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Perspectiva da Inclusão
Débora Margot de Barros
Editora
Coordenação de Projetos
Leandro Lousada
Professora Responsável
Débora Margot de Barros
Revisão Ortográfica
Célia Ferreira Pinto
Inclui Bibliografia
ISBN: 978-85-8065-098-3
1. Educação. 2.Educação especial. 3. Brasil. I. Título.
CDD – 371.90981
Catalogação elaborada por Glaucy dos Santos Silva - CRB8/6353
Apresentação
Prezado aluno,
Unidade 1 6
Educação Especial / inclusão:
discussões necessárias para a sociedade atual
Unidade 2 22
Conceitos, princípios e pressupostos legais da Educação Especial
Unidade 3 84
Fundamentos e conceitos históricos sobre
a Educação Especial no Brasil e no mundo
Unidade 4 118
Evolução histórica da Educação Especial: diferentes enfoques
Unidade 5 144
Características do educando com deficiência nos
aspectos sociopsicopedagógico, profissionalizante e preventivo
Unidade 6 190
Educação, possibilidades e limites na inserção
profissional da pessoa com deficiência, no movimento
histórico-social brasileiro e na contemporaneidade
Referências 241
1▪
Educação Especial / Inclusão:
discussões necessárias para a sociedade atual
Caro (a) Aluno (a)
Seja bem-vindo (a)!
Nesta primeira unidade, o texto é fruto de um es-
forço onde o objetivo é oferecer algumas reflexões
sobre um tema, que me é de extrema complexidade
e importância para a garantia, dos direitos das pes-
soas com deficiência e de todos: negros, mulheres,
pobres,...
Bons estudos!!!
Objetivos da Unidade
Esta unidade terá como objetivos:
▪ Identificar concepções de ensino com paradigmas
diversos.
▪ Relacionar algumas características predominantes
no paradigma da Educação Especial e no paradigma
inclusivo.
Conteúdos da Unidade
Na medida do possível, acompanhe os conteúdos das
unidades assinalando no texto, dúvidas e questões.
Consulte os sites indicados para ampliar informa-
ções, que podem colaborar para uma melhor com-
preensão dos assuntos estudados. A Educação ocupa
lugar estratégico no desenvolvimento de um país,
sendo fator de grande importância para a formação
de cidadania das crianças e jovens. Mundialmente,
a Educação Especial Inclusiva tem sido vista como
integrante da Educação Especial. Esta perspectiva
representa um avanço para a sociedade, assim, esta-
remos juntos refletindo sobre estas ideias.
8
O grande problema do educador não é discutir se a Edu-
cação pode ou não pode, mas é discutir onde pode, como pode,
com quem pode, quando pode; é reconhecer os limites que sua
prática impõe. É perceber que o seu trabalho não é individual, é
social e se dá na prática de que ele faz parte.
Paulo Freire in Carvalho (2004, p9)
9
do o acesso ao ensino como direito público subjetivo,
impondo a co-responsabilidade dos entes federados
por sua implementação e garantindo a aplicação de
percentuais mínimos da receitas provenientes de im-
postos, para sua manutenção e desenvolvimento.
Para Pensar
A escola, espaço educativo e legítimo, é onde é
possível construir identidade, cidadania, deve exercer
o seu papel para a sociedade.
Calar-se ou omitir-se diante da exclusão da
criança com deficiência ou dificuldade em aprendi-
zagem, nos diversos espaços sociais, seria contribuir
para o crescimento e desenvolvimento destas pessoas
e para uma sociedade mais humana?
10
plas. Valorizar a diversidade implica em possibilitar
ao outro vir a ser no seu tempo e a seu tempo, cui-
dando, acolhendo,compartilhando diferentes jeitos
de aprender.Trata-se de desigualar condições para
igualar possibilidades.
Freire fala in Carvalho, (2004, p.11):
11
conjunto de regras, normas, crenças, valores, princí-
pios que são partilhados por um grupo em um deter-
minado momento histórico e que norteiam o nosso
comportamento, até entrarem em crise, porque não
nos satisfazem mais, não dão conta dos problemas
que temos de solucionar.
Para Pensar
A crise educacional, em que vivemos, nos re-
mete a suscitar novas bases teóricas que não são fá-
ceis de haver, pois implica em mexer com princípios,
crenças enraizadas culturalmente e arriscando aqui,
cientificamente. Toda crise é tomada de incertezas,
de insegurança, mas também de muita liberdade de
criação, de ousadia para buscar alternativas, outras
formas de leitura das coisas, fatos que nos cercam,
novos olhos, novos sentidos. Neste cenário, no centro
de tensão esta a escola onde se faz urgente a ruptu-
ra de padrões organizacionais, comportamentos para
se haver com o contexto atual. A partir desta visão,
não é difícil perceber que os velhos paradigmas da
modernidade não compõem mais “matéria-prima”
da educação escolar. As diferenças culturais, sociais,
étnicas, religiosas, de gênero, estão sendo defendidas
nos documentos nacionais e internacionais, como
os direitos humanos e a democracia tornam-se im-
prescindíveis para que busquemos novas concepções
de mundo, de homem, de planeta.Novas redes de
ações,parcerias,conhecimentos são gerados pela velo-
cidade das tecnologias,comunicações e informações.
Manter as posturas tradicionais compromete o
12
movimento do mundo globalizado, dinâmico e margi-
naliza as diferenças.
Mantoan (2003, p. 17) coloca que a comunida-
de acadêmica não pode continuar a pensar que só há
um único modelo de cientificidade e uma única epis-
temologia. A escola abriu as portas para a deficiência,
a novos grupos sociais, mas não aos novos conheci-
mentos quando não cria possibilidade de diálogo en-
tre diferentes lugares epistemológicos.
A fragmentação do conhecimento em discipli-
nas é uma prática que dificulta a articulação dos as-
suntos, temas desenvolvidos, como também, a pos-
sibilidade de se ter uma visão da essência e do todo.
Para Pensar
Qual a diferença entre Educação Especial e Educação
inclusiva?
13
cação Especial, tal como é formada nas diretrizes
legislativas brasileiras, de outro, surge como um mo-
vimento opositivo às concepções paradigmáticas da
Educação Especial focada nos déficits e na separação.
Para Pensar
Sobre a função da Educação inclusiva - seria mesmo
do eixo da Educação Especial, ou seria mais coerente
situá-la como aprimoramento dos serviços educati-
vos regulares?
14
enfrentar o desafio é necessário (Carvalho-2004, p.133):
15
Torna-se fundamental a ressignificação do papel do
professor que, em vez de ser profissional do ensino,
deve assumir-se como profissional da aprendizagem,
com enorme responsabilidade social e política. O
mundo, em que vivemos, exige que os educadores de-
sempenhem papéis que vão muito além de transmitir
conhecimentos e cultura.
A base conceitual do que fazemos é da maior
importância, pela competência técnica que nos ofere-
ce como também a competência política. O aspecto
atitudinal pode acarretar mudanças duradouras e con-
sistentes, mas as atitudes não mudam com o piscar dos
olhos, geralmente, é sofrido, com obstáculos afetivos,
cognitivos, organizacionais a serem superados. Estu-
dar as atitudes humanas, analisar conceitos, é uma for-
ma favorável para que nossas ações não sejam impul-
sivas e passionais, mas teoricamente fundamentadas.
Na sociedade, o paradigma da inclusão não
se modifica pela imposição da lei. Para isso, são ne-
cessárias transformações nas concepções de homem
e de educação, por parte das pessoas envolvidas no
processo em relação às crianças com deficiência, para
que estas ao serem matriculadas em classes regulares,
não continuem sendo excluídas das oportunidades de
desenvolvimento social e pedagógico.
As matrículas das crianças com deficiência, nas
classes regulares do ensino, não significa inclusão, elas
podem estar ali, mas excluídas do processo pedagógi-
co e até mesmo das relações sociais no grupo no qual
estão inseridas.
Cabe às escolas especiais reestruturar suas con-
cepções principalmente em relação ao apoio às escolas
16
regulares. Há escolas especiais **que realizaram a entra-
da à diversidade de público, diversas deficiências e para
as crianças ditas normais, e desta forma conseguem
manter uma postura inclusiva. Citando estes exemplos,
não são somente as escolas regulares que precisam mu-
dar suas posturas, as escolas especiais precisam e de-
vem ajustarem-se aos novos desafios da inclusão.
Para isso, são necessários os serviços técnicos
especializados tanto na área da saúde como na edu-
cação. Compromissos comunitários de toda a socie-
dade para promover a causa da inclusão. Dificuldades
de acesso e aprimoramento do conhecimento, não
se restringem, apenas, a população com deficiência.
É importante defender a escola pública de qualidade
para todos, negros, pobres, mulheres, índios,..., pois
esta beneficiará todas as crianças que de alguma forma
são tocadas pela exclusão. Mudanças na concepção e
prática pedagógica no cotidiano escolar, considerando
as múltiplas inteligências, as diversas áreas de saber, as
formas de aprendizagem, tendem a promover o aten-
dimento às diferenças e necessidades de aprendizagem.
Raiça (2006, p.19) relaciona algumas caracterís-
ticas predominantes no paradigma da Educação Es-
pecial e no paradigma inclusivo.
17
Paradigma Especial
Foco nos déficits da criança.
Professores especialistas em
determinada deficiência.
18
Paradigma Inclusivo
Foco nas ilhas de inteligência que estão preservadas.
19
Atividades
20
2) A inclusão aparece como ramificação da Educação
Especial, tal como é formada nas diretrizes legislativas
brasileiras, de outro, surge como um movimento oposi-
tivo às concepções paradigmáticas da Educação Especial
focada nos déficits e na separação.
Discuta com seus colegas esta afirmativa e regis-
tre, aqui, suas conclusões.
21
2▪
Conceitos, Princípios
e Pressupostos Legais da Educação Especial
Caro (a) Aluno (a)
Seja bem-vindo (a)!
Nesta segunda unidade, trataremos de questões relacio-
nadas às pessoas com deficiência no que diz respeito a
conceito, princípios, legislação. É importante compreen-
der discursos, leis, documentos para se buscar ações apro-
priadas no espaço de trabalho escolar.
Bons estudos!!!
Débora Margot de Barros
Deficiências
Já andei por tantos caminhos e já vivi tantas coisas,
que hoje vejo que o preconceito e discriminação estão
em cada um de nós, e cabe-nos quebrá-los para que
possamos viver numa sociedade mais justa e humana.
Hoje posso afirmar que:
"Deficiente" é aquele que não consegue modificar
sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas
ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de
que é dono do seu destino.
"Louco" é quem não procura ser feliz.
"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer
de frio, de fome, de miséria.
"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um
desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão.
"Mudo" é aquele que não consegue falar o que
sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção
daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.
E "Miserável" somos todos que não conseguimos
falar com Deus.
Autor: Luiz Fernando Veríssimo
Extraído do blog:
http://www.floramarela.com.br/pag.asp?id=4&sub=8
24
Objetivos da Unidade
A partir deste texto, proponho refletir sobre o tema
desta disciplina, e você deverá ser capaz de:
▪ Identificar os princípios que fundamentam a Educa-
ção Especial no Brasil.
▪ Reconhecer documentos que discutem o processo
e estratégias de inserção das pessoas com deficiência
na sociedade.
Conteúdos da Unidade
Proponho pensar sobre as mudanças comportamen-
tais da sociedade, provocadas por necessidades atuais
da civilização, estas avançam em um ritmo acelerado,
no que se refere, principalmente, a ciência e tecnolo-
gia, recursos e possibilidades antes não imaginados.
Vivemos um processo de globalização mundial da
economia, das informações, o que acarreta competi-
ção e desigualdades entre os povos, empobrecimen-
to de nações, elevando os índices de injustiça social.
Diante de tais fatos, assegurar os direitos a todos, a
uma educação de qualidade é meta do governo e da
sociedade, que através de lutas, esforços buscam ins-
trumentos legais para garantir cidadania; neste curso
cabe destacar das pessoas com deficiência.
25
“A verdadeira deficiência é aquela que prende o ser
humano por dentro e não por fora, pois até os
incapacitados de andar podem ser livres para voar.”
Thaís Moraes
27
seus desejos, construções históricas e imaginárias.
O direito a educação à “em igualdade de condi-
ções de acesso e permanência na escola” (art.206, in-
ciso I da Constituição Brasileira de 1988) visando “ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o traba-
lho” (art.205) são dispositivos nacionais, que tem pro-
duzido movimento nos espaços e em políticas públicas
educacionais, resultado de um complexo processo in-
ternacional, de onde saíram documentos importantes
como, por exemplo, a Conferência Mundial de Educa-
ção para todos, em 1990, em Jomtien, Tailândia.
A civilização avança em um ritmo acelerado no
que se refere, principalmente, à ciência e tecnologia,
isto tem provocado mudanças comportamentais na
sociedade, e coloca para a mesma, recursos e possi-
bilidades antes não imaginados, que podem sanar as
necessidades e sonhos do homem.
Estamos em um processo de globalização mun-
dial da economia, das informações, o que acarreta com-
petição e desigualdades entre os povos, empobrecimen-
to de nações, elevando os índices de injustiça social.
Neste cenário é um desafio efetivar a prática dos direi-
tos assegurados a todos e a uma educação de qualidade.
Para Pensar
*Como buscar uma realidade educacional na perspec-
tiva inclusiva, ou seja, trazer para o seio das escolas
condições favoráveis para oferecer ações educativas,
adequadas às necessidades individuais de aprendiza-
gem de todos?
28
*Como elevar os níveis de qualidade de aprendiza-
gem no processo educacional escolar?
29
to de serviços e de recursos de apoio, orientado para a
educação regular, em benefício de todos os aprendizes”.
Para Pensar
Quais são os princípios que fundamentam os sistemas edu-
cacionais inclusivos?
Artigo II
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos
e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem
distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo,
língua, religião, opinião política ou de outra nature-
za, origem nacional ou social, riqueza, nascimento,
ou qualquer outra condição.
Artigo XXIII
1. Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre esco-
lha de emprego, a condições justas e favoráveis de
trabalho e à proteção contra o desemprego.
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2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a
igual remuneração por igual trabalho.
3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remu-
neração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim
como à sua família, uma existência compatível com
a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se ne-
cessário, outros meios de proteção social.
Artigo XXV
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida ca-
paz de assegurar a si e a sua família saúde e bem es-
tar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cui-
dados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e
direito à segurança em caso de desemprego, doença,
invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda
dos meios de subsistência fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados
e assistência especiais. Todas as crianças nascidas
dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma
proteção social.
Artigo XXVI
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será
gratuita, pelo menos nos graus elementares e funda-
mentais. A instrução elementar será obrigatória. A ins-
trução técnico-profissional será acessível a todos, bem
como a instrução superior, esta baseada no mérito.
2. A instrução será orientada no sentido do pleno
desenvolvimento da personalidade humana e do
fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e
pelas liberdades fundamentais. A instrução promo-
verá a compreensão, a tolerância e a amizade entre
todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e co-
adjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da
31
manutenção da paz.
Para Pensar
Como traduzir discursos, leis, documentos politica-
mente corretos em ações efetivas?
32
gem, geradores de exclusão nos espaços escolares.
33
acesso a ensino primário gratuito e obrigatório de
boa qualidade e o concluam;
iii) zelar para que sejam atendidas as necessidades de
aprendizagem de todos os jovens e adultos, median-
te um acesso equitativo a programas adequados de
aprendizagem e de preparação para a vida cotidiana;
iv) aumentar em 50%, até 2015, os níveis de alfabeti-
zação dos adultos, particularmente no caso das mu-
lheres, e facilitar a todos os adultos um acesso equi-
tativo à educação básica e à educação permanente;
v) suprimir as disparidades entre os sexos no ensino
primário e secundário até 2005, alcançando até 2015
a igualdade entre os sexos na educação, em particu-
lar garantindo às meninas um acesso pleno e equita-
tivo a uma educação básica de boa qualidade, com as
mesmas possibilidades de obter bons resultados; e
vi) melhorar todos os aspectos qualitativos da edu-
cação, garantindo os parâmetros mais elevados, para
conseguir para todos os resultados de aprendizagem
reconhecidos e mensuráveis, especialmente em lei-
tura, escrita, aritmética e aptidões práticas essenciais
para a vida cotidiana.Os compromissos assumidos
em Dakar contemplam um monitoramento perma-
nente dos resultados obtidos em relação aos objeti-
vos propostos. A UNESCO foi designada como Se-
cretaria no Fórum Mundial da Educação em Dakar,
recebendo o mandato de coordenar e dinamizar
as atividades de cooperação em prol da Educação
Para Todos. O Diretor Geral da UNESCO convoca
anualmente uma reunião do Grupo de Alto Nível,
cuja função é estimular a mobilização política e fi-
nanceira em favor de EPT. A cada ano, também, a
34
UNESCO encarrega uma equipe independente, si-
tuada em sua sede, de preparar um relatório mundial
de acompanhamento de EPT, que é apresentado
na reunião do Grupo de Alto Nível; esse relatório
mostra os progressos realizados em relação aos seis
objetivos de Dakar e dá conta dos compromissos
assumidos em Dakar. O relatório global de acom-
panhamento de 2002, intitulado La Educación para
Todos: ¿Va el Mundo por el Buen Camino? Mostrou
que os progressos em direção aos seis objetivos são
insuficientes e que “o mundo não está bem enca-
minhado para alcançar o EPT em 2015”, já que é
provável que 28 países, correspondendo a 26% da
população mundial, não consigam atingir nenhuma
das três metas quantitativas: a educação primária
universal, a igualdade dos sexos e a redução à meta-
de das taxas de analfabetismo. Da mesma maneira,
outros 43 países, que constituem 36% da população
mundial, correm o risco de não conseguir alcançar
uma dessas metas.”
Foro Mundial de la Educación. Marco de Acción
de Dakar.Educación para Todos: cumplir nuestros
compromisos comunes.Paris, UNESCO, 2000.
35
dades Educativas Especiais, que define que as escolas
comuns representam o meio mais eficaz para comba-
ter as atitudes discriminatórias, ressaltando que:
36
Tal documento define como modalidades de
atendimento em Educação Especial, no Brasil: as es-
colas e classes especiais; o atendimento domiciliar, em
classe hospitalar e em sala de recursos; o ensino itine-
rante, as oficinas pedagógicas; a estimulação essencial
e as classes comuns. Tal fato estimula a manter a es-
trutura paralela e substitutiva da Educação Especial,
com concepção integralista, o acesso de estudantes
com deficiência ao ensino regular é condicionado:
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propor alternativas e estratégias de formação e esta-
belecimento de recursos nas escolas que respondam
afirmativamente às demandas dos sistemas de ensino.
As práticas tradicionais que reproduzem a segregação
em razão da deficiência e do suposto despreparo da
escola comum, historicamente privadas de investi-
mentos necessários ao atendimento das especificida-
des educacionais desse grupo, continuam.
Numa prática, na óptica do paradigma da inclu-
são, todos podem estar favorecidos quando: as escolas
promovem respostas pedagógicas às diferenças indi-
viduais de estudantes, pois a mesma é impulsionada
aos projetos de mudanças, e, para a gestão, nas políti-
cas públicas implantadas. Para ser gerada é necessário
ações, movimentos que busquem repensar o espaço
escolar e da identificação das diferentes formas de ex-
clusão, geracional, territorial, étnico racial e de gênero.
Nessa fase, as diretrizes educacionais brasileiras
endossam o caráter substitutivo da Educação Especial,
embora expressem a necessidade de atendimento às
especificidades apresentadas pelo estudante na escola
comum. Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (1996) quanto a Resolução 02 do Conselho
Nacional de Educação (2001) denotam ambiguidade
quanto à organização da Educação Especial e da es-
cola comum no contexto inclusivo. Ao mesmo tempo
em que orientam a matrícula de estudantes, público
alvo da Educação Especial nas escolas comuns da rede
regular de ensino, mantém a prática do atendimento
educacional especializado substitutivo à escolarização.
No início do século XXI, esta realidade levanta
mobilização mais ampla em torno do questionamento
38
à estrutura segregativa que aparece nos sistemas de
ensino, que mantém um alto índice de pessoas com
deficiência em idade escolar fora da escola e a matrí-
cula de estudantes público alvo da Educação Especial,
majoritariamente, em escolas e classes especiais.
Numa dimensão histórica, a proposta de um
sistema educacional inclusivo, impõe um processo de
reflexão e prática, que possibilita efetivar mudanças
conceituais, político e pedagógicas, coerentes com o
propósito de tornar efetivo o direito de todos à edu-
cação, preconizado pela Constituição Federal de 1988.
A Convenção sobre os direitos das pessoas com
deficiência outorgada pela ONU em 2006 é ratificada
pelo Brasil como emenda constitucional, por meio do
decreto Legislativo 186/2008 e pelo Decreto Executi-
vo 6949/2009. Este documento sistematiza estudos e
debates mundiais realizados ao longo da última década
do séc. XX e nos primeiros anos deste século, criando
um quadro favorável à definição de políticas públicas
fundamentadas no paradigma da inclusão social.
Esse acordo internacional altera o conceito de
deficiência que, até então, denotava o paradigma in-
tegracionista, que era protegido pelo modelo clínico
de deficiência, em que a condição física, sensorial ou
intelectual da pessoa se caracterizava como obstáculo
a sua integração social, cabendo à pessoa com defici-
ência, se adaptar às condições existentes na sociedade.
De acordo com a Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência “Pessoas com deficiên-
cia são aquelas que têm impedimentos de longo pra-
zo de natureza física, mental intelectual ou sensorial,
os quais, em interação com diversas barreiras, podem
39
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade
em igualdade de condições com as demais pessoas”.
(ONU Art. 1)
No paradigma da inclusão, à sociedade cabe
dar as condições de acessibilidade necessárias a fim
de promover às pessoas com deficiência uma forma
independente de participação plena de todos os as-
pectos da vida. Nesse contexto, a educação inclusiva
torna-se um direito inquestionável e incondicional. O
artigo 24 fala sobre o direito da pessoa com deficiên-
cia à educação, ao afirmar que:
40
Distrito Federal dão início à construção de uma nova
política de Educação Especial que enfrenta o desafio
de se constituir uma modalidade transversal desde a
educação infantil à educação superior. Desta forma
são repensadas as práticas educacionais concebidas a
partir de um padrão de estudante, de professor, de
currículo e de gestão, rediscutindo a compreensão
acerca das condições de infra-estrutura escolar e dos
recursos pedagógicos fundamentados na concepção
de desenho universal.
Estratégias
Para isto, seguem pontuações importantes que
fazem parte das diretrizes:
A Educação Para Todos propõe a partilha da
responsabilidade pela educação e que esta deixe de
ser domínio exclusivo dos governos para ser interio-
rizada pelo conjunto da sociedade. Existe uma cons-
ciência social generalizada sobre o valor indiscutível
da educação e a importância da participação social na
mesma. Os governos dos países devem permitir e in-
centivar que setores não governamentais tomem parte
na elaboração ou aplicação das políticas educacionais.
Diversos atores e setores governamentais e não
governamentais devem se envolver na preparação dos
planos nacionais de EPT, junto à vontade política de
governos para gerar espaços e mecanismos de parti-
cipação ativa e efetiva da sociedade civil no planeja-
mento e validação dos planos nacionais, os atores da
sociedade civil devem exigir seu direito a participar
na tomada de decisões políticas e estabelecer alianças
com o fim de cooperar e co-responsabilizar-se pelos
41
resultados. Com esta articulação, a sociedade civil vai
ganhando cada vez mais terreno no que se refere à
influência sobre políticas públicas.
Compreende-se, assim, a diversidade de seto-
res e atores envolvidos na elaboração dos planos na-
cionais, como de metodologias utilizadas para isso.
A construção e implementação efetiva de um plano
nacional de longo prazo não é viável sem contar com
uma visão coletiva do conjunto da sociedade e o com-
promisso de cada um de seus integrantes. Promover a
participação social desde o início e ao longo do pro-
cesso de preparação é fundamental. Para melhorar a
participação da sociedade civil, destaca-se a necessida-
de de que o governo tenha vontade política para abrir
um espaço público de tomada de decisões políticas,
e que a sociedade civil se disponha a trabalhar junto
com o governo. É preciso, além disso, que se produza
maior articulação entre o governo e os diversos se-
tores da sociedade civil envolvidos com a educação,
dando especial atenção aos meios de comunicação
como aliados estratégicos. Assim, é muito importante
dar ampla difusão aos planos de educação para todos,
de modo que se alcance um compromisso maior das
partes e o envolvimento de novos atores. Aponta-se
também o papel que deve ter a cooperação internacio-
nal em apoio ao EPT e a liderança da UNESCO na
mobilização e articulação de ações e recursos para o
desenvolvimento educacional dos países.
Institucionalizar a participação na execução,
mecanismos nacionais de acompanhamento e moni-
toramento, forma de vigiar e monitorar a devida im-
plementação do Plano Nacional de EPT, identificar
42
necessidades e soluções para superar as dificuldades
encontradas, diálogo e consenso, contribui para man-
ter o Plano Nacional ao longo das mudanças governa-
mentais incluindo o ajuste do Plano Nacional de EPT,
de acordo com a necessidade.
Geralmente as instituições mais diretamente
vinculadas à educação são as que mais participam (a
associação docente, por exemplo). É necessário que
outros atores sociais que têm importância no proces-
so, também intervenham. Entre estes, contam-se os
meios de comunicação, o empresariado e as universi-
dades. Os meios de comunicação, em particular, têm
um papel crucial no estímulo à participação e respon-
sabilidade de toda a sociedade pela educação, e tem
que assumir, ao mesmo tempo, a responsabilidade
pela sensibilização social. A intersetoriedade é indis-
pensável para que diferentes setores governamentais
articulem seus esforços com vistas ao desenvolvimen-
to social e econômico e para que o Plano Nacional de
EPT se integre num “esquema mais amplo de redução
da pobreza e de desenvolvimento”, como recomenda
o Marco de Ação de Dakar.
O foco central deve ser os atores-chave da
comunidade da educação (alunos, famílias e docen-
tes) e que estes se envolvam plenamente na análise
da situação educacional e na tomada de decisões com
respeito às metas e ações futuras. Espaços de debate,
estabelecer mecanismos que garantam a participação
efetiva desses atores da comunidade da educação é
necessário como também, aproximar o discurso das
políticas públicas ao nível da base da escola e sua co-
munidade. As políticas educacionais devem permitir
43
que esses atores possam relacionar as implicações do
Plano nacional com suas vidas cotidianas e fomen-
tar sua responsabilidade social para com a educação.
Cada ator tem que fazer seu o plano nacional de edu-
cação e assumir a responsabilidade pelos resultados
da educação. Elaborar planos locais de desenvolvi-
mento educacional, que respondam às características
e necessidades da região, município ou comunidade,
sem perder de vista o quadro nacional. Tais práticas
possibilitam respostas às demandas locais, facilitam
a integração das organizações da sociedade civil no
desenvolvimento dos planos, tanto nacionais como
locais, em todo o processo de elaboração e execução.
Comité de Redacción del Foro Mundial de Educación. Comenta-
rio detallado del Marco de Acción de Dakar. Educación para To-
dos: cumplir nuestros compromisos comunes. Paris, UNESCO,
2000.
44
vontade política por parte do governo para gerar es-
paços e mecanismos de participação ativa e efetiva da
sociedade civil, desde o nível nacional até o do centro
educacional. Cabe a sociedade civil assumir a respon-
sabilidade pela educação e seus resultados.
45
Nacional (Lei nº 9.394, de 1996 - LDB); a Emenda
Constitucional nº 14, de 1996, que instituiu o Fundo
de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fun-
damental e de Valorização do Magistério – FUNDEF;
a Lei n° 10.172, de 2001, que colocou o Plano Nacio-
nal de Educação - PNE atualmente vigente; a Lei nº
11.494, de 2007, que regulamentou o Fundo de Ma-
nutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais da Educação - FUN-
DEB; e a Emenda Constitucional nº 59, 2009, que am-
pliou o ensino obrigatório dos 4 aos 17 anos de idade.
A LDB reestruturou e definiu as diretrizes e
bases da educação escolar no Brasil. Para a União,
Estados, Municípios, escolas e demais instituições de
ensino coube conceitos fundamentais que garantem a
organização dos sistemas educacionais do país, como
princípios educativos, especificação dos níveis e mo-
dalidades de ensino, regulamentou a estrutura e o fun-
cionamento do ensino nacional. A Lei vem sofrendo
várias alterações, visando à adequação de seus dispo-
sitivos às alterações constitucionais, à atualização de
conceitos às novas visões e estratégias educacionais e
ao aprimoramento de parte de suas normas.
46
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio espe-
cializado, na escola regular, para atender às peculiaridades
da clientela de Educação Especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, es-
colas ou serviços especializados, sempre que, em função
das condições específicas dos alunos, não for possível a
sua integração nas classes comuns de ensino regular.
§ 3º A oferta de Educação Especial, dever constitucional
do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos,
durante a educação infantil.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos
com necessidades especiais:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização específica, para atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não pude-
rem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino
fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração
para concluir em menor tempo o programa escolar para
os superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível
médio ou superior, para atendimento especializado, bem
como professores do ensino regular capacitados para a
integração desses educandos nas classes comuns;
IV - Educação Especial para o trabalho, visando a sua
efetiva integração na vida em sociedade, inclusive con-
dições adequadas para os que não revelarem capacidade
de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação
com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que
apresentam uma habilidade superior nas áreas artística,
intelectual ou psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas so-
ciais suplementares disponíveis para o respectivo nível do
47
ensino regular.
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino
estabelecerão critérios de caracterização das instituições
privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação
exclusiva em Educação Especial, para fins de apoio técni-
co e financeiro pelo Poder Público.
Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alterna-
tiva preferencial, a ampliação do atendimento aos educan-
dos com necessidades especiais na própria rede pública
regular de ensino, independentemente do apoio às insti-
tuições previstas neste artigo.”
48
damental, Ensino médio, Educação Especial e Educa-
ção de jovens e adultos.
49
pectivos planos decenais. Os Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios empe-
nham na divulgação deste Plano e no desenvolvimen-
to e realização de seus objetivos e metas, para que a
sociedade tenha o conhecimento e possa acompanhar
sua implementação.
A União, em articulação com os Estados, o
Distrito Federal, os municípios e a sociedade civil,
deveria instaurar avaliações periódicas da implemen-
tação do Plano Nacional de Educação.Para o Poder
Legislativo, por intermédio das Comissões de Educa-
ção, Cultura e Desporto da Câmara dos Deputados e
da Comissão de Educação do Senado Federal, coube
observar a execução do Plano Nacional de Educação,
ao Congresso Nacional aprovar as medidas legais
decorrentes, com vistas à correção de deficiências e
distorções. A União instituiu o Sistema Nacional de
Avaliação que estabelecia os mecanismos necessários
ao acompanhamento das metas constantes do Pla-
no Nacional de Educação. Os planos plurianuais da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios deveriam ser preparados de modo a dar suporte
às metas constantes do Plano Nacional de Educação
e dos respectivos planos decenais. Os Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
cípios empenharam na divulgação deste Plano e no
desenvolvimento e realização de seus objetivos e me-
tas, para que a sociedade tivesse o conhecimento e
pudesse acompanhar sua implementação.
50
Objetivos:
. a elevação global do nível de escolaridade da po-
pulação;
. a melhoria da qualidade do ensino em todos os
níveis;
. a redução das desigualdades sociais e regionais no
tocante ao acesso e à permanência,
com sucesso, na educação pública e
. democratização da gestão do ensino público, nos
estabelecimentos oficiais, obedecendo
aos princípios da participação dos profissionais da
educação na elaboração do projeto pedagógico da es-
cola e a participação das comunidades escolar e local
em conselhos escolares ou equivalentes.
Metas:
. a elevação global do nível de escolaridade da po-
pulação;
. a melhoria da qualidade do ensino em todos os
níveis;
. a redução das desigualdades sociais e regionais no
tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na
educação pública e
. democratização da gestão do ensino público, nos
estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios
da participação dos profissionais da educação na ela-
boração do projeto pedagógico da escola e a partici-
pação das comunidades escolar e local em conselhos
escolares ou equivalentes.
51
educação;
. as diretrizes e metas para cada nível e modalidade
de ensino e
. as diretrizes e metas para a formação e valoriza-
ção do magistério e demais profissionais da educação,
nos próximos dez anos.
EDUCAÇÃO BÁSICA
1. EDUCAÇÃO INFANTIL
2. ENSINO FUNDAMENTAL
3. ENSINO MÉDIO
EDUCAÇÃO SUPERIOR
4 - EDUCAÇÃO SUPERIOR
MODALIDADES DE ENSINO
5 - EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
6 - EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E TECNOLO-
GIAS EDUCACIONAIS
7 - EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA E FORMA-
ÇÃO PROFISSIONAL
8 - Educação Especial
9 - EDUCAÇÃO INDÍGENA
Educação Especial
A Constituição Federal estabelece o direito
de as pessoas com necessidades especiais receberem
educação preferencialmente na rede regular de ensino
(art. 208, III) 1988)
O conhecimento da realidade é importante
para isso é preciso dispor de estatísticas completas
52
sobre o número de pessoas com deficiências, sobre
o atendimento. Estas podem ser de diversas ordens -
visuais, auditivas, físicas, mentais, múltiplas, distúrbios
de conduta e também superdotação ou altas habilida-
des. O atendimento particular oferecido por entidades
filantrópicas, ainda é responsável por grande parcela
da Educação Especial no País.
A eliminação das barreiras arquitetônicas nas
escolas é uma condição importante para a integração
dessas pessoas no ensino regular. Outro elemento fun-
damental é o material didático-pedagógico adequado,
conforme as necessidades específicas dos alunos.
Inexistência, insuficiência, inadequação e pre-
cariedades podem ser constatadas em muitos centros
de atendimento a essa clientela.
Em relação à qualificação dos profissionais de
magistério os sistemas de ensino costumam oferecer
cursos de preparação para os professores, oferecidos
pelo governo nas modalidades a distância, semipre-
sencial e presencial disponíveis na Plataforma Freire.
Considerando a diretriz da integração, ou seja,
de que, sempre que possível, as crianças, jovens e
adultos especiais sejam atendidos em escolas regula-
res, a necessidade de preparação do corpo docente,
e do corpo técnico e administrativo das escolas au-
menta enormemente. Segundo os dados de 1997, pre-
dominam as "classes especiais", nas quais estão 38%
das turmas atendidas. 13,7% delas estão em "salas de
recursos" e 12,2% em "oficinas pedagógicas". Apenas
5% das turmas estão em "classes comuns com apoio
pedagógico" e 6% são de "educação precoce”. Em
"outras modalidades" eram atendidas 25% das tur-
53
mas de Educação Especial. As informações de 1998
estabelecem outra classificação, chamando a atenção
que 62% do atendimento registrado está localizado
em escolas especializadas, o que reflete a necessidade
de um compromisso maior da escola comum com o
atendimento do aluno especial.
Apesar do crescimento das matrículas, o déficit
é muito grande e constitui um desafio imenso para
os sistemas de ensino, pois diversas ações devem ser
realizadas ao mesmo tempo. Entre elas, destacam-se
a sensibilização dos demais alunos e da comunidade
em geral para a integração, as adaptações curriculares,
a qualificação dos professores para o atendimento nas
escolas regulares e a especialização dos professores
para o atendimento nas novas escolas especiais, pro-
dução de livros e materiais pedagógicos adequados
para as diferentes necessidades, adaptação das escolas
para que os alunos especiais possam nelas transitar,
oferta de transporte escolar adaptado, etc.
Mas o grande avanço que a década (2011-
2020) da educação deverá produzir será a construção
de uma escola inclusiva, que garanta o atendimento à
diversidade humana.
Diretrizes
A Educação Especial se destina-se às pessoas
com necessidades especiais no campo da aprendiza-
gem, originadas quer de deficiência física, sensorial,
mental ou múltipla, quer de características como altas
habilidades, superdotação ou talentos.
A integração dessas pessoas no sistema de ensi-
no regular é uma diretriz constitucional (art. 208, III),
54
fazendo parte da política governamental há pelo me-
nos uma década. Mas, tal diretriz ainda não produziu a
mudança necessária na realidade escolar. Uma política
explícita e vigorosa de acesso à educação, de respon-
sabilidade da União, dos Estados e Distrito Federal e
dos Municípios, é uma condição para que às pesso-
as com deficiência sejam assegurados seus direitos à
educação. Tal política abrange: o âmbito social, do re-
conhecimento destas crianças, jovens e adultos como
cidadãos e de seu direito de estarem incluídos na so-
ciedade o mais plenamente possível; e o âmbito educa-
cional, tanto nos aspectos administrativos (adequação
do espaço escolar, de seus equipamentos e materiais
pedagógicos), quanto na qualificação dos professores
e demais profissionais envolvidos. O ambiente escolar
como um todo deve ser sensibilizado para uma perfei-
ta inclusão. A garantia de vagas no ensino regular para
os diversos graus e tipos de deficiência é uma medida
importante. Entre outras características dessa política,
são importantes a flexibilidade e a diversidade, quer
porque o espectro das deficiências é variado.
A União tem um papel essencial no planeja-
mento e direcionamento da expansão do atendimen-
to, diante das desigualdades regionais. O apoio da
União é mais urgente e será mais necessário onde se
verificam os maiores déficits de atendimento.
Quanto mais cedo se der a intervenção edu-
cacional, mais eficaz ela se tornará no decorrer dos
anos, produzindo efeitos mais profundos sobre o de-
senvolvimento das crianças. Por isso, o atendimento
deve começar precocemente, inclusive como forma
preventiva. Na hipótese de não ser possível o aten-
55
dimento durante a Educação Infantil, há que se de-
tectarem as deficiências, como as visuais e auditivas,
que podem dificultar a aprendizagem escolar, quando
a criança ingressa no ensino fundamental. Em relação
às crianças com altas habilidades (superdotadas ou ta-
lentosas), a identificação levará em conta o contexto
sócio-econômico e cultural e será feita por meio de
observação sistemática do comportamento e do de-
sempenho do aluno, com vistas a verificar a intensida-
de, a frequência e a consistência dos traços, ao longo
de seu desenvolvimento.
O desenvolvimento e aprendizagem das crian-
ças, jovens e adultos com deficiências, a articulação e
a cooperação entre os setores de educação, saúde e as-
sistência é fundamental e potencializa a ação de cada
um deles. A necessidade de atendimento não se limita
à área educacional, mas envolvem especialistas, sobre-
tudo da área da saúde e da psicologia e dependem da
colaboração de diferentes órgãos do Poder Público,
em particular os vinculados à saúde, assistência e pro-
moção social, inclusive em termos de recursos.
O Programa de Renda Mínima Associado a
Ações Sócio-educativas (Lei n.9.533/97) estendido a
essa clientela, pode ser um importante meio de garan-
tir-lhe o acesso e à frequência à escola.
A formação de recursos humanos com capa-
cidade de oferecer o atendimento aos educandos es-
peciais nas creches, pré-escolas, centros de Educação
Infantil, escolas regulares de Ensino fundamental,
Médio e Superior, bem como em instituições especia-
lizadas e outras instituições é uma prioridade para o
Plano Nacional de Educação. Não há como ter uma
56
escola regular eficaz quanto ao desenvolvimento e
aprendizagem dos educandos especiais sem que seus
professores, demais técnicos, pessoal administrativo e
auxiliar sejam preparados para atendê-los.
Requer-se um esforço determinado das auto-
ridades educacionais para valorizar a permanência
dos alunos nas classes regulares, eliminando a nociva
prática de encaminhamento para classes especiais da-
queles que apresentam dificuldades comuns de apren-
dizagem, problemas de dispersão de atenção ou de
disciplina. A esses deve ser dado maior apoio pedagó-
gico nas suas próprias classes, e não os separar como
se precisassem de atendimento especial.
Em15dedezembrode2010,oMinistrodaEducação
Fernando Haddad, entrega ao governo o PROJETO
DE LEI que aprova o Plano Nacional de Educação
para o decênio 2011-2020 e dá outras providências.
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º Fica aprovado o Plano Nacional de
Educação para o decênio 2011-2020
(PNE - 2011/2020) constante do Anexo desta
Lei, com vistas ao cumprimento do disposto no art.
214 da Constituição.
57
sica - IDEB será utilizado para avaliar a qualidade do en-
sino a partir dos dados de rendimento escolar apurados
pelo censo.”
Estratégias:
4.1) Contabilizar, para fins do repasse do Fundo de Ma-
nutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação - FUNDEB,
58
as matrículas dos estudantes da educação regular da rede
pública que recebem atendimento educacional especia-
lizado complementar, sem prejuízo do cômputo dessas
matrículas na educação básica regular.
4.2) Implantar salas de recursos multifuncionais e fomen-
tar a formação continuada de professores para o aten-
dimento educacional especializado complementar, nas
escolas urbanas e rurais.
4.3) Ampliar a oferta do atendimento educacional espe-
cializado complementar aos estudantes matriculados na
rede pública de ensino regular.
4.4) Manter e aprofundar programa nacional de acessibi-
lidade nas escolas públicas para adequação arquitetônica,
oferta de transporte acessível, disponibilização de mate-
rial didático acessível e recursos de tecnologia assistiva, e
oferta da educação bilíngue em língua portuguesa e Lín-
gua Portuguesa de Sinais - LIBRAS.
4.5) Fomentar a educação inclusiva, promovendo a articu-
lação entre o ensino regular e o atendimento educacional
especializado complementar ofertado em salas de recur-
sos multifuncionais da própria escola ou em instituições
especializadas.
4.6) Fortalecer o acompanhamento e o monitoramento
do acesso à escola por parte dos beneficiários do benefí-
cio de prestação continuada, de maneira a garantir a am-
pliação do atendimento aos estudantes com deficiência na
rede pública regular de ensino.”
59
“a fim de possibilitar às pessoas com deficiência
viver com autonomia e participar plenamente de to-
dos os aspectos da vida, os Estados Partes deverão
tomar as medidas apropriadas para assegurar-lhes o
acesso, em igualdade de oportunidades com as de-
mais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à infor-
mação e comunicação”.
60
Mecanismos para a garantia do direito das pessoas
com deficiência à Educação Inclusiva
A Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva, publicada pelo
MEC em 2008, dá um novo limite teórico e orga-
nizacional na Educação Brasileira, estabelecendo
Educação Especial como forma não substitutiva à
escolarização; o conceito de atendimento educacio-
nal especializado complementar ou suplementar à
formação dos estudantes; e o público alvo da Educa-
ção Especial constituído pelos estudantes com defici-
ência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação.
De acordo com as diretrizes da nova política:
61
ência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades/superdotação nas turmas comuns
do ensino regular, orientando os sistemas de ensino
para garantir o acesso ao ensino comum, a partici-
pação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais
elevados de ensino; a transversalidade da Educação
Especial desde a Educação infantil até a Educa-
ção superior; a oferta do atendimento educacional
especializado; a formação de professores para o
atendimento educacional especializado e aos demais
profissionais da educação, para a inclusão; a parti-
cipação da família e da comunidade; acessibilidade
arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas
comunicações e informações; e a articulação inter-
setorial na implementação das políticas públicas”.
(Brasil, 2008)
62
Conforme o Decreto 6.571/2008:
“O atendimento educacional especializado -
AEE é o conjunto de atividades, recursos de acessibi-
lidade e pedagógicos organizados institucionalmente,
prestado de forma complementar ou suplementar à
formação dos alunos no ensino regular.” (Brasil, 2008)
No seu artigo 3º, é definido o apoio técnico
e financeiro a ser prestado pelo Ministério da Edu-
cação, com a finalidade de promover o atendimento
educacional especializado tanto na educação básica
quanto na superior por meio das seguintes ações:
63
creto 6.571
Resolução Nº. 4 CNE/CEB. Este documento
define, no artigo 1º, que cabe:
[...]”aos sistemas de ensino matricular os alu-
nos com deficiência, transtornos globais do desenvol-
vimento e altas habilidades/superdotação nas classes
comuns do ensino regular e no Atendimento Educa-
cional Especializado – AEE[...]” (Brasil, 2009)
O AEE deve integrar o projeto político peda-
gógico - PPP da escola, envolver a família e ser feito
e junto às políticas públicas. É uma oferta institucio-
nalizada, prevendo na sua organização a implantação
da sala de recursos multifuncionais, a elaboração do
plano de AEE, professores para o exercício da docên-
cia no AEE, demais profissionais como tradutor e in-
térprete da Língua Brasileira de Sinais, guia-intérprete
e aqueles que atuam em atividades de apoio.
De conformidade com o artigo 5º dessa resolução:
64
Essas ações mobilizam o desenvolvimento da
política de inclusão das escolas sendo compreendido
como uma perspectiva ampla de reestruturação da Edu-
cação, que pressupõe a articulação entre a Educação Es-
pecial e o ensino comum. Faz parte do trabalho a ela-
boração, a disponibilização e a avaliação de estratégias
pedagógicas, de serviços e recursos de acessibilidade
para a promoção efetiva do direito de todos à Educação.
65
Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade
Objetiva a transformação dos sistemas edu-
cacionais em sistemas educacionais inclusivos. Anu-
almente é realizado seminário nacional de formação
dos coordenadores, com a disponibilização de mate-
riais pedagógicos e apoio financeiro para a formação
em cada município polo, contemplando a totalidade
dos municípios brasileiros.
66
professor para o AEE, bem como com a manutenção
e segurança dos recursos.
67
inclusão escolar destes beneficiários. Promoveu a apli-
cação do questionário de identificação das barreiras,
que envolve 119 questões referentes ao acesso às po-
líticas de saúde, Educação, Assistência social e outras.
Essas informações são disponibilizadas por meio do
hotsite BPC na Escola, no portal do MEC.
68
Disponibilização aos CAP e NAPPB
(2009/2010) do conjunto de equipamentos para pro-
dução de livros acessíveis, contemplando: impressora
Braille, scanner, computador, linha Braille, leitor de
tela, guilhotina, grampeador e perfurador elétrico, du-
plicador Braille, estabilizadores e mobiliários.
O Projeto Livro Acessível realiza a reprodução
das obras escolhidas pelas escolas, seguindo o crono-
grama estabelecido no âmbito dos programas de dis-
tribuição de livros do MEC/FNDE.
O Projeto Livro em Libras tem por objetivo
a disponibilização de materiais didáticos em Libras,
garantindo a acessibilidade aos estudantes surdos.
Nos anos de 2007 e 2008 foram distribuídos 463.710
exemplares da coleção Pitanguá em Libras (Língua
portuguesa, Matemática, Ciências, Geografia e Histó-
ria), destinados aos estudantes com surdez dos anos
iniciais do Ensino Fundamental.
69
PROESP - Programa de Apoio à Educação Especial
Desenvolvido em parceria com a Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –
CAPES, tem por objetivo apoiar projetos de pesquisa
e de formação na área da Educação Especial na pers-
pectiva da Educação Inclusiva, no âmbito da pós-gra-
duação stricto sensu. O Programa é voltado à produção
e avaliação de referenciais, metodologias e recursos
de acessibilidade na educação e demais processos pe-
dagógicos e formativos que envolvem o atendimento
educacional especializado para estudantes com defici-
ência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação.
70
Centros de Formação e Recursos - CAP, CAS e
NAAH/S
Os Centros de Apoio Pedagógico para Atendi-
mento às Pessoas com Deficiência – CAP e os Núcle-
os de Apoio Pedagógico e Produção Braille – NAPPB
são centros de apoio técnico e pedagógico à educação
de estudantes com deficiência visual, promovendo a
acessibilidade no sistema regular de ensino. Os Cen-
tros de Formação de Profissionais da Educação e de
Atendimento às Pessoas com Surdez – CAS tem por
objetivo promover a educação bilíngue, por meio da
formação continuada de profissionais para oferta do
AEE a estudantes surdos e com deficiência auditiva
e da produção materiais acessíveis. No contexto da
inclusão escolar, os CAS atuam junto às escolas com
Salas de Recursos Multifuncionais, como centro de re-
ferência e apoio aos sistemas de ensino.
Os Núcleos de Atividades para Alunos com
Altas Habilidades/Superdotação - NAAH/S, MEC,
com função de orientar os sistemas de ensino quanto
ao atendimento e desenvolvimento de práticas peda-
gógicas que atendam às necessidades específicas de
estudantes com altas habilidades/superdotação. Cabe
aos núcleos realizar: a formação continuada de profes-
sores das salas de recursos multifuncionais quanto à
oferta do AEE e do ensino regular; a articulação com
as instituições de Ensino Superior para a formação
de redes colaborativas voltadas ao desenvolvimento
de atividades de pesquisa, artísticas, esportivas, entre
outras, promovendo a participação de estudantes com
altas habilidades /superdotação.
71
Atividades
Para Pensar
Leia com atenção este artigo da Nova Escola.
72
A União também não ajudou, pois o artigo
que recomendava o investimento de 7% do Produ-
to Interno Bruto (PIB) em Educação foi vetado pelo
então presidente, Fernando Henrique Cardoso. “Sem
verba definida, não dá para cobrar ações dos gover-
nos municipais e estaduais”, argumenta Mozart Neves
Ramos, membro do Conselho Nacional de Educação
(CNE) e presidente executivo do movimento Todos
pela Educação.
Para a nova versão do plano, as entidades liga-
das à Educação defendem que haja a determinação
clara da origem dos recursos e da área em que devem
ser investidos. Se isso ocorrer, o Plano pode colaborar
para a luta por uma Educação pública de qualidade.
Caso contrário, vira letra morta já em seu nascedouro,
como ocorreu em 2001. Na maioria das 295 metas
propostas, agrupadas em cinco prioridades, tivemos
resultados abaixo do esperado. “Algumas não são
quantificáveis, o que dificulta a fiscalização. No novo
plano, queremos ter menos objetivos, e todos numéri-
cos e realizáveis”, diz Fernandes. A seguir, você con-
fere um balanço dos principais indicativos do PNE
2001, com um retrato dos avanços e de onde a situa-
ção segue complicada.
73
tam: são 680 mil crianças sem estudar – 450 mil delas
negras e pardas, a maioria vivendo nas regiões Norte
e Nordeste. “Garantir a permanência segue sendo um
desafio. É preciso oferecer condições como transpor-
te, alimentação e apoio às famílias”, defende Ramos.
74
Incluir crianças, jovens e adultos
Enquanto a previsão para 2010 era de 100% de matrí-
culasnoEnsinoFundamentalde9anos,oatendimentoem
EJA ficou distante do esperado.
75
Meta: Assegurar a EJA para 50% da
população que não cursou o ensino regular
76
mental com idade acima da recomendada para a série
que cursam caiu 35%, mas segue alta: 25,7% (um em
cada quatro alunos), segundo dados de 2007.
77
que um aluno no Ensino Fundamental, dificultando a
abertura de novas vagas”, ressalta Ramos.
78
Meta: Implantar o piso salarial
e planos de carreira
79
1) Estes dados apontam para a compreensão de que a
inclusão não é tarefa fácil a nível de tomada de decisões
para o governo,escola e sociedade.
80
3) A Constituição Federal estabelece o direito de as
pessoas com necessidades especiais receberem educação
preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208,
III) 1988)
Diante dessa política, como está a Educação Es-
pecial brasileira?
81
( ) ) [...]”aos sistemas de ensino matricular os alunos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvi-
mento e altas habilidades/superdotação nas classes
especiais do ensino regular e no Atendimento Educa-
cional Especializado – AEE[...]” (Brasil, 2009)
82
Estão corretas as afirmativas das opções:
a. Apenas a alternativa I está correta.
b. As alternativas I e II estão corretas.
c. As alternativas I,II e III estão corretas.
d. Apenas a alternativa II é incorreta.
e. Todas as alternativas estão corretas.
83