Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo: No primeiro capítulo: Alunos, professores e escola face à sociedade da informação, a autora
aborda a problemática das competências de acesso, avaliação e gestão da informação e o papel que, na
sociedade do conhecimento e da aprendizagem, se espera dos alunos, dos professores e da escola.
No segundo Capítulo: A formação do professore reflexivo, tenta explicar as relações do fascínio pela
abordagem reflexiva e a desilusão que, no Brasil, se faz sentir neste momento relativamente a essa abordagem de
formação. Reafirma a necessidade da reflexão crítica, pelos professores, acentua-se sua dimensão coletiva e não
meramente individual e apresenta um conjunto de estratégias de formação propiciadoras do desenvolvimento de
educadores reflexivos. Capítulo 3 - supervisão
No quarto capítulo: Gerir uma escola reflexiva, discute a organização da escola com vista à criação de
condições de reflexibilidade individuais e coletivas e de requalificação profissional e institucional.
conhecimentos sólidos. Esta dimensão sócio-politica tem de ser tida em conta. Nem políticos nem educadores
podem ignorá-la.
A informação deve ser fidedigna, relevante e fácil de encontrar. Qual de nós não sente que hoje cada vez
é maior o número de coisas que não sabe e que gostaria ou necessitaria de saber? Muito de nós, facilmente
responde: vejo na Internet. Mas, qual será a porcentagem das pessoas que tem essa possibilidade?
Os políticos, os educadores e os cidadãos em geral não podem desprezar as conseqüências da
ignorância e o seu poder destruidor e corrosivo da coerência e estabilidade social.
O conhecimento técnico é hoje volátil pelo que adquire e é o fundante de tudo. Proponho que sejamos um
pouco mais críticos e que aprofundemos o conceito de competência e a relação entre competência e
conhecimento. Proponho que sejamos realistas na análise que fazemos da relação do individuo com a sociedade
e do papel da escola nesta relação.
A noção de que a competência é a capacidade de utilizar os saberes para agir em situação, constituindo-
se assim como uma mais valia, relativamente aos saberes. Ter competência é saber mobilizar os saberes. A
competência não existe sem os conhecimentos.
Como afirma Perrenoud (2001) a abordagem por competências não pretende mais do que permitir a cada
um aprender a utilizar seus saberes para atuar. Acrescenta que os bons empresários de hoje não querem
pessoas adaptadas, mas pessoas capazes de se adaptarem, pessoas capazes, pessoas.
Parece-me importante discutir também a relação entre o individuo e a sociedade. A sociedade não existe
sem as pessoas que a constituem e a vão transformando. A escola é um setor da sociedade, é por ela
influenciada e influencia-a. Para que os cidadãos possam assumir papel de atores críticos tem de desenvolver a
grande competência da compreensão que assenta na capacidade de escutar, observar e pensar. Compreender o
mundo, os outros, a si mesmo e as interações. É através da compreensão que nos preparamos para mudança,
para o incerto, para o difícil. Neste processo de mudança e interatividade a capacidade de continuar a aprender é
fundamental. São hoje muitas competências desejadas. Valoriza-se a curiosidade intelectual, a capacidade de
recriar o conhecimento, de questionar, de ter pensamento próprio, mas também a capacidade de gerir a sua vida,
de se adaptar sem deixar de ter sua própria identidade, de lidar com situações. Deseja-se ainda dos cidadãos, que
tenham horizontes temporais e geográficos alargados.
Como resultado das intervenções, salientou-se a mudança de atitude dos alunos, em face de
aprendizagem, o seu afastamento de uma pedagogia de dependência para uma pedagogia da autonomia. Como
aspecto difícil de ultrapassar os professores /pesquisadores, salientam a dificuldade inicial de envolver os alunos
Organização do Trabalho Docente – Pedagogia
Prof. Adelma Francisca Mendes Marques
numa reflexão, habituados como estão a produzirem o que os professores lhes transmite. O docente notou
também o desenvolvimento do espírito científico, do gosto pelo saber, da criatividade e do sentido da
responsabilidade. Esta capacidade de interagir com o conhecimento de forma autônoma, flexível e criativa é a
melhor preparação para viver-se no nosso mundo.
A frequência do Centro pelos alunos era facultativa. Após dois anos, a avaliação realizada apontava:
a) os alunos que frequentavam o Centro consideravam-no muito útil para sua aprendizagem,
mas uma grande percentagem de alunos não o freqüentava e
b) muitos professores mantinham-se alheios ao Centro - aonde também não iam.
formação com base na reflexão tem muitos elementos em comum. Queremos que os professores sejam seres
pensantes, intelectuais capazes de gerir. Queremos também que a escola se questione a si própria. Na escola, e
nos professores, a constante atitude de reflexão manterá presente a importante questão da função que os
professores e a escola desempenham na sociedade. Mas, a reflexão para ser eficaz precisa de ser sistemática. A
metodologia da Pesquisa-ação apresenta-se como potencialidades para servir a este objetivo.
A Pesquisa ação tem 3 características importantes: a) a contribuição para mudança; b) o caráter
participativo, motivador do grupo e c) o impulso democrático. A Pesquisa ação de Lewin é uma aplicação da
metodologia cientifica a clarificação e resolução dos problemas práticos. É também um processo de mudança
pessoal e social planejada.
As 3 construções teóricas são:
a) Pesquisa ação: é uma metodologia de intervenção social cientificamente apoiada e
desenrola-se segundo ciclos de planificação: ação-reflexão- ação.
b) Aprendizagem experiencial: aprendizagem é um processo transformador da experiência,
no decorrer do qual se dá a construção do saber. Compreende 4 fases: a) experiência concreta; b)
observação reflexiva; c) conceitualização e d) experimentação ativa. A realização desse processo de
aprendizagem, tomando como ponto de partida os problemas emergentes da prática quotidiana dos
professores como atores envolvidos, e se efetivamente eles forem assumidos como problemas. Impõem-
se a compreensão do problema nos seus vários elementos. Este processo de desocultação decorre de
um processo de observação e reflexão. Compreendido o problema, urge verificar a solução de ataque a
pô-la em execução para em seguida se observar o que se resulta da experiência, se conceitualizar
resultados e problemas emergentes. A reflexão na ação acompanha a ação em curso e pressupõe uma
conversa com ela;
c) Abordagem reflexiva: Refletimos no decurso da própria ação, sem a interrompermos,
embora com breves instantes de distanciamento e reformulamos o que estávamos fazendo. A reflexão
sobre a ação pressupõe um distanciamento da ação, reconstruindo mentalmente a ação para analisá-la
retrospectivamente. Para que a dimensão formadora atinja um alto grau importa que este processo esteja
acompanhado de uma meta reflexão, sistematizadora das aprendizagens. É o processo da meta-reflexão
que nos fala Schon, ao por em destaque a relevância da reflexão na ação. É preciso saber como ser mais
reflexivo, para ser mais autônomo, responsável e crítico, em complementaridade com a Pesquisa ação,
existem outras estratégias de desenvolvimento da capacidade de reflexão:
a) análise de casos;
b) narrativas;
c) a elaboração de portfólios reveladores do processo de desenvolvimento seguido;
d) o questionamento dos outros atores educativos;
e) a confronto de opiniões e abordagens;
f) os grupos de discussão ou círculos de estudo;
g) auto-observação;
h) a supervisão colaborativa;
i) as perguntas pedagógicas;
Muitas dessas estratégias fazem parte dos próprios processos metodológicos que envolvem um trabalho
de projetos, a resolução de um problema concreto e a qualificação dos participantes pela formação através da
ação.
CONCLUSAO: As estratégias de formação referenciadas têm como objetivo tornar os professores mais
competentes para analisarem as questões do seu cotidiano e para sobre ele agirem, não se atendo pela resolução
dos problemas imediatos, mas situando-os num horizonte mais abrangente que perspectiva sua função e da
escola na sociedade em que vivemos.
Só o modelo democrático de gestão se coaduna com o conceito de escola reflexiva. Por modelo
democrático de gestão, entendo um modelo organizacional em que todos e cada um se sente pessoa. Ser pessoa
é ter papel, ter voz e ser responsável. A capacidade real de negociação capaz de ultrapassar as dicotomias entre
o eu e o nos.
Gerir uma escola reflexiva é:
nortear-se pelo Projeto da escola em constante desenvolvimento e tomar as decisões em
momento certo;
ser capaz de mobilizar as pessoas para serem atores sociais e transformarem o Projeto-
enunciado em Projeto - conseguido ou o Projeto visão em Projeto-ação;
implica ter um pensamento e uma atuação sistêmica que permite integrar cada atividade
e não se deixar navegar ao sabor dos interesses individuais.
A reflexão sobre a gestão da escola reflexiva leva-me a 5 dimensões: liderança, modelo mental, visão
partilhada, aprendizagem em grupo e pensamento sistêmico. Nelas encontro a convicção de que o saber se
desenvolve na interação com a tarefa que coloca o educando no centro da missão da escola, mas também a
certeza de que o poder para organizar a educação resulta ao pensamento sobre o ato de educar e a criação de
condições contextualizadas para que esse maravilhoso fenômeno possa acontecer.
A título de conclusão, apresento alguns postulados para gestão de uma escola reflexiva.
Gerir uma escola reflexiva é:
ser capaz de liderar e mobilizar as pessoas;
saber agir em situação;
nortear-se pelo Projeto da escola;
assegurar uma atuação sistêmica;
assegurar a participação democrática;
pensar e escutar antes de decidir;
saber avaliar e deixar-se avaliar;
ser consequente;
ser capaz de ultrapassar dicotomias paralisantes;
decidir;
acreditar que todos e a própria escola se encontram num processo de desenvolvimento e
de aprendizagem.
Os resultados de gerir uma escola reflexiva é ter a satisfação de saber que a sua instituição tem rosto
próprio e é respeitada por isto mesmo: porque é a escola X ou Y, com nome próprio, com identidade.