunos, referente tanto ao desenvolvimento e à
expansão das suas habilidades, quanto à ampliação de seus próprios interesses; planejar atividades que
visem multimeios, numa abordagem integrada das disciplinas, favorecendo a transferência de
aprendizagem; implementar situações de ensino que possam favorecer o desenvolvimento de suas
potencialidades e habilidades específicas, principalmente na área da tomada de decisões, criatividade e
comunicação; propiciar oportunidades de experiências de modo a expandir os horizontes pessoais do
educando, projetando objetivos maiores para si mesmo.
Com isso, autores como Raposo ( 1989 ), Alencar ( 1986 ) e Mettrau ( 1995 ), enfatizam que devem ser
estimuladas e difundidas diferentes alternativas de atendimento as crianças especiais, relativas ao
enriquecimento, aceleração, programas de atividades especiais, de orientação individual e grupal, de
atendimento para desenvolvimento de habilidades e talentos específicos, de programas interescolares,
programas protótipo e de aprendiazagem diferenciada, estimulando-se a criação de centros de orientação e
de acompanhamento aos superdotados.
A aceleração é o tipo de proposta que se permite acelerar o ritmo de ensino-aprendizagem, fazendo com
que o superdotado realize seus estudos em tempo inferior ao previsto, em determiandas matérias do
currículo nas quais o aluno tenha demonstrado aptidão superior.
Tais programas prevêem a entrada precoce do aluno no sistema educacional, antes de atingir a idade
legal, possibilitam promoções para séries mais avançadas, antes do término do ano letivo, ou a transposição
de séries, fazendo em apenas um ano de escolaridade o que o aluno normalmente faria em dois anos.
Propiciam situações de aprendizagem em classes extraordinárias para créditos e planos curriculares
acelerados nas diversas áreas. Isso só vai ocorrer se a identificação do superdotado for prévia e
rigorosmente feita com instrumentos válidos e fidedignos, planos curriculares individualizados,
acompanhamento e avaliação permanente dos alunos, bem como controle sistematizado das atividades
desenvolvidas e das inovações pedagógicas adotadas, além de cuidados especiais com o ajustamento
psicossocial dos superdotados, através de orientação pedagógica.
Algumas alternativas referentes a esse atendimento são: classes avançadas, com estratégias
diferenciadas; entrada precoce, crianças que são colocads em determinadas séries mesmo antes da idade
regular, por demonstrarem inteligência superior, classes universitárias, estudantes que prestam concurso
sendo promovidos à cursos superiores e universidades antes da idade regular.
A aceleração é, portanto, um processo avançado, fugindo ao padrão usual das séries ou áreas de
conteúdos em nível que excede o regular. Cuidados especiais devem ser tomados, realizando-se avaliações
constantes, evitando o aparecimento de espaços vazios no desenvolvimento das habilidades e no conteúdo
programático do aluno superdotado.
Alencar (1986 ), Mettrau ( 1995 ) e Raposo ( 1989 ), ressaltam ainda, a alternartiva a modalidade de
orientação que pretende criar condiçoes que promovam a melhoria da adaptação social e familiar do
superdotado, seu aproveitamento escolar e, também, sua escolha vocacional.. Pode ser desenvolvida de
forma individual ou grupal, onde os maiores cuidados devem ser dispensados aos superdotados carente
culturalmente, com distúrbios emocionais e com problemas de ajustamento social e escolar, visando uma
melhor aceitação de seus talentos por eles mesmos e pelos demais. Esses programas de orientação devem
envolver pessoal especializado, com conhecimento das necessidades e problemas dos superdotados.Seu
objetivo principal é de ajudar o aluno superdotado a reduzir as diferenças existentes entre suas
possibilidades e o rendimento escolar, onde sua família é orientada paralelamente.
Para o atendimento específico ao desenvolvimento de talentos como dança, música, dramatização, artes
expressivas e plásticas, artes manuais, industriais, artesanatos e artes literárias ou linguísticas, devem ser
planejados programas especiais que atendam o desenvolvimento de suas potencialidades, podendo ou não
ocorrer em cursos fora da escola, aproveitando-se os demais recursos da comunidade.
Um programa de aprendizagem diferenciada para o superdotado pode ser viabilizado pelo professor em
sala comum, objetivando atender às suas capacidades e talentos especiais, propiciando oportunidade de
expansão desses talentos e favorecendo a auto-expressão do educando. As estratégias de ensino seriam a
comunicação, tomada de decisão, planejamento, criatividade de previsão, talentos especiais nas áreas das
artes visuais, dramáticas ou musicais.
Ao perceber que diversos alunos podem se situar melhor nessa ou naquela atividade, há, então, a
possibilidade de estabelecer um perfil do grupo, o que vai tornar o ensino mais centrado nas necessidades
dos alunos e mais individualizado, estimulando a auto-confiança e auto-suficiência do aluno, resultando,
consequentemente, em um maior envolvimento e maior satisfação entre alunos e professores.
Os mesmos autores, Alencar ( 1986 ), Mettrau ( 1995 ) e Raposo ( 1989 ), apresentam que essas
alternativas de atendimento aos superdotados são aplicadas em diferentes níveis de ensino: pré-escola,
ensino de 1o. grau, ensino de 2o. grau, ensino supletivo e formação profissional.
O ensino pré-escolar abrange a educação precoce e o jardim de infância, com o objetivo de propiciar o
desenvolvimento das crianças, utilizando técnicas de estimulação aplicadas por equipe de professores com
a participação da família. É importante que as crianças superdotadas sejam atendidas desde cedo, visto que,
na maioria das vezes, apresentam um rápido desenvolvimento na área da linguagem, da motricidade e da
cognição, evidenciando habilidades especiais que devem ser estimuladas.
Segundo Raposo ( 1989 ), a educação precoce consiste em programas que devem ser individuais ou
pequenos grupos, adaptados às necessidades e características de cada criança, devendo desenvolver-se
numa atmosfera de calor humano com a participação de familiares. Os ambientes devem ser espaçosos,
localizados em andar térreo para favorecer o contato com a natureza. Os recursos didáticos são importantes
devendo ser previstos e adaptados às características das crianças, respeitando seu nível de maturidade.
Nessa etapa de seu desenvolvimento, a criança superdotada não deverá ser forçada a um desenvolvimento
precoce, mesmo porque ainda não tem, muitas vezes, evidenciadas as áreas dos seus talentos e aptidões. O
importante seria sentir-se segura e motivada para explorar o meio ambiente.
O objetivo do ensino de lo. grau é propiciar ao aluno situaçãoes e experiências que possibilitem seu
desenvolvimento global. O aluno poderá ser atendido individualmente ou em grupo, de acordo com suas
habilidades e talentos específicos. O professor de classe comum pode ajudar o aluno superdotado,
observando suas características, atendendo sua curiosidade, respeitando seus interesses na aprendizagem e
estimulando seu desenvolvimento e processo acadêmico, podendo receber também o apoio de um professor
especializado. No caso de um atendimento individualizado, o reforço pedagógico deverá ser repassado de
acordo com as condições oferecidas pelo ambiente escolar, onde o trabalho estará voltado para as
necessidades de cada aluno.
No ensino de 2o. grau, a escola deve contar com estudos sobre a legislação trabalhista e sobre o
mercado de trabalho, para que o aluno superdotado não tenha dificuldade para escolher sua profissão e
possa integrar-se facilmente no mercado de trabalho, de acordo com sua necessidade de autonomia,
liberdade de ação pessoal e sentimento de independência profissional.
Nas classes comuns o aluno superdotado é atendido pelo seu próprio professor que deve receber um
apoio de docente especializado, no que se refere à adoção de métodos e processos didáticos especiais,
mantendo o interesse e motivação do seu aluno , onde os projetos devem enfatizar habilidades que estejam
relacionadas com a investigação independente, iniciativa, originalidade, desafio e trabalho criativo.
A sala de recursos é uma das modalidades utilizadas para atender aos alunos superdotados durante o
horário escolar e que estão em classe comum. O atendimento se dá em local especializado e com
programas de atividades específicas, visando reforçar e enriquecer o processo de ensino-aprendizagem,
propiciar trabalhos independentes e de investigação na área das habilidades e talentos. Existe planejamento
conjunto entre o professor da sala de recursos e o da classe comum, avaliação periódica e sistemática da
programação elaborada junto ao educando, observvando-se critérios adequados como interesses comuns,
habilidades e níveis de aprendizagem para composição dos grupos. O atendimento pode ser individual ou
em pequenos grupos de até cinco alunos, visando as condições e necessidades de cada educando, onde o
professor deve ter a disponibilidade equipamentos e materiais didáticos especializados, como um
cronograma de atividades que possibilite o atendimento adequado dos diferentes alunos.
O ensino itinerante é realizado por professor especializado que trabalha com o superdotado,
proporcionando-lhe orientação ou supervisão especializada. Pode ser aplicada na escola comum e é
recomendado em regiões e escolas onde há carência de atendimento educacional. O atendimento é feito, no
mínimo, duas vezes por semana, onde o professor, especializado visita aquela determinada escola. Os
professores de avaliação, acompanhamento e controle de programação desenvolvida poderão ser realizados
conjuntamente pelo professor de classe comum com o professor itinerante devendo ser cuidados aspectos
relacionados ao cronograma de atendimento e planejamento da atividades.
Por outro lado, existe Escola Especial, que é a instituição que presta atendimento educacional a alunos
excepcionais, onde são desenvolvidos currículos especiais com pessoal, material e equipamentos
adaptados. Sua estrutura, organização e funcionamento deverão basear-se nos princípios da normalização e
integração. No caso de educandos superdotados não é a alternativa mais indicada, já que o sistema regular
de ensino pode absorver essa clientela, com as devidas adaptações, com a vantagem de favorecer a
itegração escolar e social de tais alunos e ser menos dispendios conforme Raposo ( 1989 ).
Desta forma, com tantas e diversificadas alternativas, requisitos básicos de níveis de ensino e
modalidade de atendimento, quem ou quais são os profissionais preparados para atender o aluno
superdotado?
O professor do aluno superdotado dveria ter as características e habilidades, além daquelas inerentes a
todo o educador, que seriam a criatividade no emprego das estratégias de ensino, no planejamento das
experiências, no uso de recursos da comunidade; um conhecimento mais aprofundado em campos
específicos a alternativas de estratégias diferenciadas de ensino que atendam as necessidades e
características dos superdotados; entusiasmo pelo processo de aprendizagem de tais alunos; habilidade de
organizar as atividades curriculares e projetos de investigação; disponibilidade para utilizar material
variado e identificar pessoas e/ou recursos que possam incentivar os alunos ; flexibilidade em utilizar o
ambiente físico, materiais e equipamentos diversificados e estimuladores; capacidade de estimular grupos
de interesse; mobilidade para controlar e avaliar os programas educacionais, de acordo com Machado
(1989 ).
Porém, a realidade é bem diferente, porque, na maioria das vezes, o professor não está preparado para
lidar com esse tipo de aluno e, por isso, surgem dificuldades e problemas, já que há escassez de preparação
de recursos humanos nessa área, impossibilitando o aperfeiçoamento desse professor, que deveria usar
adequadamente, instrumentos e estratégias de ensino que seriam válidas e inovadoras para sua clientela
superdotada.
Um problema bastante frequente é que muitos professores tendem a competir com seus alunos
superdotados pelo fato de não admitirem que estes saibam mais ou tenham idéias mais criativas e mais
originais do que eles, os próprios professores. Isso ocorre porque, normalmente, a metodologia e os
procedimentos pedagógicos utilizados pelos professores não atendem à rapidez de raciocínio ou à grande
capacidade de abstração de seus alunos superdotados, que estão sempre em busca de novos conhecimentos
para satisfazer sua curiosidade constante e seu espírito crítico. Outro problema sério que se configura, é
com relação aos programas de desenvolvimento de habilidades para o aluno superdotado e os conteúdos
utilizados, que são tidos como insensatos e superficiais, sem riqueza, significado ou sequência, que são
elementos indispensáveis para desenvolver a compreensão nas disciplinas acadêmicas.
Por essas e outras razões, é que deveria haver uma maior preocupação nesse sentido, onde programas de
treinamento para professores de alunos superdotados deveriam ser desenvolvidos e aplicados. . Programas
estes que estimulariam a modificação da postura e do comportamento do professor, levando-o a
compreender melhor a natureza dos problemas relacionados ao atendimento do aluno superdotado, a
redefinir soluções, a agilizar sua própria capacidade intelectual, a utilizar sua imaginação e sua capacidade
de especulação na avaliação de situações na rotina escolar, entre outras coisas. E, seria primordial, que
houvesse uma modificação no conteúdo curricular ensinado, no sentido de focalizar novas idéias, propiciar
ensino de melhor qualidade, dar a matéria em menos tempo, estudar outros ângulos e implicações dos
assuntos e aprimorar temas já estudados, acrescentando outros novos, que venham a favorecer o
desenvolvimento das habilidades específicas e potencialidades dos alunos superdotados.
Desta forma, é fundamental, segundo Raposo ( 1989 ), construir uma realidade de atendimento
educacional que seja compatível com as necessidades e as possibilidades do próprio sistema de ensino
vigente, porque são poucos os professores especializados e competentes, assim como os recursos
financeiros e humanos; quer dizer que o governo tem investido muito pouco na área educacional, alegando
que existem outras prioridades sociais. Contudo, se os professores de classe comum forem preparados e
informados sobre as características e necessidades do superdotado, esses alunos poderão ter, ao menos, um
mínimo de compreensão e um pouco mais de estimulo e de orientação, tendo em vista suas dificuldades e
peculiaridade. Com isso, articular recursos de comunidade, sensibilizando escola, família, empresas e meio
social em geral, é fundamental para propiciar oportunidades para suprir e satisfazer os interesses do aluno
superdotado, desenvolvendo, então, suas aptidões e talentos.
CAPÍTULO V
CONCLUSÃO
De acordo com uma nova política social brasileira, a Educação Especial deve mobilizar a sociedade no
empenho constante e consciente do sistema educacional, atuando em todos os níveis e esferas, priorizando
a unerversalização do ensino, visando proporcionar aos indivíduos portadores de necessidades especiais,
condições que favoreçam sua integração na sociedade. É importante entender que todo indivíduo é um
elemento valioso, qualquer que seja a idade, sexo, nível mental, condições emocionais e antecedentes
culturais que possua, ou grupo técnico, nível social e credo a que pertença, pois seu valor é inerente à
natureza do homem e às potencialidades que traz em si.
Por isso, o objetivo das leituras realizadas para este estudo, foi o de esclarecer algumas idéias errôneas
sobre o indivíduo superdotado, garantindo-lhes um atendimento adequado que lhes é de direito.
É importante ressaltar que existe uma necessidade eminente com relação à criação de recursos humanos
especializados, de forma a se introduzir nos cursos de formação de magistério e de licenciatura, por
exemplo, em disciplina pertinente, tópicos e conhecimentos relativos à conceituação, caracterização,
identificação e atendimento ao superdotado, para que, desde já, professores de turmas regulares tenham
condições de trabalhar e atuar em programas com atividades diversificadas em suas próprias classes.
A idéia de que pelo fato de um indivíduo ser portador de altas habilidades e, por isso, apresenta
recursos suficientes para crescer sozinho, sem necessitar de condições que se adequem mais ao
desenvolvimento de seu potencial, ainda existe. Em um país onde a Educação está praticamente
abandonada, onde encontram-se elevados índices de evasão e repetência nas escolas públicas, por que
preocupar-se com idivíduos superdotados, portadores de inteligência acima da média, se não se consegue
resolver questões relacionadas à evasão e repetência? Para que investir naqueles que já possuem algum
potencial, se a maioria não consegue terminar o 1o. grau?
Esse pensamento é comum para a maioria das pessoas e, principalmente, ao governo do país. Deveria
ser evidente que se houvesse uma maior atenção dispendida para a criação de programas especícficos de
formação de profissionais que vão lidar diretamente com este indivíduo, haveria um retorno tão
significativo quanto produtivo para as diversas áreas sociais.
Assim sendo, duas questões são de extrema importância, já que as possibilidades de atendimento
educacional aos indivíduos superdotados estão relacionadas à problemática da educação brasileira: como
mobilizar a estrutura do ensino do sistema regular de ensino para tais atendimentos? Como sensibilizar os
agentes educativos, levando-os a uma participação expressiva?
Deveriam ser implementados em escolas regulares no decorrer do ano letivo, cursos de preparação para
atendimento do superdotado, ao professor que estivesse interessado pelo assunto, ou ao professor que
tivesse em sua sala de aula um aluno portador de altas habilidades, ou de uma forma global, para todos os
professores daquelas determinadas escolas, de maneira a expandir seus conhecimentos na área educacional.
Cursos, esses, que ofereceriam entre outras coisas, um treinamento em serviços para professores iniciantes
no atendimento do educando superdotado; atualização sobre questões em Educação Especial / Educação de
Superdotados, sempre que houvesse quaisquer publicações ou novas pesquisas sobre o assunto; encontros
de sensibilização; encontros de estudo; reuniões de orientações e avaliações com os demais profissionais
envolvidos na área (psicólogos, orientadores educacionais, fonoaudiólogos etc.); intercâmbio entre as
escolas interessadas sobre o assunto. O que se pretende enfatizar é que ao invés de ficar esperando que haja
uma conscientização social e/ou governamental para que sejam criados cursos específicos para a formação
de professores que pretendem trabalhar com os superdotados,a própria escola deveria, dentro de suas
condições com o pouco recurso que recebe, tomar a iniciativa e criar, ela mesma, tais atendimentos,
permitindo que seus alunos superdotados frequentem as turmas comuns, em estabelecimento de ensino
regular, participando de grupos de estudos de enriquecimento e aprofundamento, que podem, também, vir a
serem oferecidos pela própria escola.
É, então, sensibilizando escola, família, comunidade em geral, partindo do pressuposto de que a
Educação é um processo mediador da prática social, de valores, de tradições e de significaçãoes culturais,
que o atendimento específico ao indivíduo superdotado deve ter objetivos de desenvolver ao máximo suas
potencialidades e talentos, de modo a este indivíduo poder se auto-realizar, crescer de acordo com seu
próprio ritmo, promover o seu ajustamento pessoal, social e escolar, e explorar, enriquecer e aprofundar
assuntos do seu interesse.
Desta forma, pode-se perceber como será importante o papel exercido pelo professor com relação à
educação do aluno portador de altas habilidades, já que será o grande estimulador, oportunizador,
planejador de atividades diversas e situações que desencadearão o desenvolvimento cognitivo e pessoal de
seu aluno superdotado, favorecendo suas potencialidades e habilidades específicas, propiciando multimeios
para transferência de aprendizagem e independência intelectual. Se estiverem bem preparados, esses
educandos, então contribuirão de forma imprescindível para o desenvolvimento nacional.
Com isso, autores como Alencar (1986) e Raposo (1989) identificam algumas sugestões para que se
quantifique e se qualifique os programas de atendimento aos superdotados, conjuntamente com os
princípios norteadores da Educação Especial. São elas: a intensificação à implementação e ao
desenvolvimento de ações de atendimento ao superdotado, congregando esforços de participação dos vários
segmentos da sociedade, de forma a assumirem sua quota de responsabilidade nos processos de
conceituação, caracterização e identificação e de inserção social ao mercado de trabalho; promover a
organização e a elaboração de propostas curriculares flexíveis e consistentes, a fim de serem utilizadas por
professores interessados nessa área; o aproveitamento e adaptações de novas tecnologias de ensino para
esssa clientela, controlando a eficácia das mesmas e avaliando seus resultados; a ampliação de
oportunidades de atendimentos nos diversos níveis de ensino formal e não-formal, a fim de envolver
maiores contingentes da população brasileira; a criação de mecanismos junto as áreas públicas
competentes para agilizar o aperfeiçoamento de recursos humanos; entre outras.
Todo ser humano, a despeito de menos valia que possa ter, deve
fazer jus ao direito de igualdade de oportunidades, que lhe assiste como integrante de uma sociedade.